sábado, 16 de setembro de 2017

Duelo Sangrento

Título no Brasil: Duelo Sangrento
Título Original: The Kid from Texas
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Kurt Neumann
Roteiro: Robert Hardy Andrews
Elenco: Audie Murphy, Gale Storm, Albert Dekker, Shepperd Strudwick, William Talman, Martin Garralaga

Sinopse:
O jovem William Bonney (Audie Murphy) chega em uma nova cidade do condado de Lincoln em busca de trabalho. Ele acaba conhecendo um rancheiro que lhe oferece apoio e amizade, lhe arranjando emprego e moradia. Pouco tempo depois seu patrão é covardemente assassinado. Assim Bonney, agora conhecido como "Billy The Kid", resolve vingar sua morte.

Comentários:

A década de 1950 começou e finalmente Audie Murphy encontrou seu caminho em Hollywood. O filme se chamava "Duelo Sangrento" e era a produção ideal que Murphy tanto esperava. Nesse western que tinha o título original de "The Kid from Texas", Murphy interpretava nada mais, nada menos do que um dos personagens históricos mais famosos da mitologia do velho oeste, o pistoleiro William Bonney, mais conhecido como 'Billy the Kid'. É curioso que quando a Universal contratou o diretor Kurt Neumann para dirigir o faroeste esse indicou ao estúdio o próprio Audie Murphy com quem havia trabalhado no filme anterior. Não haveria ninguém melhor para atuar como Kid. A crítica de um modo geral gostou do filme. Para muitos seria um "bom pequeno filme". Outra atração é que ele foi lançado em cores, considerado ainda na época como um sinal de capricho, de que a produção era realmente boa e que o estúdio confiava no sucesso. Historicamente o filme não era muito preciso. Billy The Kid não nasceu no Texas, como fazia supor o roteiro, ele havia nascido em Nova Iorque. Porém de uma maneira em geral aspectos históricos reais da vida de Kid foram mantidos, como seu envolvimento na guerra do condado de Lincoln.

Pablo Aluísio.

Audácia Entre Adversários

Título no Brasil: Audácia Entre Adversários
Título Original: Wild Horse Mesa
Ano de Produção: 1932
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Zane Grey, Harold Shumate
Elenco: Randolph Scott, Sally Blane, Fred Kohler, Lucille La Verne, Charley Grapewin, James Bush

Sinopse:
O roteiro desse western é bem interessante, mostrando os conflitos e lutas de um rancheiro chamado Chane Weymer (Randolph Scott). Ele é um homem de bem, honesto, que apenas deseja tocar sua vida em uma região inóspita, bem no meio do deserto do Arizona, mas que para isso terá que enfrentar vilões e facínoras.

Comentários:
O diretor Henry Hathaway voltou a pedir ao estúdio que contratasse Randolph Scott para mais um faroeste. Ele havia assinado para trabalhar na direção da adaptação para as telas de cinema do romance de Zane Grey. Em sua visão apenas Scott tinha os atributos para interpretar o personagem principal, um cowboy chamado Chane Weymer. O filme iria se chamar "Wild Horse Mesa" (no Brasil recebeu o título de "Audácia Entre Adversários"). As filmagens foram feitas em locações desérticas, algo que exigiu muito do elenco e da equipe técnica. Scott ficou bem amigo da estrela do filme, Sally Blane. Essa aproximação (que não passava de simples amizade) acabou caindo nas revistas de fofocas, onde se dizia que os dois atores estavam tendo um caso no set de filmagens. "Pura mentira, mas que ajudava a promover o filme" - relembraria anos depois o próprio ator. "Wild Horse Mesa" foi sucesso de bilheteria. Ainda hoje é cultuado pelos fãs do gênero western. Um bom filme certamente, embora não fugisse muita da mitologia auto centrada que os estúdios de cinema tinham criado para os filmes de faroeste. Havia o mocinho, a mocinha que seria conquistada, os vilões malvados e, é claro, a exuberância dos cenários naturais. A diferença é que o filme foi dirigido pelo grande e talentoso cineasta Henry Hathaway que iria se notabilizar em Hollywood pela diversidade de filmes que dirigiu. Embora tenha feito também grandes filmes de western, inclusive ao lado de John Wayne, esse cineasta procurava ser o mais eclético possível, passeando por todos os tipos de filmes, sem ficar preso a nenhum gênero.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

A Arte de Ser Elegante e Discreto

Eu era um jovem estudante Marista quando ouvi pela primeira vez uma frase escrita por Dom Bosco que dizia: "Fale pouco de você e menos ainda dos outros". Nunca mais me esqueci desse conselho. Ao longo da vida procurei seguir de perto esse tipo de conselho em minha existência. Antes disso já agia assim, apesar da pouca idade. Fazia parte da minha personalidade. Quando conheci a frase me identifiquei completamente. Geralmente quando você faz parte de uma família grande, com muitas pessoas, você acaba percebendo o quanto é danoso ser invasivo. É normal que no meio de tanta gente sempre haja aquele tipo de fofoca maldosa, aquele diz que me disse e tudo mais. Eu sempre associei esse tipo de comportamento a um tipo de pessoa pouco refinada, nada educada. E poucas coisas são tão desanimadoras como ter esse tipo de pessoa ao redor. Não soma e nem acrescenta em absolutamente nada na sua vida.

A discrição vem justamente na frase de Dom Bosco que aconselha que cada um fale pouco de si. Nunca seja um elogiador de si mesmo. Um egocêntrico. Lembre-se que Narciso morreu afogado deslumbrado com sua própria aparência. Apenas com as pessoas muito próximas você deve se abrir ou contar algo mais privativo. Ser discreto acaba tornando você também uma pessoa elegante, pois certamente não vai ficar querendo saber da vida de ninguém. Falo com sinceridade, espero que as pessoas sejam felizes nessa longa jornada chamada vida. O fofoqueiro de alguma forma torce justamente pelo contrário, pelo insucesso dos outros, muitas vezes para se deliciar com o fracasso alheio. É triste! A queda de outrem ou a fase ruim pela qual passa acaba virando o glacê da fofoca. Sempre me espanto quando vejo alguém tentando passar uma fofoca sobre algo ruim que aconteceu com os outros. Que tipo de mecanismo horroroso movimenta a mente de alguém assim? Citando Chaplin eu não quero o mal para ninguém, muito pelo contrário, nossa humanidade deseja a felicidade do próximo. Isso é ser humano no significado mais intrínseco da palavra. Isso nos define.

Há tantas coisas interessantes para se conversar. O mundo é cheio de possibilidades e muitos fatos deveriam nos prender a atenção. Nesse momento, por exemplo, há descobertas maravilhosas da ciência acontecendo. Alguém realmente puxa um assunto sobre isso? Dificilmente. Preferem falar de algo ruim que está acontecendo com fulana ou sicrano. Lamentável esse tipo de atitude. Ocupe sua mente com coisas interessantes. O que vale para as amizades também vale para o amor. Uma das coisas mais importantes em um relacionamento a dois é a preservação de sua própria intimidade. O que acontece entre um casal só diz respeito a ambos. Abrir a vida pessoal é um dos maiores erros que alguém pode cometer em sua vida. Não transforme jamais os aspectos íntimos de sua relação sentimental em algo público, à disposição de quem queira saber. Agindo assim você não apenas estará abrindo sem autorização a intimidade de quem está com você, como também sendo uma pessoa pouco refinada, nada elegante, correndo inclusive o risco de transformar sua vida emocional em uma piada de salão para os outros.

É uma moeda de dupla face. Ao mesmo tempo em que você se torna discreto, não invasivo, respeitando o espaço de terceiros, espera o retorno deles nesse mesmo sentido. Mais cedo ou mais tarde todos vão compreender e também vão respeitar a sua vida privada. O fato é que você só ganhará na vida sendo elegante e discreto. Outro fato muito importante que aprendi em minha existência é que agindo dessa forma você acaba atraindo pessoas com o mesmo sentimento positivo para perto de sua vida. Outro dia relembrei sobre a minha primeira namoradinha aqui mesmo no blog. Ela foi uma das pessoas mais educadas, finas e elegantes que conheci em toda a minha vida! Fazendo uma analogia com o cinema eu a poderia comparar com Audrey Hepburn. Aquele mesmo tipo de elegância e charme pessoal. Ter um relacionamento com ela me marcou para sempre e me deixou uma bela lição de vida de como me comportar com o sexo oposto. Olhando para o passado posso dizer que tive muita sorte em conhecê-la naquele momento da adolescência pois a partir dali eu sempre soube como tratar uma mulher da forma adequada - algo que muitos homens jamais aprendem, mesmo depois de velhos. Assim encerro esse pequeno texto reflexivo sobre a importância de se saber comportar adequadamente, não só em ambientes mais refinados, mas como também em todos os lugares onde você estiver. Seja discreto, não vire um pavão de arrogância e vaidade. Mantenha uma boa postura, respeite o próximo. Dessa forma será um bom ser humano, discreto e elegante na medida certa. Guarde a frase de Dom Bosco em sua mente e seja feliz, o que no final é o que realmente importa para todos nós.

Pablo Aluísio. 

Rejeição Amorosa

Provavelmente seja uma das dores emocionais mais fortes e sofridas na vida sentimental de uma pessoa. A paixão não correspondida pode jogar a auto estima no chão, causar depressão, entre outros problemas mais sérios. Na realidade o mais importante em uma situação assim é tentar recuperar o equilíbrio da forma mais rápida possível. Tentar entender a situação sob um ponto de vista mais racional. O fato é que nem sempre nossos sentimentos estão em sintonia com os da pessoa amada. Embora apaixonados podemos perceber claramente que essa paixão não está vindo do outro lado. Quando isso acontece o melhor é recuar, tentar melhorar a situação e só depois tentar investir. Se por acaso você não agiu assim e acabou sendo rejeitado (a) é interessante recobrar o ânimo e entender o que aconteceu.

