segunda-feira, 13 de maio de 2024
O Canhoneiro do Yang-Tsé
segunda-feira, 8 de abril de 2024
Le Mans / 24 Horas de Le Mans
Aí é que está todo o problema de Le Mans... O filme praticamente não tem um roteiro! Tampouco você vai encontrar uma história, um enredo, mais bem elaborado para acompanhar... De fato o resultado final está mais próximo de um documentário, com tomadas e mais tomadas dos carros de corrida do que propriamente um filme convencional, com personagens, script, falas, interpretação dos atores, etc. É tudo fruto da paixão do ator por velocidade e nada muito além disso. Ele queria registrar em película os carros coloridos, a emoção do público, o clima em torno da corrida. Não estava preocupado em atuar e nem nada do tipo.
O que ficou de mais importante dessa produção dos anos 70 foi o registro histórico dos carros, dos pilotos e das equipes da época em que o filme foi feito. Por isso os fãs do esporte vão gostar mais do que os fãs de cinema. Esses terão pouco a apreciar. Tudo se passa nas próprias 24 horas de Le Mans. Tudo o que se vê durante o filme inteiro é a própria corrida e nada mais. É praticamente um documentário da corrida. Para não dizer que McQueen não interpreta nada, ele tem duas cenas onde troca diálogos rápidos com outros personagens (que nem mesmo possuem nomes!). Porém tecnicamente, do ponto de vista das filmagens, temos que admitir que o filme é muito bem editado e tem ótimas sequências de pista... mas também só tem isso. Enfim, o resultado de tudo é que o filme não agradou ao público em geral, foi um tremendo fracasso de bilheteria e o McQueen perdeu uma verdadeira fortuna com essa ideia. Foi um resultado esperado, já que os produtores o advertiram. Ele porém pagou para ver e deu no que deu.
Le Mans / 24 Horas de Le Mans (Le Mans, Estados Unidos, 1971) Direção: Lee H. Katzin / Roteiro: Harry Kleiner / Elenco: Steve McQueen, Siegfried Rauch, Elga Andersen / Sinopse: O filme mostra em tom quase documental um piloto participando da corrida denominada 24 Horas de Le Mans. Tudo filmado com cenas reais capturadas no Circuit des 24 Heures du Mans, Le Mans, Sarthe, na França. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Trilha Sonora Incidental (Michel Legrand),
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 1 de agosto de 2022
O Amante da Morte
Título no Brasil: O Amante da Morte
Título Original: The War Lover
Ano de Produção: 1962
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Philip Leacock
Roteiro: Howard Koch, John Hersey
Elenco: Steve McQueen, Robert Wagner, Shirley Anne Field, Gary Cockrell, Michael Crawford, Bill Edwards
Sinopse:
A história do filme se passa em 1943, na Inglaterra, durante a II Guerra Mundial. Dois pilotos americanos, Buzz Rickson (McQueen) e Ed Bolland "Bo" (Robert Wagner), voam em potentes bombardeiros B17 (conhecidos como Fortalezas Voadoras). Sua missão é jogar bombas em instalações industriais da Alemanha nazista.
Comentários:
Também conhecido como "O Amante da Guerra" esse bom filme se passa durante a II Guerra. Os dois protagonistas são pilotos da USAF que estão estacionados em uma base aérea na Inglaterra, perto do Londres. São dois tipos de personalidades bem diferentes. Enquanto Bo (Wagner) é um militar certinho que tenta seguir as normas das forças armadas, seu companheiro de avião, Buzz (McQueen) é o extremo oposto. Ele é considerado um ótimo piloto por seus oficiais superiores, mas também é visto como insubordinado, irresponsável e indisciplinado. Chega ao ponto de dar voos rasantes na base apenas para se divertir. As coisas andam bem entre os dois pilotos, mas logo a coisa azeda quando entra em jogo uma garota inglesa que ambos estão interessados. Assim o roteiro proporciona o melhor de dois mundos para o público. Quem estiver interessado na parte da aviação militar não vai se decepcionar pois há ótimas sequências de combate nos céus da Alemanha. E quem estiver em busca de um melhor desenvolvimento dos personagens também não vai ter do que reclamar, pois o roteiro é muito bom nesse aspecto. Enfim, um filme de guerra completo.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 7 de julho de 2022
Bullitt
O filme se notabilizou por diversos fatores, entre eles a boa cena de perseguição pelas ruas de San Francisco que de tanto ser imitada hoje em dia vai parecer clichê para os cinéfilos. Outros ainda apontam para o fato de que esse foi sem dúvida um dos primeiros filmes policiais que abraçaram um realismo mais cru, mais visceral. O próprio Bullitt passa longe de ser um policial perfeitinho como era comum no cinema da época. Enfim, um filme importante dentro da história do cinema e uma pequena obra-prima do gênero.
Bullitt (Bullitt, Estados Unidos, 1968) Direção: Peter Yates / Roteiro: Alan Trustman / Elenco: Steve McQueen, Jacqueline Bisset, Robert Vaughn / Sinopse: Policial linha dura de San Francisco precisa proteger a testemunha de um importante caso envolvendo organizações criminosas e figurões do senado americano.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 22 de outubro de 2020
O Inferno é Para os Heróis
O ator Steve McQueen foi um dos grandes ídolos do cinema de ação das décadas de 1960 e 1970. Ele morreu relativamente jovem, por um câncer agressivo causado por exposição ao amianto, justamente no período de sua vida em que prestou serviço militar. Curiosamente foi como soldado que ele conseguiu seus primeiros papéis no cinema. Afinal de contas ele ficava muito bem nesse tipo de personagem, justamente por ter sido um militar na vida real. De certa maneira nem precisava interpretar tanto, nem fazer pesquisa sobre seus personagens. O laboratório de interpretação havia sido sua própria vida antes de ir para o cinema. Era a arte imitando a vida. Aqui temos um filme de guerra estrelado por ele, uma produção que de certa maneira caiu no esquecimento depois de tantos anos de seu lançamento original, isso apesar de sua boa qualidade cinematográfica. O cenário onde se passa a ação desse filme é a Europa devastada pela Segunda Guerra Mundial. No front de guerra, um pequeno grupo de soldados americanos é deixado para trás pelo exército, com a missão de manter uma posição estratégica.
