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segunda-feira, 24 de maio de 2021

Uma Batalha no Inferno

Filme clássico de guerra, com ótimo elenco. Qual é a história contada? Com a Alemanha praticamente derrotada e os exércitos aliados invadindo suas fronteiras, o ditador alemão Adolf Hitler decide promover uma última reação de desespero. Ele nomeia o Coronel Hessler (Robert Shaw) como comandante de uma coluna de tanques de última geração. Sua missão é enfrentar as tropas americanas, rompendo o cerco que está sendo feito em torno da grande nação alemã. Para enfrentá-lo os soldados ianques resolvem apostar não apenas na força dos canhões, mas também na inteligência de sua estratégia no campo de batalha.

Esse é considerado um dos grandes filmes de guerra do cinema americano. E quando uso o adjetivo grande não estou me referindo apenas às suas inegáveis qualidades cinematográficas, mas também à sua duração, pois com mais de duas horas e quarenta e cinco minutos não poderia ser de outra maneira. É certamente um filme longo, mas não fique preocupado pois no final das contas não se torna cansativo em nenhum momento, muito pelo contrário. O elenco é cheio de estrelas, basta dar uma olhada em sua ficha técnica para perceber isso. Nessa época tinha se tornado comum filmes com um elenco numeroso.

Como essa produção foi feita para ser exibida no sistema Cinerama (em telas gigantescas), o estúdio entendeu por bem convocar muitos de seus astros para garantir boa bilheteria, pois o investimento para sua produção foi alto. A boa notícia é que os atores estão bem aproveitados, pois cada um, à sua maneira, tem chance de desenvolver seu respectivo personagem. Assim Fonda interpreta um Coronel que é desacreditado no comando, pois entende que haverá uma ofensiva do exército alemão a qualquer momento (já que seus superiores acreditavam bem ao contrário, que não haveria mais surpresas pois a Alemanha estava praticamente derrotada).

O ator Telly Savalas interpreta um sargento rabugento, comandante de um tanque, que está mais preocupado em fazer algum dinheiro na guerra do que propriamente em derrotar os alemães. Até Charles Bronson dá as caras como um major do front de batalha que, feito prisioneiro, resolve enfrentar face a face o oficial alemão responsável por sua prisão. O cineasta Ken Annakin mostra muita habilidade no confronto de tanques aliados e alemães. Como não havia computação gráfica na época eles de fato estão lá, em cena, trocando fogo cruzado no campo de batalha. Um belo filme, muito bem realizado, mostrando um evento crucial da Segunda Guerra Mundial. Um dos grandes clássicos do gênero, não resta a menor dúvida.

Uma Batalha no Inferno (Battle of the Bulge, Estados Unidos, 1965) Estúdio: Warner Bros / Direção: Ken Annakin / Roteiro: Philip Yordan, Milton Sperling / Elenco: Henry Fonda, Charles Bronson, Telly Savalas, Robert Shaw, Robert Ryan, George Montgomery, Pier Angeli / Sinopse: Com a Alemanha nazista praticamente derrotada na II Grande Guerra Mundial, Hitler decide partir para uma última e decisiva ofensiva para tentar impedir a invasão das fronteiras alemãs por exércitos inimigos. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria Melhor Ator Coadjuvante (Telly Savalas).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

A Hora da Pistola

Após um sangrento tiroteio em Tombstone o xerife Wyatt Earp (James Garner), seus irmãos e o pistoleiro Doc Holliday (Jason Robards) são julgados pelas mortes dos Clantons. Para surpresa de muitos eles são finalmente absolvidos por terem agido de acordo com a lei e em legitima defesa. Revoltado com a absolvição de todos eles, Ike Clanton (Robert Ryan) resolve fazer justiça com as próprias mãos. Ele se reúne a um grupo de foras-da-lei e fere gravemente um dos irmãos de Earp. Não satisfeito finalmente consegue encurralar e matar mais um membro da família Earp. Diante de todas as represálias Wyatt Earp resolve novamente se unir a Doc Holliday para juntos partirem para um acerto de contas final e definitivo com os Clantons. Em praticamente todos os filmes que exploram a história do lendário xerife Wyatt Earp, os eventos no OK Curral são mostrados no final, até porque não há como ter um clímax melhor do que aquele em um western. Pois bem, aqui temos algo diferente.

O confronto entre a lei e os foras-da-lei ocorre logo na primeira cena do filme. Logo não é o ponto de chegada do roteiro mas sim seu ponto de partida para a história que o espectador verá. Isso é bem interessante pois o tiroteio no OK Curral deu origem a várias outras matanças ocorridas entre os clãs Earp e Clanton. Em certos aspectos esse acerto de contas sangrento acabou se tornando mais curioso do que o próprio tiroteio famoso ocorrido em Tombstone pois revelou a verdadeira face de muitos dos personagens envolvidos naquele duelo histórico. O mais instigante é saber que tudo foi baseado em fatos reais, ou seja, a matança continuou ainda por vários meses, provando que no velho oeste sangue só era lavado com mais sangue, não havendo espaço para o perdão em nenhuma de suas modalidades. James Garner está muito bem como Wyatt Earp. Sua caracterização pode ser considerada seca e dura demais para alguns mas na verdade achei bem adequada. Garner tinha tradição de interpretar personagens mais irônicos, bem humorados, até mesmo em faroestes, mas aqui não há espaço para esse tipo de coisa. Ele está rude e casca grossa como foi o Wyatt Earp real. A verdade é que certos personagens históricos precisam de um certo respeito quando suas histórias são contadas no cinema. Não há espaço para piadinhas - o que afinal é uma ótima notícia para os fãs de westerns clássicos e tradicionais em geral. 

Já Jason Robards está na pele do mitológico Doc Holliday. Esse sempre foi um personagem à prova de falhas, temos que admitir. As características que todos conhecemos (jogador, beberrão, rápido no gatilho, tuberculoso, etc) estão todas lá. Doc foi certamente o mais trágico pistoleiro do velho oeste. Um homem que sabia que não viveria muito e por essa razão não tinha medo algum de morrer em um duelo. Talvez por isso tenha sido um matador sem remorsos, dos mais eficientes que se tem notícia. Em suma, "A Hora da Pistola" é aquele tipo de faroeste que não pode faltar em sua coleção pois ele completa e conta a história que poucos conhecem de verdade. Muitos fãs sabem bem o que aconteceu no OK Curral mas não os eventos que se seguiram, os efeitos daquele conflito. Aqui temos o aconteceu depois de tudo. Uma pequena aula de história que não se aprende na escola.

