terça-feira, 11 de outubro de 2022
10 Curiosidades - Três Homens em Conflito
1. O diretor Sergio Leone incentivou o elenco a improvisar em cena. Um dos maiores exemplos acontece na cena em que o personagem do ator Eli Wallach entra em uma loja de armas. Ali não havia nada escrito no roteiro e ele precisou improvisar praticamente toda a cena, principalmente quando manuseia os revólveres. Essa improvisão porém nem sempre deu certo. Na cena do trem o ator passou por apuros após seu cavalo se assustar com o som de um tiro dado por um dos figurantes. Com as mãos amarradas Eli Wallach passou por um aperto e tanto para controlar o animal. Curiosamente como Wallach não falava italiano e nem Leone inglês ambos decidiram se comunicar falando francês entre si.
2. O cemitério confederado chamado de Sad Hill Cemetery pelo roteiro foi totalmente construído pela equipe do filme. Não houve autorização para que Leone filmasse em um cemitério real. Assim eles resolveram recriar todo o lugar, usando como modelo uma foto antiga de um cemitério real das tropas rebeldes durante a guerra civil.
3. Embora não fosse o mesmo personagem dos dois filmes anteriores de Sergio Leone, Clint Eastwood resolveu usar praticamente o mesmo figurino que havia usado nas outras produções. O pistoleiro sem nome assim usou o mesmo ponche que havia usado em "Por um Punhado de Dólares" e "Por uns Dólares a mais". No filme o personagem de Eli Wallach o chama de "blondie", mas esse é apenas um nome genérico que significa "loiro" ou "loirinho", não sendo o verdadeiro nome do pistoleiro.
4. O filme foi um dos mais caros da carreira de Sergio Leone, realizado ao custo de mais de um milhão de dólares (uma verdadeira fortuna para a época). Na versão americana houve quatro cortes para que o filme não ficasse tão longo, o que iria prejudicar sua carreira comercial. Apenas alguns anos depois o público americano finalmente pôde assistir a versão completa que foi lançada em alguns cinemas e no mercado de vídeo.
5. Sergio Leone resolveu que não haveria nenhum diálogo nos dez primeiros minutos de filme, algo que assustou os produtores. Leone queria captar o clima do velho oeste. O estúdio só aceitou a decisão do diretor quando o ator Clint Eastwood o apoiou. Ninguém queria ter problemas com o astro e maior chamariz de bilheteria do filme.
6. Leone queria realismo total. Para isso acabou tendo problemas com o ator Lee Van Cleef. Numa das cenas ele deveria bater em uma mulher, lhe aplicando vários murros e chutes. A cena incomodou Cleef que tentou convencer o diretor a mudar de ideia. Leone porém não aceitou as sugestões de Lee Van Cleef e ordenou que tudo fosse feito como estava no roteiro. Para Lee Van Cleef a cena acabou sendo uma das mais complicadas de realizar, conforme ele diria depois em uma entrevista.
7. Apenas Clint Eastwood, Lee Van Cleef e Eli Wallach falavam inglês de forma fluente. Todos os demais atores ou só falavam italiano ou espanhol. Para resolver esse problema o diretor Sergio Leone determinou que eles falassem suas línguas naturais durante as filmagens. Apenas depois todos seriam dublados em inglês para o lançamento internacional do filme.
8. O famoso tema do filme foi composto pelo genial maestro e compositor Ennio Morricone. Anos depois ele explicaria que sua intenção na melodia foi imitar o som de um chacal no meio do deserto. Quando foi contratado por Sergio Leone ele resolveu tentar várias ideias por duas semanas antes de mostrar a música para o diretor. Só depois de gravar tudo com sua orquestra é que finalmente mostrou a Leone o resultado final. Esse tema acabou se tornando um dos mais conhecidos do gênero western em todos os tempos, chegando a ser lançado como trilha sonora não apenas no mercado europeu, mas no americano também, se tornando campeão de vendas, algo raro nesse segmento na época.
9. Orson Welles aconselhou Sergio Leone a desistir de mostrar imagens da guerra civil americana, isso porque Welles achava que filmes sobre a guerra civil estavam fora de moda e não fariam mais sucesso de bilheteria. Leone, felizmente, não seguiu seus conselhos. O filme, como se sabe, foi um grande sucesso de bilheteria.
