segunda-feira, 24 de abril de 2023
Demétrio e os Gladiadores
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
Paixão de Bravo
"Paixão de Bravo" é um excelente faroeste, rodado ainda em preto e branco pelo extinto estúdio RKO. O filme mostra os bastidores dos principais rodeios americanos, suas competições, seus dramas pessoais e a vida dura de um cowboy correndo em busca da vitória. O roteiro, bem inspirado, usa de duas bases dramáticas bem destacadas. A primeira é a tensão sexual que se cria dentro do trio. Jeff (Mitchum) e Louise (Hayward) logo criam uma clara atração entre eles, algo que não pode ser concretizado porque afinal ela ainda é casada com Wes (Kennedy). Além disso eles vivem na fio da navalha, pois a qualquer momento podem sofrer um grave acidente, os deixando severamente feridos como era comum acontecer em competidores de rodeios naquela época.
Nesse ponto aliás o filme se sai muito bem, mostrando sem receios as contradições entre um esporte amado pelos americanos e os danos que ele causava entre os cowboys, pois muitos ficam paralíticos para o resto da vida após sofrerem quedas de cavalos ou touros. Geralmente a coluna dos competidores era gravemente destruída nessas quedas. Algo previsível quando se corria o risco de ficar embaixo de um animal de centenas de quilos após uma queda no meio da competição. O elenco está todo muito bem, mas destaco a forte presença de Susan Hayward em cena. Sua personagem passa longe de ser uma mera mocinha romântica de filmes de western, pelo contrário, ela sempre surge com opiniões próprias, impondo seu modo de pensar ao marido. Um bom retrato de uma mulher firme e independente, em um mundo dominado por homens rudes e bravos.
Paixão de Bravo (The Lusty Men, Estados Unidos, 1952) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: David Dortort, Horace McCoy / Elenco: Susan Hayward, Robert Mitchum, Arthur Kennedy, Arthur Hunnicutt / Sinopse: Um casal e um cowboy ferido resolvem entrar no circuito de rodeios realizados pelos Estados americanos. Viajando de cidade em cidade eles tentam vencer os grandes prêmios pagos nessas populares competições.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018
O Correio do Inferno
Vinnie Holt (Susan Hayward) é uma passageira de uma dessas diligências que faz uma parada no posto onde Tom trabalha. Quando a notícia que uma quadrilha está à solta chega até eles, Vinnie é obrigada a ficar na estação. Ela viaja com uma criança, sua sobrinha, e a companhia não admite que crianças viajem nesse tipo de situação. O problema é que a própria estação é tomada pelos bandoleiros, fazendo com que ela e Tom fiquem como reféns. O filme se desenvolve praticamente todo dentro dessa estação, bem no meio do deserto. Os criminosos estão à espera de uma diligência que chegará por lá no dia seguinte, trazendo ouro da Califórnia. O objetivo é claro é pegar a pequena fortuna e depois partir em fuga novamente.
Esse é um bom faroeste, valorizado pelo roteiro bem escrito, excelente direção do mestre Henry Hathaway e um elenco acima da média. Tyrone Power está menos heroico do que de costume. Ele que se destacou em tantos épicos assinados por King Victor, aqui não faz muito mais do que o habitual. De certa forma ele é superado pela atriz Susan Hayward. Além de ter cenas realmente boas, sua personagem passa longe de ser uma mocinha tolinha de filmes de western, como era muito retratado na época. Cheia de força de vontade e fibra, ela é uma das melhores razões para assistir a esse filme. Além disso, vamos ser sinceros, como ela estava bonita quando fez esse filme! Dizem que tinha um caso com o milionário excêntrico Howard Hughes quando o filme foi realizado. Sorte a dele! No mais é um faroeste que vale a pena conhecer. Hoje em dia não é tão citado, nem pelos fãs do gênero! De qualquer forma nunca é tarde para conferir. Não deixe passar em branco.
