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quarta-feira, 14 de março de 2018

Assassinato em Gosford Park

Robert Altaman encontra Agatha Christie? Quase isso. Na verdade o roteiro desse filme foi baseado numa estória criada pelo próprio Altman e não pela famosa escritora inglesa. Isso não quer dizer que seja totalmente original. Na verdade Altman aqui praticamente cometeu um plágio mesmo, criando um enredo que copiava em praticamente tudo as tramas de mistério de Christie. E como se deu isso? Copiando a "fórmula" da escritura. A coisa é simples, coloque um grupo de personagens em um ambiente restrito (pode ser um trem, um barco de cruzeiro ou como no caso aqui uma velha mansão) e depois revele um crime, um assassinato. A partir desse ponto basta apenas jogar com a real identidade do assassino, que no fim das contas pode ser qualquer um dos personagens. Joguinho de mistério. A grande original nesse tipo de enredo, obviamente, sempre foi a Agatha Christie. Altman aqui apenas a copiou sutilmente (ou nem tanto).

No filme temos um jantar de ricaços sendo organizado.Tudo se passa na década de 1930. Sir William McCordle e sua família recebem um grupo de milionários. A fina flor da sociedade da costa leste dos Estados Unidos. Apenas barões. Tudo vai correndo bem naquele estilo de falsidade grã fina até que um corpo é encontrado. Um homem está morto! Pronto, quem poderia ser o assassino? Não disse que seguia basicamente a fórmula dos livros de Agatha Christie? Pois então... O curioso é que esse filme apesar de ser bom e interessante, acabou seguindo a sina de muitos filmes de Robert Altman, ou seja, ser muito elogiado pela crítica, mas ignorado pelo público. O filme custou 20 milhões de dólares, mas só faturou 1,4 milhão em bilheteria. Tremendo fracasso comercial. Mesmo assim acabou levando um Oscar importante para casa, o de melhor roteiro. Pois é, algumas vezes ser levemente desonesto, copiando a ideia original dos outros, pode também dar bons frutos, inclusive sendo premiado pela Academia.

Assassinato em Gosford Park (Gosford Park, Estados Unidos, Inglaterra, 2001) Direção: Robert Altman / Roteiro: Julian Fellowes, Robert Altman / Elenco: Clive Owen, Helen Mirren, Maggie Smith, Ryan Phillippe, Michael Gambon, Kristin Scott Thomas, Charles Dance, Stephen Fry, Emily Watson / Sinopse: Grupo de milionários se reúnem numa sofisticada e bonita mansão localizada no campo. Todos estão lá para um jantar fino e refinado, mas a sofisticação acaba quando um corpo é encontrado. Houve um assassinato e o assassino se encontra entre eles. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Direção. Indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante (Emily Watson), Melhor Atriz Coadjuvante (Maggie Smith), Melhor Direção (Robert Altman), Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino. Vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original.

Pablo Aluísio.

domingo, 9 de outubro de 2016

Amor & Amizade

Título no Brasil: Amor & Amizade
Título Original: Love & Friendship
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos, Inglaterra, França
Estúdio: Westerly Films
Direção: Whit Stillman
Roteiro: Whit Stillman
Elenco: Kate Beckinsale, Chloë Sevigny, Xavier Samuel, Morfydd Clark, Stephen Fry, Tom Bennett
  
Sinopse:
Lady Susan Vernon (Kate Beckinsale) é um jovem viúva que precisa lidar com o fato de que está arruinada financeiramente. Sem dinheiro, ela vai morar com seu irmão. Para piorar tudo sua filha, Frederica (Morfydd Clark), é problemática, tendo sido expulsa da escola. Susan decide então arranjar um casamento promissor para ela com o tolo, fútil e rico Sir James Martin (Tom Bennett), porém a garota se recusa a se casar apenas por dinheiro. Com tantos problemas pela frente Lady Susan então resolve ela mesma arranjar um bom partido, se aproximando de Reginald DeCourcy (Xavier Samuel), herdeiro de uma rica e tradicional família inglesa. Os pais dele porém desaprovam completamente o romance. 

Comentários:
Filme baseado no romance "Lady Susan" de autoria da escritora Jane Austen, publicado originalmente em 1871. As obras dessa talentosa romancista se passam em uma Inglaterra vitoriana, onde as mulheres precisavam garantir seu futuro de qualquer maneira, muitas vezes entrando em um jogo de flerte e sedução que parecia não ter fim. Debaixo de tudo havia o mero interesse financeiro em se casar com um homem rico que lhes trouxesse uma vida confortável. Por isso a grande maioria das personagens de Jane Austen era formada por mulheres bem interesseiras, que acabavam também tendo que suprimir suas verdadeiras paixões em prol de um dote financeiro bem recompensador. Essas estórias mostravam acima de tudo o grande poder de manipulação das mulheres de uma maneira em geral. Nessa nova produção o diretor Whit Stillman tentou ser o mais fiel possível ao livro original. 

