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terça-feira, 8 de novembro de 2022

Seminole

Rock Hudson não fez muitos filmes de western ao longo de sua carreira. Se formos analisar bem sua filmografia logo perceberemos que ele sempre foi um ator de dramas e depois de comédias românticas, como os grandes sucessos de bilheteria que filmou ao lado da atriz e cantora Doris Day. Isso porém não significa que não foi para o velho oeste nas telas. Claro que fez filmes no estilo, ainda mais na época em que os filmes de faroeste eram extremamente populares. Aqui ele volta à boa forma. Na trama um tenente do exército americano chamado Lance Caldwelll (Rock Hudson) chega em distante forte militar situado nos pântanos da Flórida. Sua guarnição tem a missão de pacificar o local, destruindo e capturando um bando de índios renegados da tribo Seminole liderados pelo rebelde chefe conhecido como Osceola (Anthony Quinn).

O argumento do filme é baseado em fatos reais. A tribo Seminole realmente lutou contra o exército americano na Flórida. O grande chefe Osceola também é um personagem real. Já o tenente Lance Cadwell (Rock Hudson) é totalmente fictício. O desfecho do filme também não condiz com a realidade dos fatos. O chefe Osceola não morreu conforme vemos na tela. Apesar disso e do fato de existir outros erros históricos no roteiro, não há como negar que "Seminole" é um western muito bom. Seus méritos surgem logo no começo do filme com uma curiosa inversão de valores - algo realmente raro na década de 1950. Aqui os índios não são vilões carniceiros e nem os soldados americanos são heróis virtuosos. Pelo contrário, o que vemos no roteiro é uma civilização tentando manter seus hábitos e costumes, seu estilo de vida, em vista da invasão do homem branco. Já era um sinal de mudança dos filmes retratando esse período histórico dos Estados Unidos. A mentalidade começava a mudar, mesmo que aos poucos.

Outra questão importante: o mais alto oficial americano na estória é simplesmente um sujeito antipático, que toma as decisões erradas. Em um grande trabalho de caracterização, o ator Richard Carlson compõe um major totalmente fora de controle, megalomaníaco e até mesmo psicótico em certos momentos. Assistindo ao filme, vendo as tropas atoladas no pântano da Flórida, me lembrei daquela frase que diz: "Não existe situação mais grave do que a de ser comandado por um idiota". É isso o que vemos aqui - uma tropa liderada por um completo inepto. Outro aspecto curioso do filme é o fato dele se passar na Flórida, no meio pantanoso, bem diferente dos faroestes que estamos acostumados a assistir, em longas planícies do deserto no oeste selvagem. Enfim, gostei bastante de "Seminole", um filme com pequenos erros históricos certamente, mas socialmente muito consciente. Um parente distante de produções como "Dança com Lobos" onde a questão do nativo americano foi tratada com respeito e seriedade.

Seminole (Seminole, Estados Unidos, 1953) Direção: Budd Boetticher / Roteiro: Charles K. Peck Jr. / Elenco: Rock Hudson, Anthony Quinn, Richard Carlson, Barbara Hale / Sinopse: Um tenente do exército americano é enviado para um forte localizado na Flórida. A região é constantemente fonte de tensão pois os nativos americanos não aceitam a presença do homem branco em suas terras ancestrais.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 19 de julho de 2022

Entardecer Sangrento

“Entardecer Sangrento” é um filme sobre vingança. O personagem de Randolph Scott, Bart Allison, chega numa pequena cidade do oeste americano justamente para saciar sua sede de justiça. Ele acredita que Tate Kimbrough (John Carroll) seja o responsável pela morte de sua esposa três anos antes. O problema é que embora tenha suspeitas sobre isso ele não consegue chegar na certeza absoluta. De qualquer modo tentará levar Tate para um acerto de contas final. “Entardecer Sangrento” é mais uma bem sucedida parceria entre o ator Randolph Scott e o diretor de westerns Budd Boetticher. Juntos realizaram filmes eficientes, econômicos e com roteiros bem trabalhados que faziam grande sucesso de bilheteria, principalmente nas matines. Esse aqui não foge a essa fórmula.  Para Randolph Scott as filmagens trouxeram algo de novo. Há tempos que ele vinha nutrindo um desejo de se tornar diretor algum dia (algo que ele não levaria adiante pois se aposentaria em breve). De qualquer modo em “Entardecer Sangrento” ele resolveu também trabalhar como uma espécie de diretor assistente para Budd Boetticher, para aprender as técnicas da profissão de cineasta. 

Assim durante todas as filmagens Scott intercalou seu trabalho como ator com a de diretor de segunda unidade. Ele se mostrou bem empolgado pela possibilidade de um dia vir a assumir a direção de algum de seus filmes. Produtor ele já havia se tornado pois seus faroestes estavam sendo bancados por ele próprio (produziu 14 de seus filmes). Por que Scott não levou adiante seus planos? O que parece ter acontecido é que ele ficou tão rico com seus westerns que em determinado momento da vida simplesmente deixou isso de lado, preferindo mesmo se dedicar a uma doce e tranqüila aposentadoria, jogando golf e levando uma vida mais calma e sossegada.  Quem pode dizer que o velho Scott não estava certo?

Entardecer Sangrento (Decision at Sundown, Estados Unidos,1957) Direção: Budd Boetticher / Roteiro: Charles Lang, Vernon L. Fluharty / Elenco: Randolph Scott, John Carroll, Karen Steele / Sinopse: Bart Allison (Randolph Scott) chega numa pequena cidade do oeste americano justamente para saciar sua sede de justiça. Ele acredita que Tate Kimbrough (John Carroll) seja o responsável pela morte de sua esposa três anos antes. O problema é que embora tenha suspeitas sobre isso ele não consegue chegar na certeza absoluta. De qualquer modo tentará levar Tate para um acerto de contas final.