O Correio do Inferno (Rawhide, Estados Unidos, 1951) Direção: Henry Hathaway / Roteiro: Dudley Nichols / Elenco: Tyrone Power, Susan Hayward, Hugh Marlowe, Dean Jagger / Sinopse: Durante uma viagem de diligência no velho oeste, a passageira Vinnie Holt (Susan Hayward) e sua sobrinha, uma garotinha de dois anos, é obrigada a ficar numa estação avançada no deserto, até que o xerife capture o bando liderado por Rafe Zimmerman (Hugh Marlowe). O problema é que a quadrilha acaba chegando na estação, fazendo todos de reféns, inclusive o empregado da companhia, Tom Owens (Tyrone Power).
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
Meu Maior Amor
Título Original: My Foolish Heart
Ano de Produção: 1949
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: Mark Robson
Roteiro: Julius J. Epstein, Philip G. Epstein
Elenco: Susan Hayward, Dana Andrews, Kent Smith, Lois Wheeler
Sinopse:
Após vários anos de casamento, Eloise Winters (Susan Hayward) não consegue mais esconder sua frustração e infelicidade. Acontece que ela se casou com um homem que não amava. Para superar isso bebe cada vez mais, algo que se torna insuportável para seu marido. Após vários meses sem rever sua amiga Mary Jane (Lois Wheeler) ela a recebe em casa e começa a recordar os anos felizes do passado, quando viveu uma grande história de amor ao lado do militar Walt Dreiser (Dana Andrews). O destino porém não quis que esse grande romance se eternizasse. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Susan Hayward) e Melhor Música Original ("My Foolish Heart" de Victor Young e Ned Washington).
Comentários:
Um belo drama romântico cujo roteiro extremamente sentimental procura explorar a vida infeliz e cheia de mágoas da protagonista Eloise Winters. Interpretada com maestria pela talentosa atriz Susan Hayward, ela é uma mulher que não conseguiu encontrar a verdadeira felicidade em sua vida amorosa. Após ver o grande amor de sua vida partir, ela afunda em um mar de sentimentos de ressentimento, mágoas e frustrações que não consegue mais lidar. Para suportar começa a beber e afiar cada vez mais a sua acidez verbal, usando como alvo justamente seu atual marido, um homem que ela definitivamente nunca amou! Em situações assim a vida conjugal logo se torna um verdadeiro inferno doméstico, o que faz com que a iminência do divórcio se torne cada vez mais presente. O roteiro é na verdade um longo flashback. Após receber a amiga Mary Jane em seu lar problemático, Eloise começa a recordar o passado e assim o espectador é levado até os anos em que ela era apenas uma jovem estudante. Durante um baile conhece o bonito e charmoso Walt Dreiser (Dana Andrews) e fica logo perdidamente apaixonada por ele. Um caso de amor à primeira vista! Ao contrário dos outros homens de sua idade, Dreiser também tem um bom humor à toda prova, o que o torna ainda mais atraente. Depois de alguns encontros e desencontros eles começam finalmente um romance ardente, mas os Estados Unidos entram na Segunda Guerra Mundial e Dreiser é logo convocado para servir em um dos bombardeiros da força aérea americana sobre a Europa. A partir daí a vida de Eloise muda para sempre. Particularmente gostei de tudo no filme, do seu ritmo, do clima romântico, nostálgico e afetuoso, mas principalmente da atuação de Susan Hayward. Indicada ao Oscar merecidamente por essa atuação ela está em estado de graça em cena. É interessante porque é um dos filmes em que a atriz está mais bonita, valorizada enormemente por uma bela fotografia em preto e branco, além de um figurino elegante que realça ainda mais sua beleza. Para os que admiram a carreira de Susan esse é certamente um filme obrigatório. Já para os românticos de plantão será com certeza um excelente programa para assistir a dois. Está mais do que recomendado.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 27 de outubro de 2017
Feitiço Branco
Título no Brasil: Feitiço Branco
Título Original: White Witch Doctor
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Ivan Goff, Ben Roberts
Elenco: Susan Hayward, Robert Mitchum, Walter Slezak
Sinopse:
Ellen Burton (Susan Hayward) é uma enfermeira americana que aceita o convite para trabalhar em um posto médico avançado no interior selvagem do país africano do Congo. A região é de complicado acesso, assim ele precisa contar com o apoio do aventureiro John 'Lonni' Douglas (Robert Mitchum) que ganha a vida como mercador de animais selvagens para os principais zoológicos do mundo. Ele tem suspeitas de que uma tribo isolada da civilização guarda em seu poder um manancial enorme de ouro, algo que ele precisa conferir com os próprios olhos, enquanto finge apenas ajudar Ellen em sua viagem de trabalho.