Muitas pessoas apaixonadas não conseguem raciocinar direito. Muitas vezes nem sequer conhecem a outra pessoa, não tem maior contato, não as conhece de perto, mas acabam ficando cegas pela paixão, investindo em algo que, pela lógica do mundo (e não do apaixonado), certamente não dará em nada, ou melhor dizendo, dará sim, mas na rejeição amorosa. Se não há sentimento envolvido por parte da outra pessoa, se as possibilidades são mínimas, inexistentes ou pequenas e mesmo assim há a investida, muitas vezes de forma atrapalhada, sem noção, sem cautela e sem estratégia, a rejeição será praticamente certa! O erro será seu, por ter agido sem cautela e sem prudência. E aquele que o rejeita não deve ser vilanizado e nem muito menos agredido. Na realidade se pensarmos bem, ele acabou sendo o único a agir com equilíbrio nesse tipo de situação. Você deveria até mesmo agradecer a ele!

Por essa razão não vá procurar defeitos naquele que lhe rejeitou, ou pior do que isso, não tente ofender ou ridicularizá-lo. Isso é um sinal de sua própria fraqueza emocional, pois foi apaixonada por ele e após a rejeição o tenta atingir, o atacando. Isso é baixeza moral e só expõe sua própria fraqueza sentimental. Seja forte, equilibrada, procure entender as razões. Muitas vezes, lamento dizer isso, a rejeição é culpa do próprio rejeitado, que não soube agir certo, não soube se aproximar, não entender a outra pessoa, foi inconveniente, fora de proposito, não soube se comportar de forma adequada. Para quem age assim o famoso "chute na bunda", com gostam de dizer os jovens, é algo mais do que previsível.

Assim os cautelosos e os equilibrados geralmente não levam "foras". Eles sabem antever o que virá. Isso se chama Q.E, que significa Quociente Emocional. Pessoas com Q.E. elevados quase sempre se saem melhor no mundo da sedução, do charme e a da relação amorosa. São pessoas com senso de posicionamento melhor. Elas sabem quando agir e quando não agir. Saber esperar o momento certo numa investida amorosa é uma arte! Algumas vezes um grande amor começa com uma grande amizade. Mesmo apaixonada a pessoa que sabe investir na hora certa, conta muitos pontos a seu favor. Certamente viver na "friendzone" pode ser complicado, porém quem tiver paciência certamente colherá belos frutos ao lado do ser amado no futuro.

Se infelizmente não é o seu caso e você foi rejeitado, bom, chegou a hora de manter a dignidade pessoal, aquilo que é mais importante nesse momento. Não saia falando mal do outro, não o atinja usando terceiros, fique firme, tenha boa postura e o mais importante de tudo... saiba entender seus motivos. Também não implore por amor, nem vire um mendigo emocional. Isso acabará com sua imagem, destruindo qualquer tipo de amor próprio que sobreviveu. Levante a cabeça, mantenha uma atitude, mesmo que o coração esteja em pedaços. Caso contrário você será além de rejeitado, também uma pessoa fragilizada, mostrando a todos a sua fraqueza.

Outro conselho que consideramos importante é baseado em uma frase escrita por um famoso escritor e pensador católico chamado Dom Bosco. Em certo momento de sua vida ele soltou uma máxima muito relevante, quando afirmou: "Fale pouco de você e menos ainda dos outros", ou seja, não transforme sua rejeição em um escândalo público, uma novela dramática na boca de todos, em uma fofoca espalhada por você mesmo. O momento da rejeição também é o momento da discrição, do conhecimento interior e não da baixaria. Ao espalhar sua rejeição aos outros saiba que mais cedo ou mais tarde tudo chegará nos ouvidos daquele que a rejeitou. E ele certamente ficará com uma imagem ainda pior de você! Se recolha, junte seus cacos, se recomponha, tudo feito da forma mais discreta possível. Agindo assim você perceberá, depois de se recuperar, que a dor será bem menos sofrida. Você levantará a cabeça e partirá para a próxima, sem ter que explicar ou dar satisfações a absolutamente ninguém.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Não alimente pensamentos negativos!

Recentemente descobri algumas coisas interessantes lendo sobre o Mal de Parkinson. Procurando saber mais sobre essa doença descobri que apesar da ciência não ter uma certeza sobre sua causa estudos provam que pessoas negativas, que alimentam pessimismo na alma, que se cobram muito de si mesmos e que vivem estressados possuem mais chances de desenvolver esse tipo de enfermidade. Isso me abriu os olhos. Não que eu fosse uma pessoa negativa em minha vida - longe disso - mas que a forma como você leva sua vida pode determinar mais cedo ou mais tarde o tipo de problema de saúde que você enfrentará no futuro.

Seja positivo! Não alimente sentimentos ruins, isso estraga sua alma, seu bom humor, tira o brilho da vida. Não faça coro com aqueles que estão sempre dizendo que nada vai dar certo, que é inútil lutar, que todo o mundo é hipócrita e que não existem pessoas boas ao redor. Certamente você não deve se comportar feito um tolo, dando sorrisos amarelos forçados mas cultivar pensamentos de esperança fazem um grande bem à saúde. Outra coisa que comprovadamente faz bem é manter uma crença em algo mais, ter uma religião. Pessoas que não cultivam nenhum tipo de espiritualidade acabam secando como as folhas do quintal que deixam de ser regadas.

Também evite falar mal dos outros. Quando você fala mal de alguém, seja por qual motivo for, energias negativas acabam chegando em seu meio. Além de ser eticamente errado, soltar farpas contra pessoas próximas só servem para que você próprio vire um alvo pois quem atinge alguém também será atingido, cedo ou tarde. E se alguém falar mal de você, simplesmente ignore. Mantenha a boa postura, a outra pessoa certamente entenderá seu equívoco. Gosto muito de um pensamento católico que aprendi na juventude que diz: "Fale pouco de você e menos ainda dos outros". É um conselho de ouro. Ser discreto, positivo e humilde ajuda muita em sua humanidade, espiritualidade e traz qualidade de vida, boa saúde. Não duvide disso.

E para quem acha que isso é apenas a opinião de um leigo em medicina indico alguns textos reveladores do Dr. Drauzio Varella onde ele afirma justamente isso que estou escrevendo agora. Outro aspecto a considerar é que o sujeito rabugento, que só fala coisas negativas tende a espantar as demais pessoas ao seu redor. Afinal quem deseja ficar horas ouvindo as reclamações sem fim de um ranzinza? Acredito que ninguém. Também evite ao máximo criar uma rotina de puro stress, de tarefas chatas que você no fundo não gosta. Pare, respire, vá ouvir um pouco de música, assista a um bom filme, acompanhe uma série, ouça uma piada, tenha um hobbie, sorria, afinal de contas ninguém nega que ser feliz faz muito bem à vida!

Pablo Aluísio.

Esqueça os ídolos...

Essa recente visita desse cantor e ídolo teen Justin Bieber me fez pensar na frase que dá título a esse texto. Qual é afinal a serventia de se ter ídolos? Quando você é adolescente geralmente fica fã de algum ídolo da música ou do cinema, até penso que isso é muito natural, faz parte do desenvolvimento emocional do ser humano. A questão é que você cresce, inclusive intelectualmente, e chega na conclusão de que tudo isso não passa de uma grande bobagem. E quando me refiro a ídolos não estou resumindo isso ao mundo das artes, mas a todos os setores, afinal existem pessoas que cultivam ídolos nos esportes, na política (sim, acredite nisso!) e em vários segmentos. É tudo um grande equívoco. O fã que se deslumbra com seu ídolo perde a noção do certo e do errado, do bom senso e acaba virando um tolo na frente das demais pessoas.

Assim são tolos os fãs de Justin Bieber que não enxergam que seu ídolo está debochando deles quando cospe em cima de suas admiradoras de um hotel cinco estrelas e é igualmente tolo um partidário cego que não consegue ver a realidade da corrupção de seus ídolos políticos. Absolutamente ninguém deve se colocar numa posição de cegueira em relação a esse tipo de coisa pois ídolos são pessoas comuns, muitas vezes, para falar a verdade, nem são boas pessoas, não tem bom caráter e nem merecem que você perca seu precioso tempo com eles, os idolatrando inutilmente. Alguns são verdadeiros crápulas e sujeitos desprezíveis que não merecem absolutamente nada de você. Afinal a própria ideia de se cultivar um ídolo é uma grande besteira pois todos os seres humanos, independente de sua condição social ou poder financeiro, fama, etc estão no mesmo patamar.

Agora o caldeirão fica explosivo mesmo quando se misturam fanatismo, idolatria e obsessão. Há um filme muito interessante estrelado por Robert De Niro chamado "O Fã" que mostra bem isso. O sujeito que idolatra seu ídolo perde a noção de normalidade e fica obcecado por seu objeto de desejo. Casos extremos estão em toda parte, como no triste caso de John Lennon que foi morto por um fã obcecado e enlouquecido dos Beatles. E isso foi uma ironia trágica porque Lennon sempre lutou contra esse tipo de atitude. Não raro passava sermões em seus fãs, conscientizando-os de que ele era uma pessoa normal e que parassem de o tratar como uma espécie de divindade na Terra. Aliás esse desejo de andar nas ruas e viver como um cidadão como qualquer outro acabou sendo bem trágico para ele mesmo. Uma ironia do destino mesclada com humor negro sem graça.

Claro que já tive ídolos em minha vida. Isso como eu disse á algo normal mas hoje em dia embora goste da arte de muitos cantores, atores e artistas em geral não aponto mais absolutamente ninguém como um ídolo a se seguir. Ídolos são de barro, como diz o ditado popular. E isso é a mais pura verdade. Depois que você os conhece mais a fundo e descobre seu lado negro e menos lisonjeiro tudo se desfaz como um castelo de areias. E não se engane, isso vai acontecer com qualquer ídolo pois todos são humanos e todos são imperfeitos. Nessa semana que passou vi muitos documentários sobre o presidente JFK e pude testemunhar como os americanos o elegeram como um ídolo político simplesmente perfeito no imaginário popular. O idolatraram e o colocaram em um patamar que como escrevi em texto anterior pouco tem a ver com a realidade histórica. JFK no fundo só é perfeito na imaginação de seus admiradores.