Pablo Aluísio.

sábado, 17 de outubro de 2020

Um Homem de Coragem

A guerra civil americana chegou em um grande impasse no ano de 1864. Nem as tropas da União conseguiam grandes avanços e nem os exércitos confederados alcançavam grandes vitórias. Tudo parecia estagnado, uma luta sangrenta, com muitas vitimas, mas sem nenhum resultado para ambos os lados. No fundo o que determinaria a vitória seria o poder econômico e esse, naqueles dias, era representado pelo ouro. Para garantir o transporte desse metal vital para o esforço de guerra as tropas de Lincoln tinham que atravessar territórios hostis dominados por rebeldes e renegados. Para tornar seguro e eficiente o envio do ouro da Califórnia para o front de batalha, o exército designa então o Capitão John Hayes (Randolph Scott) para comandar e coordenar esse transporte. Assim começa o  western “Westbound” (seu título original em inglês), que no Brasil foi intitulado “Um Homem de Coragem”. É mais uma bem sucedida parceria entre o ator Randolph Scott e o diretor Budd Boetticher. O filme é bem curto – apenas 68 minutos – mas o diretor repete uma de suas características mais marcantes, a habilidade em contar uma boa estória sem exageros ou desperdício. Tudo se encaixa perfeitamente, mesmo em um filme de tão pouca duração.
   
Curiosamente ao contrário que aconteceu em outros filmes da dupla, esse não foi produzido por Randolph Scott. Na realidade temos aqui uma produção da Warner que resolveu bancar mais um filme com o astro dos faroestes, que demonstrou mais uma vez estar em ótima forma. Budd Boetticher investe em um roteiro muito bem escrito que explora um momento chave da história americana. O filme assim conta a história de uma complicada situação de um enviado do exército da União para uma região onde o povo apoiava as tropas rebeldes da Confederação.

Esse tipo de história já resultaria em um excelente western, mas o roteiro vai além e não se contenta em mostrar apenas isso, investindo também em intrigas, traições e até romance – pois o personagem de Scott volta para uma cidade onde seu antigo amor do passado mora (personagem interpretado pela atriz Virginia Mayo). Para piorar ela se tornou esposa do manda chuva local, um rico e poderoso empresário e fazendeiro que abraça os valores sulistas com ardor impressionante. Outro ponto digno de nota são as boas cenas de ação, marca registrada do cinema sempre ágil e eficiente de Budd Boetticher. Há um ataque a uma diligência com ouro extremamente bem realizada, provando o apuro técnico do cineasta. Enfim, “Um Homem de Coragem” é mais outro excelente momento na filmografia do astro do faroeste Randolph Scott.

Um Homem de Coragem (Westbound, Estados Unidos, 1959) Direção: Budd Boetticher / Roteiro: Berne Giler / Elenco: Randolph Scott, Virginia Mayo, Karen Steele, Michael Dante, Andrew Duggan / Sinopse: Capitão do exército da União é enviado para o oeste com o objetivo de garantir a segurança do transporte de ouro da Califórnia até o front de batalha durante a Guerra Civil Americana. O problema é que nessa viagem ele estará cercado de inimigos por todos os lados.

Pablo Aluísio. 

sábado, 11 de maio de 2019

O Último Duelo

Título no Brasil: O Último Duelo
Título Original: The Cimarron Kid
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Budd Boetticher
Roteiro: Louis Stevens
Elenco: Audie Murphy, Beverly Tyler, James Best
  
Sinopse:
Bill Doolin (Audie Murphy) é um jovem acusado injustamente de roubo por funcionários corruptos da estrada de ferro. Revoltado pelas falsas acusações e perseguido por homens da lei, ele não vê outra alternativa a não ser se juntar à quadrilha dos Daltons, velhos amigos de longa data. Como pistoleiro acaba adotando o nome de The Cimarron Kid. Em pouco tempo sua destreza no gatilho o torna um nome conhecido. O problema é que outro membro de sua própria gangue resolve lhe trair, o que o deixa em uma situação delicada. Fugitivo, ele sonha em se esconder em algum país da América do Sul ou no México para tentar recomeçar sua vida ao lado da mulher que ama.

Comentários:
Budd Boetticher foi um dos mestres do western americano nos anos 1950. Dono de um estilo muito eficiente de rodar filmes baratos, mas bem cuidados, Boetticher conseguiu o reconhecimento dos fãs do gênero. Ao longo de várias décadas trabalhou ao lado de grandes nomes do faroeste como Randolph Scott. Aqui ele dirigiu outro astro dos filmes de bang bang, o veterano da Segunda Guerra Mundial Audie Murphy. As portas de Hollywood foram abertas porque ele foi um herói de guerra, o militar mais condecorado desse conflito sangrento que varreu o mundo na década de 1940. De volta à vida civil viu no cinema uma oportunidade de fazer carreira e contou com a sorte de ser dirigido por grandes cineastas como o próprio Budd Boetticher. Ao longo dos anos a Universal o escalou para uma série de filmes de western, sendo algumas produções B, que tinham como objetivo testar sua força nas bilheterias. Depois de interpretar Jesse James em "Cavaleiros da Bandeira Negra" e ter um belo sucesso com "A Glória de um Covarde" o estúdio finalmente se convenceu que tinha um astro em mãos. Assim "O Último Duelo" só confirmaria ainda mais a estrela de Murphy. Um bom western que realmente não fica nada a dever aos bons faroestes de sua época.

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de abril de 2019

Sangue Por Sangue

Um interessante western que reúne dois grandes nomes do faroeste americano da década de 1950: o ator Glenn Ford e o diretor Budd Boetticher, esse último mais conhecido por sua bem sucedida parceria ao lado do ator e produtor Randolph Scott. Nesse “Sangue Por Sangue” (também conhecido como “O Homem do Álamo” pois foi exibido com esse título na TV algumas vezes) acompanhamos a estória de John Stroud (Glenn Ford) que pouco antes da queda do forte Álamo resolve voltar para sua casa com o objetivo de ver se estava tudo bem com sua família. Durante sua ausência porém o Álamo é finalmente invadido e destruído pelo inimigo o que acaba criando um estigma ruim para Stroud.

Sua saída do Álamo acaba sendo entendida como covardia pelos familiares dos militares mortos na batalha, pois na visão deles Stroud deveria ter permanecido no forte, lutando até o fim e morrendo bravamente como todos os demais homens daquela guarnição militar em guerra contra as tropas mexicanas. O diretor Budd Boetticher preferiu aqui não focar o filme na luta travada no Álamo (John Wayne faria isso depois) e sim nos eventos posteriores aos acontecimentos históricos, mostrando a luta de Stroud (Ford) para recuperar sua reputação abalada. Sua chance de se redimir acaba surgindo justamente quando ajuda uma caravana de refugiados do conflito a atravessar uma perigosa região do deserto texano infestada de bandoleiros e tribos indígenas hostis.

