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quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Quando Paris Alucina

Esse filme é uma divertida comédia que brinca com os bastidores de Hollywood. Um produtor acaba contratando um roteirista intrigado pelo título de seu roteiro que promete ser inovador. Com o nome de "A Moça que Roubou a Torre Eiffell" ele acaba encantando o magnata da indústria do cinema. A verdade porém é que o escritor não tem nada escrito, pois tudo não passa de um título bem bolado. Nas vésperas da entrega do roteiro ele então resolve partir para o tudo ou nada, usando inclusive os serviços de uma jovem e encantadora secretária para lhe ajudar. A proximidade iniciará uma improvável paixão entre ambos. Audrey Hepburn era maravilhosa. Sua presença nessa película só vem a confirmar o ditado que diz: Já não se fazem mais estrelas como antigamente! Audrey com todo o seu charme e elegância salva o filme de ser apenas um passatempo até levemente bobo, com figurinos e humor ingênuo, que hoje em dia poderia soar bem datados. O grande mérito é realmente do carisma de todo o elenco. A começar por Hepburn, passando por Holden e chegando em Tony Curtis, um ator que se tornou símbolo daquela era.

Muitos anos depois de ter feito essa produção a estrela máxima da elegância e finesse em Hollywood, a inigualável Audrey Hepburn, disse em uma entrevista que esse era o seu filme favorito dentre todos que fez ao longo de sua carreira. Eu entendo sua opinião. A produção é uma singela comédia romântica muito fina e elegante, igualzinha a ela, a Audrey. É um espelho cinematográfico dela mesma. Assim quem gosta dessa clássica atriz não poderá deixar de gostar desse simpático clássico do cinema.

Quando Paris Alucina (Paris - When It Sizzles, Estados Unidos, 1964) Estúdio: Paramount Pictures / Direção: Richard Quine / Roteiro: Julien Duvivier, Henri Jeanson / Elenco: William Holden, Audrey Hepburn, Tony Curtis, Mel Ferrer, Marlene Dietrich / Sinopse: Um roteirista de Hollywood promete escrever um roteiro inovador, só que na realidade ele não tem nada em mãos.

Pablo Aluísio.

sábado, 20 de abril de 2019

O Julgamento de Nuremberg

A Alemanha nazista foi palco das maiores atrocidades da história da humanidade. O holocausto foi um momento único de terror e desumanidade na trajetória do homem sobre a Terra. Após o fim da Segunda Guerra Mundial todos aqueles que de alguma forma colaboraram com o regime nazista de Adolf Hitler foram julgados na cidade de Nuremberg. Infelizmente alguns líderes nazistas conseguiram escapar dessa corte internacional se suicidando ou então fugindo para outros países distantes. O braço direito de Hitler, Himmler, por exemplo, foi capturado, mas se matou com cianureto em sua cela antes que pudesse enfrentar seu julgamento. Ficaram impunes e não pagaram por seus crimes horrendos, infelizmente.

Na verdade histórica não houve apenas um julgamento em Nuremberg, mas vários, com muitos réus dos mais diversos setores da Alemanha nazista. Esse filme se concentra no julgamento de membros do poder judiciário (juízes em sua maioria) e promotores públicos que não apenas colaboraram com o nazismo como chancelaram leis e decretos do Reich completamente absurdos, como os que previam pena de morte para arianos que se envolvessem com não-arianos e judeus ou que traziam normas sobre esterilização dos indesejados ao regime como comunistas, doentes mentais e membros de etnias consideradas inferiores pela doutrina nazista. No banco de réus se encontrava justamente um dos maiores juristas do direito alemão, o Dr. Ernst Janning (Burt Lancaster), homem culto, amante das artes e um autor e magistrado consagrado que a despeito de sua vasta cultura jurídica e humanista não hesitou em colaborar diretamente com os ideais de Hitler, inclusive enviando milhares de inocentes para campos de concentração do Terceiro Reich.