A Hora da Pistola (Hour of the Gun, Estados Unidos, 1967) Estúdio: United Artists / Direção: John Sturges / Roteiro: Edward Anhalt / Elenco: James Garner, Jason Robards, Robert Ryan, Charles Aidman, Steve Ihnat, Michael Tolan, William Windom / Sinopse: Faroeste passado no velho oeste, estrelado pelo simpático e carismático ator James Garner, contando mais uma vez a história dos irmãos Earp, de seu amigo Doc Holliday e dos famosos eventos que aconteceram após o tiroteio no OK Curral. Filme com roteiro baseado em fatos históricos reais.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

A Volta dos Homens Maus

Mais um bom western estrelado por Randolph Scott. Ele interpreta um rancheiro que decide vender seu gado, sua propriedade, para ir embora, para outra cidade, onde está prestes a acontecer uma nova corrida ao ouro. Antes disso porém uma quadrilha de assaltantes a banco invade uma pequena cidade. No grupo se encontra até mesmo uma mulher, Cheyenne (Anne Jeffreys), que durante uma fuga acaba sendo baleada, indo parar no rancho de Scott. Ele decide ajudá-la. Não apenas a escondendo da patrulha que a persegue, como também pedindo ajuda ao médico local. Curada, ela decide finalmente se redimir daquela vida. Outro personagem interessante do filme - e o alívio cômico - vem do personagem interpretado pelo ator George 'Gabby' Hayes. Ele fez muitos filmes ao lado de John Wayne e John Ford, sempre interpretando velhinhos matutos e bons de briga. Aqui ele esbanja a mesma linha de humor que o tornou conhecido nos filmes de faroeste daquela época.

Outro ponto que vai chamar a atenção dos fãs de western vem da quadrilha de assaltantes a banco. Ela é formada por lendas do velho oeste como Billy The Kid, Sundance Kid, os irmãos Dalton. Clato que os roteiristas desse filme fizeram uma salada geral, juntando personagens históricos reais em um mesmo bando. Na realidade eles viveram em épocas e lugares diferentes e nunca se conheceram de fato. Porém para esse filme todos foram reunidos em prol da diversão do público. De maneira em geral gostei muito dessa produção. É bem realizado, tem um bom roteiro e um desfecho que segue a tradição de muitos filmes de western, com direito a um duelo bem no meio de uma cidade fantasma localizada no deserto.

A Volta dos Homens Maus (Return of the Bad Men, Estados Unidos, 1948) Direção: Ray Enright / Roteiro: Charles O'Neal, Jack Natteford / Elenco: Randolph Scott, Robert Ryan, Anne Jeffreys, George 'Gabby' Hayes, Jacqueline White / Sinopse: Quadrilha de pistoleiros e foras-da-lei se reúne em uma pequena cidadezinha do velho oeste para roubar o banco local. Enquanto isso um rancheiro decide vender tudo para entrar na corrida ao ouro que está sendo organizada rumo ao novo estado da Califórnia.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

A Batalha de Anzio

Filme de guerra feito nos moldes do velho estilo do gênero, embora tenha sido produzido já no final dos anos 60, quando esse modo de fazer cinema já estava ficando um pouco fora de moda. Ao invés do romantismo heroico dos filmes antigos, o cinema já naquela fase procurava por mais realismo, mostrando os soldados e combatentes como eles eram na vida real, ou seja, sujeitos que não eram exatamente heróis absolutos, acima do bem e do mal, mas sim seres humanos normais, que apresentavam também suas pequenas e grandes falhas de caráter.

O filme é uma produção entre estúdios americanos e italianos e mostra a carnificina que aconteceu em campo quando tropas aliadas e nazistas bateram de frente numa das batalhas mais sangrentas da II Guerra Mundial. Em pouco tempo de fogo cruzado mais de 30 mil homens foram mortos de ambos os lados. Esse capítulo da guerra foi vital pois estava em jogo o domínio sobre a Itália e sua capital Roma. No elenco o grande destaque vem da presença do veterano Robert Mitchum. O tempo já havia castigado o velho ídolo do cinema, mas ele ainda estava firme e forte em cena, interpretando o mesmo tipo durão que fez sua fama ao longo de tantos anos de carreira.

A Batalha de Anzio (Lo sbarco di Anzio, Estados Unidos, Itália, 1968) Direção: Edward Dmytryk, Duilio Coletti / Roteiro: H.A.L. Craig, baseado no livro de história escrito por Wynford Vaughan-Thomas / Elenco: Robert Mitchum, Peter Falk, Robert Ryan / Sinopse: Dick Ennis (Robert Mitchum) é o correspondente de guerra que vivencia uma das mais violentas batalhas da II Grande Guerra Mundial, quando soldados aliados e inimigos nazistas encheram o solo italiano de sangue decorrente de um dos conflitos armados mais letais da história.

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de junho de 2018

A Mulher Desejada

Título no Brasil: A Mulher Desejada
Título Original: The Woman on the Beach
Ano de Produção: 1947
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: Jean Renoir
Roteiro: Frank Davis, Jean Renoir
Elenco: Joan Bennett, Robert Ryan, Charles Bickford

Sinopse:
O filme narra um complicado triângulo amoroso. Após o tenente Scott Burnett (Robert Ryan), um oficial da Guarda Costeira, salvar a bela Peggy (Joan Bennett) na praia surge um flerte casual entre ambos, afinal são atraentes, simpáticos e bonitos. Tudo seria ideal para o surgimento de um grande romance se não fosse um detalhe crucial: Peggy já é casada com Tod (Charles Bickford), um pintor frustrado que é muitos anos mais velho do que ela. O casamento resistirá à presença do tenente na vida de Peggy?