O roteiro é simples e Budd Boetticher tenta tirar o melhor proveito da modesta produção que lhe foi disponibilizada pela Universal. Para isso ele não hesita em usar novamente seu talento em realizar filmes rápidos mas muito eficientes. Como já escrevi aqui antes não havia qualquer desperdício nos filmes de Budd – ele contava tudo com extrema economia e compensava essa situação com filmes extremamente eficientes em seu resultado final. O ponto alto do filme, por exemplo, mostra bem essa característica do diretor. De posse de poucos recursos ele promove na tela uma excelente perseguição de bandidos contra oito diligências de refugiados da guerra no meio do deserto.

Emparelhadas quatro a quatro os antigos meios de transporte de madeira descem por um imenso vale numa velocidade incrível. Um pico de adrenalina no filme, em uma cena extremamente bem realizada. Outro destaque dessa produção é seu elenco, que além de Glenn Ford ainda conta com Julie Adams, veterana do cinema e TV que até hoje está na ativa com quase 90 anos! Em suma, “Sangue Por Sangue”, apesar de não ser dos melhores filmes dirigidos por Budd Boetticher, mantém todas as características do cinema viril do cineasta. Ação, roteiro enxuto e cenas impactantes. Vale a indicação.

Sangue Por Sangue / O Homem do Álamo (The Man From Alamo, EUA, 1953) Direção: Budd Boetticher / Roteiro: Steve Fisher, D.D. Beauchamp, Niven Busch, Oliver Crawford / Elenco: Glenn Ford, Julie Adams, Victor Jory, Guy Williams / Sinopse: Após sair do forte Álamo poucas horas antes dele cair definitivamente diante de tropas mexicanas inimigas, John Stroud (Glenn Ford) tenta recuperar sua reputação pessoal, pois passa a ser considerado um covarde pelos familiares dos militares mortos na famosa fortificação.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Sete Homens Sem Destino

Ben Strike (Randolph Scott) é um ex xerife que parte em busca da captura de sete ladrões de bancos que durante um assalto acabaram matando sua esposa. Durante sua jornada pelo deserto do Alabama acaba encontrando um jovem casal que tenta chegar ao oeste selvagem. O que Strike não sabe é que de uma forma ou outra todos os acontecimentos estão interligados entre si. "Sete Homens Sem Destino" tem um dos melhores roteiros que já vi em westerns dos anos 50. Uma produção ágil, rápida, muito bem escrita e extremamente eficiente. Randolph Scott repete seu papel de homem íntegro, de moral induvidosa e firmeza de caráter. Aqui ele conta com um elenco de apoio muito bom a começar pela presença de um jovem Lee Marvin, fazendo o papel de um cowboy oportunista que está no encalço do dinheiro roubado. Não era a primeira vez que Scott e Marvin dividiam a cena juntos (e nem seria a última) mas aqui Lee Marvin teve muito mais oportunidades de atuar, com mais diálogos e cenas que não se resumiam apenas a tiroteios no meio do deserto. Sua cena de assédio com a personagem da atriz Gail Russell é uma das melhores e mais tensas partes da produção.

O filme foi dirigido novamente pelo diretor e parceiro de Randolph Scott, Budd Boetticher. Já tive oportunidade de exaltar as qualidades desse cineasta que na minha opinião foi totalmente subestimado na época. Boetticher tinha um feeling incrível para contar as histórias em uma edição enxuta, onde não havia espaço para desperdício. Todas as cenas possuem um propósito bem definido, sem perda de tempo ou enrolação. O que resulta daí são faroestes onde o espectador não tira os olhos da tela, sempre interessado no que vai acontecer. O mais interessante é que seus filmes não são longos (70 minutos em média) e em nenhum momento ficamos com a impressão de que algo faltou em cena. Enfim, "Sete Homens Sem Destino" é uma boa pedida para os fãs de Randolph Scott e os admiradores dos filmes "rápidos no gatilho" de Budd Boetticher. Vale a sessão certamente.

Sete Homens Sem Destino (Seven Men from Now, EUA, 1956) / Direção de Budd Boetticher / Roteiro de Burt Kennedy / Elenco: Randolph Scott, Lee Marvin, Gail Russell, Walter Reed e John Larch / Sinopse: Ben Strike (Randolph Scott) é um ex xerife que parte em busca da captura de sete ladrões de bancos que durante um assalto acabaram matando sua esposa. Durante sua jornada pelo deserto do Alabama acaba encontrando um jovem casal que tenta chegar ao oeste selvagem. O que Strike não sabe é que de uma forma ou outra todos os acontecimentos estão interligados entre si.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 19 de junho de 2018

O Último Duelo

Título no Brasil: O Último Duelo
Título Original: The Cimarron Kid
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Budd Boetticher
Roteiro: Louis Stevens
Elenco: Audie Murphy, Beverly Tyler, James Best
  
Sinopse:
Bill Doolin (Audie Murphy) é um jovem acusado injustamente de roubo por funcionários corruptos da estrada de ferro. Revoltado pelas falsas acusações e perseguido por homens da lei, ele não vê outra alternativa a não ser se juntar à quadrilha dos Daltons, velhos amigos de longa data. Como pistoleiro acaba adotando o nome de The Cimarron Kid. Em pouco tempo sua destreza no gatilho o torna um nome conhecido. O problema é que outro membro de sua própria gangue resolve lhe trair, o que o deixa em uma situação delicada. Fugitivo, ele sonha em se esconder em algum país da América do Sul ou no México para tentar recomeçar sua vida ao lado da mulher que ama.