Como são muitos os personagens ele resolveu apresentar breves introduções de cada um dentro da trama. Achei a ideia fora do comum e de certa maneira um pouco desnecessária. O elenco traz a atriz Kate Beckinsale como a protagonista. Eu costumo dizer que Kate foi injustamente estigmatizada como a vampira Selene da franquia "Anjos da Noite". Ela é muito mais talentosa do que se supõe. Nesse filme temos uma amostra disso. Ela tem ótimos diálogos (retirados diretamente da obra original) e se sai muito bem em seu papel. Alguns podem até dizer que ela de certa forma apresenta um pouco de ansiedade interpretando Lady Susan, declamando seu texto de uma maneira um pouco rápida demais, com certa pressa e impaciência. Não penso assim. A própria personagem vive uma situação ansiosa, tendo que resolver sua vida, arranjando bons partidos tanto para ela que ficou viúva como para a filha, que parece não ter tido ainda consciência da situação delicada em que vivem. Em termos gerais temos um bom filme, bastante sofisticado, elegante e coeso. Uma bem-vinda adaptação da sempre interessante (e atemporal) obra de Jane Austen.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

O Guia do Mochileiro das Galáxias

Título no Brasil: O Guia do Mochileiro das Galáxias
Título Original: Hitchhiker's Guide to The Galaxy
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Garth Jennings
Roteiro: Douglas Adams
Elenco: Bill Nighy, Alan Rickman, Mos Def, Zooey Deschanel, Sam Rockwell, John Malkovich, Stephen Fry

Sinopse:
A Terra está prestes a ser destruída e varrida  do universo quando dois amigos chamados Arthur Dent e Ford Prefect, resolvem viajar pelo universo de carona. A odisséia será uma surpresa e tanto para todos.
                                                                   
Comentários:
A proposta é diferente e nem todos vão embarcar no humor singular do filme. No fundo o que temos aqui é uma crítica ao próprio sistema governamental inglês, com sua burocracia ineficiente e sem sentido. O livro que deu origem ao filme é muito popular na Europa, tendo ganho várias edições por causa de seu sucesso de vendas. A opinião dos leitores é a de que a literatura é de fato muito superior ao que se vê nas telas, até porque nem sempre é possível fazer uma adaptação eficiente do que está escrito no texto. Em relação aos espectadores brasileiros a situação é ainda mais complicada pois várias das gags ou trocadilhos só fazem sentido em língua inglesa e quando traduzidos perdem muito de seu fino humor. Não recomendo a todo mundo mas apenas aos que gostaram e leram o livro original. Para o resto do público a sensação vai ser estranha e até mesmo bizarra demais, Chegou tão badalado aos cinemas que até me empolguei para assistir. Chegando na sessão a decepção... não conhecia a obra que deu origem ao filme, achei tudo uma bobagem tão grande... tão chatinho. As piadas me fizeram dar os risinhos mais amarelos de toda a minha vida! Com meia hora de exibição pensei comigo mesmo: O que diabos estou fazendo aqui? Enfim, o filme é bem feito, tem boa produção, mas é uma bobageira sem fim. Bola fora.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Wilde

Oscar Wilde (1854 - 1900) foi um dos maiores dramaturgos e escritores da literatura inglesa. Escreveu entre outros os grandes clássicos "O Retrato de Dorian Gray", "O Fantasma de Canterville" e na poesia "Rosa Mystica". Além de grande autor era também uma figura polêmica, desafiadora para os rígidos padrões da sociedade britânica de seu tempo. Com frases extremamente inteligentes satirizava a sisuda alta sociedade de seu país, usando sua pena de forma mordaz e contundente. A sua ligação com a sétima arte vem de longe com as inúmeras adaptações que "O Retrato de Dorian Gray" teve para o cinema. Aqui porém o foco é desviado para a própria pessoa do escritor, mostrando aspectos de sua biografia. Achei uma produção muito bem conduzida, escrita e interpretada. 