Comentários:
Filme de traição e reviravoltas dirigido pelo francês Jean Renoir (1894 - 1979). Aclamado por filmes como "A Grande Ilusão" (1937), "A Regra do Jogo" (1939) "Bas Fonds" (1936) e "A Besta Humana" (1938), a principal preocupação da obra de Renoir era a alma humana e sua complexidade psicológica. Seus personagens de forma em geral eram pessoas torturadas, que tinham que lidar com situações extremas. Aqui há um clima de tensão que se arrasta por toda a trama, fruto da inegável atração entre o capitão interpretado por Robert Ryan e a personagem Peggy vivida por Joan Bennett. Inicialmente o maridão Tod acaba recebendo o salvador de sua esposa como um amigo, porém o perigo mora ao lado. Ele está ficando cego e incapaz de pintar o que torna sua situação ainda mais delicada. Como não consegue despontar como pintor ele acaba presenciando a ruína de toda a sua vida, pois até mesmo seu casamento fica por um fio. Na época de seu lançamento o roteiro trouxe um diálogo que ficou conhecido quando o marido Tod começa a entender que sua esposa está prestes a lhe trair. Enfurecido, ele dispara em direção à mulher: "Eu posso sentir o cheiro de seu ódio! Ele não é diferente de seu amor!". Além da boa trama o filme se apoia bastante no carisma dos atores principais, em especial Joan Bennett, uma bela atriz que conseguia impressionar não apenas por sua beleza, mas também por seu talento dramático. Já Robert Ryan também está perfeito no papel, até porque ele também havia sido militar na vida real, servindo na Marinha Americana durante a Segunda Guerra Mundial. Aqui ele está completamente à vontade vestindo a farda que usou durante longos anos. Não deixe de conferir "The Woman on the Beach" se você gosta de romances com finais trágicos e cortantes. Certamente não se arrependerá.

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de maio de 2018

Duelo de Ambições / Nas Garras da Ambição

A trama do filme é simples: dois cowboys são contratados para levar um grande rebanho de gado do Texas até o território selvagem de Montana. Essa era uma travessia que até aquele momento não havia sido feita, uma vez que o caminho era infestado por tribos hostis como os Sioux e ladrões de gado (até o exército americano evitava circular por aquela região). O filme foi dirigido pelo grande Raoul Walsh e prometia, pela sinopse, ser realmente grandioso, como os grandes clássicos do western dos anos 50. Infelizmente a estrutura do roteiro não me agradou muito e posso inclusive apontar o erro dele: a presença de Jane Russell no elenco. Nada contra ela, gosto de suas atuações, além do que sua parceria com Marilyn Monroe em "Os Homens Preferem as Loiras" entrou para história do cinema. O problema é que com Jane em cena o diretor acabou se perdendo. O filme ficou meloso, fora de foco. O que era para ser um exemplo de "filme de macho" com todos aqueles atos de bravura e luta para atravessar o velho oeste acabou virando com Jane um romance banal, sem muitos atrativos.

Analisando bem o problema não se resume a ela. O fato é que com Clark Gable em cena os roteiristas não resistiram e investiram mais uma vez na sua velha imagem de galã (que já estava com prazo de validade vencido na época pois ele inegavelmente surge em cena envelhecido, pouco viril e com claros sinais que a idade finalmente havia chegado). As intensas provocações de Jane para com Gable fazem com que o filme caia no lugar comum, com direito inclusive a músicas cantadas por Russell (algo que na minha opinião não caiu muito bem). Fica naquele joguinho de tensão sexual entre eles sem nunca chegarem aos "finalmente" Além disso tem o inevitável triângulo amoroso envolvendo ainda o personagem do ator Robert Ryan. Pena que Raoul Walsh não preferiu filmar uma produção mais focada na travessia do gado e menos no romance açucarado. De qualquer forma, mesmo com essas restrições, ainda indico esse "Os Homens Altos" (tradução literal do título original) para os fãs de faroeste. No mínimo será curioso assistir. Obs: No Brasil o filme também recebeu o título de "Nas Garras da Ambição". Era comum nos anos 50 os filmes receberem mais de um título (geralmente quando passava na TV depois as emissoras mudavam os títulos ao seu bel prazer).

Duelo de Ambições (The Tall Men, EUA, 1955) Direção de Raoul Walsh / Roteiro: Sidney Boehm, Frank S Nugent / Elenco: Clark Gable, Jane Russel e Robert Ryan / Sinopse: Dois cowboys são contratados para levar um enorme rebanho de gado do Texas até o território de Montana; No caminho enfrentarão vários desafios como bandidos e tribos selvagens hostis, os Sioux.

Pablo Aluísio.

sábado, 18 de novembro de 2017

A Volta dos Homens Maus

Título no Brasil: A Volta dos Homens Maus
Título Original: Return of the Bad Men
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: Ray Enright
Roteiro: Charles O'Neal, Jack Natteford
Elenco: Randolph Scott, Robert Ryan, George 'Gabby' Hayes, Anne Jeffreys
  
Sinopse:
Uma quadrilha formada por alguns dos mais infames pistoleiros do velho oeste como Billy The Kid, Sundance Kid, os irmãos Youngers e os irmãos Daltons se unem para promover uma série de ações criminosas em pequenas cidades do território de Oklahoma. Uma jovem chamada Cheyenne (Anne Jeffreys) resolve também se unir ao bando, mas durante um assalto a banco acaba sendo atingida por um tiro certeiro em seu ombro. Após cavalgar por várias horas ela acaba indo parar na fazenda do rancheiro aposentado Vance (Randolph Scott) que resolve lhe ajudar. Como é uma garota muito jovem ainda, Vance entende que ela deve largar o mundo do crime, para dar um novo rumo em sua vida.

Comentários:
Mais um bom filme da carreira de Randolph Scott. Inicialmente o fã de western pode vir a pensar que se trataria de uma espécie de sequência de "A Terra dos Homens Maus" de 1946, também estrelado por Randolph Scott. É uma visão equivocada. São dois filmes diversos, com personagens diferentes. O único elo de ligação vem dos roteiros que se aproveitam de bandidos famosos do velho oeste para contar suas estórias. No filme anterior, por exemplo, havia o bando de Jesse James. Já aqui os roteiristas trouxeram outros nomes conhecidos como Billy The Kid (pouco aproveitado) e Sundance Kid (como um pistoleiro com ares de psicopatia). Uma das coisas que mais gostei desse filme foi seu roteiro, muito bem desenvolvido, com ênfase em todos os personagens. O Vance de Randolph Scott, por exemplo, acaba tendo dois interesses românticos na estória. Ora ele se interessa pela jovem cowgirl Cheyenne, ora pretende se casar com a bela e recatada Madge Allen (Jacqueline White). 

