quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Garotas e Mais Garotas

Título no Brasil: Garotas e Mais Garotas
Título Original: Girls! Girls! Girls!
Ano de Produção: 1962
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Norman Taurog
Roteiro: Allan Weiss, Edward Anhalt
Elenco: Elvis Presley, Stella Stevens, Jeremy Slate, Laurel Goodwin, Benson Fong, Robert Strauss

Sinopse:

O sonho de Ross Carpenter (Elvis Presley) é ter seu próprio barco de pesca, onde ele poderá finalmente ter uma renda fixa e segura. A oportunidade surge quando seu ex-patrão resolve colocar algumas embarcações à venda. Ross porém não tem ainda o dinheiro suficiente, que ele espera levantar cantando nos bares e nightclubs locais.

Comentários:
Mais uma comédia romântica musical com Elvis Presley nos anos 60. Esse tipo de filme fazia bastante sucesso e Elvis conseguia não apenas emplacar sucessos de bilhterias como também discos nas paradas musicais, pois nessa época suas trilhas sonoras faziam bastante sucesso. A fórmula era basicamente a mesma: Elvis interpreta um sujeita boa pinta que geralmente era disputado por duas mulheres (uma mais jovem e uma mais velha) enquanto desfilava seus sucessos em cenas de canto e dança. Esse "Girls! Girls! Girls!" foi filmado no mesmo estúdio, com o mesmo diretor e roteirista de "Feitiço Havaiano", o grande sucesso de Elvis nos cinemas. A trilha sonora trazia uma sonoridade mais caribenha, apesar do filme ter sido todo filmado nas ilhas havaianas (em lugares que deram uma bonita fotografia à produção). De quebra ainda trouxe alguns his como "Return to Sender" (que vendeu milhões de cópias de seu single) e o tema principal, um cover do grupo The Drifters. Por fim um detalhe curioso e interessante: esse filme acabou sendo indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Musical do ano. Algo que era até bem raro em termos de filmografia de Elvis Presley. 

Pablo Aluísio.

A Dança dos Vampiros

Quando assisti a esse filme pela primeira vez ainda era um garoto, nos anos 80, quando ele era reprisado com até certa frequência no Supercine da Rede Globo. Claro que na época me diverti bastante. O filme era uma sátira bem construída em cima do mito do Conde Drácula. Na época em que foi produzido o diretor Roman Polanski não conseguiu os direitos autorais da famosa criação de Bram Stoker, então ele criou um vampiro genérico, com todas as características do famoso nobre do livro original. Aqui o vampiro se chama Conde von Krolock. Sua existência real é cercada de mitos e lendas. Para o professor Abronsius (Jack MacGowran) e seu assistente Alfred (interpretado pelo próprio Roman Polanski) essa criatura da noite se torna justamente o que eles procuravam há tempos. O atrapalhado professor, uma mistura de Van Helsing com Albert Einstein, foi praticamente expulso do meio acadêmico justamente por afirmar que vampiros eram reais e que existiam. Agora ele tem a grande chance de provar sua teoria.

O roteiro é pura cultura pop. Provavelmente esse seja o filme mais diferenciado da filmografia de Roman Polanski pois ele não quis nada com o cinema mais cult e de arte, optando pela pura diversão pipoca. No geral é um terror em tom de comédia, com excelentes sequências de bom humor. O personagem do professor Abronsius é bem caricato e não ficaria deslocado em um filme de Jerry Lewis, por exemplo. O ator que o interpreta, Jack MacGowran, hoje é pouco lembrado (ele faleceu em 1973), mas tinha grande talento e uma longa carreira quando foi contratado por Polanski para atuar nesse filme. Em termos de atuação ele é o destaque absoluto do filme. Além dele destaco no elenco a presença da atriz Sharon Tate. Uma mulher linda que teve um caso com Polanski e que estava esperando um filho dele quando foi brutalmente assassinada pelo bando de psicopatas drogados comandados por Charles Manson dois anos depois que atuou nesse filme. Uma coisa terrível. Enfim, "A Dança dos Vampiros" ainda mantém seu charme nostálgico original, embora deva reconhecer que nessa segunda revisão já não me diverti tanto como na primeira vez que o vi. Provavelmente isso tenha acontecido porque afinal de contas não tenho mais 14 anos de idade.

A Dança dos Vampiros (Dance of the Vampires, Inglaterra, Estados Unidos, 1967) Direção: Roman Polanski / Roteiro: Gérard Brach, Roman Polanski / Elenco: Jack MacGowran, Roman Polanski, Sharon Tate, Ferdy Mayne, Alfie Bass, Terry Downes / Sinopse: Em busca de provas que os vampiros são reais e realmente existem, o professor Abronsius (Jack MacGowran) e seu assistente Alfred (Polanski) viajam até o leste europeu. Ao chegaram numa pequena vila descobrem que há um castelo na região, onde habita uma figura sinistra chamada Conde von Krolock (Ferdy Mayne). Segunda lendas ele seria um vampiro que sequestra donzelas das pequeninas vilas vizinhas. O tipo ideal para provar a teoria do velho e atrapalhado professor.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Appaloosa - Uma Cidade Sem Lei

Na década de 1960 o ator Marlon Brando fez um de seus westerns mais singulares. Era "Sangue em Sonora" onde o astro cavalgava pelas regiões menos acolhedoras do velho oeste. Agora outro bom ator, Ed Harris, resolveu realizar um novo filme baseado no mesmo livro que deu origem ao filme de Brando. Não se pode considerar um remake, mas sim um filme que procura ser mais fiel à obra literária original. O enredo lida com as desilusões de um velho xerife que vendo sua vida passar e a velhice chegar resolve se envolver com uma mulher de má reputação. Acompanhado de um leal ajudante ele tenta trazer algum sentido para sua vida emocional, mesmo que para isso tenha que ser praticamente desmoralizado na cidade onde vive e trabalha. O problema é que a mulher que ele deposita todas as suas fichas também vira alvo de desejo de seu parceiro. Esse western recente foi dirigido pelo ator Ed Harris que prefere contar sua estória de forma cadenciada, sem pressa, tentando apresentar todos os personagens em cena ao espectador para que ele se familiarize com tudo o que acontece ao redor.

Foi justamente essa decisão de realizar um faroeste mais contemplativo que incomodou a alguns fãs de western. O filme tem seu próprio ritmo, menos ágil e menos frenético. O elenco é liderado por um trio muito interessante. O primeiro é o próprio Ed Harris que incorpora perfeitamente as nuances psicológicas de seu personagem. É um homem durão que percebe que seu tempo provavelmente já acabou. Ao seu lado brilha também o talentoso Viggo Mortensen, que passa muito vigor e tensão sexual com a situação vivida por seu papel. Por fim a bela Renee Zellweger, que já havia se dado muito bem no velho oeste com o sucesso de público e crítica "Cold Mountain". Ela novamente está bem carismática em cena mas é forçoso reconhecer que o excesso de botox que ela desfila em cada cena causa um certo desconforto pois obviamente isso seria impossível de acontecer com uma mulher do século XIX. No geral é um bom filme, que pede um pouco de cumplicidade do espectador, em aceitar seu ritmo mais lento e contemplativo. Se você não se incomodar com isso certamente irá se divertir com a proposta de Ed Harris em seu filme.

Appaloosa - Uma Cidade Sem Lei (Appaloosa, Estados Unidos, 2008) Direção: Ed Harris / Roteiro: Ed Harris, Robert Knott / Elenco: Ed Harris, Renée Zellweger, Viggo Mortensen, Jeremy Irons, Lance Henriksen / Sinopse: Dupla é contratada como xerifes numa isolada cidade do velho oeste com problemas de lei e ordem. Ambos porém acabam se apaixonando pela mesma mulher criando muitas tensões entre eles.

Pablo Aluísio. 

A Fuga do Forte Bravo

Título no Brasil: A Fera do Forte Bravo
Título Original: Escape from Fort Bravo
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: John Sturges
Roteiro: Frank Fenton, Phillip Rock
Elenco: William Holden, Eleanor Parker, John Forsythe
  
Sinopse:
Por ser localizado em uma região distante e isolada, bem no meio do deserto, o Forte Bravo acaba se transformando em uma guarnição militar que ao mesmo tempo funciona como prisão de soldados confederados durante a Guerra Civil Americana. Cabe ao Capitão Roper (William Holden) a missão de capturar eventuais fugitivos, os caçando pelas areias escaldantes do deserto. Dono de um estilo duro e disciplinador, ele logo passa a ser hostilizado pelos prisioneiros. Para Roper porém essa é a menor de suas preocupações, pois o Forte está localizado em território hostil, rodeado por montanhas cheias de indígenas Mescaleros.

Comentários:
O cineasta John Sturges foi um dos grandes mestres do western americano. Aqui ele novamente entrega uma bela obra cinematográfica que certamente não vai decepcionar os fãs do gênero. O enredo do filme se passa no Forte Bravo, um regimento longínquo do exército americano. Cabia a essa divisão a incumbência de enfrentar as tribos selvagens do local, garantindo segurança e domínio sobre aquelas terras distantes. Como é localizado nos confins do oeste o governo americano logo transforma o lugar em uma prisão para rebeldes confederados. Não tarda e as hostilidades logo crescem entre ianques e sulistas. Eles porém precisam enfrentar um inimigo em comum, os Mescaleros, índios conhecidos por seu estilo guerreiro e selvagem. O roteiro se desenvolve assim em três atos básicos, um dentro do Forte Bravo quando Roper retorna de uma missão de captura, o segundo quando prisioneiros fogem para o deserto e finalmente o terceiro, quando Roper e seus homens são encurralados pelos indígenas. O argumento pretende demonstrar que não havia muito sentido na luta entre soldados da União e da Confederação, porque no final das contas todos eles eram americanos. Os Mescaleros acabam funcionando assim como um fator de união entre eles, pois diante de um inimigo comum o que valia mesmo era a luta pela América, por sua nação.

Pablo Aluísio.

Charro!

