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terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Homem-Aranha: Sem Volta para Casa

Eu esperava mais. Não que esses filmes de super-heróis ainda vão surpreender alguém, mas de qualquer forma pelo custo da produção e pelo tamanho da bilheteria, pensei que seria um filme melhor. Eu me enganei. O filme tem poucas novidades. Na verdade o roteiro se agarra em certas fórmulas que já tinham sido utilizadas há anos. Não está convencido disso? Preste a atenção na cena final no alto da estátua da Liberdade! Parece até mesmo uma sequência repetida dos primeiros filmes do personagem no cinema. Provavelmente a única boa ideia nova venha do fato de termos os 3 atores que interpretaram Peter Parker contracenando juntos. Como o roteiro explora o conceito de multiversos, isso seria tecnicamente possível. Entretanto mesmo com uma boa ferramenta narrativa como essa em mãos, os roteiristas fizeram muito pouco. Os três juntos poderia dar margem a excelentes cenas, mas tudo é desperdiçado. A interatividade entre eles é pequena. Nenhum dos atores convidados (Tobey Maguire e Andrew Garfield) teve uma oportunidade mais ampla de explorar esse encontro inusitado. Nada de substancial surge dessa chegada deles no enredo do filme. Acaba sendo apenas uma curiosidade ver os atores juntos e nada muito além disso.

Outro aspecto interessante que percebi nesse filme é que todos os melhores vilões são da primeira trilogia do Homem-Aranha no cinema. Parece até que os outros filmes não tinham nada a oferecer nesse ponto a essa nova produção. O Duende Verde, o Dr. Octopus, o Homem de Areia, todos vieram dos filmes estrelados por Tobey Maguire. O próprio ator inclusive poderia ter sido melhor aproveitado, mas isso não acontece como já frisei. Os vilões também seguem nessa linha. Eles estão lá, mas o roteiro não sabe direito o que fazer com eles. Agora, de todas as coisas que me decepcionaram nesse novo filme do Aranha, nada se compara com os efeitos digitais. Achei tudo fraco demais. Preste atenção nas cena final. Parece game. Os Aranhas voam de um lado para outro, enfrentam os vilões, mas nada parece ter consistência. Eles não parecem ter massa corporal ou peso. Sua interação com o ambiente é igualmente mal produzida. Ruim demais! Dizem que para enganar o cérebro humano é algo complicado. Dificilmente vemos um personagem digital sem perceber que ele é digital. No caso desse filme a coisa ficou tão sem veracidade que acredito que até mesmo as crianças mais pequenas vão perceber que o herói é na verdade um programa de computador, feito de pixel. Então é isso. Um filme que, pelos números envolvidos, poderia ser muito melhor. Do jeito que ficou é apenas interessante, mas igualmente repetitivo de velhas fórmulas e nada muito original.

Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (Spider-Man: No Way Home, Estados Unidos, 2021) Direção: Jon Watts / Roteiro: Chris McKenna, Erik Sommers, baseados nos personagens criados por Stan Lee e Steve Ditko / Elenco: Tom Holland, Tobey Maguire, Andrew Garfield, Benedict Cumberbatch, Jamie Foxx, Willem Dafoe, Alfred Molina, Marisa Tomei / Sinopse: O mundo descobre que Peter Parker é o Homem-Aranha. Depois disso a vida dele se torna um inferno. Procurando por uma saída ele pede ao Dr. Stranger que mude a realidade, para que o mundo esqueça essa informação, só que o feitiço criado para esse fim acaba dando errado, abrindo portas para universos paralelos, de onde chegam vilões extremamente perigosos.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Homem-Aranha: De Volta ao Lar

Esse novo filme do Spider-Man não tem nada a ver com a trilogia original estrelada por Tobey Maguire, tampouco com aquela mais recente franquia inaugurada com o filme "O Espetacular Homem-Aranha", que tinha como ator o Andrew Garfield. Na verdade essa nova linha de filmes nasce quase como um spin-off do último filme dos Vingadores. Isso fica bem claro logo nas primeiras cenas, que foram retiradas justamente do filme anterior. Aqui o Peter Parker é apenas um colegial de 15 anos. Entre os problemas escolares ele tenta cair nas graças do industrial Tony Stark (Robert Downey Jr.). Ele mesmo, o Homem de Ferro. Enquanto um convite para fazer parte dos vingadores não sai, ele vai enfrentando os problemas próprios da idade, como a garota que ele é afim, que não lhe dá muita bola e o amigo nerd, que mais atrapalha do que ajuda. E para complicar ainda mais sua vida surge um novo vilão, o Abutre, interpretado por Michael Keaton. Para quem já foi Batman e Birdman nas telas, nada de novo! O roteiro é muito divertido, virando praticamente um filme de adolescente dos anos 80. Poderíamos até dizer que seria um tipo de "Ferris Bueller encontra Peter Parker" (usando aqui como referência o filme "Curtindo a Vida Adoidado", clássico de John Hughes). Claro que isso também significa que temos pela frente uma série de clichês desse tipo de produção, como o baile de formatura, os valentões dos corredores da escola, a garota amada platonicamente e coisas do tipo. Nada realmente muito original.

