segunda-feira, 6 de agosto de 2018

O Último Suspeito

Esse "City by the Sea" não é um grande filme policial, mas até que tem seus bons momentos. O assisti já no apagar das luzes da era dos videocassetes, quando as locadoras começavam a fechar suas portas por causa da popularização da internet. Um caminho sem volta. Pois bem, aqui temos um enredo interessante. Um policial, que dedicou toda a sua vida na preservação da lei, passa a ser suspeito de um crime bárbaro! Teria alguma lógica nas suspeitas, sendo que ele sempre foi tão íntegro e honesto? Aparentemente sim, já que seu passado esconde algo que ele sempre quis esconder, varrer para debaixo do tapete.

Acontece que seu pai foi um assassino. Nos anos 50 ele passou medo e terror para a pequena cidadezinha onde morava. Após matar um inocente com requintes de crueldade acabou sendo condenado à morte, em um tipo bem primitivo e selvagem de punição, a corda da forca! Isso mesmo, o pai do policial era um criminoso condenado à morte por enforcamento. O roteiro assim tenta, num viés Darwiniano, confundir o espectador! Teria ele herdado os genes podres de seu pai? Ok, no mundo real praticamente ninguém levaria algo assim à sério, mas em um filme... por que não? Eu particularmente coloco o filme lado a lado com as dezenas de fitas policiais apagadas que De Niro atuou ao longo de sua carreira, mas aqui pelo menos há o charme desse roteiro que brinca com o passado negro de um homem que se dedicou a ser um bom tira por toda a sua miserável vida.

O Último Suspeito (City by the Sea, Estados Unidos, 2002) Estúdio: Warner Bros / Data de Lançamento: 10 de novembro de 2002 (EUA) / Direção: Michael Caton-Jones / Roteiro: Mike McAlary, Ken Hixon / Elenco: Robert De Niro, James Franco, Frances McDormand.

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de agosto de 2018

Capitão América: Guerra Civil

Bem mais simples do que a saga Guerra Civil dos quadrinhos, esse filme acabou sendo uma espécie de preview do que se viria depois na saga dos vingadores. Para falar a verdade todos os filmes da Marvel caminham juntos o que não deixa de ser um grande e complexo desafio para os roteiristas. Imagine ter que combinar de uma forma ou outra todos os filmes que são lançados de forma avulsa a cada ano. A Marvel acabou criando assim uma fábrica de grandes bilheterias, algo que nem mesmo a DC Comics conseguiu chegar perto. Provavelmente em um futuro próximo o estúdio venha a reunir todos os filmes em um grande box, onde eles finalmente vão fazer mais sentido juntos.

Aqui temos o começo dos problemas envolvendo o Capitão América de um lado e o Homem de Ferro do outro. Em torno deles se formam dois grupos rivais de heróis. E a partir daí, como é de praxe nos quadrinhos e nos filmes adaptados, começa um grande quebra pau entre os personagens. Os efeitos especiais obviamente são de última geração, mas o roteiro deixa a desejar. Afirmo isso não apenas em relação aos quadrinhos em si, que trazia dezenas de outros personagens, mas também no desenvolvimento de cada um herói. É claro que edições e mais edições de revistas jamais poderiam ser compiladas de forma satisfatória em apenas um filme de pouco mais de duas horas. Assim, se você conseguir passar por cima dessa impossibilidade técnica, pode até mesmo vir a se divertir com tudo o que acontece na tela. É um típico filme blockbuster de Hollywood com tudo de bom e ruim que isso possa significar.

Capitão América: Guerra Civil (Captain America: Civil War, EUA, 2016) Direção: Anthony Russo, Joe Russo / Roteiro: Christopher Markus, Stephen McFeely / Elenco: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson, Don Cheadle, Jeremy Renner, Elizabeth Olsen, Paul Rudd, Emily VanCamp / Sinopse: O grupo de super-heróis dos Vingadores racha ao meio quando um tratado internacional é ratificado por centenas de países ao redor do mundo colocando um freio em suas atividades. O Homem de Ferro concorda com as novas medidas, mas o Capitão América se recusa a concordar com ele. Assim duas equipes antagônicas são formadas dentro dos Vingadores e elas logo entram em conflito.

Pablo Aluísio. 

Adeus Christopher Robin

O filme conta a história do relacionamento entre um pai e seu filho. O pai é um dramaturgo de sucesso em Londres que precisa superar os traumas da guerra. Veterano na Primeira Guerra Mundial ele retorna para a Inglaterra com problemas psicológicos pelas coisas que viu e viveu no campo de batalha. Acaba encontrando no filho um suporte para isso. Aos poucos vai recuperando o prazer de escrever e de viver. E é justamente nas brincadeiras que tem ao lado do filho em um bosque próximo de sua casa que o inspira a escrever um livro infantil. Esse livro se tornaria um enorme sucesso de vendas, dando origem a uma série de personagens que ainda hoje povoam o imaginário das crianças. O escritor era Alan Alexander Milne, o livro recebeu o nome de "Winnie the Pooh" (no Brasil, "O Ursinho Pooh") e o filho que se tornaria célebre por também fazer parte do livro era o pequeno Christopher Robin.

O roteiro assim apresenta duas linhas narrativas. Na primeira acompanhamos a infância de Robin. De repente ele se torna conhecido mundialmente por causa do livro escrito pelo pai. Entrevistas, aparições públicas e todo o desgaste de ter se tornado uma figura pública mundial ainda quando era apenas uma criança. Na outra linha narrativa, já encontramos Robin como adulto. Ele tem ressentimentos por nunca ter tido paz (justamente por causa da notoriedade do livro) e por essa razão passa a ter um relacionamento conturbado com o pai, que tenta recuperar o afeto do filho. Meio que por rebeldia, meio por tentar seguir seus próprios caminhos, acaba se alistando no exército inglês, justamente no auge da Segunda Grande Guerra Mundial. Embora seja apenas na média o filme se sobressai por trazer a biografia desse autor, o que certamente vai interessar aos apreciadores de literatura inglesa. Também tem um bom elenco, com destaque mais uma vez para a bela Margot Robbie como a mãe de Robin. Nada convencional para a época ela estava mais interessada na fama e no dinheiro vindos do grande sucesso do livro do que propriamente nas necessidades do filho por afeto e carinho materno.

Adeus Christopher Robin (Goodbye Christopher Robin, Inglaterra, 2017) Direção: Simon Curtis / Roteiro: Frank Cottrell Boyce, Simon Vaughan / Elenco: Domhnall Gleeson, Margot Robbie, Kelly Macdonald, Will Tilston, Alex Lawther / Sinopse: O filme conta a história do autor e dramaturgo A.A. Milne que escreveu um dos mais populares livros infantis de todos os tempos, o best-seller "Winnie the Pooh". Na estorinha ele contava as brincadeiras de seu filho único, C.R. Milne, com seus brinquedos, numa casa de campo nos arredores de Londres.

Pablo Aluísio.

sábado, 4 de agosto de 2018

Creed - Nascido para Lutar

Stallone poderia ter feito mais uma continuação vazia de Rocky, mas preferiu ir por outro caminho. Excelente escolha. Esse "Creed" não apenas foi um sucesso de público e crítica, como também abriu portas para uma outra franquia independente (Creed II já foi inclusive anunciado). Também ganhou pontos por deixar de lado seu ego de estrela de cinema para abrir um espaço para outros roteiristas e para o diretor Ryan Coogler dirigir um excelente drama esportivo, onde a ação também não é deixada de lado. Assim Sylvester Stallone acabou sendo indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro por sua atuação! Quem imaginaria que nessa altura de sua vida ele iria ainda conseguir algo assim? Foi certamente algo excepcional.

De fato Stallone apenas serve como um coadjuvante de luxo dentro do enredo. O seu tão querido Rocky Balboa está curtindo seus anos de aposentadoria - vivendo uma existência modesta. E de repente bate à sua porta o jovem Adonis Johnson (Michael B. Jordan). Ele é filho do campeão Apollo Creed e quer ser também um campeão do boxe. Em sua forma de ver as coisas ninguém poderia lhe treinar melhor do que o próprio Rocky Balboa! E assim o filme se desenvolve. Há um pequeno problema de ritmo em sua estrutura e o roteiro não deixa de explorar certos clichês desse tipo de filme, porém é também inegável que o filme conseguiu chamar atenção por seus próprios méritos. Talvez Michael B. Jordan não seja um ator tão carismático para segurar um filme desse porte. Nesse aspecto ele acabou sendo salvo pelo próprio Stallone que sempre teve um carisma absurdo, ainda mais quando volta a interpretar o bom e velho Rocky Balboa.

Creed - Nascido para Lutar (Creed, Estados Unidos, 2015) Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) / Direção: Ryan Coogler / Roteiro: Ryan Coogler, Aaron Covington / Elenco: Michael B. Jordan, Sylvester Stallone, Tessa Thompson / Sinopse: Jovem lutador procura campeão de boxe do passado para que esse o treine. O choque de gerações logo se torna bem evidente entre ambos. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Sylvester Stallone). Vencedor do Globo de Ouro na mesma categoria.

Pablo Aluísio.

Histórias Cruzadas

Filme muito bom que é baseado em uma história real. Antes de ir para o cinema deu origem a um best-seller nos Estados Unidos. A história se passa nos anos 1960. Uma jovem recém formada decide escrever um livro contando o cotidiano das empregadas domésticas negras do sul. Como se sabe os estados sulistas dos Estados Unidos sempre foram associados a uma sociedade extremamente racista. Basta lembrar da guerra civil para entender bem isso. Assim Skeeter (Emma Stone) começa a acompanhar as experiências de vida da empregada doméstica Aibileen (Viola Davis). É justamente nas pequenas coisas diárias que ela espera encontrar a verdadeira face daquela sociedade.