Comentários:
Budd Boetticher foi um dos mestres do western americano nos anos 1950. Dono de um estilo muito eficiente de rodar filmes baratos, mas bem cuidados, Boetticher conseguiu o reconhecimento dos fãs do gênero. Ao longo de várias décadas trabalhou ao lado de grandes nomes do faroeste como Randolph Scott. Aqui ele dirigiu outro astro dos filmes de bang bang, o veterano da Segunda Guerra Mundial Audie Murphy. As portas de Hollywood foram abertas porque ele foi um herói de guerra, o militar mais condecorado desse conflito sangrento que varreu o mundo na década de 1940. De volta à vida civil viu no cinema uma oportunidade de fazer carreira e contou com a sorte de ser dirigido por grandes cineastas como o próprio Budd Boetticher. Ao longo dos anos a Universal o escalou para uma série de filmes de western, sendo algumas produções B, que tinham como objetivo testar sua força nas bilheterias. Depois de interpretar Jesse James em "Cavaleiros da Bandeira Negra" e ter um belo sucesso com "A Glória de um Covarde" o estúdio finalmente se convenceu que tinha um astro em mãos. Assim "O Último Duelo" só confirmaria ainda mais a estrela de Murphy. Um bom western que realmente não fica nada a dever aos bons faroestes de sua época.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de maio de 2018

O Resgate de um Bandoleiro

Título no Brasil: O Resgate de um Bandoleiro
Título Original: The Tall T
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Budd Boetticher
Roteiro: Elmore Leonard, Burt Kennedy
Elenco: Randolph Scott, Richard Boone, Maureen O'Sullivan, Arthur Hunnicutt, Skip Homeier, Henry Silva
  
Sinopse:
Pat Brennan (Randolph Scott) é um pequeno fazendeiro que vai até uma cidade para comprar um touro reprodutor para seu rebanho. Na viagem de volta a diligência em que se encontra é sequestrada pelo bando de Frank Usher (Richard Boone) que exige um resgate de 50 mil dólares pela vida da jovem filha de um rico dono de minas da região, que também estava na mesma carruagem. Filme integrante da lista de obras da National Film Preservation Board.

Comentários:
Esse é mais um faroeste produzido pelo próprio ator Randolph Scott através de sua companhia Scott-Brown Productions. Além de ator popular de fitas de western, Randolph Scott também era um empresário inteligente que faturava muito bem com seus próprios filmes. Além disso, pelo fato de ser também o produtor, ele poderia opinar em todo o filme, desde a direção, cenários, figurinos, passando até mesmo pelo roteiro. Fora isso a produção também lhe colocava nas mãos o poder de escolher os demais membros do elenco, algo que Scott aproveitava para escalar amigos atores e atrizes de seu círculo pessoal. A fita é ágil, curtinha (para passar nas matinês), mas mesmo assim consegue manter bem o interesse. Enquanto estão sequestrados começa um jogo psicológico entre o mocinho Pat (Scott) e o vilão (Boone). Esse aliás é um dos pontos altos do roteiro que consegue criar bastante tensão e suspense em um filme que basicamente só seria um faroeste convencional. Grande parte do filme se passa num casebre no alto de uma colina em pleno deserto. O clima árido e hostil combina bem com o clima tenso. Curiosamente no comecinho do filme o personagem de Scott é amenizado, inclusive participando de uma pequena aposta ao montar um touro feroz. Além disso ele faz amizade com um garotinho, numa sacada do roteiro que achei ser inspirado em "Os Brutos Também Amam". Por fim, é sempre bom lembrar que "The Tall T" foi dirigido pelo mestre Budd Boetticher, um dos grandes cineastas da história do western americano. Ele e Randolph Scott trabalharam juntos em vários filmes ao longo dos anos 50, sendo alguns deles grandes clássicos do faroeste americano da época. Enfim, fica assim a recomendação para conhecer mais esse trabalho de Randolph Scott, em uma das melhores fases de sua longa filmografia.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Cavalgada Trágica

"Cavalgada Trágica" é um dos melhores westerns da carreira de Randolph Scott. Não é de se admirar já que aqui temos novamente Scott dirigido pelo ótimo cineasta Budd Boetticher. O diferencial de Budd para outros diretores de faroestes é que ele tinha profundo respeito pela mitologia do gênero. Admirador do estilo de vida do velho oeste o diretor tirava o máximo de roteiros que em essência eram simples. Esse é um exemplo típico. No filme Randolph Scott interpreta Jefferson Cody, um ex veterano das guerras indígenas que dedica sua vida em uma busca desesperada. Sua esposa há muito fora raptada por tribos Comanches hostis e assim Scott percorre os territórios indígenas na esperança de um dia encontrá-la. Numa dessas buscas acaba libertando a jovem e bela Nancy (Nancy Lowe) cujo marido ofereceu uma recompensa de 5 mil dólares para seu resgate. Claro que com tanto dinheiro em jogo vários caçadores de recompensas sairiam em seu encalço. É justamente isso que motiva Ben (Claude Atkins) e seu bando que querem colocar as mãos na mulher para receberem eles próprios sua recompensa.

Todos os ingredientes que fizeram a fama de Scott no cinema estão lá: o cavaleiro errante, a busca pelo ente querido, as tribos Comanches sedentas por sangue e os bandoleiros com más intenções. A locação é de rara beleza, rochedos de forte impacto na tela, localizados em Alabama Hills em Lone Pine, Califórnia. Além disso o diretor Budd Boetticher capricha no desenvolvimento psicológico dos personagens e no clima de tensão entre eles. O desfecho é brilhante, se tornando mais um dos grandes trabalhos da dupla Scott / Boetticher. Juntos realizaram alguns dos faroestes mais elegantes da história do cinema americano. A cena final com Randolph Scott e o por do sol ao longe, cavalgando nas pradarias é marcante, um momento único, difícil de se esquecer depois.