Assim procure não cultivar ídolos. Ouça boa música, assista bons filmes, reconheça o trabalho desses artistas mas jamais os coloque em uma posição de idolatria ou divindade. Isso é uma enorme perda de seu tempo. Sempre os veja como são de verdade, seres humanos de carne e osso, cheios de defeitos, com problemas de caráter, emocional, etc. Nunca veja um defeito de seu ídolo como algo positivo pois em pouco tempo você poderá até cometer os mesmos erros em sua vida pessoal. Esqueça essa coisa de achar que um ídolo é alguém mais especial do que você mesmo. Mude sua postura. Faça isso caso contrário vão cuspir em sua cara e você, da forma mais idiota possível, vai acabar chorando emocionado achando tudo aquilo o máximo. Não passe por essa vergonha, pois se arrependerá muito depois. Descarte todos os ídolos de sua vida, assim você será bem mais feliz.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Transformers: O Último Cavaleiro

Essa franquia "Transformers" é um bom exemplo de tudo o que está errado no cinema mais comercial de Hollywood. O diretor Michael Bay, que adora explodir tudo em seus filmes, dá um passo a mais no seu conhecido exagero (algo que vamos convir não era muito fácil de superar!). Como sabemos esses filmes se sustentam completamente em uma orgia de efeitos digitais. O roteiro, quando existe, é mínimo e mixuruca. Tudo desculpa para desfilar pela tela os robôs gigantes que o Bay adora destruir. Agora Bay resolveu chutar definitivamente o balde do pouco de bom senso que ainda lhe restava, misturando as lendas que envolvem o Rei Arthur, Merlin, a espada Excalibur com... os Transformers! Que coisa mais idiota! Há uma cena ridícula em que os famosos cavaleiros estão sentados na távola redonda com os imensos robôs atrás deles! Quanta bobagem...

E então chegamos no elenco, talvez a única coisa que faça alguém com mais de 12 anos assistir a esse filme. Acompanho há muitos anos a carreira de Anthony Hopkins. Sempre vou considerá-lo um dos grandes atores da história do cinema. Dito isso, fico com a seguinte questão em minha mente: ele precisava mesmo fazer um filme como esse? O que uma produção como essa irá adicionar em sua brilhante filmografia? Acredito que em nada. Todos sabemos que Hopkins aceitou atuar aqui (em um papel patético, é bom frisar) apenas pelo vil metal, pelo dinheiro. Será que após tantos anos de carreira ele ainda precisava de um trabalho tão mercenário como esse? Não juntou uma fortuna por todos esses anos? Complicado entender... O pior de tudo no final nem é a falta de roteiro, a presença constrangedora de Anthony Hopkins nesse filme sem importância nenhuma, mas sim a duração da fita! Michael Bay não é apenas megalomaníaco nas cenas em que tritura as latas velhas de seus robôs, mas também na metragem do filme! São duas horas e meia que parecem nunca acabar... Depois de tanto quebra pau ficamos até mesmo com dor de cabeça. Enfim, tirando Hopkins nada mais se salva nessa lataria... Essa franquia já deveria estar em um ferro velho há muito, muito tempo...

Transformers: O Último Cavaleiro (Transformers: The Last Knight, Estados Unidos, Inglaterra, 2017) Direção: Michael Bay / Roteiro: Michael Bay, Art Marcum, Matt Holloway / Elenco: Mark Wahlberg, Anthony Hopkins, Josh Duhamel, Laura Haddock, Stanley Tucci / Sinopse: Transformers bonzinhos e Transformers malvadões brigam entre si para colocar as mãos em artefatos milenares (dos tempos do Rei Arthur) para com eles dominarem todo o mundo. No meio do quebra pau generalizado um nobre inglês, Sir Edmund Burton (Anthony Hopkins), tenta alcançar os cobiçados objetos antes de todos os outros. Filme indicado ao Golden Trailer Awards e ao Teen Choice Awards.

Pablo Aluísio.

Homem-Aranha: De Volta ao Lar

Esse novo filme do Spider-Man não tem nada a ver com a trilogia original estrelada por Tobey Maguire, tampouco com aquela mais recente franquia inaugurada com o filme "O Espetacular Homem-Aranha", que tinha como ator o Andrew Garfield. Na verdade essa nova linha de filmes nasce quase como um spin-off do último filme dos Vingadores. Isso fica bem claro logo nas primeiras cenas, que foram retiradas justamente do filme anterior. Aqui o Peter Parker é apenas um colegial de 15 anos. Entre os problemas escolares ele tenta cair nas graças do industrial Tony Stark (Robert Downey Jr.). Ele mesmo, o Homem de Ferro. Enquanto um convite para fazer parte dos vingadores não sai, ele vai enfrentando os problemas próprios da idade, como a garota que ele é afim, que não lhe dá muita bola e o amigo nerd, que mais atrapalha do que ajuda. E para complicar ainda mais sua vida surge um novo vilão, o Abutre, interpretado por Michael Keaton. Para quem já foi Batman e Birdman nas telas, nada de novo! O roteiro é muito divertido, virando praticamente um filme de adolescente dos anos 80. Poderíamos até dizer que seria um tipo de "Ferris Bueller encontra Peter Parker" (usando aqui como referência o filme "Curtindo a Vida Adoidado", clássico de John Hughes). Claro que isso também significa que temos pela frente uma série de clichês desse tipo de produção, como o baile de formatura, os valentões dos corredores da escola, a garota amada platonicamente e coisas do tipo. Nada realmente muito original.

Porém a despeito disso há também excelentes cenas. Dizem que para um filme ser considerado realmente muito bom deve haver pelo menos 3 boas cenas. Aqui temos todas elas. A primeira quando o Homem-Aranha tenta salvar os estudantes no monumento de Washington, a segunda no barco que vai se partindo ao meio e a terceira, no clímax, quando finalmente o cabeça de teia enfrenta o abutre com suas asas mecânicas. Para encaixar ainda mais clichês de filmes adolescentes os roteiristas colocaram o vilão como o pai da garota que Peter Parker é apaixonado - uma sacada óbvia, mas que funciona muito bem! Entre tantas boas cenas e muita ação, recheadas com o melhor que os efeitos digitais conseguem reproduzir na tela do cinema, temos assim um dos blockbusters mais divertidos do ano. Em nenhum momento ofende a inteligência do espectador e nem a sensibilidade (sempre à flor da pele) dos leitores dos quadrinhos. A Marvel aliás vive um momento estranho em sua história, acertando quase sempre no cinema e errando absurdamente nas suas publicações em quadrinhos! Enquanto na sétima arte eles só tem acertos, na nona arte estão derrapando feio! Quem diria...

Homem-Aranha: De Volta ao Lar (Spider-Man: Homecoming, Estados Unidos, 2017) Direção: Jon Watts / Roteiro: Jonathan Goldstein, John Francis Daley, baseados nos personagens criados por Stan Lee, Steve Ditko e Jack Kirby / Elenco: Tom Holland, Michael Keaton, Robert Downey Jr, Marisa Tomei, Jon Favreau, Gwyneth Paltrow, Chris Evans / Sinopse: O jovem Peter Parker (Holland) precisa enfrentar os problems típicos de sua idade, ao mesmo tempo em que investiga a venda de armas ilegais no mercado negro. Os armamentos baseados em tecnologia extraterrestre foram criados por Adrian Toomes (Michael Keaton), um inescrupuloso empreiteiro da construção civil. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Hannibal

O primeiro filme "O Silêncio dos Inocentes" já é considerado um clássico moderno do cinema. Muito bom, acima da média, não há o que discutir sobre isso. Já esse segundo filme dessa franquia, intitulado "Hannibal", é seguramente uma das piores sequências que já assisti em minha vida. O que não deixa de ser surpreendente pois foi dirigido por um grande mestre, Ridley Scott. Além disso o elenco era inegavelmente excelente, contando com Julianne Moore e Gary Oldman, além de trazer de volta  Anthony Hopkins como o Dr. Hannibal Lecter. O que deu errado então? Em minha opinião o maior problema dessa sequência não foi necessariamente cinematográfico, mas sim literário. Explico. Thomas Harris escreveu um livro muito ruim, justamente o que foi usado para adaptação pelo roteiro desse filme. Como o material original já não tinha qualidade como esperar então que o filme ficasse bom? Simplesmente impossível.

A história é péssima. O que era sutil e elegante no primeiro filme aqui se tornou apenas grotesco.  Anthony Hopkins continua perfeito em sua caracterização, mas como já escrevi, a trama não ajuda. Provavelmente o escritor Thomas Harris estava com alguma crise de criatividade quando começou a escrever esse enredo. Provavelmente pressionado pelas editoras, que cobiçavam novamente obter ótimas vendas, ele acabou escrevendo qualquer coisa, estragando de certa maneira sua própria criação. O que sobrou foi apenas uma cópia pálida e mal feita do livro original. Nem o talentoso David Mamet salvou o roteiro de ser um desastre! Diante de tudo isso o diretor Ridley Scott até tentou fazer algo, usando inclusive de uma bonita fotografia (a cargo do diretor de fotografia John Mathieson), mas no final todo esse esforço acabou sendo em vão. Fui assistir ao filme no cinema e fiquei decepcionado na época. O tempo também não ajudou em nada. Numa revisão anos depois não melhorou em nada. É uma decepção pura e simples. Apenas isso.

Hannibal (Estados Unidos, 2001) Direção: Ridley Scott / Roteiro: David Mamet e Steven Zaillian, baseados na obra original escrita por Thomas Harris / Elenco: Anthony Hopkins, Julianne Moore, Gary Oldman, Ray Liotta / Sinopse: De volta às ruas e exilado, bem distante, para evitar ser preso novamente por seus crimes, o médico e psicopata Dr. Hannibal Lecter (Hopkins) resolve se reconectar novamente com a agente Clarice Starling (Julianne Moore), criando um estranho vínculo entre ambos. Filme lançado posteriormente no box "The Hannibal Lecter Anthology" em DVD, com cenas adicionais.

Pablo Aluísio.