Título no Brasil: Charro!
Título Original: Charro!
Ano de Produção: 1969
País: Estados Unidos
Estúdio: National General Pictures
Direção: Charles Marquis Warren
Roteiro: Charles Marquis Warren, Frederick Louis Fox
Elenco: Elvis Presley, Ina Balin, Victor French
  
Sinopse:
Jess Wade (Elvis Presley) é falsamente acusado de ter roubado um canhão das forças revolucionárias mexicanas. Para então limpar seu nome e restabelecer a justiça ele resolve tentar encontrar os verdadeiros culpados, um bando de criminosos e bandoleiros que espalham terror por onde passam. "Charro!" é o último western da filmografia do cantor e ator Elvis Presley (1935 - 1977) que em pouco tempo deixaria Hollywood para se dedicar exclusivamente à sua carreira como cantor em Las Vegas.

Comentários:
Existem filmes que nem deveriam existir. Lamento dizer, mas esse é o caso de Charro! O filme foi claramente uma tentativa de levantar a carreira do cantor Elvis Presley no cinema. Ele que havia começado tão bem em Hollywood na década de 1950, estrelando bons filmes musicais - e alguns clássicos como "Balada Sangrenta" de 1958 - acabou perdendo o rumo na década seguinte. Os estúdios não se interessavam mais com qualidade e assim Elvis foi jogado em fitas comerciais com baixo teor artístico, realizadas em ritmo industrial. Em média três filmes por ano, sem qualquer capricho em termos de roteiro, atuação ou direção. Quando os anos 60 foram chegando ao fim, Elvis e seu empresário tentaram renovar um pouco sua estagnada carreira cinematográfica e "Charro!" foi certamente um dos veículos que foram usados nessa direção. Infelizmente não deu certo. Embora seja um faroeste americano o filme tenta seguir os passos da estética do chamado Western Spaghetti, com ênfase nos filmes italianos de bangue-bangue, como aqueles estrelados por Franco Nero, naquele período desfrutando do auge de sua popularidade. O problema básico era que Elvis Presley não era Franco Nero e nem Charro era Django. Mesmo de barba o grande astro do Rock não consegue convencer em seu papel. A produção mais lembra um telefilme, com orçamento restrito e problemas de ambientação. O roteiro também tem várias falhas, pois foi praticamente escrito no calor das filmagens. Enfim, nem o astro da música precisava de um filme assim em seu currículo e nem o mundo do Western estava precisando de uma cópia americana de filmes italianos de faroeste. Como eu disse, essa é realmente uma produção que não precisava ter existido.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Os Profissionais

Título no Brasil: Os Profissionais
Título Original: The Professionals
Ano de Produção: 1966
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Richard Brooks
Roteiro: Frank O'Rourke, Richard Brooks
Elenco: Burt Lancaster, Lee Marvin, Jack Palance, Claudia Cardinale, Robert Ryan
  
Sinopse:
O milionário JW Grant (Ralph Bellamy) resolve contratar o veterano S. Fardan (Lee Marvin) para encontrar sua esposa, Maria (Claudia Cardinale) que foi sequestrada pelo bandido e revolucionário mexicano Jesus Raza (Jack Palance). Fardan assim forma seu grupo, chamando para integrá-lo o especialista em explosivos Johnny Dolworth (Burt Lancaster). Definitivamente não será um trabalho dos mais fáceis, uma vez que Raza conta com um numeroso grupo de bandoleiros ao seu lado, mais de 150 bandidos fortemente armados. Entrar em seu território no México para resgatar a esposa de Grant e sair de lá vivo exigirá muita coragem e bravura por parte de Fardan e seu grupo de bravos homens.

Comentários:
Um dos grandes clássicos do Western americano, "Os Profissionais" foi um grande sucesso de público e crítica. Indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção, Roteiro e Fotografia e ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Revelação Feminina (Marie Gomez), o filme continua sendo um exemplo perfeito de ação, aventura e roteiro bem escrito. A trama em um primeiro momento pode parecer até simples. O grupo liderado por Lee Marvin é contratado para encontrar a mulher de um figurão americano, um sujeito muito rico que afirma que ela fora sequestrada pelo líder revolucionário e criminoso Raza. A questão é que há algo de errado com toda a história contada por ele, como bem deduz Dolworth (Lancaster). Mesmo assim eles topam o desafio, até porque o milionário lhes oferece dez mil dólares por cabeça caso eles consigam trazer de volta a jovem sã e salva aos Estados Unidos. A partir daí os quatro membros do grupo de Marvin vão até o México enfrentar centenas de bandidos armados até os dentes! 

Improvável o resgate? Bom, com um pouco de inteligência e sabendo jogar bem os dados certos até que não será algo impossível de fazer. Além da excelente direção do veterano cineasta Richard Brooks, esse faroeste conta com um elenco muito bom. Lee Marvin repete seu eterno papel de durão, um sujeito de poucas palavras, mas muito bom naquilo que se propõe a fazer. Ele tem um objetivo a cumprir e nada o fará parar. Burt Lancaster dá vida a um especialista em dinamite, um cowboy que nas horas vagas se dedica a tudo aquilo que mais gosta: jogo de cartas, whisky e mulheres, não necessariamente nessa ordem. Alguns de seus diálogos, cheios de ironias e uma visão cínica da vida, formam um dos melhores aspectos de todo o filme. Jack Palance está ótimo como o bandoleiro Jesus Raza. Com bigodes à la Josef Stálin, o ator encontrou um vilão bem de acordo com sua já tão conhecida personalidade nas telas. Por fim há a beleza de Claudia Cardinale. Provavelmente foi uma das atrizes mais bonitas da história do cinema. Aqui ela precisa desfilar não apenas sua bela estética, mas também convencer na pele de uma mulher que acreditava plenamente em seus próprios ideais. Com tantos pontos a favor não é de se admirar que "The Professionals" seja mesmo um dos melhores faroestes da década de 1960. Simplesmente Imperdível.

Pablo Aluísio.

O Sabre e a Flecha

Título no Brasil: O Sabre e a Flecha
Título Original: Last of the Comanches
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: André De Toth
Roteiro: Kenneth Gamet
Elenco: Broderick Crawford, Barbara Hale, Johnny Stewart
  
Sinopse:
Um grupo da cavalaria americana sofre uma emboscada numa cidadezinha do velho oeste. Comandados pelo cacique Nuvem Negra os nativos acabam promovendo uma invasão do lugar, destruindo com tudo e massacrando os soldados. Apenas seis membros da cavalaria sobrevivem e partem rumo ao deserto, em fuga. Sem água e mantimentos acabam encontrando uma diligência. Unidos tentarão sobreviver às duras condições da viagem. O objetivo é encontrar água potável e depois rumar em direção a um forte do exército, mas chegar lá se mostrará um grande desafio, até porque Nuvem Negra e seus guerreiros resolvem perseguir os últimos brancos sobreviventes. 

Comentários:
Bom faroeste que centra seu argumento na luta do homem contra a natureza hostil. Os soldados que conseguem sobreviver a um grande ataque Indígena, acabam fugindo a esmo, sem direção, indo parar no meio de um deserto devastador. Estão praticamente sem esperanças quando encontram uma diligência. Ela se dirige para a mesma cidade que acabou de ser destruída pelos índios comandados por Nuvem Negra - um renegado que se nega a entrar em um acordo de paz com os brancos. A história se passa em 1876, quando a maioria das nações nativas já tinham celebrado acordos de paz com o exército americano. Apenas alguns grupos isolados continuavam a lutar. Assim começa um jogo de sobrevivência envolvendo os militares e os viajantes da diligência: uma irmã de um soldado, um vendedor de whisky e um comerciante. Na dura viagem acabam encontrando ainda outras pessoas, inclusive um fugitivo e um garoto Kiowa, que acaba servindo como ajuda preciosa na busca por fontes de água na desolada região. O filme é curto, com pouco menos de noventa minutos, mas bem escrito. Isso porque não perde tempo com elementos desnecessários, se concentrando mesmo em seu foco narrativo central, que se mostra muito bom e interessante, prendendo de fato a atenção do espectador. Um western americano eficiente e ainda hoje ainda muito atrativo. Vale bastante a pena conhecer. 

Pablo Aluísio.

domingo, 18 de fevereiro de 2018

O Mensageiro da Morte

Título no Brasil: O Mensageiro da Morte
Título Original: The Hangman
Ano de Produção: 1959
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Michael Curtiz
Roteiro: Dudley Nichols, Luke Short
Elenco: Robert Taylor, Tina Louise, Fess Parker
  
Sinopse:
Mackenzie Bovard (Robert Taylor) tem uma forma incomum de ganhar a vida: ele é um caçador de foragidos no velho oeste. Assistente de um delegado federal cabe a Bovard ir em busca de criminosos condenados, fugitivos da lei. Seu alvo agora é um ex-soldado da cavalaria, que jogou fora sua carreira militar ao se envolver com uma quadrilha de renegados. Seguindo pistas, Bovard acaba indo parar numa cidadezinha da Califórnia, onde o suposto fugitivo estaria usando uma identidade falsa, sendo conhecido na região como Johnny Bishop (Jack Lord). Com a ajuda de uma testemunha ele pretende finalmente prender o criminoso.

Comentários:
Bom faroeste dirigido pelo mestre Michael Curtiz, o mesmo diretor de "Casablanca" e tantos outros clássicos da era de ouro do cinema americano. O enredo aqui gira em torno do personagem conhecido como "O Enforcador". Esse apelido lhe foi dado porque invariavelmente todos os criminosos que ele consegue colocar na cadeia acabam sendo enforcados por seus crimes. Veterano e durão, ele não vê maiores problemas em ir atrás de um ex-militar chamado Johnny Butterfield, que agora estaria usando uma identidade falsa numa pequena cidade perdida bem no meio do deserto. Como ele nunca viu o criminoso pessoalmente acaba contando com o apoio da bonita Selah Jennison (Tina Louise) que havia conhecido bem o bandoleiro no passado. O problema é que Johnny aparenta ter um raro talento em fazer amizades, o que torna tudo ainda mais complicado para sua captura, uma vez que praticamente todas as pessoas da cidade resolvem lhe ajudar de alguma maneira, evitando assim que ele seja preso e enforcado. O filme é estrelado pelo galã Robert Taylor, que aqui apresenta uma interpretação bem contida e segura. Seu personagem, um homem da lei frio e muitas vezes rude, acaba caindo de amores justamente pela senhorita Jennison, que supostamente estaria ali para lhe ajudar a prender o criminoso, mas que na verdade, pelas suas costas, o trai, ajudando Johnny a escapar das garras da lei. É um western até curtinho e despretensioso, um dos filmes mais simples e despojados do grande Curtiz, já naquela época enfrentado problemas de saúde que iriam encurtar sua maravilhosa carreira em alguns anos.