O roteiro do filme é primoroso, mostrando essa enorme contradição em que intelectuais e homens da mais fina cultura se tornavam meros instrumentos de morte para a máquina de extermínio nazista. O argumento também ousa perguntar até onde teria ido a responsabilidade do povo alemão pelos terríveis crimes de guerra promovidos pelos homens de Hitler. Isso é bem exemplificado pelos próprios réus no processo. Embora ocupassem altos cargos dentro do Reich todos negaram de forma incisiva que jamais souberam do que se passava dentro dos muros dos campos de extermínio.

O juiz americano Dan Haywood, indicado para julgar esses criminosos de guerra, é magnificamente interpretado por Spencer Tracy. Seu personagem é um sujeito provinciano do interior dos EUA, que fica chocado com a extrema brutalidade que toma conhecimento durante os depoimentos de testemunhas. Não menos talentosos em cena estão Richard Widmark como o promotor, membro das forças armadas americanas e Maximilian Schell, interpretando o advogado de defesa. Elenco fabuloso que conta ainda com grandes atores dando vida às testemunhas do caso, com destaque para  Montgomery Clift como uma das vítimas da política nazista de pureza racial. O filme exige um certo comprometimento do espectador uma vez que sua duração ultrapassa as três horas, mas quem se propor a assistir a “O Julgamento de Nuremberg” será muito bem recompensado pois certamente se trata de uma obra prima da história do cinema.

O Julgamento de Nuremberg (Judgment at Nuremberg, EUA, 1961) Direção: Stanley Kramer / Roteiro: Abby Mann / Elenco: Spencer Tracy, Burt Lancaster, Richard Widmark, Maximilian Schell, Montgomery Clift, Judy Garland, William Shatner, Marlene Dietrich / Sinopse: O filme narra os acontecimentos que ocorreram durante um dos mais famosos julgamentos realizados na cidade de Nuremberg após o fim da Segunda Guerra. No banco dos réus juízes e promotores alemães que colaboraram com a política nazista de extermínio e esterilização de raças consideradas inferiores.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Marrocos

Título no Brasil: Marrocos
Título Original: Morocco
Ano de Produção: 1930
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Josef von Sternberg
Roteiro: Jules Furthman, Benno Vigny
Elenco: Gary Cooper, Marlene Dietrich, Adolphe Menjou

Sinopse:
Mademoiselle Amy Jolly (Marlene Dietrich) é uma cantora de cabaré que acaba se envolvendo amorosamente com um legionário americano, Tom Brown (Gary Cooper). O romance porém precisará superar vários obstáculos, entre eles o interesse de um homem rico em relação a Amy. Filme indicado a quatro Oscars nas categorias de Melhor Atriz (Marlene Dietrich), Melhor Direção (Josef von Sternberg), Melhor Fotografia e Melhor Direção de Arte.

Comentários:
Um romance épico que investe em um casal formado por Gary Cooper e Marlene Dietrich. Confesso que não achei muito boa a química entre o astro americano e a estrela alemã. Marlene Dietrich tinha um estilo que para muitos poderia ser considerado frio e esnobe. Em contrapartida Gary Cooper sempre se dava melhor interpretando o típico herói americano de bom coração. Mesmo com esse pequeno problema o filme certamente não decepciona, fruto em grande parte do brilhante trabalho do cineasta austríaco Josef von Sternberg (1894 - 1969) que foi para Hollywood por causa da guerra que devastava sua terra natal. Na capital do cinema ele foi considerado um verdadeiro mestre, trazendo a elegância do cinema europeu para a indústria americana. O resultado tenta justamente isso, uma tentativa de fazer algo mais sofisticado, sem deixar de lado o sucesso comercial de lado. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Atire a Primeira Pedra

