sábado, 13 de outubro de 2012

The Gray Man

The Gray Man (em tradução literal “O homem grisalho”) é um filme terrível porque foi baseado inteiramente em fatos reais. O enredo conta a história do monstro e serial killer Albert Fish. Logo na infância perdeu seus pais se tornando órfão. Criado em instituições do governo só saiu de lá quando se casou. Vivendo em empregos medíocres Fish tinha muitas dificuldades para manter sua família com esposa e seis filhos. Tanta pressão parece ter levado Fish a uma crise histérica. Após ser abandonado pela esposa ele começou a apresentar sintomas de doença mental. Em pouco tempo largou o emprego e passou a viver a esmo. Não tardou a perder completamente a razão e começou a cometer assassinatos de crianças que encontrava perdidas de seus pais ou sozinhas pelos locais por onde passava. Tinha uma aparência de bom velhinho, que não fazia mal a ninguém e era justamente com essa imagem de “vovozinho” que ganhava a confiança das crianças. Após presenteá-las com doces e brinquedos as levava para casas abandonadas onde cometia as maiores barbaridades. Albert Fish era absurdamente cruel e promovia torturas com os pequeninos, chegando ao ponto de praticar canibalismo.

The Gray Man se foca no caso mais escabroso da violenta série de mortes de Albert Fish. No auge da grande depressão Fish se fingiu de rico comerciante e ofereceu emprego a dois jovens de uma pobre família. Logo ganhou a confiança dos pais dos rapazes e ficou particularmente interessado na pequena caçula da família, uma garotinha de apenas oito anos de idade. Após afirmar para os pais da menina que ia a uma festa de aniversário naquela tarde sugeriu que levasse também a menina para se divertir na festinha. O problema é que não havia festa nenhuma e Albert Fish estava mentindo, tudo com o objetivo de seqüestrar e matar a pobre criança. A partir desse ponto não convém contar mais nada para não estragar as surpresas para quem ainda não viu o filme. A crueldade e o sadismo de Fish ficaram conhecidas entre os criminalistas da época e até hoje Fish é considerado um dos serials killers mais sanguinários e violentos da história dos EUA só perdendo em demência e degeneração talvez para Ed Gein (que inspirou inúmeros assassinos de ficção no cinema). De qualquer modo fica a indicação para quem estiver interessado em conhecer a história desse assassino cruel que certamente fez o Hannibal Lecter parecer amador. Assista e tente chegar até o fim do filme sem passar mal com o que você irá presenciar em cena. Por fim fica o aviso: The Gray Man é forte e não indicado para pessoas sensíveis ou impressionáveis.

The Gray Man (Estados Unidos, 2007) Direção: Scott L. Flynn / Roteiro: Lee Fontanella, Colleen Cochran / Elenco: Patrick Bauchau, Jack Conley, John Aylward / Sinopse: Albert Fish (Patrick Bauchau) aparenta ser um velhinho cordial, educado e inofensivo. Dando doces e presentes acaba ganhando a confiança de crianças pequenas. O problema é que Fish é um terrível serial killer e canibal que deixa um rastro de mortes terríveis por onde passa. Baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

Agarra-me Se Puderes

Hoje em dia Burt Reynolds é uma sombra do que foi. Na década de 70 ele era o rei das bilheterias. Estrelando filmes de consumo popular o ator era o sonho de todas as mulheres e para completar a inveja de todos os homens. Usando um visual macho man, com bigode e jeito de caipirão o ator logo foi elevado ao patamar de ídolo das multidões. Seu auge de popularidade ocorreu justamente nesse "Agarra-me Se Puderes" uma das maiores bilheterias da década de 70. A produção caiu no gosto dos americanos e fez tanto sucesso que daria origem a mais dois filmes, com enredo praticamente igual, e que no Brasil receberam os inacreditáveis títulos de "Desta Vez Te Agarro" (1980) e "Agora Você Não Escapa" (1983). Mas qual foi o segredo do sucesso desses filmes? Em essência a trilogia nada mais é do que uma série de filmes que misturam humor e ação, tudo embalado com muitas perseguições, fugas espetaculares e policiais estúpidos.