Cavalgada Trágica (Comanche Station, EUA, 1960) Direção: Budd Boetticher / Roteiro: Burt Kennedy / Elenco: Randolph Scott, Nancy Lowe, Claude Atkins / Sinopse: No filme Randolph Scott interpreta Jefferson Cody, um ex veterano da guerras indígenas que dedica sua vida em uma busca desesperada. Sua esposa há muito fora raptada por tribos Comanches hostis e assim Scott percorre os territórios indígenas na esperança de um dia encontrá-la. Numa dessas buscas acaba libertando a jovem e bela Nancy (Nancy Lowe) cujo marido ofereceu uma recompensa de 5 mil dólares para seu resgate.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 19 de março de 2018

O Homem Que Luta Só

Um dos últimos filmes de Randolph Scott também é um dos melhores. Aqui ele interpreta o ex xerife e atual caçador de recompensas Ben Brigade. Ele caça o criminoso Billy John no deserto e acaba o capturando. Sua missão passa então a ser levar o bandoleiro para a cidade de Santa Cruz para que ele seja julgado e enforcado pelo homicídio que lá praticou. O problema é que no caminho ele terá que enfrentar índios hostis, outros caçadores de recompensas e o bando de Billy John, liderado agora por Jack, seu irmão (interpretado pelo famoso ator de vilões de western Lee Van Cleef). O roteiro de "O Homem Que Luta Só" pode até parecer simplista mas é um engano pois é primoroso. O personagem de Scott, um sujeito durão e de poucas palavras, não é exatamente o que parece ser. Na verdade ele nem tem tanta pressa assim em levar Billy John ao seu cadafalso. Suas reais intenções só são reveladas no clímax do filme e aí o espectador já está totalmente fisgado. Aliás vamos admitir que a cena final de "Ride Lonesome" é uma das mais belas que já vi em faroestes - Randolph Scott parado em frente a uma árvore de enforcamentos em chamas! Maravilhosa tomada!

O diretor de "O Homem Que Luta Só" é o cineasta Budd Boetticher que fez vários westerns ao lado de Randolph Scott. Hoje em dia a obra desse diretor tem despertado muito interesse nos EUA pois todos reconhecem que ele nunca foi reconhecido em vida. Era um diretor inteligente, que fazia maravilhas em cena, mesmo com roteiros aparentemente simples. Esse aqui seria o penúltimo filme que rodaria ao lado de Scott (a última produção que reuniria a parceria seria "Cavalgada Trágica" no ano seguinte). Em conclusão digo que "Ride Lonesome" é sem dúvida um dos melhores momentos de Randolph Scott - extremamente bem escrito e dirigido prende a atenção da primeira à última cena.

O Homem Que Luta Só (Ride Lonesome, Estados Unidos, 1959) / Diretor: Budd Boetticher / Roteiro: Burt Kennedy / Com Randolph Scott, Lee Van Cleef, James Coburn, Karen Steele e Pernell Roberts / Sinopse: Randolph Scott interpreta o ex xerife e atual caçador de recompensas Ben Brigade. Ele caça o criminoso Billy John no deserto e acaba o capturando. Sua missão passa então a ser levar o bandoleiro para a cidade de Santa Cruz para que ele seja julgado e enforcado pelo homicídio que lá praticou. O problema é que no caminho ele terá que enfrentar índios hostis, outros caçadores de recompensas e o bando de Billy John, liderado agora por Jack, seu irmão (interpretado pelo famoso ator de vilões de western Lee Van Cleef)

Pablo Aluísio. 

sábado, 17 de junho de 2006

O Homem Que Luta Só

Um dos últimos filmes de Randolph Scott também é um dos melhores. Aqui ele interpreta o ex xerife e atual caçador de recompensas Ben Brigade. Ele caça o criminoso Billy John no deserto e acaba o capturando. Sua missão passa então a ser levar o bandoleiro para a cidade de Santa Cruz para que ele seja julgado e enforcado pelo homicídio que lá praticou. O problema é que no caminho ele terá que enfrentar índios hostis, outros caçadores de recompensas e o bando de Billy John, liderado agora por Jack, seu irmão (interpretado pelo famoso ator de vilões de western Lee Van Cleef). O roteiro de "O Homem Que Luta Só" pode até parecer simplista mas é um engano pois é primoroso. O personagem de Scott, um sujeito durão e de poucas palavras, não é exatamente o que parece ser. Na verdade ele nem tem tanta pressa assim em levar Billy John ao seu cadafalso. Suas reais intenções só são reveladas no clímax do filme e aí o espectador já está totalmente fisgado. Aliás vamos admitir que a cena final de "Ride Lonesome" é uma das mais belas que já vi em faroestes - Randolph Scott parado em frente a uma árvore de enforcamentos em chamas! Maravilhosa tomada!

O diretor de "O Homem Que Luta Só" é o cineasta Budd Boetticher que fez vários westerns ao lado de Randolph Scott. Hoje em dia a obra desse diretor tem despertado muito interesse nos EUA pois todos reconhecem que ele nunca foi reconhecido em vida. Era um diretor inteligente, que fazia maravilhas em cena, mesmo com roteiros aparentemente simples. Esse aqui seria o penúltimo filme que rodaria ao lado de Scott (a última produção que reuniria a parceria seria "Cavalgada Trágica" no ano seguinte). Em conclusão digo que "Ride Lonesome" é sem dúvida um dos melhores momentos de Randolph Scott - extremamente bem escrito e dirigido prende a atenção da primeira à última cena.

O Homem Que Luta Só (Ride Lonesome, Estados Unidos, 1959) / Diretor: Budd Boetticher / Roteiro: Burt Kennedy / Com Randolph Scott, Lee Van Cleef, James Coburn, Karen Steele e Pernell Roberts / Sinopse: Randolph Scott interpreta o ex xerife e atual caçador de recompensas Ben Brigade. Ele caça o criminoso Billy John no deserto e acaba o capturando. Sua missão passa então a ser levar o bandoleiro para a cidade de Santa Cruz para que ele seja julgado e enforcado pelo homicídio que lá praticou. O problema é que no caminho ele terá que enfrentar índios hostis, outros caçadores de recompensas e o bando de Billy John, liderado agora por Jack, seu irmão (interpretado pelo famoso ator de vilões de western Lee Van Cleef)

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 20 de abril de 2006

Cavalgada Trágica

"Cavalgada Trágica" é um dos melhores westerns da carreira de Randolph Scott. Não é de se admirar já que aqui temos novamente Scott dirigido pelo ótimo cineasta Budd Boetticher. O diferencial de Budd para outros diretores de faroestes é que ele tinha profundo respeito pela mitologia do gênero. Admirador do estilo de vida do velho oeste o diretor tirava o máximo de roteiros que em essência eram simples. Esse é um exemplo típico. No filme Randolph Scott interpreta Jefferson Cody, um ex veterano das guerras indígenas que dedica sua vida em uma busca desesperada. Sua esposa há muito fora raptada por tribos Comanches hostis e assim Scott percorre os territórios indígenas na esperança de um dia encontrá-la. Numa dessas buscas acaba libertando a jovem e bela Nancy (Nancy Lowe) cujo marido ofereceu uma recompensa de 5 mil dólares para seu resgate. Claro que com tanto dinheiro em jogo vários caçadores de recompensas sairiam em seu encalço. É justamente isso que motiva Ben (Claude Atkins) e seu bando que querem colocar as mãos na mulher para receberem eles próprios sua recompensa.