A primeira parte do filme pode soar confusa para quem não conhece a biografia do escritor mas aos poucos tudo vai se desenvolvendo melhor. As cenas iniciais mostram Oscar no oeste americano, visitando uma mina. Curiosamente essa turnê de Wilde nos Estados Unidos foi um fator decisivo para a construção de sua fama e mito. Depois desse começo meio desencontrado o filme finalmente deslancha. O elenco está muito bem, principalmente Stephen Fry como Wilde. Sua personalidade ao mesmo tempo irônica e ousada foi muito bem capturada pelo ator. Eu tenho restrições em relação ao Jude Law (que aqui interpreta Bosie, o jovem amante do escritor). Isso porque o verdadeiro Bosie era muito mais jovem do que Law. Além disso era mais afeminado e delicado. Nesse aspecto Jude não conseguiu capturar com fidelidade o personagem real, mostrando um jovem frívolo mas raivoso e em certos momentos violento. O roteiro retrata a conturbada relação entre Wilde e Bosie com muito bom gosto, sem se tornar ofensivo ou vulgar. O texto não perde muito tempo no julgamento de Wilde e se concentra mais no tumultuado triângulo amoroso que liga Wilde, Bosie e Constance, a esposa de Oscar. Achei a decisão bem acertada pois não torna o filme cansativo e chato até porque cenas de tribunais costumam ficar enfadonhas. O saldo final é muito bom. Em conclusão devo dizer que vale bastante conhecer esse filme. Além de ser interessante do ponto de vista histórico "Wilde" ainda lida com a questão do homossexualismo em plena era vitoriana. Está mais do que recomendado.  

Wilde (Wilde, Estados Unidos, 1997) Direção: Brian Gilbert / Roteiro: Richard Ellman, Julian Mitchell / Elenco: Stephen Fry, Jude Law, Tom Wilkinson, Vanessa Redgrave, Jennifer Ehle, Gemma Jones, Judy Parfitt, Michael Sheen, Orlando Bloom./ Sinopse: Cinebiografia do escritor Oscar Wilde. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras

Sherlock Holmes (Robert Downey Jr) investiga uma série de atentados a bomba ocorridos em Londres e Paris. Suas investigações acabam levando ao eminente e conceituado Professor James Moriarty (Jared Harris) que ao que tudo indica tem vários interesses comerciais envolvidos nos atos de terrorismo. O novo filme da franquia Sherlock Holmes segue várias premissas do primeiro. Infelizmente esse novo rumo que o personagem Sherlock Holmes tomou no cinema não me agrada. Os livros e filmes baseados em Holmes sempre foram fundados em cima de mistérios, investigações e deduções lógicas. As tramas inteligentes sempre foram seu forte mas nessa nova franquia isso é deixado de lado para dar mais espaço para a ação, correria e pirotecnia. Para falar a verdade Sherlock virou uma espécie de James Bond do século 18, sem consistência e sem a fina inteligência que sempre o caracterizou em livros e filmes. Uma pena. A nova proposta nunca me agradou, nunca me convenceu. Holmes virou um produto pop chiclete para ser consumido em cinemas de Shopping Center. Dito isso, aqui nesse segundo filme pelo menos melhoraram um pouco. Atribuo isso ao uso de várias passagens de livros diversos de Sherlock que os roteiristas pincelaram aqui e acolá. A salada literária até que funciona em alguns momentos (como o jogo de xadrez entre Sherlock e Moriarty) mas deixa novamente a desejar no saldo final.

Outro problema chama a atenção nesse novo filme. Robert Downey Jr continua sem encontrar o tom certo do papel. O sofisticado e elegante Sherlock vira um sujeitinho neurótico, nervoso, com tiques psicóticos na pele de Downey. Aliás tudo isso é característico do ator Robert Downey Jr e não do personagem Holmes. No fundo ele interpreta a si mesmo. Acho sua caracterização bem pobre nesse aspecto. Nesse ponto Jude Law se sai melhor na pele do Dr Watson. Também gostei de Jared Harris como Professor Moriarty. Todo grande personagem tem que ter um vilão à altura. Harris supre muito bem esse vácuo que era muito sentido no primeiro filme. Já o diretor Guy Ritchie continua com seus maneirismos habituais. A edição do filme é esquizofrênica, ágil, tudo de acordo com o pensamento dos executivos da indústria do cinema americano que hoje pensam sinceramente que todo espectador sofre de déficit de atenção e por isso usam uma explosão a cada cinco minutos de filme. Enfim, ainda não foi nessa produção que acertaram o tom do famoso personagem mas há sensíveis melhorias. Não é o ideal mas já melhoraram um pouco. Espero que melhore ainda mais daqui em diante pois sou fã confesso do detetive famoso. Dias melhores virão.

Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras (Sherlock Holmes: A Game of Shadows, Inglaterra, Estados Unidos, 2012) Direção: Guy Ritchie / Roteiro : Kieran Mulroney & Michele Mulroney baseado na obra de Sir Arthur Conan Doyle / Elenco: Robert Downey, Jr, Jude Law, Jared Harris, Rachel McAdams, Stephen Fry / Sinopse: Sherlock Holmes (Robert Downey Jr) investiga uma série de atentados a bomba ocorridos em Londres e Paris. Suas investigações acabam levando ao eminente e conceituado Professor James Moriarty (Jared Harris) que ao que tudo indica tem vários interesses comerciais envolvidos nos atos de terrorismo.

Pablo Aluísio.