O filme sendo sincero não tem muito pé, nem cabeça. Tudo se resume na tentativa de um caminhoneiro chamado Bandit (Burt Reynolds) em levar cervejas para uma festa red neck no leste do Texas! O problema é que isso seria proibido por um xerife casca grossa local. Em cima desse argumento simplório toda a trama do filme é construída. Pela estrada afora Bandit enfrenta uma centena de tiras que sempre estão em seu encalço. Nem precisa dizer que os tiras retratados no filme são todos palermas e incompetentes, incluindo o interpretado pelo ator Mike Henry, o mesmo sujeito que não deu certo como Tarzan na década anterior. É a velha fórmula de rir da autoridade sendo passada para trás por um esperto caipira, às do volante. De resto tem a Sally Field, novinha, fazendo uma noiva em fuga de seu casamento. Mas nem se preocupe, isso não tem a menor importância. O que importa mesmo em "Agarra-me Se Puderes" é a ação sem trégua e as risadas de Bandit quando a polícia come sua poeira pelas estradas americanas. Se você entrar no clima certamente vai se divertir também.

Agarra-me Se Puderes (Smokey and the Bandit, Estados Unidos, 1977) Direção: Hal Needham / Roteiro: Hal Needham, Robert L. Levy / Elenco: Burt Reynolds, Sally Field, Jerry Reed, Mike Henry, Michael Mann / Sinopse: Bandit (Burt Reynolds) é um caminhoneiro fanfarrão que tentará levar um carregamento de bebidas para o leste do Texas. Sua viagem porém não será fácil pois o zerife local quer impedir que ele chegue ao seu destino.

Pablo Aluísio.

Antes de Partir

"Antes de Partir" trata de um tema complicado - a morte - mas procura impor um ritmo de leveza e alto astral. Na trama conhecemos os dois personagens principais, Edward Cole (Jack Nicholson) e Carter Chambers (Morgan Freeman). Ambos estão com doenças terminais e conscientes de que não viverão por muito tempo. Para superar essa triste realidade decidem aproveitar o pouco de vida que lhes restam, fazendo tudo aquilo que sempre quiseram fazer mas que até aquele momento eram apenas planos. Assim o filme se desenvolve, ambos colocam os pés na estrada e vão viver experiências diferentes, realizar velhos sonhos há muito adormecidos. Não precisa nem explicar que o grande atrativo de "Antes de Partir" é seu elenco fantástico. Jack Nicholson e Morgan Freeman são atores consagrados, com extenso currículo de trabalhos maravilhosos e agora se unem nessa que parecia ser uma boa idéia, mostrar dois homens em frente à sua própria mortalidade e a forma como lidam com essa situação extrema.

Infelizmente o filme não consegue deslanchar nesse aspecto. A despeito de estarmos na presença de dois excelentes grandes atores o roteiro simplesmente não consegue lidar com o tema de forma satisfatória. Faltou profundidade, faltou ir até as últimas consequências. O texto parece temer entrar em questões mais profundas, em discutir o que pensam essas duas pessoas que estão no ocaso de suas vidas. Um exemplo disso é a postura religiosa dos personagens. É natural que em um momento delicado desses as pessoas procurem refúgio em algum tipo de crença religiosa mas no filme nada disso é tratado muito a fundo, ficando quase sempre em cima do muro, de maneira bastante artificial. O roteiro parece ter medo de adotar uma atitude adulta sobre a morte. Em vista de tudo isso a sensação final é de que certamente "Antes de Partir" poderia ser um filme bem melhor do que realmente é. Também pudera o diretor Rob Reiner não é certamente conhecido por temas profundos em seus filmes, pelo contrário, tudo parece leve e artificial no que dirige. Essa característica se repete aqui, justamente em um tema que na minha opinião não caberia esse tipo de postura. De qualquer modo ver Nicholson e Freeman se torna um paliativo. É pouco, poderia ser muito mais interessante, mas não significa que necessariamente você perderá seu tempo. Os dois juntos valem pelo menos uma conferida mesmo que o gosto ao final seja de frustração.

Antes de Partir (The Bucket List, Estados Unidos, 2007) Direção: Rob Reiner / Roteiro: John Schwartzman / Elenco: Jack Nicholson, Morgan Freeman, Sean Hayes, Rob Morrow, Hugh B. Holub, Alfonso Freeman, Serena Reeder, Ian Anthony Dale, Richard McGonagle, Christopher Stapleton. / Sinopse: Na trama conhecemos os dois personagens principais, Edward Cole (Jack Nicholson) e Carter Chambers (Morgan Freeman). Ambos estão com doenças terminais e conscientes de que não viverão por muito tempo. Para superar essa triste realidade decidem aproveitar o pouco de vida que lhes restam, fazendo tudo aquilo que sempre quiseram fazer mas que até aquele momento eram apenas planos.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A Coisa