Todos os ingredientes que fizeram a fama de Scott no cinema estão lá: o cavaleiro errante, a busca pelo ente querido, as tribos Comanches sedentas por sangue e os bandoleiros com más intenções. A locação é de rara beleza, rochedos de forte impacto na tela, localizados em Alabama Hills em Lone Pine, Califórnia. Além disso o diretor Budd Boetticher capricha no desenvolvimento psicológico dos personagens e no clima de tensão entre eles. O desfecho é brilhante, se tornando mais um dos grandes trabalhos da dupla Scott / Boetticher. Juntos realizaram alguns dos faroestes mais elegantes da história do cinema americano. A cena final com Randolph Scott e o por do sol ao longe, cavalgando nas pradarias é marcante, um momento único, difícil de se esquecer depois.

Cavalgada Trágica (Comanche Station, Estados Unidos, 1960) Direção: Budd Boetticher / Roteiro: Burt Kennedy / Elenco: Randolph Scott, Nancy Lowe, Claude Atkins / Sinopse: No filme Randolph Scott interpreta Jefferson Cody, um ex veterano da guerras indígenas que dedica sua vida em uma busca desesperada. Sua esposa há muito fora raptada por tribos Comanches hostis e assim Scott percorre os territórios indígenas na esperança de um dia encontrá-la. Numa dessas buscas acaba libertando a jovem e bela Nancy (Nancy Lowe) cujo marido ofereceu uma recompensa de 5 mil dólares para seu resgate.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 17 de abril de 2006

Seminole

Rock Hudson não fez muitos filmes de western ao longo de sua carreira. Se formos analisar bem sua filmografia logo perceberemos que ele sempre foi um ator de dramas e depois de comédias românticas, como os grandes sucessos de bilheteria que filmou ao lado da atriz e cantora Doris Day. Isso porém não significa que não foi para o velho oeste nas telas. Claro que fez filmes no estilo, ainda mais na época em que os filmes de faroeste eram extremamente populares. Aqui ele volta à boa forma. Na trama um tenente do exército americano chamado Lance Caldwelll (Rock Hudson) chega em distante forte militar situado nos pântanos da Flórida. Sua guarnição tem a missão de pacificar o local, destruindo e capturando um bando de índios renegados da tribo Seminole liderados pelo rebelde chefe conhecido como Osceola (Anthony Quinn).

O argumento do filme é baseado em fatos reais. A tribo Seminole realmente lutou contra o exército americano na Flórida. O grande chefe Osceola também é um personagem real. Já o tenente Lance Cadwell (Rock Hudson) é totalmente fictício. O desfecho do filme também não condiz com a realidade dos fatos. O chefe Osceola não morreu conforme vemos na tela. Apesar disso e do fato de existir outros erros históricos no roteiro, não há como negar que "Seminole" é um western muito bom. Seus méritos surgem logo no começo do filme com uma curiosa inversão de valores - algo realmente raro na década de 1950. Aqui os índios não são vilões carniceiros e nem os soldados americanos são heróis virtuosos. Pelo contrário, o que vemos no roteiro é uma civilização tentando manter seus hábitos e costumes, seu estilo de vida, em vista da invasão do homem branco. Já era um sinal de mudança dos filmes retratando esse período histórico dos Estados Unidos. A mentalidade começava a mudar, mesmo que aos poucos.

Outra questão importante: o mais alto oficial americano na estória é simplesmente um sujeito antipático, que toma as decisões erradas. Em um grande trabalho de caracterização, o ator Richard Carlson compõe um major totalmente fora de controle, megalomaníaco e até mesmo psicótico em certos momentos. Assistindo ao filme, vendo as tropas atoladas no pântano da Flórida, me lembrei daquela frase que diz: "Não existe situação mais grave do que a de ser comandado por um idiota". É isso o que vemos aqui - uma tropa liderada por um completo inepto. Outro aspecto curioso do filme é o fato dele se passar na Flórida, no meio pantanoso, bem diferente dos faroestes que estamos acostumados a assistir, em longas planícies do deserto no oeste selvagem. Enfim, gostei bastante de "Seminole", um filme com pequenos erros históricos certamente, mas socialmente muito consciente. Um parente distante de produções como "Dança com Lobos" onde a questão do nativo americano foi tratada com respeito e seriedade.

Seminole (Seminole, Estados Unidos, 1953) Direção: Budd Boetticher / Roteiro: Charles K. Peck Jr. / Elenco: Rock Hudson, Anthony Quinn, Richard Carlson, Barbara Hale / Sinopse: Um tenente do exército americano é enviado para um forte localizado na Flórida. A região é constantemente fonte de tensão pois os nativos americanos não aceitam a presença do homem branco em suas terras ancestrais.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 22 de março de 2006

Fibra de Herói

Tom Buchanan (Randolph Scott) é um cowboy que indo na direção do Texas onde pretende comprar um rancho resolve parar numa pequenina cidade na fronteira entre Estados Unidos e México. Lá acaba involuntariamente se envolvendo numa briga entre um mimado filho do juiz local e um mexicano que está ali para lavar a honra de sua família. Após muitos desentendimentos Juan (Manuel Rojas) finalmente mata seu desafeto em um Saloon. Imediatamente a população resolve levar o criminoso ao linchamento mas Buchanan (Scott) tenta evitar. Má ideia. Logo ele também é acusado de ser cúmplice do assassino mesmo sendo completamente inocente.

"Homem errado no lugar errado" essa é a premissa desse "Fibra de herói", mais um parceria entre o ator Randolph Scott e o talentoso diretor Budd Boetticher. Juntos fariam alguns dos melhores westerns da década de 50, geralmente com Scott como produtor (ao lado de seu sócio Brown) e Boetticher como diretor. São faroestes eficientes, bem mais centrados em uma boa trama do que em produções de encher os olhos. "Fibra de Herói" tem todas essas características. A pequena cidade onde Scott vai parar e é condenado à forca é totalmente dominada pela mesma família. O corrupto xerife  Lew Agry (Barry Kelley) é irmão do juiz Simon Agry (Tol Avery), que por sua vez também tem laços de sangue com Amos Agry (Peter Whitney) que cuida do único hotel da cidade. Juntos os três brigam entre si por poder, dinheiro e dominação. São víboras de uma mesma ninhada.

