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terça-feira, 30 de junho de 2020

Adorável Pecadora

Esse foi o penúltimo filme de Marilyn Monroe. Ela já caminhava para seu trágico fim. Apenas dois anos depois ela seria encontrada morta em sua casa. Também foi um dos mais complicados de se produzir pois Marilyn já demonstrava todos os seus problemas emocionais durante as filmagens. Ela sempre chegava atrasada, faltava dias e dias ao trabalho e quando aparecia não conseguia decorar seu texto. Havia muito abuso no consumo de pílulas e bebidas, o que tornava impossível para ela atuar ou aparecer saudável em cena. Isso obviamente trouxe muita tensão entre ela e os produtores e foi mais um dos inúmeros problemas que foram se acumulando, o que acabaria resultando em sua demissão dos estúdios Fox, que não conseguiam mais lidar com tanto caos em seus filmes. O curioso é que quando o filme finalmente ficou pronto, acabou se revelando um bom entretenimento. No simpático enredo, Marilyn Monroe interpretava Amanda Dell, uma cantora e dançarina que acabava caindo nas graças de um francês extremamente rico, chamado Jean Marck Clement (Yves Montand). Confundido com um aspirante, a ator acabava entrando na peça onde Amanda se apresentava e começava a investir romanticamente na colega, mas sem conseguir muito sucesso. A personagem de Marilyn parecia estar apaixonada mesmo por Tony Danton (Frankie Vaughan), o protagonista da peça. Sem contar a ela que seria um milionário, ele começa então um novo plano para conquistar a linda loira de olhos azuis.

“Adorável Pecadora” é uma comédia romântica que investe bastante nas tomadas musicais e nos relacionamentos divertidos e complicados dos personagens principais. Seu resultado nas bilheterias foi apenas mediano, mas o filme se notabilizou mesmo por causa das deliciosas histórias de bastidores. O casamento entre Marilyn Monroe e Arthur Miller estava em frangalhos e assim que começaram as filmagens Marilyn se apaixonou por Yves Montand. Era uma atração muito previsível. Montand, como todo bom francês, era também um conquistador nato. Para Marilyn ele era antes de tudo um europeu exótico. Como não perdia a chance de ter uma nova aventura sempre que ela surgisse pela frente, nem pensou duas vezes antes de cair nos braços do ator. O problema era que o colega e companheiro de cena também era casado com Simone Signoret, que se considerava amiga de Marilyn, o que acabou resultando em um incômodo e complicado triângulo amoroso tão ou mais problemático do que o próprio roteiro do filme! Marilyn também passava por um momento muito conturbado em sua saúde, com abuso constante de medicamentos e álcool. Ela quase sempre misturava suas pílulas para dormir com champagne francês a qualquer hora do dia ou da noite, uma combinação perigosa e potencialmente fatal que atrapalhava muito também em seu desempenho. No filme ela aparenta estar meio desnorteada, muito pálida e com o semblante perdido. Mesmo assim ainda consegue encantar, inclusive ao cantar muito bem a divertida “My Heart Belongs To Daddy”.

Assistindo a atriz soltando a voz em cena não podemos deixar de elogiar seu estilo sensual e diria até mesmo seu bonito timbre vocal. Ela certamente não era uma cantora profissional, mas sempre se saía muito bem nos números musicais de seus filmes. Isso era resultado e fruto de muitos anos de aulas de canto pagos pelos estúdios Fox. Marilyn também passava dias ouvindo em seu quarto a sua cantora preferida, Ella Fitzgerald. O próprio estilo vocal que desenvolveu inclusive é uma bonita variação dessa fabulosa diva do jazz. Assim “Adorável Pecadora” foi salvo pela bonita voz de Marilyn Monroe, pelos talentosos números musicais e pelas ótimas histórias de alcova de sua produção. Um bom momento na carreira da musa Marilyn Monroe que merece ser redescoberto por fãs e amantes de musicais da década de 1960. Não deixe de conhecer.

Adorável Pecadora (Let´s Make Love, Estados Unidos, 1960) Direção: George Cukor / Roteiro: Norman Krasna, Hal Kanter / Elenco: Marilyn Monroe, Yves Montand, Tony Randall / Sinopse: Bilionário francês (Yves Montand) se apaixona por linda corista (Marilyn Monroe) que não se mostra muito interessada em seus avanços românticos. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Música Original. Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Musical ou Comédia.