Título no Brasil: A Coisa
Título Original: The Stuff
Ano de Produção: 1985
País: Estados Unidos
Estúdio: Larco Productions
Direção: Larry Cohen
Roteiro: Larry Cohen
Elenco: Michael Moriarty, Andrea Marcovicci, Garrett Morris, Paul Sorvino, Scott Bloom, Danny Aiello

Sinopse:
Uma gosma deliciosa e misteriosa que escorre da terra é comercializada como a mais nova sensação de sobremesa, mas a guloseima apodrece mais do que os dentes quando lanchonetes parecidos com zumbis, que só querem consumir mais daquela estranha substância a qualquer custo, começam a infestar o mundo.

Comentários:
Eu tenho lembranças desse filme desde os tempos das locadoras de vídeo VHS. Eu costumava frequentar uma locadora nos anos 80 em que esse filme sempre estava na prateleira, pegando poeira. Um dia, sem maiores opções, aluguei a fita. Olha, as minhas lembranças são de um filme divertido, com efeitos especiais meio toscos, onde os personagens humanos vão virando geleia e um roteiro simples que tentava colocar ordem naquele caos. Um filme de pura diversão mesmo. Hoje em dia, pelo que vejo, virou uma raridade de encontrar. Acho que não veria de novo, mas deixo aqui no blog o registro de que um dia no passado, lá nos distantes anos 80, eu assisti a esse "A Coisa". Bons tempos.

Pablo Aluísio.

Rock of Ages

O filme foi baseado numa pequena peça que está em cartaz na Broadway há anos. Com estrutura tradicional o enredo explora a chegada de Sherrie Christian (Julianne Hough) em Los Angeles. Ela é uma garota do interior que sonha se tornar estrela na nova cidade. A realidade porém logo bate à porta, ela é assaltada e sem dinheiro nem ter onde ficar acaba indo trabalhar de garçonete na casa de shows Bourbon, um local onde grandes grupos de rock começaram suas carreiras. Embora com passado glorioso a Boubon atualmente está praticamente falida. Além disso é alvo de protestos moralistas que querem fechá-la. Para salvar da falência um show é programado com o super astro  Stacee Jaxx (Tom Cruise) que vai realizar o último concerto ao lado de sua banda antes de partir para uma carreira solo. Rock of Ages se propõe a ser um musical ambientado no mundo do rock da década de 80. Há a tentativa de recriar toda aquela época, quando os roqueiros exageravam nas caras e bocas e enchiam seus cabelos de spray para parecerem fortes e selvagens. Quem foi jovem nos anos 80 certamente vai gostar da trilha sonora cheia de músicas daqueles tempos. O grande problema de Rock of Ages talvez seja a disparidade entre a peça original, despojada e modesta, e o filme, uma produção milionária cheia de pretensão.

Tom Cruise, o astro, deve ter adorado personificar seu personagem, um rockstar embriagado pela fama e sucesso. Embora seja complicado engolir o almofadinha Cruise como um roqueiro de uma banda de Heavy Metal, o fato é que no final das contas ele não se sai tão mal. De fato acaba virando a melhor coisa do filme uma vez que os atores que interpretam o casalzinho central é fraco e sem muito talento. A atriz Julianne Hough é inegavelmente linda e com um cabelo à la Farrah Fawcett se torna um colírio aos olhos. Mas como cantora deixa realmente a desejar. Pior se sai seu partner, o mexicano  Diego Bonetta, um ator sem qualquer carisma que não consegue criar identificação com o público em geral. Como Cruise apenas não consegue salvar todo um filme o musical fica pelo caminho no saldo geral. Vale destacar por fim a divertida atuação do sempre bom Alec Baldwin. Sua cena se assumindo gay é realmente completamente nonsense e muito engraçada. Um pequeno momento de humor em uma produção que se leva à sério demais.