O problema é que o pequeno pelotão está em menor número frente ao inimigo. Para tanto precisam convencer as tropas alemãs de que são bem mais numerosos do que realmente são. A linha de combate é ampla e cobre um grande território, mas os americanos se mostram firmes em defender sua posição. O roteiro explora muito bem a crueza do chamado combate corpo a corpo. Há boas cenas envolvendo um grupo avançado cujo objetivo é destruir uma casamata fortemente armada e defendida pelas tropas nazistas. Um dos aspectos que mais chamam a atenção em "O Inferno é Para os Heróis" é sua crueza e até mesmo frieza. O diretor Don Siegel optou por uma linha mais realista, deixando de lado toda a patriotada que caracterizou muitos filmes de guerra no apogeu de Hollywood. O clima é de leve desesperança, melancolia até, em um mundo destruído, em ruínas. O personagem de Steve McQueen passa longe de ser um herói romântico ou algo parecido. Para impactar ainda mais nesse aspecto o filme tem uma fotografia preto e branco bem mais escura do que o normal, enfatizando o clima de opressão e conflito que impera em toda a fita.
Outro ponto de destaque vem no elenco de apoio. Bobby Darin, cantor popular na época, principalmente cantando doces baladas românticas ao estilo de Frank Sinatra, encara um papel completamente diferente em sua carreira e não faz feio em cena. Já Nick Adams, da turma de James Dean e grande amigo pessoal de Elvis Presley, tem um pequeno papel, mas que no final se mostra bem relevante. Por fim James Coburn, com toda a sua competência habitual, acrescenta bastante ao filme interpretando um coronel durão. Era exatamente o tipo de papel que caía como uma luva em seu repertório de atuação. Enfim, se você gosta de bons filmes sobre a Segunda Guerra, "O Inferno É Para os Heróis" pode se tornar uma ótima pedida para o fim de semana.
O Inferno é Para os Heróis (Hell Is for Heroes, Estados Unidos, 1962) Direção: Don Siegel / Roteiro: Richard Carr, Robert Pirosh / Elenco: Steve McQueen, Bobby Darin, James Coburn, Nick Adams, Bob Newhart, Fess Parker / Sinopse: Durante a Segunda Guerra Mundial um pequeno grupo de soldados americanos tenta manter de todas as formas sua linha de defesa contra as tropas alemãs, mesmo estando em menor número do que os soldados do III Reich.
Pablo Aluísio.
sábado, 21 de março de 2020
Fugindo do Inferno
Tudo se passa dentro de um campo de prisioneiros de guerra do III Reich, da Alemanha nazista. Um grupo de prisioneiros ingleses e americanos tenta de todas as formas fugir desse campo. O interessante é que pelo menos nessa época os alemães separavam militares inimigos presos no campo de batalha das pobres vítimas do holocausto. Depois com a deterioração completa da Alemanha as coisas ficaram mais complicadas, misturando priscioneiros de guerra com judeus. Todos acabavam nos campos de extermínio. Era uma violação direta de tratados internacionais sobre guerras mundiais como essa.
Essa prisão retratada no filme, por outro lado, foi especialmente construída pelo Terceiro Reich para abrigar os maiores mestres em fugas sob custódia no conflito. Esse é certamente um dos filmes mais lembrados quando se trata de fitas sobre fugas espetaculares. Além disso é considerado uma das produções mais populares estreladas pelo carismático Steve McQueen, na época no auge de sua popularidade como astro de filmes de ação. Embora pouca gente perceba isso, o fato é que "The Great Escape" tem grande "parentesco" com outro clássico estrelado por McQueen, o clássico e aclamado faroeste "Sete Homens e Um Destino". Ambos foram dirigidos pelo mesmo cineasta e conta com praticamente a mesma equipe no mesmo estúdio de cinema. São produções irmãs, vamos colocar nesses termos.
E se comparar bem os dois filmes veremos que "Fugindo do Inferno" conta com uma produção bem acima da média. Melhor do que o faroeste anterior. Tudo fruto, é óbvio, do grande sucesso do primeiro filme. Nesse filme de guerra a direção do cineasta John Sturges se destaca. Sempre o considerei um diretor subestimado na história de Hollywood. Provavelmente não lhe davam o devido valor porque seus filmes eram bem populares e tinham grande apelo junto ao público. O velho preconceito contra filmes que eram considerados comerciais demais. Bobagem. Pessoalmente considerado esse filme aqui uma verdadeiro obra-prima do cinema.
O roteiro foi baseado no livro de memórias de um participante da fuga, que realmente aconteceu em 1944, já na fase final da II Guerra Mundial. Claro que o filme toma enormes liberdades com o material original, o livro de Paul Brickhill. O túnel que vemos em cena certamente é irreal, tal o seu grau de sofisticação. Obviamente que a escavação real mais parecia com um mero buraco do que qualquer outra coisa, muito longe do que vemos na tela. A cena em que Steve McQueen pula a cerca do campo com uma moto também é puramente ficcional. Acabou se tornando a cena mais famosa do filme. De qualquer forma isso não desmerece as qualidades do filme. Afinal cinema tem sua própria linguagem e em determinados momentos exige uma certa mudança do que efetivamente aconteceu no mundo real. "Fugindo do Inferno" é certamente um dos melhores filmes de guerra já feitos. Movimentado, bem escrito e com muito suspense e emoção. Um marco nesse gênero cinematográfico.
