sexta-feira, 25 de maio de 2018

O Príncipe Encantado

Título no Brasil: O Príncipe Encantado
Título Original: The Prince and The Showgirl
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Warner Bros
Direção: Laurence Olivier
Roteiro: Terence Rattigan
Elenco: Laurence Olivier, Marilyn Monroe, Sybil Thorndike, Jeremy Spenser, Gladys Henson, Charles Victor
  
Sinopse:
O Grã-duque Charles (Laurence Olivier), nobre regente da elegante, rica e fina Capadócia, acaba conhecendo casualmente a jovem corista Elsie (Marilyn Monroe). Inicialmente ele se percebe intrigado com o jeito despojado, mas bem autêntico, da bela americana. Intrigado por ela e sua personalidade singular ele a convida para um jantar, algo que acabará trazendo inúmeras consequências inesperadas para ambos durante os dias seguintes. Filme indicado ao BAFTA Awards nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Laurence Olivier), Melhor Atriz (Marilyn Monroe) e Melhor Roteiro. 

Comentários:
Essa sinopse não esconde a verdadeira vocação de "O Príncipe Encantado". É um texto teatral e o filme não nega sua origem. Grande parte das cenas se passa em ambiente fechado e em cena duelam (no bom sentindo) o formalismo profissional de Laurence Olivier e o adorável amadorismo de Marilyn Monroe. Os acontecimentos de bastidores, das filmagens, há anos povoam o imaginário dos cinéfilos. Marilyn, como era de se esperar, causou todo tipo de problemas para Olivier, tantos que essa conturbada filmagem acabou virando um filme próprio que recebeu várias indicações ao Oscar chamado "My Week With Marilyn". As histórias do set são saborosas, mas e o filme? Sim, é uma boa comédia, muito bem produzida com lindos figurinos, cenários, muita pompa e luxo. Marilyn Monroe está encantadora. Apesar dos problemas de saúde ela surge em cena linda e aparentando muita saúde (o que me deixou surpreso).

No saldo final considerei a atuação de Marilyn Monroe muito superior à de Laurence Olivier, esse está particularmente travado na interpretação do nobre regente dos balcãs. Já Monroe não, está natural, espontânea, divertida e até sensual. Não causa admiração a declaração que Laurence Olivier fez muitos anos depois da realização do filme reconhecendo que Marilyn estava ótima em "O Príncipe Encantado". Ele disse: "Durante as filmagens fiquei com a impressão que Marilyn estava péssima. Quando assisti as cenas fiquei admirado com o resultado. Marilyn estava maravilhosa. Ela tinha um caso de amor com a câmera!". Concordo plenamente com sua opinião. Aliás se tem algo que prejudica o filme é justamente a mão pesada do diretor Olivier. Ele demonstra claramente não ter o timing perfeito para Marilyn. O filme se alonga além do que seria razoável e tem barrigas (quebras de ritmo que o levam a certos momentos de monotonia). Pra falar a verdade quem salvou a produção foi realmente Marilyn que em muitos momentos simplesmente carrega o filme nas costas. Quem diria que a amadora Monroe daria uma rasteira no grande Laurence Olivier? Pois deu, e foi em "O Príncipe Encantado". O filme é dela no final das contas. Assista e confira!

Pablo Aluísio.

Eu Vi Que Foi Você

Título no Brasil: Eu Vi Que Foi Você
Título Original: I Saw What You Did
Ano de Produção: 1965
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: William Castle
Roteiro: William P. McGivern, Ursula Curtiss
Elenco: Joan Crawford, John Ireland, Leif Erickson
  
Sinopse:
Duas adolescentes ficam em casa cuidando da irmã mais jovem de uma delas enquanto seus pais vão jantar fora. Para passar o tempo elas decidem dar trotes usando os números de telefone que encontram a esmo numa lista telefônica. A brincadeira consiste em ligar aleatoriamente para as pessoas dizendo a frase: "Eu sei o que você fez e eu sei quem você é!". Numa das ligações elas acabam ligando para um sujeito que acabou de matar sua esposa a facadas. A partir daí o assassino decide ir atrás delas pensando que as jovens sabem mesmo sobre seu crime.

Comentários:
Suspense produzido e dirigido por William Castle, um realizador que ficou bem famoso em Hollywood por causa das inúmeras fitas de terror que produziu. Aqui ele brinca com essa boa ideia envolvendo duas adolescentes bem bobinhas que acabam pagando caro por uma brincadeira que fazem após seus pais saírem para um jantar de negócios. O roteiro é bem simples, mas bem bolado. Uma ideia que seria reciclada muitos anos depois numa série de filmes ao estilo "Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado". Em termos de elenco o destaque vai para a presença da veterana atriz Joan Crawford aqui em seu último filme americano. Com a idade os convites foram ficando cada vez mais raros até que chegou ao ponto em que ela teve que ir para a Europa para continuar trabalhando pois já não recebia mais propostas de Hollywood. Nesse personagem de despedida ela interpreta uma mulher mais velha, solitária e desesperada para conquistar seu vizinho que por acaso é o sujeito que acabou de esfaquear a esposa e que sem querer acaba virando alvo dos trotes das garotas.  William Castle, que não era bobo nem nada, até tentou repetir a famosa cena do chuveiro de "Psicose", sem porém o mesmo impacto. De qualquer maneira é um suspense eficiente que mantém o interesse do espectador até o fim.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Gata em Teto de Zinco Quente

Título no Brasil: Gata em Teto de Zinco Quente
Título Original: Cat on a Hot Tin Roof
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Richard Brooks
Roteiro: James Poe, Richard Brooks
Elenco: Elizabeth Taylor, Paul Newman, Burl Ives, Jack Carson, Judith Anderson, Madeleine Sherwood
  
Sinopse:
Com roteiro baseado na peça "Cat on a Hot Tin Roof" de Tennessee Williams, o filme narra o complicado relacionamento entre a jovem Maggie (Elizabeth Taylor) e seu marido Brick Pollitt (Paul Newman). O casamento de ambos está em frangalhos, principalmente por causa do distanciamento que cresce a cada dia entre eles. Para piorar Brick se sente oprimido por viver em uma velha e tradicional casa do sul dos Estados Unidos dominada por um rico proprietário à moda antiga. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Paul Newman), Melhor Atriz (Elizabeth Taylor), Melhor Direção (Richard Brooks), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Fotografia (William H. Daniels). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Direção.

Comentários:
O filme foi roteirizado pelo diretor Richard Brooks. Se formos analisar bem sua carreira veremos que ele sempre foi mais um roteirista do que propriamente um diretor. Pois bem, embora Tennessee Williams tenha reclamado de algumas mudanças em seu texto original, temos que convir que o roteiro em si é muito bem escrito e trabalhado, deixando o filme com ótimo ritmo, fugindo da armadilha de o deixar teatral demais.. Penso que os textos de autoria do grande Tennessee Williams eram perigosos ao serem adaptados ao cinema, pois poderiam deixar qualquer filme pesado ou com aspecto de teatro filmado, o que não seria adequado pois artes diferenciadas exigem também adaptações diferentes. Nem sempre o que é adequado ao teatro consegue ser satisfatório na tela. Em "Gata em Teto de Zinco Quente" isso definitivamente não acontece e o espectador ao final da exibição terá a certeza de que assistiu a um grande filme, cinema puro. A produção é elegante, acima de tudo. O enredo se passa todo dentro de um grande casarão que é sede de uma fazendo de algodão no sul dos EUA. Embora isso possa parecer tedioso, não é. Hoje a MGM está à beira da falência, mas naquela época não economizava no bom gosto, como bem podemos comprovar aqui. A fazenda tipicamente sulista, o bonito figurino (especialmente de Liz Taylor) e a fotografia inspirada confirmam a elegância da película.
 
A grande força do filme porém vem de seu elenco maravilhoso. Elizabeth Taylor está linda e talentosa, dominando a cena. Ela  esbanja naturalidade e carisma em cada momento que surge na tela. Paul Newman, que passa o tempo todo de muletas e engessado, também demonstra muito talento no papel de Brick Pollitt, talvez o único personagem com algum valor moral dentro daquela casa. O curioso é que mesmo atores com escolas diferentes (com Newman vindo do teatro e Liz sendo basicamente uma atriz de cinema) conseguem se entender extremamente bem em cena. Sua química salta aos olhos, mesmo Paul Newman interpretando um marido que diante de tantos problemas negligencia sua bela e jovem esposa. Do elenco de apoio tenho que destacar primeiramente Burl Ives (Big Daddy, ótimo em sua caracterização de um homem que não conseguiu passar afeto aos seus familiares durante toda a sua vida) e Madeleine Sherwood (que faz a insuportável Mae Pollitt). Dentre as várias excelentes cenas destacaria aquela que se passa entre Newman e Ives no porão quando em tom de nostalgia Big Daddy se recorda de seu falecido pai, um mero vagabundo. Ali ele se mostra totalmente, sem máscaras, o que de certa maneira também serve para revelar a verdadeira face de sua família. Ótimo momento no quesito atuação. Enfim temos aqui um dos maiores clássicos da era de ouro de Hollywood, com dois de seus grandes astros em plena forma pessoal e dramática. Um filme mais do que clássico, absoluto.

Pablo Aluísio.

Disque Butterfield 8

Título no Brasil: Disque Butterfield 8
Título Original: Butterfield 8
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Daniel Mann
Roteiro: John O'Hara, Charles Schnee
Elenco: Elizabeth Taylor, Laurence Harvey, Eddie Fisher
  
Sinopse:
Gloria Wandrous (Elizabeth Taylor) é uma bonita e sensual mulher que esconde um aspecto de sua vida pois trabalha como call girl (garota de programa de luxo) para completar sua renda. Praticamente ninguém de seu círculo social sabe disso. Sua vida muda completamente quando resolve se envolver com um homem casado, o que lhe trará inúmeros problemas pessoais. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Atriz (Elizabeth Taylor). Também indicado na categoria de Melhor Fotografia (Joseph Ruttenberg e Charles Harten). Indicado ainda ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Drama (Elizabeth Taylor).