Pablo Aluísio.

Hordas Selvagens

Título no Brasil: Hordas Selvagens
Título Original: The Great Sioux Uprising
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal International Pictures
Direção: Lloyd Bacon
Roteiro: J. Robert Bren, Gladys Atwater
Elenco: Jeff Chandler, Faith Domergue, Lyle Bettger
  
Sinopse:
Jonathan Westgate (Jeff Chandler) é um médico militar que durante a guerra civil americana decide voltar para a vida civil. Assim parte rumo em direção ao oeste selvagem. No caminho acaba indo parar numa pequena cidade que está passando por um momento turbulento. A região é assolada por bandoleiros especializados em roubar cavalos. Por trás de tudo, ao que tudo indica, está um próspero rancheiro. Westgate acaba descobrindo, por mero acaso, toda a verdade após perceber pistas em um cavalo ferido. Isso acaba colocando sua vida em perigo.

Comentários:
Mais um faroeste B da Universal estrelada pelo galã de cabelos grisalhos Jeff Chandler. Assim que li a sinopse original pensei que Chandler retornaria para o papel de índio, algo que não lhe caía muito bem por causa de seus traços nitidamente europeus. Os diretores de elenco, sabe-se lá a razão, sempre viram o ator como um bom nome para interpretar nativos, o que geralmente acabava tornado tudo ridículo. Enchiam Chandler de tinta vermelha e tentavam passar veracidade na tela - claro que quase nunca dava certo! Aqui, para alivio geral, ele finalmente volta a interpretar um homem branco. O roteiro é usual, sem maiores novidades. Existe um triângulo amoroso envolvendo Chandler, uma comerciante de cavalos e o rancheiro, que nas horas vagas tenta roubar cavalos selvagens dos Sioux, causando tensão e conflito por toda a região. Para completar o quadro narrativo existe uma tentativa por parte de um general confederado em recrutar as nações indígenas para lutarem ao lado do sul na guerra civil! Nem preciso dizer que historicamente essa é uma questão bem discutida, já que os confederados estavam na guerra para manter a escravidão negra e se aliar a índios certamente resultaria em uma enorme contradição racial em seus próprios termos! De qualquer maneira esse é um detalhe menor, até porque o filme se revela logo um faroeste na média, que funciona bem como uma diversão ligeira. PS: A partir de hoje as resenhas de filmes de western serão publicadas aqui em nosso blog "Pablo Aluísio". O "Cine Western" foi desativado pois não tenho tempo para me dedicar a vários blogs ao mesmo tempo e todas as resenhas de lá foram devidamente transferidas aqui para nosso acervo. Basta clicar no marcador "Western" para ter acesso a todo o material. Assim vamos em frente, um grande abraço.

Pablo Aluísio.

sábado, 17 de fevereiro de 2018

A Última Diligência

Título no Brasil: A Última Diligência
Título Original: Stagecoach
Ano de Produção: 1966
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Gordon Douglas
Roteiro: Joseph Landon, Dudley Nichol
Elenco: Ann-Margret, Alex Cord, Bing Crosby, Stefanie Powers, Van Heflin, Red Buttons
  
Sinopse:
Um grupo de viajantes decide enfrentar um longo trajeto até a cidade de Cheyenne. O problema é que a região está dominada por guerreiros Sioux comandados por um cacique conhecido por sua violência contra caravanas de homens brancos. Contando com o apoio da cavalaria até um terço da jornada, eles precisam sobreviver durante todo o restante do trajeto, algo que definitivamente não será nada fácil de alcançar. Os perigos são muitos, mas todos anseiam ir embora por um motivo ou outro, de acordo com seus próprios problemas pessoais. O objetivo é começar vida nova em um novo lugar.

Comentários:
Gostei bastante desse western. O roteiro é muito bom e consegue desenvolver bem todos os personagens ao mesmo tempo em que não deixa o filme cair no marasmo ou no lugar comum. Basicamente temos esse grupo bem diferente de pessoas precisando se unir para sobreviver a uma perigosa viagem de diligência até a distante Cheyenne. No caminho precisam vencer o perigo da presença dos nativos e guerreiros comandados pelo infame Cachorro Louco (o mesmo cacique que chacinou a Sétima Cavalaria do General Custer). O grupo é bem diversificado, havendo desde bandidos procurados pela lei como Ringo Kid (Alex Cord), até o próprio xerife da região, Curly Wilcox (interpretado pelo veterano ator de faroestes Van Heflin), passando ainda por uma prostituta e dançarina de saloon, Dallas (Ann-Margret), até uma respeitada dama da sociedade, a senhorita Lucy Mallory (Stefanie Powers, que anos depois iria fazer muito sucesso na TV com a série "Casal 20"). 

Por fim, completando o grupo temos um banqueiro almofadinha (que na verdade está tentando fugir com o dinheiro da empresa onde trabalha), um jogador inveterado, um vendedor de whisks e um médico alcoólatra conhecido como "Doc" Josiah Boone (curiosamente interpretado pelo famoso cantor Bing Crosby, que se sai excepcionalmente muito bem em sua atuação). O elenco, como se pode perceber, é acima da média, mas quem se destaca mesmo é uma jovem (e linda) Ann-Margret! Dois anos após seu sucesso ao lado do roqueiro Elvis Presley em "Viva Las Vegas" ela conseguiu outra excelente atuação. Sua personagem Dallas é ao mesmo tempo uma figura doce e terna, mas também esperta, até mesmo por causa da vida que leva. Ela se apaixona pelo fugitivo Ringo Kid e pretende recomeçar vida nova ao seu lado. Se você ainda tinha alguma dúvida se ela foi mesmo uma das mais bonitas atrizes da história de Hollywood basta vê-la aqui em cena. Ann-Margret está simplesmente linda, com figurino de época, realçando ainda mais sua beleza ruiva, roubando todas as atenções do espectador. Enfim, grande faroeste que vale muito a pena conhecer. Uma das melhores produções da Fox no gênero, sem favor ou exagero algum.

Pablo Aluísio.

Maldade

Título no Brasil: Maldade
Título Original: The Thundering Herd
Ano de Produção: 1933
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Zane Grey, Jack Cunningham
Elenco: Randolph Scott, Judith Allen, Buster Crabbe, Noah Beery, Raymond Hatton, Blanche Friderici

Sinopse:
Dois caçadores rivais se reencontram em um lugar selvagem e hostil, com índios determinados a exterminarem todos os caçadores brancos de búfalos que se encontram em seus territórios. E a rivalidade não se limita ao comércio de pele, mas também aos assuntos do coração, pois ambos são apaixonados pela mesma mulher.

Comentários:
Randolph Scott voltou a trabalhar com o diretor Henry Hathaway no western "Maldade" (The Thundering Herd, Estados Unidos, 1933). O roteiro era novamente escrito por Zane Grey, que era tão popular entre os fãs de filmes de faroeste que seu nome conseguia até mesmo um grande destaque nos posters dos filmes que chegavam nos cinemas. O enredo não poderia ser mais referente às mitologias do velho oeste norte-americano. Scott interpretava um caçador de búfalos chamado Tom Doan. Ele, ao lado de seus homens, caçavam búfalos para lucrar com a venda de suas peles, que na época valiam pequenas fortunas. O trabalho porém era uma verdadeira luta de sobrevivência em terras hostis. Além dos ladrões de peles, sempre dispostos a matar os caçadores, havia ainda a presença perigosa de guerreiros das tribos locais. No elenco o filme ainda trazia a bela Judith Allen e Buster Crabbe, veterano em filmes de faroeste da época.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

O Correio do Inferno

A história do filme explora os serviços de correspondência que existiam no velho oeste. Já naqueles tempos havia um sistema de entrega de cartas bem organizado, ligando a costa oeste e a costa leste do país. Essas encomendas, cargas e cartas eram levadas em diligências pelos territórios mais hostis. Além de bandidos havia ainda a sempre ameaça de algum ataque indígena. Pois bem no filme temos como protagonista um personagem chamado Tom Owens (Tyrone Power). Ele trabalha em um posto avançado dos correios, bem no meio do deserto. Esses postos eram usados como paradas para as diligências, onde os cavalos eram trocados e os passageiros poderiam fazer alguma refeição. Acontece que uma quadrilha está atuando na região, um bando de ladrões e assassinos comandados por Rafe Zimmerman (Hugh Marlowe).

Vinnie Holt (Susan Hayward) é uma passageira de uma dessas diligências que faz uma parada no posto onde Tom trabalha. Quando a notícia que uma quadrilha está à solta chega até eles, Vinnie é obrigada a ficar na estação. Ela viaja com uma criança, sua sobrinha, e a companhia não admite que crianças viajem nesse tipo de situação. O problema é que a própria estação é tomada pelos bandoleiros, fazendo com que ela e Tom fiquem como reféns. O filme se desenvolve praticamente todo dentro dessa estação, bem no meio do deserto. Os criminosos estão à espera de uma diligência que chegará por lá no dia seguinte, trazendo ouro da Califórnia. O objetivo é claro é pegar a pequena fortuna e depois partir em fuga novamente.