Segurança em Risco

Antonio Banderas interpreta um ex-capitão do exército americano que após deixar as forças armadas consegue um emprego como segurança de shopping center no período noturno. Logo no seu primeiro dia de trabalho ele é levado a abrir as portas do estabelecimento durante a madrugada para acolher uma jovem garota que parece estar apavorada, desesperada, por estar fugindo de alguém. No começo Banderas e seus colegas de trabalho pensam se tratar de uma menina que apenas fugiu de casa por uma situação banal qualquer, só que ela na verdade é uma testemunha de um caso envolvendo um perigoso criminoso internacional. Seu pai foi contador da quadrilha. Acabou sendo morto por eles, que agora querem liquidar a garota. Com o shopping cercado, sem possibilidade de comunicação, eles precisam sobreviver durante à noite, antes que sejam mortos por esses bandidos.

Um filme de ação até bem OK! Antonio Banderas nem é o tipo de ator que você iria esperar encontrar em uma fita como essa. Está mais para Stallone ou Bruce Willis. Afinal ele nunca foi um ator especializado em produções como essa. Porém até que não se saiu mal. Barbudo, com cara de poucos amigos, o espanhol até que segura bem as pontas. Outro nome do elenco que ajuda bastante nesse filme - que inegavelmente tem um roteiro bem básico - é o premiado Ben Kingsley. Ele interpreta o vilão, com olhares psicopatas... numa atuação que chega até mesmo a ser divertida. Ben é uma espécie de "operário padrão" do cinema. Faz um filme atrás do outro, sem pausas na carreira. Mesmo com quase 140 filmes no currículo não parece disposto a se aposentar. Prestes a completar 75 anos de idade é de uma capacidade de trabalho de invejar muita gente jovem por aí! Sua atuação acaba sendo a melhor coisa dessa fita de ação sem maiores novidades, que a despeito disso, pode vir a divertir em uma noite sem ter nada mais de interessante a assistir.

Segurança em Risco (Security, Estados Unidos, 2017) Direção: Alain Desrochers / Roteiro: Tony Mosher, John Sullivan / Elenco: Antonio Banderas, Ben Kingsley, Liam McIntyre / Sinopse: Ex-capitão do exército americano trabalhando como segurança noturno em um shopping center precisa evitar que uma quadrilha de assassinos entre no estabelecimento em que trabalha. Eles querem matar uma jovem que irá testemunhar contra um criminoso internacional.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Vovó... Zona

Título no Brasil: Vovó... Zona
Título Original: Big Momma's House
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox,
Direção: Raja Gosnell
Roteiro: Darryl Quarles
Elenco: Martin Lawrence, Nia Long, Paul Giamatti, Jascha Washington, Terrence Howard, Anthony Anderson

Sinopse:

A fim de proteger uma bela mulher e seu filho de um ladrão, um agente do FBI se disfarça de uma grande avó. E as confusões só aumentam com o passar do tempo, pois o disfarce acaba se tornando um problemão.

Comentários:
Dentro da carreira do ator e comediante Martin Lawrence esse filme pode ser considerado um ponto alto, um pico. E de fato fez sucesso, com mais de 200 milhões de dólares arrecadados nas bilheterias. Porém saindo de dentro de um fã clebe desse artista o que podemos dizer? É um filme fraco, que tem um roteiro básico que se apóia completamente na questão do agente se fazendo passar por uma vovó. Tem bons momentos? Sim, tem. Há boas piadas. Não poderia deixar de ser, já que não existem comédias completamente desprovidas de pelo menos um bom momento de humor. Agora, no conjunto da obra, nada a dizer. O filme é sim fraco, completamente descartável.

Pablo Aluísio.

As Férias do Pequeno Nicolau

Título no Brasil: As Férias do Pequeno Nicolau
Título Original: Les vacances du petit Nicolas
Ano de Produção: 2014
País: França
Estúdio: Fidélité Films, M6 Films
Direção: Laurent Tirard
Roteiro: René Goscinny, Jean-Jacques Sempé
Elenco: Valérie Lemercier, Kad Merad, Dominique Lavanant, François-Xavier Demaison, Bouli Lanners

Sinopse:
Depois do fim do ano letivo o garoto Nicolau parte de férias com os pais e a avó. É a chance de aproveitar o litoral, a praia e o verão. Chegando lá conhece uma garota, a bela Isabelle, pela qual se apaixona pela primeira vez.

Comentários:
A Rede Globo exibe hoje esse filme na Sessão da Tarde. Não deixa de ser algo positivo, um filme francês sendo exibido em um canal aberto no Brasil. Apesar disso é um filme bem leve, com uma estorinha de amor na pré-adolescência. Nada muito significativo, afinal não é uma obra prima do cinema. Mesmo assim vai agradar ao público mais jovem, justamente o que está na faixa etária da meninada mostrada no filme. E até que não é um filme ruim, pois até tem seus bons momentos, que não são muitos, mas que servem para passar o tempo. Como a garotada está de férias, em casa, durante a tarde, pode ser uma opção de lazer, um filme tipicamente de verão, com a única diferença de ter sido produzido na França, a terra dos inventores do cinema. O filme é inédito, sendo exibido pela primeira vez no Brasil.

Pablo Aluísio.

domingo, 10 de setembro de 2017

Annabelle 2: A Criação do Mal

Essa série de bons filmes de terror começou lá atrás, com o primeiro "Invocação do Mal". Desde então um certo nível de qualidade tem se mantido, nunca decaindo, mesmo agora no quarto filme dessa franquia. O interessante é que todos os filmes podem ser assistidos de forma independente, pois possuem arcos narrativos fechados. Por essa razão se você nunca viu nenhum deles, não precisa se preocupar, pode assistir a esse "Annabelle 2: A Criação do Mal" sem maiores problemas. Bom, como o próprio título sugere temos aqui a origem da maldição sobrenatural que parece cercar essa boneca chamada Annabelle. Para isso o espectador é transportado para a década de 1950. Em um pacato rancho mora uma família aparentemente muito feliz. Pai, mãe e a pequena filha, uma criança adorável chamada justamente Annabelle.

O pai é um construtor artesanal de bonecas infantis e o primeiro exemplar de um novo modelo acabará tendo um papel vital dentro dessa história. Após participarem de um culto na igreja local a família volta para casa. No meio do caminho o motor do carro quebra. O pai tenta consertar e no meio da estrada, durante uma distração, a pequena Annabelle é atropelada por um caminhão. Passam-se os anos e reencontramos o mesmo casal, agora mais envelhecido e destruído emocionalmente pela morte da filha. A casa onde moram é bem espaçosa e... vazia. Assim eles decidem ajudar um orfanato da região, abrigando um grupo de meninas órfãs. Assim que elas se mudam, sob a supervisão da freira irmã Charlotte, começam a acontecer os eventos sobrenaturais. Tudo leva a crer que a alma de menina morta Annabelle está de volta ao seu antigo lar... mas será que a doce menina das aparições nas sombras é realmente ela?

Revelar mais seria estragar parte das boas surpresas desse bom roteiro. No quadro geral poderia dizer que "Annabelle 2: A Criação do Mal" é de fato um terrorzão dos bons, seguindo uma linha mais tradicional, que parecia um pouco perdida depois que os efeitos digitais invadiram o cinema. Aqui eles são usados, mas de forma mais inteligente e discreta. O diretor David F. Sandberg preferiu usar o medo natural das pessoas em relação às sombras e vultos escondidos pelos cantos obscuros da casa. Com isso o filme ganhou bastante em suspense. Some-se a isso o ótimo elenco formado por jovens atrizes que interpretam as meninas órfãs que vão morar na antiga casa de Annabelle. Com todos os elementos inseridos nos lugares certos não é de se admirar que o filme tenha ficado tão bom. Realmente é uma ótima opção para os fãs dos filmes de terror ao velho estilo. Não vá deixar passar em branco.

Annabelle 2: A Criação do Mal (Annabelle: Creation, Estados Unidos, 2017) Direção: David F. Sandberg / Roteiro: Gary Dauberman / Elenco: Anthony LaPaglia, Samara Lee, Miranda Otto, Lulu Wilson, Talitha Eliana Bateman / Sinopse: Arrasados emocionalmente após a morte da pequena filha de dez anos, um casal decide abrir sua casa para um grupo de meninas órfãs mantidas pela Igreja Católica. Assim que elas se mudam para o lugar - um rancho distante da cidade - eventos sobrenaturais começam a acontecer pela casa. Será a pequena Annabelle retornando do mundo dos mortos?

Pablo Aluísio.

Prova de Vida

Esse filme foi um grande fracasso comercial por causa de um escândalo ocorrido durante as filmagens. A atriz Meg Ryan teve um caso amoroso com Russell Crowe. Até aí tudo bem, já que não era nenhuma novidade que atrizes namorassem atores durante a produção de filmes. Basta lembrar do caso envolvendo Elizabeth Taylor e Richard Burton no set de "Cleópatra". O que pegou mal mesmo foi o fato de que Ryan ainda era casada com Dennis Quaid. Como o romance entre Meg e Russel não foi nada discreto, acabou se tornando bem vergonhoso para todos os envolvidos. O troco veio quando o filme chegou nos cinemas. O público americano simplesmente boicotou o filme, um tipo de protesto moral contra tudo o que rolou durante a produção da fita. Afinal a sociedade americana gosta de se ver como sendo ainda puritana, embora não seja de verdade.

A despeito disso quem ficou em casa acabou se dando bem. Não por causa desse falso moralismo que atingiu as pessoas na época, mas simplesmente porque o filme era ruim demais mesmo! Esse é daquele tipo sem salvação, com péssimo roteiro, trama confusa e mal escrita, elenco desinteressado e produção capenga. Tudo o que poderia dar errado acabou dando. É seguramente o pior trabalho do cineasta Taylor Hackford, que já havia provado inúmeras vezes que tinha talento. Ele dirigiu entre outros, filmes muito bons, diria até excelentes, como "A Força do Destino", "O Sol da Meia Noite" e "Advogado do Diabo". Sua carreira só não afundou nesse aqui porque ele conseguiu recuperar a confiança dos estúdios e realizou o ótimo "Ray", a biografia de Ray Charles que foi grande sucesso de público e crítica, dando o Oscar para o ator Jamie Foxx. Já Meg Ryan não teve a mesma sorte. Culpada por tudo (numa visão bem machista, vamos admitir) ela viu sua carreira afundar de vez. Nunca mais seria considerada a "namoradinha da América", título que havia ganho no auge de sucesso de suas comédias românticas.