Comentários:
Esse filme é uma grata surpresa por vários motivos. Primeiro por seu tema. O roteiro enfoca a vida de uma call girl (expressão antiga para designar aquilo que você está pensando mesmo, uma espécie de prostituta de luxo) interpretada com muita sensualidade, luxúria e decadência por Liz Taylor. Pensar que um filme assim foi realizado no começo dos anos 60 já é um feito e tanto. É preciso entender que a primeira metade daquela década foi a época em que comédias românticas bobinhas com Doris Day estavam na moda e nada é mais longe daquela ingenuidade do que esse Butterfield com Elizabeth Taylor. Seu personagem mora com a mãe, que finge não saber o que ela faz. Ao se envolver com um homem casado, Gloria (Liz Taylor) tenta reabilitar sua vida que está fora dos eixos desde a morte precoce do pai. O filme não tem a profundidade daqueles que foram baseados em peças escritas por Tennessee Williams e nem é tão bem desenvolvido como "Gata em Teto de Zinco Quente", por exemplo, mas compensa isso com diálogos inteligentes recheados de duplo sentido. Aliás o cinismo do filme é um dos atrativos do roteiro.

A prostituta Gloria sabe o que é e brinca com o fato. A cena inicial do filme, um longo plano sequência com ela se levantando após uma noite de aventuras com um homem casado é um primor de naturalismo no cinema. Eu acredito que Liz realizou esse filme em resposta ao escândalo de seu envolvimento com o marido de Debbie Reynolds, o cantor Eddie Fisher (que inclusive está no filme). Como ela foi xingada bastante de vagabunda pela imprensa e pelo público em geral, então resolveu interpretar uma personagem assim no cinema! O resultado é ótimo e ela levou seu primeiro Oscar (que dizem ter sido de consolação pois ela enfrentava sérios problemas de saúde na época, a ponto de muitos dizerem que não iria longe!). Mas isso é o de menos. Assista "Butterfield 8" e entenda porque ela foi uma das grandes divas da história do cinema americano.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Morte Sobre o Nilo

Título no Brasil: Morte Sobre o Nilo
Título Original: Death on the Nile
Ano de Produção: 1978
País: Inglaterra
Estúdio: EMI Films
Direção: John Guillermin
Roteiro: Anthony Shaffer
Elenco: Peter Ustinov, Bette Davis, David Niven, Mia Farrow, George Kennedy, Angela Lansbury, Maggie Smith, Jack Warden
  
Sinopse:
Baseado no famoso livro "Death on the Nile" da escritora Agatha Christie, publicado em 1937. No enredo um grupo de turistas em uma exótica viagem pelo Rio Nilo, no Egito, descobre que há um assassino entre eles, após a morte misteriosa de um dos viajantes. O inspetor Hercule Poirot (Peter Ustinov) decide então desvendar o caso e acaba descobrindo, para sua surpresa, que todos os que fazem parte daquele cruzeiro parecem ter algum motivo para o crime. Mas afinal de contas quem seria o verdadeiro assassino? Filme vencedor do Oscar e do BAFTA Awards na categoria de Melhor Figurino (Anthony Powell). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.

Comentários:
Assim como os livros de James Bond os livros escritos por Agatha Christie seguiam uma fórmula básica. No caso dessa autora ela geralmente reunia várias pessoas suspeitas em um ambiente fechado (como um barco ou trem) e colocava o leitor na situação de tentar descobrir quem seria o assassino de um crime misteriosamente cometido. É exatamente isso que temos aqui nesse "Morte sobre o Nilo". Vários personagens se tornam suspeitos da morte de uma rica herdeira que misteriosamente é morta durante um cruzeiro turístico pelo Egito. O filme em si é muito interessante, tem ótimas cenas externas (filmadas no templo de Karnak e nas pirâmides de Gizé) e um elenco de encher os olhos de qualquer cinéfilo. Na tela desfilam veteranos da era de ouro do cinema americano, muitos deles em suas últimas aparições, o que não deixa de ser duplamente interessante para quem ama a sétima arte. O destaque obviamente vai para o grande ator Peter Ustinov que aqui interpreta um dos personagens mais famosos da escritora, o inspetor excêntrico Hercule Poirot (que todos pensam ser francês, mas que que seria belga na verdade). Ustinov domina a cena, tentando descobrir quem teria cometido o crime. Nunca assisti uma atuação fraca de Ustinov em toda a sua carreira e aqui não seria exceção. Ao lado dele, o auxiliando, temos outro grande ator, David Niven. Já envelhecido, prestes a se aposentar, o ator ainda tinha uma bela presença de cena. Classe, elegância e uma fina ironia se tornaram suas marcas registradas. Entre as atrizes o filme traz uma coleção estelar, com Mia Farrow fazendo mais uma personagem perturbada e a grande diva Bette Davis, discreta, elegante e atuando ao lado da também excelente Maggie Smith, brilhando como nunca. Enfim, só pela oportunidade de ver tanta gente talentosa junta já vale a existência do filme. Assista, se divirta e tente descobrir o quebra cabeça da trama.

Pablo Aluísio.

Sob o Céu da China

Título no Brasil: Sob o Céu da China
Título Original: China Sky
Ano de Produção: 1945
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: Ray Enright
Roteiro: Brenda Weisberg, Joseph Hoffman, baseados na obra de Pearl S. Buck
Elenco: Randolph Scott, Ruth Warrick, Ellen Drew, Anthony Quinn, Carol Thurston, Benson Fong

Sinopse: 
Dr. Gray Thompson (Randolph Scott) e a Dra. Sara Durand (Ruth Warrick) são médicos missionários em um hospital na China. Seu trabalho consiste em ajudar a população carente da região. Os tempos porém são conturbados e eles precisam retornar para os Estados Unidos após a invasão japonesa na China. Gray e Sara acabam se apaixonando na cidade chinesa mas o romance não se concretiza. De volta ao seu país o Dr Gray resolve se casar com a bela Louise mas seu coração continua dividido pois ele ainda ama secretamente a doce Sarah.

Comentários:
Mais um interessante filme de Randolph Scott fora do gênero western. Aqui ele interpreta um médico missionário que vai até uma cidade muito pobre e miserável da China para ajudar a população local. Seu trabalho de caridade e ajuda ao próximo é interrompido com a chegada das brutais tropas japonesas. Randolph Scott está perfeito na pele do Dr. Gray Thompson, um homem cheio de boas intenções que é traído por seus sentimentos pois não consegue se decidir completamente com quem ficar, pois parece amar duas mulheres maravilhosas na mesma proporção. O roteiro consegue mesclar muito bem aventura, romance e guerra. As tropas japonesas que tentam invadir a China são retratadas da pior forma possível, o que chegou a chocar o público americano na época. Não se pode esquecer que apesar dos americanos estarem em guerra com o Japão na ocasião, as atrocidades japonesas contra a população civil chinesa ainda eram pouco conhecidas do grande público na América. Como era impossível filmar algo na China naqueles tempos conturbados a RKO usou bastante da técnica conhecida como back projection nessa película. O resultado não deixa de ser muito bom, considerando as limitações técnicas daqueles tempos. Enfim, mais um bom exemplar da série "Randolph Scott deixa o velho oeste e vai à guerra"

Pablo Aluísio.

terça-feira, 22 de maio de 2018

Sublime Obsessão

Título no Brasil: Sublime Obsessão
Título Original: Magnificent Obsession
Ano de Produção: 1954
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Douglas Sirk
Roteiro: Lloyd C. Douglas, Robert Blees
Elenco: Jane Wyman, Rock Hudson, Agnes Moorehead, Otto Kruger, Barbara Rush, Gregg Palmer
  
Sinopse:
Bob Merrick (Rock Hudson) é um playboy milionário despreocupado com a vida que só pensa em se divertir ao lado de seus amigos e mulheres deslumbrantes. A vida mais parece uma festa para ele. Durante uma de suas extravagantes diversões ele acaba causando um sério acidente que faz uma vítima inesperada. A vida da pobre mulher praticamente acaba por causa das sequelas do ocorrido. Para compensar sua culpa e tentar restaurar a saúde dela, Bob decide estudar, entrando numa faculdade de medicina. Uma vez formado se torna um especialista que tentará de tudo para curá-la. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Atriz (Jane Wyman).

Comentários:
O filme é um drama tipicamente dos anos 1950. Sob um ponto de vista atual o espectador provavelmente achará tudo muito melodramático e pesado, sem nenhum traço de qualquer tipo de fina ironia ou suavidade. O argumento assim não relativiza para o espectador, mantendo tudo em um nível bem dramático. Essa característica porém não pode ser vista como algo negativo. Na verdade o cineasta Douglas Sirk era um mestre nesse tipo de enredo (cujo roteiro foi baseado em um livro muito popular na época, escrito pelo romancista Lloyd C. Douglas). Ele foi subestimado em vida, porém ultimamente sua obra tem sido objeto de intensa revisão nos Estados Unidos, onde seu prestígio só cresceu com o passar dos anos. Além de talentoso diretor também era muito eficiente para revelar grandes estrelas. Foi o que aconteceu com o ainda pouco conhecido Rock Hudson. Esse foi o filme que o transformou definitivamente em um astro. Fez grande sucesso de bilheteria e mostrou para a Universal que ele tinha capacidade de atrair o público aos cinemas. O mais curioso é que ele só foi escalado porque a Universal estava com problemas financeiros e não tinha dinheiro para contratar um ator do primeiro time de Hollywood, assim teve que se contentar com a chamada "prata da casa" (Hudson era ator contratado da Universal, foi treinado e feito dentro do próprio estúdio, tudo ao estilo do antigo "Star System").