Esse é um bom faroeste, valorizado pelo roteiro bem escrito, excelente direção do mestre Henry Hathaway e um elenco acima da média. Tyrone Power está menos heroico do que de costume. Ele que se destacou em tantos épicos assinados por King Victor, aqui não faz muito mais do que o habitual. De certa forma ele é superado pela atriz Susan Hayward. Além de ter cenas realmente boas, sua personagem passa longe de ser uma mocinha tolinha de filmes de western, como era muito retratado na época. Cheia de força de vontade e fibra, ela é uma das melhores razões para assistir a esse filme. Além disso, vamos ser sinceros, como ela estava bonita quando fez esse filme! Dizem que tinha um caso com o milionário excêntrico Howard Hughes quando o filme foi realizado. Sorte a dele! No mais é um faroeste que vale a pena conhecer. Hoje em dia não é tão citado, nem pelos fãs do gênero! De qualquer forma nunca é tarde para conferir. Não deixe passar em branco.

O Correio do Inferno (Rawhide, Estados Unidos, 1951) Direção: Henry Hathaway / Roteiro: Dudley Nichols / Elenco: Tyrone Power, Susan Hayward, Hugh Marlowe, Dean Jagger / Sinopse: Durante uma viagem de diligência no velho oeste, a passageira Vinnie Holt (Susan Hayward) e sua sobrinha, uma garotinha de dois anos, é obrigada a ficar numa estação avançada no deserto, até que o xerife capture o bando liderado por Rafe Zimmerman (Hugh Marlowe). O problema é que a quadrilha acaba chegando na estação, fazendo todos de reféns, inclusive o empregado da companhia, Tom Owens (Tyrone Power).

Pablo Aluísio.

Cavaleiro do Texas

Título no Brasil: Cavaleiro do Texas
Título Original: Texas Cyclone
Ano de Produção: 1932
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: D. Ross Lederman
Roteiro: Randall Faye, William Colt MacDonald
Elenco: Tim McCoy, John Wayne, Shirley Grey, Wheeler Oakman, Wallace MacDonald, Jim Farley

Sinopse:
Pecos Grant se desloca para uma cidade estranha apenas para descobrir que todos o reconhecem, não como Pecos Grant, mas como um homem supostamente chamado Rawlins. Mesmo a esposa de Rawlins acha que seu marido voltou. Pecos então se propõe a resolver o mistério. O que afinal estaria acontecendo naquela cidade perdida no meio do deserto?

Comentários:
Em 1932 John Wayne atuou no filme "Cavaleiro do Texas" (Texas Cyclone). A direção dessa fita foi do cineasta  D. Ross Lederman. Wayne era até então apenas o quarto nome do elenco, bem atrás do verdadeiro astro do faroeste, o cowboy Tim McCoy. Era um filme de matinê, uma fita rápida de apenas 60 minutos de duração. A  Columbia Pictures estava investindo bastante nesse tipo de produção, exibida para o público jovem, com preços promocionais. Filmes de orçamentos pequenos que traziam lucro certo a cada exibição. Dentro da carreira de John Wayne não trouxe muito em termos de qualidade, mas serviu para deixá-lo na ativa, trabalhando e se tornando mais familiar para o público espectador. Quanto mais conhecido ele ia ficando, melhor!

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Homem sem Rumo

Título no Brasil: Homem sem Rumo
Título Original: Man Without a Star
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio:  Universal Pictures
Direção: King Vidor
Roteiro: Borden Chase, D.D. Beauchamp
Elenco: Kirk Douglas, Jeanne Crain, Claire Trevor, William Campbell, Richard Boone, Jay C. Flippen

Sinopse:
Dempsey Rae (Kirk Douglas) é um cowboy errante que chega numa pequena cidade do velho oeste. Ele chega até lá pegando carona em um trem de carga. A região é dominada por grandes rebanhos de gado, o que coloca os vários fazendeiros em choque uns contra os outros.

Comentários:
Faroeste B da Universal que tem um aspecto curioso em seu roteiro. Como se sabe a figura do cowboy foi desaparecendo do velho oeste por causa de um pequeno fio de metal (o arame farpado) que foi usado para cercar as propriedades rurais. Com isso as grandes jornadas com cinco, dez mil cabeças de gado, foram se tornando cada vez mais raras. Sem as viagens com o rebanho o cowboy lendário, típico do século XIX nos Estados Unidos, foi lentamente desaparecendo. O personagem de Kirk Douglas é um desses cowboys do passado. Ele viaja e vai arranjando emprego por onde chega. Na nova cidade Kirk acaba trabalhando para uma rancheira, Reed Bowman (Jeanne Crain). Ela é uma mulher do leste que está apenas na região para embarcar um grande rebanho de 15 mil cabeças de gado, só que os fazendeiros do lugar acreditam que esses animais vão destruir o pasto das fazendas da região. Assim começam a cercar seus campos com arama farpado, o que vai criar muitos atritos entre todos. Kirk se alia com a rancheira e começa a entrar em confronto com os bandos pagos pelos demais fazendeiros. Tiro para todo lado. No geral é um filme modesto, sem grande produção ou orçamento, mas a presença de Kirk Douglas compensa esse aspecto. Com cabelos loiros, numa caracterização jovial e atlética, ele é realmente a alma do filme. Esbanja carisma em cada cena. Além disso dá uma rara canja em sua filmografia, chegando a cantar (bem!) e tocar banjo! Quem diria, logo o durão Kirk Douglas...

Pablo Aluísio.

Serras Sangrentas

Título no Brasil: Serras Sangrentas
Título Original: Sierra
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Alfred E. Green
Roteiro: Edna Anhalt
Elenco: Wanda Hendrix, Audie Murphy, Burl Ives, Dean Jagger, Richard Rober, Tony Curtis

Sinopse:
Pai e filho vivem em um lugar isolado nas montanhas. Eles estão naquele lugar porque o pai Jeff é procurado por ter matado um homem. A questão é que ele não foi o autor do crime. As coisas mudam quando surge uma jovem perdida, Riley Martin. Ela descobre que o filho nunca se envolveu com uma mulher antes, criando uma certa tensão sexual entre ela e o filho do pai fugitivo.

Comentários:
Nesse mesmo ano Audie Murphy surgiria nas telas com mais um western intitulado no Brasil de "Serras Sangrentas". Originalmente o filme se chamava "Sierra" e era dirigido por Alfred E. Green. Baseado na novela escrita por Stuart Hardy, a estória mostrava a luta de pai e filho tentando sobreviver nas montanhas em uma época em que a lei e a ordem eram apenas esperanças vãs de surgir naquelas regiões perdidas do velho oeste. Curiosamente esse faroeste era estrelado por uma atriz, a bela Wanda Hendrix. Audie Murphy era apenas o segundo nome do elenco, mostrando que ele estava disposto a ceder espaço em prol de atuar em bons filmes, com roteiros mais bem escritos. Por fim um detalhe interessante que passa despercebida por muita gente, a presença do ator Tony Curtis no comecinho da carreira na época em que ele era um completo desconhecido, apenas um ator treinado pelo setor de novos atores da Universal. Em poucos anos ele iria se tornar um dos grandes astros do estúdio, ao lado de Rock Hudson, que também teve uma origem bem parecida com Curtis. A dupla iria se tornar muito mais famosa que o próprio Audie Murphy.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Atire a Primeira Pedra

Título no Brasil: Atire a Primeira Pedra
Título Original: Destry Rides Again
Ano de Produção: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: George Marshall
Roteiro: Felix Jackson, Gertrude Purcell
Elenco: Marlene Dietrich, James Stewart, Mischa Auer, Charles Winninger, Brian Donlevy, Allen Jenkins

Sinopse:
Após a morte do xerife, o prefeito de uma pequena cidadezinha do Texas resolve nomear Tom Destry Jr (James Stewart) como o novo xerife. Inicialmente desacreditado por todos, aos poucos ele vai ganhando a confiança dos habitatantes do lugar, iniciando também um breve romance com a bela cantora do saloon, Frenchy (Marlene Dietrich).

Comentários:
Depois de "A Mulher Faz o Homem", assinado pelo grande diretor Frank Capra, foi que James Stewart atuou em seu primeiro western. O filme se chamava "Atire a Primeira Pedra". Lançado em 1939, com direção do especialista em filmes de faroeste George Marshall (um dos maiores nomes do gênero em todos os tempos), o filme contava ainda com a estrela Marlene Dietrich. Na época de seu lançamento houve algumas críticas pelo fato do filme não ser um western tão tradicional como todos esperavam. Na verdade a presença de Marlene Dietrich exigia algumas concessões no roteiro como a inclusão de músicas e um espaço maior para o romance entre os principais personagens. O público que lotava os cinemas para assistir filmes de western naquela época queria ver pistoleiros durões, duelos em ruas empoeiradas e muita ação, com tiroteios e batalhas entre soldados e nativos. Nada disso havia no filme. O sucesso acabou sendo apenas mediano. Hoje em dia o filme vale a pena principalmente por seu valor histórico. Afinal reuniu em seu elenco dois mitos do cinema internacional, Stewart e Marlene Dietrich.

Pablo Aluísio.

Gloriosa Vingança

Título no Brasil: Gloriosa Vingança
Título Original: Texas
Ano de Produção: 1941
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: George Marshall
Roteiro: Horace McCoy, Lewis Meltzer
Elenco: William Holden, Glenn Ford, Claire Trevor, George Bancroft, Edgar Buchanan, Don Beddoe

Sinopse:
Dois homens do leste, Dan Thomas (William Holden) e Tod Ramsey (Glenn Ford), resolvem ir até o velho oeste, no norte do Texas, para tentar a sorte. Eles querem ganhar a vida jogando cartas e ocasionalmente trabalhando como cowboys. Ao chegarem numa pequena cidade percebem que nem tudo será como eles haviam inicialmente planejado.

