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domingo, 30 de janeiro de 2022

A Filha de Ryan

Esse foi um dos filmes que me impressionaram muito quando o vi pela primeira vez. Eu assisti "A Filha de Ryan" ainda muito, muito jovem. Penso que deveria ter uns 12, 13 anos de idade. Nem tinha idade para ver um filme como esse para falar a verdade. Nem me considerava um cinéfilo ainda naquela época, não conhecia os nomes dos diretores, atores, nada. Eu apenas estava querendo assistir a um bom filme e acabei ficando impactado com o que vi. Provavelmente assisti a essa obra prima no Supercine da Rede Globo, nas noites de sábado. Eu me recordo que fiquei muito comovido com o personagem que tinha várias deficiências físicas e mentais, que era muito maltratado pelas pessoas. Na minha mente de adolescente aquele tipo de atitude era das mais perversas. E eu tinha razão em pensar assim. E quando "A Filha de Ryan" chegou ao final eu parei e fiquei pensando sobre a importância do que tinha visto. Cinema não era apenas uma mera diversão. Havia algo muito mais profundo envolvido. Um filme poderia passar muito mais do que eu poderia imaginar.

O cineasta David Lean sempre foi um gênio do cinema. Ele conseguia contar uma história que parecia banal, com pessoas comuns, mas que nas entrelinhas havia uma forte carga humanitária e emocional. Os personagens de "A Filha de Ryan" impressionaram a cabeça daquele quase menino que o viu porque eram pessoas reais, da vida cotidiana. E o clima daquela cidade costeira, um microcosmo da própria sociedade, era mais do que marcante. Posso dizer hoje em dia, puxando pelas minhas memórias afetivas, que esse foi um daqueles filmes que definitivamente me formaram como um fã de cinema, que me fizeram me apaixonar pela sétima arte. E depois de tantos anos ainda continuo um apaixonado sem arrependimentos. E esse segue sendo, ainda hoje, um dos melhores filmes que assisti em toda a minha vida.

A Filha de Ryan (Ryan's Daughter, Estados Unidos, Inglaterra, 1970) Direção: David Lean / Roteiro: Robert Bolt / Elenco: Robert Mitchum, Trevor Howard, John Mills / Sinopse: A história do filme se passa em uma pequena comunidade irlandesa, mostrando a vida de vários moradores do lugar, em especial o complicado relacionamento de uma mulher casada com com um oficial britânico problemático, que sofre de traumas psicológicos. Filme vencedor do Oscar na categoria de melhor ator coadjuvante (John Mills).

Pablo Aluísio.

sábado, 24 de março de 2018

Epopeia Trágica

Título no Brasil: Epopeia Trágica
Título Original: Scott of the Antarctic
Ano de Produção: 1948
País: Inglaterra
Estúdio: Ealing Studios
Direção: Charles Frend
Roteiro: Walter Meade, Ivor Montagu
Elenco: John Mills, Derek Bond, Diana Churchill
  
Sinopse:
O filme narra a história real do aventureiro e explorador inglês Robert Falcon Scott (John Mills) que liderou uma expedição no século XIX cujo objetivo era alcançar o marco zero do pólo sul do planeta. Uma verdadeira epopeia em uma das regiões mais hostis da Terra. Ao lado de seus homens ele acabou desafiando todos os limites da resistência humana, enfrentando temperaturas e desafios jamais confrontados por outros exploradores. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Filme Britânico.

Comentários:
O cinema inglês de uma forma em geral nunca deixou a desejar em relação ao que estava sendo produzido em Hollywood durante a década de 1940. Um exemplo disso é esse excelente "Scott of the Antarctic". Até mesmo hoje em dia ficamos surpresos com a supremacia técnica que essa fita possui. Tudo muito bem realizado, com maravilhosas tomadas de cena do continente gelado. Para dar realismo nas cenas da expedição uma parte da equipe de filmagem foi despachada para a própria Antarctica, onde foram filmadas excelentes sequências numa região conhecida como Graham Land. Se nos dias de hoje uma viagem para aquele continente é um desafio, imagine há mais de setenta anos! Pode-se dizer que a realização do filme em si já foi uma aventura e tanto para esses profissionais do cinema. Parte da produção também foi rodada na fria Noruega, um dos países europeus mais gelados do continente. Além da grande qualidade técnica da produção o filme ainda contou com um elenco comprometido e talentoso, incluindo o magistral John Mills que dá um verdadeiro  show interpretando o papel principal. Com roteiro baseado em farta documentação histórica, esse é sem dúvida uma das melhores aventuras realizadas pelo cinema britânico. Um resgate de um evento histórico que marcou o momento em que o homem ousou enfrentar a natureza em busca de um ideal.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Gandhi

Pode todo um império poderoso se curvar apenas ao peso de um ideal? A história de Gandhi prova que sim. De um lado temos o imenso, poderoso e dominador Império Britânico. Na época se dizia que o sol nunca se punha sob os domínios da Grã Bretanha, tamanha a sua extensão nos quatro cantos do mundo. Do outro lado havia esse indiano muito simples, de roupas despojadas, óculos desajeitados, uma pessoa que procurava viver como o mais humilde dos homens. Nesse choque de ideologias os fundamentos do pequeno homem acabaram vencendo os alicerces do majestoso Império de Vossa Majestade. Tudo baseado apenas em suas idéias de liberdade e autonomia. O mais grandioso na figura de Gandhi é que ele não liderou uma revolução armada mas sim um movimento de não violência, fundado apenas na ideologia da não violência, da convivência pacífica e no poder da argumentação lógica e sensata. Não é para menos que hoje em dia o mundo o conhece como Mahatma (grande alma). Ele conseguiu romper as amarras do colonialismo inglês para com seu país apenas pela força de sua mensagem. Uma revolução diferente, não feita de armas de fogo mas sim de pensamento e sensatez. 

Em 1982 o corajoso produtor e diretor Richard Attenborough resolveu levar a história de Gandhi para os cinemas. Uma decisão ousada uma vez que a história do líder indiano é muito intimista, teórica. Não haveria cenas de batalhas para encher as telas como nos antigos épicos, nada disso, o roteiro teria que se concentrar apenas na mensagem e na ideologia de Mahatma. Não há momentos extremamente dramáticos e nem grandes guerras ou algo parecido. Diante disso muitos achavam que essa era realmente uma história que não poderia ser levada às telas com êxito. Ledo engano. Gandhi não deixou de ser um filme fenomenal por essas razões, pelo contrário. Em ótima caracterização o ator Ben Kingsley literalmente encarnou o personagem em um dos melhores castings da história do cinema. A transposição da biografia de Gandhi foi tão bem sucedida no final das contas que conseguiu vencer todos os grandes prêmios em seu ano, inclusive vencendo o Oscar nas categorias de melhor filme, melhor diretor, melhor ator (Ben Kingsley), melhor roteiro original, melhor direção de arte, melhor fotografia, melhor figurino e melhor edição. Um grande filme para um grande homem. God Save The Queen.  

Gandhi (Gandhi, Estados Unidos, Inglaterra, 1982) Direção: Richard Attenborough / Roteiro: John Briley, Alyque Padamsee / Elenco: Ben Kingsley, Candice Bergen, Edward Fox, John Gielgud, Trevor Howard, John Mills, Martin Sheen / Sinopse: Cinebiografia do líder indiano Mahatma Gandhi. 

Pablo Aluísio.