Comentários:
Apesar do filme ter sido dirigido pelo especialista Henry Hathaway, cineasta que assinou tantos clássicos da era de ouro do cinema clássico americano e do excelente elenco liderado pela carismática Susan Hayward e pelo sempre competente Robert Mitchum, "White Witch Doctor" se revelou realmente um pouco decepcionante. Inicialmente se percebe que o roteiro quis mesmo se inspirar nos antigos seriados de aventuras que reinaram nas matinês das décadas de 1930 e 1940, além de obviamente se mostrar bem próximo dos filmes de Tarzan, que ainda faziam grande sucesso de bilheteria nos cinemas naquela época. O problema é que em nenhum momento a trama se decide entre virar um filme dramático, romântico ou de aventura. Fica tudo no meio termo e nada é desenvolvido até o fim. Em termos de aventura "Feitiço Branco" tem pouco a oferecer, se resumindo mesmo em poucas cenas de combates ou ação. O herói Mitchum passeia em cena como uma figura heróica e aventureira, mas ao mesmo tempo também gananciosa, pois ele está de olho numa fortuna em ouro escondido nos confins da África negra.
Seu romance com a personagem de Susan Hayward também não vai adiante, se resumindo em alguns beijinhos esporádicos e flertes casuais. Tampouco o lado mais dramático do roteiro pode ser considerado bom. Ele se desenvolve no idealismo da enfermeira que decide ir para o Congo para tratar de populações carentes da região. O problema é que uma vez lá ela não encontra mais a médica com a qual iria trabalhar, pois ela teria morrido por uma doença tropical. Sobra assim poucos momentos realmente interessantes nesse aspecto. Ela até tenta salvar vidas, mas como apenas é uma enfermeira e não uma médica e pouco conhece das doenças daquela parte do mundo tudo parece seguir em vão. Por fim temos que admitir também que a produção deixa a desejar em certos momentos. É nitidamente B. O uso excessivo de externas filmadas na África sendo projetadas nas costas do elenco incomoda. Os cenários pintados a mão também não convencem. Há um gorila em cena, logo no começo do filme, mas ele é tão mal feito, deixando tão claro que é um ator vestido de macaco, que chega a criar um humor involuntário, algo muito ruim para um filme como esse. Enfim, uma aventura que envelheceu mal, ficou muito datada e com roteiro inconclusivo e indeterminado. Definitivamente não é dos melhores.
Pablo Aluísio.
sábado, 14 de outubro de 2017
Jardim do Pecado
Título no Brasil: Jardim do Pecado
Título Original: Garden of Evil
Ano de Produção: 1954
País: Estados Unidos, México
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Frank Fenton, Fred Freiberger
Elenco: Gary Cooper, Susan Hayward, Richard Widmark, Hugh Marlowe
Sinopse:
Dois americanos, Hooker (Cooper) e Fiske (Richard Widmark), acabam parando em um vilarejo mexicano à beira-mar chamado Puerto Miguel, após o navio em que viajavam apresentar problemas. Eles estão de viagem para a Califórnia para participarem da corrida do ouro. Enquanto esperam o tempo passar em um bar local são procurados por Leah Fuller (Susan Hayward). Ela está disposta a pagar uma quantia absurda, mil dólares, a cada homem que se propuser a lhe ajudar. Seu marido está preso numa mina da região e precisa de ajuda para sobreviver. Como a proposta é tentadora, Hooker e Fiske acabam aceitando a oferta. O que eles não poderiam imaginar é que a mina se localiza em território Apache, uma região infestada de guerreiros selvagens prontos a matar qualquer homem branco que se atrever a cruzar suas fronteiras.