Fugindo do Inferno (The Great Escape, Estados Unidos, 1963) Direção: John Sturges / Roteiro: James Clavell, W.R. Burnett baseados no livro de Paul Brickhill / Elenco: Steve McQueen, James Garner, Richard Attenborough, James Donald, Charles Bronson, Donald Pleasence, James Coburn, Hannes Messemer, David McCallum / Sinopse: Durante a Segunda Guerra Mundial um grupo de prisioneiros é enviado para um campo de prisioneiros do exército alemão. Os que estão ali são especializados em fugas, por isso o lugar passa a ter forte esquema de segurança, o que não impede dos militares aliados de procurarem por novos meios de fugir daquele inferno. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Edição (Ferris Webster). Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Drama.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 15 de outubro de 2019
Fugindo do Inferno
O roteiro foi baseado no livro de memórias de um participante da fuga (que foi real e aconteceu em 1944, já na fase final da II Guerra Mundial). Claro que o filme toma enormes liberdades com o material original, o livro de Paul Brickhill. O túnel que vemos em cena certamente é irreal, tal o seu grau de sofisticação. Obviamente que a escavação real mais parecia com um mero buraco do que qualquer outra coisa, muito longe do que vemos na tela. Aliás essa falta de veracidade seria satirizada anos depois na comédia "Top Secret" de 1984. O fato é que "Fugindo do Inferno" é acima de tudo uma obra de entretenimento e não esconde isso, principalmente em seus letreiros iniciais quando deixa claro que embora baseado em história real houve várias mudanças nos personagens, locais e tempo em que aconteceram os fatos reais. Longo em sua duração o filme não cansa o espectador pois a trama é muito bem amarrada e mantém o interesse. O roteiro também causa surpresa por ter basicamente dois finais, o primeiro na fuga e o segundo nos acontecimentos que ocorreram após a mesma ter sido levado a cabo. De qualquer forma "Fugindo do Inferno" é certamente um dos melhores filmes de guerra já feitos. Movimentado, bem escrito e com muito suspense e emoção. Se não conhece ainda não deixe de assistir.
Fugindo do Inferno (The Great Escape, EUA, 1963) Direção: John Sturges / Roteiro: James Clavell, W.R. Burnett baseados no livro de Paul Brickhill / Elenco: Steve McQueen, James Garner, Richard Attenborough, James Donald, Charles Bronson, Donald Pleasence, James Coburn, Hannes Messemer, David McCallum / Sinopse: Um grupo de prisioneiros ingleses e americanos tenta de todas as formas fugir de um campo de prisão alemão durante a II Guerra Mundial. O local foi especialmente construído pelo Terceiro Reich para abrigar os maiores mestres em fugas sob custódia no conflito.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 4 de abril de 2019
As Viúvas
No segundo núcleo temos dois políticos que disputam o controle de uma subsidiária da prefeitura localizada em um bairro suburbano, de população negra e pobre. Esses políticos são tão corruptos e criminosos quanto os próprios assaltantes. Todos podres. Por fim há o grupo das viúvas que dá título ao filme. Só que elas não são viúvas comuns. Pelo contrário, seus maridos foram mortos pela polícia. Uma delas passa a ser ameaçada por antigos comparsas do marido. Eles querem saber onde foi parar os dois milhões de dólares que ele roubou e escondeu. A pobre mulher não sabe de nada, mas precisa agir, antes de ser morta pelos bandidos.
O diretor Steve McQueen cria assim o cenário por onde seus personagens desfilam na tela. Não há absolutamente ninguém que preste entre eles. São todos criminosos em maior ou menor grau. Todos são gananciosos, sem escrúpulos e estão dispostos a tudo para colocarem as mãos no dinheiro roubado. É curioso que o espectador fique sem ter por quem torcer. Afinal as tais viúvas passam longe de exemplos, na verdade elas logo se tornam também criminosas, planejando um grande roubo. Claro, nem tudo sai como elas querem. Eu gostei do filme, mas fiquei um pouco incomodado por essa falta de um protagonista decente, que passe pelo menos um exemplo bom. Nem que fosse algum policial investigando os crimes, por exemplo. Do jeito que ficou "As Viúvas" mais parece um estudo de criminologia onde temos que torcer pelos menos piores ou pelos menos inescrupulosos. Vou torcer para o bandido A ou B? Não me parece ser uma decisão fácil de tomar.
As Viúvas (Widows, Estados Undos, Inglaterra, 2018) Direção: Steve McQueen / Roteiro: Gillian Flynn, Steve McQueen / Elenco: Viola Davis, Michelle Rodriguez, Elizabeth Debicki, Liam Neeson, Robert Duvall, Colin Farrell / Sinopse: Criminosos, políticos corruptos e uma quadrilha formada por viúvas de bandidos mortos, convive numa grande cidade americana infestada de crimes. O prêmio máximo será dado a quem colocar as mãos primeiro em uma bolada de dois milhões de dólares roubados de um banco da cidade. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Atriz (Viola Davis).
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 26 de outubro de 2018
Crown, o Magnífico
Título Original: The Thomas Crown Affair
Ano de Produção: 1968
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Norman Jewison
Roteiro: Alan Trustman
Elenco: Steve McQueen, Faye Dunaway, Paul Burke
Sinopse:
Thomas Crown (Steve McQueen) é um milionário executivo do mundo financeiro que sob uma fachada de respeito e prestígio organiza bem planejados roubos a banco. A polícia não consegue unir pistas sólidas para chegar até ele, o que faz com que o inspetor resolva contratar os serviços de Vicki Anderson (Faye Dunaway), uma especialista em crimes desse tipo. Filme vencedor do Oscar na categoria Melhor Canção Original ("The Windmills of Your Mind"). Também vencedor do Globo de Ouro na mesma categoria.