Pablo Aluísio.  

quinta-feira, 22 de março de 2018

Minha Doce Gueixa

Esse filme é uma comédia romântica estrelada pela atriz Shirley MacLaine (fazendo par com Yves Montand) que fez bastante sucesso nos cinemas em seu lançamento original. Na estória ela interpreta uma atriz americana de cinema de sucesso. Casada com um diretor francês (interpretado por Montand) eles formam um belo par, tanto dentro como fora das câmeras. Só que o marido decide que chegou a hora de alcançar novos desafios. Ele decide ir para o Japão para dirigir uma nova versão de "Madame Butterfly" apenas com atrizes japonesas, captando bem a alma daquele país oriental distante. Assim sua esposa acaba ficando fora do projeto por isso. Só que ela não desiste assim tão fácil de participar do novo filme do maridão. Viaja escondida para o Japão e usando uma forte maquiagem de gueixa consegue enganar o diretor, ganhando o papel para o filme. Quem interpreta o produtor é o grande ator Edward G. Robinson.

O roteiro se apoia muito (para não dizer totalmente) em uma única piada que é o fato de Shirley MacLaine estar disfarçada de gueixa japonesa enquanto o marido nem desconfia de quem ela seja na verdade. Claro que sob trajes típicos, com o rosto pintado e com os olhos puxados, ela fica bem diferente, porém é preciso uma grande dose de cumplicidade do espectador para acreditar que nem seu próprio marido a reconheça por semanas e semanas. Shirley MacLaine como sempre está uma graça. Sempre a considerei muito bonita, uma atriz diferente que não procurou seguir os passos de ninguém. No mundo de cinema da época onde reinavam loiras exuberantes como Marilyn Monroe, ela surgia nos filmes com cabelos ao estilo "joãozinho", com cara de moleca, sem forçar nenhum tipo de sensualidade artificial. Aqui a maquiagem muito bem feita a transformou numa verdadeira japonesa tradicional, mas nada que pudesse enganar nem o próprio marido. Por isso o enredo bobinho vai se saturando até o final. O que acaba valendo a pena mesmo é a presença sempre carismática de  Shirley MacLaine. Fora isso a estorinha hoje soa meio bobinha mesmo. O tempo cobrou seu preço.

Minha Doce Gueixa (My Geisha, Estados Unidos, 1962) Direção: Jack Cardiff / Roteiro: Norman Krasna / Elenco: Shirley MacLaine, Yves Montand, Edward G. Robinson / Sinopse: Lucy Dell (Shirley MacLaine) é uma atriz americana que para participar do novo filme do marido se disfarça de japonesa tradicional, assumindo a identidade de uma gueixa chamada Yoko Mori. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Figurino (Edith Head).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Marilyn Monroe e Yves Montand

A produção de "Quanto Mais Quente Melhor" foi literalmente um caos. Marilyn causou todos os tipos de problemas para o diretor e elenco. Chegava às seis da tarde para gravar cenas que tinham sido programadas para às nove da manhã, não conseguia falar nem os mais simples diálogos e criava brigas e desentendimentos com todos. Chegou ao ponto de se recusar a entrar no set por achar que um dos operadores de câmera não gostava dela! A verdade pura e simples era que Monroe estava abusando cada vez mais das pílulas e da bebida. A atriz ja amanhecia tomando Champagne e não raro ficava completamente embriagada antes mesmo de ir trabalhar no estúdio. Fora isso as altas doses de Demerol a deixavam completamente confusa, sem saber direito o que fazer. Em última análise Marilyn não era uma má profissional mas sim uma pessoa simplesmente doente que precisava urgentemente de tratamento psicológico.

O Set de "Quanto Mais Quente Melhor" foi tão bagunçado que ninguém mais queria trabalhar ao lado de Marilyn. Quando a Fox anunciou seu novo filme, que seria chamado no Brasil de "Adorável Pecadora" muitos convites foram feitos. Rock Hudson, Gregory Peck e até Brando foram convidados para estrelarem ao lado de Marilyn mas nenhum deles aceitou o convite. Eles sabiam que teriam enormes dores de cabeça se fossem trabalhar com Monroe e assim simplesmente disseram não alegando uma desculpa qualquer. Diante do pavor dos astros americanos para contracenarem com Marilyn a Fox não teve outra alternativa a não ser contratar um estrangeiro para fazer o par romântico da atriz no filme. O escolhido foi o fino e sofisticado Yves Montand, que naquele momento estava vivendo o auge de seu sucesso.

