sexta-feira, 2 de março de 2018

Pantera Negra

O filme já é um grande sucesso de bilheteria. Já faturou até o momento a incrível soma de 1 bilhão de dólares pelos cinemas mundo afora. Um número de respeito. O próprio estúdio ficou bem surpreso com esse resultado, uma vez que o Pantera Negra não era muito popular nem no mundo dos quadrinhos, então não se esperava mesmo uma bilheteria tão robusta assim nesse seu primeiro filme no cinema. A boa notícia é que o filme é realmente bom. Como se trata do primeiro filme o roteiro precisou apresentar o personagem ao público, mostrando suas origens, suas principais características e personalidade. Se saiu muito bem nisso. A estrutura narrativa é bem feita, usando um fato ocorrido no passado para melhor explicar as origens desse super herói. Aliás é sempre bom lembrar que o Pantera Negra foi um dos primeiros super-heróis negros da Marvel, criado pela dupla Stan Lee e Jack Kirby, ainda nos anos 60, bem no auge dos conflitos envolvendo os direitos civis dos negros. Momento conturbado na história americana.

Dito tudo isso, o filme me agradou bastante. Existe todo um novo universo a explorar, o que provavelmente vai gerar várias continuações nos próximos anos. O Pantera Negra na verdade é mais um "cargo" do que um herói convencional. Atravessando os séculos, inúmeros homens vestiram seu uniforme. Tal como acontecia com o Fantasma, um dos personagens mais famosos de quadrinhos no Brasil. Assim o enredo do filme começa justamente quando o antigo Pantera Negra morre e sua tradição é passada para o filho. Antes porém ele precisa provar seu valor em um combate de vida e morte. Um dos aspectos mais interessante dessa estória é a existência de uma nação africana chamada Wakanda. É o lar do Pantera Negra. Um país altamente desenvolvido que esconde sua existência do mundo usando dos mais modernos meios tecnológicos. A ironia involuntária vem do fato de que o líder dessa nação que se diz tão desenvolvida é determinado por um brutal combate corpo a corpo, algo um tanto primitivo. Outro fato que contradiz essa suposta superioridade é que tão logo começa uma disputa pela sucessão do trono logo explode uma guerra civil entre o seu povo. Qualquer semelhança com as mais miseráveis nações africanas do mundo real definitivamente não seria mera coincidência.

Pantera Negra (Black Panther, Estados Unidos, 2018) Direção: Ryan Coogler / Roteiro: Ryan Coogler, Joe Robert Cole / Elenco: Chadwick Boseman, Michael B. Jordan, Lupita Nyong'o / Sinopse: Após a morte de seu velho pai, T'Challa (Chadwick Boseman) se torna o herdeiro do manto do Pantera Negra. Também se torna o sucessor do trono, se tornando rei de Wakanda. Antes disso porém precisa provar seu valor como homem e como guerreiro, enfrentando um novo desafio, seu próprio primo que, abandonado nos Estados Unidos muitos anos atrás, retorna para reclamar seu direito ao trono de sua nação.

Pablo Aluísio.

7 comentários:

  1. Pablo:

    Você escreve: "A ironia involuntária vem do fato de que o líder dessa nação que se diz tão desenvolvida é determinado por um brutal combate corpo a corpo, algo um tanto primitivo." e aí eu acho que vale pensar.
    Aonde esse nosso refinamento social com a escolha democrática de governos nos levou? Será que de tanto parlamentar não perdemos em algum lugar a nossa capacidade de impor a ordem? Porque não escolher um governante realmente forte, até fisicamente? Esses atuais governos com seus parlamentos corruptos não estão resolvendo problemas básicos na nossa sociedade. Acho que deveríamos dar uma guinada na forma de escolher lideres, pois a forma atual está falida. O Nietzsche já disse, ainda no final do século 19, que parlamentos seriam a ruína da nossa sociedade e que governos deveriam ser empossados devido a capacidade do governante não por livre escolha de ignorantes. Ele, me parece, estava muito certo se observarmos a nossa atual situação.
    O filme parece querer nos mostrar que o superdesenvolvimento deve vir junto com capacidade física do governante de confrontar as adversidades de um país. Você já reparou como pensa um militar ou um policial em qualquer situação de risco? É isso.

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  2. Eu gosto de uma frase de Churchill que dizia o seguinte: A democracia é o pior regime político, fora todos os outros. A democracia não é perfeita, longe disso, e só funciona com um povo devidamente educado e instruído. Por isso sou a favor do voto facultativo. Quem não gosta de política, não vote! Simples assim. Dessa maneira o voto terá o mínimo de qualidade. E sobre o líder mais forte e brutal, bom, o roteiro do filme mostra sua fragilidade (Spoiler) quando o primo do Pantera Negra dá uma surra nele. Ora, o vilão é forte e bom de briga, mas um péssimo caráter. Teria ele só por ser mais forte ter o direito de liderar toda uma nação? Acho que não.

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  3. É meio difícil responder isso à luz da moral atual, entretanto, eu acho que não consegui me expressar direito. Eu quis dizer um líder forte em todos os sentido, inclusive fisicamente. Um aristocrata preparado para governar, não bêbados, bobos, burros, fracos, palhaços, pernósticos, etc., eleitos por ignorantes deslumbrados.

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  4. Eu entendo seu ponto de vista. No Brasil a democracia foi usada, infelizmente, para instalar uma cleptocracia, um governo de ladrões. Esse é o problema.

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  5. Mais um pitaco: os grandes governantes do mundo geralmente foram militares: Julio Cesar, Alexandre; Napoleão. Augustus não era, era herdeiro de um banqueiro, mas, surpreendentemente ser tornou um dos melhores militares ao perseguir e vigar a morte do seu tio/avô Julio Cesar matando todos os assassinos, portanto, mais um homem de força, alem de muito inteligente.

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