Comentários:
Aqui temos mais um clássico western estrelado pelo astro Gary Cooper. O filme foi realizado apenas dois anos após seu grande sucesso no gênero, "Matar ou Morrer", uma verdadeira obra prima, imortal. Talvez por essa razão os roteiristas resolveram criar um passado de ex-xerife para o protagonista interpretado pelo ator. Ele como sempre está perfeito em cena. Seu personagem faz um contraponto com o de Richard Widmark. Enquanto Cooper é equilibrado, contido e cauteloso, Widmark dá vida a um impulsivo e inconsequente jogador de cartas do velho oeste, sempre com uma ironia maldosa na ponta da língua. Ele é cinicamente mordaz e deixa claro para todos que só está naquela jornada por causa do dinheiro e nada mais. O interessante desse faroeste é justamente isso. O argumento tem um viés psicológico inesperado para esse tipo de filme. Todos os personagens, por essa razão, são bem construídos pelo roteiro. Um exemplo claro vem com a Leah de Susan Hayward. Longe das heroínas indefesas dos filmes de faroeste americano ela interpreta uma mulher com um semblante de mistério no ar. Acusada pelo próprio marido de só pensar no ouro das minas e não nas pessoas ela jamais pensa em se defender das acusações que lhe são feitas, talvez por serem verdadeiras.
Misoginia do roteiro? Provavelmente.... quem poderia saber? Deixando um pouco de lado essa complexidade dos personagens no roteiro, o filme apresenta ainda ótimas sequências de ação, as melhores delas passadas em um desfiladeiro traiçoeiro cheio de falhas e abismos pelo meio do caminho. Imagine galopar em alta velocidade em um lugar como esse! Por isso a equipe de cowboys e dublês que realizaram essas cenas estão de parabéns pois fica claro que todos eles correram perigo real de vida ao se arriscarem naquelas locações íngremes. Filmar naqueles rochedos definitivamente não deve ter sido fácil para ninguém. Para complicar ainda mais a tal mina para onde se dirigem os personagens do filme se localiza numa região de rochas vulcânicas, criando um clima bem peculiar ao filme em si por causa desses cenários naturais. A poeira levantada pelos cavalos é negra e espessa, algo que não se vê muito nesse tipo de produção. Em suma, pelos cuidados dispensados aos papéis que os atores interpretaram, pelas ótimas cenas no alto do desfiladeiro e pelo seu viés psicológico, só temos que elogiar "Garden of Evil". Esse é um faroeste diferente, muito bem desenvolvido em suas premissas básicas.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 22 de maio de 2017
Escândalo na Sociedade
O roteiro desse filme foi baseado em um best-seller escrito pelo romancista Harold Robbins. Quem conhece a obra desse escritor sabe bem do que se trata. Geralmente Robbins utilizava-se de dramas baseados em pessoas comuns, que acabavam trilhando o caminho do crime e da violência por circunstâncias inesperadas que vão surgindo em suas vidas. Vários de seus livros ganharam adaptações bem sucedidas no cinema, como por exemplo, "Balada Sangrenta", filme dirigido por Michael Curtiz, estrelada pelo cantor Elvis Presley, naquele que foi considerado o melhor filme de sua carreira. O western "Nevada Smith" com Steve McQueen também foi uma adaptação de um livro escrito por Robbins. Enfim, seus textos acabaram dando origem a excelentes filmes.