Devo dizer que a atuação de Rock no filme é apenas mediana. Ele, nessa época, ainda não era um grande ator, mas simplesmente um galã, que se saía muito melhor em filmes mais leves como as comédias românticas que rodou ao lado de Doris Day. Aqui, principalmente nas cenas mais tensas, faltou um pouco mais de talento e experiência. Já a atriz Jane Wyman (primeira esposa do presidente Ronald Reagan) também não surpreende muito, embora grande parte da carga dramática possa lhe ser creditada (ela literalmente segura o filme nas costas em vários momentos). Confesso que esperava mais de sua interpretação pelo fato dela ter sido indicada ao Oscar. Na maioria das cenas ela se limita a fazer o papel de uma personagem muito piedosa e também sofrida. Apesar da dupla central não estar à altura do que o roteiro exige, o filme não deixa de ser interessante. Para falar a verdade é bem didático assistir filmes antigos assim pois nos anos 1950 ainda era possível realizar produções como essa, sem nenhum traço do cinismo que hoje impera na sociedade. Se você gosta da cultura vintage fique à vontade para curtir "Sublime Obsessão" em toda a sua plenitude.

Pablo Aluísio.

A Queda do Império Romano

Título no Brasil: A Queda do Império Romano
Título Original: The Fall of the Roman Empire
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos, Itália
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Anthony Mann
Roteiro: Ben Barzman, Basilio Franchina
Elenco: Alec Guiness, Sophia Loren, Christopher Plummer, Omar Sharif, James Mason, Stephen Boyd

Sinopse:
Maior império que o mundo já conheceu, o Império Romano começa a entrar em colapso por causa de problemas internos ao qual o filme explora muito bem: invasões de povos bárbaros, corrupção, brigas internas, politicagem e um Imperador frívolo que negligencia a administração do Império em razão de sua obsessão por lutas de gladiadores. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Trilha Sonora (Dimitri Tiomkin). Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor trilha sonora original incidental (Dimitri Tiomkin).

Comentários:
Belo filme épico! Esse "A Queda do Império Romano" tem uma das mais ricas produções que já vi. Na época não existia possibilidade de fazer nada virtual, tudo tinha que realmente existir. Assim tudo o que se vê na tela é real e impressiona o espectador!. São multidões de figurantes em cena. Acredito que seja o filme com o maior número de figurantes da história, cenários maravilhosos, figurinos deslumbrantes e tudo o que não poderia faltar em um filme épico como esse. Como produção o filme é realmente nota dez. Bonito de se ver, traz alguns problemas pontuais. Acredito que o diretor Anthony Mann se perdeu com o tamanho da produção. O filme tem três horas de duração, mas o enredo fica disperso, sem foco. Mesmo com todo esse tempo ele não conseguiu contar direito a sua história. Em muitos momentos se percebe que a direção está mais preocupada em explorar os cenários luxuosos do que investir nos personagens do filme. Na minha opinião esse é o típico caso em que a direção foi engolida pela produção do filme. Muito luxo e beleza, porém pouco trabalho de direção para os personagens que desfilam pela tela. Nenhum deles chega a ser bem desenvolvido, infelizmente.

O contraste é que não faltaram bons atores para os papéis principais. O elenco apresenta por isso altos e baixos. Entre as interpretações de grande categoria o filme traz Alec Guiness, perfeito na pele do Imperador Marco Aurélio. Suas cenas são excelentes, inclusive um inspirado monólogo de grande impacto. Christopher Plummer como o Imperador Comodus também está acima da média. Já do lado ruim no quesito de elenco temos uma Sophia Loren muito bonita, mas canastrona até o último fio de cabelo encaracolado e um Livius (o mocinho do filme) muito inexpressivo, interpretado por um apagado Stephen Boyd. Ele é tão sem graça que quase coloca todo o filme a perder. E pensar que esse papel seria do grande Charlton Heston. Por fim temos um roteiro que não consegue dar conta de um período histórico tão complexo e cheio de detalhes importantes. O texto toma grandes liberdades com a história real dos imperadores retratados no filme. Certamente não é historicamente correto e acredito inclusive que essa nunca foi a intenção dos roteiristas. Muita coisa se perdeu em nome de uma dramaticidade maior nos momentos mais importantes do filme. De qualquer forma consegue, aos trancos e barrancos, prender a atenção do espectador.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Mares da China

Título no Brasil: Mares da China
Título Original: China Seas
Ano de Produção: 1935
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Tay Garnett
Roteiro: Jules Furthman, James Kevin McGuinness
Elenco: Clark Gable, Jean Harlow, Wallace Beery, Lewis Stone
  
Sinopse:
Alan Gaskell (Clark Gable) é um capitão da marinha mercante que tem que lidar com vários problemas entre sua tripulação. Além das adversidades naturais de uma jornada pelos revoltos mares do oriente ele ainda precisa lidar com os caprichos e ataques de imaturidade de uma jovem americana a bordo, a elétrica e espevitada China Doll (Jean Harlow), uma mulher de gênio forte que insiste a todo custo em ter um caso amoroso com ele. Filme indicado ao Venice Film Festival na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.

Comentários:
De certa maneira "Mares da China" se propõe a ser uma diversão leve e bem humorada, mostrando as idas e vindas de um improvável casal durante uma jornada pelos mares do sul da Ásia. Assim o filme procura misturar vários gêneros em um só! Tem romance, aventura, comédia e drama, tudo em doses certas. O roteiro explora o lado galã de Clark Gable. Ele interpreta um capitão boa pinta que é disputado por duas beldades durante uma viagem de Hong Kong a Cingapura. Embora isso possa parecer meloso não é o que ocorre. O filme tem um timing de humor, principalmente nos diálogos entre Gable e Jean Harlow. Essa última é um caso à parte. Considerada a musa inspiradora de Marilyn Monroe, Harlow (que faleceu bastante jovem) tinha um visual exagerado que para os padrões atuais pode ser considerado um pouco esquisito. Com cabelos platinados e forte maquiagem ao redor dos olhos, ela tinha um talento cômico bem acentuado, que transparece bem nas cenas desse filme (algo que também seria seguido por sua mais devotada seguidora, a própria Marilyn Monroe, que confessaria anos mais tarde que tinha assistido a todos os seus filmes na adolescência).

Outro destaque do elenco é a presença da atriz Hattie McDaniel, que quatro anos depois faria "E O Vento Levou" e venceria o Oscar na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante. Ela seria a primeira atriz negra na história a vencer o mais importante prêmio do cinema americano. Foi justamente nas filmagens desse filme que ela se tornaria grande amiga de Clark Gable que a indicaria depois para participar do grande épico que marcou toda uma geração. Tecnicamente o filme é bem realizado, principalmente para a época em que foi feito. Há uma boa cena envolvendo um grande tufão que se transformou em um verdadeiro desafio para os especialistas em efeitos especiais do estúdio. O curioso é que mesmo passado tanto tempo essa sequência em nada fica a dever com o que vemos nas telas hoje em dia. Isso demonstra acima de tudo o grande nível técnico que o cinema americano já possuía naqueles tempos. No mais é uma película muito recomendada para quem gosta também  da história do cinema pois não é sempre que temos a oportunidade de vermos dois monstros consagrados da sétima arte (como Gable e Harlow) atuando juntos. Em suma, "Mares da China" é divertido e procura ser bom entretenimento, além de seu inegável valor histórico nos dias de hoje. Vale a pena conhecer e assistir nem que seja por mera curiosidade.

Pablo Aluísio.

A Mulher Parisiense dos Cabelos de Fogo

Título no Brasil: A Mulher Parisiense dos Cabelos de Fogo
Título Original: Red-Headed Woman
Ano de Produção: 1932
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Jack Conway
Roteiro: Anita Loos
Elenco: Jean Harlow, Chester Morris, Lewis Stone, Leila Hyams, Una Merkel, Henry Stephenson

Sinopse:
Roteiro baseado no romance escrito por Katharine Brush. Lil Andrews (Jean Harlow) é uma francesa morando em Nova Iorque. Ela é aparentemente uma mulher irresistível. Faz um homem casado largar o casamento para ficar com ela - sem muito sucesso! Seduz um empresário para ter acesso a rodas exclusivas da sociedade e por fim se apaixona por um simples motorista.

Comentários:
Um filme com uma personagem principal forte, cheia de atitude, algo até bem raro nos anos 30, esse filme chama a atenção não apenas pelo estranho título nacional "A Mulher Parisiense dos Cabelos de Fogo" (teria sido mais fácil apenas chamar de "A Mulher Ruiva"), mas também pela presença sempre interessante da atriz Jean Harlow. Ela foi uma das estrelas mais populares do cinema americano em sua época e morreu muito jovem, cinco anos depois da realização dessa produção. Loira platinada, precisou se virar para fazer jus ao título e à cor de cabelos de sua personagem. No geral é um bom filme, embora bem envelhecido pelos anos passados (lá se vão mais de 80 anos de seu lançamento original!). De qualquer forma é uma boa indicação para quem estiver curioso em conhecer os filmes dos anos 30, em especial os que foram dirigidos pelo cineasta Jack Conway.

Pablo Aluísio.

domingo, 20 de maio de 2018

O Pistoleiro

Título no Brasil: O Pistoleiro
Título Original: The Stranger Wore a Gun
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: André De Toth
Roteiro: Kenneth Gamet, John W. Cunningham
Elenco: Randolph Scott, Lee Marvin, Ernst Borgnine, Claire Trevor
  
Sinopse:
"O Pistoleiro" conta a história de Jeff Travis (Randolph Scott), um renegado da Guerra Civil que para escapar da forca do exército ianque foge para uma pequena cidade do oeste com um nome falso. Lá se envolve com um grupo de assaltantes de diligências. Ao mesmo tempo em que planeja o roubo de cargas de ouro se enamora pela filha do dono da empresa de transportes, a bela Josie (Claire Trevor). Seu maior segredo porém está prestes a ser revelado por um passado que não lhe deixa em paz.