Comentários:
Steve McQueen se notabilizou em sua carreira ao interpretar homens de ação, sujeitos durões que colocavam a mão na massa sempre que fosse necessário. Nesse "The Thomas Crown Affair" houve uma mudança de paradigma nos personagens interpretados pelo ator. Aqui ele dá vida a um criminoso cerebral que organiza e planeja roubos a banco, mas não participa diretamente de sua execução. De forma muito inteligente move as peças de seu plano sem que ninguém chegue até ele diretamente ou saiba sobre sua verdadeira identidade, assim mesmo que alguém do seu grupo venha a cair ou ser preso jamais se conseguirá chegar até ele, o mentor de tudo. O filme também tem uma narrativa singular, com farto uso de multi-telas, mostrando todos os menores detalhes dos momentos mais importantes da trama. Esse tipo de estética foi muito popular entre o fim dos anos 1960 e começo da década de 1970. A sensação é muito completa, dando um panorama amplo para o espectador de tudo o que está acontecendo, mas que por outro lado também exigia um trabalho extra do diretor e sua equipe, o que contribui para que fosse gradualmente deixado de lado. Assim o filme de certa forma privilegia as tomadas mais impactantes, procurando captar todos os mínimos detalhes. Em termos de trilha sonora se encontra outro diferencial, com farto uso de jazz e canções mais sofisticadas, tudo para acompanhar a suposta finesse do personagem principal. Por fim e não menos importante, temos a tensão sexual entre Thomas Crown (Steve McQueen) e Vicki Anderson (Faye Dunaway) que o diretor Norman Jewison soube muito bem explorar, em especial na famosa cena do jogo de xadrez onde as conotações sexuais se tornam óbvias. Em suma, um momento diferente na carreira de Steve McQueen, que aqui demonstra que também poderia interpretar personagens sofisticados, finos e elegantes, sem o menor problema.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 23 de agosto de 2018
Nevada Smith
O filme é realmente muito bom. Embora a vingança seja a espinha dorsal do enredo os roteiristas decidiram explorar outros aspectos do personagem. Em determinado momento ele decide roubar um banco só para ser enviado para a prisão estadual onde estão dois dos homens que ele deseja matar. A tal prisão é localizada em um pântano impossível de atravessar. Malária, mosquitos, cobras venenosas e crocodilos impedem qualquer prisioneiro de fugir. Claro que McQueen vai tentar sua sorte ao ir embora da prisão. Essa parte do filme inclusive me lembrou um pouco de "Papillon", outro clássico do ator.
O único problema maior que vi em todo o filme foi o fato de que Steve McQueen não tinha a idade adequada para seu papel. O personagem que interpreta é um jovem inexperiente, sem muita noção da vida. Também seria um mestiço, com traços indígenas. Bom, em termos de juventude e falta de experiência de vida, McQueen não se parecia em nada com seu personagem. Alguém consegue visualizar esse ator como um jovem completamente inexperiente com armas e com a vida? Impossível. E sobre o fato de ser mestiço, outro problema. O loiro McQueen não tinha mesmo nenhum traço de sangue indígena correndo em suas veias. De qualquer maneira, tirando esses dois probleminhas, o filme funciona muito bem. É outro pequeno clássico assinado pelo excelente cineasta Henry Hathaway;
Nevada Smith (Estados Unidos, 1966) Direção: Henry Hathaway / Roteiro: Harold Robbins, baseado no livro "The Carpetbaggers" escrito por John Michael Hayes / Elenco: Steve McQueen, Karl Malden, Brian Keith, Arthur Kennedy, Suzanne Pleshette / Sinopse: Quando seus pais são mortos em seu rancho por três assassinos o jovem Max (McQueen) decide que vai dedicar toda a sua vida para vingar as mortes. Assim ele parte rumo ao velho oeste em busca dos homens. Assim que os encontra decide acertar a balança da justiça.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 4 de abril de 2014
12 Anos de Escravidão
Título Original: 12 Years a Slave
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Regency Enterprises, River Road Entertainment
Direção: Steve McQueen
Roteiro: John Ridley, baseado na obra "Twelve Years a Slave" de Solomon Northup
Elenco: Chiwetel Ejiofor, Michael K. Williams, Michael Fassbender, Lupita Nyong'o, Brad Pitt
Sinopse:
Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor) é um homem livre, pai da família, que mora em Nova Iorque. Educado e culto ele ganha a vida em empregos dignos. Também é um músico talentoso o que lhe rende um convite para se juntar a um grupo de artistas de uma empresa de entretenimento. O que ele nem desconfia é que está entrando em uma cilada. Tudo não passa de mera fachada. Assim que aceita o convite para tocar ele cai nas mãos de sequestradores que o vendem como mão de obra escrava para as fazendas de algodão do sul americano. Lá acaba vivenciando os horrores da escravidão racial. História baseada em fatos reais vencedor de três Oscars: Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante (Lupita Nyong'o) e Melhor Roteiro Adaptado (John Ridley).
