Mostrando postagens com marcador Léa Seydoux. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Léa Seydoux. Mostrar todas as postagens

domingo, 28 de agosto de 2022

Crimes do Futuro

Filme estranho, bem estranho. O que em se tratando do diretor David Cronenberg nem é uma grande surpresa assim. Esse diretor sempre se notabilizou pelos seus roteiros fora do normal, incomuns. É sua marca registrada desde os primeiros filmes. Aqui temos um mundo bem esquisito para falar a verdade. Os seres humanos começam a apresentar estranhas mutações. Darwin previu tudo. Órgãos desconhecidos começam a surgir. E eles precisam retirar essas "anomalias" da natureza. O protagonista é interpretado pelo ator Viggo Mortensen. Ele é um sujeito que faz performances com os seus próprios procedimentos cirúrgicos. Tudo muito esquisito. As coisas mudam de nível quando os pais de um menino morto decidem vender o cadáver do filho para que ele faça uma inovadora performance de palco. O garoto também apresentava estranhas mutações. Ele tinha capacidade de comer plásticos e outros produtos tóxicos. Acabou sendo morto sufocado pela própria mãe! Ao entrar nesse jogo sinistro o performático artista pode ter dado um passo bem sombrio em sua trajetória.

Esse estranho roteiro foi recusado por todos os grandes estúdios de Hollywood. David Cronenberg só encontrou apoio para a produção em uma emissora de TV canadense. E assim o filme foi produzido. Não é um filme que eu indicaria para todos os públicos, longe disso. Seu teor estranho e bizarro vai afastar muita gente. Estranhamente eu acabei me interessando pela história, muito embora tenha percebido que o roteiro segue, de modo em geral, sem um rumo muito determinado. As bizarrices simplesmente acontecem. Muitos abandonam o filme nos minutos iniciais, tamanho o desconforto. E o veterano diretor parece não ter deixado sua obsessão por insetos no passado. Esse é o seu cinema em estado mais puro. A essência de sua obra cinematográfica. Os seus admiradores vão apreciar.

Crimes do Futuro (Crimes of the Future, Canadá, 2022) Direção: David Cronenberg / Roteiro: David Cronenberg / Elenco: Viggo Mortensen, Léa Seydoux, Kristen Stewart / Sinopse: Um artista performático de espetáculos bizarros e estranhos decide usar o corpo de um menino morto para chocar o seu público, em uma última e definitiva apresentação.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Sem Tempo Para Morrer

Esse é o James Bond mais progressista que você vai assistir em sua vida. Sai de cena o mulherengo conquistador e entra o homem apaixonado. O James Bond desse filme chora ao olhar o horizonte, ao lembrar da mulher que ama. Um sinal dos novos tempos e algo natural sabendo-se que o diretor Cary Joji Fukunaga afirmou em entrevistas que "O James Bond de Sean Connery era praticamente um estuprador". Assim nada de tentar conquistar outras mulheres. O interessante é que houve muitos boatos dizendo que uma mulher negra seria a nova agente 007. Boatos verdadeiros. Bond nesse filme não é mais 007. Seu famoso codinome no serviço secreto foi passado para uma nova agente, confirmando tudo o que se disse antes do filme ser lançado. O roteiro também explora sutilmente a questão da pandemia, ao colocar uma arma biológica no centro da trama. São detalhes para deixar o personagem mais atual. Embora com esse novo espelho progressista em cena, os produtores mantiveram também certos aspectos tradicionais do personagem, como as boas cenas de ação, seu famoso carro e todos aqueles aparelhos tecnológicos que são a marca registrada de Bond desde o primeiro filme. Também há bons vilões na história. Isso faz com que o espectador mais antigo de Bond se identifique pelo menos em parte com essa nova produção.  

Há mais novidades no filme. A partir desse ponto irei falar um spoiler central da história, por isso se ainda não viu o novo Bond sugiro que não continue a leitura. Muito bem, o roteiro progressista do filme não foi o que mais me impressionou. Isso era até mesmo esperado. O que me chocou mesmo foi a morte de James Bond. Ele morreu mesmo? James Bond está morto? Olha, não vejo de outra forma. Afinal que ser humano iria sobreviver a um ataque de mísseis como aquele? Se está morto o personagem ficam algumas perguntas no ar... como por exemplo, qual será o futuro da franquia? Como seguir em frente a partir de agora? A morte de Bond foi algo sugerido pelo próprio ator Daniel Craig. Esse é seu provavelmente último filme como Bond. Nada mais adequado para uma grande despedida do que a morte de seu personagem. Os produtores talvez estejam prontos para deixar James Bond de lado, investindo agora na nova agente 007, Nomi... Será que um filme estrelado apenas por ela seria sucesso de bilheteria? Como seria recebido? Só o tempo dirá mesmo! De qualquer maneira esse filme muito provavelmente será lembrado daqui alguns anos, simplesmente pelo fato de trazer tantos elementos ousados em seu roteiro. Definitivamente não é um Bond banal.

Sem Tempo Para Morrer (No Time to Die, Estados Unidos, 2021) Direção: Cary Joji Fukunaga / Roteiro: Neal Purvis, Robert Wade / Elenco: Daniel Craig, Léa Seydoux, Rami Malek, Lashana Lynch, Ralph Fiennes, Christoph Waltz / Sinopse: James Bond está aposentado. Só que ele vai precisar voltar à ativa para impedir que criminosos internacionais liberem uma perigosa arma biológica na sociedade, o que poderia ocasionar a morte de milhões de pessoas ao redor do planeta.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Zoe

A referência mais óbvia desse filme é mesmo "Blade Runner". Basta ler a sinopse. Em um futuro próximo uma companhia de alta tecnologia comercializada seres sintéticos - máquinas, na verdade - que se comportam como seres humanos. O objetivo é vender homens e mulheres lindas e perfeitas, ideais para um relacionamento pleno. Os clientes dizem o que esperam de uma companheira e a companhia as programa para atender suas necessidades. Dentro dessa empresa um dos principais mentores é o projetista Cole (Ewan McGregor). Ele cria um novo modelo, um protótipo chamado Zoe (Léa Seydoux). É um passo a mais na inteligência artificial. Zoe consegue ter emoções humanas... e até chorar lágrimas verdadeiras. Um avanço assombroso dentro da companhia.