Comentários:
Mais uma produção bancada pelo próprio Randolph Scott. Curioso é que em pleno auge do chamado Star System (onde os atores eram quase escravos dos estúdios) Scott tenha trilhado um caminho próprio, produzindo seus próprios filmes e depois os negociando com os estúdios para distribuição (o que também aconteceu aqui com "O Pistoleiro" que acabou sendo lançado pela Columbia Pictures). E como empresário do ramo cinematográfico o ator também teve um visão e tanto. Muitos anos antes da popularização da técnica 3D ele viu potencial nessa nova tecnologia e resolveu investir nela. De fato "The Stranger Wore a Gun" foi um dos primeiros filmes em terceira dimensão lançados no grande circuito comercial. Claro que na época tudo ainda era muito rudimentar, porém Scott foi um verdadeiro visionário sobre essa questão. Assistindo ao faroeste hoje em dia você perceberá que há várias cenas feitas justamente para realçar a nova técnica nas salas de cinema. Numa delas Scott lança sua arma em direção à câmera - tudo para impressionar o público. No trailer o ator aparecia sério e complementado tentando explicar o que era o 3D para a plateia.

Além dessa inovação o roteiro também trazia novidades. O personagem de Scott é curioso. Nem é um mocinho de filmes típico de westerns e nem é um vilão assumido, pois tem consciência e sente quando injustiças são cometidas. O interessante é que o ponto de partida dessa produção é a mesma de um filme de Audie Murphy chamado "Kansas Raiders" que assisti recentemente. Tanto o personagem de Scott como o de Murphy fazem parte do bando de Quintrail, um personagem histórico real que assaltava bancos e cidades inteiras durante a Guerra Civil Americana. E assim como o filme de Audie Murphy esse aqui também tem um bom elenco de apoio de respeito com os veteranos atores Ernest Borgnine e Lee Marvin. Em suma, outro bom faroeste de Scott que diverte acima de tudo, além de ter tido sua importância histórica por trazer o 3D para as salas de cinema pela primeira vez na história.

Pablo Aluísio.

Duelo na Cidade Fantasma

Jake Wade (Robert Taylor) tem uma vida feliz. É xerife de uma pequena cidade no velho oeste e está para se casar com a bela Peggy (Patrícia Owens). Seu presente é realmente muito promissor e estável, o único problema realmente é seu passado. Embora esteja como homem da lei, Jake foi um bandoleiro, assaltante de bancos e trens quando era bem mais jovem e agora seu antigo bando está de volta. Liderados pelo insano Clint Hollister (Richard Widmark) ele querem um acerto de contas com Jake pois esse enterrou há muitos anos 20 mil dólares, fruto de um assalto que realizaram juntos. Após o sequestrarem ao lado de sua noiva vão para uma cidade fantasma no meio do deserto onde Jake afirma estar enterrado o dinheiro. Mas será mesmo? “Duelo na Cidade Fantasma” é um bom  western da Metro. Com excelente produção e dirigido pelo mestre  John Sturges, esse é aquele tipo de faroeste que o espectador não consegue desgrudar os olhos da tela. Isso porque a tensão crescente permeia toda a trama. Estando ambos sequestrados e com mãos amarradas o xerife Jake (Taylor) tenta de todas as formas encontrar uma saída pois todos sabem que a intenção de Clint (Widmark) é realmente colocar as mãos no dinheiro para depois liquidar o xerife e sua noiva.

O elenco é liderado pelo galã Robert Taylor. Aqui ele aproveita para usar um figurino todo negro, com um lenço vermelho no pescoço. Boa pinta e com ótima dicção, Taylor não diz muito a que veio. Obviamente como passa praticamente todo o filme amarrado realmente não haveria como disponibilizar uma atuação melhor. Em vista disso quem realmente domina a cena é Richard Widmark que tem as melhores cenas e os mais bem escritos diálogos. Ele está excelente na pele do facínora Clint, um sujeito sem valores morais que só deseja uma coisa: se apoderar do dinheiro do assalto há muito tempo enterrado. Pessoalmente não gosto de muitos títulos nacionais que foram dados a faroestes americanos no Brasil mas esse aqui até que se revela adequado. A tal cidade fantasma, um lugarejo perdido em Alabama Hills realmente acaba se tornando um dos personagens do filme. Cercados por comanches por todos os lados o desolado lugar traz forte impacto para a situação em que vivem Clint e Jake. O diretor John Sturges constrói nesse lugar um excelente conflito psicológico entre os dois elos de conflito, resultando tudo em um ótimo faroeste de tensão. Para finalizar um adendo aos fãs de Jornada nas Estrelas: O carismático ator DeForest Kelley faz parte do elenco como um dos bandidos do bando de Clint. Em conclusão fica a dica para os fãs de western: “Duelo na Cidade Fantasma”, um filme acima da média, com muito conflito psicológico e tensão. Não deixe de assistir.

Duelo na Cidade Fantasma (The Law and Jake Wade, Estados Unidos, 1958) Direção: John Sturges / Roteiro: William Bowers baseado no romance de Marvin H. Albert / Elenco: Robert Taylor, Richard Widmark, Patricia Owens, DeForest Kelley, Robert Middleton, Henry Silva / Sinopse: Jake Wade (Robert Taylor) é um xerife com passado nebuloso que se vê de repente na frente de seu antigo bando. Eles querem o dinheiro de um assalto realizado no passado. Clint (Richard Widmark) resolve seqüestrar o xerife e sua noiva para que eles o levem ao local onde os 20 mil dólares estariam enterrados. O clima de tensão está armado.

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de maio de 2018

O Pistoleiro das Balas de Ouro

Título no Brasil: O Pistoleiro das Balas de Ouro
Título Original: Se sei vivo spara
Ano de Produção: 1967
País: Estados Unidos
Estúdio: GIA Società Cinematografica
Direção: Giulio Questi
Roteiro: Franco Arcalli, Giulio Questi
Elenco: Tomas Milian, Marilù Tolo, Piero Lulli, Milo Quesada, Francisco Sanz, Miguel Serrano

Sinopse:
Conhecido apenas como "O Estranho", um bandido mestiço faz parte de um bando de ladrões que roubam uma carga de ouro de uma diligência. No entanto, os americanos da quadrilha o traem e atiram em todos os mexicanos. O Estranho porém não está completamente morto, e rasteja para fora de sua cova rasa, continuando sua busca pelo ouro e exigindo uma vingança sangrenta.

Comentários:
Mais um western spaghetti. No Brasil recebeu ainda outro título quando foi exibido na TV, se chamando "Matar para Viver e Viver para Matar". Para alguns é um filme bem diferente mesmo, chegando a ser estranha e bizarro. Existe o protagonista, que é um ladrão de ouro, que é traído por seus comparsas. Abandonado para morrer no deserto acaba sobrevivendo, com a ajuda de nativos. Isso porém é apenas o começo de uma trama cheia de ramificações. Há personagens bem trabahados, contextualizados, porém outros não. Isso demonstra que o roteiro não foi tão caprichado. No final ficou esquisito porque tem doses de ação, terror, comédia e drama!!! Como misturar tantos gêneros de uma só vez e dar certo? Não dá. Mesmo assim (ou talvez por isso) acabou virando uma espécie de cult movie dos fãs de western spaghetti. Vai entender...

Pablo Aluísio.

Duelo de Ambições / Nas Garras da Ambição

A trama do filme é simples: dois cowboys são contratados para levar um grande rebanho de gado do Texas até o território selvagem de Montana. Essa era uma travessia que até aquele momento não havia sido feita, uma vez que o caminho era infestado por tribos hostis como os Sioux e ladrões de gado (até o exército americano evitava circular por aquela região). O filme foi dirigido pelo grande Raoul Walsh e prometia, pela sinopse, ser realmente grandioso, como os grandes clássicos do western dos anos 50. Infelizmente a estrutura do roteiro não me agradou muito e posso inclusive apontar o erro dele: a presença de Jane Russell no elenco. Nada contra ela, gosto de suas atuações, além do que sua parceria com Marilyn Monroe em "Os Homens Preferem as Loiras" entrou para história do cinema. O problema é que com Jane em cena o diretor acabou se perdendo. O filme ficou meloso, fora de foco. O que era para ser um exemplo de "filme de macho" com todos aqueles atos de bravura e luta para atravessar o velho oeste acabou virando com Jane um romance banal, sem muitos atrativos.

Analisando bem o problema não se resume a ela. O fato é que com Clark Gable em cena os roteiristas não resistiram e investiram mais uma vez na sua velha imagem de galã (que já estava com prazo de validade vencido na época pois ele inegavelmente surge em cena envelhecido, pouco viril e com claros sinais que a idade finalmente havia chegado). As intensas provocações de Jane para com Gable fazem com que o filme caia no lugar comum, com direito inclusive a músicas cantadas por Russell (algo que na minha opinião não caiu muito bem). Fica naquele joguinho de tensão sexual entre eles sem nunca chegarem aos "finalmente" Além disso tem o inevitável triângulo amoroso envolvendo ainda o personagem do ator Robert Ryan. Pena que Raoul Walsh não preferiu filmar uma produção mais focada na travessia do gado e menos no romance açucarado. De qualquer forma, mesmo com essas restrições, ainda indico esse "Os Homens Altos" (tradução literal do título original) para os fãs de faroeste. No mínimo será curioso assistir. Obs: No Brasil o filme também recebeu o título de "Nas Garras da Ambição". Era comum nos anos 50 os filmes receberem mais de um título (geralmente quando passava na TV depois as emissoras mudavam os títulos ao seu bel prazer).