Comentários:
Apesar de ter vencido o Oscar de Melhor Filme desse ano a produção não conseguiu ainda se tornar um sucesso de bilheteria nos Estados Unidos. O público americano não parece mais disposto a pagar uma entrada de cinema para assistir um filme com uma história tão triste como essa. É uma pena já que embora seja um drama pesado - daqueles que não dão trégua ao público - "12 Anos de Escravidão" é de fato um filme muito bem realizado, socialmente consciente e que toca na velha ferida da escravidão racial que assolou o sul latifundiário, monocultor e racista daquela nação. Para quem não sabe ainda é interessante esclarecer que o negro escravo era considerado uma mera propriedade de seu senhor, não uma pessoa do ponto de vista jurídico. Assim, se era um bem, uma coisa, e não um sujeito de direitos, ele sofria todo e qualquer abuso de seu amo sem que isso acarretasse qualquer problema legal para o ofensor. Era comum no sul o enforcamento de escravos raciais nas grandes plantações. O filme inclusive explora esse aspecto ao mostrar duas cenas de enforcamento. Numa delas temos um interessante plano que dura vários minutos com o personagem principal da história se equilibrando com as pontas dos pés para não morrer enforcado. Enquanto isso em segundo plano as pessoas da fazenda vão levando suas vidas normalmente, não dando a menor importância para Solomon, que quase morre enforcado. Isso demonstra bem o sentimento de desdém para com o escravo cativo.
O filme foi produzido por Brat Pitt que também tem um papel crucial no desenrolar dos fatos - uma pequena participação, é verdade, mas que conta bastante pois seu personagem se torna vital para o clímax do enredo. No geral o elenco está todo muito bem mas como sempre acontece nesse tipo de produção quem acaba se destacando mesmo são os vilões, que no caso são os donos das grandes fazendas de plantação de algodão. Michael Fassbender está excepcionalmente bem, muito intenso em cena. Também merecem elogios a jovem atriz Lupita Nyong'o, que interpreta uma escrava vítima de abuso sexual de seu senhor. Seu Oscar foi certamente merecido. Ao longo de sua trajetória de sofrimento o personagem de Solomon acaba indo de fazenda em fazenda, ora tendo de lidar com senhores mais amenos, ora com verdadeiros psicopatas. Curiosamente todos eles justificando seus atos com a bíblia na mão, citando trechos das escrituras onde escravos eram açoitados caso não obedecessem seus mestres. O roteiro sob esse aspecto se torna muito interessante pois mostra a ligação entre o fanatismo protestante e a escravidão que foi intensamente forte e disseminada justamente nos estados americanos que formam o que até hoje é conhecido como "cinturão bíblico" do sul dos Estados Unidos. Por fim, o mais importante de tudo é mostrar os dois lados daquela nação. O norte rico e próspero, onde não existia a escravidão e o sul, atrasado, agrário, parado no tempo e afundado na mão de obra escrava. Um excelente retrato de uma realidade histórica muito triste que não deve ser esquecida jamais.
Pablo Aluísio.
sábado, 18 de agosto de 2012
Filmografia Comentada: Steve McQueen
Papillon
Henri 'Papillon' Charriere (Steve McQueen) é condenado por assassinar um gigolô e é enviado para a terrível penintenciária de Saint Laurent na Guiana Francesa. A prisão era conhecida por seu regime de trabalhos forçados em pântanos e pela rígida disciplina interna. Na viagem para o local acaba conhecendo Louis Dega (Dustin Hoffman) um falsificador de bônus de guerra que acumulou grande riqueza com sua atividade ilegal. Papillon lhe oferece proteção em relação a outros prisioneiros que já sabem que Dega tem uma verdadeira fortuna pessoal e certamente vão querer tirar algum proveito disso. O que começa como um simples acordo de proteção acaba ao longo dos anos se tornando uma sólida amizade pessoal entre ambos. "Papillon" é um filme visceral. O roteiro foi baseado no relato autobiográfico de Henri Charrière que foi mandado para a Ilha do Diabo na década de 1930. Seu teor cru e realista até hoje impressiona. Não poderia ser diferente. Aqui temos um dos maiores roteiristas da história de Hollywood, Dalton Trumbo, o mesmo de Spartacus que foi perseguido durante o macartismo e que foi trazido de volta do ostracismo por Kirk Douglas. Seu texto é brilhante, um grande estudo e denúncia sobre as péssimas condições que existiam no local. Um claro atentado aos direitos mais básicos dos apenados.
Para se ter uma pequena idéia da rigidez do sistema prisional basta citar o fato de que era prática constante o envio de prisioneiros para a solitária durante longos anos. O próprio Papillon passou cinco anos encarcerado no chamado "buraco" por ter agredido um guarda da prisão que estava espancando seu amigo Dega. Isolado, sem luz e com comida racionada ele aos poucos vai perdendo o senso de realidade chegando ao ponto de saciar sua fome comendo pequenos insetos que infestam sua cela como baratas e centopeias. Essas cenas passadas na solitária aliás são as melhores de todo o filme, mostrando de forma inequívoca o grande talento de Steve McQueen, um ator que sempre achei muito subestimado pela crítica. Outro ponto muito marcante é a obstinação de seu personagem que nunca se rende e está sempre em busca de sua liberdade. Sua frase "Estou vivo desgraçados!" é muito significativa nesse ponto. Papillon é uma pessoa que não se rende, que não desiste. No fundo o filme é uma crônica sobre a perseverança humana que a despeito de todas as adversidades jamais se dobra ao que o destino parece lhe impor. Um grande momento do cinema americano da década de 70 e uma obra essencial para todos os cinéfilos.
Sete Homens e Um Destino
Moradores de um pacato vilarejo mexicano pedem ajuda a um grupo de pistoleiros liderados por Chris (Yul Brynner) e Vin (Steve McQueen) para que os protejam do terrível bando de bandidos e assassinos do pistoleiro Calvera (Eli Wallach). Refilmagem americana do filme "Os Sete Samurais" de Akira Kurosawa. Uma das grandes idéias dos roteiristas foi transpor a estória para o velho oeste, pois essa é a verdadeira mitologia americana. Saem os samurais e entram os pistoleiros e cowboys do filme. Nada mais adequado. Mas não foi apenas por essa adaptação que a produção se tornou um clássico. Provavelmente esse seja o western com a mais lembrada e famosa música tema da história do cinema. Muito evocativa e tocada várias vezes ao longo do filme em diversas versões diferentes logo fica claro porque se tornou um marco no estilo. Elmer Bernstein era realmente um grande compositor como bem demonstrado aqui. Basta a música tocar para o espectador entrar imediatamente no clima do gênero western.