10. Charles Bronson foi convidado duas vezes para fazer parte do elenco. Na primeira vez Sergio Leone o chamou para viver o personagem Tuco e depois para interpretar o pistoleiro vilão que acabou sendo feito por Lee Van Cleef. Embora Bronson estivesse muito interessado em trabalhar no filme não houve tempo. Ele estava trabalhando em "Os Doze Condenados" e o filme acabou atrasando seu cronograma original, levando muito tempo para ficar pronto. Assim ele teve que desistir. Já Clint Eastwood aceitou participar em troca de um cachê de 250 mil dólares, mais uma Ferrari dada pelo estúdio italiano.
Pablo Aluísio.
sábado, 25 de junho de 2022
Por uns Dólares a Mais
Título Original: Per Qualche Dollaro in Più
Ano de Produção: 1965
País: Itália, Espanha, Alemanha
Estúdio: Constantin Film Produktion, Produzioni Europee Associati
Direção: Sergio Leone
Roteiro: Sergio Leone, Fulvio Morsella
Elenco: Clint Eastwood, Lee Van Cleef, Gian Maria Volonté
Sinopse:
Monco (Clint Eastwood) e Mortimer (Lee Van Cleef) são dois caçadores de recompensas no velho oeste que acabam indo atrás do mesmo criminoso, El Indio (Gian Maria Volonté), cuja oferta por sua captura vivo ou morto é avaliada em dez mil dólares! Pistoleiro, psicopata, estuprador e muito violento, El Indio planeja ao lado de sua quadrilha um grande roubo de banco na cidade de El Paso. Ele conseguiu ter acesso a informações privilegiadas sobre o cofre da instituição e pretende roubar uma pequena fortuna de sua sede, mas antes disso terá que se livrar daqueles que querem sua cabeça em troca do valioso prêmio a ser dado como recompensa a quem conseguir lhe tirar de circulação.
Comentários:
A frase que abre o filme, "Onde a vida não tem valor, a morte, ás vezes tem seu preço. É por isso que os caçadores de recompensas apareceram", resume bem a tônica dessa produção. Considerado um dos maiores clássicos do assim chamado western spaguetti, "Por uns Dólares a Mais" surge em um momento em que o cinema italiano começa a mostrar ao mundo que também podia realizar faroestes tão bons quanto os originais americanos. A fórmula de se importar atores e profissionais americanos para trabalharem na Itália havia se mostrado madura o suficiente para assustar até mesmo os grandes estúdios de Hollywood. Para se ter uma ideia a United Artists ficou tão impressionada com a qualidade desse western que não pensou duas vezes em adquirir os direitos da obra para lançar nos cinemas americanos, no circuito interno. Isso era um feito e tanto já que até aquele momento as distribuidoras americanas esnobavam os filmes italianos de faroeste. No elenco, Clint Eastwood e Lee Van Cleef, começavam a virar astros. Ambos amargaram anos e anos de papéis coadjuvantes sem muita importância dentro da indústria americana e tiveram que cruzar o Atlântico para serem finalmente reconhecidos em casa. Por fim, e o mais importante de tudo, o filme contava com a ótima direção do mestre Sergio Leone. Cineasta singular, Leone conseguia impor um estilo próprio, autoral, em fitas que em essência eram realizadas para serem acima de tudo comercialmente bem sucedidas. Dentro do circuito mais comercial ele conseguia, com raro brilhantismo, trazer inovações e classe a gêneros ditos como extremamente popularescos. Maior prova de sua genialidade não há. Assim, caso você nunca tenha assistido esse western classe A não perca mais seu tempo, pois "Per Qualche Dollaro in Più" é de fato simplesmente indispensável e essencial para qualquer cinéfilo que se preze. Um faroeste realmente imortal.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 23 de dezembro de 2019
Por Um Punhado de Dólares
Esse é um dos grandes clássicos do chamado western spaghetti. O termo que pode até soar engraçado hoje em dia se refere aos faroestes produzidos e rodados na Itália com atores e equipe técnica daquele país, muitas vezes usando pseudônimos americanizados. Como se sabe o Western é um gênero tipicamente norte-americano pois o tema central é justamente a conquista do oeste daquela nação. Os italianos porém não se importaram muito com esse detalhe e a partir da década de 60 intensificaram a produção desse tipo de filme. Além da nacionalidade outras características distinguem bem os filmes italianos dos americanos. A ação é bem mais incessante, não há muita preocupação com roteiros bem elaborados e as interpretações tendem ao exagero, com vilões cartunescos e muita violência. Esse "Por Um Punhado de Dólares" tem tudo isso mas também é uma fita diferenciada. Essa singularidade tem nome: Sergio Leone. Cineasta talentoso, hábil, ele mostra nesse filme porque ainda hoje é um considerado um dos grandes mestres do cinema.
