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sexta-feira, 24 de maio de 2024

Rebecca - A Mulher Inesquecível

Título no Brasil: Rebecca - A Mulher Inesquecível
Título Original: Rebecca
Ano de Lançamento: 2020
País: Estados Unidos
Estúdio: Working Title Films
Direção: Ben Wheatley
Roteiro: Jane Goldman, Joe Shrapnel
Elenco: Lily James, Armie Hammer, Kristin Scott Thomas

Sinopse:
Um milionário inglês, homem viúvo e solitário, dono de uma bela mansão no interior da Inglaterra, acaba se apaixonando por uma jovem de classe social inferior. Ele a conhece em um hotel enquanto tentava se recuperar da morte de sua esposa, algo que havia acontecido recentemente. Depois de um breve romance, acaba se casando com ela, a levando para morar em sua bela casa, algo que vai abalar o lugar, uma vez que a presença da antiga senhora ainda se faz muito presente. 

Comentários:
Essa história é o que eu costumo chamar de suspense à moda antiga. O livro original é bem antigo, então isso garante elegância, bom gosto, sutileza. Elementos que inexistem nos filmes de suspense nos dias atuais onde tudo parece se resumir em sangue e tripas. Aqui não, a história vai sendo tecendo aos poucos, os personagens são bem trabalhados e desenvolvidos. Tudo é muito sutil, investindo no clima do suspense, na sugestão, nas sombras noturnas. Nada de frivolidades banais que vemos tanto nos dias de hoje. Eu gostei dessa nova versão dessa velha história. Funcionou muito bem! Claro que jamais irei comparar esse remake com o filme clássico original. Seria covardia! Mas de qualquer forma uma coisa é certa: essa produção soube contar bem essa história. Solidão, amargura, isolamento, tudo está na tela. Não faltou nada, nem o suspense que continua muito bem mostrado nesse filme. Aliás é sempre bom lembrar que histórias inglesas de fantasmas reais ou imaginários vivendo nos corredores daquelas velhas mansões vitorianas geralmente já formam um filão cinematográfico à prova de falhas. E esse filme mostra mais uma vez que essa é uma verdade não escrita. Simplesmente assista ao filme. Você não vai se arrepender! 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

O Cavaleiro Solitário

E então resolveram trazer o cavaleiro solitário de volta aos cinemas. Do que trata esse filme? John Reid (Armie Hammer) volta para o oeste para reencontrar seu irmão, um Texas Ranger honesto e íntegro. Chegando lá descobre que tudo está de pernas para o ar. Um grupo de facínoras domina a região com a força do poder da prata descoberta em terras indígenas. Durante uma emboscada seu irmão e seus homens da lei são mortos covardemente por Butch Cavendish (William Fichtner) e seu bando de criminosos. Descoberto agonizando no meio do deserto após o ataque, o comanche Tonto (Johnny Depp) o salva da morte certa. Agora juntos resolvem trazer justiça ao velho oeste. John Reid esquece sua verdadeira identidade, coloca uma máscara feita dos restos da roupa de seu irmão assassinado e se torna o Cavaleiro Solitário!

Houve muita má vontade por parte da crítica quando esse "The Lone Ranger" chegou aos cinemas. Ao custo de 215 milhões de dólares, o filme foi muito mal recebido. Era uma aposta da Disney em inaugurar mais uma franquia ao estilo "Piratas do Caribe". O resultado comercial porém foi muito fraco e assim provavelmente não teremos mais nenhuma continuação, o que é uma pena. A verdade pura e simples é que essa nova versão do famoso personagem não é pior do que costumeiramente se vê em filmes super produzidos por Hollywood ultimamente. Sendo sincero, é até uma película muito divertida. Alguns fãs de western mais tradicionais certamente vão achar o ritmo muito histérico e com certeza reclamarão nas mudanças da história que todos conhecemos, mas no fundo isso não chega a desmerecer o filme como um todo.

O personagem Tonto, como era esperado, ganhou muito mais espaço no roteiro, fruto, é claro, da participação do ator Johnny Depp no papel, mas usá-lo como fio narrativo, enquanto lembra a um garotinho em um parque de diversões a verdadeira face do Lone Ranger, foi até de muito bom gosto. Também vamos confessar que quando toca a música tema do personagem se torna impossível a um verdadeiro fã de faroestes simplesmente ficar indiferente. Se fosse destacar alguns problemas diria apenas que o filme poderia ser mais curto pois ganharia em ritmo. Também há excessos de alguns personagens que não fazem a menor falta na estrutura do enredo, como a prostituta interpretada por Helena Bonham Carter, que poderiam ser eliminados sem problemas. De qualquer forma, de modo em geral, esse é um western com sabor de aventura, momentos cômicos e muita ação. Se gostamos? Sim, gostamos. A crítica foi muito mais ranzinza do que era preciso com essa produção. Pode conferir sem receios, no mínimo você se divertirá.