Rock Of Ages - O Filme (Rock of Ages, Estados Unidos, 2012) Direção: Adam Shankman / Roteiro: Justin Theroux, Chris D'Arienzo, Allan Loeb baseado na peça de Chris D'Arienzo / Elenco: Tom Cruise, Julianne Hough, Alec Baldwin, Russel Brand, Mary J.Blige, Bryan Cranston, Diego Bonetta / Sinopse: Garota do interior vai para Los Angeles tentar se tornar uma estrela de sucesso mas tudo o que consegue é se tornar garçonete em uma famosa casa de shows.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O Espetacular Homem-Aranha

Cultura pop por excelência o personagem Homem-Aranha ressurge nas telas em uma nova franquia com tudo renovado. Para quem não sabe toda a equipe técnica que realizou (muito bem por sinal) os filmes da trilogia anterior foi substituída. Sam Raimi, Tobey Maguire, todos foram embora. Um novo roteiro foi escrito - igualmente mostrando as origens dos personagens - e a Sony resolveu recomeçar praticamente do zero. Ao custo milionário de 230 milhões de dólares o novo Spiderman finalmente ganhou as telas do mundo todo. Muita gente torceu o nariz pois a trilogia original ainda era muito recente. Como vivemos em um mundo em alta velocidade, onde a força do capital fala mais alto, os executivos do estúdio nem pensaram duas vezes antes de aprovar essa que promete ser a nova franquia do cabeça de teia. A boa notícia é que O Espetacular Homem-Aranha é realmente muito bom, muito divertido e vai agradar aos espectadores (talvez apenas os mais xiitas e ranzinzas não curtirão). Como se trata de um filme de "origens" tudo recomeça. Pater Parker (Andrew Garfield, com cara de adolescente mesmo) é um jovem estudante que durante uma visita a um centro de pesquisas de um grupo industrial acaba sendo picado por uma aranha modificada geneticamente. A fusão de seu DNA com a do inseto acaba criando diversas modificações na vida do rapaz: ele fica bem mais forte, ágil, e consegue até mesmo subir paredes e prédios altos. Uma verdadeira simbiose entre um homem e uma aranha!

O sucesso do Spiderman não é complicado de entender. Stan Lee, que nunca foi bobo nem nada, criou um personagem que iria criar uma forte identificação com seu público alvo. Peter Parker era um estudante comum de High School, sem grana, passando por dificuldades na escola, sendo alvo de bullying e apaixonado pela garota mais bonita e popular do colégio. Ela obviamente não lhe dá a mínima bola. Agora responda rápido: existe algum jovem no mundo que não iria se identificar com uma estória dessas? Não me admira em nada que a mitologia do Aranha nunca  tenha perdido sua força, sempre conseguindo se comunicar com as novas gerações, mesmo após tantos anos de sua criação. Essa nova releitura nos cinemas tem tudo para agradar aos fãs. A estória continua irresistível, o casal central de atores é bem carismático e o elenco de apoio é da melhor qualidade. O vilão também é outro ponto positivo. O Dr. Curt Connors (Rhys Ifans) é a própria personificação do cientista que não consegue mais separar sua vida pessoal de suas pesquisas. O Lagarto feito digitalmente é convincente e bem elaborado. Em suma, O Espetacular Homem-Aranha certamente vai agradar aos garotos e aos marmanjos que adoravam as aventuras dos personagens dos gibis quando eram guris. Não deixe de assistir.

O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man,  Estados Unidos, 2012) Direção: Marc Webb / Roteiro: Alvin Sargent, James Vanderbilt, Steve Kloves / Elenco: Andrew Garfield, Emma Stone, Rhys Ifans, Martin Sheen, Sally Field, C. Thomas Howell, Embeth Davidtz, Chris Zylka, Denis Leary, Campbell Scott, Irrfan Khan, Kelsey Chow, Stan Lee / Sinopse: Peter Parker (Andrew Garfield) é um jovem estudante que é picado por uma aranha e se torna um super-herói com poderes especiais. Agora terá que enfrentar um monstro que aterroriza a cidade.

Pablo Aluísio.

Demônio

Título no Brasil: Demônio
Título Original: Devil
Ano de Produção: 2010
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: John Erick Dowdle
Roteiro: Brian Nelson, M. Night Shyamalan
Elenco: Chris Messina, Geoffrey Arend, Bojana Novakovic, Logan Marshall-Green
  
Sinopse:
Um grupo de pessoas, sem qualquer aparente ligação entre si, fica preso em um elevador de um grande prédio de uma metrópole americana. Diante dessa situação verdadeiramente claustrofóbica começam a ocorrer eventos inexplicáveis, de natureza sobrenatural. Atos de violência são cometidos dentro do elevador e todos procuram sobreviver àquele caos e desespero. 