O uso de tomadas ousadas, cenas com muito clima e detalhes, além da combinação muito bem realizada entre trilha sonora e ação fizeram toda a diferença do mundo. As cenas de violência não são ainda tão bem elaboradas como às que veríamos em futuros trabalhos assinados pelo diretor mas aqui já há nitidamente um esboço de seu estilo e forma de trabalhar. O roteiro simplório não impede que Leone consiga mostrar grandes feitos em sua direção. O próprio duelo final é um exemplo, com ótima edição e enquadramento. Para coroar ainda mais esse faroeste temos a presença de um dos grandes atores desse gênero: Clint Eastwood. Aqui ele interpreta o pistoleiro sem nome que chega numa cidadezinha empoeirada no meio do deserto. O local é disputado por dois grupos rivais, ambos violentos e extremamente armados. O personagem de Eastwood então resolve tirar proveito dessa rivalidade. O que se sucede são muitos tiroteios, duelos e cenas de ação bem ao estilo do western spaghetti. A trilha sonora de Ennio Morricone pontua cada cena, cada tensão, cada troca de tiros. Parece ser onipresente. A conclusão que se chega ao final de sua exibição é que embora muitos aspectos do filme estejam datados e ultrapassados ele ainda resiste como um excelente exemplo do tipo de cinema que se realizava na Itália durante a década de 60. Além disso é um ótimo testemunho do talento de Sergio Leone, um diretor de muito tato e inspiração.
Por Um Punhado De Dólares (Per un pugno di dollari, Itália, 1964) Direção: Sergio Leone / Roteiro: A. Bonzzoni, Víctor Andrés / Elenco: Clint Eastwood, Gian Maria Volonté, Marianne Koch / Sinopse: Clnt Eastwood interpreta o pistoleiro sem nome que chega numa cidadezinha empoeirada no meio do deserto. O local é disputado por dois grupos rivais, ambos violentos e extremamente armados. O personagem de Eastwood então resolve tirar proveito dessa rivalidade.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 5 de setembro de 2019
Era uma Vez na América
Título Original: Once Upon a Time in America
Ano de Produção: 1984
País: Estados Unidos, Itália
Estúdio: Warner Bros
Direção: Sergio Leone
Roteiro: Leonardo Benvenuti
Elenco: Robert De Niro, James Woods, Elizabeth McGovern, Treat Williams, Tuesday Weld, Burt Young
Sinopse:
Um antigo gângster retorna para suas origens no Lower East Side de Manhattan. Ele havia deixado a região há mais de 30 anos e agora precisa lidar com todos os arrependimentos e traumas de seu passado. Roteiro baseado no livro de Harry Grey. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Direção (Sergio Leone) e Melhor Trilha Sonora Original (Ennio Morricone).
Comentários:
O mestre Sergio Leone trabalhou muito pouco nos Estados Unidos. Para o tamanho de seu talento esse aspecto deixou a desejar. Artesão do cinema, ele tinha dificuldades em lidar com o lado industrial do cinema americano. Mesmo assim o pouco que produziu na América fez história. Esse "Once Upon a Time in America" foi muito provavelmente seu projeto mais ambicioso. Leone quis contar parte da história dos imigrantes nos Estados Unidos. E o mundo do crime organizado, dos gangsters, não poderia ficar de fora. Considerado por alguns críticos da época como uma espécie de complemento ao épico "O Poderoso Chefão" o filme só não foi mais aclamado em seu lançamento original porque o público americano achou a produção pesada demais, excessivamente longa. Talvez o farto material fosse menos mais adequado para uma minissérie ou ainda dois longas. De qualquer forma o resultado ficou excepcional em minha opinião. Assisti pela primeira vez ainda nos tempos do VHS. Eu me recordo bem que o filme foi lançado em fita dupla por causa de sua longa duração. Era um item essencial nas locadoras para quem estivesse em busca de cinema de qualidade e tudo isso com a assinatura de um dos grandes diretores de todos os tempos, o incomparável Sergio Leone.