E o que ela encontra? O racismo mais disfarçado, um misto de preconceito racial com preconceito social. Relegadas a baixos salários e longas jornadas de trabalho, as empregadas domésticas negras eram mesmo consideradas seres humanos de segunda categoria. O filme porém procura não criar um estilo de panfleto social, indo mais nas sutilezas, sem exagerar na dose. Em termos de elenco, onde predominam elas, as mulheres, temos excelentes atuações. Passando pela jovem e bem intencionada personagem interpretada por Emma Stone e passando pela integridade moral e experiência de vida da Aibileen de Viola Davis. Um filme muito bom mesmo, com excelente reconstituição de época, tudo valorizado pelo roteiro socialmente consciente. Uma boa oportunidade para os americanos se olharem no espelho.

Histórias Cruzadas (The Help, EUA, 2011) Direção: Tate Taylor / Roteiro: Tate Taylor, baseado na obra de Kathryn Stockett / Elenco: Emma Stone, Viola Davis, Octavia Spencer, Bryce Dallas Howard, Mike Vogel, Allison Janney / Sinopse: Durante a década de 60 a jovem Skeeter (Emma Stone), uma recém formada que tem planos de ser tornar escritora, decide escrever um livro retratando o cotidiano das empregadas domésticas negras do sul dos EUA. Em busca de material para seu texto ela consegue o apoio de Aibileen (Viola Davis), governanta de um amigo. Através dela Skeeter começa a ouvir também outras empregadas domésticas de sua cidade, dando forma ao seu livro que acabaria revelando um lado nada lisonjeiro das relações patroas e empregadas no sul racista americano

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Sibéria

Não acredito que os fãs de Keanu Reeves vão gostar muito desse filme. Todo rodado na Rússia, ele se propõe a ser ao mesmo tempo um filme de ação e romance e no final das contas falhas nas duas opções. Reeves interpreta um negociante americano que vai até a Rússia para comprar e revender raros diamantes azuis. O valor, claro, é exorbitante. Seus clientes são mafiosos, sujeitos violentos e que não aceitam falhas nesse tipo de negócio. Só que o fornecedor dele já foi pego vendendo diamantes falsos e pior do que isso, já se queimou com a máfia russa. O roteiro tem buracos. O espectador nunca fica sabendo, por exemplo, se o protagonista é apenas um vendedor de diamantes raros ou se tem alguma ligação a mais com o mundo do crime. Nada fica muito claro. Não procure também por muita ação nesse filme. Só há mesmo uma cena (a final) onde tiros são trocados numa floresta remota da Sibéria. Fora isso só há ameaças e situações de tensão ao longo de todo o filme. Nada parecido com John Wick. Quem gosta de ver Reeves em cenas mais movimentadas vai se decepcionar.

E então vem o lado romântico do filme. Enquanto está esperando por seu fornecedor, Reeves se envolve com uma russa interpretada pela atriz romena Ana Ularu. Ele a conhece casualmente em um bar onde ela trabalha. Depois do flerte vão para a cama, o que rende algumas cenas mais picantes ao filme (também não vá esperar muito nesse quesito). Esse romance entre o americano e a russa me pareceu bem morno. Apesar da pegação na hora do sexo, o Reeves não parece muito empolgado com sua nova namorada. Na maioria das vezes surge frio e distante. Para piorar a situação ela tem um pretendente na vila onde mora, um sujeito que vive bêbado (o que convenhamos é um estereótipo barato do roteiro em cima dos homens russos). Também tem alguns irmãos rudes e toscos que por diversão caçam ursos nas redondezas (outro estereótipo bobo do roteiro). No final fica aquela sensação de que o filme vai avançando sem ritmo, sem pegada, lento demais... tudo culminando numa cena que vai deixar as fãs do Keanu Reeves ainda mais irritadas.

Sibéria (Siberia, Estados Unidos, 2018) Direção: Matthew Ross / Roteiro: Scott B. Smith, Stephen Hamel / Elenco: Keanu Reeves, Ana Ularu, Boris Gulyarin, Ashley St. George / Sinopse: Lucas Hill (Keanu Reeves) é um americano que chega na Rússia para negociar raros diamantes azuis com a máfia, só que ao chegar em solo russo descobre que seu fornecedor está desaparecido, provavelmente morto, por ter vendido pedras falsas a criminosos de São Petersburgo.

Pablo Aluísio.

Regresso do Mal

Um filme de terror com Nicolas Cage? Sim, isso mesmo! O filme foi lançado no feriado de Halloween nos Estados Unidos e até que não foi tão mal como se esperava. O bom e velho Cage faz um pai feliz que decide levar o filho, um garotinho, para passear no meio de uma festa pelas ruas de Nova Iorque. Quando se distancia para comprar um sorvete para o filho acaba o perdendo de vista. Desesperado, faz de tudo para encontrá-lo, mas seus esforços são em vão. O roteiro então dá um pulo de um ano. O menino continua desaparecido. Pistas levam Cage a descobrir que seu sumiço pode ter sido causado pelos adoradores de uma antiga seita ocultista obscura.

Em vários flashbacks o roteiro então vai explorando o passado, mostrando inclusive o que aconteceu ainda nos tempos da colonização, onde uma lenda amaldiçoada começou a imperar entre os moradores. O título original desse filme (que significa "Pague ao Fantasma") tem muito a ver com o próprio enredo. Entre boas sequências de suspense e terror o que acaba se sobressaindo mesmo é o argumento do roteiro, que procura manter a atenção do espectador. O filme só se perde mesmo quando vai chegando ao final. O personagem de Cage atravessa o mundo espiritual em uma cena que não diz a que veio, que não ajuda em nada ao filme como um todo. No geral não é uma perda de tempo pois o filme ainda tem seus momentos, porém ficou muito longe do que poderia ser.

Regresso do Mal (Pay the Ghost, EUA, 2015) Direção: Uli Edel / Roteiro: Dan Kay, baseado na novela de Tim Lebbon / Elenco: Nicolas Cage, Sarah Wayne Callies, Veronica Ferres / Sinopse: Professor se desespera ao perder seu filho no meio de uma grande festa de Halloween. Após meses de busca intensa ele começa a seguir pistas que podem levar a uma ligação entre antigas crenças celtas e o paradeiro de centenas de crianças desaparecidas. Teria algo a ver com um evento trágico que aconteceu em Nova Iorque durante o século XVII, em pleno período da colonização da cidade?

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Deadpool

Esse é o primeiro filme do herói (herói?!) Marvel Deadpool. Recentemente vi o segundo e pude perceber que os produtores apenas apostaram no que já havia dado certo por aqui. Nada de muito novo. Pois bem, o diferencial desse personagem mascarado em relação aos demais é que ele mais parece uma metralhadora de gracinhas (ou bobagens) do que um herói de quadrinhos para a criançada admirar e comprar bonequinhos. Por falar nas revistas em quadrinhos, os entendidos afirmam que seus gibis são bem ruins, mas seus filmes, pelo menos até agora, se salvam da mesmice. O engraçado é que lendo a sinopse até parece um personagem mais tradicional, uma espécie de sub-Wolverine, mas não se trata mesmo disso, é algo bem diferente.

O enredo traz o veterano das forças especiais Wade Wilson (Ryan Reynolds). Ele está com uma doença terminal e por desespero de causa topa entrar em um experimento, um tratamento inovador e também perigoso. O resultado é que ele sobrevive e mais... surge com poderes especiais que jamais sonhara antes. O plot é legalzinho, não há como negar, mas também não foge muito do lugar comum entre origens de personagens da editora Marvel. Por fim a maior das ironias.  Ryan Reynolds fracassou com Lanterna Verde, mas acabou dando certo como Deadpool. E olha que nos quadrinhos o Lanterna da DC é muito mais popular do que o falastrão Deadpool da Marvel Comics... Vai entender...

Deadpool (Estados Unidos, Canadá, 2016) Estúdio: 20th Century Fox / Direção: Tim Miller / Roteiro: Tim Miller, Rhett Reese, Paul Wernick / Elenco: Ryan Reynolds, Morena Baccarin, T.J. Miller / Sinopse: Um membro das forças especiais passa por um tratamento novo que acaba salvando sua vida de um fim certo por causa de um câncer agressivo. Ao mesmo tempo o torna praticamente indestrutível, impossível de se matar.

Pablo Aluísio.

Baile Perfumado

Título no Brasil: Baile Perfumado
Título Original: Baile Perfumado
Ano de Produção: 1997
País: Brasil
Estúdio: Imovision
Direção: Paulo Caldas, Lírio Ferreira
Roteiro: Paulo Caldas, Lírio Ferreira
Elenco: Duda Mamberti, Luiz Carlos Vasconcelos, Aramis Trindade, Joffre Soares, Cláudio Mamberti, Germano Haiut

Sinopse:
Em 1937 o libanês Benjamin Abrahão (Duda Mamberti) resolve apostar numa empreitada perigosa. Ele decide ir para a caatinga em busca de Lampião e seu bando de cangaceiros no nordeste brasileiro. Sua intenção é filmar o famoso bandoleiro para exibir em cinemas pelo país afora. Inicialmente relutante, o Capitão Virgulino então finalmente decide ceder, "atuando" assim no filme de Benjamin.