Comentários:
M. Night Shyamalan acabou virando um diretor do tipo “ame ou odeie”. Embora tenha começado muito bem sua carreira com filmes intrigantes como "O Sexto Sentido" o fato inegável é que o cineasta anda meio perdido atualmente. Como se não bastassem os fracassos de público e crítica ele agora tenta inovar em um gênero que o diretor mostra não ter muito domínio. Aqui ele tentou segundo suas próprias palavras "criar um terror no ambiente urbano das grandes cidades". Embora o filme "Demônio" seja assinado pelo inexpressivo John Erick Dowdle a verdade é que essa produção tem a marca inconfundível do indiano. Além de produzir "Demônio" o texto é de sua autoria. Então nem adianta colocar um verdadeiro “laranja” como diretor pois todos sabemos que se trata na realidade de um filme de Shyamalan. A premissa é até promissora, tudo passado em apenas um ambiente. Tudo bem em tentar extrair de uma única situação todos os acontecimentos para realizar um filme, o problema é quando a monotonia e o tédio atingem o espectador. Certamente Shyamalan tenta de todas as formas evitar que isso aconteça, mas em vão. Em vários momentos a trama cai no lugar comum, isso quando não se torna puramente absurda e forçada. O argumento inclusive me lembrou de outro filme chamado "Enterrado Vivo" que acabou sendo mais bem sucedido nesse tipo de produção que explora um evento único. Shyamalan também não consegue escapar de cair na pura bobagem. O filme mais parece um episódio do antigo seriado "The Twillight Zone", "Amazing Stories" ou até mesmo "Contos da Cripta". O problema é que se naqueles seriados os episódios duravam pouco mais de meia hora, aqui o filme se estende por quase uma hora e meia... então é inevitável que haja muita enrolação (e tédio). Eu olhei bastante para o relógio durante a exibição do filme e isso definitivamente nunca é um bom sinal. O tempo passou devagar... devagar... Talvez fosse mais produtivo que o filme fosse dividido em duas pequenas estórias de terror já que não cansaria tanto o espectador. Além do mais no final se poderia ao menos gostar de um ou outro episódio do filme. Pena que não pensaram assim. Para falar a verdade Devil é um tanto previsível e chato (e quando sua identidade foi finalmente revelada eu literalmente bocejei pois já tinha perdido o interesse pelo roteiro lá pelos 45 minutos de exibição). Definitivamente não fiquei satisfeito com o desfecho... Enfim, não recomendo muito o filme. Ainda prefiro meus seriados de contos de terror de antigamente. Eram mais honestos em sua proposta. Não foi dessa vez que o indiano acertou novamente.

Pablo Aluísio.

Esquadrão Classe A

Quem é um pouco mais velho certamente se lembra da série original que era exibida pelo canal SBT no Brasil. Esquadrão Classe A era um produto diferente, com muito humor mas focado principalmente na ação desenfreada – até porque se vivia no cinema uma verdadeira febre de filmes de ação estrelados por atores como Stallone, Schwarzenegger e Chuck Norris. O tempo passou, a série sofre queda de audiência e após poucas temporadas foi definitivamente cancelada. Como em Hollywood hoje se vive uma escassez enorme de novas ideias os produtores voltaram na década de 80 em busca de algo para reciclar. A bola da vez foi justamente o Esquadrão Classe A. O que dizer de um filme como esse? Sinceramente acho que os produtores pensam que os jovens de hoje devem ter algum problema de déficit de atenção e por isso colocam uma nova explosão a cada cinco minutos de duração. Será que eles têm receio de que os jovens fiquem distraídos sobre o que se passa na tela e por isso promovem uma explosão atrás da outra para acordar todo mundo? E por que não escrevem um roteiro com o mínimo de inteligência? São questões complicadas de responder. O fato é que o remake de Esquadrão Classe A se resume a isso: uma explosão atrás da outra, uma cena inverossímil seguida de outra e quando já estamos fartos de tanta pirotecnia o filme simplesmente acaba. Nada é desenvolvido a contento, nada é minimamente explorado e a sensação de vazio impera quando o filme finalmente chega ao seu final.

Não que a série original fosse muito melhor do que isso mas a questão é que estamos falando de algo produzido há quase 30 anos, então o mínimo que se poderia esperar agora era que realizassem algo melhor, mais bem feito, mais caprichado. O pior desse filme é seu argumento bobo demais. Tudo gira em torno da busca por placas matrizes usadas para a fabricação de dinheiro que foram roubadas do governo americano. Até aí tudo bem. O que me deixou perplexo é entender porque tanto alvoroço por isso? Será que os roteiristas não sabiam que essas placas são numeradas e basta o Banco Central cancelar seus números de série para tudo se resolver? Acho que não pois no filme o governo dos EUA faz de tudo para recuperar elas. E tome explosão. No cinema então o filme se torna um tormento tremendo, tamanha a barulheira sem fim. Como o roteiro é previsível temos também uma pequena reviravolta envolvendo os vilões do enredo mas nada de muito surpreendente. E é só. Fui com as expectativas bem baixas, esperando um filme assim e realmente ele conseguiu ser pior do que eu esperava. Melhor rever o Mr T fazendo cara de mau no seriado antigo. Era mais divertido.

