quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Café Society

Mais um filme dessa fase mais romântica e soft do diretor Woody Allen. Aqui ele usa como cenário a era de ouro do cinema americano para contar um enredo até muito simples, envolvendo um triângulo amoroso que acaba deixando marcas, mesmo com o passar do tempo. Tudo começa quando o jovem Bobby (Jesse Eisenberg) decide se mudar para Hollywood. Ele está desempregado e sem perspectivas. Quem sabe consiga algo com seu tio, que é um famoso e influente agente de atores (interpretado por, ora vejam só, o comediante Steve Carell). Pois bem, depois de tentar se esconder do próprio sobrinho o tio percebe que não tem mais como enrolar e acaba arranjando um emprego para o rapaz em seu próprio escritório. Lá também trabalha a secretária Vonnie (Kristen Stewart). Os dois possuem a mesma idade e saem para dar umas voltas pela cidade. Nem precisa dizer que Bobby fica caidinho por Vonnie, sem saber que ela na verdade tem um caso escondido com seu próprio tio!

Pronto, Allen usa essa velha fórmula de triângulo amoroso para desenvolver a estorinha de seu filme. Tudo é bem leve, com pontuais pitadas de bom humor, usando principalmente as origens judaicas do diretor para tirar um sorrisinho aqui e outro acolá. Nada demais, realmente. O filme inclusive é bem curtinho, o que não deixou de ser uma excelente opção do diretor. Afinal se tudo é tão despretensioso para que usar uma longa duração, além do necessário, para contar seu pequeno romance, não é mesmo? Entre idas e vindas o antes inocente Bobby vai entendendo melhor as artimanhas dos seus sentimentos, os pequenos remorsos e desilusões que vão ficando pelo caminho em sua vida. Ele se torna um bem sucedido homem de negócios, gerenciando um night club, se casa, forma uma família, mas quando, por mero acaso, revê sua antiga paixão (ela mesma, a secretária Vonnie) tudo parece desmoronar! O que parecia tão sólido e firme em seus sentimentos vem abaixo de forma avassaladora. Talvez esse seja a única mensagem mais consistente de Woody Allen no filme inteiro, a perenidade de certos sentimentos e paixões que perduram mesmo após anos e anos. Todo o resto é bem leve, como condiz a proposta maior do filme em si.

Café Society (Estados Unidos, 2016) Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco: Jesse Eisenberg, Kristen Stewart, Steve Carell, Sheryl Lee / Sinopse: Jovem se muda para Los Angeles para tentar arranjar um emprego com seu tio, um rico e bem sucedido agente de atores e atrizes em Hollywood. Na nova cidade se apaixona pela secretária de seu tio, sem saber que eles cultivam um romance às escondidas de todos. Filme indicado ao Art Directors Guild, ao Casting Society of America e ao Golden Eagle Awards.

Pablo Aluísio.

7 comentários:

  1. Avaliação:
    Direção: ★★★
    Elenco: ★★★
    Produção: ★★★
    Roteiro: ★★★
    Cotação Geral: ★★★
    Nota Geral: 7.2

    Cotações:
    ★★★★★ Excelente
    ★★★★ Muito Bom
    ★★★ Bom
    ★★ Regular
    ★ Ruim

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  2. Mais um trabalho magistral do genial Allen

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  3. Pois é, Telmo.
    Acabei lendo seu texto, aquele que você escreveu sobre esse filme alguns meses atrás. Certamente você gostou muito mais do filme do que eu. De minha parte achei um bom filme também, mas nada muito maravilhoso. Questão de gosto pessoal.

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  4. Sim, Pablo. Essa coisa de cinema é bem curiosa mesmo. Você sabe que eu nem queria assistir a este filme. Minha namorada foi que insistiu. Resultado: gostei mais que ela. Algo neste filme mexeu muito comigo e, sinceramente, Pablo, nem lembro mais o que realmente foi. ahahaha

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  5. Por isso é bom escrever um texto, porque assim eternizamos nossa opinião. Depois a mente esquece, mas tudo fica gravado na escrita.

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  6. Pablo:

    Você diz "a perenidade de certos sentimentos e paixões". As vezes eu acho que só isso vale a pena na vida. Eu tenho um amigo que tem um jeito bem mais chulo de dizer o que você disse com tanta classe. Diz ele:"a única mulher que sempre será sua é a mulher que você comeu; mesmo que só à veja vinte anos após, se estiverem casados com outras pessoas, etc. o que ocorreu ainda estará vivo, pra você e pra ela é uma coisa que não morre, não desaparece; a expressão "comer" a mulher é literalmente isso, ela entra dentro de você pra sempre".

    Será que é isso Pablo?

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  7. Em tempos mais antigos e mais românticos (como na era vitoriana na Inglaterra) esse tipo de pensamento teria mais força. Um homem conquistando uma mulher sexualmente tinha um significado muito forte, era o ápice do amor, etc. Hoje em dia porém o sexo é tão banal, tão corriqueiro e sem importância, com as mulheres tão predispostos a tudo de forma tão fácil, que sinceramente falando... perdeu-se muito em termos de importância.

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