Outro ponto muito forte de "The Magnificent Seven" é seu elenco acima da média, liderado pelos carismas de Yul Brynner e Steve McQueen, ambos estrelas em ascensão em Hollywood na época. Os sete pistoleiros contratados para defender a pequena vila são variações do velho mito do cavalheiro solitário e errante (como bem resume uma cena em que eles discutem sobre os prós e contras da vida que levam). O elenco de apoio é excepcionalmente bom, com destaque para Charles Bronson (ainda em sua fase de coadjuvante), Robert Vaughn (que iria virar astro da TV anos depois) e James Coburn (um dos atores que melhor personificou pistoleiros em filmes de faroeste). Produzido pela Mirisch cia, a produção não é muito rica (essa empresa era especializada em fitas B que depois eram distribuídas pelos grandes estúdios como Universal e MGM) mas esse pequeno detalhe não compromete o filme em nenhum momento. Já a direção do veterano John Sturges é eficiente (embora um corte na duração final cairia bem). De qualquer forma não há como negar que para quem gosta de western esse é sem dúvida um filme obrigatório.
24 Horas de Le Mans
Assisti hoje esse curioso filme da filmografia do Steve McQueen. O fato é que ele era louco por corridas e carros velozes, assim quando estava no auge de seu sucesso resolveu bancar um projeto pessoal: realizar um filme durante as 24 horas de Le Mans (uma das corridas mais famosas da Europa). Embora tenha sido aconselhado a não estrelar o filme Steve bateu o pé e levou uma enorme equipe de Hollywood para filmar o grande evento esportivo. O problema é que em sua ansiedade de fazer o filme McQueen esqueceu de que todo filme tem que ter um roteiro e não basta apenas filmar carros à toda velocidade.
Aí é que está todo o problema de Le Mans: ele não tem roteiro! Não é que o roteiro do filme seja ruim, nada disso, ele simplesmente não existe! Isso mesmo. Tudo se passa nas próprias 24 horas de Le Mans. Tudo o que se vê durante o filme inteiro é a própria corrida e nada mais. É quase um documentário. Para não dizer que McQueen não interpreta nada ele tem duas cenas onde troca diálogos rápidos com outros personagens (que nem mesmo possuem nomes!). Tecnicamente a verdade seja dita: o filme é muito bem editado e tem ótimas sequências de pista... mas também só tem isso. Enfim, o resultado de tudo isso é que o filme foi um tremendo fracasso de bilheteria e o McQueen perdeu uma verdadeira fortuna com isso. Bem feito, só assim ele nunca mais estrelaria um filme sem roteiro.
Fugindo do Inferno
Um grupo de prisioneiros ingleses e americanos tenta de todas as formas fugir de um campo de prisão alemão durante a II Guerra Mundial. O local foi especialmente construído pelo Terceiro Reich para abrigar os maiores mestres em fugas sob custódia no conflito. Esse é certamente um dos filmes mais lembrados quando se trata de fitas sobre fugas espetaculares. Além disso é considerado uma das produções mais populares estreladas pelo carismático Steve McQueen, na época no auge de sua popularidade como astro de filmes de ação. Embora pouca gente perceba isso o fato é que "The Great Escape" tem grande "parentesco" com outro clássico estrelado por McQueen, "Sete Homens e Um Destino". Ambos foram dirigidos pelo mesmo cineasta e conta com praticamente a mesma equipe no mesmo estúdio. Se compararmos os dois porém veremos que "Fugindo do Inferno" conta com uma produção bem acima do anterior, fruto é óbvio do grande sucesso do famoso western. Por trás das câmeras se sobressai o trabalho do excelente (e subestimado) John Sturges, que aqui entrega uma pequena obra prima dos filmes de guerra.
O roteiro foi baseado no livro de memórias de um participante da fuga (que foi real e aconteceu em 1944, já na fase final da II Guerra Mundial). Claro que o filme toma enormes liberdades com o material original, o livro de Paul Brickhill. O túnel que vemos em cena certamente é irreal, tal o seu grau de sofisticação. Obviamente que a escavação real mais parecia com um mero buraco do que qualquer outra coisa, muito longe do que vemos na tela. Aliás essa falta de veracidade seria satirizada anos depois na comédia "Top Secret" de 1984. O fato é que "Fugindo do Inferno" é acima de tudo uma obra de entretenimento e não esconde isso, principalmente em seus letreiros iniciais quando deixa claro que embora baseado em história real houve várias mudanças nos personagens, locais e tempo em que aconteceram os fatos reais. Longo em sua duração o filme não cansa o espectador pois a trama é muito bem amarrada e mantém o interesse. O roteiro também causa surpresa por ter basicamente dois finais, o primeiro na fuga e o segundo nos acontecimentos que ocorreram após a mesma ter sido levado a cabo. De qualquer forma "Fugindo do Inferno" é certamente um dos melhores filmes de guerra já feitos. Movimentado, bem escrito e com muito suspense e emoção. Se não conhece ainda não deixe de assistir.
O Inferno é Para os Heróis
Steve McQueen foi o grande nome do cinema de ação dos anos 60. Seus filmes iam direto ao assunto e não havia espaço para sutilezas ou abobrinhas dramáticas. Quem comprava o ingresso para ver um filme seu já sabia o que iria encontrar. Falando de forma crua o ator fazia filmes "pra macho", ou seja, muita ação, porrada e mortes. E é justamente isso que encontramos em "O Inferno é para os heróis". No roteiro não há lugar para melodramas, pelo contrário, o que vemos é um autêntico filme de guerra, com muita ação da primeira à última cena. Os personagens do batalhão são rapidamente apresentados e todos logo partem para o front onde tropas alemãs os esperam.