Esquadrão Classe A (The A-Team, Estados Unidos, 2010) Direção: Joe Carnahan / Roteiro: Michael Brandt, Derek Haas, Skip Woods / Elenco: Liam Neeson, Bradley Cooper, Quinton "Rampage" Jackson, Jessica Biel, Sharlto Copley, David Richmond-Peck. / Sinopse: O filme narra as aventuras do chamado Esquadrão Classe A. Quando matrizes do governo americano são roubadas o grupo entra em ação para recupera-las.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

A Fera do Rock

Jerry Lee Lewis tinha vocação para piromaníaco. Ele gostava mesmo era de tocar fogo nas coisas. Quando não estava no palco colocando fogo em seu piano, estava fora dele jogando gasolina nas chamas de sua carreira. Foi o mais incendiário artista da primeira geração do Rock ´n´ Roll. Lewis surgiu na Sun Records, a mesma pequenina gravadora de Memphis que revelou Elvis Presley. Tinha talento, ótima perfomance de palco e uma postura que reunia rebeldia, arrogância e ousadia. Seu sonho era um dia se tornar maior que o próprio Elvis! Após emplacar vários sucessos partiu para uma viagem à Inglaterra naquela que seria sua turnê de consagração. O futuro parecia promissor e brilhante. Infelizmente a imprensa britânica acabou com seus sonhos. Um jornalista descobriu meio que ao acaso que ele havia se casado com sua prima de apenas 14 anos. Isso bastou para que tudo viesse abaixo em pouco tempo. Lewis foi banido das rádios, seus shows foram cancelados e em pouco tempo ele viu tudo o que restava de sua outrora carreira virar literalmente cinzas. A vida do chamado “The Killer” é certamente das mais interessantes e curiosas da música americana e por isso em 1989 virou filme sob direção de Jim McBride, com Dennis Quaid no papel principal. Embora historicamente incorreto em alguns aspectos “A Fera do Rock”  é até hoje lembrado com carinho pelos fãs de musicais em geral.

A estética que foi escolhida foi bem technicolor, exagerada, vibrante, com linguagem das comédias românticas dos anos 50. A trilha sonora é uma delícia e reúne todos os grandes sucessos de Lewis no auge de sua carreira como Great Balls Of Fire, Whole Lotta Shakin’ Goin’ On, Crazy Arms e High School Confidential. É certo que Dennis Quaid está muito afetado na pele de Jerry Lee Lewis mas isso não tira o charme da produção. Uma jovem e talentosa Winona Ryder dá brilho ao elenco ao interpretar Myra Gale Brown, a prima adolescente de Lewis que acabaria sendo sua ruína. O elenco aliás está muito bem, com todos à vontade em seus respectivos personagens. O próprio Jerry Lee Lewis resolveu participar do clipe promocional do filme, cantando e tocando piano ao lado de Dennis Quaid. Tirando esse lado mais colorido da película a verdade pura e simples é que a vida de Lewis estaria mais para um drama pesado do que para uma comédia musical como essa. Eu entendo que os produtores não quiseram fazer nada baixo astral e ao invés disso optaram por celebrar o artista. Nada há de errado nisso. Só que se deve registrar que o que fizeram a Lewis durante muitos anos foi de uma crueldade imensa. Arrasaram com um artista talentoso apenas por uma questão de falso moralismo extremo. Ainda bem que Jerry Lee Lewis é acima de tudo um grande sobrevivente. Enfrentou todas as barras e conseguiu em vida ver sua estrela renascer novamente. Palmas para ele. O que fica é a certeza que Jerry Lee Lewis foi certamente um grande nome do Rock americano que merece todo o respeito e reverência. Um verdadeiro The Killer que marcou para sempre a música do nosso tempo.


A Fera do Rock (Great Balls of Fire!, Estados Unidos, 1989) Direção: Jim McBride / Roteiro: Jack Baran, Jim McBride baseados no livro de Myra Lewis e Murray Silver Jr./ Elenco: Dennis Quaid, Winona Ryder, Stephen Tobolowsky, Trey Wilson, Alec Baldwin / Sinopse: Cinebiografia do cantor de rock dos anos 50 Jerry Lee Lewis. Revelado pela Sun Records de Sam Phillips acaba tendo sua carreira destruída por ter se casado com sua prima menor de idade.