Só que as coisas saem do controle e Cole acaba se apaixonando de verdade por Zoe. Pior do que isso. Ela não sabe que é um ser sintético, uma replicante (usando aqui o termo que foi usado em Blade Runner). O curioso é que o filme não adota uma linguagem típica de filmes de ficção. Ao contrário disso o mundo em que os personagens vivem é absurdamente parecido com o mundo real. Não há naves voadoras e nem o clima noir de Blade Runner. Outro aspecto interessante do roteiro é a pílula do primeiro amor. Uma droga que se torna muito popular e que faz o usuário sentir as mesmas emoções da primeira paixão da adolescência. Nem precisa dizer que a nova droga se torna uma febre, inclusive para o personagem de Ewan McGregor.

Outra ideia interessante dentro desse roteiro é o surgimento de bordéis apenas com modelos sintéticos. Já que esses novos robôs são feitos para o prazer do ser humano nada mais natural que o surgimento de lugares onde o sexo com eles é pago. As possibilidades de explorar um mundo assim seriam enormes, mas devo dizer que o roteiro não vai atrás delas. Ao invés disso se concentra mesmo no romance de Zoe com seu criador. Há uma trilha sonora melosa que permeia todo o filme, dando toda a pinta que o diretor quis mesmo fazer um daqueles filmes românticos. Em certo momento cansa essa escolha. Em minha opinião o filme seria muito melhor se fosse mais "Blade Runner" e menos "Love Story".

Zoe (Zoe, Estados Unidos, 2018) Direção: Drake Doremus / Roteiro: Richard Greenberg / Elenco: Ewan McGregor, Léa Seydoux, Theo James  / Sinopse: Projetista de modelos sintéticos, replicantes criados e programados para se relacionarem com seres humanos, acaba se apaixonando perdidamente por uma de suas criações. Uma garota chamada Zoe, que nem sabe que na verdade é um protótipo e não um ser humano normal.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Adeus, Minha Rainha

Título no Brasil: Adeus, Minha Rainha
Título Original: Les Adieux à la Reine
Ano de Produção: 2012
País: França, Espanha
Estúdio: GMT Productions, Les Films du Lendemain
Direção: Benoît Jacquot
Roteiro: Benoît Jacquot, Gilles Taurand
Elenco: Léa Seydoux, Diane Kruger, Virginie Ledoyen, Xavier Beauvois, Michel Robin
  
Sinopse:
Nos últimos dias de reinado do Rei Louis XVI, a rainha Marie Antoinette (Diane Kruger) tenta organizar sua fuga para a Áustria, sua terra natal. Dentro do Palácio de Versailles a movimentação se torna intensa, com a nobreza tentando escapar com vida da Revolução Francesa, tudo sendo visto sob a ótica de uma criada da rainha, a jovem Agathe-Sidonie Laborde (Léa Seydoux). Filme indicado ao Urso de Ouro no Berlin International Film Festival e vencedor do César Awards nas categorias de Melhor Fotografia (Romain Winding), Melhor Figurino (Christian Gasc) e Melhor Desenho de Produção (Romain Winding).

Comentários:
Esse é mais um filme que explora a figura da última rainha da França, Marie Antoinette. Muito badalado em seu lançamento essa produção tem aspectos positivos e negativos. Um dos seus maiores atrativos vem do fato de ter sido rodado nas locações reais onde tudo aconteceu, no Chateau de Versailles e no Le Trianon, o pequeno palacete privado e pessoal da Rainha. Apesar disso, de ter tido essa honraria de filmar em lugares tão especiais, o diretor Benoît Jacquot não conseguiu aproveitar bem isso em cena. Percebe-se que apesar de ter sido rodado em lugares tão exuberantes (o que custou grande parte do orçamento do filme), o filme nunca se torna especialmente belo. Muitas vezes o cineasta priorizou os closes e não os ambientes abertos, perdendo muito potencial. O roteiro explora um antigo boato, a de que a rainha teria uma paixão lésbica pela duquesa Gabrielle de Polignac (Virginie Ledoyen), uma fofoca que nunca conseguiu ser provada por historiadores. No filme isso surge como um fato. A rainha sofre mais pela separação de sua amada, do que por propriamente perder seu poder. Marie Antoinette é interpretada pela atriz alemã Diane Kruger (da série "The Bridge"). Ela não é parecida fisicamente com a verdadeira rainha, nem tem o tipo de personalidade adequada para interpretá-la. A rainha era pequenina, de gestos finos, Kruger tem uma presença mais opulenta, é alta demais, o que prejudica o filme como um todo. O roteiro tenta compensar isso realçando o lado mais frívolo de Antoinette, mas não funciona muito bem. A atriz Léa Seydoux interpreta a verdadeira protagonista do filme, a de uma criada da rainha. Ela seria a incumbida de ler livros importantes para Marie Antoinette, pois a rainha era conhecida por não gostar muito de ler, embora tivesse uma das melhores bibliotecas do mundo ao seu dispor. No saldo final temos que reconhecer que "Les Adieux à la Reine" tinha muito potencial, mas tudo fica de certa forma pelo meio do caminho. Poderia ter sido um filme bem melhor.

Pablo Aluísio.