Pablo Aluísio.
domingo, 24 de fevereiro de 2019
Por uns Dólares a Mais
sexta-feira, 16 de março de 2018
Quando Explode a Vingança
Título Original: Giù la testa
Ano de Produção: 1971
País: Estados Unidos
Estúdio: Euro International Film (EIA)
Direção: Sergio Leone
Roteiro: Sergio Leone, Sergio Donati
Elenco: Rod Steiger, James Coburn, Romolo Valli, Maria Monti, Franco Graziosi, Antoine Saint-John
Sinopse:
No México, na época da Revolução, Juan Miranda (Rod Steiger), o líder de uma família de bandidos, conhece John Mallory (James Coburn), um especialista em explosivos do IRA que fugiu dos britânicos. Vendo a habilidade de John com explosivos, Juan decide convencê-lo a se juntar aos bandidos em um plano ousado. John, entretanto, faz contato com outros interessados em seus "serviços", pretendendo usar sua dinamite apenas a quem pagar mais.
Comentários:
Rod Steiger fazendo western spaghetti? Pois é, nos anos 60 e 70 isso não foi incomum. Muitos atores americanos foram para a Europa para aproveitar o momento do cinema italiano que estava no auge do sucesso comercial. Nada mal faturar um dinheiro fácil. No caso desse filme havia ainda um outro atrativo de peso, a presença do grande diretor Sergio Leone. Esse cineasta tinha muito prestígio, inclusive nos Estados Unidos, graças a grande qualidade de seus faroestes italianos. O resultado aqui não é tão bom como de seus clássicos, suas obras primas ao lado de Clint Eastwood, mas não pense que se trata de um filme fraco, nada disso. Há ótimos momentos, todos seguindo na linha do estilo do spaghetti, com toda aquela violência estilizada e trilha sonora forte marcando cada cena, cada momento de tensão. Há também uma boa dose de humor que contribuiu ainda mais para seu sucesso de bilheteria nos cinemas da época.
Pablo Aluísio.
sábado, 13 de agosto de 2016
Três Homens em Conflito
O enredo do filme é auto explicativo em seu próprio título. Embora o título nacional seja adequado, é interessante chamar a atenção para seu título original que em nossa língua significa "O Bom, O Mau e o Feio". O "bom" é o pistoleiro sem nome interpretado por Clint Eastwood. Na verdade ele não é um mocinho tradicional. Vive de golpes dados ao lado do "feio" interpretado brilhantemente por Eli Wallach, esse sim um patife sem salvação. Procurado por várias cidades do velho oeste ele finge ser capturado por Clint para com ele dividir depois o dinheiro da recompensa. Já o "mau" Lee Van Cleef entra em cena quando descobre haver um carregamento de moedas de ouro que foi enterrado por um soldado confederado. O tesouro está lá, só é necessário saber onde! O personagem de Wallach sabe o cemitério onde estão enterrados os sacos com moedas de ouro no valor de 200 mil dólares e o pistoleiro sem nome de Eastwood sabe qual é a cova onde se deve cavar. Como três homens que não se confiam vão chegar no lugar certo sem antes se matarem em duelo? Em cima desse jogo de xadrez Leone tece sua obra. Além disso o que podemos dizer da épica e inesquecível trilha sonora composta por Ennio Morricone? Provavelmente seja um dos temas mais famosos já compostos para o cinema. A conclusão de tudo é uma só: esse é um faroeste essencial em sua coleção, um dos melhores já realizados. Tudo o que havia a consertar e melhorar em filmes anteriores como "Por um Punhado de Dólares" e "Por uns Dólares a mais" foi aprimorado nesse filme. Obra prima desse gênio da sétima arte chamado Sergio Leone.
Três Homens em Conflito (Il buono, il brutto, il cattivo, Itália, Espanha, Alemanha Ocidental, 1966) Direção: Sergio Leone / Roteiro: Luciano Vincenzoni, Sergio Leone / Elenco: Clint Eastwood, Eli Wallach, Lee Van Cleef / Sinopse: Três pistoleiros, durante a guerra civil americana, disputam a localização e a posse de uma fortuna em moedas de ouro enterrada em um cemitério confederado. Filme indicado ao Laurel Awards na categoria de Melhor Ator (Clint Eastwood).
Pablo Aluísio.