Em uma cidade assim, onde a família Agry manda em praticamente tudo o personagem de Randolph Scott certamente se encontra em sérios problemas pois ele é acusado injustamente de matar o fllho do juiz Simon, o desordeiro, bêbado e arruaceiro  Roy Agry (William Leslie). Seria uma ironia sobre a política americana da época, também dominada por famílias poderosas e corruptas? Vindo do diretor  Budd Boetticher tudo é possível. A tônica do filme é parecida com a de um jogo de pôquer do velho oeste onde todos se mostram extremamente gananciosos. A cena final, um grande tiroteio envolvendo a posse de uma mala cheia de dinheiro (50 mil dólares em espécie), mostra bem isso. Com tanta grana em jogo ninguém mais reconhece ninguém, irmão atira em irmão e qualquer laço de parentesco desaparece sob uma chuva de balas.

Embora muito bom, inclusive tecnicamente, "Fibra de Herói" se revela curioso porque o personagem de Randolph Scott apenas tangencia a trama principal. De fato ele fica bastante tempo fora de cena mostrando que é em essência um personagem secundário. Isso pode ter até mesmo aborrecido os fãs do ator cowboy na época. Como o roteiro é baseado em uma novela de Jonas Ward não houve como mudar isso. De qualquer modo temos aqui um faroeste típico de Randolph Scott, mesmo que atuando apenas discretamente em um personagem não tão central como estamos acostumados a ver. Recomendo.

Fibra de Herói (Buchanan Rides Alone, EUA, 1959) Direção: Budd Boetticher / Roteiro: Charles Lang baseado na novela de Jonas Ward / Elenco: Randolph Scott, Craig Stevens, Barry Kelley / Sinopse: A caminho do Texas onde pretende comprar um rancho para começar vida nova, um cowboy (Randolph Scott) é injustamente acusado de ser cúmplice na morte do filho do juiz da cidade. Agora ele terá que lutar por sua vida e sua inocência.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

Seminole

Título no Brasil: Seminole
Título Original: Seminole
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal International Pictures
Direção: Budd Boetticher
Roteiro: Charles K. Peck Jr, Charles K. Peck Jr.
Elenco: Rock Hudson, Barbara Hale, Anthony Quinn, Lee Marvin, Richard Carlson, Hugh O'Brian

Sinopse:
Um jovem tenente chamado Lance Caldwell (Rock Hudson) é enviado para servir em um forte distante, nos pântanos da Flórida. A região é foco de conflitos com os nativos da tribo Seminole, liderados pelo guerreiro Osceola (Anthony Quinn). A presença dos militares acaba aumentando ainda mais as tensões entre os dois grupos. 

Comentários:
O astro Rock Hudson fez muitos filmes na Universal em seu começo de carreira. E naqueles tempos era comum a produção de filmes de faroeste. Assim não é de se admirar que ele tenha estrelado esse western com outro grande nome do cinema na época, Anthony Quinn. Hudson interpretava um tenente do exército americano, enquanto Quinn era o seu inimigo no campo de batalha, um nativo que lutava pela sobrevivência de seu povo. A história que o filme conta é real, fez parte da conquista da Flórida. E aqui temos o primeiro grande diferencial com outros filmes da época pois o enredo se passa todo nesse Estado americano que não faz parte do oeste do país. Aliás a geografia pantanosa da Flórida serviu de cenário para excelentes cenas de guerra entre a cavalaria e os índios. Curiosamente Rock Hudson diria depois que foi extremamente complicado fazer o filme porque tudo foi feito em locação, em terras com muita lama e areias movediças. Tempos pioneiros aqueles. Assim a equipe técnica do filme acabou sentindo as dificuldades que os pioneiros sentiram ao lutarem naquele campo de batalha bem no meio dos pântanos da Flórida. Enfim temos aqui um faroeste diferente, mas extremamente bem realizado. Pode-se dizer que é uma das produções mais interessantes dos anos 1950, contando com a preciosa direção de Budd Boetticher, um especialista nesse tipo de filme.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

O Chicote Fatal

Título no Brasil: O Chicote Fatal
Título Original: Black Midnight
Ano de Produção: 1949
País: Estados Unidos
Estúdio: Lindsley Parsons Productions
Direção: Budd Boetticher
Roteiro: Clint Johnston, Erna Lazarus
Elenco: Roddy McDowall, Damian O'Flynn, Lyn Thomas, Kirby Grant, Gordon Jones, Fay Baker

Sinopse:
O filme conta a história de uma família de rancheiros do velho oeste. Eles criam cavalos de raça e quando um dos animais é roubado surge uma dúvida sobre quem teria cometido o crime? No oeste a punição por roubo de cavalos era a morte por enforcamento.

Comentários:
Pouca gente sabe, mas o fato é que esse foi o primeiro faroeste dirigido por Budd Boetticher. O cineasta seria um dos mais importantes e produtivos durante a era de ouro do western norte-americano. Não se sabe bem a razão, mas ele decidiu assinar o filme como Oscar Boetticher! O que teria levado ele a adotar um outro nome? De qualquer forma foi sua estreia no gênero cinematográfico do qual seria mais lembrado pelos anos. O filme é na média, nada excepcional. Um ponto que chama a atenção é que é estrelado pelo ator Roddy McDowall. que muitos anos depois iria interpretar no cinema um de seus personagens mais famosos, o caçador de vampiros fajuto Peter Vincent do grande sucesso de bilheteria "A Hora do Espanto". Foi um veterano do cinema, com mais de 250 filmes ao longo da carreira!!! Um recorde! Infelizmente ele faleceu em 1998. De qualquer forma o filme vale como registro do comecinho de sua carreira, quando ainda era apenas um jovem sonhando com o sucesso em Hollywood.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Caçadores de Lobos

Título no Brasil: Caçadores de Lobos
Título Original: The Wolf Hunters
Ano de Produção: 1949
País: Estados Unidos
Estúdio: William F. Broidy Pictures Corporation
Direção: Budd Boetticher
Roteiro: James Oliver Curwood, Scott Darling
Elenco: Kirby Grant, Jan Clayton, Edward Norris

Sinopse:
O herói e guarda da polícia florestal montada Rod Webb (Kirby Grant) enfrenta inúmeros desafios para manter a região onde vive longe de caçadores de lobos, malfeitores e contrabandistas de pele de animais selvagens. Ao lado de seu fiel amigo e escudeiro, o cão Chinook, ele defende a floresta da exploração e da caça ilegal promovida por gananciosos foras da lei.