Título no Brasil: Atire a Primeira Pedra
Título Original: Destry Rides Again
Ano de Produção: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: George Marshall
Roteiro: Felix Jackson, Gertrude Purcell
Elenco: Marlene Dietrich, James Stewart, Mischa Auer, Charles Winninger, Brian Donlevy, Allen Jenkins

Sinopse:
Após a morte do xerife, o prefeito de uma pequena cidadezinha do Texas resolve nomear Tom Destry Jr (James Stewart) como o novo xerife. Inicialmente desacreditado por todos, aos poucos ele vai ganhando a confiança dos habitatantes do lugar, iniciando também um breve romance com a bela cantora do saloon, Frenchy (Marlene Dietrich).

Comentários:
Depois de "A Mulher Faz o Homem", assinado pelo grande diretor Frank Capra, foi que James Stewart atuou em seu primeiro western. O filme se chamava "Atire a Primeira Pedra". Lançado em 1939, com direção do especialista em filmes de faroeste George Marshall (um dos maiores nomes do gênero em todos os tempos), o filme contava ainda com a estrela Marlene Dietrich. Na época de seu lançamento houve algumas críticas pelo fato do filme não ser um western tão tradicional como todos esperavam. Na verdade a presença de Marlene Dietrich exigia algumas concessões no roteiro como a inclusão de músicas e um espaço maior para o romance entre os principais personagens. O público que lotava os cinemas para assistir filmes de western naquela época queria ver pistoleiros durões, duelos em ruas empoeiradas e muita ação, com tiroteios e batalhas entre soldados e nativos. Nada disso havia no filme. O sucesso acabou sendo apenas mediano. Hoje em dia o filme vale a pena principalmente por seu valor histórico. Afinal reuniu em seu elenco dois mitos do cinema internacional, Stewart e Marlene Dietrich.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

O Anjo Azul

Título no Brasil: O Anjo Azul
Título Original: Der blaue Engel
Ano de Produção: 1930
País: Alemanha
Estúdio: UFA
Direção: Josef von Sternberg     
Roteiro: Carl Zuckmayer, Robert Liebmann
Elenco: Marlene Dietrich, Emil Jannings, Kurt Gerron, Rosa Valetti, Hans Albers, Reinhold Bernt

Sinopse:
O filme "Anjo Azul" foi baseado no romance escrito por Heinrich Mann e conta a história do professor Immanuel Rath (Emil Jannings), um homem respeitado, renomado na comunidade, considerado um conservador e cristão exemplar que se apaixona perdidamente pela cantora de cabaré Lola Lola (Marlene Dietrich).

Comentários:
Esse filme foi bastante elogiado em seu lançamento original. Trazia um tema ousado, polêmico. A crítica ia em direção da hipocrisia da elite alemã, que posava de conservadora e cristã enquanto caía na farra durante à noite em cabarés por todo o país. Entretanto quando os nazistas assumiram o poder na Alemanha na década de 1930, o filme foi imediatamente banido. Era considerada cultura decadente, infame. Hitler mandou prender e matar vários membros da equipe técnica e o diretor Josef von Sternberg e a atriz Marlene Dietrich precisaram fugir da Alemanha para não serem mortos pela insanidade do regime nazista. Hitler também mandou queimar as cópias existentes e determinou que o dono de cinema que exibisse o filme fosse preso, torturado e enviado para campos de concentração. Foi um milagre que o filme não fosse destruído completamente pois cópias tinham sido enviadas para a Inglaterra. Hoje em dia é um filme que simboliza, acima de tudo, a luta da arte contra a barbárie do III Reich.