Comentários:
Em 1941 o diretor George Marshall, cumprindo seu contrato com a Columbia Pictures, resolveu rodar um faroeste mais diferenciado. Com toques de bom humor e contando com uma dupla que nunca havia trabalhado antes, ele conseguiu um bom resultado nesse western de contrastes chamado "Texas". A ideia do roteiro era realmente explorar o choque cultural entre dois cavaleiros que saíam do leste industrializado e desenvolvido para os rincões do solo texano, com seus cowboys durões, bons de briga e muitos tiroteios. Nesse aspecto quem funcionou melhor no filme foi o ator William Holden que era mesmo um tipo bem cosmopolita, da cidade grande. Já Glenn Ford já era muito mais associado ao gênero western, não ficando estranho com roupas de cowboy, atravessando as planícies texanos em cima de seu cavalo. No geral é um bom faroeste, valorizado não apenas pela boa direção de Marshall, um craque nesse tipo de filme, mas também pelo bom roteiro e a presença sempre marcante de Ford e Holden, dois astros populares da época.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Oscar 2018 - Melhor Ator

Um ano apenas razoável. Não vi nenhuma atuação de impressionar. Apenas bons trabalhos, alguns ajudados pelo departamento de maquiagem dos estúdios, que estão mais sofisticados a cada ano. Entre os meus preferidos está obviamente Gary Oldman por "O Destino de uma Nação" (Darkest Hour). Embaixo de pesada maquiagem ele interpreta um Winston Churchill recém alçado ao poder, precisando lidar com uma oposição ferrenha dentro do parlamento, ao mesmo tempo em que precisa enfrentar a ameaça nazista. Apesar de tudo considerei uma boa atuação. Oldman incorporou os trejeitos do velho primeiro ministro. Em alguns momentos derrapa um pouco, indo para o lado mais da caricatura, mas nunca chega a comprometer seu trabalho. Pelo tamanho da figura do personagem histórico que interpreta um Oscar nesse ano seria bem-vindo.

Meu segundo na escala de preferência é Daniel Day-Lewis,  por "Trama Fantasma" (Phantom Thread). Há informações que essa seja sua despedida do cinema, mas eu não acredito que isso vai acontecer. Nesse filme muito fino e sofisticado o talentoso Lewis interpreta um estilista londrino que, obcecado pelo trabalho, acaba encontrando o amor na figura de uma garçonete desajeitada que ele conhece em uma lanchonete do interior. O fino da interpretação de Lewis vem do fato de seu personagem ser bem complexo do ponto de vista psicológico. Obcecado pela mãe ele tinha crises que o impedia de trabalhar e criar. Assim acabou encontrando o suporte na companhia da fiel Alma, sua paixão de vida.

Denzel Washington, por sua vez, interpreta um tipo bem diferente em "Roman J. Israel, Esq". Aqui a maquiagem é tão pesada, aliada a figurino e cabelo, que muitos nem vão reconhecer o ator. A boa nota é que Denzel tem figurado constantemente na lista dos melhores atores do ano, mostrando que ele é realmente um talento nato. Vai ganhar? Dificilmente. Quando a maquiagem é pesada demais os membros da academia acabam desvalorizando um pouco o trabalho do ator, afirmando que a maquiagem já fez grande parte do trabalho.

Por fim dois nomes fracos. O pior deles é a presença de Daniel Kaluuya, por "Corra!" (Get Out). Que filme porcaria! Não sei aonde está o brilhantismo de sua atuação nesse terror B sem atrativos. Fazer cara de bobão, de namorado de garota branca sendo um negro é pressuposto de talento dramático? Se for isso, então temos uma novidade na escolha dos melhores atores do ano. Outro bem fraco é Timothée Chalamet, por "Me Chame Pelo Seu Nome" (Call Me by Your Name). É um azarão na lista e como acontece nesse caso já sabemos: ele deve agradecer pela lembrança e nada mais. A indicação já é um prêmio em si mesmo. Não pense em levantar a estatueta.

Pablo Aluísio.

Those Who Kill / Outsiders

Those Who Kill 1.03 -  Rocking the Boat Estou no comecinho dessa série. Ainda estou me familiarizando com os personagens. Recapitulando os episódios anteriores: uma garota é brutalmente assassinada em um beco sujo, com fortes pancadas ao lado de um depósito de lixo. Inicialmente as investigações levam a um jovem, criado em um lar adotivo, cheio de problemas pessoais mas ele é encontrado morto debaixo de uma ponte. Provável suicídio. Nesse episódio as coisas ficam mais claras. Entra em cena uma suspeita, uma garota muito perturbada que tem acessos de fúria. A personagem principal dessa série é a policial do departamento de homicídios Catherine Jensen (Chloë Sevigny). Confesso que ela me lembrou de outra personagem de tira feminino, a investigadora Sonya Cross de "The Bridge" (ainda falarei sobre essa boa série também em breve). Assim como a outra detetive essa também tem problemas emocionais, não consegue firmar relacionamentos sérios e duradouros e resolve o problema da falta de uma vida sexual de forma bem pragmática! Só vendo para crer. Ainda é cedo para dizer se "Those Who Kill" terá vida longa  ou se vai sobreviver dentro do competitivo mercado televisivo americano, o que posso antecipar é que pelo menos por enquanto os episódios estão bem interessantes. /  Those Who Kill 1.03 -  Rocking the Boa (EUA, 2014) Direção: Phil Abraham / Roteiro: Glen Morgan, Elsebeth Egholm / Elenco: Chloë Sevigny, James D'Arcy, James Morrison

Those Who Kill 1.06 - Always After
Cada dia vai ficando melhor. Como se sabe a personagem principal é a policial Catherine Jensen (Chloë Sevigny). Ela carrega muitos traumas da infância porque foi abusada por seu próprio pai. Assim quando surge um novo caso envolvendo um histórico semelhante, ela fica fora de si. Uma família é encontrada morta e todas as pistas levam a crer que foram assassinados pelo próprio pai, um sujeito também abusivo e insano. Conforme as investigações vão ocorrendo algo novo surge no ar, provando que Catherine precisa cada vez mais tentar separar sua vida profissional da pessoal. Essa última aliás é um desastre completo, já que ela não consegue manter um relacionamento sólido com nenhum homem, se dando no máximo a oportunidade de uma transa casual, quando lhe convém, mas sempre sem envolvimento nenhum, tudo realizado com uma carga enorme de distância emocional. Chamo atenção para o trabalho da atriz Chloë Sevigny. Ela tem aquele tipo de rosto bem marcante, que usa para expressar toda o conflito interno de sua alma. Uma série que se continuar sendo tão bem trabalhada como tem mostrado os últimos episódios poderá certamente surpreender e muito ao público. / Those Who Kill - Always After (EUA, 2014) Direção: Stefan Schwartz / Roteiro: Glen Morgan, Elsebeth Egholm / Elenco: Chloë Sevigny, James D'Arcy, James Morrison.

Those Who Kill 1.07 - A Safe Place
Esse episódio foi um dos melhores que assisti da série até hoje! Para quem ainda não conhece "Those Who Kill" é um drama policial centrado na figura da detetive Catherine Jensen (Chloë Sevigny) do Departamento de Polícia de  Pittsburgh, na Pennsylvania. Ela tem um passado terrível para lidar porque seu padrasto era abusivo em relação a ela durante sua infância. Juiz rico e poderoso, se escondia atrás de seu status para que ninguém ficasse sabendo da verdade, pois era na realidade um pedófilo contumaz. Para piorar ainda mais o quadro, tudo indica que ele foi o responsável pela morte de seu jovem irmão, quando era apenas um garoto. Enquanto não consegue juntar todas as provas para condená-lo, ela segue seu trabalho como investigadora. Agora tem um crime assustador para resolver. No episódio anterior toda uma família foi encontrada assassinada. Inicialmente pensou-se que o pai teria sido o responsável, porém pistas levaram a outro caminho. Na cena do crime foram encontrados traços de Alumina, um componente bastante usado em reformas de casas. Na residência ao lado estava havendo uma reforma, o que faz com que Jensen passe a investigar os trabalhadores daquela obra. Uma decisão bastante acertada. Em pouco tempo ela chega na pessoa de Rodney Bosch (Rodney Rowland), um sujeito com graves problemas mentais. Ele inclusive foi demitido por estar "espionando" a esposa do dono da casa que estava sendo reformada. Maior suspeito certamente não haveria de existir. Seguindo as pistas Jensen descobre mais: ele teria sido responsável pela falência da empresa de construção civil que herdara do pai. Depois disso, em um surto psicótico acabou matando sua própria família. Não precisa ser muito perspicaz para entender que o sujeito era mesmo forte candidato a ser o assassino. O clímax desse episódio é excelente, com Jensen tentando salvar a vida de uma outra família que cai nas garras do psicopata. Enquanto ela tenta entrar em sua mente um atirador de elite se posiciona do lado de fora da casa! Suspense e tensão em doses exatas. Então é isso, "Those Who Kill" tem se revelado cada vez mais como uma ótima pedida para que gosta de séries policiais mais dramáticas, que explorem psicologicamente melhor seus personagens, trazendo com isso mais conteúdo nos roteiros. / Those Who Kill 1.07 - A Safe Place (EUA, 2014) Direção: Sam Miller / Roteiro: Glen Morgan, Elsebeth Egholm / Elenco: Chloë Sevigny, James D'Arcy, James Morrison, Bruce Davison.

Those Who Kill 1.08 - Insomnia
Uma nova droga está nas ruas. Uma variação agressiva do Ecstasy. Após um jovem literalmente pular pela janela de um prédio durante uma rave, logo após ingerir algumas doses dessa substância, a detetive Catherine Jensen (Chloë Sevigny) é designada para resolver o caso. Não vai ser fácil, até porque sua própria vida pessoal está completamente caótica. Jensen não consegue manter um relacionamento sério e duradouro com os homens em geral (fruto do fato de ter sofrido e presenciado abusos sexuais cometidos por seu padrasto pedófilo  contra seu irmão mais jovem durante sua conturbada infância). Traumas desse tipo são levados para o resto da vida. Para piorar Jensen resolve confrontar sua mãe sobre tudo o que aconteceu no passado, mas antes dessa conversa acontecer ela acaba sofrendo um AVC. Some-se a isso o fato de um serial killer insano e torturador estar à solta e você entenderá porque "Those Who Kill" pode ser considerada uma das melhores séries policiais da atualidade. O mundo cão nunca teve tintas tão ousadas. / Those Who Kill 1.08 - Insomnia (EUA, 2014) Direção: John David Coles / Roteiro: Glen Morgan, Elsebeth Egholm / Elenco: Chloë Sevigny, James D'Arcy, James Morrison.