O Cavaleiro Solitário (The Lone Ranger, Estados Unidos, 2013) Estúdio: Walt Disney Pictures, Jerry Bruckheimer Films / Direção: Gore Verbinski / Roteiro: Justin Haythe, Ted Elliott / Elenco: Johnny Depp, Armie Hammer, William Fichtner, Tom Wilkinson, Ruth Wilson, Helena Bonham Carter / Sinopse: Um homem do velho oeste e um nativo americano se unem para trazer justiça ao violento mundo onde vivem. Filme indicado ao Oscar de melhor maquiagem (Joel Harlow, Gloria Pasqua Casny) e melhores efeitos especiais (Tim Alexander, Gary Brozenich e equipe).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Me Chame pelo Seu Nome

Dos nove filmes que estão concorrendo ao Oscar de melhor do ano, esse era o último que me faltava assistir. É a tal coisa, se "Corra!" é o representante da causa negra na lista, esse aqui é o que está representando os gays. Pelo visto teremos a partir de agora filmes representando minorias... É o politicamente correto fazendo pressão na escolha dos concorrentes ao Oscar. Pois bem, o tema é homossexualismo, isso fica bem claro. Mas qual é o enredo? Bom, a história do filme se passa no norte da Itália durante os anos 80. Um americano chamado Oliver (Armie Hammer) chega numa pequena cidade italiana para terminar seu livro. O lugar é muito bonito, bucólico, e ele se hospeda na casa de um professor universitário amigo. O filho do tal professor é um adolescente conhecido como Elio (Timothée Chalamet). O rapaz passa então a dividir o quarto com o visitante americano e aí...

Bom, não precisa ser muito inteligente para perceber que eles se sentem atraídos e depois de um período de flerte acabam tendo um relacionamento gay! O filme então vai mostrar esse romance em seu início, meio e fim. Penso que se fosse uma história entre um homem e uma mulher o filme nem sequer teria sido lembrado pelo Oscar. Isso em razão do fato de que sua carga dramática é muito fraca, quase inexistente. Não há grandes conflitos existentes e nada de muito interessante ocorre enquanto o americano e seu efebo se pegam pelas ruas históricas da cidade italiana. O filme é bem decepcionante nesse aspecto. Ambos os homossexuais que fazem par no filme acabam tendo namoricos com mulheres, mas parecem curtir mesmo a companhia um do outro debaixo dos lençóis. Quando o filme acabou fiquei com a seguinte pergunta na cabeça: OK, é um filme sobre um namoro de verão entre dois gays, mas e daí? O filme não tem nada demais, não é uma grande obra cinematográfica. Melhor filme do ano?! Não passa nem perto! Várias outras produções explorando o amor homossexual foram bem melhores do que esse "Me Chame pelo Seu Nome" e nem por isso ganharam indicações na categoria de Melhor Filme. James Ivory, um dos meus cineastas preferidos, escreveu o roteiro. Nada demais, apesar da indicação. Diria até que foi um trabalho preguiçoso por parte dele. Meio decepcionante. De bom mesmo apenas o título que faz uma referência indireta (e inteligente) a uma citação de Oscar Wilde que dizia ser o romance homossexual aquele amor que não se ousava dizer o seu nome. Fora isso tudo soa bem banal e desnecessário.

Me Chame pelo Seu Nome (Call Me by Your Name, Itália, França, Estados Unidos, Brasil. 2017) Direção: Luca Guadagnino / Roteiro: James Ivory / Elenco: Armie Hammer, Timothée Chalamet, Michael Stuhlbarg / Sinopse: Baseado no romance escritor por  André Aciman, o filme conta a história de um romance gay envolvendo um americano chamado Oliver (Armie Hammer) e um jovem rapaz italiano conhecido como Elio (Timothée Chalamet). Oliver está hospedado na casa do pai de Elio e acaba tendo um caso com o filho de seu anfitrião. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator (Timothée Chalamet), Melhor Roteiro Adaptado (James Ivory), Melhor Música original ("The Mystery of Love" de Sufjan Stevens) e Melhor Filme. Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Ator - Drama (Timothée Chalamet) e Melhor Ator Coadjuvante (Armie Hammer). Vencedor do BAFTA Awards na categoria de Melhor Roteiro (James Ivory).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

O Nascimento de Uma Nação

O filme conta a história real de um escravo negro chamado Nat Turner. Ele viveu em Southampton, na Virgínia, sul dos Estados Unidos, no século XIX. Nascido e criado em uma fazenda de algodão ele poderia ter sido apenas um dos milhares de escravos que existiam nas extensas fazendas sulistas se não fosse por um detalhe que o diferenciava dos demais: ele aprendeu a ler e começou a estudar o evangelho. Naqueles tempos isso era extremamente raro pois a imensa maioria dos cativos eram analfabetos. Isso despertou a curiosidade dos demais fazendeiros brancos que começaram a pagar ao seu dono para levá-lo para pregar aos demais escravos da região.