Porém a despeito disso há também excelentes cenas. Dizem que para um filme ser considerado realmente muito bom deve haver pelo menos 3 boas cenas. Aqui temos todas elas. A primeira quando o Homem-Aranha tenta salvar os estudantes no monumento de Washington, a segunda no barco que vai se partindo ao meio e a terceira, no clímax, quando finalmente o cabeça de teia enfrenta o abutre com suas asas mecânicas. Para encaixar ainda mais clichês de filmes adolescentes os roteiristas colocaram o vilão como o pai da garota que Peter Parker é apaixonado - uma sacada óbvia, mas que funciona muito bem! Entre tantas boas cenas e muita ação, recheadas com o melhor que os efeitos digitais conseguem reproduzir na tela do cinema, temos assim um dos blockbusters mais divertidos do ano. Em nenhum momento ofende a inteligência do espectador e nem a sensibilidade (sempre à flor da pele) dos leitores dos quadrinhos. A Marvel aliás vive um momento estranho em sua história, acertando quase sempre no cinema e errando absurdamente nas suas publicações em quadrinhos! Enquanto na sétima arte eles só tem acertos, na nona arte estão derrapando feio! Quem diria...

Homem-Aranha: De Volta ao Lar (Spider-Man: Homecoming, Estados Unidos, 2017) Direção: Jon Watts / Roteiro: Jonathan Goldstein, John Francis Daley, baseados nos personagens criados por Stan Lee, Steve Ditko e Jack Kirby / Elenco: Tom Holland, Michael Keaton, Robert Downey Jr, Marisa Tomei, Jon Favreau, Gwyneth Paltrow, Chris Evans / Sinopse: O jovem Peter Parker (Holland) precisa enfrentar os problems típicos de sua idade, ao mesmo tempo em que investiga a venda de armas ilegais no mercado negro. Os armamentos baseados em tecnologia extraterrestre foram criados por Adrian Toomes (Michael Keaton), um inescrupuloso empreiteiro da construção civil. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

A Viatura

Título Original: Cop Car
Título no Brasil: A Viatura
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Focus World
Direção: Jon Watts
Roteiro: Jon Watts, Christopher D. Ford
Elenco: Kevin Bacon, Shea Whigham, James Freedson-Jackson, Hays Wellford
  
Sinopse:
Enquanto "desova" um corpo de um criminoso no meio do deserto do Colorado, o xerife Kretzer (Kevin Bacon) se vê numa situação inesperada. Enquanto joga o cadáver em um poço próximo, dois garotos, menores de dez anos, entram em seu carro patrulha e saem em disparada. Detalhe: há um homem jogado no porta-malas da viatura, um sujeito que Kretzer estava prestes a executar! Agora o policial tentará de todas as formas recuperar o veículo antes que suas atividades criminosas sejam descobertas pela polícia do condado. Filme indicado no Edinburgh International Film Festival na categoria de Melhor Direção (Jon Watts).

Comentários:
Em algumas situações basta um roteiro esperto para que o diretor consiga contar uma boa história. O enredo desse filme se passa em uma só situação, com obviamente vários desdobramentos. A história é simples: o xerife corrupto de uma pequena cidade do Colorado resolve eliminar alguns criminosos que estavam em seu caminho. Ele os jogam no porta-malas de seu carro patrulha e ruma em direção ao deserto. Sua intenção é executar os dois e depois jogar os corpos em um poço esquecido no meio do nada. Enquanto dá cabo do primeiro bandido, dois garotos que estavam por ali por perto brincando, descobrem seu carro aberto, as chaves e resolvem sair dirigindo o veículo, obviamente pensando em se divertir. O problema é que o outro sujeito que o xerife queria eliminar ainda está no porta-malas da patrulha. Inicia-se então um jogo de gato e rato, com o tira tentando recuperar o carro antes que suas atividades sejam descobertas e os garotos, meio aterrorizados ainda com a situação, tentando escapar ilesos de tudo. 

Nesse meio tempo surgem cenas absurdas, de puro nonsense, com os meninos brincando com equipamentos perigosos que estavam dentro da viatura. Imagine dois garotos com pistolas, escopetas e armas pesadas, tentando dar tiros com elas, mas sem saber direito como proceder! O diretor Jon Watts é praticamente um estreante no cinema, vindo das séries de TV ele acabou filmando esse bom filme policial de humor negro (em termos) baseado em seu próprio roteiro. O resultado é muito bom, até porque Watts teve o bom senso de realizar um filme curto, o que lhe dá uma agilidade e uma eficiência no desenvolvimento dos acontecimentos, tudo sem excessos ou enrolações desnecessárias. Bacon, extremamente magro e com um bigode estranho, está muito bem caracterizado em seu personagem. Um xerife que em pouco menos de trinta minutos de duração do filme consegue violar inúmeros artigos do código penal. Um tira nada honesto e nem correto. Seu personagem é certamente uma das melhores coisas de toda a fita. 

Pablo Aluísio.