Comentários:
Bom momento do cinema brasileiro que conta uma das histórias mais improváveis do nordeste, quando um estrangeiro conseguiu romper as linhas de defesa de Lampião para fazer as únicas imagens do grupo de cangaceiros em um filme. Aliás o filme em si é um exercício de metalinguagem cinematográfica das mais interessantes, isso porque o filme de Benjamin Abrahão acabou dando origem a justamente esse "Baile Perfumado". Obviamente a câmera que usou na época era bem primitiva, sem som, nem nada de muito sofisticado em termos tecnológicos, porém as imagens captadas do bando de Lampião foi certamente um dos registros históricos mais importantes da cultura do povo nordestino. A tradição ligando o cangaço com o cinema brasileiro vem de muito tempo, poderia dizer até mesmo que essa seria a mitologia brasileira equivalente ao velho oeste dos Estados Unidos. Se o Brasil tivesse uma indústria de cinema mais regular e desenvolvida certamente muitos filmes teriam sido produzidos sobre o cangaço. De qualquer maneira esse "Baile Perfumado" é seguramente um tiro certeiro nesse estilo de produção..Roteiro bem elaborado, boa produção e um enredo que é à prova de falhas. Se ainda não viu não deixe de conferir.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Bom Comportamento

Até que achei bom esse novo filme estrelado pelo ator Robert Pattinson. Ele deixou a imagem de vampiro ídolo dos adolescentes para interpretar um ladrão de bancos, um sujeito até bem desprezível que usa seu irmão deficiente mental nos crimes. Depois de mais um assalto as coisas acabam saindo muito mal. O ladrão de Pattinson consegue fugir da polícia, mas seu irmão acaba literalmente atravessando uma porta de vidro da agência bancária. Depois disso fim de papo. Ferido, com o rosto cheio de cortes profundos, acaba sendo preso pelos tiras. Sendo uma pessoa deficiente, com problemas até mesmo de comunicação com os outros, acaba sendo espancado brutalmente na prisão. Aí vem aquela coisa, levado ao hospital, acaba sendo alvo dos planos do irmão criminoso que quer tirar ele de lá, só que mais uma vez acontece tudo errado, desastre completo.

O filme pode ser considerado um thriller criminal. Todos os principais personagens são seres trágicos, sem esperança nenhuma. Também são desprovidos de valores morais. Bandidos de corpo e alma. Para salvar o irmão da cadeia Pattinson vai atrás de uma antiga namorada, uma mulher também com problemas mentais que mora com a mãe em um apartamento bem pequeno. Pior do que isso, pede que ela use os cartões de crédito de sua sofrida mãe para pagar a fiança. Um absurdo completo. No meio do caminho ainda há espaço para o sequestro de uma pessoa errada e a disfarçada invasão da casa de um velha senhora negra e sua neta. O inferno na Terra. Bom filme enfim, bem visceral e à sua maneira, cruel.

Bom Comportamento (Good Time, Estados Unidos, 2017) Direção: Benny Safdie, Josh Safdie / Roteiro: Ronald Bronstein, Josh Safdie / Elenco: Robert Pattinson, Benny Safdie, Jennifer Jason Leigh / Sinopse: Dois irmãos, um deles com retardo mental, assaltam um banco. O crime porém não dá muito certo. A polícia é chamada e um deles acaba encurralado. Preso, é espancado na prisão por um grupo de prisioneiros negros. Depois disso é levado a um hospital, onde o seu irmão vai tentar resgatá-lo de qualquer maneira.

Pablo Aluísio.

Animais Noturnos

Esse filme no fundo tem algo que vai fazer todo e qualquer espectador se identificar. Sua mensagem subliminar é sobre as escolhas erradas que fazemos ao longo da vida; Arrependimentos? Sim, embora ninguém goste realmente de admitir que se arrependeu de algo feito no passado. A protagonista é Susan Morrow (Amy Adams). Uma mulher que começa a perceber que sua vida pessoal e profissional não vai bem. O marido é um sujeito cada vez mais distante e a galeria de arte onde ela trabalha vai de mal a pior a cada dia. Para enrolar ainda mais sua situação o ex-marido Edward Sheffield (Jake Gyllenhaal) surge com um novo livro que ele pretende publicar. Ela gostava dele, mas por pressão familiar o deixou. É a velha faceta do preconceito social. Como ele era pobre e sem dinheiro, a mãe dela tratou de colocar um fim no romance.

Outro ponto forte desse filme é o seu roteiro que se desdobra em duas linhas narrativas distintas que vão seguindo durante o filme. Na primeira acompanhamos a vida de Susan e no segundo mergulhamos na trama do livro que ela lê, justamente "Animais Noturnos" escrito por seu ex-marido. Tudo muito bem realizado e de bom gosto. Vale ressaltar também que essa dupla de atores centrais - Amy Adams e Jake Gyllenhaal - fazem toda a diferença. Eles estão ótimos, excepcionais em seus papéis. Diria até que Amy merecia ter sido indicada ao Oscar por esse trabalho, opinião compartilhada por muitos críticos de cinema quando esse filme foi lançado. Então é isso. Fica a recomendação desse drama muito bem escrito e atuado. Algo cada vez mais raro nos dias de hoje.

Animais Noturnos (Nocturnal Animals, Estados Unidos,  2016) Estúdio: Focus Features / Direção: Tom Ford / Roteiro: Tom Ford / Elenco: Amy Adams, Jake Gyllenhaal, Michael Shannon, Aaron Taylor-Johnson, Laura Linney, Michael Sheen / Sinopse: O filme conta a história de Susan Morrow (Amy Adams). O casamento dela vai mal e a galeria de arte que administra está em um péssimo momento. Ela olha para o passado e se arrepende de várias coisas, entre elas a de não ter seguido em frente com seu relacionamento com Edward Sheffield (Jake Gyllenhaal). E para sua surpresa ele ressurge com um livro dedicado justamente a ela!

Pablo Aluísio.  

quinta-feira, 26 de julho de 2018

O Doce Pássaro da Juventude

Título no Brasil: O Doce Pássaro da Juventude
Título Original: Sweet Bird of Youth
Ano de Produção: 1962
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Richard Brooks
Roteiro: Richard Brooks
Elenco: Paul Newman, Geraldine Page, Shirley Knight, Ed Begley, Madeleine Sherwood, Rip Torn
  
Sinopse:
Com roteiro baseado na obra de Tennessee Williams, o filme "O Doce Pássaro da Juventude" conta a estória de Chance Wayne (Paul Newman). Após muitos anos ele está de volta para sua cidade natal e não está sozinho. Ao seu lado viaja também a decadente estrela de cinema Alexandra Del Lago (Geraldine Page). De volta ao seu antigo lar Chance reencontra pessoas de seu passado e tenta superar os traumas de sua juventude. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Ed Begley). Também vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Drama (Geraldine Page).

Comentários:
Mais uma brilhante adaptação de um texto de Tennessee Williams. O roteiro é baseado em sua peça de teatro que causou grande repercussão de crítica e público desde que foi encenada pela primeira vez em Nova Iorque. Aqui somos apresentados ao casal formado por Chance Wayne (Paul Newman) e Alexandra Del Lago (Geraldine Page). Eles chegam numa pequena cidade chamada St Cloud e se hospedam num hotel barato. Ela está totalmente embriagada e ele a trata publicamente como uma princesa estrangeira. No decorrer do filme vamos entendendo aos poucos quem realmente são e a razão de estarem ali. A trama é tecida gradativamente, em camadas, com uso extremamente inteligente de flashbacks contando todo o passado dos personagens. É um ótimo instrumento narrativo para situar o espectador dentro do enredo. Nem é preciso dizer que o roteiro tem excelentes diálogos e é excepcionalmente bem interpretado por Paul Newman (em grande forma) e Geraldine Page (maravilhosa em cena, conseguindo imprimir em sua personagem doses exatas de sensibilidade, humanidade e crueldade psicológica).

Na realidade o texto tem um tema central: A extrema dificuldade que certas pessoas possuem em lidar com o fim da juventude e de encarar os fracassos pessoais de uma velhice em depressão. Alexandra Del Lago (Page) retrata muito bem isso. Uma antiga diva do cinema que vê seu mundo desmoronar após perder o encanto e a jovialidade. Seus filmes fazem parte do passado, praticamente ninguém a conhece mais. A fama que um dia a glorificou está definitivamente em um passado distante. Já Chance (Newman) é muito mais interessante. Correndo atrás de um sonho que jamais se realizará, ele vê seus anos (e sua juventude) passarem em branco, sem conseguir tornar realidade os objetivos que ele próprio determinou a si mesmo. Em certo aspecto é também um derrotado em sua vida profissional e pessoal. O texto é um dos melhores de Williams, embora não seja tão pesado como o que vimos em outras obras dele como "Gata em Teto de Zinco Quente". Além disso "O Doce Pássaro da Juventude" tem mais clima de cinema, deixando o aspecto teatral da obra original em segundo plano. Enfim, gostei muito e recomendo bastante. É uma verdadeira obra prima do cinema americano clássico.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Quo Vadis

Título no Brasil: Quo Vadis
Título Original: Quo Vadis
Ano de Produção: 1951
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Mervyn LeRoy
Roteiro: John Lee Mahin, S.N. Behrman
Elenco: Robert Taylor, Deborah Kerr, Peter Ustinov, Leo Genn
  
Sinopse:
Durante o governo do sanguinário e louco imperador romano Nero uma nova doutrina religiosa chamada Cristianismo avança entre a sociedade de Roma. Pregada por pessoas como o apóstolo Pedro e seus seguidores, a nova religião trazia uma mensagem de esperança, fé e amor ao próximo. Logo a nova crença em um Messias da Judeia chamado Jesus se torna um problema para o império e seus deuses pagãos, dando origem a uma série de perseguições violentas. Épico histórico baseado em fatos reais ocorridos nos primeiros anos do cristianismo em Roma.