Outro grande atrativo desse drama familiar vem do elenco que é liderado por duas excepcionais atrizes. A primeira delas é a grande dama do cinema americano Bette Davis. A atriz tinha uma presença e uma personalidade que enchiam a tela. O seu papel nesse filme é muito adequado para sua forma de atuar. Ela interpreta a matriarca da família Hayden, uma mulher poderosa da alta sociedade que viveu praticamente toda a sua vida baseada apenas em status e aparência social. Perante a sociedade em geral todos os membros de sua linha familiar tinham que surgir de forma impecável. Só que sua filha, no fundo uma rebelde diante de toda essa futilidade, acaba colocando praticamente tudo a perder. Susan Hayward também está excelente. Ela morreria muito jovem ainda, de câncer, e esse acabou sendo um dos seus últimos filmes. Sua personagem, a de uma mulher frustrada que não consegue segurar seus impulsos, é uma das melhores de toda a sua carreira. No geral temos aqui um grande filme, valorizado enormemente por essas duas maravilhosas atrizes. Esse filme assim está mais do que recomendado aos admiradores do cinema clássico americano.
Escândalo na Sociedade (Where Love Has Gone, Estados Unidos, 1964) Direção: Edward Dmytryk / Roteiro: John Michael Hayes, baseado na obra de Harold Robbins / Elenco: Bette Davis, Susan Hayward, Mike Connors / Sinopse: Gerald Hayden (Bette Davis) e Valerie Hayden (Susan Hayward), mãe e filha da alta sociedade de San Francisco, possuem um relacionamento conturbado por diferenças de opiniões e personalidade. Com os anos os atritos se tornam ainda mais fortes e tudo desaba quando a neta adolescente mata um homem no ateliê de sua própria mãe, dando origem a uma tragédia e a um escândalo de grandes proporções. Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Música ("Where Love Has Gone" de Van Heusen e Sammy Cahn).
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2016
Sangue de Bárbaros
O roteiro se propõe a ser uma reconstituição dos primeiros anos de Gengis Khan. Ainda um jovem líder mongol que começa a fazer alianças com tribos diversas para a formação de um grande exército. Para filmar um épico dessa magnitude o produtor Hall Wallis deveria ter disponibilizado um grande orçamento, mas não foi isso que aconteceu. As cenas de batalha, por exemplo, são pífias e em certo sentido até medíocres. Como se não bastasse a péssima caracterização envolvendo John Wayne ainda havia o problema do suposto romance de seu personagem com a de Susan Hayward. Ele a rapta, mata seu esposo e depois leva com brutalidade para suas terras. Que mulher em sã consciência iria se apaixonar por um criminoso desses? Pois os roteiristas inventaram um amor inverossímil que brota sem mais nem menos. Lamentável. Enfim, essa é uma produção que foi infeliz em vários aspectos, tanto do ponto de vista da contaminação radioativa como também pela má qualidade artística de seus resultados.
Sangue de Bárbaros (The Conqueror, Estados Unidos, 1956) Direção: Dick Powell / Roteiro: Oscar Millard / Elenco: John Wayne, Susan Hayward, Pedro Armendáriz, Lee Van Cleef, William Conrad / Sinopse: O filme narra a história de Gengis Khan (John Wayne) em seus primeiros anos de conquista. Ao se aliar a antigos rivais ele acaba criando o maior exército de todos os tempos.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
As Neves do Kilimanjaro
Título no Brasil: As Neves do Kilimanjaro
Título Original: The Snows of Kilimanjaro
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Henry King
Roteiro: Casey Robinson, baseado na obra de Ernest Hemingway
Elenco: Gregory Peck, Susan Hayward, Ava Gardner, Hildegard Knef
Sinopse:
Durante um safári na África, um escritor americano, Harry Street (Gregory Peck), acaba se ferindo na perna numa caçada. Levado de volta ao acampamento o ferimento se agrava, se tornando infeccioso. Enquanto aguarda socorro ele começa a recordar de seu passado, dos amores e das oportunidades perdidas em sua vida. Em pouco tempo começa também a delirar, misturando recordações com lamúrias pois começa a perceber que não sairá vivo dessa situação. Apenas sua esposa Helen (Susan Hayward) tenta de todas as formas mantê-lo vivo. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (Leon Shamroy) e Melhor Direção de Arte (Lyle R. Wheeler e John DeCuir).