Prova de Vida (Proof of Life, Estados Unidos, 2000) Direção:  Taylor Hackford / Roteiro: Tony Gilroy, William Prochnau / Elenco: Meg Ryan, Russell Crowe, David Morse / Sinopse: Engenheiro norte-americano é feito refém por guerrilheiros africanos. Para tentar salvar sua vida sua esposa resolve contratar os serviços de um negociador e perito em armas e situações como essa.

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de setembro de 2017

Sete Homens e um Destino

Uma pequena cidade do velho oeste vive sob o jugo de um empresário inescrupuloso chamado Bartholomew Bogue (Peter Sarsgaard). Usando da violência e força bruta, respaldado por um exército de bandidos, ele humilha e extorque toda a população. Procurando por ajuda alguns moradores vão atrás de alguém que os protejam e encontram o que procuravam na figura do pistoleiro Chisolm (Denzel Washington), que forma um grupo de sete homens para libertar todas aquelas pessoas subjugadas pelo crime. Agora, ao lado de todos, eles vão tentar expulsar Bogue daquela região, custe o que custar. Aqui temos mais um remake de um filme clássico do passado. Eu já deixei claro inúmeras vezes que não gosto de remakes cinematográficos. De forma em geral eles são inúteis, desnecessários e muitas vezes decepcionantes. Essa é praticamente uma regra geral. Então no deserto de originalidade em que vive Hollywood nos dias atuais eis que surge o remake do clássico de western "The Magnificent Seven" que, por sua vez, é sempre bom lembrar, já era uma versão Made in USA do filme de Akira Kurosawa, "Os Sete Samurais".

Pois bem, nesse novo filme, turbinado por um orçamento generoso, tendo como destaque a presença do astro Denzel Washington, temos algumas modificações na estória, muito embora a espinha dorsal dos filmes originais se tenha mantido. Basicamente é a mesma coisa, com pessoas de uma cidade oprimida por uma quadrilha que procuram por alguma ajuda. Embora seja um bom faroeste - é inegável isso - essa nova versão tem alguns problemas. O primeiro deles é o fato do diretor Antoine Fuqua ter optado por realizar um filme longo demais. Esse tipo de filme, com esse tipo de enredo, não necessita de uma metragem tão extensa. Se o corte final fosse mais enxuto penso que o filme ganharia mais em termos de agilidade e edição. O fato de Fuqua ter procurado levar à sério demais o próprio enredo também é um problema. Nunca foi essa a proposta da primeira versão americana. Por fim temos a violência, que em determinados momentos extrapola um pouco. São problemas eventuais, pontuais, que não chegam a atrapalhar muito. O filme foi malhado bastante desde que foi lançado, mas penso que não é para tanto. É um faroeste bem produzido, com um elenco interessante, embora em minha opinião Denzel Washington esteja um pouco fora de seu habitual. Passa longe de ser tão ruim como alguns críticos afirmaram. Na verdade, na pior das hipóteses, temos aqui pelo menos uma boa diversão. Sim, continua desnecessário, como todo remake, mas com um pouquinho de boa vontade até que não faz feio. Escapou de ser um filme inútil.

Sete Homens e um Destino (The Magnificent Seven, Estados Unidos, 2016) Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) Direção: Antoine Fuqua / Roteiro: Nic Pizzolatto, Richard Wenk / Elenco: Denzel Washington, Chris Pratt, Ethan Hawke, Vincent D'Onofrio, Peter Sarsgaard, Manuel Garcia-Rulfo / Sinopse: Um pequeno e pacata vilarejo, oprimido por uma quadrilha de mercenários, bandoleiros e ladrões, pede ajuda a um pequeno grupo de pistoleiros que se dispõe a ajudá-los. Filme baseado no clássico "The Magnificent Seven" de 1967. Filme indicado ao Black Reel Awards na categoria de Melhor Ator (Denzel Washington).

Pablo Aluísio.

Snatch: Porcos e Diamantes

Guy Ritchie pode ser um diretor bem pedante. Um exemplo disso você encontra nesse "Snatch: Porcos e Diamantes" (2000). A intenção do cineasta era realizar um filme bem estilizado, com muita violência e longos diálogos, ao estilo Tarantino, só que tudo passado em uma Londres escura, chuvosa e cheia de criminalidade. Nos becos escuros da cidade convivia toda uma fauna de escroques de todos os tipos: promotores desonestos de lutas de boxes, cobradores violentos de apostas ilegais, membros da máfia russa, ladrões de bancos incompetentes, etc. Só a escória, sem mocinhos e heróis, só bandidos e vilões. Ritchie tinha mesmo uma pequena obsessão por esses tipos. Só que no meio de tantos personagens, usando e abusando de um roteiro ao estilo mosaico, tudo acabou se perdendo, ficando diluído demais.

Claro que a crítica adorou e elevou o filme a um dos melhores da década, mas isso foi obviamente um exagero da imprensa. Embora o filme tenha alguns bons momentos, no geral ele se torna estilizado demais, caindo para a caricatura pura e simples (o que não foi nada bom para o resultado final). Quando os personagens começam a agir como se estivessem em um desenho animado ultra violento, a sensação é mesmo de que há algo de errado no filme. No final das contas o que salva "Snatch" de ser uma pura perda de tempo é o seu elenco. Brad Pitt, Benicio Del Toro e até Jason Statham estão muito bem em cena. Eles demonstram foco, querendo dar mesmo o melhor de si. Pena que a direção pesada demais de Guy Ritchie acabou prejudicando mais do que ajudando o elenco. Então é isso. Esse é um exemplo perfeito de um filme superestimado pela crítica da época, que acabou prejudicado por seus próprios exageros. Revisto hoje em dia suas falhas se tornam bem mais óbvias.

Snatch: Porcos e Diamantes (Snatch, Inglaterra, França, 2000) Direção: Guy Ritchie / Roteiro: Guy Ritchie / Elenco:  Jason Statham, Brad Pitt, Benicio Del Toro, Vinnie Jones / Sinopse: Um grupo de criminosos tenta, rivais entre si, tenta colocar as mãos em um lote de diamantes roubados. Filme premiado pelo Empire Awards na categoria de melhor direção - filme britânico (Guy Ritchie). Também indicado na categoria de melhor filme britânico do ano de 2000.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Valerian e a Cidade dos Mil Planetas

O diretor Luc Besson literalmente torrou 177 milhões de dólares para levar ao cinema essa adaptação dos quadrinhos franceses "Valerian and Laureline" de Jean-Claude Mézières e Pierre Christin. Poucas pessoas conhecem a obra original que hoje em dia chama mais a atenção pelo fato de George Lucas ter se inspirado justamente nela para criar o seu universo próprio de "Star Wars". As semelhanças são muitas. Certos personagens são praticamente os mesmos dos filmes de Lucas, com pequenas variações. A questão porém é que como se trata de quadrinhos dos anos 60 e 70, poucos jovens a conhecem. Assim não foram ao cinema conferir esse filme. Com uma bilheteria de pouco mais de 40 milhões de dólares a fita já é considerada um dos grandes fracassos comerciais do ano. Até o diretor do estúdio que a produziu foi demitido essa semana. O prejuízo passa dos 100 milhões de dólares, o que deve enterrar futuras adaptações desse universo. E pensar que esse filme deveria ser o primeiro de uma longa franquia...

Apesar disso, do filme ter afundado nas bilheterias, devo dizer que gostei do resultado. Artisticamente tudo é muito bem cuidado e desenvolvido. O roteiro é bom. Partindo da premissa que "Valerian and Laureline" tem centenas de edições, com uma longa e complexa saga nos quadrinhos, o roteiro escrito pelo próprio diretor Luc Besson foi muito bem adaptado. Ele consegue apresentar todos os personagens com êxito para o espectador que nunca leu na vida uma HQ dessa saga. Além disso imprime um ritmo muito bom e eficiente no próprio enredo. Tampouco nega as origens juvenis do material original. E Besson não foi certeiro apenas no roteiro que escreveu. Ele acertou também na direção, na escolha do design de produção e nos efeitos digitais. É inegavelmente um filme muito bem realizado, que não vai decepcionar aos que gostam desse tipo de ficção de aventuras, com tudo o que podem esperar desse tipo de filme. Há todo um universo singular, com criaturas fantásticas e muita ação. Como background narrativo há ainda uma boa trama envolvendo uma raça de seres que tiveram seu planeta natal destruído. Tudo de muito bom gosto. Pena que o público de certa maneira ignorou. Pelo visto o cinema europeu ainda precisa aprender muito com o cinema americano em termos de marketing e promoção. No final das contas foi justamente isso que faltou para que essa produção milionária tivesse o sucesso que merecia.

Valerian e a Cidade dos Mil Planetas (Valerian and the City of a Thousand Planets, França, Alemanha, Inglaterra, 2017) Direção: Luc Besson / Roteiro: Luc Besson, baseado nos quadrinhos "Valerian and Laureline" de Pierre Christin e Jean-Claude Mézières  / Elenco: Dane DeHaan, Cara Delevingne, Clive Owen, Rihanna, Ethan Hawke, Rutger Hauer, Herbie Hancock / Sinopse: Em um futuro distante dois agentes, o Major Valerian (Dane DeHaan) e a sargento Laureline (Cara Delevingne) são enviados para recuperar um artefato importante que está nas mãos de um contrabandista infame. O objeto tem ligação com a destruição de um planeta de uma civilização pacífica e desenvolvida, cujos últimos descendentes farão de tudo para também recuperar esse artefato.

Pablo Aluísio.

Vingança

O diretor Walter Hill tem uma filmografia muito boa, principalmente em relação a filmes de ação. Ele dirigiu, entre outros filmes, produções como "48 Horas", "Ruas de Fogo", "A Encruzilhada" (um bom filme sobre as origens do blues), "Inferno Vermelho" (com o astro Arnold Schwarzenegger, na sua maior bilheteria no cinema) e "O Último Matador" (bom filme de gangsters com Bruce Willis). Além disso foi roteirista de dois filmes da série Aliens ("Aliens, o Resgate" e "Alien³"). Então só por essa amostra podemos perceber que Hill não é um cineasta qualquer. Ele tem histórico de bons momentos no cinema. Esse aliás foi o motivo principal que me levou a assistir esse seu novo filme. Pena que tudo foi por água abaixo logo nas primeiras cenas.