De início Montand e Marilyn se deram bem. Ele era casado com a elegante Simone Signoret, que conhecendo bem a fama da atriz resolveu ficar por perto durante as filmagens. Monroe obviamente também simpatizou muito com ela e ambas começaram uma nova amizade que parecia ser sincera. Tudo parecia muito bem para todos. Infelizmente conforme as filmagens começaram os velhos problemas de Monroe ressurgiram. Ela simplesmente não aparecia no estúdio para as filmagens, deixando todos ali plantados esperando por sua chegada que nunca acontecia. No começo Montand procurou levar na esportiva mas logo percebeu que seria um enorme sacrifício trabalhar ao lado dela. Como sempre Marilyn não conseguia dizer seus diálogos, parecia desnorteada, sem saber direito o que acontecia. Arthur Miller seu marido nada podia fazer pois naquela altura de seu casamento já tinha virado uma sombra da atriz. Monroe o usava apenas para levar sua bagagem de um lado ao outro e Miller se anulou como homem.

Não demorou para que Marilyn começasse a fazer seu jogo de sedução com Montand. Eles estavam hospedados no mesmo hotel, um fino resort com luxuosos bangalôs próximos uns aos outros. Essa proximidade logo se tornou irresistível para Marilyn. Embaixo dos narizes de Arthur Miller e da esposa de Montand, eles logo começaram um apaixonado affair. De manhã quando não aparecia para trabalhar o diretor arrancando os cabelos da cabeça pedia a algum membro de sua equipe para ir chamar Marilyn em seu bangalô. Assim que começou o romance com Marilyn o próprio Yves Montand começou a se voluntariar para ir chamar Monroe. O problema é que tudo não passava de uma desculpa para mais encontros furtivos entre o casal apaixonado. Enquanto toda a equipe ficava de prontidão, Marilyn e Montand se enrolavam nos lençóis brancos da suíte da atriz. Com menos de 20% das cenas filmadas o orçamento do filme estourou. Manter todo um set em prontidão custava milhares de dólares e quando nada era realizado tudo o que restava era um enorme prejuízo para a Fox.

Assim a produção literalmente iria para o buraco. As coisas só começaram a andar de novo porque sem motivo aparente Montand resolveu cair fora daquela aventura. Numa manhã Arthur Miller quase pegara Montand de cuecas dentro do quarto de Marilyn. Temendo que um escândalo desses acabasse com sua carreira na América ele resolveu pular fora. Marilyn ficou desolada completamente. A esposa de Montand já sabia o que acontecia mas preferiu manter sua classe e elegância esperando que seu marido colocasse o juízo no lugar. Quando o filme finalmente ficou pronto e foi lançado a crítica quase que de forma unânime o classificou como uma decepção. Marilyn não estava particularmente bonita em cena, surgindo fora do peso, com olheiras visíveis (fruto da sua eterna dificuldade de dormir). O público americano também não comprou a figura estrangeira de Montand e assim a produção não conseguiu se tornar um sucesso como o anterior "Quanto Mais Quente Melhor".  

Muitos anos depois Montand finalmente assumiu o romance publicamente com sua estrela mas procurou minimizar alegando que tudo não passava de uma "aventura" e que Marilyn estava louca se pensava que ele deixaria sua esposa para viver com ela. Completou dizendo que a achava muito "Infantil, quase  uma criança" e que jamais levaria algo com ela adiante. Já  Simone Signoret amenizou: "Eu sabia que Marilyn tinha um caso com meu marido. Acredito que Arthur Miller também sabia mas nunca consegui ter raiva dela! Ela me deu de presente um lindo lenço que guardo até hoje. Está um pouco puído mas ao se dobrar bem ninguém percebe. Depois que o filme acabou ela nunca mais falou comigo pensando que eu teria ficado magoada com seu caso com meu esposo mas não, ainda a guardei como uma amiga querida, apesar de tudo". Yves Montand pensou que Marilyn o deixaria em paz quando voltasse a Paris mas não foi o que aconteceu. A atriz ainda continuou por longo tempo lhe bombardeando com telefones internacionais. Montand se esquivou como foi possível, evitando falar com ela, dizendo que tinha saído de casa, etc. Até que depois de alguns meses os telefonemas finalmente cessaram. Era mais um caso amoroso fracassado na longa lista da atriz. Mais um trauma que ela tinha que lidar em suas noites solitárias.

Pablo Aluísio.