Duelo de Ambições (The Tall Men, EUA, 1955) Direção de Raoul Walsh / Roteiro: Sidney Boehm, Frank S Nugent / Elenco: Clark Gable, Jane Russel e Robert Ryan / Sinopse: Dois cowboys são contratados para levar um enorme rebanho de gado do Texas até o território de Montana; No caminho enfrentarão vários desafios como bandidos e tribos selvagens hostis, os Sioux.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Onde Começa o Inferno

Título no Brasil: Onde Começa o Inferno
Título Original: Rio Bravo
Ano de Produção: 1959
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Howard Hawks
Roteiro: Jules Furthman, Leigh Brackett
Elenco: John Wayne, Dean Martin, Ricky Nelson, Angie Dickinson, Walter Brennan, Ward Bond
  
Sinopse:
Baseado na curta estória de B.H. McCampbell, o filme "Rio Bravo" conta a história do xerife John T. Chance (John Wayne), que trabalha numa pequena cidade do velho oeste. Ele tem como auxiliares Dude (Dean Martin), um sujeito com sérios problemas de alcoolismo e Stumpy (Walter Brennan) um velho manco que já não mete medo em ninguém. Juntos passarão por um teste de fogo ao prenderem Joe Burdette (Claude Akins), irmão de um perigoso fora da lei da região. Sitiados em sua própria delegacia eles tentam manter o bandido preso até a chegada do delegado federal que irá levar o facínora à julgamento por assassinato. Filme indicado pela Directors Guild of America na categoria de Melhor Direção (Howard Hawks). Também indicado pelo Laurel Awards nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Dean Martin) e Melhor Drama.

Comentários:
"Rio Bravo" foi um dos maiores filmes de western da carreira de John Wayne e isso definitivamente não é pouca coisa. O filme tem um roteiro excelente que desenvolve de forma excepcional a crescente ansiedade dos três homens da lei que tentam manter atrás das grades um perigoso assassino que conta com a ajuda de uma grande quadrilha para tirá-lo de lá. A história fascinou tanto o diretor Howard Hawks que ele voltaria a realizar outro western famoso, "El Dorado", com praticamente o mesmo argumento, embora sejam filmes diferentes. Hawks realmente tinha especial paixão pelo conto que deu origem ao filme (escrito por BH McCampbel) por trazer vários temas caros à mitologia do faroeste, como por exemplo, a redenção, a dignidade dos homens da lei e a crescente tensão psicológica que antecede o confronto final. O filme já começa inovando com uma longa sequência de mais de 4 minutos sem qualquer diálogo (algo que anos depois seria copiado por Sergio Leone em "Era Uma Vez no Oeste").

Quando Dude (Dean Martin) finalmente surge em cena logo ficamos chocados com sua aparência de alcoólatra, sujo, esfarrapado, lutando para manter o pouco de dignidade que ainda lhe resta. Aliás é bom frisar que a interpretação de Dean Martin para seu personagem é muito boa, excepcional até, passando mesmo uma sensação de dependência completa da bebida. Há inclusive uma ótima cena em que ele tenta, sem sucesso, enrolar um cigarro de fumo e não consegue por causa dos tremores em sua mão (curiosamente o único close de todo o filme). John Wayne mantém sua postura irretocável em um personagem tópico de seu filmes de western. Já o velhinho Stumpy (Walter Brennan) é um grande destaque. Servindo como alívio cômico ele acaba roubando várias cenas com sua simpatia e bom humor. Em suma, "Rio Bravo" merece todo o status que possui. É envolvente, tenso, bem escrito, com excelente desenvolvimento psicológico de seus personagens e acima de tudo diverte com inteligência. Um programa obrigatório para cinéfilos e fãs de western em geral.

Pablo Aluísio.

Reze a Deus... e Cave Sua Sepultura

Título no Brasil: Reze a Deus... e Cave Sua Sepultura
Título Original: Prega Dio... e scavati la fossa!
Ano de Produção: 1968
País: Itália
Estúdio: Mila Cinematografica
Direção: Edoardo Mulargia
Roteiro: Edoardo Mulargia, Fabio Piccioni
Elenco: Robert Woods, Jeff Cameron, Cristina Penz, Calisto Calisti, Paco Hermandariz, Léa Nanni
  
Sinopse:
Um jovem casal de camponeses resolve fugir da fazenda onde trabalha após o senhor das terras exigir a primeira noite de núpcias da noiva, uma velha tradição feudal. Perseguidos, o jovem rapaz é morto de forma covarde. Anos depois alguém retorna para acertar contas com o rico dono das terras que desgraçou a vida daquele jovem e apaixonado casal. A ordem é exterminar todos aqueles que tiveram alguma coisa a ver com a morte do jovem esposo, um ato bárbaro que merece uma vingança à altura.

Comentários:
Ah os títulos dos filmes de western spaghetti!... Muito provavelmente eram a melhor coisa desse tipo de produção. Esse "Reze a Deus... e Cave Sua Sepultura" foi lançado nos cinemas brasileiros no começo da década de 1970 e depois foi relançado no mercado de vídeo com o título de "Sua Arma era o Colt" (um título muito mais americanizado, vamos dizer assim). O roteiro, como se pode perceber pela sinopse, apostou novamente no velho tema da vingança. Praticamente de cada dez filmes italianos de faroeste, oito ou nove apostavam nesse tipo de enredo. Sempre era alguém que havia sofrido uma grande injustiça em seu passado que retornava depois de anos para acertar as contas com seus algozes. Diz um velho ditado de que "Quem bate logo esquece, mas quem apanha jamais!". É bem por aí. O filme foi dirigido pelo diretor italiano nascido na ilha de Sardenha Edoardo Mulargia. Como era comum na época ele assinou o filme como Edward G. Muller, um nome também "americanizado". Já o astro do filme, Robert Woods, era realmente americano, nascido no Colorado. Com o cinema italiano funcionando em ritmo industrial ele foi para a Europa onde estrelou inúmeros filmes de faroeste como esse, com destaque para os sucessos "Minha Pistola Nunca Falha" e "7 Pistolas para os MacGregor". Chegou até a estrelar uma série de sucesso com o pistoleiro Pecos em filmes como "Pecos Acerta as Contas!" e "Pecos em Hong Kong", em suma o suprassumo dos filmes spaghetti daqueles tempos bem mais divertidos. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Quando os Bravos se Encontram

Título no Brasil: Quando os Bravos se Encontram
Título Original: Valdez is Coming
Ano de Produção:1971
País: Estados Unidos, Espanha
Estúdio: United Artists
Direção: Edwin Sherin
Roteiro: Roland Kibbee, David Rayfiel
Elenco: Burt Lancaster, Susan Clark, Frank Silvera, Jon Cypher
  
Sinopse:
Bob Valdez (Burt Lancaster) é um envelhecido xerife que é humilhado por um bando de malfeitores liderados por Frank Tanner (Jon Cypher). Após ser rendido pelos facínoras ele é crucificado e enviado ao deserto para morrer em agonia. Sua vingança não tardará a acontecer. Roteiro baseado no romance escrito por Elmore Leonard.

Comentários:
"Quando os Bravos se Encontram" é um exemplo perfeito da influência do Western Spaguetti dentro do cinema americano. Não deixa de ser muito curioso assistir a um filme Made in USA (feito nos Estados Unidos) tentando ser no fundo um filme de bang-bang italiano! É algo como se o produto imitado começasse a querer imitar justamente os imitadores! Confuso não? Pois é justamente o que acontece aqui. Burt Lancaster faz o Valdez do título, mas ele bem poderia se chamar Django. Um sujeito que a despeito de ter uma boa alma é forçado a partir para a brutalidade sem limites com suas armas em punho. O título original do filme ("Valdez está chegando!") é outro sinal claro de sua intenção de parecer um western spaguetti já que esses sempre tiveram títulos evocativos e exagerados do típo "Django não perdoa, Mata!" ou "Deus os cria e eu os Mato!".

E tal como Django o Valdez mata bandidos em escala industrial, um atrás do outro, sem falhas e sem balas desperdiçadas! Um primor de pontaria e sagacidade! Burt Lancaster, o velho ídolo de Hollywood, procura dar dignidade ao seu papel. É verdade que não há muito o que fazer diante de um personagem como Valdez que passa quase todo o filme apenas dizimando os inimigos no deserto. E por falar no deserto uma das melhores coisas de se ver aqui é a cena em que Lancaster vagueia pelas areias carregando uma cruz de madeira, agonizando. Essa cena pelo menos é bem marcante. Pena que o vilão Frank Tanner seja tão inexpressivo. Também pudera ele está sendo interpretado pelo canastrão Jon Cypher que não convence em momento algum. Barton Heyman se sai bem melhor como o bandoleiro El Segundo. Feio como o diabo o sujeito tem os colhões que faltam a Cypher. Em suma é isso, "Valdez is Coming" é uma cópia da cópia. Um western americano com cheiro de macarronada. O produto é esquizofrênico, mas pode divertir se você não for um fã de faroeste mais radical e purista.

Pablo Aluísio.

O Resgate de um Bandoleiro

Título no Brasil: O Resgate de um Bandoleiro
Título Original: The Tall T
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Budd Boetticher
Roteiro: Elmore Leonard, Burt Kennedy
Elenco: Randolph Scott, Richard Boone, Maureen O'Sullivan, Arthur Hunnicutt, Skip Homeier, Henry Silva
  
Sinopse:
Pat Brennan (Randolph Scott) é um pequeno fazendeiro que vai até uma cidade para comprar um touro reprodutor para seu rebanho. Na viagem de volta a diligência em que se encontra é sequestrada pelo bando de Frank Usher (Richard Boone) que exige um resgate de 50 mil dólares pela vida da jovem filha de um rico dono de minas da região, que também estava na mesma carruagem. Filme integrante da lista de obras da National Film Preservation Board.