Em um primeiro momento poderia até parecer que isso seria uma atitude caridosa dos donos de escravos, porém as intenções eram outras. Eles determinavam a Nat que ele apenas recitasse e ensinasse os trechos bíblicos que justificavam a escravidão, uma forma de amenizar e reprimir os desejos de rebelião dos escravos negros. Assim Nat nada mais era do que um instrumento a mais de dominação e repressão e não um verdadeiro pregador da mensagem bíblica. Aos poucos porém ele vai percebendo a deplorável situação de seus irmãos, muitos deles submetidos a torturas, castigos físicos e toda série de brutalidades que se possa imaginar. A partir desse ponto não é complicado imaginar o sentimento de revolta que acabou tomando conta de seus pensamentos e atos. Após ser brutalmente chicoteado, apenas por ter batizado um homem branco, Nat resolveu então liderar uma revolta de escravos, dando origem a um conflito sangrento que entrou para a história.

Esse é um excelente filme. Ele foi prejudicado nos Estados Unidos em seu lançamento porque o ator e diretor Nate Parker foi acusado de estupro, justamente na semana em que o filme chegava nos cinemas americanos. Isso fez com que a imprensa se concentrasse apenas nisso, deixando os méritos cinematográficos dessa produção completamente de lado. Uma pena. O filme conta uma história relevante, desconhecida até mesmo pelos negros americanos. Seria o resgate histórico da figura de Nat Turner, que apesar de ter escolhido os meios errados pela luta de sua causa, teve o importante papel de ser um dos pioneiros na busca pela liberdade dos escravos de sua época. Por fim um dado histórico estarrecedor: a história de Nat e sua rebelião serviram de justificativa para que uma lei fosse aprovada na Virgínia. Essa lei determinava que era proibido, a partir daquele momento, o ensino e aprendizado dos escravos negros, ou seja, era proibido ensinar a um escravo a ler e escrever. Tempos completamente obscuros eram aqueles.

O Nascimento de Uma Nação (The Birth of a Nation, Estados Unidos, 2016) Direção: Nate Parker / Roteiro: Nate Parker / Elenco: Nate Parker, Armie Hammer, Penelope Ann Miller / Sinopse: Nat Turner (Nate Parker) é um jovem escravo que decide liderar uma rebelião pela liberdade de seu povo no sul racista dos Estados Unidos do século XIX, dando origem a um verdadeiro banho de sangue entre negros e brancos. Filme indicado aos prêmios da African-American Film Critics Association (AAFCA) e Black Reel Awards.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de julho de 2016

O Agente da U.N.C.L.E.

Título no Brasil: O Agente da U.N.C.L.E.
Título Original: The Man from U.N.C.L.E.
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Warner Bros
Direção: Guy Ritchie
Roteiro: Guy Ritchie, Lionel Wigram
Elenco: Henry Cavill, Hugh Grant, Armie Hammer, Alicia Vikander, Jared Harris
  
Sinopse:
Napoleon Solo (Henry Cavill) é um ladrão de joias internacional que acaba sendo pego pela CIA. Como ele parece ter uma aptidão incomum para certos "serviços" a agência de inteligência americana acaba o recrutando para trabalhar como agente. Uma de suas primeiras missões é atravessar a cortina de ferro para trazer até o lado ocidental uma peça chave no mundo da espionagem. Concluído o objetivo, ele então é designado para uma nova missão: rastrear um grupo que pretende construir uma arma nuclear. Ao seu lado ele conta com o apoio do agente da KGB, o russo Illya Kuryakin (Armie Hammer). Filme premiado pela San Diego Film Critics Society Awards e International Film Music Critics Award.

Comentários:
A série "O Agente da UNCLE." foi muito popular durante a década de 1960. O programa ficou no ar por quatro anos (de 1964 a 1968), durou quatro temporadas e conseguiu formar uma legião de fãs em seu lançamento. Também pudera, a série foi exibida no auge da guerra fria, quando russos e americanos disputavam um acirrado duelo de espionagem. De certa forma é um produto da época e por isso fez sucesso. Assim ficou um pouco fora de tempo essa nova adaptação para o cinema. O diretor Guy Ritchie obviamente realizou um filme bem feito, com ótima reconstituição de época e um roteiro até bem escrito. A trilha sonora incidental também é ótima. A questão é que os jovens de hoje em dia parecem pouco interessados no tema. Nem a tentativa de modernizar certos aspectos da produção - como o uso de bons efeitos especiais - conseguiu salvar o filme de ser muito mediano, sem novidades, com excesso de clichês cinematográficos em cada cena. Há o uso de uma fina ironia, uma tentativa de tornar tudo mais divertido (e que existia também na série original), mas o resultado é muito sem graça. As tais "piadinhas" só servem para tornar tudo ainda mais cansativo. Em termos de elenco o filme é estrelado pelo Superman, ou melhor dizendo, pelo ator Henry Cavill. Seu personagem no passado foi interpretado pelo ator Robert Vaughn que considerava esse o papel de sua vida (e era mesmo!). Com Cavill a coisa toda ficou meio chata, sem carisma, sem vida. Um Clark Kent antipático. Melhor se sai seu parceiro, Armie Hammer, que dá vida ao agente russo. Ele só não rouba o filme totalmente porque seu personagem é limitado pela própria trama. Então é isso. Um filme que não se destaca muito, que tenta ser comercial, moderno demais. Essa talvez seja a razão porque as coisas não deram tão certo como era esperado.

Pablo Aluísio.