O elenco é muito interessante. Além de McQueen fazendo seu estilo caladão e durão temos ainda Bobby Darin, o cantor, fazendo um recruta mais preocupado em juntar cacarecos do que lutar e Nick Adams fazendo um refugiado polaco tentando ganhar uma viagem para os EUA com o objetivo de fugir da guerra e tentar um novo recomeço. Esse ator inclusive hoje é mais lembrado por suas amizades (foi grande amigo de James Dean e Elvis Presley) do que por sua carreira propriamente dita. E para terminar o elenco ainda traz o futuro durão dos filmes de western, James Coburn, interpretando um soldado nerd (vejam só que ironia). É isso, o filme é realmente um autêntico "war movie" com direito inclusive a uma muito bem feita cena de destruição de uma casamata alemã (devidamente copiada por Spielberg em Soldado Ryan). Coloque o capacete e divirta-se.
Pablo Aluísio.
sábado, 21 de janeiro de 2012
Papillon
Para se ter uma pequena ideia da rigidez do sistema prisional basta citar o fato de que era prática constante o envio de prisioneiros para a solitária durante longos anos. O próprio Papillon passou cinco anos encarcerado no chamado "buraco" por ter agredido um guarda da prisão que estava espancando seu amigo Dega. Isolado, sem luz e com comida racionada ele aos poucos vai perdendo o senso de realidade chegando ao ponto de saciar sua fome comendo pequenos insetos que infestam sua cela como baratas e centopeias. Essas cenas passadas na solitária aliás são as melhores de todo o filme, mostrando de forma inequívoca o grande talento de Steve McQueen, um ator que sempre achei muito subestimado pela crítica. Outro ponto muito marcante é a obstinação de seu personagem que nunca se rende e está sempre em busca de sua liberdade. Sua frase "Estou vivo desgraçados!" é muito significativa nesse ponto. Papillon é uma pessoa que não se rende, que não desiste. No fundo o filme é uma crônica sobre a perseverança humana que a despeito de todas as adversidades jamais se dobra ao que o destino parece lhe impor. Um grande momento do cinema americano da década de 70 e uma obra essencial para todos os cinéfilos.
Papillon (Papillon, Estados Unidos, 1973) Direção: Franklin J. Schaffner / Roteiro: Dalton Trumbo, Lorenzo Sample Jr baseado no livro "Papillon" de Henri Charrière / Elenco: Steve McQueen, Dustin Hoffman, Victor Jore, Don Gordon / Sinopse: Henri 'Papillon' Charriere (Steve McQueen) é condenado por assassinar um gigolô e é enviado para a terrível penintenciária de Saint Laurent na Guiana Francesa. Lá se torna protetor e amigo de Louis Dega (Dustin Hoffman). Ao longo dos anos não desiste de sempre ir em busca de sua liberdade, sempre pronto a planejar fugas cada vez mais mirabolantes.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Shame
O elenco de Shame é bom e o destaque vai para Carey Mulligan. Além de ser uma gracinha ela é talentosa e carismática. A atriz tem aparecido em diversas produções que se destacaram nos últimos anos como "Educação", "Drive" e "Não me Abandone Jamais". Sua personagem é muito interessante dentro da trama de "Shame" uma vez que logo cria uma desconfortável tensão sexual com seu próprio irmão dentro do apartamento onde vivem. Já Michael Fassbender está apenas correto. O diretor negro Steve McQueen (homônimo do famoso ator) escolheu uma produção naturalista, com uso de longos planos sequência. Sua opção em explorar o nu frontal dos atores pode vir a desagradar algumas pessoas mas particularmente achei uma decisão acertada uma vez que o filme tem como tema a sexualidade de seus personagens e como tal não poderia adotar atitudes de falso moralismo com eles. Aliás sua posição de não levantar qualquer bandeira moralista é um de seus pontos mais positivos. Em suma "Shame" tenta entender a vida sexual das pessoas que vivem dentro de uma sociedade tecnológica e liberal. Só o fato de levantar esse tema para debates já o torna extremamente válido.
Shame (Shame, Estados Unidos, 2011) Direção de Steve McQueen / Roteiro de Steve McQueen e Abi Morgan / Elenco: Michael Fassbender, Carey Mulligan e James Badge Dale / Sinopse: O filme mostra os anseios e problemas de ordem emocional e sexual de dois irmãos na Nova Iorque dos dias atuais.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
Steve McQueen / Robert Mitchum
Quando não estava interpretando pistoleiros no cinema o ator Steve McQueen soltava o esqueleto na pista de dança. Nessa foto ele se requebra com a nova moda, chamada The Twist, uma das mais populares danças dos anos 60. Ao fundo se vê a filha do presidente dos Estados Unidos Lyndon Johnson, a jovem Luci Baines Johnson. Mesmo sem muito jeito, Steve parece se divertir bastante. O maior clássico de Steve McQueen no gênero western foi o filme "Sete Homens e um Destino" onde interpretava o pistoleiro Vin Tanner. Curiosamente embora tenha atuado nesse verdadeiro ícone cinematográfico dos faroestes o ator não fez tantos filmes do gênero como era de se supor. Ele só voltaria ao western seis anos depois em "Nevada Smith", filme que marcaria sua despedida do velho oeste nas telas. Embora se desse muito bem nesse tipo de filme Steve McQueen preferia as fitas de guerra, os policiais e os filmes de corridas, afinal ele era um verdadeiro apaixonado pela velocidade e as competições como Le Mans. chegando inclusive a atuar em "As 24 Horas de Le Mans", um de seus filmes preferidos.