Comentários:
Esse é mais um faroeste produzido pelo próprio ator Randolph Scott através de sua companhia Scott-Brown Productions. Além de ator popular de fitas de western, Randolph Scott também era um empresário inteligente que faturava muito bem com seus próprios filmes. Além disso, pelo fato de ser também o produtor, ele poderia opinar em todo o filme, desde a direção, cenários, figurinos, passando até mesmo pelo roteiro. Fora isso a produção também lhe colocava nas mãos o poder de escolher os demais membros do elenco, algo que Scott aproveitava para escalar amigos atores e atrizes de seu círculo pessoal. A fita é ágil, curtinha (para passar nas matinês), mas mesmo assim consegue manter bem o interesse. Enquanto estão sequestrados começa um jogo psicológico entre o mocinho Pat (Scott) e o vilão (Boone). Esse aliás é um dos pontos altos do roteiro que consegue criar bastante tensão e suspense em um filme que basicamente só seria um faroeste convencional. Grande parte do filme se passa num casebre no alto de uma colina em pleno deserto. O clima árido e hostil combina bem com o clima tenso. Curiosamente no comecinho do filme o personagem de Scott é amenizado, inclusive participando de uma pequena aposta ao montar um touro feroz. Além disso ele faz amizade com um garotinho, numa sacada do roteiro que achei ser inspirado em "Os Brutos Também Amam". Por fim, é sempre bom lembrar que "The Tall T" foi dirigido pelo mestre Budd Boetticher, um dos grandes cineastas da história do western americano. Ele e Randolph Scott trabalharam juntos em vários filmes ao longo dos anos 50, sendo alguns deles grandes clássicos do faroeste americano da época. Enfim, fica assim a recomendação para conhecer mais esse trabalho de Randolph Scott, em uma das melhores fases de sua longa filmografia.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Audazes e Malditos

Título no Brasil: Audazes e Malditos
Título Original: Sergeant Rutledge
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: John Ford
Roteiro: Willis Goldbeck baseado no romance de John Hawkins
Elenco: Jeffrey Hunter, Woody Strode, Constance Towers, Carleton Young
  
Sinopse:
Baxton Rutledge (Woody Strode) é um sargento negro do exército americano que é acusado de matar um oficial superior. Como se isso não bastasse ainda é apontado também como o assassino e estuprador de uma jovem garota. Para defendê-lo é indicado como advogado de defesa o tenente Tom Cantrell (Jeffrey Hunter). Instaurada a corte marcial todos tentarão desvendar o que realmente teria acontecido

Comentários:
"Audazes e Malditos" é mais um belo western do consagrado diretor John Ford. Geralmente filmes de cavalaria americana sempre dão bons filmes e com Ford na direção não poderia sair outro resultado. Porém o filme se diferencia dos demais que John Ford fez sobre o exército americano. Muita coisa que vemos em sua famosa trilogia da cavalaria não se repete aqui. Em "Audazes e Malditos" temos um autêntico filme de tribunal, só que obviamente passado no velho oeste. Embora haja conflitos entre soldados e Apaches (mostrados em flashbacks) a ação propriamente dita não se desenrola no meio do deserto, mas sim em depoimentos, testemunhos e evidências que são apresentadas durante a corte marcial do sargento. Para um filme assim Ford teve que convocar um bom elenco de atores. Jeffrey Hunter está muito bem no papel do tenente que tenta de todas as formas inocentar o acusado. Para falar a verdade não me recordo de nenhuma outra atuação dele tão boa quanto essa. Era sem dúvida um bom ator que ficou imortalizado não apenas no papel de Jesus Cristo em "Rei dos Reis" como também por ter sido o primeiro piloto da nave Enterprise no episódio de estreia da série "Jornada nas Estrelas" que na época foi considerada "cerebral" demais para os padrões da TV americana. Uma pena que tenha morrido tão jovem. Outro destaque é a presença de Woody Strode como o sargento negro acusado de assassinato e estupro. Sua postura é das melhores e ele mostra que era excelente ator em pequenos detalhes, no olhar, na convicção e na dignidade. Por todas essas razões recomendo "Audazes e Malditos" não apenas aos fãs de John Ford, esse genial cineasta, mas também a todos que gostam de edificantes tramas jurídicos. Um roteiro socialmente consciente que tem muito a dizer e passar com sua mensagem. Certamente não irão se arrepender.

Pablo Aluísio.

Armado Até os Dentes

Título no Brasil: Armado Até os Dentes
Título Original: Man with the Gun
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Richard Wilson
Roteiro: N.B. Stone Jr, Richard Wilson
Elenco: Robert Mitchum, Jan Sterling, Karen Sharpe, Saul Atkins, Emile Meyer, John Lupton.

Sinopse:
No filme Robert Mitchum interpreta um pistoleiro de aluguel chamado Clint Tollinge. Se auto denominando um "pacificador de cidades" ele chega na pequena Sheridan atrás da mãe de sua pequena filha. Ao chegar no local acaba descobrindo que a cidade está sendo ameaçada e extorquida pelo bando de um rancheiro que quase nunca vai lá, mas que barbariza com quem se atreve a cruzar seu caminho. Colocando seus serviços à disposição do povo local, Clint logo é escolhido como auxiliar do xerife para colocar ordem no caos reinante.

Comentários:
Eficiente Western B que tem um roteiro tão redondinho que me deixou surpreso. A United Artists era controlada por artistas, atores e profissionais do cinema. Fundada ainda na época do cinema mudo, a companhia procurava inovar em suas produções. Infelizmente depois de vários anos em crise o estúdio precisou procurar por filmes mais comerciais, que trouxessem bilheteria sem muitos custos. O gênero faroeste assim se mostrou adequado pois era relativamente barato rodar um western e sua popularidade sempre garantia o retorno de um bom lucro para a empresa. Além disso sempre era um bom negócio rodar uma fita com o popular Robert Mitchum. Embora filmes noir fossem sua especialidade ele também se saia muito bem em filmes de bangue-bangue. Além dele o elenco de apoio também é muito bom.  O interessante aqui é que o vilão (e obeso mórbido) Dade Hollman só aparece nos cinco minutos finais, o que demonstra que o roteiro joga bastante com sua onipresença na região, embora praticamente não apareça em cena. O elenco é muito bom. Robert Mitchum compõe um tipo que curiosamente seria repetido por outro Clint, o Eastwood, em seus filmes. Caladão, durão, cara de poucos amigos, ele logo impõe respeito por sua perícia e velocidade no gatilho. O elenco feminino é todo formado por beldades e starlets da época. Como o enredo mostra um grupo de dançarinas de cabaret a fartura de mulheres bonitas é alta no filme, com destaque para Karen Sharpe, jovem e estreante no cinema. Esse foi o primeiro filme do diretor Richard Wilson. Embora estreante nas telas se saiu muito bem pois consegue imprimir ação e tensão nas medidas certas. Curiosamente ele iria dirigir poucos filmes em sua carreira, preferindo exercer a função de produtor anos depois. Enfim, recomendo "Armado Até os Dentes" para os fãs de western. É um filme rápido, bem atuado e com roteiro bem construído.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de maio de 2018

Drácula (1979)

A primeira vez que assisti a esse Drácula foi nos anos 80, no Supercine da Globo. Já naquela ocasião percebi que se tratava de um grande filme. Recentemente porém o filme foi relançado em DVD nos Estados Unidos e decidi rever novamente. O tempo só lhe fez justiça. Digo, sem medo de errar, que esse é certamente um dos melhores filmes sobre o lendário Conde criado por Bram Stoker. Claro que o filme de Francis Ford Coppola segue sendo até hoje a melhor adaptação do romance vampiresco para o cinema. Isso porem não tira os méritos dessa outra excelente produção que foi assinada pelo ótimo John Badham. De fato foi um dos primeiros filmes a seguirem de perto o livro original. Embora a trama tenha sido enxugada um pouco, o enredo segue praticamente o mesmo criado por Stoker.

Quando o filme começa já vemos Drácula desembargando numa Londres escura, cheia de nevoeiros e clima sombrio. O ideal para esse tipo de história. Aliás tiro o chapéu para a equipe que foi responsável pela direção de arte, figurinos, maquiagem e reconstituição histórica da produção, porque está simplesmente perfeita. Some a isso o excelente elenco e você terá uma pequena obra prima em mãos. Frank Langella como Drácula é uma combinação perfeita. Penso até que o ator teria ter voltado ao personagem em novos filmes. Seu estilo pessoal, dicção e modo de comportamento em tudo combina com o Conde da Transilvânia. Em pleno anos 70 ele conseguiu dar uma certa modernizada no personagem, com trejeitos e figurinos mais de acordo com a época, como também conseguiu respeitar a tradição do Conde da literatura. Não foi algo fácil de fazer. O mesmo vale para o veterano Laurence Olivier como seu opositor, o Dr. Van Helsing. Em suma, é um filmão de terror que deixaria orgulhoso o próprio Bram Stoker em pessoa! Nunca assistiu?! Não vá perder mais tempo e corra para conferir.

Drácula (Drácula, EUA, 1979) Direção de John Badham / Roteiro: Hamilton Deane baseado na obra de Bram Stoker / Com Frank Langella, Laurence Olivier, Donald Pleasence / Sinopse: Conde romeno de nome Drácula (Frank Langella) chega na vitoriana Londres para adquirir uma nova propriedade na cidade. Nesse momento conhece a linda Mina, filha do renomado Dr Van Helsing e sua amiga Lucy, jovem namorada de seu procurador. A aproximação se tornará irresistível para o vampiro da noite. .

Pablo Aluísio.

Drácula (1979) - Curiosidades

Drácula (1979) - Curiosidades
1. Frank Langella decidiu que não iria usar presas para o personagem. Dessa forma seguiu a tradição de Bela Lugosi que também nunca chegou a usar esse tipo de artifício para interpretar o papel. Para Frank Langella essa decisão foi uma espécie de homenagem para o legado de Lugosi.