Comentários:
Filme indicado a oito prêmios Oscar, incluindo melhor filme, ator (Peter Ustinov), fotografia, edição e música (a cargo do grande compositor Miklós Rózsa). Não restam dúvidas que é uma obra prima de Hollywood. Fazia bastante tempo que havia assistido "Quo Vadis" pela última vez, por isso resolvi rever essa grande produção épica dos estúdios Metro. Realmente o filme continua muito bom. Ele é um precursor dos vários filmes que seriam produzidos sobre a Roma imperial nos anos seguintes. Tem uma produção muito bonita e rica. Naquela época não havia como fazer nada por computador, então nas grandes cenas se utilizavam realmente de centenas de milhares de figurantes, dando um tom de grandiosidade a tudo que se via na tela. De fato tudo é impressionante, inclusive sua duração: mais de duas horas e quarenta minutos de metragem! É um épico típico de Hollywood naquela época. Tudo soa superlativo, inclusive a trilha sonora que é completamente suntuosa. Os personagens desfilam em cena com toda a pompa e a circunstância devidas.

Muito do que se vê na tela é pura ficção, embora haja também grandes trechos adaptados do novo testamento em sua parte chamada "Atos dos Apóstolos", ou seja, o filme se passa nos anos imediatamente posteriores à morte de Jesus Cristo, justamente quando seus seguidores se espalharam pelo mundo afora divulgando a boa nova (o Evangelho). Em termos gerais um dos grande atrativos em "Quo Vadis" vem da presença de um elenco muito bom, acima da média. Robert Taylor e Deborah Kerr estão bem, embora seus personagens não fujam muito do lugar comum. Quem brilha realmente é Peter Ustinov como Nero. Fazendo um imperador mimado, abobalhado, tirano, sanguinário e com ares de grandeza artística, Ustinov marcou para sempre o personagem, tanto que todos os atores que depois interpretaram o imperador louco de Roma foram pelo mesmo caminho desenvolvido por ele. Outro destaque vem da inspirada atuação do ator Finlay Currie como Pedro, o apóstolo pescador, dando toda a dignidade que o papel merece. Em conclusão é um grande épico da história do cinema americano, sempre lembrado, o que é justo haja visto sua excelente qualidade. "Quo Vadis" realmente merece ser descoberto (e redescoberto) sempre que possível, principalmente para quem gosta de épicos clássicos. Imperdível.

Pablo Aluísio.

A Águia Solitária

Título no Brasil: A Águia Solitária
Título Original: The Spirit of St. Louis
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Billy Wilder
Roteiro: Billy Wilder
Elenco: James Stewart, Murray Hamilton, Patricia Smith, Marc Connelly, Arthur Space, Charles Watts
  
Sinopse:
O ano é 1927. O piloto Charles Lindeberg (James Stewart) começa os preparativos de uma aventura ousada, inédita na história até aquele momento. Ele tentará pela primeira vez atravessar sozinho em seu avião "Spirit of St. Louis" o Oceano Atlântico, saindo de Nova Iorque com destino até a capital francesa, Paris. Não será algo fácil de realizar, mas Lindeberg se mostra confiante para atingir seus objetivos. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais (Louis Lichtenfield).

Comentários:
O filme enfoca a travessia do Oceano Atlântico por Charles Lindberg em 1927. Para quem andou esquecendo as aulas de história esse foi um evento histórico. O piloto virou automaticamente herói americano por sua proeza, sendo recebido por incríveis quatro milhões de pessoas quando retornou a Nova Iorque após o êxito de sua famosa aventura! Claro que um filme onde todos sabem como será o final perde um pouco seu atrativo, mas isso é o de menos. O importante é acompanhar como o piloto executou a incrível missão, os desafios que enfrentou e os perigos de se voar em um avião como aqueles em direção à distante Europa. Por seu feito ele foi consagrado, virando uma espécie de símbolo do próprio espírito americano!  Em vista de todo esse clima, digamos, ufanista, não é de se admirar que o filme adote uma postura de reverência com o personagem principal. Para interpretar uma pessoa com toda essa reputação nada mais natural que chamar James Stewart, que naquele momento de sua carreira estava totalmente consagrado, não apenas por seus filmes ao lado de Frank Capra, mas também por uma invejável lista de sucessos que vinha colecionando. Ele personificava também o homem comum, símbolo do sentimento patriota daqueles anos. Por essa razão interpretar heróis ou virtuosos era bem adequado a ele naquele momento de sua carreira!

O roteiro pode ser chamado de burocrático, pois não toma nenhuma grande liberdade com o fato histórico. Vamos acompanhando a travessia e como o filme não poderia se concentrar apenas no que acontecia dentro da pequenina cabine do Spirit St Louis durante duas horas de duração, os roteiristas resolveram intercalar momentos em flashback da vida de Lindberg enquanto ele vai atravessando o oceano. Funciona muito bem uma vez que evita que o espectador fique entediado. O diretor aqui é o consagrado Billy Wilder, famoso por sua fina ironia e cinismo que usava em seus filmes. Porém aqui em "Águia Solitária" nada disso voltou a acontecer. Claro que ele coloca pequenos momentos de humor aqui ou acolá, mas em relação a Lindberg ele não arrisca e adota uma postura de respeito para com seu protagonista. Interessante é que anos depois a figura desse "herói" seria seriamente arranhada pois alguns historiadores afirmariam que ele tinha uma simpatia nada disfarçada pelo regime nazista! Claro que nada disso é mostrado no filme, pois foi algo que só veio a público muitos anos depois, mas mesmo que não fosse o caso duvido muito que alguém fosse mexer em um vespeiro desses na época da realização do filme. Enfim, apesar dos pesares, da longa duração, do ufanismo e da falta de leveza, "Águia Solitária" é um bom entretenimento - e serve também como aula de história.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 24 de julho de 2018

Os Corruptos

Título no Brasil: Os Corruptos
Título Original: The Big Heat
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Fritz Lang
Roteiro: Sydney Boehm, William P. McGivern
Elenco: Glenn Ford, Gloria Grahame, Jocelyn Brando

Sinopse:
O sargento e inspetor Dave Bannion (Glenn Ford) não mede esforços e nem procura apresentar muitos escrúpulos pessoais e profissionais no que diz respeito ao combate contra a criminalidade. Agora ele está no rastro de uma rede de corrupção envolvendo policiais e gangsters que mantém vários membros da corporação em sua "folha de pagamento". Em pouco tempo ele compreenderá que está dentro de um jogo sujo e sórdido, onde não existe espaço para os grandes valores como a honestidade.

Comentários:
Film-Noir que conta com algumas curiosidades interessantes. Primeiro foi dirigido pelo mestre no gênero, o austríaco radicado nos Estados Unidos, Friedrich Christian Anton Lang (1890 - 1976), ou como ficou conhecido Fritz Lang. O roteiro, como sempre acontecia nesse tipo de produção, procura explorar a essência cruel e sórdida dos seres humanos em geral. Olhando sob um ponto de vista detalhista não existem mocinhos ou bandidos em cena, apenas personagens que se equilibram entre boas e más ações de acordo com suas conveniências pessoais. É curioso também chamar a atenção para o fato que o Noir começava também a apresentar alguns sinais de desgaste, afinal seu auge havia se dado na década anterior. Já nos anos 1950 o público, encantado pelo cinema colorido, já não estava mais tão disposto a assistir filmes com fotografia em preto e branco, onde personagens obscuros desfilavam maldade em cada fotograma, escondidos em sombras e neblinas. O pessimismo e a crueldade inerentes ao homem estavam sendo substituídos por um colorido berrante, em filmes onde os bons era intrinsecamente bonzinhos e o maus eram vilões absolutos. Um retrocesso artístico, certamente. A era do cinza estava chegando ao fim. Assim "The Big Heat" foi um dos últimos exemplares de uma das páginas mais criativas e importantes da história de Hollywood. 

Pablo Aluísio.

Agonia e Êxtase

Título no Brasil: Agonia e Êxtase
Título Original: The Agony and the Ecstasy
Ano de Produção: 1965
País: Estados Unidos, Itália
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Carol Reed
Roteiro: Philip Dunne, Irving Stone
Elenco: Charlton Heston, Rex Harrison, Diane Cilento, Harry Andrews, Alberto Lupo, Venantino Venantini

Sinopse:
Durante o período da renascença, o Papa Julio II contrata o renomado artista, pintor e escultor Michelangelo (Charlton Heston) para pintar e ornamentar a capela Sistina no Vaticano. O choque de personalidades logo se instala entre ambos. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (Leon Shamroy), Melhor Direção de Arte (John DeCuir, Jack Martin Smith), Melhor Figurino (Vittorio Nino Novarese), Melhor Som (James Corcoran) e Melhor Música (Alex North). Indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator (Charlton Heston) e Melhor Roteiro (Philip Dunne, Irving Stone).