Pablo Aluísio

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Bolt - O Supercão

Na guerra pelas bilheterias das animações os estúdios Disney nunca brincam em serviço, lançando todos os anos fortes candidatos no mercado. Esse Bolt certamente tem pedigree, com custo milionário (130 milhões de dólares) o filme deixa a animação tradicional de lado para apostar de uma vez por todas nas técnicas mais modernas, com produção digital de última geração. Para tanto a Disney teve a coragem (e ousadia) de escalar dois novatos para a direção! Convenhamos que bater de frente com a Pixar com dois marinheiros de primeira viagem, mesmo tendo um orçamento milionário nas mãos, pode não ser uma boa idéia. Embora a dupla Byron Howard e Chris Williams tenha se esforçado em entregar um produto à altura do absurdo padrão de qualidade da Disney o fato é que o resultado deixou a desejar. A animação inclusive parece não ter agradado muito o público, tanto que sua bilheteria foi considerada bem decepcionante. Mas afinal o que deu errado em Bolt?

De certa forma a falta de um gancho melhor no enredo pesou contra a animação. A trama é bem simples: Bolt é um simpático cãozinho usado em programas de TV que acredita ter realmente super poderes. Quando sem querer vai parar nas ruas acaba descobrindo a realidade: que é apenas um cão ator e não um super-herói todo poderoso. Ao seu lado aparecem dois novos amigos, um Hamster que vive dentro de uma bolha de plástico (um dos mais divertidos personagens) e uma gata com muita personalidade. Já a garotinha Penny tem a voz na versão americana da estrela teen Miley Cyrus. O enredo vai fazer você se lembrar imediatamente de outros filmes famosos como "Ed Tv" e "O Show de Truman". Será que esse enredo se mostrou complexo demais para as a garotada? Ainda mais para seu público alvo que são as crianças até no máximo 10 anos? Pode ser. Mesmo assim, sendo considerado um dos filmes menores da Disney a animação deve ser assistida. Não é nenhum clássico do eterno estúdio mas vista sob um ponto de vista de mero passatempo pode até mesmo divertir.

Bolt - O Supercão (Bolt, Estados Unidos, 2008) Direção: Byron Howard, Chris Williams / Roteiro: Chris Sanders / Elenco (vozes): John Travolta, Milley Cyrus, Susie Emans, Malcolm McDowell / Sinopse: Caõzinho ator que vive dentro de um programa de TV pensa ter super poderes como um verdadeiro super- herói. Quando vai para as ruas descobre a verdade sobre sua vida.

Pablo Aluísio.

O Campeão de Hitler

Max Schmeling (1905 - 2005) foi um campeão de boxe alemão que conseguiu conquistar o título de pesos pesados vencendo a lenda americana Joe Louis em plena Nova Iorque nas vésperas da II Guerra Mundial. Como não poderia deixar de ser o Estado Nazista Alemão procurou de todas as formas se apropriar da vitória do lutador para propagar suas idéias racistas de superioridade branca. Joe Louis, o lutador americano, era negro e Schmeling era o que Hitler gostava de chamar de ariano puro. Para os nazistas a vitória de Max representava a concretização de suas teses que afirmavam serem os negros inferiores aos arianos brancos. O curioso é que Max não era um nazista, apenas um esportista que não conseguia desvencilhar seu talento esportivo da propaganda política do Terceiro Reich. A história como se vê é das mais interessantes mas esse "O Campeão de Hitler" não consegue alcançar maiores vôos se limitando a apenas contar os fatos da forma mais didática (e burocrática) possível. A produção não é vergonhosa ou algo do tipo, dentro de suas possibilidades tudo é ambientado de forma razoável, o problema realmente é que o filme não consegue mostrar muito da personalidade do personagem principal, não explora melhor o conflito que viveu e fica praticamente ali no básico, sem qualquer tipo de inovação ou ousadia artística.