Outsiders 1.01 - Farrell Wine
Conferi o episódio piloto dessa nova série chamada "Outsiders". Nos estados sulistas americanos há um tipo de caipira mais isolado, que vive nas montanhas, tendo pouco ou nenhum contato com as cidades, ou como queiram, a civilização. Em cima disso criou-se o enredo dessa série. Os caipiras aqui não são apenas esquisitos, diferentes, mas extremamente incivilizados. Eles rejeitam o uso de dinheiro e quando descem na cidade só o fazem para roubar bens e alimentos. Quase selvagens completos. Curiosamente os roteiristas deixaram várias insinuações no meio do caminho, que não sei se serão levadas em frente, como a de que todos eles seriam também lobisomens! Imagine você, que coisa... Mesmo assim o primeiro episódio não é ruim. Há um tira de cidade pequena que evita ter que lidar com a caipirada violenta, mas que mais cedo ou mais tarde terá que enfrentá-los pois uma ordem de despejo foi emitida pela justiça do condado. A montanha em que vivem tem uma grande reserva de carvão e pertence a uma rica companhia que os querem tirar de lá, o mais rapidamente possível. O elenco é formado quase que exclusivamente por desconhecidos, com exceção do ator David Morse. Outro aspecto digno de nota é que a matutada usa carros e veículos envenenados, como se fossem uma versão caipira das montanhas de "Mad Max"! Por ser tão diferente vale a pena acompanhar a série para ver no que tudo isso vai dar. Pelo menos tentaram sair um pouco do convencional. / Outsiders 1.01 - Farrell Wine (EUA, 2016) Direção: Adam Bernstein / Roteiro: Peter Mattei / Elenco: David Morse, Joe Anderson, Gillian Alexy.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Danton - O Processo da Revolução

Na escola aprendemos que a Revolução Francesa foi uma maravilha, um momento importante onde o povo e a classe burguesa finalmente tomaram o poder, deixando para trás a tirania do antigo regime, da monarquia absoluta. Os professores esquecem de dizer que foi um período sanguinário, comandado por fanáticos que no final das contas implantaram uma outra espécie de tirania, essa bem pior, baseada no puro terror. A história do escritor, jornalista e orador Georges Jacques Danton foi um retrato perfeito disso. Ele foi um dos principais nomes da Revolução Francesa, um homem admirado por todo o povo francês. Quando os revolucionários já tinham guilhotinado toda a nobreza e grande parte do clero, começou um processo de autofagia dentro da própria revolução, onde os revolucionários começaram a mandar para a morte os próprios revolucionários que de alguma forma estivessem incomodando. Era outra tirania sangrenta que havia nascido.

No filme temos a volta de Danton a Paris. Maximilien de Robespierre está no poder, no comando de um comitê de terror. Danton chega para defender a liberdade de expressão, a possibilidade de criticar as coisas erradas que andam acontecendo com o governo. Nesse processo acaba batendo de frente com Robespierre que naquele momento já tinha deixado todos os princípios da Revolução para trás, implantando um regime de puro terror, levando milhares de pessoas para a morte. Era o fracasso completo da ideologia de liberdade que havia sido o principal motor da própria Revolução. O filme de Andrzej Wajda se desenvolve assim nesse verdadeiro duelo de ideias e posições, de um lado Danton ainda levantando a bandeira dos princípios que acreditava, do outro Robespierre, embriagado pelo poder absoluto. Uma triste ironia de uma revolução que levou milhares de pessoas à morte em nome de ideais que nem os próprios revolucionários acreditavam ou colocavam em prática. No fundo era tudo mesmo uma briga pelo poder absoluto.

Danton - O Processo da Revolução (Danton, França, 1983) Direção: Andrzej Wajda / Roteiro:  Jean-Claude Carrière, Stanislawa Przybyszewska / Elenco: Gérard Depardieu, Wojciech Pszoniak, Anne Alvaro / Sinopse: Durante o período conhecido como "O terror", o revolucionário Maximilien de Robespierre, com plenos poderes em mãos, começa a aniquilar todos os focos de oposição. Basta um texto, um artigo de críticas, para que o autor seja enviado para a guilhotina. É nesse momento que retorna a Paris o escritor Georges Jacques Danton que vem justamente para bater de frente com a tirania do comitê liderado por Robespierre. Filme  vencedor do BAFTA Awards na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Também premiado pelo César Awards na categoria de Melhor Direção.

Pablo Aluísio.

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Meu Amigo Dahmer

O que se passa na mente de um psicopata, de um serial killer? O que faz um sujeito aparentemente normal se tornar um monstro capaz dos atos mais selvagens, insanos e bárbaros? Esse filme foi baseado numa história em quadrinhos escrita por um dos amigos de colégio de Jeff Dahmer. A história se passa em 1978. Nessa época Dahmer era apenas um estudante tímido e meio estranho que frequentava uma escola secundarista em seu pequena cidade natal, no meio oeste dos EUA. Longe ainda dos crimes que iria cometer no futuro, ele apenas vivia sua vidinha medíocre ao lado dos pais (que estavam sempre brigando) e do irmão mais novo (que tinha um histórico de doença mental). Uma vida sem nada de especial. Dahmer começou a virar a curva para a anormalidade quando começou a recolher animais mortos na estrada. Ele levava os bichinhos para um pequeno barracão perto de sua casa e lá os dissecava. Poderia até ser um sinal de que ele teria vocação para ser biólogo, mas no fundo havia algo de psicótico em seus atos.

O roteiro é muito bom, cheio de detalhes interessantes, tudo fruto do fato de ter sido escrito por uma pessoa próxima a Dahmer nessa fase de sua vida. O autor dos quadrinhos originais foi Derf Backderf que era colega de classe de Dahmer. Já na época colegial ele gostava de desenhar Dahmer por diversão e curtição. Depois que o colega se tornou um dos mais infames assassinos em série da história, Backderf resolveu contar sua história. Agora esse ótimo material virou esse filme. O roteiro explora uma fase específica da vida desse assassino, antes dele cometer o primeiro crime. Por isso não espere nada violento ou gore. No fundo é uma história de jovens normais, tentando encontrar um lugar na vida. Assim está lá a rotina entediante da sala de aula, o bailinho de formatura, as primeiras tentativas de se chegar numa garota, o primeiro contato com as drogas, a despedida da escola com a ida para a universidade, etc. Tudo normal a não ser o fato de que um dos alunos iria se tornar o canibal de milwaukee em um futuro próximo.

Meu Amigo Dahmer (My Friend Dahmer, Estados Unidos, 2018) Direção: Marc Meyers / Roteiro: Marc Meyers, baseado nos quadrinhos criados por Derf Backderf / Elenco: Ross Lynch, Alex Wolff, Anne Heche, Dallas Roberts / Sinopse: O filme conta os anos colegiais de Jeff Dahmer, considerado um dos mais infames assassinos em série dos Estados Unidos, autor de dezenas de crimes violentos e insanos, com canbalismo e necrofilia. No enredo porém tudo se passa antes de seu primeiro crime, quando era apenas um colegial vivendo uma vidinha comum no meio oeste americano.

Pablo Aluísio.

Bright

Supostamente deveria ser um filme policial comum, com todos aqueles clichês que conhecemos bem, como a dupla de patrulheiros que não se dão bem, tentando colocar alguma lei e ordem nas ruas infestadas de criminalidade de Los Angeles. Até aí tudo bem, nada de novidade. A questão é que o roteiro desse filme foge do lugar comum ao colocar um policial humano (interpretado por Will Smith) ao lado de um Orc! Isso mesmo, aquela raça de seres grotescos que todos conhecem das páginas dos livros de J.R.R. Tolkien. E as coisas não param por aí. Existem também Elfos e Fadas, todos vivendo na realidade do nosso tempo. E como não poderia faltar em um roteiro de universo de fantasia há também uma varinha mágica, muito poderosa, que não pode cair nas mãos de criminosos que estão tentando trazer uma divindade das sombras para conquistar o mundo. 

É a tal coisa, não gostei muito dessa ideia de misturar universos tão distintos. Esse negócio de misturar um universo de fantasia ao estilo "O Senhor dos Anéis" com filmes policiais não funcionou muito bem. Claro que o roteiro tenta ainda tirar algum proveito disso, fazendo com que o Orc que é parceiro de patrulha de Will Smith sofra todo tipo de preconceito (uma analogia com o preconceito racial vivido pelos negros americanos). Ainda assim o resultado final é esquisito. Há cenas que tentam ser divertidas, como aquela em que Will Smith tenta dar cabo de uma fada que fica perturbando a tranquilidade de seu lar, mas nem esses momentos que deveriam ser engraçados funcionam direito. Como se trata de uma produção Netflix, que não foi lançada nos cinemas, a produção também não é lá grande coisa. Não é mal feita, longe disso, mas tem menos efeitos especiais do que se fosse um filme normal, a ser lançado nos cinemas. A trama funciona mais ou menos bem somente até os 40, 50 minutos de duração. Depois disso vira lugar comum, com muitos clichês, onde todos os personagens tentam colocar as mãos na tal varinha mágica. No final não gostei muito realmente, nem a crítica em geral que achou o resultado bem mais ou menos, o que talvez não faça muita diferença, já que a Netflix já anunciou a produção do segundo filme, também com Will Smith. Provavelmente vá virar uma série nos próximos anos. Haja paciência!

Bright (Bright, Estados Unidos, 2017) Direção: David Ayer / Roteiro: Max Landis / Elenco: Will Smith, Joel Edgerton, Noomi Rapace / Sinopse: Daryl Ward (Will Smith) é um policial de patrulha de Los Angeles que é designado pelo departamento de polícia para ser o parceiro de Nick Jakoby (Joel Edgerton). Ward não gosta muito dessa ideia pois não simpatiza com Jakoby. Tudo seria algo até normal se Jakoby não fosse um Orc! Uma raça detestada pelos seres humanos em geral por causa de seu passado violento de guerras contra a humanidade.