Comentários:
A história é das mais interessantes. O Papa Julio II contrata Michelangelo (Charlton Heston) para pintar e ornamentar a capela Sistina no Vaticano. Como se pode perceber são duas personalidades bem diferentes e obviamente com o tempo se instala um verdadeiro conflito pessoal entre eles. Esse filme é excelente, Mostra a história real entre o artista Michelangelo e o Papa Julio II. O curioso é que ambos eram turrões e brigões e por isso estavam sempre brigando sobre a capela Sistina. Existem diálogos fabulosos aqui, principalmente uma das cenas finais quando Julio e Michelangelo discutem a natureza do homem perante a famosa cena que mostra Deus e Adão fazendo o pacto durante o Gênesis. O filme é pontuado de cenas de extrema beleza, principalmente aquela em que Michelangelo visualiza sua pintura em nuvens que vê acima de uma montanha. Eu adoro arte renascentista e história, então o filme foi feito para pessoas que também tem gostos semelhantes ao meu. Apesar disso, acredito que quem gosta de filmes com roteiros históricos que capricham em diálogos inspirados irá igualmente apreciar. Julio II era um papa diferente, fazia guerras, ia pessoalmente nas batalhas e tinha três fihas. Era rabugento e gostava de uma boa discussão. Michelangelo era egocêntrico, arrogante e muito cioso de sua arte. Um filme que mostrasse personalidades tão ricas só poderia resultar mesmo em um filme tão bom quanto esse. Para cinéfilos que queiram aprender mais sobre a história da arte o filme é obrigatório. Cinema de primeira linha.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

A Primavera de uma Solteirona

Título no Brasil: A Primavera de uma Solteirona
Título Original: The Prime of Miss Jean Brodie
Ano de Produção: 1969
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Twentieth Century-Fox
Direção: Ronald Neame
Roteiro: Muriel Spark, Jay Presson Allen
Elenco: Maggie Smith, Gordon Jackson, Robert Stephens

Sinopse:
Em Edimburgo, na fria e distante Escócia, em plenos anos 1930, uma nova professora, a senhorita Jean Brodie (Maggie Smith), escandaliza a tradicional sociedade local ao adotar métodos de ensino fora dos padrões da conservadora escola para moças na qual leciona. Filme vencedor do Oscar de Melhor Atriz para Maggie Smith. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria Melhor Canção Original ("Jean" de Rod McKuen).

Comentários:
Esse filme é simplesmente obrigatório para quem acompanha atualmente a grande atriz Maggie Smith como a condessa Violet Crawley na série de enorme sucesso "Downton Abbey". Foi com esse papel, a de uma professora apaixonada por seu trabalho que começa a trazer inovações para o sistema educacional de seu tempo, que ela venceu o tão cobiçado prêmio da Academia. Não foi por acaso, pois Maggie de certa maneira é muito maior do que o próprio filme em si. O tema obviamente daria margens a muitas discussões e nuances interessantes, mas o diretor Ronald Neame não ousou ir muito além. Dessa forma "The Prime of Miss Jean Brodie" apesar de ser um excelente filme sobre educação não conseguiu se tornar uma obra prima da sétima arte. Mesmo assim o talento maravilhoso de Maggie Smith compensa qualquer eventual problema que o filme venha a apresentar. Curioso salientar ainda que a produção foi muito lembrada na ocasião de lançamento de outro filme famoso sobre um mestre que também inovava em sua forma de ensinar, "Sociedade dos Poetas Mortos". Muitos críticos ingleses inclusive chamaram a atenção para a semelhança entre as duas obras. Assim se você for fã do famoso filme com Robin Williams, não deixe de conferir também essa pequena jóia do cinema clássico dos anos 1960.

Pablo Aluísio.

Prisioneiro do Passado

Título no Brasil: Prisioneiro do Passado
Título Original: Dark Passage
Ano de Produção: 1947
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Delmer Daves
Roteiro: Delmer Daves, David Goodis
Elenco: Humphrey Bogart, Lauren Bacall, Bruce Bennett, Agnes Moorehead, Douglas Kennedy, Houseley Stevenson

Sinopse:
Vincent Parry (Humphrey Bogart) é um prisioneiro que consegue fugir da prisão. Depois de despistar os policiais ele chega em San Francisco, onde passa a contar com a ajuda de Irene Jansen (Lauren Bacall) que acredita em sua inocência. Só que para nunca mais voltar para a cadeia ele vai precisar mudar seu rosto, para que não seja mais reconhecido pelos policiais que o estão procurando.

Comentários:
Muito bom esse clássico dos anos 40. A primeira coisa que você vai perceber de inovador é que o diretor Delmer Daves resolveu levar até as últimas consequências a chamada visão subjetiva. Durante os 60 minutos iniciais do filme o espectador passa a ter o ponto de vista do personagem de Bogart, como se a câmera fosse seus olhos. Um efeito extremamente revolucionário para a época. Depois que Vincent, o fugitivo, resolve mudar de rosto com um cirurgião plástico clandestino, finalmente vemos a face de Humphrey Bogart na tela. Até então ele era apenas uma voz, ora falando em off, em seus pensamentos, ora interagindo com os demais personagens da trama, mas sempre numa visão subjetiva. O roteiro tem três atos bem nítidos: a fuga, a mudança de identidade e finalmente a busca pela redenção, quando Bogart tenta descobrir quem teria assassinado sua esposa, no crime que o levou injustamente para a prisão. Apesar de haver alguns elementos de cinema noir, o diretor Delmer Daves não optou pelas sombras, pela escuridão, para contar sua história. Ao contrário disso, grande parte do enredo se passa em uma San Francisco ensolarada, com várias reviravoltas que servem ainda mais para manter o interesse. Enfim, um filme realmente marcante da carreira do casal Humphrey Bogart e Lauren Bacall, que foram bem ousados em abraçar um projeto como esse, com uma narrativa tão fora dos padrões do cinema americano.

Pablo Aluísio.

domingo, 22 de julho de 2018

Jane Eyre

Título no Brasil: Jane Eyre
Título Original: Jane Eyre
Ano de Produção: 1943
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Robert Stevenson
Roteiro: Aldous Huxley
Elenco: Orson Welles, Joan Fontaine, Margaret O'Brien, Elizabeth Taylor

Sinopse:
Depois de uma infância dura, a órfã Jane Eyre é contratada por Edward Rochester, o dono e senhor de uma mansão misteriosa, para cuidar de sua filha. Não demora muito e ela logo se sente atraída pelo inteligente, vibrante e energético Mr. Rochester, um homem com o dobro de sua idade.

Comentários:
Mais uma bela versão para o clássico livro "Jane Eyre" de autoria da escritora inglesa Charlotte Brontë (1816 - 1855) que publicou seu romance pela primeira vez em 1847. Nesse filme temos algumas coisas relevantes para os amantes da sétima arte. A primeira delas é o fato de termos um elenco realmente excepcional, em especial o grande diretor Orson Welles no papel de Edward Rochester. Sua voz de trovão e maravilhosa presença cênica já vale o filme inteiro. Some-se a isso a bela atuação de Joan Fontaine como Jane Eyre e você terá seguramente um dos melhores elencos já reunidos para essa adaptação. Como brinde o cinéfilo ainda será presenteado pela atuação da pequena Elizabeth Taylor como Helen Burns. A atriz tinha apenas 11 anos quando realizou o filme, mas já mostrava todo seu talento em cena, não se intimidando com os monstros da sétima arte que contracenavam com ela. Algumas pessoas realmente já nascem como estrelas, independente da idade, que o diga a pequena Liz nesse "Jane Eyre".

Pablo Aluísio.

Onze Homens e um Segredo

Título no Brasil: Onze Homens e um Segredo
Título Original: Ocean's Eleven
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Lewis Milestone
Roteiro: Harry Brown, Charles Lederer
Elenco: Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr, Peter Lawford, Angie Dickinson, Joey Bishop, Henry Silva, Cesar Romero

Sinopse:
Danny Ocean (Frank Sinatra) resolve reunir seus antigos companheiros da Segunda Guerra Mundial para executar um plano mais do que ousado: roubar os quatro maiores cassinos de Las Vegas durante o ano novo! A missão contará com vários especialistas, onde cada um terá um objetivo específico a realizar. Assim que as luzes da cidade forem cortadas, os membros do grupo de Danny Ocean começarão a roubar as fortunas que os estarão esperando em seus cofres milionários na assim chamada "cidade do pecado". Indicado ao prêmio da Writers Guild of America na categoria Melhor Roteiro Original.

Comentários:
"Ocean's Eleven" é considerada a obra prima do Rat Pack, o grupo de amigos que rodeavam Frank Sinatra em seus anos de auge em Las Vegas. O cantor há muito vinha em busca de um roteiro em que pudesse encaixar todos os membros do Rat Pack e acabou encontrando o espaço que tanto queria justamente aqui. O curioso é que Sinatra filmou sua participação enquanto se apresentava em Vegas - de tarde filmava suas cenas e de noite se apresentava nos cassinos ao lado de seus companheiros. Por essa razão praticamente todas as tomadas foram realizadas de primeira, já que Sinatra não queria perder tempo. Isso em nada desqualifica o filme que é muito bem realizado, com ótima trama e elenco muito à vontade. Também pudera, no fundo era tudo uma desculpa para que todos os amigos trabalhassem juntos. Dean Martin, por exemplo, está mais cool do que nunca. Fumando um cigarro atrás do outro, vai de vez em quando ao piano para soltar seu vozeirão. O roteiro é muito bem escrito e tem um cuidado todo especial na apresentação das características de cada personagem. Só para se ter uma ideia, pelo menos metade da duração do filme é usada com esse objetivo. A direção musical foi entregue ao genial maestro Nelson Riddle, que tantos álbuns maravilhosos gravou ao lado de Sinatra. Além do bom gosto o clima de diversão traz um sabor especial para a produção. Tudo muito divertido e bem conduzido, "Ocean's Eleven" é de fato o grande clássico de Sinatra nas telas, talvez só sendo superado mesmo em sua carreira pelo genial "A Um Passo da Eternidade" de 1953.