Com uma produção muito fraca (que em alguns momentos deixa óbvia sua falta de um melhor orçamento) o filme naufraga muito rapidamente. O enredo é igualmente bizarro demais para ser levado à sério. Hill escreveu o esboço desse roteiro em 1978, aproveitou parte de sua ideia em "Um Rosto Sem Passado", mas só agora resolveu transformar em filme. Deveria ter ficado engavetado. É a história de uma cirurgiã plástica chamada Rachel Jane (Weaver). Quando seu irmão é morto pela máfia ela decide se vingar do assassino. O matador profissional Frank Kitchen, responsável pela morte de seu irmão, é sequestrado e depois levado para uma clínica clandestina. A médica vai se vingar de uma forma nada comum... ela vai mudar seu sexo na sala de cirurgia! Quem interpreta esse personagem de homem que vira mulher é a atriz Michelle Rodriguez. Quando ela está em sua "fase masculina" (acredite, ela interpreta um homem na primeira parte do filme!), usa uma barba postiça muito mal feita. Impossível conter o riso, já que a caracterização é péssima. Depois a trama capenga segue aos trancos e barrancos, sem nunca convencer. O resultado é uma lástima, de tão ruim. E pensar que tantos bons profissionais (tanto na direção como no elenco) entraram em um abacaxi como esse! Imperdoável...

Vingança (The Assignment, Estados Unidos, 2016) Direção: Walter Hill / Roteiro: Walter Hill, Denis Hamill / Elenco: Sigourney Weaver, Michelle Rodriguez, Tony Shalhoub, Anthony LaPaglia / Sinopse: Para vingar a morte do irmão uma cirurgiã plástica resolve mudar o sexo de seu assassino, destruindo sua vida pessoal. Agora com um corpo de mulher ela parte para sua vingança.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Death Note

A Netflix adaptou esse "Death Note" da obra criada pelo artista  japonês Tsugumi Ohba. É uma adaptação Made in USA, o que já não é uma boa notícia. Como o material original já tinha uma legião de fãs o esperado aconteceu: choveram críticas e mais críticas dos admiradores do anime. Mais do que isso, muitos ficaram enfurecidos com o que assistiram aqui. O pior para a Netflix é que todas as queixas foram mais do que justificáveis. Realmente essa versão de "Death Note" é bem ruinzinha. Não houve capricho ou cuidado com o material que lhe deu origem. A produção é fraca e o roteiro não ajuda muito. Para quem não conhece o enredo, a trama é até bem interessante. Tudo começa quando um livro obscuro vai parar nas mãos de um jovem estudante, Light Turner (Nat Wolff). Ele é um estudante brilhante, de ótimas notas, que nas horas vagas aproveita para ganhar algum dinheiro, fazendo o trabalho para os outros alunos.

O tal livro tem o poder de ceifar a vida de qualquer pessoa que tenha seu nome escrito em suas páginas. Assim ensina a criatura Ryuk (Willem Dafoe), uma espécie de demônio que começa a aparecer para Light, após ele pegar o livro para si. E então o estudante começa a escrever nomes de criminosos no livro, numa tentativa de limpar a sociedade desses marginais. O que porém começa com boas intenções logo foge do controle, criando um verdadeiro caos em sua vida. Sinceramente, é um caso típico de desperdício de boas ideias. O anime original inclusive sempre foi muito elogiado por público e crítica. Ao tentarem criar uma versão americana da história parece que tudo se perdeu, inclusive o clima e o charme dos personagens japoneses. O elenco também é todo fraco, com jovens sem muito talento. O único que se sobressai, mesmo debaixo de um roupa de monstro, é o veterano Willem Dafoe. Todo o resto sequer é digno de nota. Então é isso, uma versão desnecessária e mal realizada de um material que poderia render muito mais, caso fosse melhor trabalhado pelos produtores americanos.

Death Note (Estados Unidos, 2017) Direção: Adam Wingard / Roteiro: Charley Parlapanides, Vlas Parlapanides / Elenco: Nat Wolff, Willem Dafoe, Lakeith Stanfield, Margaret Qualley, Shea Whigham / Sinopse: Jovem colegial, Light Turner (Wolff) coloca as mãos em um livro obscuro, que tem o poder de acabar com a vida daqueles cujos nomes são escritos em suas páginas. Com ele em seu poder começa a fazer uma espécie de "justiça pelas próprias mãos", em prol da sociedade, mas tudo acaba dando muito errado.

Pablo Aluísio.

Na Teia de Aranha

Essa foi a segunda vez que o ator Morgan Freeman interpretou o especialista forense Alex Cross. O primeiro filme havia sido lançado três anos antes com o título nacional de "Beijos que Matam". Baseados nos romances policiais escritos por James Patterson, essas produções eram muito boas, com roteiros que prendiam o espectador da primeira à última cena. Algo cada vez mais raro de encontrar nos dias de hoje. Curiosamente o que prometia ser uma longa franquia para Freeman acabou se encerrando aqui nesse segundo filme, sem maiores explicações. Uma pena. Pois bem o enredo desse segundo filme era também tão interessante quanto o primeiro filme.

Arrasado depois de ter sua parceira assassinada por um serial Killer, Cross pensa em se aposentar, mas logo precisa voltar à ativa porque outro assassino em série começa a atuar na capital dos Estados Unidos. Ele rapta a filha de um senador e toda a força policial é colocada para encontrar seu paradeiro. Cross porém logo percebe, com sua vasta experiência, que o criminoso está na verdade tecendo uma complexa rede, tal como se fosse um jogo entre ele e os investigadores que estão à sua procura. Por essa razão ele passa a ser chamado de Spider, justamente por seu modo de agir. No final quem acaba ganhando é o espectador pois esse é um daqueles bons filmes sobre serial killers que não decepcionam. Além disso vamos combinar, esse tipos, a dos assassinos seriais, sempre rendem bons momentos no cinema.

Na Teia de Aranha (Along Came a Spider, Estados Unidos, 2001) Direção: Lee Tamahori / Roteiro: Lee Tamahori, baseado no livro escrito por James Patterson / Elenco: Morgan Freeman, Michael Wincott, Monica Potter / Sinopse: Talentoso investigador forense precisa voltar à ativa, na véspera de sua aposentadoria, para perseguir e encontrar um serial killer que sequestrou a filha de um importante senador dos Estados Unidos. Destaque para a trilha sonora composta por Jerry Goldsmith, que foi premiada pelo BMI Film & TV Awards.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

It: A Coisa

A obra original escrita por Stephen King é considerada por muitos como o seu último grande livro. São mais de mil páginas, divididas basicamente em duas linhas narrativas, uma no passado e outra no presente, mostrando um grupo de amigos que desde a adolescência precisam lidar com uma estranha criatura maligna que se alimenta de medo e pavor. Já houve uma minissérie no começo dos anos 90 que foi adaptada do livro de King, mas como era de se esperar os recursos tecnológicos da época não conseguiram transpor a trama da literatura para a tela com muito êxito. Agora a New Line (produtora especializada em fitas de terror) trouxe para o cinema, finalmente depois de tantos anos, esse livro de Stephen King, ou pelo menos parte dele. Isso porque nesse filme só temos uma linha narrativa, justamente a passada na adolescência dos personagens, quando eles são apenas garotos que estudam na escola local. A primeira cena, do desaparecimento de um menino que sai em busca de um pequeno barquinho de papel que cai em um bueiro, já é pode ser considerada um pequeno clássico moderno do terror. Aqui fizeram tudo com perfeição. Depois que esse garoto desaparece tudo começa a girar em torno do desaparecimento não apenas dele, mas de várias outras crianças. A cidadezinha do Maine onde tudo acontece (velho instrumento de narração dos livros de Stephen King) surge como um lugar bem bizarro e assustador. Logo as crianças começam a ter pesadelos com "It" (a coisa) que pode assumir as mais diversas formas, mas que parece ter especial apreço pela figura de um palhaço, o Pennywise.

E assim se desenvolve o filme. Muitas pessoas que assistiram a "It - A Coisa" chamaram a atenção para o fato dessa produção se parecer bastante com um filme dos anos 80. Ora, o livro foi publicado originalmente em 1986, então obviamente é sim um produto dos anos 80. Inclusive poderíamos até mesmo defini-lo como uma espécie de "Goonies encontra Pennywise" sem perder muita a essência da estória. No mais é importante dizer que apesar desse novo filme ser muito bom, ele ainda deixa bastante a desejar se formos compará-lo ao livro de King. Os roteiristas não apenas usaram somente uma parte do enredo como também cortaram bastante em relação aos próprios personagens, pois King os definiu com muito mais conteúdo em suas páginas. Era algo normal e previsível de acontecer. Seria impossível mesmo levar um livro de mil páginas para um longa metragem sem ter que cortar muita coisa. De qualquer maneira, mesmo com essas mudanças, não se engane, pois esse "It - A Coisa" é seguramente um dos melhores filmes de terror do ano.

It: A Coisa (It, Estados Unidos, 2017) Direção: Andy Muschietti / Roteiro: Chase Palmer, Cary Fukunaga, baseados no best seller escrito por Stephen King / Elenco: Bill Skarsgård, Jaeden Lieberher, Finn Wolfhard / Sinopse: Um grupo de garotos descobre que uma estranha criatura sobrenatural está aterrorizando sua cidade nos anos 80. Eles a chamam simplesmente de "It" (a coisa). Essa entidade que veio diretamente do inferno parece se alimentar do medo alheio, assumindo as mais diversas formas para espalhar o horror. Filme vencedor do Golden Trailer Awards na categoria de Melhor Trailer do ano - Filme de Terror.

Pablo Aluísio.