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de fevereiro de 2018

A Grande Jogada

Esse filme é um dos favoritos ao Oscar na categoria de melhor roteiro adaptado. Fruto do trabalho do diretor Aaron Sorkin que também roteirizou seu filme. Baseado em fatos reais o enredo conta a história de Molly Bloom (Jessica Chastain). Quando criança ela começou a ser moldada para ser uma campeã olímpica pelo seu pai, que era obcecado pelo sucesso nos esportes. Já adolescente ela consegue disputar lado a lado contra as grandes profissionais, mas um acidente acaba com sua carreira. Desiludida com seu fracasso, sem vontade de encarar uma universidade de direito (novamente um objetivo imposto a ela por seu pai) Molly resolve se mudar para Los Angeles onde pretende se virar sozinha. Começa por baixo, sendo garçonete. Depois começa a trabalhar para um sujeito que organizava jogos de poker para ricaços. Em pouco tempo ela rouba o negócio do ex-patrão e passa ela mesma a organizar seu próprios jogos. Aluga um quarto de hotel luxuoso e começa em pouco tempo a fazer fortuna.

O roteiro se divide em duas linhas narrativas, uma no passado mostrando Molly no começo da vida, tentando ser esportista e depois entrando no mundo dos jogos ilegais e uma no presente, com ela já cercada pelo FBI, sendo processada, podendo pegar uma pena dura de prisão. Tudo, passado e presente, se mistura, resultando em um filme realmente muito bom. De forma inteligente o roteiro não fica girando em torno dos detalhes do poker, algo que poderia interessar apenas aos praticantes desse jogo. Ao invés disso mostra o lado mais humano de Molly, suas motivações e os traumas que traz do passado. Um aspecto interessante é que o pai dela é interpretado por Kevin Costner, em um papel até pequeno, mas muito importante dentro do filme como um todo. Outro ponto positivo ocorre quando a máfia resolve entrar no negócio de Molly. Afinal onde há jogo ilegal e muito dinheiro rolando, a máfia acaba entrando, pelo bem ou pelo mal. Então é isso. Um filme com um roteiro realmente acima da média, que vai jogando informações e situações na tela sem nunca subestimar a inteligência do espectador.

A Grande Jogada (Molly's Game, Estados Unidos, 2017) Direção: Aaron Sorkin / Roteiro: Aaron Sorkin, baseado no livro de memórias de Molly Bloom / Elenco: Jessica Chastain, Idris Elba, Kevin Costner / Sinopse: Quando Molly (Jessica Chastain) percebe que seus sonhos de se tornar uma atleta olímpica campeã acabaram após um sério acidente, ela decide dar um novo rumo na sua vida. Desiste de ir para a universidade cursar Direito e entra em outro ramo, esse bem mais perigoso, o dos jogos ilegais de poker com milionários e mafiosos. Filme indicado ao Oscar, ao Globo de Ouro e ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Roteiro Adaptado (Aaron Sorkin). Igualmente indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Jessica Chastain).

Pablo Aluísio. 

Depois Daquela Montanha

Esse filme tem um pouco de tudo, drama, aventura e principalmente romance. Sendo irônico e cínico poderia dizer que é uma espécie de "Sobreviventes nos Andes" com acentuado teor romântico. A história começa quando Alex Martin (Kate Winslet) se vê impedida de viajar por causa de uma tempestade. Ela está no aeroporto e não consegue seu voo por causa do clima. Ansiosa demais para esperar, porque seu noivo a está esperando para o casamento, ela decide chamar outro passageiro aleatório que encontra na fila do embargue para dividir o pagamento de um avião particular. O escolhido é o médico Ben Bass (Idris Elba) que topa a proposta sem pensar muito. Assim eles contratam o piloto Walter (Beau Bridges) para a viagem até Denver. Péssima ideia. O avião é um pequeno bimotor e atravessar aquela tempestade que se forma no horizonte não é das ideias mais inteligentes. Pior do que isso, o piloto sofre um derrame durante a viagem, o avião cai, o casal sobrevive, mas precisa enfrentar o frio e os perigos da montanha onde eles caíram.

É a tal coisa. O filme tem aspectos positivos. Só o fato de ter sua história praticamente toda passada no alto dessas montanhas, com paisagens maravilhosas e bonita fotografia já fazem valer a pena. Além disso tem boas cenas, como o ataque do Puma e a descida em busca de algum vilarejo ou acampamento remoto. A cena em que Ben sem querer pisa em uma armadilha para urso também tem seu impacto. Porém fora disso, principalmente na parte romântica do roteiro (sim, eles acabam se apaixonando enquanto tentam sobreviver) tudo é apenas mediano. Sempre gostei do trabalho da atriz Kate Winslet. Aqui ela tem bons momentos. O seu parceiro de cena, o ator Idris Elba, também não compromete. A questão é que o enredo por si próprio tem limitações, sempre apostando naquele tipo de situação de sobrevivência que é bem comum nessa espécie de produção. No saldo geral não me empolgou em nenhum momento, mas também não chegou a aborrecer. É de fato um filme mediano, para assistir sem muito compromisso ou interesse.

Depois Daquela Montanha (The Mountain Between Us, Estados Unidos, 2017) Direção: Hany Abu-Assad / Roteiro: J. Mills Goodloe, Charles Martin / Elenco: Kate Winslet, Idris Elba, Beau Bridges, Dermot Mulroney / Sinopse: Alex Martin (Kate Winslet) e Ben Bass (Idris Elba) tentam sobreviver no alto de uma montanha gelada após sofrerem um acidente de avião. O piloto Walter (Beau Bridges) sofreu um derrame bem no meio da viagem, os jogando em um ambiente hostil, onde também terminam se apaixonando.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Me Chame pelo Seu Nome

Dos nove filmes que estão concorrendo ao Oscar de melhor do ano, esse era o último que me faltava assistir. É a tal coisa, se "Corra!" é o representante da causa negra na lista, esse aqui é o que está representando os gays. Pelo visto teremos a partir de agora filmes representando minorias... É o politicamente correto fazendo pressão na escolha dos concorrentes ao Oscar. Pois bem, o tema é homossexualismo, isso fica bem claro. Mas qual é o enredo? Bom, a história do filme se passa no norte da Itália durante os anos 80. Um americano chamado Oliver (Armie Hammer) chega numa pequena cidade italiana para terminar seu livro. O lugar é muito bonito, bucólico, e ele se hospeda na casa de um professor universitário amigo. O filho do tal professor é um adolescente conhecido como Elio (Timothée Chalamet). O rapaz passa então a dividir o quarto com o visitante americano e aí...

Bom, não precisa ser muito inteligente para perceber que eles se sentem atraídos e depois de um período de flerte acabam tendo um relacionamento gay! O filme então vai mostrar esse romance em seu início, meio e fim. Penso que se fosse uma história entre um homem e uma mulher o filme nem sequer teria sido lembrado pelo Oscar. Isso em razão do fato de que sua carga dramática é muito fraca, quase inexistente. Não há grandes conflitos existentes e nada de muito interessante ocorre enquanto o americano e seu efebo se pegam pelas ruas históricas da cidade italiana. O filme é bem decepcionante nesse aspecto. Ambos os homossexuais que fazem par no filme acabam tendo namoricos com mulheres, mas parecem curtir mesmo a companhia um do outro debaixo dos lençóis. Quando o filme acabou fiquei com a seguinte pergunta na cabeça: OK, é um filme sobre um namoro de verão entre dois gays, mas e daí? O filme não tem nada demais, não é uma grande obra cinematográfica. Melhor filme do ano?! Não passa nem perto! Várias outras produções explorando o amor homossexual foram bem melhores do que esse "Me Chame pelo Seu Nome" e nem por isso ganharam indicações na categoria de Melhor Filme. James Ivory, um dos meus cineastas preferidos, escreveu o roteiro. Nada demais, apesar da indicação. Diria até que foi um trabalho preguiçoso por parte dele. Meio decepcionante. De bom mesmo apenas o título que faz uma referência indireta (e inteligente) a uma citação de Oscar Wilde que dizia ser o romance homossexual aquele amor que não se ousava dizer o seu nome. Fora isso tudo soa bem banal e desnecessário.

Me Chame pelo Seu Nome (Call Me by Your Name, Itália, França, Estados Unidos, Brasil. 2017) Direção: Luca Guadagnino / Roteiro: James Ivory / Elenco: Armie Hammer, Timothée Chalamet, Michael Stuhlbarg / Sinopse: Baseado no romance escritor por  André Aciman, o filme conta a história de um romance gay envolvendo um americano chamado Oliver (Armie Hammer) e um jovem rapaz italiano conhecido como Elio (Timothée Chalamet). Oliver está hospedado na casa do pai de Elio e acaba tendo um caso com o filho de seu anfitrião. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator (Timothée Chalamet), Melhor Roteiro Adaptado (James Ivory), Melhor Música original ("The Mystery of Love" de Sufjan Stevens) e Melhor Filme. Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Ator - Drama (Timothée Chalamet) e Melhor Ator Coadjuvante (Armie Hammer). Vencedor do BAFTA Awards na categoria de Melhor Roteiro (James Ivory).

Pablo Aluísio.

Wilde Se Casa Novamente

Comédia romântica bem inofensiva e com pouca dramaticidade (praticamente zero nesse sentido) que a despeito de seus defeitos ainda traz um bom elenco. O enredo é bem leve. Depois de alguns anos de seu divórcio com o ator Laurence (John Malkovich), a ex-estrela do cinema, hoje aposentada, Eve Wilde (Glenn Close), resolve se casar novamente. O escolhido é o coroa com fama de mulherengo Harold (Patrick Stewart). A festa de casamento será em uma das belas casas de Eve. Todos são convidados, não apenas a numerosa família de Eve, como seu ex-marido, filhos e netos. Harold chega com suas filhas e uma amiga delas. O clima é ameno. Enquanto todos vão se conhecendo os preparativos do casamento são feitos. Até que Harold não consegue fugir de sua natureza de não deixar nenhum rabo de saia escapar e faz uma besteira na noite anterior à cerimônia.