A melhor parte acontece quando resolve aceitar o convite para se tornar xerife em uma cidade recém inaugurada, durante a corrida da colonização no Oklahoma. Naqueles tempos as terras do oeste eram doadas pelo governo a quem chegasse primeiro (um fato histórico que foi bem aproveitado em muitos filmes de faroeste ao longo dos anos). Como dono da estrela de prata ele precisa limpar a região dos foras-da-lei e bandoleiros em geral. Uma coisa nada fácil de se conseguir. Agora em termos de elenco quem se destaca mesmo é o veterano George 'Gabby' Hayes. Com seu jeito bem peculiar, servindo como alívio cômico, ele acaba roubando a cena como um dono de banco que acaba se tornando alvo do bando de criminosos. Suas cenas são bem divertidas e Gabby acaba mesmo chamando todas as atenções para si. Por fim, para completar o pacote, a cena final acontece numa cidade fantasma, que na verdade serve de esconderijo para o bando de criminosos. Em suma, não falta mesmo nada nesse bem tradicional western americano da década de 40. Miais um belo momento da filmografia do grande Randolph Scott.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

A Estrada dos Homens sem Lei

Numa cidade infestada de gângsters e políticos corruptos, um novo capitão é designado para comandar um dos distritos mais violentos da metrópole. Seu nome é Thomas McQuigg (Robert Mitchum). Assim que assume seu posto ele precisa desvendar o assassinato de um mafioso que se colocou no caminho do violento gângster Nick Scanlon (Robert Ryan). Ele é encontrado morto, no meio de uma das avenidas mais movimentadas da cidade. McQuigg é velho conhecido de Scanlon. No passado ambos se enfrentaram, mas o policial se deu mal pois o criminoso tinha contatos com políticos importantes que o transferiram para outros distritos. Agora chegou a sua vez de se vingar de Scanlon. Para isso porém precisará superar o próprio sistema corrupto em que vive. O promotor está na folha de pagamento do chefão do crime organizado na cidade e Scanlon tem grandes contatos na prefeitura, inclusive o principal candidato ao posto de novo magistrado é um sujeito que recebe ordens dele. Para reunir provas o veterano tira McQuigg começa então a se utilizar de métodos nada tradicionais, como prisões arbitrárias, chantagens e provas plantadas. Vale tudo para prender Scanlon, tirando das ruas um criminoso perigoso e sociopata.

"A Estrada dos Homens sem Lei" é um filme policial noir, produzido pelo excêntrico milionário Howard Hughes (aquele mesmo que foi interpretado por Leonardo DiCaprio no filme de Martin Scorsese, "O Aviador"). Ele adorava um antigo filme mudo de 1928 e resolveu produzir esse remake para os estúdios RKO. Para estrelar seu filme Hughes contratou o ator Robert Mitchum (que curiosamente sempre se saía melhor no papel do gângster, mas que aqui acabou interpretando o policial honesto e íntegro). Uma velha conhecida do milionário, a atriz Lizabeth Scott, também foi contratada. Scott foi uma das primeiras atrizes de Hollywood na história a assumir sua condição de homossexual, algo que praticamente destruiu sua carreira. Como o roteiro foi baseado na peça teatral original o espectador vai sentir algumas características bem próprias do estilo teatro filmado, porém isso só ficará mais claro aos mais atentos. No geral é um bom filme policial, com cenas de ação, perseguições, tiroteios e aquele bem conhecido clima de decadência e cinismo que marcou muitos dos filmes noir. Há inclusive uma ótima cena quando Mitchum persegue um dos membros da gang em uma escada cheia de sombras e luzes, bem característico desse estilo cinematográfico. Com duração enxuta e roteiro objetivo, esse noir sem dúvida fez jus ao cinema clássico da época. 
 
A Estrada dos Homens sem Lei (The Racket, Estados Unidos, 1951) Direção: John Cromwell / Roteiro: William Wister Haines, W.R. Burnett / Elenco: Robert Mitchum, Lizabeth Scott, Robert Ryan / Sinopse: Policial honesto tenta limpar as ruas de sua cidade de uma quadrilha de criminosos que possui ramificações dentro do próprio governo, com políticos corruptos fazendo parte da folha de pagamentos do grande chefão conhecido apenas como "O Velho".

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 15 de junho de 2017

À Borda da Morte

Mais um bom faroeste dos anos 1950. Aqui temos a história de um velho xerife, Cass Silver (Robert Ryan). Ele é um honesto homem da lei que se muda para uma cidade de fronteira, um entreposto muito concorrido para onde são enviados grandes rebanhos que cruzam o velho oeste. Com a chegada de muitos cowboys a cidade acaba prosperando. E onde tem muita gente, também tem muita confusão. Lidar com cowboys armados por todos os lados pode ser um grande problema para um xerife que deseja impor lei e ordem em sua cidade. Mesmo com tantas dificuldades o xerife Cass se sai bem em suas funções, isso até a chegada de um velho desafeto, um homem inescrupuloso, dono de saloon, que sempre contratou pistoleiros para defender seus interesses. Não demora muito e sua presença se torna um foco de tensão para o xerife que precisa lidar ainda com a presença do filho de um homem que matou no passado. Thad Anderson (Jeffrey Hunter) é um cowboy que sabe que o xerife da cidade é o assassino de seu pai. Estaria ele disposto a vingar sua morte ou não?

O roteiro desse filme é bem interessante porque mostra um xerife em seus anos finais. Ele está velho, tem problemas de visão, sua vista se torna cada vez mais embaçada e isso para alguém que precisava enfrentar todos os tipos de criminosos torna tudo ainda mais delicado. O roteiro e a produção são bons, porém o grande atrativo vem do elenco, principalmente do trio principal de protagonistas. Um ainda muito jovem Jeffrey Hunter interpreta um cowboy que chega na cidade, provavelmente em busca de vingança pela morte do pai. Robert Ryan é o xerife que sabe que sua hora decisiva está muito provavelmente bem próxima e a bela Virginia Mayo é a dona de um saloon local, uma mulher que deseja vencer na vida no mundo dos negócios. Em alguns momentos o enredo me lembrou de filmes como "Onde Começa o Inferno" e até mesmo "Matar ou Morrer", mas é preciso reconhecer que esse roteiro não tem a mesma consistência psicológica ou de desenvolvimento dos principais personagens como nesses grandes clássicos do western americano. É certamente um bom faroeste, valorizado pelos momentos de tensão, porém não chega a ser um dos grandes clássicos do gênero. Competente e bem realizado, cumpre suas pretensões, mas sem chegar a um nível tão alto.