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de julho de 2018

El Dorado

Um grande clássico do western. Há uma informação muito difundida afirmando que na realidade "El Dorado" seria apenas o remake de "Onde Começa o Inferno". Realmente ambos os filmes são muito parecidos, com premissas praticamente iguais, mas chamar um de simples refilmagem do outro é um erro. O diretor é o mesmo, o grande Howard Hawks, mas há mudanças nele - também não tantas a ponto de torná-los totalmente diversos. De certa forma "El Dorado" é uma releitura do filme anterior. O cineasta Howard Hawks tinha uma verdadeira fascinação pelo enredo e por isso estava sempre em busca de uma forma melhor de contar a mesma estória. Assim sete anos depois do filme original lá estava ele de novo ao set de filmagens, porem não para realizar uma mera refilmagem mas sim para produzir uma nova versão, com mudanças pontuais. Talvez por ter sido um "prato requentado" muitos puristas tenham torcido o nariz para "El Dorado". Eu discordo e considero o filme muito bom, acima da média do gênero western. Além disso, como ignorar o fato de que somos presenteados com dois excelentes atores em cena, John Wayne e Robert Mitchum?

Devo inclusive dizer que pessoalmente prefiro o elenco de "El Dorado" ao de "Onde Começa o Inferno". Se lá tínhamos o trio John Wayne, Dean Martin e Ricky Nelson, aqui temos um elenco muito mais eficiente formado por Wayne, Robert Mitchum (sempre ótimo, principalmente interpretando anti-heróis no limite) e James Caan (bem jovem prestes a despontar como grande ator). Todos estão entrosados e bem à vontade em seus papéis. John Wayne, já sessentão, começa a incorporar o papel que iria repetir nos anos que viriam: a do velho pistoleiro, já com idade avançada, meio cansado de tudo e todos tendo que lidar na velhice com sua fama de rápido no gatilho, o que invariavelmente lhe trazia vários transtornos com aspirantes à fama que ousassem lhe desafiar. John Wayne inclusive não perdeu a chance de até mesmo zombar de sua idade, andando de muletas, cansado e disposto a levar à frente seu código de ética do velho oeste. Robert Mitchum por sua vez não precisava de muita coisa para interpretar um velho xerife bêbado, pois em sua carreira fez muitos personagens semelhantes a esse. Era um mestre nesse tipo de papel. "El Dorado" merece seu lugar no panteão dos grandes filmes de faroeste pois desde a direção, interpretações, até o roteiro muito bem escrito, a produção é certamente um excelente representante do gênero em sua época de ouro. Talvez por ser tão bom, sempre é lembrado em listas dos melhores faroestes de todos os tempos, posição aliás que sempre cosniderei mais do que merecida.

El Dorado (El Dorado, EUA, 1966) / Direção: Howard Hawks / Roteiro: Harry Brown e Leigh Brackett / Elenco: John Wayne, Robert Mitchum, James Caan / Sinopse: Um implacável pistoleiro se une a um antigo amigo, um beberrão que atualmente trabalha como xerife em El Dorado para ajudar um rancheiro e sua família a se defenderem de violentos membros de um rancho vizinho.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Homem Até o Fim

Muito curioso esse western da década de 1950 com Burt Lancaster. O primeiro detalhe que chama a atenção é o fato de ter sido dirigido pelo próprio ator. De fato ele em toda sua longa carreira só dirigiu dois filmes, esse e "The Midnight Man", duas décadas depois. Lancaster não se sentia à vontade com as pressões inerentes a função de direção. Na realidade só aceitou dirigir "The Kentuckian" porque acreditava muito no projeto e pelo fato da United Artists ter encontrado na época grande dificuldade em escalar um diretor adequado ao filme. Antes que o projeto fosse arquivado Lancaster em um ato de coragem assumiu sua direção. O interessante é que não se saiu mal. O filme tem um clima muito agradável, uma estória cativante e uma produção bonita. Não se trata de um faroeste típico pois o bucolismo está em todas as partes do filme, nos cenários, na simplicidade cativante do personagem de Lancaster e na sua relação com o seu filho, o pequeno Elias.

Vestido com um figurino que lembra o lendário Daniel Boone, Lancaster parece ter dirigido o filme para um público bem mais jovem. Também não esqueceu do público feminino, sempre reticente com westerns, ao colocar um triângulo amoroso para ser vivido por seu personagem. A produção é leve e divertida e conta com um excelente elenco de apoio liderado por Walter Matthau em sua estreia no cinema. Ele faz um dono de mercearia bonachão e apreciador de uma boa prosa que também tem grande habilidade em usar chicotes. Sua cena usando dessa habilidade é muito boa. O filme foi baseado no livro de Felix Holt chamado "The Gabriel Horn". Para quem não se recorda Holt foi o roteirista da série de TV "Lone Ranger" que no Brasil ficou conhecido como Zorro "americano" (não o espanhol vestido de negro, mas o azul do cavalo Silver e do índio Tonto). Sua habilidade para escrever estórias infantojuvenis cativantes se sobressai aqui também. Enfim, "Homem Até o Fim" é muito agradável de se assistir. Um raro momento de Lancaster como diretor que merece ser redescoberto. Recomendo.

Homem Até o Fim (The Kentuckian, EUA, 1955) Direção: Burt Lancaster / Roteiro: A,B. Ghthrie Jr baseado na novela de Felix Holt / Elenco: Burt Lancaster, Diana Lynn, Dianne Foster, Walter Matthau / Sinopse: Elias Wakefield (Burt Lancaster) é um humilde morador das montanhas do Kentucky que tem um sonho ao lado de seu pequeno filho: ir para o Texas para começar vida nova! O problema é que ele não tem os meios para tal. Se envolvendo em aventuras pretende levantar o dinheiro para finalmente ir embora em busca de um novo recomeço.

Pablo Aluísio.

Jake Grandão

Jake McCandles (John Wayne) é um xerife da velha guarda que após vários anos reencontra sua esposa Martha (Maureen O'Hara). Ao mesmo tempo em que tenta uma reconciliação tem que enfrentar o terrível sequestro de seu neto por um sórdido bando de facínoras foras-da-lei. Devo confessar que quando li sobre o filme pela primeira vez pensei que seria bem fraco. Isso porque "Jake Grandão" é um projeto muito familiar por parte de John Wayne. Dois filhos estão em cena, o próprio Wayne dirigiu parte do filme e para terminar encaixou o filho de seu amigo, Robert Mitchum, no elenco. Assim pensei que seria um western feito a toque de caixa, sem grandes pretensões ou qualidade, feito única e exclusivamente para a filharada ganhar uma grana extra. Também por ser um filme da fase final de sua carreira achei que seria menos produzido, sem grandes pretensões cinematográficas. Realmente me enganei. Claro que por essa época Wayne não fazia mais grandes clássicos da história do cinema. As produções eram bem mais modestas e os roteiros eram simples e derivativos de seus antigos filmes, mas mesmo assim ele conseguia manter um bom padrão de qualidade, coisa que se repete aqui.

"Jake Grandão" nem de longe pode ser comparado com filmes como "Rastros de Ódio". É uma fita simples, de rotina, tipicamente um trabalho na média do que ele produziu nos anos 70. Embora não seja um grande filme é sem dúvidas bem digno. Tem boas sequências de bang-bang, um suspense muito bem feito na cena final, uma boa fotografia, com belas paisagens do oeste e para finalizar aquele pequeno toque de humor que Wayne costumava colocar em seus filmes. Assim "Jake Grandão" traz o pacote inteiro do que se espera de um filme do ator. Diverte e entretém e por isso recomendo aos fãs do estilo.

Jake Grandão (Big Jake, EUA, 1971) Direção de George Sherman, John Wayne / Roteiro: Harry Julian Fink, Rita M. Fink / Elenco: John Wayne, Maureen O'Hara, Richard Boone, Patrick Wayne, Christopher Mitchum / Sinopse: Jake McCandles (John Wayne) é um xerife da velha guarda que após vários anos reencontra sua esposa (Maureen O'Hara). Ao mesmo tempo em que tenta uma reconciliação tem que enfrentar o terrível sequestro de seu neto por um sórdido bando de facínoras foras-da-lei.

 Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Sete Homens Sem Destino

Ben Strike (Randolph Scott) é um ex xerife que parte em busca da captura de sete ladrões de bancos que durante um assalto acabaram matando sua esposa. Durante sua jornada pelo deserto do Alabama acaba encontrando um jovem casal que tenta chegar ao oeste selvagem. O que Strike não sabe é que de uma forma ou outra todos os acontecimentos estão interligados entre si. "Sete Homens Sem Destino" tem um dos melhores roteiros que já vi em westerns dos anos 50. Uma produção ágil, rápida, muito bem escrita e extremamente eficiente. Randolph Scott repete seu papel de homem íntegro, de moral induvidosa e firmeza de caráter. Aqui ele conta com um elenco de apoio muito bom a começar pela presença de um jovem Lee Marvin, fazendo o papel de um cowboy oportunista que está no encalço do dinheiro roubado. Não era a primeira vez que Scott e Marvin dividiam a cena juntos (e nem seria a última) mas aqui Lee Marvin teve muito mais oportunidades de atuar, com mais diálogos e cenas que não se resumiam apenas a tiroteios no meio do deserto. Sua cena de assédio com a personagem da atriz Gail Russell é uma das melhores e mais tensas partes da produção.

O filme foi dirigido novamente pelo diretor e parceiro de Randolph Scott, Budd Boetticher. Já tive oportunidade de exaltar as qualidades desse cineasta que na minha opinião foi totalmente subestimado na época. Boetticher tinha um feeling incrível para contar as histórias em uma edição enxuta, onde não havia espaço para desperdício. Todas as cenas possuem um propósito bem definido, sem perda de tempo ou enrolação. O que resulta daí são faroestes onde o espectador não tira os olhos da tela, sempre interessado no que vai acontecer. O mais interessante é que seus filmes não são longos (70 minutos em média) e em nenhum momento ficamos com a impressão de que algo faltou em cena. Enfim, "Sete Homens Sem Destino" é uma boa pedida para os fãs de Randolph Scott e os admiradores dos filmes "rápidos no gatilho" de Budd Boetticher. Vale a sessão certamente.