Basicamente o filme se resume a isso. Embora o elenco conte com atores excelentes, nenhum deles faz muita força para atuar bem. Parece até que esse grupo de veteranos estava de férias e resolveu fazer um filme. Nada além disso. Glenn Close, em especial, uma atriz de tantos papéis fortes no passado, aqui surge completamente inócua, sem personalidade, sem nada a acrescentar. John Malkovich também não diz a que veio. Ele interpreta um velho ator que tenta se reafirmar se envolvendo com jovenzinhas de 20 e poucos anos. Até mesmo o sempre bom Patrick Stewart não consegue se sobressair. O achei bem abatido para falar a verdade. O peso dos anos chegou no velho capitão Picard. A única coisa que nos faz lembrar do grande ator que ele um dia foi é a voz, que continua poderosa e com dicção perfeita. Fora isso ele anda bem alquebrado durante o filme inteiro. Fica até complicado acreditar que ele consegue seduzir e transar com uma jovem de 20 anos, amiga de suas filhas. Então é isso. Um filme leve, indo para a categoria das produções sem importância. Só assista se gostar muito desses atores veteranos.

Wilde Se Casa Novamente (The Wilde Wedding, Estados Unidos, 2017) Direção: Damian Harris / Roteiro: Damian Harris / Elenco: Glenn Close, John Malkovich, Patrick Stewart, Minnie Driver / Sinopse: Atriz de cinema aposentada, Eve Wilde (Glenn Close) decide se casar novamente. Ela pretende levar ao altar o mulherengo inveterado Harold (Patrick Stewart). No dia do seu casamento então decide convidar toda a sua família, inclusive seu ex-marido Laurence (John Malkovich). As coisas porém não vão sair como planejado por ela.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Roman J. Israel, Esq.

Por seu trabalho nesse filme o ator Denzel Washington está concorrendo ao Oscar esse ano. Seu trabalho é excepcional. É aquele tipo de atuação em que o ator desaparece em seu personagem. Na realidade você pouco se lembrará do Denzel Washington quando assistir ao filme. Só verá mesmo seu personagem pela frente. Denzel interpreta um advogado que por anos trabalhou nas sombras de um pequeno escritório, agindo mais no bastidores. Quando seu chefe sofre um AVC ele é informado que a firma de advocacia será fechada. Para que Roman não fique desempregado acaba sendo levado por um jovem advogado para trabalhar em seu próprio escritório. O novo estilo de advocacia não o agrada. Pior do que isso, indo contra sua própria ética pessoal e profissional ele acaba cometendo um deslize em um dos casos criminais em que trabalha. Algo que coloca em risco sua licença para a advocacia e sua própria vida.

"Roman J. Israel, Esq." foi produzido pelo próprio ator Denzel Washington. Claramente ele viu muito potencial nesse personagem. Com cabelos longos, modo de ser nada convencional, desandando para o esquisito e estranho, óculos grandes demais e cafona, seu advogado foge dos padrões. Antigo ativista dos direitos civis, ele nem consegue mais encontrar um espaço dentro dos novos movimentos sociais (a cena em que ele é ofendido por uma jovem negra durante uma palestra retrata bem isso). Sentido-se deslocado no trabalho e até mesmo entre os ativistas da nova geração, ele acaba se dando a si mesmo uma "folga" em seus valores morais, ficando com a recompensa pela captura de um criminoso, cujo paradeiro ele acaba sabendo no exercício de sua profissão de advogado. Com isso a situação foge do controle.

Obviamente o filme vai atrair mais aos que são da área jurídica. O trabalho de Roman abre margem para muitas discussões legais, inclusive a ação que ele sonha propor para acabar com a verdadeira "linha de montagem" de acordos com a promotoria, algo que faz com que inocentes se declarem culpados para fugir dos julgamentos, onde sempre são ameaçados com penas bem maiores, caso sejam vencidos. A insensibilidade dos juízes e sua arrogância também ganham espaço no roteiro. Além disso há a sempre discutível questão da comercialização absurda da advocacia nos Estados Unidos. O novo empregador de Roman é um advogado que só pensa em números, em aumentar a quantidade de clientes, sem se preocupar realmente com o bem estar deles. Interpretado por Colin Farrell ele é a imagem do novo advogado vendedor, que nada tem a ver com o velho advogado de Roman, um sujeito que estava mais preocupado em mudar o mundo com os seus princípios e valores jurídicos.

Roman J. Israel, Esq. (Roman J. Israel, Esq, Estados Unidos, 2017) Direção: Dan Gilroy / Roteiro: Dan Gilroy / Elenco: Denzel Washington, Colin Farrell, Carmen Ejogo / Sinopse: Roman J. Israel (Denzel Washington) é um advogado da velha escola que após a morte de seu antigo patrão precisa encontrar um novo emprego. Ele então passa a trabalhar para o jovem advogado George Pierce (Colin Farrell) que está mais preocupado em ficar rico do que com qualquer outra coisa. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator (Denzel Washington). Também indicado ao Globo de Ouro e ao Screen Actors Guild Awards na mesma categoria.

Pablo Aluísio.

O Paradoxo Cloverfield

Mais um filme da franquia "Cloverfield", só que dessa vez produzido por uma parceria entre a Paramount e a Netflix. A marca "Cloverfield" pertence hoje ao diretor J. J. Abrams que tem se esforçado para colocar pelo menos um filme novo por ano no mercado. Ele não dirige, mas na maioria das vezes produz e dá sugestões nos roteiros. Aqui temos uma equipe de astronautas que orbitam a Terra em uma estação espacial internacional. O objetivo da missão é colocar para funcionar um sistema de produção de energia, já que o planeta vive justamente uma crise de fontes de energias renováveis. No começo as tentativas falham, até que o sistema finalmente se estabiliza, isso até literalmente entrar em colapso. A explosão que se segue acaba causando uma espécie de fenda no espaço tempo dimensional, fazendo com que os membros da tripulação sejam transportados para uma dimensão paralela, onde nem tudo faz muito sentido.

Pois é, o roteiro é bem pretensioso. Usando das teorias de multi dimensões ele tenta criar sua trama. Funciona apenas em termos. Há situações bem interessantes, como aquela em que o braço de um membro da equipe é devorado pelas paredes da nave, ou então da surreal situação de viver agora em uma dimensão onde os mortos estão vivos e etc. Mesmo assim a intenção de soar científico demais vai cansando o espectador, ao mesmo tempo em que o roteiro parece cair nas suas próprias armadilhas. Quando tudo ameaça ficar confuso demais para o espectador médio há uma saída pela lateral, apelando para os bons e velhos monstros (sim, como todo filme "Cloverfield" há monstros que você só vai ver mesmo na última cena!). No geral achei um filme com um roteiro promissor que nunca cumpre suas promessas. O filme vai avançando, avançando e nada de muito interessante acontece, causando uma certa frustração no espectador. A produção é boa, a estação espacial é bem feita, porém o lado físico alternativo realmente cansa. É um "Cloverfield" menor dentro da franquia.

O Paradoxo Cloverfield (The Cloverfield Paradox, Estados Unidos, 2018) Direção: Julius Onah / Roteiro: Oren Uziel / Elenco: Gugu Mbatha-Raw, David Oyelowo, Daniel Brühl / Sinopse: A Tripulação de uma estação orbital tenta colocar em funcionamento um sistema de produção de energia, mas a experiência dá errado, criando uma fenda dimensional dentro do espaço, fazendo com que todos eles sejam transportados para uma estranha e bizarra realidade alternativa.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

O Terceiro Milagre

Assisti esse filme pela primeira vez em VHS há muitos anos. Agora ele está sendo relançado em DVD. Como já não me lembrava muito bem da história, tudo acabou soando como se tivesse vendo pela primeira vez. O enredo é bem interessante. Ed Harris interpreta um padre que é enviado pelo Vaticano para realizar as investigações preliminares sobre o que estaria acontecendo numa paróquia em Chicago. Uma estátua da Virgem Maria estaria chorando lágrimas de sangue. Com isso também muitos milagres estariam acontecendo. Uma mulher em especial teria sido a intercesora junto a Deus da cura de uma garotinha que sofria de uma doença incurável. Estaria ali a manifestação de uma santa americana? Cabe ao padre Frank Shore (Ed Harris) descobrir.

O interessante é que ele já havia desmascarado falsos milagres antes, mas agora acaba descobrindo que algo realmente divino estaria acontecendo naquela paróquia. O roteiro do filme é muito bom porque disseca em detalhes os trâmites de um processo de investigação desse tipo dentro da Igreja Católica. É realmente um processo canônica com direito a defensor da causa, advogado do diabo (aquele que vai tentar colocar abaixo os sinais de santidade) e uma autoridade do alto clero, geralmente um cardeal, dirigindo todos os trabalhos. Além disso o personagem do padre interpretado por Ed Harris é muito bem construído pelo roteiro. Um homem que começa a ter crises de fé, a duvidar de tudo, mas que acaba sendo confrontado com sinais da presença de Deus. Esse aliás seria o terceiro milagre do título, uma vez que para ser santo o indicado precisa de três milagres comprovados. O primeiro teria sido a cura da garotinha, o segundo um evento realmente fantástico ocorrido numa pequena cidade da Eslováquia durante a II Guerra Mundial e o terceiro, bem interior, acontecido dentro da alma desse padre. Enfim, um filme realmente muito bom, digno de uma revisão caso você o tenha assistido há tantos anos, como foi o meu caso. Se nunca o assistiu, então não deixe passar em branco.

O Terceiro Milagre (The Third Miracle, Estados Unidos, 1999) Direção: Agnieszka Holland / Roteiro: John Romano / Elenco: Ed Harris, Anne Heche, Caterina Scorsone / Sinopse: Roteiro baseado no romance escrito por Richard Vetere. O Vaticano envia um padre para realizar investigações preliminares sobre supostos milagres atribuídos a uma americana, morta há alguns anos, em uma escola católica, onde uma estátua de Maria, mãe de Jesus, supostamente estaria tecendo lágrimas de sangue. Filme indicado ao prêmio de melhor filme em língua inglesa do Mar del Plata Film Festival.

Pablo Aluísio.