À Borda da Morte (The Proud Ones, Estados Unidos, 1956) Direção: Robert D. Webb / Roteiro: Edmund H. North, Joseph Petracca / Elenco: Robert Ryan, Virginia Mayo, Jeffrey Hunter / Sinopse: Velho xerife precisa lidar com antigos inimigos em um momento particularmente complicado de sua vida, principalmente por não ter mais a mesma habilidade do passado. .

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Heróis da Polícia Montada

Título no Brasil: Heróis da Polícia Montada
Título Original: The Canadians
Ano de Produção: 1961
País: Inglaterra
Estúdio: Associated Producers (API)
Direção: Burt Kennedy
Roteiro: Burt Kennedy
Elenco: Robert Ryan, John Dehner, Torin Thatcher
  
Sinopse:
Com a violência e a brutalidade das chamadas guerras indígenas no oeste selvagem dos Estados Unidos, uma grande parte dos guerreiros nativos da tribo Sioux resolvem cruzar a fronteira, indo para o vizinho Canadá. A chegada é inicialmente pacífica, pois sequer existem tropas canadenses naquela região, mas logo começam os atritos e conflitos entre os Sioux e cowboys que vivem da caça naquelas montanhas, dando origem a um novo ciclo de violência e mortes. Os soldados americanos também estão atrás dos assassinos do General Custer e sua sétima cavalaria.

Comentários:
Um western britânico contando parte da história das guerras indígenas em solo canadense? No mínimo interessante e curioso. O filme tem um bom roteiro e boas cenas de batalha, valorizado ainda mais pelas belas paisagens das regiões canadenses mais distantes e isoladas. O diretor Burt Kennedy quis inicialmente que todo o filme fosse rodado em locações naturais, mas naquela época isso era praticamente impossível. Assim ele deslocou uma unidade de produção para filmar as paisagens, enquanto rodava cenas em estúdio. O resultado, apesar de um pouco irregular, convence. O roteiro explora a fundação da Northwest Mounted Police, que seria a unidade pioneira da hoje famosa Polícia Montada Canadense, um dos orgulhos nacionais daquela nação. No contexto histórico em que o filme foi rodado esse destacamento militar funcionava também como parte do exército canadense, algo que hoje em dia não mais ocorre. Obviamente que o roteiro tem um lado bem ufanista, que soa em determinados momentos como muito inocentes hoje em dia. Isso porém não desqualifica a produção como puro espetáculo de diversão cinematográfica, valorizado ainda mais pelo elenco, com o galã Robert Ryan no papel principal, a do comandante e inspetor William Gannon. Seus atos de bravura, em tempos tão cinicamente presentes como os dias atuais, vão até soar meio cafonas. Ignore isso, veja como parte do charme nostálgico do filme e se divirta, acima de tudo. Vai valer a pena.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O Preço de um Homem

Título no Brasil: O Preço de um Homem
Título Original: The Naked Spur
Ano de Lançamento: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Anthony Mann
Roteiro: Sam Rolfe, Harold Jack Bloom
Elenco: James Stewart, Janet Leigh, Robert Ryan, Ralph Meeker, Millard Mitchell, Aaron Stevens

Sinopse:
Howard Kemp (James Stewart) é um caçador de recompensas que há muito tempo persegue o assassino Ben Vandergroat (Ryan). Ao longo do caminho, Kemp é forçado a lidar com certos sujeitos, entre eles um velho garimpeiro chamado Jesse Tate e um soldado da União dispensado de forma desonrosa. Quando eles descobrem que Vandergroat tem uma recompensa de US$ 5.000 por sua cabeça, a ganância começa a tomar conta deles. Vandergroat aproveita ao máximo a situação, semeando dúvidas entre os dois homens em todas as oportunidades, finalmente convencendo um deles a ajudá-lo a escapar.

Comentários:
Quando você se deparar com qualquer faroeste contando com essa dupla Stewart e Mann, pode assistir ao filme sem nem pensar duas vezes. No mínimo será mais um grande western, isso se não for um clássico absoluto do gênero cinematográfico. É impressionante como eles só fizeram bons filmes. Nunca houve espaço para a mediocridade no trabalho deles em Hollywood. E esse filme só vem confirmar isso. É um daqueles excelentes filmes do passado, com linda direção de fotografia, captando toda a beleza natural onde foi filmado e contando com um elenco muito bom, onde destaco não apenas James Stewart, aqui em um papel um pouco fora do seu habitual, como também da estrela Janet Leigh. De cabelos loiros curtinhos, muito bronzeada, ela convence demais como uma garota durona do velho oeste. Tão durona que na época em que o filme chegou nos cinemas houve quem acusasse sua personagem de ser uma lésbica, isso apesar dela se relacionar com os personagens masculinos do filme. Mas enfim, gostei demais. Esse é um daqueles filmes que não podem faltar na coleção do cinéfilo que aprecia filmes de faroeste. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Corações Solitários

Esse filme também é conhecido como "Corações Solitários". Na história um Jovem jornalista desempregado chamado Adam White (Montgomery Clift) aceita trabalhar em um jornal escrevendo a coluna "Corações Solitários". Nela leitores pedem conselhos sentimentais. Inicialmente o jornalista pensa ser tudo uma bobagem, sem maior importância para sua carreira, mas conforme vai se envolvendo nas histórias acaba descobrindo os dramas pessoais de cada pessoa que lhe escreve. Como se já não bastasse os problemas profissionais ele ainda tem que lidar com sua noiva (Dolores Hart) que está perdendo a paciência com sua indefinição, pois ela quer se casar logo, mas ele vacila sobre essa decisão.

O argumento desse filme é muito interessante. Existe um subtexto envolvendo o personagem de Clift, um jovem idealista, com seu editor, um sujeito cínico e descrente com a humanidade em geral, que rende ótimos diálogos. Em um deles, impagável, o editor diz a Clift o seguinte: "Não se engane, as pessoas em geral são animais, não existe bondade no mundo". A tese de um e do outro acabará sendo testada justamente nos leitores da coluna "Corações Solitários" - inclusive no personagem de uma dona de casa insatisfeita, casada com um homem impotente.