Café Society

Mais um filme dessa fase mais romântica e soft do diretor Woody Allen. Aqui ele usa como cenário a era de ouro do cinema americano para contar um enredo até muito simples, envolvendo um triângulo amoroso que acaba deixando marcas, mesmo com o passar do tempo. Tudo começa quando o jovem Bobby (Jesse Eisenberg) decide se mudar para Hollywood. Ele está desempregado e sem perspectivas. Quem sabe consiga algo com seu tio, que é um famoso e influente agente de atores (interpretado por, ora vejam só, o comediante Steve Carell). Pois bem, depois de tentar se esconder do próprio sobrinho o tio percebe que não tem mais como enrolar e acaba arranjando um emprego para o rapaz em seu próprio escritório. Lá também trabalha a secretária Vonnie (Kristen Stewart). Os dois possuem a mesma idade e saem para dar umas voltas pela cidade. Nem precisa dizer que Bobby fica caidinho por Vonnie, sem saber que ela na verdade tem um caso escondido com seu próprio tio!

Pronto, Allen usa essa velha fórmula de triângulo amoroso para desenvolver a estorinha de seu filme. Tudo é bem leve, com pontuais pitadas de bom humor, usando principalmente as origens judaicas do diretor para tirar um sorrisinho aqui e outro acolá. Nada demais, realmente. O filme inclusive é bem curtinho, o que não deixou de ser uma excelente opção do diretor. Afinal se tudo é tão despretensioso para que usar uma longa duração, além do necessário, para contar seu pequeno romance, não é mesmo? Entre idas e vindas o antes inocente Bobby vai entendendo melhor as artimanhas dos seus sentimentos, os pequenos remorsos e desilusões que vão ficando pelo caminho em sua vida. Ele se torna um bem sucedido homem de negócios, gerenciando um night club, se casa, forma uma família, mas quando, por mero acaso, revê sua antiga paixão (ela mesma, a secretária Vonnie) tudo parece desmoronar! O que parecia tão sólido e firme em seus sentimentos vem abaixo de forma avassaladora. Talvez esse seja a única mensagem mais consistente de Woody Allen no filme inteiro, a perenidade de certos sentimentos e paixões que perduram mesmo após anos e anos. Todo o resto é bem leve, como condiz a proposta maior do filme em si.

Café Society (Estados Unidos, 2016) Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco: Jesse Eisenberg, Kristen Stewart, Steve Carell, Sheryl Lee / Sinopse: Jovem se muda para Los Angeles para tentar arranjar um emprego com seu tio, um rico e bem sucedido agente de atores e atrizes em Hollywood. Na nova cidade se apaixona pela secretária de seu tio, sem saber que eles cultivam um romance às escondidas de todos. Filme indicado ao Art Directors Guild, ao Casting Society of America e ao Golden Eagle Awards.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Minha Prima Raquel

Esse filme é um remake de um antigo clássico romântico lançado em 1952 e que tinha no elenco Olivia de Havilland e Richard Burton. A trama se passa na era vitoriana quando dois primos muito próximos são separados quando um deles é diagnosticado com tuberculose. Em busca de um lugar com clima mais ameno ele vai para uma região distante onde acaba conhecendo Rachel Ashley (Rachel Weisz), também sua prima de um outro ramo da família. Não demora muito e eles se casam, mas pelas cartas que envia ao seu primo as coisas não seguem muito bem. Em pouco tempo chega a notícia de sua morte. O primo sobrevivente,  Philip (Sam Claflin), se convence que ele foi morto pela esposa, que estaia de olho em seus bens, mas será que essa suspeita teria base na realidade? Uma vez que ele não tem provas sobre isso...

Eu gosto de chamar esse tipo de narrativa de "trama Dom Casmurro", isso porque assim como aconteceu no famoso livro de Machado de Assis nunca ficamos sabendo da culpabilidade ou não da personagem principal. A Rachel dessa história em muito se assemelha a personagem Capitu de Machado de Assis. Ao longo de toda a estória você nunca saberá com certeza se ela é uma boa moça (isso levando-se em conta seu modo de ser e personalidade que aparenta ter) ou se ela é na realidade uma viúva negra, uma mulher sem escrúpulos, disposta a matar seu próprio marido para ficar com sua herança! O filme tem uma bela fotografia e aquela ambientação que já bem conhecemos, tudo remetendo ao charme da era vitoriana, com seus belos figurinos e cenários. Com um desenvolvimento bem próprio, mais ao estilo europeu de fazer cinema, essa nova versão não decepciona, mas também não inova em quase nada. Um velho problema que parece se repetir em todos os tipos de remakes cinematográficos.

Minha Prima Raquel (My Cousin Rachel, Inglaterra, Estados Unidos, 2017) Direção: Roger Michell / Roteiro: Roger Michell / Elenco: Rachel Weisz, Sam Claflin, Holliday Grainger / Sinopse: Baseado na novela romântica escrita por Daphne Du Maurier, esse filme conta a história da enigmática Rachel (Welsz), que tanto pode ser uma viúva em luto, como também uma assassina fria e inescrupulosa. O primo de seu falecido marido não consegue chegar a uma conclusão sobre isso. Pior, ele aos poucos começa a se apaixonar perdidamente por Rachel e seus encantos femininos. Filme premiado no Golden Trailer Awards.

Pablo Aluísio.

Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar

Esse é o quinto filme da franquia "Piratas do Caribe". Somando-se as bilheterias de todos os filmes anteriores o estúdio faturou quase quatro bilhões de dólares arrecadados nos cinemas! É um valor assombroso! Por isso a Disney parece não querer largar o osso. Curiosamente esse quinto filme acabou decepcionando comercialmente, mostrando que o público finalmente cansou das aventuras do capitão pirata Jack Sparrow. Com orçamento de 230 milhões de dólares (outra fortuna), o filme mal conseguiu até agora se pagar nas bilheterias de cinema. Provavelmente, depois desse pífio desempenho, a franquia finalmente chegue ao seu tão adiado final. Realmente não há muito mais a se explorar. O roteiro desse novo filme, por exemplo, é apenas uma variação de todos os anteriores. Há obviamente o protagonista carismático, sempre envolvido em cenas absurdas, um capitão querendo vingança  e alguns personagens secundários que não fazem muita diferença no final. E claro, não poderíamos esquecer, muitos efeitos visuais, os mais bem realizados de Hollywood. Aqui temos tubarões zumbis (isso mesmo que você leu!) aliados a um navio fantasma (literalmente falando) com toda a tripulação morta voltando ao mundo dos vivos para uma acerto de contas definitivo com Sparrow.

Por falar nesses marinheiros mortos, a melhor coisa do filme é justamente o vilão, o capitão espanhol Salazar (Javier Bardem), No passado ele teve seu navio afundado por uma manobra de Jack Sparrow. Sua nau bateu nos recifes e todos morreram, inclusive ele. Envoltos numa maldição eterna eles conseguem voltar ao mundo dos vivos para se vingarem finalmente de Sparrow. Os efeitos digitais são muito bem feitos, como já escrevi, em especial o visual etéreo de Salazar, com seus cabelos sempre dando a impressão de que ele está afundando no fundo do mar (afinal ele morreu justamente assim). Fora isso esse quinto filme é mais do mesmo. Há o breve retorno de alguns personagens do primeiro filme e até uma aparição divertida de Paul McCartney como o tio de Sparrow,  Pena que são apenas aspectos menores que ajudam a passar o tempo.

Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar (Pirates of the Caribbean: Dead Men Tell No Tales, Estados Unidos, 2017) Direção: Joachim Rønning, Espen Sandberg / Roteiro: Jeff Nathanson / Elenco: Johnny Depp, Geoffrey Rush, Javier Bardem, Geoffrey Rush, Orlando Bloom, Keira Knightley, Paul McCartney / Sinopse: O falecido capitão espanhol Salazar (Bardem) volta para o mundo dos vivos para se vingar do capitão pirata Jack Sparrow (Depp), a quem ele culpa por sua morte e de seus tripulantes. Filme indicado ao Teen Choice Awards.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Hércules

Vamos inicialmente para a sinopse do filme: Segundo a lenda que se espalha aos quatro ventos na Grécia Antiga, o guerreiro Hércules (Dwayne Johnson) é o filho bastardo de Zeus com uma mortal. Desde cedo colocado à prova por ser considerado um semideus, ele agora se torna mercenário contratado por um rei que se diz cercado por terríveis inimigos movidos por magia negra, em um exército de centauros poderosos comandados por um bruxo cruel e sanguinário. Mas será que isso é realmente verdade? Pois é, o velho Hércules retornou às telas. Nos anos 1950 e 1960 o personagem Hércules viveu seus melhores dias em termos de popularidade no cinema. Muitos filmes foram realizados explorando sua lenda, principalmente produções italianas de baixo orçamento. Agora, em tempos de reciclagem, um grande estúdio de cinema americano resolveu investir nesse ícone da mitologia antiga.

Curiosamente ao invés de abraçar as aventuras de um herói semideus enfrentando terríveis monstros em seus famosos trabalhos, o roteiro procura mostrar Hércules como um guerreiro mercenário, cujas lendas populares que se cantam em prosa e verso não correspondem necessariamente com a verdade. Ele seria um tipo de herói cuja fama é superestimada em relação aos acontecimentos reais. Isso trouxe aspectos positivos, mas também negativos ao filme em si. Positivo porque fugiu de certas armadilhas que afundaram filmes como "Fúria de Titãs" e negativos porque podem vir a decepcionar o fã do Hércules da mitologia clássica. Em termos de produção não há o que reclamar, o filme de fato é muito bem realizado, cortesia dos 100 milhões de dólares de seu orçamento. Dwayne Johnson, o conhecido The Rock, está adequado para o papel, mas quem rouba o show mesmo no quesito atuação é o veterano John Hurt como o Rei Cotys. Inicialmente ele surge como um monarca frágil e cercado por forças terríveis que se espalham em seu reino, para só depois mostrar sua verdadeira face. Ao redor de Hércules também surge uma galeria de ajudantes, amigos e companheiros de batalha que ele foi conhecendo ao longo de sua jornada. Esse tipo de equipe de heróis me fez recordar dos primeiros filmes de Conan, ainda com Arnold Schwarzenegger. Então é isso, temos aqui um filme divertido, pipocão, que não nega suas pretensões e nem suas origens. Se for encarado apenas dessa forma sem dúvida lhe proporcionará uma sessão despretensiosa de pura diversão.

