Filme estranho, bem estranho. O que em se tratando do diretor David Cronenberg nem é uma grande surpresa assim. Esse diretor sempre se notabilizou pelos seus roteiros fora do normal, incomuns. É sua marca registrada desde os primeiros filmes. Aqui temos um mundo bem esquisito para falar a verdade. Os seres humanos começam a apresentar estranhas mutações. Darwin previu tudo. Órgãos desconhecidos começam a surgir. E eles precisam retirar essas "anomalias" da natureza. O protagonista é interpretado pelo ator Viggo Mortensen. Ele é um sujeito que faz performances com os seus próprios procedimentos cirúrgicos. Tudo muito esquisito. As coisas mudam de nível quando os pais de um menino morto decidem vender o cadáver do filho para que ele faça uma inovadora performance de palco. O garoto também apresentava estranhas mutações. Ele tinha capacidade de comer plásticos e outros produtos tóxicos. Acabou sendo morto sufocado pela própria mãe! Ao entrar nesse jogo sinistro o performático artista pode ter dado um passo bem sombrio em sua trajetória.
Esse estranho roteiro foi recusado por todos os grandes estúdios de Hollywood. David Cronenberg só encontrou apoio para a produção em uma emissora de TV canadense. E assim o filme foi produzido. Não é um filme que eu indicaria para todos os públicos, longe disso. Seu teor estranho e bizarro vai afastar muita gente. Estranhamente eu acabei me interessando pela história, muito embora tenha percebido que o roteiro segue, de modo em geral, sem um rumo muito determinado. As bizarrices simplesmente acontecem. Muitos abandonam o filme nos minutos iniciais, tamanho o desconforto. E o veterano diretor parece não ter deixado sua obsessão por insetos no passado. Esse é o seu cinema em estado mais puro. A essência de sua obra cinematográfica. Os seus admiradores vão apreciar.
Crimes do Futuro (Crimes of the Future, Canadá, 2022) Direção: David Cronenberg / Roteiro: David Cronenberg / Elenco: Viggo Mortensen, Léa Seydoux, Kristen Stewart / Sinopse: Um artista performático de espetáculos bizarros e estranhos decide usar o corpo de um menino morto para chocar o seu público, em uma última e definitiva apresentação.
Pablo Aluísio.