Como facilmente se percebe, o texto que foi baseado em uma famosa peça da época, é forte, tratando de temas polêmicos. Clift novamente dá show com seu personagem, um jornalista bom e decente que tenta driblar inclusive seu passado nebuloso (que acabará voltando à tona para lhe assombrar). Outro destaque é a presença da starlet Dolores Hart. Ela ficou famosa por aparecer em um filme com Elvis Presley chamado "A Mulher Que eu Amo" (Loving You). Sua história é bem curiosa, pois pouco tempo depois ela largaria a carreira e o cinema para virar uma freira católica em sua cidade natal. Ela ainda está viva e hoje é uma irmã beneditina de um mosteiro americano. Em suma, "Corações Solitários" tem excelente elenco, inteligente roteiro e um final aberto que nos deixa a seguinte pergunta: Afinal quem tinha razão, o editor ou o jornalista? Assista para responder.

Por um Pouco de Amor / Corações Solitários (Lonelyhearts, Estados Unidos, 1958) Direção: Vincent J. Donehue / Rioteiro: Dore Schary, baseado na peça de Howard Teichmann / Elenco: Montgomery Clift, Myrna Loy, Maureen Stapleton, Robert Ryan / Sinopse: Adam White (Montgomery Clift) é um jovem jornalista escritor que aceita o convite para escrever uma coluna sentimental no jornal de sua cidade. No começo ele não leva muito à sério a nova função, mas aos poucos vai descobrindo os dramas reais de pessoas sofrendo com inúmeros problemas emocionais. Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de melhor atriz coadjuvante (Maureen Stapleton).

Pablo Aluísio.

domingo, 21 de janeiro de 2007

Conspiração Do Silêncio

Construído em cima do roteiro espetacular de Millard Kaufman, o clássico "Conspiração do Silêncio" (Bad Day at Black Rock - 1955) é um filme acima da média e de valores e gêneros agregados, como: western, suspense e drama. O elenco é estelar e encabeçado por nada menos que Spencer Tracy, Robert Ryan, Ernest Borgnine e Lee Marvin. Cabe ao próprio Tracy a tarefa de roubar as cenas (ou quase todas) no papel de John MacReed, um ex-combatente da Segunda Guerra e deficiente físico (ele não tem um dos braços). O longa começa com MacReed desembarcando de trem, na árida, calorenta e praticamente inóspita cidade de Black Rock. Reed, chega com apenas uma mala e uma missão: entregar a um nipo-americano de nome Komako, a Medalha de Mérito que pertenceu a seu filho, morto em batalha na guerra. Para MacReed, encontrar Komako e devolver-lhe a medalha era uma questão de honra, pois o filho do japonês havia morrido para salvar a sua vida. Mas o que o forasteiro não contava, era com o clima extremamente hostil e criminoso dos habitantes da pequena cidade. Liderados pelo brutamontes, Reno Smith (Robert Ryan) e seu braço direito, Coley Trimble (Ernest Borgnine) a turba de capangas faz de tudo para atrapalhar o ex-combatente em sua busca. O filme vai crescendo em tensão na medida em que MacReed vai ficando mais perto da verdade. Numa cena fantástica e rara para os filmes de Hollywood na época, Reed enfrenta Coley Trimble num bar aplicando-lhe golpes de Jiu-Jitsu. Uma homenagem ao filho japonês de Komako.

A busca por Komako se arrasta, e o calor seco e insuportável da cidadezinha se contrapõe ao gelo e a insanidade de Reno e seus capangas. A inquietação crescente de MacReed confronta-se com a violência surda e muda de uma cidade que não ouve e também não lhe dá uma resposta sequer. O silêncio monstruoso dos habitantes é intransponível. É a piscina lamacenta que Reed tem que atravessar para tentar lavar a sua alma agradecida. O tempo vai passando e o binômio que rege o filme, silêncio-segredo, dá lugar as vicissitudes de um roteiro primoroso que aos poucos vai transformando, o até então desacreditado, Reed num organismo furioso e vingativo empurrando-o para um inexorável confronto, violento e explosivo com Reno e a bandidagem da cidade. O filme, pouco conhecido no Brasil, é uma jóia rara e, com toda a certeza, o maior papel da carreira do excepcional Spencer Tracy e um dos melhores dirigidos pelo ótimo John Sturges. Foi também o primeiro filme da Metro a ser rodado no formato Widescreen. A dupla, Tracy e Sturges, voltaria a fazer sucesso no clássico "O Velho e o Mar" (1958). Outra curiosidade é que o primeiro filme da série Rambo. "Rambo, Programado para Matar" (1982), teve como inspiração, o roteiro de Conspiração do Silêncio. Nota 10

Conspiração do Silêncio (Bad Day at Black Rock, EUA, 1955) Direção: John Sturges / Roteiro: Millard Kaufman, Don McGuire / Elenco: Spencer Tracy, Robert Ryan, Anne Francis, Dean Jagger, Ernest Borgnine, Lee Marvin / Sinopse: Jonh MacReed (Spencer Tracy) é um veterano da II Guerra Mundial que vai até uma distante cidade chamada Black Rock para entregar a medalha do mérito a um pai cujo filho foi morto em combate.

Telmo Vilela Jr.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Conspiração Do Silêncio

Construído em cima do roteiro espetacular de Millard Kaufman, o clássico "Conspiração do Silêncio" (Bad Day at Black Rock - 1955) é um filme acima da média e de valores e gêneros agregados, como: western, suspense e drama. O elenco é estelar e encabeçado por nada menos que Spencer Tracy, Robert Ryan, Ernest Borgnine e Lee Marvin. Cabe ao próprio Tracy a tarefa de roubar as cenas (ou quase todas) no papel de John MacReed, um ex-combatente da Segunda Guerra e deficiente físico (ele não tem um dos braços). O longa começa com MacReed desembarcando de trem, na árida, calorenta e praticamente inóspita cidade de Black Rock. Reed, chega com apenas uma mala e uma missão: entregar a um nipo-americano de nome Komako, a Medalha de Mérito que pertenceu a seu filho, morto em batalha na guerra.