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de fevereiro de 2006

Indomável

Título no Brasil: Indomável
Título Original: The Spoilers
Ano de Produção: 1942
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Ray Enright
Roteiro: Rex Beach, Lawrence Hazard
Elenco: Marlene Dietrich, Randolph Scott, John Wayne, Margaret Lindsay, Harry Carey 

Sinopse:
Durante a corrida do ouro no século XIX, dois mineiros e exploradores, Roy Glennister (John Wayne) e Al Dextry (Harry Carey), tentam descobrir uma mina com o valioso metal nas montanhas geladas da região, financiados pela cantora de saloons Cherry Malotte (Marlene Dietrich). Antes porém terão que enfrentar o ganancioso Alexander McNamara (Randolph Scott) que também está de olho em toda aquela riqueza mineral do subsolo. Roteiro baseado na novela escrita por Rex Beach.

Comentários:
O elenco desse western é simplesmente maravilhoso. Imagine ter em um mesmo cast três grandes nomes da história do cinema, a saber: John Wayne, Randolph Scott e Marlene Dietrich. Para fãs de faroeste ter dois grandes mitos do gênero na mesma produção já é algo que o torna completamente obrigatório. É uma pena que Wayne e Scott não tenham trabalhado mais vezes juntos. Além de grandes ícones do estilo, eles se entrosavam muito bem em cena. Talvez o fato de Randolph Scott ter abandonado o cinema no começo da década de 1960 explique a ausência de mais filmes com a dupla. Infelizmente Scott pendurou as esporas cedo demais, já que John Wayne seguiria trabalhando até o fim de sua vida e após a aposentadoria de Scott entraria numa das fases mais importantes de sua carreira, estrelando grandes clássicos do cinema de faroeste. Já Marlene Dietrich repete de certa forma um tipo de papel que seria muito comum e recorrente em sua filmografia, a da cantora e dançarina de cabarés, esbanjando sensualidade e uma personalidade forte e marcante - o que no final das contas a tornavam ainda mais sensual e atraente para os homens. Já que o filme se passa no velho oeste seu cenário se torna um saloon, cheio de pistoleiros, cowboys e toda a fauna típica desse tipo de filme. A produção recebeu uma única indicação ao Oscar, na categoria de melhor direção de arte, mas merecia muito mais, pois é de fato um faroeste acima da média, bem marcante, que hoje em dia frequenta tranquilamente todas as listas dos cem maiores títulos do gênero.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

O Diabo Feito Mulher

Título no Brasil: O Diabo Feito Mulher
Título Original: Rancho Notorious
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: Fritz Lang
Roteiro: Daniel Taradash, Silvia Richards
Elenco: Marlene Dietrich, Arthur Kennedy, Mel Ferrer

Sinopse:
Filme baseado na obra "Gunsight Whitman" de Silvia Richards. No enredo conhecemos Altar Keane (Marlene Dietrich), ex-dona de saloon e cantora de cabarés, que resolve ajudar um homem acusado de assassinato, após ele se envolver em um crime de vingança pela morte de sua ex-noiva, que morreu nas mãos de um bandoleiro com a cabeça à prêmio.

Comentários:
Um western bem diferenciado, isso porque foi dirigido pelo mestre Fritz Lang, sendo estrelado pela diva Marlene Dietrich, sendo que ambos jamais foram conhecidos por realizar faroestes em suas carreiras. Lang, um mestre do expressionismo alemão, trouxe pela primeira vez ao gênero toda a estética de sua escola cinematográfica. Isso pode ser sentido de maneira bem clara na iluminação e no próprio enredo noir que o roteiro traz (o que não deixa de ser um aspecto maravilhoso do filme em si). Some-se a isso a narração pouco comum, em forma de balada, e a presença enigmática e poderosa da estrela Marlene Dietrich e você terá um western realmente diferente de tudo o que você já viu antes. Em relação a Marlene Dietrich temos uma curiosidade interessante (e saborosa) de bastidores. Foi durante as filmagens desse filme que começaram a surgir boatos de que ela estaria tendo um caso com o pai do futuro presidente dos Estados Unidos JFK, o patriarca Joseph P. Kennedy! Pelo visto o gosto por estrelas de cinema passava realmente de pai para filho na poderosa família Kennedy.

Pablo Aluísio.