Comentários:
Nem sempre a adaptação de livros para o cinema consegue resultar em filmes irrepreensíveis. A transposição é sempre complicada. Veja o caso dessa produção. Em 1936 o escritor Ernest Hemingway publicou o conto "The Snows of Kilimanjaro" na revista Esquire. Nele um caçador branco de origem americana agonizava na África, à beira da morte, enquanto fazia um verdadeiro balanço de sua vida. Em 1952 Hollywood comprou os direitos da obra e o transformou nesse filme. Como havia lacunas na trama o roteirista Casey Robinson usou de farto uso de flashbacks para voltar ao passado, mostrando a vida de Harry Street, o protagonista, em sua busca pelo sucesso no trabalho e no amor, mesmo que ele acabasse achando que no final tudo foi em vão. É interessante notar que em praticamente todos os romances e livros que escreveu Hemingway usava sempre de aspectos biográficos de sua vida pessoal em seus personagens. Um exemplo pode ser encontrado aqui. O escritor interpretado por Gregory Peck era na verdade o próprio Ernest Hemingway. Ele vai para a África em busca de emoções, depois participa da guerra civil espanhola e se apaixona por uma linda enfermeira. Ora, basta lembrar de outros filmes baseados na obra desse autor para perceber que todos esses elementos se repetem em livros (e filmes) como "Adeus às Armas" e "Por Quem os Sinos Dobram". No fundo ele sempre escrevia sobre si mesmo, sua visão de mundo e suas experiências pessoais.
"As Neves do Kilimanjaro" tem como característica maior o fato de que há uma clara tentativa em se unir os elementos de filmes de aventura com uma abordagem mais intelectual, mais reflexiva. Por essa razão o filme foi considerado um pouco lento em seu lançamento, fruto provavelmente do estilo mais pesado do diretor Henry King. Mesmo com esse pequeno problema de ritmo (que é inegável) o filme se destaca mesmo por seu elenco. Além de Gregory Peck como o personagem principal brilham ainda a maravilhosa Ava Gardner como Cynthia Green, o grande amor do passado do escritor, e Susan Hayward, como a dedicada e paciente esposa dele. Gardner, um dos símbolos sexuais mais famosos da época, esbanja sensualidade ao mesmo tempo em que dá um aspecto transtornado para sua personagem. Ela não consegue lidar muito bem com suas emoções, ao mesmo tempo em que tem uma postura inconsequente e impulsiva com seus amores. Com boas tomadas da linda região onde fica a montanha do Kilimanjaro (a mais alta do continente africano, sempre com neves eternas em seu pico) o filme consegue ao mesmo tempo servir como diversão e retrato de um dos mais consagrados escritores americanos de todos os tempos. Algo que convenhamos não é pouco coisa. Assim deixo a recomendação para os admiradores de Ernest Hemingway e dos filmes de aventura do cinema clássico americano. É certamente uma boa pedida.
Pablo Aluísio.
domingo, 26 de junho de 2016
Susan Hayward
Curiosamente Susan quase foi escolhida para interpretar Scarlett O'Hara em "..E o Vento Levou" logo no começo da carreira. Claro que teria sido o filme que mudaria sua vida para sempre. O destino porém tinha outros planos para ela e até que a bonita brunette não se saiu nada mal trilhando esse outro caminho. Embora tenha perdido esse grande papel da história do cinema ela logo se destacou em diversos outros filmes, sempre se destacando em papéis de mulheres fortes que tinham que enfrentar momentos decisivos em suas vidas. Foi assim que ela finalmente venceu seu Oscar pela atuação em "Quero Viver!" de 1958 onde interpretava uma prostituta condenada à morte após ser acusada de ter matado um de seus clientes. Um roteiro que foi recusado por inúmeras atrizes, com receios de mancharem suas imagens públicas, afinal aqueles eram tempos moralistas e puritanos. Para a corajosa Susan isso definitivamente não tinha importância, mas sim o fato de dar vida a um texto corajoso e bem à frente de seu tempo. Ela aceitou fazer o filme, encarou o desafio e acabou encantando os críticos e os membros da Academia. O resultado? Foi merecidamente premiada com a estatueta mais cobiçada do cinema.