Para MacReed, encontrar Komako e devolver-lhe a medalha era uma questão de honra, pois o filho do japonês havia morrido para salvar a sua vida. Mas o que o forasteiro não contava, era com o clima extremamente hostil e criminoso dos habitantes da pequena cidade. Liderados pelo brutamontes, Reno Smith (Robert Ryan) e seu braço direito, Coley Trimble (Ernest Borgnine) a turba de capangas faz de tudo para atrapalhar o ex-combatente em sua busca. O filme vai crescendo em tensão na medida em que MacReed vai ficando mais perto da verdade. Numa cena fantástica e rara para os filmes de Hollywood na época, Reed enfrenta Coley Trimble num bar aplicando-lhe golpes de Jiu-Jitsu. Uma homenagem ao filho japonês de Komako. A busca por Komako se arrasta, e o calor seco e insuportável da cidadezinha se contrapõe ao gelo e a insanidade de Reno e seus capangas. A inquietação crescente de MacReed confronta-se com a violência surda e muda de uma cidade que não ouve e também não lhe dá uma resposta sequer. O silêncio monstruoso dos habitantes é intransponível. É a piscina lamacenta que Reed tem que atravessar para tentar lavar a sua alma agradecida.

O tempo vai passando e o binômio que rege o filme, silêncio-segredo, dá lugar as vicissitudes de um roteiro primoroso que aos poucos vai transformando, o até então desacreditado, Reed num organismo furioso e vingativo empurrando-o para um inexorável confronto, violento e explosivo com Reno e a bandidagem da cidade. O filme, pouco conhecido no Brasil, é uma jóia rara e, com toda a certeza, o maior papel da carreira do excepcional Spencer Tracy e um dos melhores dirigidos pelo ótimo John Sturges. Foi também o primeiro filme da Metro a ser rodado no formato Widescreen. A dupla, Tracy e Sturges, voltaria a fazer sucesso no clássico "O Velho e o Mar" (1958). Outra curiosidade é que o primeiro filme da série Rambo. "Rambo, Programado para Matar" (1982), teve como inspiração, o roteiro de Conspiração do Silêncio. Nota 10

Conspiração do Silêncio (Bad Day at Black Rock, EUA, 1955) Direção: John Sturges / Roteiro: Millard Kaufman, Don McGuire / Elenco: Spencer Tracy, Robert Ryan, Anne Francis, Dean Jagger, Ernest Borgnine, Lee Marvin / Sinopse: Jonh MacReed (Spencer Tracy) é um veterano da II Guerra Mundial que vai até uma distante cidade chamada Black Rock para entregar a medalha do mérito a um pai cujo filho foi morto em combate.

Telmo Vilela Jr.

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

A Volta dos Homens Maus

Mais um bom western estrelado por Randolph Scott. Ele interpreta um rancheiro que decide vender seu gado, sua propriedade, para ir embora, para outra cidade, onde está prestes a acontecer uma nova corrida ao ouro. Antes disso porém uma quadrilha de assaltantes a banco invade uma pequena cidade. No grupo se encontra até mesmo uma mulher, Cheyenne (Anne Jeffreys), que durante uma fuga acaba sendo baleada, indo parar no rancho de Scott.

Ele decide ajudá-la. Não apenas a escondendo da patrulha que a persegue, como também pedindo ajuda ao médico local. Curada, ela decide finalmente se redimir daquela vida. Outro personagem interessante do filme - e o alívio cômico - vem do personagem interpretado pelo ator George 'Gabby' Hayes. Ele fez muitos filmes ao lado de John Wayne e John Ford, sempre interpretando velhinhos matutos e bons de briga. Aqui ele esbanja a mesma linha de humor que o tornou conhecido nos filmes de faroeste daquela época.

Outro ponto que vai chamar a atenção dos fãs de western vem da quadrilha de assaltantes a banco. Ela é formada por lendas do velho oeste como Billy The Kid, Sundance Kid, os irmãos Dalton. Clato que os roteiristas desse filme fizeram uma salada geral, juntando personagens históricos reais em um mesmo bando. Na realidade eles viveram em épocas e lugares diferentes e nunca se conheceram de fato. Porém para esse filme todos foram reunidos em prol da diversão do público. De maneira em geral gostei muito dessa produção. É bem realizado, tem um bom roteiro e um desfecho que segue a tradição de muitos filmes de western, com direito a um duelo bem no meio de uma cidade fantasma localizada no deserto.

A Volta dos Homens Maus (Return of the Bad Men, Estados Unidos, 1948) Direção: Ray Enright / Roteiro: Charles O'Neal, Jack Natteford / Elenco: Randolph Scott, Robert Ryan, Anne Jeffreys, George 'Gabby' Hayes, Jacqueline White / Sinopse: Quadrilha de pistoleiros e foras-da-lei se reúne em uma pequena cidadezinha do velho oeste para roubar o banco local. Enquanto isso um rancheiro decide vender tudo para entrar na corrida ao ouro que está sendo organizada rumo ao novo estado da Califórnia.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 9 de junho de 2006

Quadrilha Maldita

Título no Brasil: Quadrilha Maldita
Título Original: Day of the Outlaw
Ano de Produção: 1959
País: Estados Unidos
Estúdio: Security Pictures
Direção: André De Toth
Roteiro: Philip Yordan
Elenco: Robert Ryan, Burl Ives, Tina Louise, Alan Marshal, Venetia Stevenson, David Nelson

Sinopse:
O filme "Quadrilha Maldita" conta a história de um fazendeiro que só quer tocar sua propriedade rural ao lado de sua família. Sua paz é rompida quando surge uma violenta quadrilha na região. Eles estão dispostos a tudo para salvar a vida do líder do bando, agora severamente ferido numa perseguição de homens da lei.