Hércules (Hercules, Estados Unidos, 2014) Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer / Direção: Brett Ratner / Roteiro: Ryan Condal, Evan Spiliotopoulos / Elenco: Dwayne Johnson, John Hurt, Ian McShane / Sinopse: Novo filme explorando as aventuras do herói da mitologia grega, Hércules. Aqui ele enfrenta novos e perigosos desafios que testarão sua força digna de um semideus. Filme indicado ao Teen Choice Awards nas categorias Melhor Filme de verão e Melhor astro de Filme de verão.

Pablo Aluísio.

A Lenda do Pianista do Mar

Título no Brasil: A Lenda do Pianista do Mar
Título Original: La leggenda del pianista sull'oceano
Ano de Produção: 1998
País: Itália
Estúdio: Medusa Film, Sciarlò Company
Direção: Giuseppe Tornatore
Roteiro: Alessandro Baricco, Giuseppe Tornatore
Elenco: Tim Roth, Pruitt Taylor Vince, Bill Nunn

Sinopse:
No começo do século XX, nasce a bordo de um navio um menino que é batizado com o nome de Danny Boodmann (Tim Roth). Os anos passam e ele aprende a tocar piano. Se torna um grande músico. Só que ele nunca deixa o navio onde nasceu.

Comentários:
O cinema italiano tem uma longa tradição em filmes emocionais, nostálgicos e líricos. O cineasta Giuseppe Tornatore (de "Cinema Paradiso", "Malena" e "Lembranças de um Amor Eterno") sempre teve grande talento para dirigir filmes nessa linha. Aqui ele assina uma de suas obras mais ternas, mais sensíveis. Tudo parece seguir como se fosse uma grande fábula. Isso é uma característica da obra original, uma peça teatral em forma de monólogo, onde um ator no palco contava a estória do tal pianista do mar. E em um filme onde a música é tão importante, o espectador ainda é presenteado com uma linda trilha sonora assinada pelo grande mestre da música no cinema Ennio Morricone, que inclusive foi premiado merecidamente com o Globo de Ouro por esse trabalho. Mais do que justo, merecido! Em termos de premiação aliás o filme foi muito bem, inclusive vencendo em várias categorias importantes do David di Donatello Awards, uma das premiações mais importantes do cinema italiano. Belo e poético, esse "A Lenda do Pianista do Mar" é uma excelente pedida para aquele tipo de público mais sensível, que gosta de cinema de arte produzido na Europa.

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de setembro de 2017

Eu, Daniel Blake

Essa produção inglesa foi bastante elogiada pela crítica, fazendo uma excelente carreira em festivais internacionais de cinema. Seu roteiro realista critica a ineficiência do Estado, atolado em atividades burocráticas, a maioria delas não fazendo qualquer sentido prático. O protagonista é um trabalhador comum, um marceneiro, chamado Daniel Blake. Certo dia ele sofre um infarto no trabalho. Sua médica o aconselha a não mais trabalhar, com risco de sofrer um segundo infarto, que na sua idade seria praticamente fatal. Blake então vai até o centro de assistência social do governo inglês e então começa seu calvário. O procedimento para receber uma ajuda governamental, enquanto ele ainda não está trabalhado, é absurdamente Kafkiana. Uma infinidade de petições, protocolos, recursos e tudo o mais em que chafurda a burocracia estatal. Enquanto isso Blake vai definhando, sem dinheiro e sem condições de trabalhar para se sustentar.

Ele também conhece uma jovem mãe solteira, que vive com duas crianças, em estado de grande pobreza. Ela chega a roubar alimentos em um pequeno mercado do bairro e acaba indo parar em uma atividade moralmente condenável, embora tenha sido a única saída para ela sustentar as crianças. Como se vê é um filme que mostra pessoas comuns, sofrendo as piores situações, para simplesmente sobreviver com o mínimo de dignidade. O Estado, criado justamente para auxiliar nesses casos, se apresenta como uma máquina absurdamente ineficiente, cheia de servidores ineptos e incompetentes, levando um homem a perder praticamente todos os seus direitos. Um bom filme, muito consciente do ponto de vista social, demonstrando acima de tudo como pode ser cruel a máquina burocrática de um sistema falido.

Eu, Daniel Blake (I, Daniel Blake, Inglaterra, Bélgica, 2016) Direção: Ken Loach / Roteiro: Paul Laverty / Elenco: Dave Johns, Hayley Squires, Sharon Percy / Sinopse: Daniel Blake (Johns), um trabalhador comum, homem honesto, passa por todas as dificuldades possíveis para ser aprovado em um sistema de proteção social. Ele perdeu sua capacidade de trabalho após sofrer um infarto, está sem dinheiro e precisa de ajuda para sobreviver. Filme premiado pelo BAFTA Awards na categoria de Melhor Filme Britânico do Ano. Também premiado pelo Cannes Film Festival.

Pablo Aluísio.

Viktor

O roteiro desse filme não necessariamente é aquele tipo que esperaríamos encontrar em uma fita estrelada por Gérard Depardieu. Está mais para Charles Bronson. Explico. A trama é bem simples. Depardieu interpreta um envelhecido membro da máfia russa. Após ficar sete anos preso na França por seus crimes ele volta às ruas. Sua primeira atitude é ir atrás do seu filho, que não vê há anos. Então descobre que ele foi assassinado, provavelmente por um contrabandista russo de diamantes. De volta a Moscou, Viktor (Depardieu) decide então fazer justiça pelas próprias mãos. Ele arma ciladas, onde vai pegando um a um do grupo de responsáveis pela morte de sua filho, um rapaz que tinha problemas com drogas.

Primeiro Viktor aponta sua fúria contra um advogado, que trabalhava com o traficante, depois... bom, se você já assistiu a algum filme de vingança com Charles Bronson já sabe do que estou falando. Um ponto positivo (já que o roteiro é previsível) é o fato do filme ter sido rodado na Russia e em outros lugares da federação russa, como a Chechênia, por exemplo. Isso trouxe um belo cenário para as cenas, algo que não estamos acostumados a encontrar em filmes de ação como esse. Outro destaque é a presença da bela Elizabeth Hurley no elenco. A inglesa interpreta uma antiga paixão de Viktor que ele reencontra. Pena que a química de sedução entre os dois é quase nula, muito pouco verossímil para o espectador. Então é basicamente isso. Como o velho Bronson não está mais vivo era de se esperar que roteiros como esse ficassem à deriva em busca de algum ator famoso, ate que o encontrasse. Gérard Depardieu fisgou a isca. Pena que o resultado seja bem mediano realmente.

Viktor (Viktor, França, Rússia, 2014)  Direção: Philippe Martinez / Roteiro: Philippe Martinez / Elenco: Gérard Depardieu, Elizabeth Hurley, Evgeniya Akhremenko  / Sinopse: Viktor (Depardieu) é um antigo membro da máfia russa que após ficar sete anos preso na França retorna à liberdade. Agora ele almeja vingar a morte de seu filho, que foi executado por um traficante de diamentes de Moscou. Armado até os dentes, ela saiu em busca de satisfazer sua sede de vingança.

Pablo Aluísio.

sábado, 2 de setembro de 2017

Os Oito Odiados

Como o próprio material promocional do filme deixa claro temos aqui o oitavo filme de Quentin Tarantino, o segundo no gênero western. O enredo é dos mais simples: O caçador de recompensas John Ruth (Kurt Russell) aluga uma diligência para levar sua prisioneira Daisy (Leigh) até Red Rock. A viagem é dura pois é realizada no meio de uma forte nevasca. No caminho eis que surge o Major Marquis (Jackson). Seu cavalo morreu por causa do clima hostil e ele está com dois corpos de foragidos. Pretende também levá-los a Red Rock para embolsar o prêmio de suas capturas. No começo Ruth reluta em lhe dar uma carona, mas depois de um diálogo dos mais interessantes (marca registrada de Tarantino) resolve lhe ajudar. A viagem segue. Mais a frente outra surpresa. Eles encontram Chris Mannix (Goggins) no meio da estrada coberta de neve. Ele se diz o novo xerife de Red Rock. Abrindo mais uma exceção Ruth resolve lhe ajudar também. Juntos acabam parando em uma estalagem, usualmente usada como posto de paradas em longas viagens. Ela pertence a uma velha conhecida de Ruth, mas para sua surpresa ela não está lá. Também não está seu fiel companheiro. No lugar deles há um grupo de homens. Não demora muito para que Marquis desconfie que algo muito estranho está prestes a acontecer naquele lugar esquecido por Deus.

"Os Oito Odiados" é mais uma tentativa de Tarantino em levar seu estilo único para o velho oeste. A boa notícia é que ele realizou realmente um bom filme. Não diria porém que está isento de críticas. Há uma duração excessiva (quase três horas de duração para um enredo tão simples é certamente um exagero), violência insana e gratuita (nada que irá decepcionar os fãs do diretor), atos de vulgaridade desnecessários (como a cena de sexo oral com o personagem de Samuel L. Jackson) e uma quebra de ritmo no terceiro ato do filme. Mesmo assim diverte e agrada. O que salva esse filme é a mesma característica que salvou em último análise todos os filmes anteriores do diretor, ou seja, uma profusão de ótimos diálogos, o desenvolvimento psicológico de praticamente todos os personagens, além do sempre presente clima surreal de contar suas histórias. Tarantino parece ter uma mente dual, pelo menos em relação aos seus personagens e isso volta a se refletir por aqui. No geral é certamente muito interessante, longe da banalidade do que anda se vendo nas telas. Não é o melhor em termos de Quentin Tarantino, mas certamente é muito melhor do que noventa por cento do que se vê hoje em dia nas telas. Vale a pena assistir, não tenha dúvidas disso.

Os oito odiados (The Hateful Eight, EUA, 2015) Direção: Quentin Tarantino / Roteiro: Quentin Tarantino / Elenco: Kurt Russell, Samuel L. Jackson, Jennifer Jason Leigh, Tim Roth, Walton Goggins, Demián Bichir, Michael Madsen, Bruce Dern / Sinopse: O caçador de recompensas John Ruth (Kurt Russell) acaba levando de carona em sua diligência dois homens que encontrou por acaso no meio da estrada, durante uma forte tempestade. Eles acabam parando numa velha estalagem que mais se parece com um armadilha mortal. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Trilha Sonora (Ennio Morricone).

Pablo Aluísio.