Robert Michum
Foto de Robert Mitchum no western "Sua Única Saída" (Pursued), de 1947. Ele interpretava um cowboy chamado Jeb Rand, nesse filme que tinha um dom psicológico que não era muito comum nesse tipo de produção da época. O protagonista tinha traumas de infância após testemunhar, ainda criança, a morte de toda a sua família, durante uma viagem de colonos rumo ao oeste americano. Como se sabe essas famílias que iam rumo às terras a serem colonizadas, enfrentavam muitos desafios como tribos indígenas violentas, bandidos de todos os tipos e a própria selvageria da região. Esse acabou se tornando um dos filmes preferidos do diretor Raoul Walsh, um trabalho que ganhou elogios de Orson Welles. E como curiosidade final uma informação no mínimo interessante: esse filme foi assistido pelo cantor Jim Morrison na noite de sua morte, em Paris.
Pablo Aluísio.
domingo, 21 de janeiro de 2007
Le Mans / 24 Horas de Le Mans
Aí é que está todo o problema de Le Mans: ele não tem roteiro! Não é que o roteiro do filme seja ruim, nada disso, ele simplesmente não existe! Isso mesmo. Tudo se passa nas próprias 24 horas de Le Mans. Tudo o que se vê durante o filme inteiro é a própria corrida e nada mais. É quase um documentário. Para não dizer que McQueen não interpreta nada ele tem duas cenas onde troca diálogos rápidos com outros personagens (que nem mesmo possuem nomes!). Tecnicamente a verdade seja dita: o filme é muito bem editado e tem ótimas sequências de pista... mas também só tem isso. Enfim, o resultado de tudo isso é que o filme foi um tremendo fracasso de bilheteria e o McQueen perdeu uma verdadeira fortuna com isso. Bem feito, só assim ele nunca mais estrelaria um filme sem roteiro.
Le Mans / 24 Horas de Le Mans (Le Mans, EUA, 1971) Direção: Lee H. Katzin / Roteiro: Harry Kleiner / Elenco: Steve McQueen, Siegfried Rauch, Elga Andersen / Sinopse: O filme mostra em tom quase documental um piloto participando da corrida denominada 24 Horas de Le Mans. Enquanto ele tenta vencer a famosa prova de corrida, precisa também lidar com seus problemas pessoais fora da pista.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 7 de novembro de 2006
Steve McQueen - Nevada Smith
Em "Nevada Smith" ele interpreta um dos três assassinos dos pais do personagem de Steve McQueen. Logo se torna alvo de sua vingança. O curioso é que Malden desaparece por quase todo o filme. Uma vez cometido o assassinato ele some, só ressurgindo nas últimas cenas, quando ele se torna o último a ser procurado por McQueen.
Malden imprime um tom de psicopatia ao seu personagem. Ele sabe que está sendo caçado pelo filho das pessoas que matou, mas ao mesmo tempo não sabe que é seu novo contratado, um pistoleiro que ele simpatizou numa de suas cavalgadas. Na cena final enfim Nevada Smith se revela a ele, que caído no meio de um riacho não consegue mais reagir. Em tom de desprezo então Nevada lhe diz que não vai lhe matar, pois nem isso ele merece. Esse final foi bem diferente, muito ousado para a época, totalmente fora dos padrões do western americano da época. Provavelmente se fosse em um filme de Clint Eastwood ou John Wayne ele certamente não escaparia de levar um tiro.
Pode-se até dizer que Karl Malden foi mal aproveitado no filme, por causa de seu talento e tudo mais, porém como um vilão jurado de morte ele até que se saiu muito bem. Claro que um papel como esse não exigia o nível de trabalho que qualquer outro drama que ele tenha estrelado ao longo de tantos anos em sua carreira, tanto no cinema como no teatro, porém é inegável que ele trouxe a sordidez necessária ao seu personagem em cena. Ele tinha que interpretar o facínora e nisso se saiu muito bem.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 19 de abril de 2006
Sete Homens e Um Destino
Outro ponto muito forte de "The Magnificent Seven" é seu elenco acima da média, liderado pelos carismas de Yul Brynner e Steve McQueen, ambos estrelas em ascensão em Hollywood na época. Os sete pistoleiros contratados para defender a pequena vila são variações do velho mito do cavalheiro solitário e errante (como bem resume uma cena em que eles discutem sobre os prós e contras da vida que levam). O elenco de apoio é excepcionalmente bom, com destaque para Charles Bronson (ainda em sua fase de coadjuvante), Robert Vaughn (que iria virar astro da TV anos depois) e James Coburn (um dos atores que melhor personificou pistoleiros em filmes de faroeste). Produzido pela Mirisch cia, a produção não é muito rica (essa empresa era especializada em fitas B que depois eram distribuídas pelos grandes estúdios como Universal e MGM) mas esse pequeno detalhe não compromete o filme em nenhum momento. Já a direção do veterano John Sturges é eficiente (embora um corte na duração final cairia bem). De qualquer forma não há como negar que para quem gosta de western esse é sem dúvida um filme obrigatório.
Sete Homens e Um Destino (The Magnificent Seven, Estados Unidos, 1960) Direção: John Sturges / Roteiro: William Roberts / Musica: Elmer Bernstein / Elenco: Steve McQueen, Yul Brynner, Charles Bronson, Eli Wallach, Robert Vaughn, James Coburn / Sinopse: Moradores de um pacata vilarejo mexicano pedem ajuda a um grupo de pistoleiros liderados por Chris (Yul Brynner) e Vin (Steve McQueen) para que os protejam do terrível bando de bandidos e assassinos do pistoleiro Calvera (Eli Wallach).
Pablo Aluísio.