Sete Homens Sem Destino (Seven Men from Now, EUA, 1956) / Direção de Budd Boetticher / Roteiro de Burt Kennedy / Elenco: Randolph Scott, Lee Marvin, Gail Russell, Walter Reed e John Larch / Sinopse: Ben Strike (Randolph Scott) é um ex xerife que parte em busca da captura de sete ladrões de bancos que durante um assalto acabaram matando sua esposa. Durante sua jornada pelo deserto do Alabama acaba encontrando um jovem casal que tenta chegar ao oeste selvagem. O que Strike não sabe é que de uma forma ou outra todos os acontecimentos estão interligados entre si.

Pablo Aluísio.

Onde Imperam as Balas!

Após escapar da morte, um pistoleiro resolve desistir de seu passado. Ele foge para uma pequena cidade do velho oeste e se torna assistente do xerife local. A cidade é dividida entre pequenos fazendeiros e um poderoso dono de terras. Em pouco tempo estará envolvido na disputa. Nas décadas de 40 e 50 a Universal era um verdadeiro celeiro de jovens estrelas. O estúdio fornecia treinamento, publicidade e acompanhamento para futuros astros. Em troca esses atores assinavam contratos leoninos onde quem realmente lucrava após seu sucesso era a própria Universal. Rock Hudson, Tony Curtis e Robert Wagner foram alguns que foram descobertos dessa forma. Rory Calhoun foi outro desses astros fabricados pelo estúdio americano. Geralmente estrelando faroestes B, Calhoun foi aos poucos subindo na carreira, mas não conseguiu virar o astro de primeira grandeza que tantos esperavam.

Isso porque bem no auge de sua ascensão uma revista escandalosa revelou ao público que Rory era um ex presidiário que havia cumprido pena antes de se tornar o famoso cowboy das matinês. Abalado, jamais conseguiu virar um ator de primeira linha. Esse "Onde Imperam as Balas" é justamente isso, mais um western da Universal feito para promover mais uma de suas grandes descobertas. Se não é genial, passa longe de ser um produto medíocre. O filme é simples, mas tem todos os ingredientes que fazem a festa dos fãs desse gênero - inclusive com o esperado duelo final entre dois grandes pistoleiros. Vale a pena assistir, ainda mais para conhecer Calhoun, um dos mais conhecidos "ex futuros grandes astros" da Universal.

Onde Imperam as Balas! (Red Sundown, EUA, 1956) Direção: Jack Arnold / Roteiro: Martin Berkeley baseado na obra de Lewis B. Patten / Elenco: Com Rory Calhoun, Martha Hyer, Dean Jagger / Sinopse: Após escapar da morte um pistoleiro resolve desistir de seu passado. Ele foge para uma pequena cidade do velho oeste e se torna assistente do xerife local. A cidade é dividida entre fazendeiros e um poderoso dono de terras. Em pouco tempo estará envolvido na disputa.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Tombstone

A história do OK Curral segue dando manga para muitos filmes, desde "Sem Lei e Sem Alma" com Kirk Douglas (como Doc) e Burt Lancaster (como Earp) até o mais recente "Wyatt Earp" dirigido pelo Kevin Costner. Essa versão "Tombstone" sempre foi considerada a mais "pop" de todas pois o roteiro é agil, movimentado e não perde tempo com tantos detalhes como outros filmes. Aqui também existem algumas diferenças que achei significativas. Por exemplo, nessa versão Wyatt Earp é mais contido e precavido. Ele procura acima de tudo não se meter em confusão. Está sempre receoso de entrar em algum conflito com os bandidos locais. Só quando a coisa fica insuportável é que ele parte para o tudo ou nada ao lado de seus irmãos e Doc Holliday. Achei Val Kilmer muito bem como Doc, muito embora a melhor interpretação do pistoleiro seja mesmo a de Dennis Quaid no filme de Costner. Kurt Russell está apenas ok para falar a verdade. Seu bigode postiço não convence mas como o filme em si é bom e movimentado não paramos muito para pensar sobre isso.

Para falar a verdade o que sempre me chamou atenção nos filmes dos Earps é a figura de Doc Holiday mesmo. Doutor, beberrão, pistoleiro e vivendo eternamente no fio da navalha. Esse sujeito se não tivesse existido de verdade teria que ser inventado por algum roteirista talentoso, porque ele sempre rouba os filmes de seu amigo Earp. É um personagem com muita carga dramática, quase Shakesperiano. Ele sabe que não tem muitos anos de vida pela frente por ser tuberculoso e por isso vive como se não houvesse amanhã. E pensar que ainda hoje o acusam de ser apenas um ladrão beberrão e assaltante barato... Depois de ver tantos filmes cheguei na conclusão que ele era realmente um ladrão... um ladrão do filme alheio.

Tombstone - A Justiça Está Chegando (Tombstone, EUA, 1993) Direção: George P. Cosmatos / Roteiro: Kevin Jarre / Elenco: Kurt Russell, Val Kilmer, Sam Elliott, Bill Paxton, Jason Priestley / Sinopse: Wyatt Earp (Kurt Russell) , seus irmãos e Doc Holliday (Val Kilmer) enfrentam um grupo de bandidos em Tombstone Arizona no O.K. Curral. O duelo entrou para a mitologia do velho oeste.

Pablo Aluísio.

Duelo de Bravos

Esse recente western foi lançado há pouco no mercado de DVD e Blu-Ray. A trama é simples: após um assalto mal sucedido dois ladrões conseguem fugir da pequena cidade aonde o crime foi realizado. Caçados pelo grupo do xerife se enfiam no meio da mata para não irem para a forca. Depois de muita perseguição chegam em uma outra cidadezinha próxima e lá realizam novo roubo, só que dessa vez de uma fazenda local. Novamente fugindo, só que agora do fazendeiro, sua família e de um caçador de peles eles acabam se defrontando com um grupo de Comanches selvagens. "The Legend Os Hell´s Gate" é um faroeste curioso. Seu roteiro não é tão simplista quanto parece ao se ler a sinopse acima. De fato há muitos personagens dispersos. Para se ter uma ideia surgem no decorrer do filme em pequenas aparições o famoso Doc Holliday (não muito bem caracterizado) e até o assassino do presidente Lincoln.

A narrativa central gira em torno dos ladrões em fuga mas muitas situações ocorrem ao redor disso. Talvez por isso o filme perca em intensidade e foco. Não é uma produção ruim, longe disso, mas não tem muita concentração em seu desenvolvimento. Em determinado momento do filme tudo é dirigido para os ladrões em fuga, para logo a seguir o roteiro desviar as atenções para os últimos momentos de vida do assassino de Lincoln. O pior é que não há uma ligação entre os dois eventos mostrados no filme. As estórias seguem independentes até o final. Para quem não gosta de argumentos dispersos realmente o filme não é recomendável. Eu pessoalmente gostei, achei bom entretenimento. Há boas cenas de tiroteio, ação e fugas e o clímax é bem interessante - um selvagem conflito no meio de uma região hostil, em uma encosta rochosa. Para uma produção atual está de bom tamanho. Espero que outras sejam lançadas seguindo esse caminho e que o gênero continue vivo, com novos filmes chegando ao mercado. Isso é o mais importante.

Duelo de Bravos (The Legend of Hell's Gate: An American Conspiracy, EUA, 2011) Direção: Tanner Beard / Roteiro: Tanner Beard / Elenco: Eric Balfour, Lou Taylor Pucci, Henry Thomas / Sinopse: Ladrões em fuga acabam se deparando com Comanches no meio do deserto. Ao mesmo tempo um barman em seu leito de morte confidencia a um rico comerciante local que na verdade é o real assassino do presidente Lincoln.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de julho de 2018

Arizona Violenta

Título no Brasil: Arizona Violenta
Título Original: Ten Wanted Men
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Scott-Brown Productions
Direção: H. Bruce Humberstone
Roteiro: Kenneth Gamet, Irving Ravetch
Elenco: Randolph Scott, Jocelyn Brando, Richard Boone, Alfonso Bedoya, Donna Martell, Skip Homeier

Sinopse:
No velho oeste o rancheiro John Stewart (Randolph Scott) vive bem e feliz, tocando sua propriedade rural no Arizona. Sua vida segue bem até que um ganancioso fazendeiro surge para destruir seus planos. Ele quer as terras que pertencem a Stewart de todo o jeito. E isso vai criar um conflito entre os dois homens.

Comentários:
O filme "Arizona Violenta" é mais um bom momento da carreira do ator Randolph Scott no cinema. Durante os anos 50 ele estrelou uma série incrível de bons filmes, todos do gênero western. Scott costumava dizer que nunca havia perdido dinheiro com filmes de faroeste (ele era produtor de seus próprios filmes nessa época). É uma fita de matinê, rápida e eficaz, que conta com uma curiosidade em seu elenco, a presença da atriz Jocelyn Brando, irmã do grande ator Marlon Brando, naquela época já considerado um dos grandes ídolos de Hollywood em sua fase dourada. Jocelyn não decepciona, embora em algumas cenas soe um pouco exagerada. Era uma tentativa de mostrar seu talento como atriz. Ja Randolph Scott era aquela coisa. Calmo e tranquilo, muitas vezes se saia melhor do que ela em cena.

Pablo Aluísio.