Comentários:
É curioso que o cineasta Budd Boetticher tenha assinado essa fita como Oscar Boetticher! Aos amigos confidenciou que teve certo receio de sofrer críticas por parte dos fãs de faroestes por causa do tom mais ameno, quase infantil, dessa produção. De fato, para quem dirigiu alguns dos melhores westerns da carreira de Randolph Scott, esse "The Wolf Hunters" soava pueril e bucólico demais. Mesmo assim o fã do gênero deve deixar tudo isso de lado para embarcar em um filme muito bonito, com maravilhosa fotografia. Não era para menos pois tudo foi rodado em um dos lugares mais bonitos da América do Norte, o San Bernardino National Forest na Califórnia, bem na região onde está situado o belo lago conhecido como Big Bear Lake! Aquele tipo de região que compensa qualquer falha que o filme venha a ter, inclusive em termos de figurinos e roteiro. Cito os figurinos porque os caçadores e cowboys que vão surgindo na tela mais parecem modelos de roupas estilizadas do velho oeste do que homens selvagens que viveram naquela época. O roteiro também não é grande coisa pois é bobinho e derivativo. Mesmo assim deixe tudo isso de lado e procure conhecer o filme, as paisagens e o mundo natural valerão qualquer esforço.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

Gatilhos da Violência

Título no Brasil: Gatilhos da Violência
Título Original: A Time for Dying
Ano de Produção: 1969
País: Estados Unidos
Estúdio: Corinth Films
Direção: Budd Boetticher
Roteiro: Budd Boetticher
Elenco: Richard Lapp, Anne Randall, Audie Murphy

Sinopse:
Cass Bunning (Richard Lapp) é um cowboy bom de mira e rápido no gatilho que chega na pequena cidade de Silver City. Assim que coloca os pés por lá, resolve salvar uma jovem chamada Nellie Winters (Anne Randall) de se tornar a nova prostituta do bordel local. Depois se casa com ela em uma cerimônia presidida pelo famoso juiz Roy Bean (Victor Jory). Agora, com as novas responsabilidades de um homem casado resolve se tornar caçador de recompensas, o que lhe fará encontrar com bandidos famosos e perigosos como Jesse James (Audie Murphy).

Comentários:
Último filme da carreira de Audie Murphy (aqui atuando ainda como produtor) e também último western assinado pelo cineasta Budd Boetticher. Só esses fatos já levariam o filme a ser considerado essencial pelos fãs de faroestes. O problema é que apesar de ser o adeus de dois grandes nomes do gênero, "Gatilhos da Violência" não consegue impressionar, muito pelo contrário, pois logo se torna uma decepção completa. O roteiro é completamente sem foco, disperso e mal escrito. Há uma tentativa de inserir humor em certos momentos, mas o tiro sai pela culatra pois todas as cenas cômicas são constrangedores de tão sem graça. Audie Murphy surge tão rapidamente como desaparece. Ele só tem uma cena no filme inteiro quando encontra o tal caçador de recompensas no meio do deserto. Fala duas linhas de diálogo e some, dando adeus ao cinema para sempre. Melhor se sai o ator Victor Jory que interpreta o juiz Roy Bean (aquele mesmo do filme com Paul Newman). Atuando muito bem, salva o filme de ser uma bomba completa. Já Richard Lapp que interpreta o cowboy protagonista é um desastre completo. Canastrão, não consegue convencer. Provavelmente só foi escolhido por ter uma semelhança incrível com Audie Murphy quando ele era bem mais jovem. No geral, infelizmente, é isso, não há outra conclusão, o filme é bem ruim mesmo. Uma despedida melancólica de Murphy e Boetticher do velho oeste.

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de janeiro de 2006

O Magnífico Matador

Título no Brasil: O Magnífico Matador
Título Original: The Magnificent Matador
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Budd Boetticher
Roteiro: Budd Boetticher, Charles Lang
Elenco: Maureen O'Hara, Anthony Quinn, Manuel Rojas

Sinopse:
Karen Harrison (Maureen O'Hara) é uma jovem americana, pertencente a uma família rica e tradicional, que acaba se apaixonando por um aventureiro mexicano, um matador de touradas chamado Luís Santos (Anthony Quinn). Após ir ao México para conhecer o mundo das tradicionais touradas daquele país, ela começa a se tornar mais próxima da cultura e do folclore dos mexicanos.

Comentários:
O cineasta Budd Boetticher era apaixonado por touradas. Sempre que havia algum tempo livre ele ia até o México para assistir aos grandes espetáculos do gênero. Segundo o livro de memórias do filho de Randolph Scott, o diretor tentou de todas as formas convencer o ator a estrelar esse filme que para Budd seria sua obra prima. Ele próprio havia escrito o roteiro mas teve que esperar por longos três anos para que a Fox aprovasse a realização da produção, que não seria barata pois teria que ser rodada no México, nas arenas de matança. Maureen O'Hara e Anthony Quinn foram escalados e todos então partiram não para uma filmagem comum, mas para uma verdadeira aventura. Em dias de politicamente correto algo assim poderia incomodar, afinal os grandes heróis da fita são justamente os matadores, grandes especialistas em touradas sangrentas. Anthony Quinn nunca esteve tão intenso em cena e sua colega Maureen O'Hara ficou belíssima em trajes do folclore local. É um western diferente, rodado no México, com protagonistas mexicanos. Se na Hollywood da época eles eram retratados sempre como bandoleiros indigestos de sombreros, aqui temos uma visão menos estereotipada e ofensiva. Um belo filme sem dúvida.

Pablo Aluísio.