2. O personagem do Professor Abraham Van Helsing foi oferecido primeiramente a Donald Pleasence. mas depois a escolha do elenco foi mudada pelo estúdio, com o caçador de vampiros sendo oferecido a Laurence Olivier. Donald acabou interpretando o Dr. Jack Seward.

3. Frank Langella exigiu duas condições em seu contrato para interpretar Drácula. A primeira é que ele não daria entrevistas e nem faria aparições públicas para promover o filme, pois sempre odiara a parte publicitária do lançamento de filmes em Hollywood. A segunda é que Drácula jamais apareceria com sangue escorrendo ou pingando de sua boca. Esse tipo de cena foi considerada apelativa demais pelo ator e deveria ser retirada do roteiro. O estúdio acabou aceitando suas condições.

4. O diretor John Badham queria rodar o filme em preto e branco, mas sua proposta foi rejeitada pelo estúdio por ser pouco comercial. Ele então decidiu que o filme teria uma paleta de cores básica, com tons escuros em cinza e preto. Também procurou estudar antigas fotografias de encenações de Drácula em teatros de Londres. Ele quis recriar aquela cenografia e presença de palco dos atores no filme.

5. Frank Langella voltaria a interpretar Drácula, mas não no cinema e sim no teatro. A peça na Broadway foi um grande sucesso de público e crítica. Sobre o personagem o ator explicou: "Eu sempre o interpretei não como um monstro sedento de sangue, mas como um nobre, um homem elegante com um problema pessoal muito único e distinto. Ele é um imortal, mas precisa pagar um enorme preço por isso, com sangue das pessoas inocentes. Ele precisa do sangue humano para viver. Fora isso é uma criatura muito fina e sofisticada".

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

O Alienista

Achei apenas interessante. Obviamente não há como julgar apenas por um episódio, até porque é apenas o primeiro episódio, porém minha impressão inicial foi justamente essa. O cenário é uma Nova Iorque que parece a Londres dos tempos de Jack, o Estripador, com suas ruas cheias de miséria, muito nevoeiro e corpos esquartejados! Pois é, apesar de Jack ter sido um assassino inglês, aqui os roteiristas deram um jeito de transferir esse mundo de crimes horrendos para Nova Iorque. O protagonista é um especialista em mentes doentias, que naquela época se denominava alienista. Não havia ainda um ciência da criminologia e nem da medicina forense para estudar a mente dos assassinos em série. Era tudo muito novo e inexplorado. Os policiais simplesmente iam até o lugar do crime e procuravam por pistas deixadas no lugar da morte. Só isso. Não estavam ainda preparados para entrarem nas mentes dos criminosos.

No caso desse primeiro episódio temos a morte de um garoto, um menino que era explorado por gigolôs para ser abusado sexualmente por pedófilos ricos. Barra pesada. Pois bem, o corpo do menino está esquartejado, no alto de uma construção, com órgãos dilacerados e outros faltando, pois foram retirados de seu corpo. ADakota Fanning tem também uma personagem bem central, a primeira mulher a trabalhar no departamento de polícia da cidade. No começo ela não vai muito com a cara do alienista, mas depois topa ajudá-lo nas investigações, nem que seja para aprender mais essa nova arte de investigação que nascia justamente naquela época. No quadro geral ainda é cedo para dizer se a série é realmente boa, afinal só vi o primeiro episódio. Porém uma coisa posso garantir: tem uma excelente produção, com roteiro bem escrito e reconstituição histórica de primeira. Já é um bom começo. Vou assistir mais alguns episódios para ver se tomo gosto pela série.

The Alienist (Estados Unidos, 2018) Direção: Jakob Verbruggen / Roteiro: Hossein Amini, baseado no livro escrito por Caleb Carr / Elenco: Daniel Brühl, Dakota Fanning, Luke Evans, Brian Geraghty / Sinopse: Primeiro episódio da nova série "The Alienist", intitulado de "The Boy on the Bridge". No enredo um garoto é encontrado morto no alto de uma construção em Nova Iorque. Ele foi assassinado com requintes de crueldade. Para descobrir a identidade do assassino entra em cena o psiquiatra Laszlo Kreizler (Daniel Brühl) que vai procurar entender a mente do psicopata que cometeu o crime.

Episódios Comentados: 

The Alienist 1.03 - Silver Smile  
Na época em que essa série se passa havia um termo chamado "Alienista" para designar os médicos que cuidavam dos doentes mentais. Esses eram conhecidos como alienados, da expressão "alienados de si mesmos". Pois bem, essa série segue em frente. Depois de uma longa pausa recomecei a assistir.  O mote principal segue sendo a morte de vários jovens, adolescentes, garotos de programas que se vestem de mulheres para atender clientes ricos e influentes dentro da sociedade de Nova Iorque (obviamente todos homossexuais e pedófilos). É a velha hipocrisia, gente da alta classe que desce até a sarjeta para satisfazer seus desejos mais impublicáveis. Essa série tem uma direção de arte muito boa, valorizada pelos figurinos de época e o clima meio sufocante da virada do fim do século XIX para o nascimento do século XX. Entre o elenco eu destaco a presença de Dakota Fanning. Não tão bonita como sua irmã mais jovem, a Elle, ela mantém o interesse, até porque sua personagem é uma mulher daquele tempo que tenta ter uma profissão (um escândalo) e mais escandaloso do que isso na polícia, no setor de investigação de homicídios. Por fim no roteiro desse episódio temos a exposição de como homens ricos e poderosos na sociedade manipulavam até mesmo a polícia para manter tudo devidamente debaixo dos panos. É a velha hipocrisia reinando, ontem, hoje e pelo visto, sempre. / The Alienist 1.03 - Silver Smile (Estados Unidos, 2018) Direção: Jakob Verbruggen / Roteiro: by), Gina Gionfriddo, baseada no livro escrito por Caleb Carr / Elenco: Dakota Fanning, Daniel Brühl, Luke Evans, Brian Geraghty.

The Alienist 1.04 - These Bloody Thoughts
Aos poucos os investigadores vão chegando perto do assassino pedófilo que está agindo na cidade. Algumas características dele já ficam claras. Ele tem dentes prateados. É conhecido entre os menores que contrata para fazer sexo como "O Santo". É um sujeito de classe, se veste bem e é considerado um cliente simpático. Só que por parte de tudo isso se esconde um serial killer perigoso que mata jovens. Ele então decide desafiar os policiais e manda uma carta para o departamento de investigação. Suprema ousadia. Nela ele desafia os investigadores e revelam mais alguns detalhes escabrosos, entre eles o de que ele gosta de canibalismo humano! Com isso o seu lado psicopata fica mais do que bem evidenciado. / The Alienist 1.04 - These Bloody Thoughts (Estados Unidos, 2018) Direção: James Hawes / Roteiro: Caleb Carr, Gina Gionfriddo / Elenco: Daniel Brühl, Luke Evans, Brian Geraghty.

The Alienist 1.05 - Hildebrandt's Starling
Conforme as investigações avançam os policiais finalmente chegam em um suspeito. Ele tem várias características que tinham sido descritas por testemunhas. Uma delas seus dentes, azuis! O problema é que o suspeito é filho de uma rica e tradicional família da cidade. Algo que deixa o comissário de polícia preocupado. Pior do que isso, ele sofre todos os tipos de pressões para abafar o caso. Até o prefeito parece estar envolvido nesse jogo de esconder tudo da opinião pública. Só há um problema. O alienista acredita que o suspeito não é o verdadeiro assassino. Que esse teria sido um garoto pobre que foi abusado sexualmente na infância e que por isso, agora, já adulto, procurava por uma espécie de vingança tardia pelos crimes que havia sofrido. Uma tese no mínimo interessante. / The Alienist 1.05 - Hildebrandt's Starling (Estados Unidos, 2018) Direção: James Hawes / Roteiro: Caleb Carr, Gina Gionfriddo / Elenco: Daniel Brühl, Luke Evans, Brian Geraghty.

The Alienist 1.07 - Many Sainted Men  
O serial killer, o assassino, não era quem todos estavam pensando. Na realidade uma pequena pista muda o rumo das investigações. Depois de sete jovens mortos se descobre que a última vítima teve o escalpo arrancado pelo criminoso. Ora, arrancar escalpos era algo comum no velho oeste, na guerra contra os nativos. Conforme as investigações avançam eles descobrem o nome de um homem que foi soldado, do exército, e lutou nas batalhas do oeste selvagem. E ele ficou insano depois que retornou. O perfil ideal de um assassino em série. Agora resta achar esse homem de todas as formas. / The Alienist 1.07 - Many Sainted Men (Estados Unidos, 2018) Direção: Paco Cabezas / Roteiro: John Sayles / Elenco: Daniel Brühl, Dakota Fanning, Luke Evans, Brian Geraghty.

The Alienist 1.08 - Psychopathia Sexualis
A pista que surgiu foi importante. O serial killer tirava o escalpo de suas vítimas. Isso levou a investigação para outro rumo. O alienista parte então para uma pequena cidade do interior do oeste, onde seu suspeito poderia estar morando. Ele foi veterano do exército, participou das guerras contra os nativos. Provavelmente exposto a cenas horríveis de morte e tortura, acabou enlouquecendo. Nesse episódio os dois investigadores vão parar numa velha fazenda. Lá encontram um parente do suspeito, seu filho. Ele já estaria morto, após um crime envolvendo uma criança. Pelo visto o tal sujeito era também um pedófilo perigoso. Na parte final do episodio a carruagem dos dois é atacada a tiros. Os cavalos se assustam e eles caem ponte abaixo. Pelo visto há mais alguém que tenta encobrir os crimes que aconteceram. / The Alienist 1.08 - Psychopathia Sexualis (Estados Unidos, 2018) Direção: David Petrarca / Roteiro: Caleb Carr, John Sayles / Elenco: Daniel Brühl, Luke Evans, Brian Geraghty. 