Na Encruzilhada dos Facínoras

Cam Bleeker (Fess Parker) é enviado pelo governador do Kansas para se infiltrar em uma quadrilha liderada por Luke Darcy (Jeff Chandler), um carismático líder rebelde que às vésperas da guerra civil americana prega a independência do Kansas da União Federal. Esse Western da Paramount estrelado por Jeff Chandler, o galã de cabelos grisalhos, é muito bem escrito principalmente na parte que toca ao personagem Luke Darcy, com vários diálogos inteligentes e bem construídos. Acontece que ele não é apenas mais um vilão unidimensional que vemos em tantos filmes de bang-bang mas sim um homem de ideias que prega a separação de seu Estado de forma definitiva dos EUA, se tornando assim um país com sua própria soberania, a República independente do Kansas. Utopia? Certamente, mas não podemos nos esquecer que era justamente isso que os confederados queriam na guerra civil norte-americana. Curiosamente, e isso é mostrado no filme, o Kansas ficou em cima do muro no conflito, nem aderindo aos exércitos da União e nem se unindo ao Sul confederado. Irritados por essa neutralidade muitos grupos resolveram pegar por conta própria em armas para incendiar as populações de pequenas cidades - e é justamente isso que vemos o personagem de Jeff Chandler fazer durante todo o filme.

Por falar em Jeff Chandler ele está muito bem no filme. Ator competente, tinha ótima dicção e era ideal para interpretar tipos mais eruditos como o que vemos aqui. Revelado pela Universal ao lado de outros famosos atores da época como Rock Hudson e Tony Curtis, Chandler conseguiu se estabilizar em Hollywood com uma série de boas atuações em bons filmes, mesmo quando se tornou livre do contrato da Universal. Esse "Na Encruzilhada dos Facínoras" foi realizado justamente quando Chandler se tornou ator freelancer. Já seu parceiro em cena, Fess Parker, é apenas correto. Fisicamente parecido com Gregory Peck, Fess se torna ofuscado por Chandler não conseguindo se impor como "mocinho" da estória. Por fim não poderia deixar de falar da atriz francesa Nicole Maurey. Muito bonita, sofisticada e elegante, ela logo se torna um verdadeiro colírio para a plateia mascuilna, o que não é nada mal. Em suma, "The Jayhawkers!" é um bom retrato dos bastidores do maior conflito armado que já ocorreu em solo americano. Vale a pena conferir.

Na Encruzilhada dos Facínoras (The Jayhawkers!, EUA, 1959) Direção: Melvin Frank / Roteiro: A.I. Bezzerides, Frank Fenton / Elenco: Jeff Chandler, Fess Parker, Nicole Maurey / Sinopse: Cam Bleeker (Fess Parker) é enviado pelo governador do Kansas para se infiltrar em uma quadrilha liderada por Luke Darcy (Jeff Chandler), um carismático líder rebelde que às vésperas da guerra civil americana prega a independência do território do Kansas da União Federal.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

O Último dos Moicanos

Título no Brasil: O Último dos Moicanos
Título Original: The Last of the Mohicans
Ano de Produção: 1936
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: George B. Seitz
Roteiro: James Fenimore Cooper, Philip Dunne
Elenco: Randolph Scott, Binnie Barnes, Henry Wilcoxon
  
Sinopse:
O enredo se passa no ano de 1756. A coroa britânica resolve enviar reforços para sua problemática colônia na América do Norte (que nas décadas que viriam daria origem aos Estados Unidos da América). O Major Heyward (Henry Wilcoxon) recebe ordens diretas de levar todos os colonos para o forte William Henry. O problema é que essa guarnição militar fica a dois dias de distância do litoral, uma viagem extremamente perigosa por causa da presença de nativos selvagens e tribos conhecidas por sua violência contra o homem branco. Para ajudar na travessia o colono Hawkeye (Randolph Scott), que conhece cada palmo da região, se propõe a ajudar na viagem. 

Comentários:
Um bom filme histórico que retrata precisamente bem o nascimento do sentimento de nacionalismo dos primeiros americanos. É justamente por essa época que os nativos americanos começaram a criar um sentimento de que não deveriam mais acatar ou receber ordens dos ingleses, nascendo em pouco tempo a ideia de liberdade e independência em relação à Metrópole britânica. O destaque do filme, além de seu bom roteiro, vem da presença de um ainda bem jovem Randolph Scott. Na época em que o filme foi realizado ele era ainda apenas um jovem ator promissor que atuava nos mais diversos gêneros cinematográficos. Filmes como esse porém iriam deixar claro que sua carreira seria muito promissora mesmo no gênero western. Vestido da cabeça aos pés com um figurino que nos lembra imediatamente de outro personagem famoso, Daniel Boone, Scott está ali para representar o modo de vida e a mentalidade dos colonos nascidos na América, que já não tinham mais tantos lanços culturais ou afetivos com o império inglês. Como se trata de uma produção feita em 1936 temos que infelizmente constatar também que o tempo causou estragos na película. Esse é o típico caso de um longa-metragem que precisa passar por uma restauração urgente e bem feita, antes que desapareça. Recentemente o presidente da Academia afirmou que cem filmes realizados na década de 1930 entrariam em processo de restauração digital. Esperamos sinceramente que "The Last of the Mohicans" esteja entre eles.

Pablo Aluísio.

7 Dólares Ensanguentados

Título no Brasil: 7 Dólares Ensanguentados
Título Original: 7 Dollari Sul Rosso
Ano de Produção: 1966
País: Itália, Espanha
Estúdio: Albatros C.P.C., Matheus S.r.l
Direção: Alberto Cardone
Roteiro: Juan Cobos
Elenco: Anthony Steffen, Elisa Montés, Fernando Sancho, Loredana Nusciak, Bruno Carotenuto, José Manuel Martín

Sinopse:
O bandoleiro conhecido como El Cachal (Fernando Sancho) chega com seu bando em um vilarejo no meio do deserto e começa a promover uma série de mortes dos pacatos moradores. Entre as pessoas covardemente assassinadas está a jovem mãe de um garotinho. Após o crime El Cachal decide levar o menino com ele, para que ele cresça como um fora-da-lei, para se tornar um futuro membro de sua quadrilha. Johnny Ashley (Anthony Steffen), o pai do garoto raptado, decide que irá trazer de volta seu filho, custe o que custar, nem que isso dure anos e anos de sua vida em uma busca desesperada pelo velho oeste.

Comentários:
De maneira bem ampla o fã de western verá certas semelhanças na trama desse western spaghetti com o clássico americano "Rastros de Ódio". Obviamente que devemos ter em mente que há uma enorme diferença de qualidade entre os dois filmes. No caso me refiro especificadamente apenas ao enredo e nada mais. Como o filme também foi lançado no mercado americano o diretor italiano Alberto Cardone resolveu adotar nos créditos o nome gringo de Albert Cardiff. Curiosamente ele dirigiu poucos filmes na carreira, se destacando muito mais como diretor de segunda unidade em filmes americanos da época, principalmente em épicos da época imperial romana rodados com cenas de externa em Roma, nos estúdios da Cinecittà. Poucos sabem, mas ele trabalhou inclusive no grande clássico "Ben-Hur" de 1959, participando da famosa cena das corridas de bigas, uma vez que o diretor americano William Wyler não conseguiu chegar a tempo na Europa para o começo das filmagens. Dito isso nos concentremos nesse faroeste. É um bom exemplar do Western Spaghetti, muito embora o roteiro não fuja da velha fórmula "vingança pessoal". O mais digno de nota nesse roteiro vem do fato de que após longos anos procurando pelo filho sequestrado, seu pai chega depois de enfrentar muitos obstáculos até ele, mas o que encontra pela frente é apenas mais um bandido violento, bruto e cruel, fruto do fato dele ter convivido por longos anos no bando de El Cachal, ao qual agora considera quase como um pai! Como contornar uma barreira desse tamanho? Assista e descubra!

Pablo Aluísio.

domingo, 15 de julho de 2018

Império de Balas

Título no Brasil: Império de Balas
Título Original: Last of the Badmen
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Allied Artists Pictures
Direção: Paul Landres
Roteiro: Daniel B. Ullman, David T. Chantler
Elenco: George Montgomery, Keith Larsen, James Best
  
Sinopse:
Uma perigosa gangue de criminosos no velho oeste se utiliza de um plano ardiloso: eles resgatam bandidos capturados que estão com a cabeça à prêmio e depois de os utilizarem em novos crimes (com o objetivo de aumentar ainda mais suas recompensas), os eliminam, indo até o xerife para embolsar o dinheiro dos cartazes de "Procura-se Vivo ou Morto". Uma agência de detetives é então contratada para descobrir a identidade do homem por trás desses golpes.

Comentários:
Um faroeste bem seco, duro, com uma constante narração em off (que ajuda a deixar o enredo mais claro, mas que também pode enervar o espectador menos paciente por seu uso excessivo). Estrelado pelo grandalhão George Montgomery o filme não tem qualquer intenção de ser um clássico do western e ao invés disso se apoia mesmo na mais pura diversão, explorando a figura dos detetives particulares que atuavam no oeste americano durante o século XVIII. O roteiro tem alguns furos de lógica (basta parar para pensar um pouco sobre eles), mas o enredo se mostra criativo o bastante para manter o interesse até o fim. A fita foi produzida pela Allied Artists Pictures, um pequeno estúdio de filmes B de Hollywood que não durou muitos anos por causa da agressiva competição com as chamadas grandes majors da indústria cinematográfica americana. A falta de recursos e a produção modesta se torna bem clara no decorrer do enredo, mas relevando-se isso um pouco dá para se divertir sem maiores constrangimentos. Além disso o mistério sobre quem seria o chefe da quadrilha ajuda a manter o foco no que se passa. O final é meio apressado - temos que reconhecer - mas com um pouco de boa vontade tudo se torna ao menos satisfatório quando finalmente sobe o famoso "The End" na tela.

Pablo Aluísio.