Elegante, muito atraente, Susan soube transitar por quase todos os gêneros. Nunca se contentou em ser vista apenas como uma mulher bonita ou uma pin-up sensual. Ela queria vencer na arte de atuar e certamente conseguiu alcançar seus objetivos. Para alegria dos cinéfilos Susan teve uma carreira longa e produtiva no cinema que se estendeu por quatro décadas. Na sua filmografia de mais de 60 filmes encontramos vários filmes memoráveis como "As Neves do Kilimanjaro", "Demetrius e os Gladiadores", "Duelo de Paixões", "Meu Coração Canta", "David e Betsabá", "Casei-Me Com Uma Bruxa", "Eu Chorarei Amanhã" e "Desespero". Susan Hayward representou muito bem as mulheres de seu tempo, assumindo diversas facetas, deixando de lado muitas vezes sua vaidade pessoal para abraçar a pura arte cinematográfica. Acabou, com seu exemplo pessoal, com o velho estigma preconceituoso de que atrizes bonitas não podiam ser também extremamente talentosas.
Pablo Aluísio.
domingo, 8 de maio de 2016
As Neves do Kilimanjaro
Enquanto fica prostrado numa maca, vendo a morte de perto, cercado por animais selvagens como hienas e abutres esperando por sua carcaça, ele começa a fazer um balanço de sua vida. Embora tenha tido relativo sucesso com seus romances isso passa longe de ser considerado um alívio para ele. Muito autocrítico considera-se um fracassado que levou toda a sua vida em vão. O único pensamento que lhe consola é um velho amor do passado, a exuberante Cynthia (Ava Gardner). Eles tiveram um belo romance no passado que resultou inclusive em uma gravidez. Street (Peck) porém não soube dar o devido valor ao que acontecia em sua vida naquele momento. Mais preocupado em fazer sucesso como escritor acabou negligenciando aquela que seria o grande amor de sua vida. Agora, à beira da morte, ele relembra e lamenta. O sucesso com os livros nada significou pois o fracasso na vida pessoal é o que mais pesa nesse momento final.
O roteiro assim se desdobra em duas linhas narrativas básicas. Uma no presente, onde o personagem de Gregory Peck agoniza em um acampamento aos pés da montanha do Kilimanjaro (a mais alta da África) e outra em diferentes passagens de seu passado, focando principalmente em amores que não deram certo. O uso de flashback situa assim o espectador sobre tudo o que aconteceu nos anos anteriores da vida do protagonista. Além de Cynthia (Gardner), o grande amor de sua vida, ainda há lembranças referentes à Condessa Liz (Hildegard Knef), uma bonita, mas frívola, nobre europeia com quem ele passou bons momentos no começo de sua carreira. É justamente o tio de Liz que resolve deixar uma fortuna para Street com um enigma para decifrar referente inclusive ao Kilimanjaro.
O elenco tem três grandes estrelas. Gregory Peck interpreta o personagem principal. É curioso ver esse trabalho do ator porque ele era muito diferente de Ernest Hemingway (cuja personalidade foi transportada para as páginas da literatura em seu personagem). Enquanto o escritor era uma explosão de sentimentos, fúria e vontade de experimentar todos os aspectos da vida, Peck sempre se caracterizou como um homem fino e elegante, bastante discreto. Mesmo assim ele conseguiu convencer plenamente em cena. Já Ava Gardner era pura sensualidade. Aqui ela curiosamente apresenta um aspecto mais vulnerável, o que a diferencia bem de outros trabalhos no cinema. Por fim há a presença de Susan Hayward como a esposa de Peck. Uma mulher paciente e muito dedicada ao marido, ainda mais agora que ele passa por uma situação extrema no coração do continente africano. Enfim, um belo filme que resgata a obra de Ernest Hemingway, especialmente indicado para neófitos em sua literatura.
Pablo Aluísio.