Comentários:
Baseado no romance de faroeste escrito por Lee E. Wells, esse filme B dos anos 50 inova ao trazer para primeiro plano uma violência mais crua do que era comum naqueles anos. Longe das amarras dos grandes estúdios de Hollywood como a Warner, Columbia e Fox, o diretor André De Toth conseguiu antecipar em alguns anos a violência estilizada que iria imperar no western a partir dos anos 60. Ele foi um veterano do gênero e críticos de cinema afirmam que ele sempre foi mais talentoso quando trabalhava em pequenos estúdios de cinema ou companhias cinematográficas independentes como foi o caso desse filme. Pena que também por não ser produzido por uma das majors de Hollywood, pouco foi visto em seu lançamento original.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 1 de junho de 2006

Meu Ódio Será Sua Herança

No final da década de 1960, quando as cortinas do gênero western pareciam se fechar para sempre, uma leva de excelentes filmes foram surgindo nas telas de cinema, revitalizando o faroeste, dado por muitos como algo ultrapassado, que os grandes estúdios de Hollywood já não tinham mais interesse. Um desses novos clássicos que vieram para não deixar que algo assim acontecesse foi esse "Meu Ódio Será Sua Herança" que foi recebido, desde as primeiras exibições, como um vento de renovação no estilo. A crítica obviamente adorou e o filme chegou a concorrer em duas categorias no Oscar, melhor roteiro adaptado e melhor música, para o sempre excelente maestro Jerry Fielding. Merecia até mais indicações em categorias mais prestigiadas.

Esse filme também é um dos mais importantes e representativos da carreira do mestre Sam Peckinpah. Muito se fala até hoje em dia na questão da violência retratada nos filmes. Pois bem, Sam Peckinpah foi um mestre em mostrar cenas violentas como verdadeiras obras de arte. Até hoje ele é considerado uma espécie de criador da chamada violência estilizada, onde cada momento, cada fotograma era especialmente trabalhado para trazer o máximo em termos de impacto visual para o espectador. Assim o filme usava a violência não como apelação, mas sim como ferramenta de narrativa. Enfim, temos aqui um clássico do western, com a assinatura do grande Sam Peckinpah.

Meu Ódio Será Sua Herança (The Wild Bunch, Estados Unidos, 1969) Estúdio: Warner Bros / Direção: Sam Peckinpah / Roteiro: Walon Green, Sam Peckinpah / Elenco: William Holden, Ernest Borgnine, Robert Ryan, Edmond O'Brien, Warren Oates / Sinopse: Uma quadrilha de envelhecidos criminosos, de foras-da-lei do passado. planeja um último grande roubo enquanto o tradicional oeste americano está desaparecendo ao seu redor.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de maio de 2006

Mato em Nome da Lei

Neste excelente faroeste, com um elenco de primeira grandeza, que conta com nomes como: Robert Ryan e também com um (quase) desconhecido Robert Duvall - Burton Stephen Lancaster, ou simplesmente, Burt Lancaster, vive na pele de Jered Maddox, um agente da lei na pequena cidade de Bannock. Certa noite, com Maddox ausente, um bando de arruaceiros e assassinos entram na pequena Bannock e promovem um tremendo quebra-quebra, culminando com a morte de um senhor inocente. Passado alguns mêses, Maddox chega à pequena cidade de Sabbath e imediatamente vai ao encontro do xerife Cotton Ryan (Robert Ryan). Maddox mostra uma lista de nomes a Cotton onde estão relacionados todos os baderneiros que estiveram em Bannock, e diz que ele tem até o meio-dia do dia seguinte para prender os vaqueiros e entregá-los a ele (Maddox) para que sejam julgados pelo assassinato em Bannock.

Cotton abre o jogo com Maddox e diz a ele que os vaqueiros da lista, trabalham para o rico fazendeiro Vincente Bronson (Lee J. Cobb). Cotton explica que foi Bronson quem o nomeou xerife, e além disso grande parte das pessoas que vivem ali, também trabalham para o fazendeiro, mesmo que indiretamente. Ou seja: os habitantes daquele povoado, ou gostam realmente de Bronson, ou têm medo dele. Uma coisa é certa: ele é o dono da cidade. Sendo assim Ryan deixa claro à Maddox que não vai ajudá-lo em nada. Furioso, Maddox diz à Ryan que todos os vaqueiros serão presos. Por bem ou por mal. No dia seguinte, Ryan parte em direção à fazenda de Bronson para dar-lhe o recado de Maddox. Para surpresa, Bronson não age como um cafajeste desumano; pelo contrário: o fazendeiro mostra-se um homem equilibrado e arrependido pelo que seus homens fizeram na pequena cidade. Na verdade, Bronson não quer entregar seus homens e nem a si mesmo a Maddox, e faz uma proposta: indenizar à família do senhor que morreu na baderna, além de indenizar também o xerife Maddox para que ele esqueça as ordens de prisão. Mas Ryan adverte que Maddox não aceitará a proposta.

À noite, descansando no hotel, Maddox recebe a visita da bela Laura Shelby (Sheree North) uma linda mulher que no passado foi sua amante. Ela pede ao implacável agente que poupe a vida de seu atual marido que também está na lista: Hurd Price (J.D. Cannon). Maddox não dá ouvidos à ex-amante e diz que vai prender seu marido também. Na fazenda, Vincent Bronson reúne seus vaqueiros e diz o que está acontecendo. Os homens se revoltam e pensam num meio de contornar o problema e tirar Maddox da jogada. A reunião esquenta e o braço direito e capataz de Bronson, Harvey Stenbaugh (Albert Salmi), revolta-se com a situação, diz que não vai negociar, e vai até a cidade para matar Maddox. Os dois vão para a rua e ficam frente a frente. Maddox, numa frieza impressionante, saca sua arma e, rápido como um raio, mata Stenbaugh.

Depois de saber da morte de seu amigo e braço direito, Bronson se desespera, reúne seus homens e juntos seguem para a pequena Sabbath para o enfrentamento final contra o implacável agente da lei. Apesar do título infeliz recebido no Brasil, "Mato em Nome da Lei" (Lawman - 1971) é um excelente faroeste, dirigido pelo inglês Michael Winner, que três anos depois dirigiria o explosivo "Desejo de Matar" com Charles Bronson. "Mato em Nome da Lei", destaca-se não só pelo excelente roteiro mas também pela excelente jogada de utilizar elementos de outros clássicos do western como "Matar ou Morrer". Outra qualidade do filme é a construção da história em torno da enorme categoria e carisma do grande Burt Lancaster, encarnado no papel de um impagável, obsessivo e incorruptível xerife Maddox.

Mato em Nome da Lei (Lawman, Estados Unidos,1971) Direção: Michael Winner / Roteiro: Gerald Wilson / Elenco: Burt Lancaster, Robert Ryan, Lee J. Cobb, Robert Duvall / Sinopse: Jered Maddox (Burt Lancaster) é um xerife que vai até outra cidade para prender um grupo de criminosos, algo que não será nada fácil para ele.

Telmo Vilela Jr.