The Alienist 1.09 - Requiem
A série vai ficando mais interessante em seus episódios finais. Aqui finalmente chegamos muito próximo do serial killer verdadeiro. Grande parte dos suspeitos dessa primeira temporada não se revelaram críveis. Quem acabou despertando a maior suspeita dos investigadores foi um chamado John Beecham, um sujeito esquisito, com deformação facial que chegou a trabalhar no censo de Nova Iorque, mas depois que foi demitido sumiu nas vielas e ruelas da cidade em seus bairros mais miseráveis. No final desse episódio ele ataca um jovem na piscina pública. Estripa o rapaz, enquanto outro corre com pavor para um dos armários onde se esconde. É véspera de feriado, dia de santo católico, onde ele geralmente faz suas vítimas. O episódio foi tão bom que me animou agora a ver o último episódio com maior interesse. / The Alienist 1.09 - Requiem (Estados Unidos, 2018) Direção: Jamie Payne / Roteiro: Caleb Carr / Elenco: Daniel Brühl, Dakota Fanning, Luke Evans, Brian Geraghty. 

The Alienist 1.10 - Castle in the Sky
Episódio final dessa temporada. Aqui o assassino é localizado na rede de esgotos subterrânea da cidade de Nova Iorque. Ele levou um garoto até lá, o mesmo que encontrou escondido dentro do armário na piscina pública. Acaba sendo descoberto e baleado em suas costas nuas. Um final justo para um serial killer como ele. E assim se encerra a temporada, com o alienista Laszlo Kreizler dissecando o cérebro do assassino para ver se havia algo de diferente em sua anatomia. Não havia. Era um cérebro perfeitamente normal e sadio. Então como justificar as mortes dos jovens garotos? Não há respostas definitivas. Essa série, agora concluindo minha análise, tem ótima produção, reconstituição perfeita de época e um elenco muito bom. Porém ao mesmo tempo alguns episódios soaram bem arrastados, com excesso de personagens secundários que no final da trama não fizeram diferença nenhuma. Eu não desgostei da série, mas ao mesmo tempo ela não me animou, não me empolgou. Alguns episódios foram bem cansativos. Terminada a primeira temporada sinceramente não me animo muito para ver a segunda. Provavelmente irei parar por aqui mesmo. Está de bom tamanho. / The Alienist 1.10 - Castle in the Sky (Estados Unidos, 2018) Direção: Jamie Payne / Roteiro: Caleb Carr, Cary Joji Fukunaga / Elenco: Daniel Brühl, Luke Evans, Brian Geraghty, Dakota Fanning.

Pablo Aluísio. 

Maria Antonieta

Atualmente estou lendo a biografia de Maria Antonieta escrita pelo autor Stefan Zweig. Pegando embalo na leitura tenho visto alguns filmes sobre a rainha francesa. Assim já conferi (e publiquei resenhas) sobre os filmes "Maria Antonieta", produção franco-canadense de 2006 e "Adeus, Minha Rainha" de 2012. Nenhum dos dois filmes são particularmente maravilhosos ou especiais, mas cada um, ao seu modo, resgata aspectos interessantes da última rainha da França. A história dela, por si mesma, já é muito interessante. Ela era uma das filhas caçulas da imperatriz austríaca Maria Thereza. Tentando manter um estado de paz com a França, depois de anos de guerras sangrentas, ela acabou arranjando um casamento entre Maria Antonieta e o futuro rei da França, Luís XVI.

Eles eram apenas adolescentes quando isso aconteceu (Maria Antonieta tinha apenas 14 anos de idade) e por essa razão o casamento arranjado, pelo menos em seus primeiros anos, foi um desastre completo. Depois houve o problema de Estado (sim, de Estado!) quando o rei não conseguiu consumar seu casamento. Ele não conseguia ter relações sexuais com ela. Ter um filho era imperativo para continuar a monarquia. Só depois de sete anos de tentativas frustradas é que finalmente nasceu um herdeiro para o trono. A vida de Maria Antonieta foi trágica porque ela, como todos sabemos, foi guilhotinada pelos radicais da Revolução Francesa. Sua vida glamorosa e cheia de excessos (ela foi considerada a primeira "fashionista" da história) causou uma revolta entre o povo francês, que na época, estava passando fome, em completa miséria. A rainha também tinha cabecinha de vento, não se importava com os assuntos do reino, procurando apenas se inteirar da última moda, para a criação de vestidos e roupas cada vez mais extravagantes. Daqui alguns dias pretendo rever a mais recente versão sobre a história de Maria Antonieta, um filme que já assisti, mas que agora pretendo rever com olhos mais críticos e atentos.

Maria Antonieta (Marie Antoinette, Estados Unidos, 2006) Direção: Sofia Coppola / Roteiro: Sofia Coppola / Elenco: Kirsten Dunst, Jason Schwartzman, Rip Torn / Sinopse: Em uma visão moderna o filme conta a história da rainha da França Maria Antonieta, a diva da moda de sua época, executada pela Revolução Francesa.  Filme vencedor do Oscar na categoria de melhor figurino.

Pablo Aluísio.

domingo, 13 de maio de 2018

Pantera Negra

A Marvel jamais imaginaria que esse filme iria fazer tanto sucesso! Pois é, em números atuais a versão cinematográfica do Pantera Negra já faturou mais de 1 bilhão de dólares em todo o mundo! Um número realmente espetacular sob qualquer ponto de vista. E pensar que esse filme quase não foi feito porque os produtores achavam que o Pantera Negra era um personagem muito secundário no mundo dos quadrinhos. Os executivos acreditavam que ele nem teria fãs para recuperar o investimento nas salas de cinema. Não seria melhor procurar por outro personagem com um pouquinho mais de fama?  De fato ele nunca foi do time de ponta da editora, inclusive não tendo nem publicação própria - algo que certamente mudará daqui em diante com o sucesso do filme nas bilheterias.

Deixando de lado o aspecto puramente comercial do filme, temos aqui mais um bom filme com o selo Marvel de qualidade. É curioso que um personagem que sempre foi relegado nos quadrinhos tenha um universo tão amplo e desenvolvido a ponto de ter material para os roteiristas trabalharem bem, não apenas na realização de um primeiro filme, mas de todo uma nova franquia cinematográfica que irá surgir nos próximos anos. Esse aspecto deu origem a um bom roteiro, que abre e fecha muito bem o enredo, mesclando passado e presente com criatividade e inteligência. Além do mais o estúdio teve a oportunidade de desenvolver uma direção de arte baseada na cultura africana, com todas as suas cores fortes e artesanato nativo, trazendo um visual todo próprio ao filme. Em suma, é um dos melhores trabalhos da Marvel no cinema. Só espero que o estúdio mantenha o mesmo nível daqui em diante. Nada de saturar ou banalizar essa nova franquia que nasce. Assim torcemos pelo melhor nos próximos filmes.

Pantera Negra (Black Panther, Estados Unidos, 2018) Direção: Ryan Coogler / Roteiro: Ryan Coogler, Joe Robert Cole / Elenco: Chadwick Boseman, Michael B. Jordan, Lupita Nyong'o / Sinopse: Após a morte de seu velho pai, T'Challa (Chadwick Boseman) se torna o herdeiro do manto do Pantera Negra. Também se torna o sucessor do trono, se tornando rei de Wakanda. Antes disso porém precisa provar seu valor como homem e como guerreiro, enfrentando um novo desafio, seu próprio primo que, abandonado nos Estados Unidos muitos anos atrás, retorna para reclamar seu direito ao trono de sua nação.

Pablo Aluísio.

Pantera Negra - Curiosidades

Pantera Negra - Curiosidades
1. O personagem do Pantera Negra foi criado pela dupla Stan Lee e Jack Kirby em 1966. Lee criou o conceito e os roteiros das primeiras estórias. Kirby desenhou o personagem, usando sua própria criatividade. A primeira vez que o Pantera Negra foi publicado foi numa revista do Quarteto Fantástico intitulada "The Fantastic Four #52" em julho de 1966.

2. O filme custou 200 milhões de dólares - uma produção cara. A Marvel estava porém jogando com expectativas de lucro mais baixas. Para o estúdio o filme seria um grande sucesso se recuperasse duas vezes seu orçamento nas bilheterias. Todos foram surpreendidos quando "Pantera Negra" rompeu a barreira do 1 bilhão de dólares em caixa. Um resultado comercial espetacular.

3. O filme conta com um elenco secundário (coadjuvante) todo contratado entre as grandes escolas de atuação dos Estados Unidos, em especial da universidade de Yale. Os produtores fizeram testes por quase todo o país, focando obviamente em profissionais negros para atuarem nos demais personagens do filme.A iniciativa foi aplaudida pela imprensa dos Estados Unidos.

4. O Pantera Negra surgiu quando Stan Lee tomou conhecimento dos movimentos sociais em prol da luta dos negros americanos por seus direitos civis, durante a década de 1960. Um dos grupos mais famosos era chamado justamente de Panteras Negras. Um dos símbolos desse grupo era o punho cerrado levantado. Gesto que foi repetido por atletas negros americanos em pódios nas Olimpíadas.

5. Para um filme com grande orçamento, "Pantera Negra" surpreendeu por contar com apenas dois roteiristas, Joe Robert Cole e o próprio diretor Ryan Coogler. O normal é filmes com esse tipo de produção contar com equipes de roteiristas, em números que variam de oito até doze profissionais. O diretor decidiu que isso não aconteceria em seu filme, para que o roteiro se mostrasse mais coeso, sem problemas de narração e desenvolvimento do enredo.

Pablo Aluísio.