Mesmo sendo muito limitado esse filme serve para duas coisas pelo menos: A primeira é conhecer melhor a história de  Max Schmeling, seu auge, sua fama e depois sua queda e declínio e depois servir de trampolim para que o espectador possa pesquisar melhor sobre esse esportista. Entre as curiosidades mais interessantes basta citar que após a Guerra, pobre e desempregado, o boxeador para ganhar o pão de cada dia ia até as bases militares americanas apostar lutas com os soldados em busca de alguns trocados. Mesmo assim engana-se quem pensa que Max morreu pobre e jogado em alguma sarjeta. Por um desses caprichos do destino ele conseguiu dar a volta por cima e através de seus amigos na América conseguiu os direitos de comercialização de um produto americano que permanecia inédito na Alemanha até aquele dia. O nome do produto? Coca-Cola!!! Nem é preciso explicar que morreu milionário. Maior ironia do destino que essa poucas vezes vi em minha vida. Em suma, "O Campeão de Hitler" passa longe de ser um filme brilhante, pelo contrário, é burocrático e quadrado ao extremo, mas servirá pelo menos como curiosidade histórica.

O Campeão de Hitler (Max Schmeling, Alemanha, 2011) Direção: Uwe Boll / Roteiro: Timo Berndt / Elenco: Henry Maske, Susanne Wuest, Heino Ferch / Sinopse: Cinebiografia do boxeador Max Schmeling, que durante o auge do nazismo na Alemanha conseguiu vencer a lenda americana, o campeão Joe Louis, em plena Nova Iorque. Usado como propaganda por Hitler viu sua fama e sucesso acabar com a explosão da II Guerra Mundial.

Pablo Aluísio.

Homem de Ferro

Primeira aventura do Homem de Ferro nos cinemas. Esse personagem da Marvel sempre foi muito querido pelos fãs dos quadrinhos mas nunca havia tido um tratamento tão vip como agora. Embora tenha seus fãs mais leais o fato é que o Homem de Ferro vinha em crise de popularidade, tendo inclusive seus títulos próprios cancelados no Brasil. O filme porém mudou tudo, agora ele é sempre um dos mais lembrados heróis do universo Marvel, virando inclusive uma força no mercado de licenciamentos com muitos brinquedos, jogos, camisas e demais bugigangas à venda. De fato o personagem é bem interessante, não apenas por ser uma nova versão dos antigos robôs dos filmes de ficção da década de 50 mas por ter também um alter ego muito singular, o bilionário Tony Stark (Robert Downey Jr.). Um fato curioso que poucos parecem se dar conta é que Stark é na realidade uma versão no mundo da ficção de Howard Hughes, um excêntrico magnata que viveu nos EUA (e que foi retratado pelo cinema no filme "O Aviador" com Leonardo Di Caprio fazendo o papel). Hughes assim como Stark era louco por tecnologia e aplicava muito tempo e dinheiro com invenções - algumas bem malucas - e aventuras. Morreu completamente louco e isolado em um quarto de hotel em Las Vegas, cercado de lixo e fezes por todos os lados. Apesar de seu final inglório Hughes está em Stark em praticamente todos os aspectos, seu visual (com o famoso bigodinho), seus maneirismos, seus projetos mirabolantes, etc. 

Esse Homem de Ferro, o filme, faz parte de um longo processo que vem há tempos se perpetuando no mundo do cinema americano. Descobriu-se, desde Batman de Tim Burton, que havia uma enorme legião de fãs de quadrinhos ávidos por consumir filmes de seus super-heróis preferidos. Vendo a mina de ouro os estúdios correram atrãs dos direitos autorais o que não foi fácil pois a Marvel sempre foi muito mal gerenciada, vendendo os seus direitos sem muito critério. A batalha pelos direitos do Homem Aranha, por exemplo, durou anos! Como o Homem de Ferro sempre foi considerado um personagem de segundo escalão a compra dos direitos de uso foi bem mais fácil. O filme é muito eficiente, bem realizado e competente. Nada de muito brilhante surge em cena mas em nenhum momento a produção decepciona. Robert Downey Jr, depois de anos de abuso de drogas e vexames públicos conseguiu finalmente que um grande estúdio apostasse as fichas nele, o escalando para o personagem principal. Direção de arte, efeitos digitais, tudo parece se enquadrar muito bem no final das contas. O velho Hughes certamente ficaria orgulhoso. 

Homem de Ferro (Iron Man, Estados Unidos, 2008) Direção: Jon Favreau / Roteiro:: Arthur Marcum, Matt Holloway, Mark Fergus, Hawk Ostby baseados no famoso personagem da Marvel criado por Stan Lee  / Elenci: Robert Downey Jr., Terrence Howard, Gwyneth Paltrow, Jeff Bridges, Samuel L. Jackson, Leslie Bibb, Stan Lee, Shaun Toub, Bill Smitrovich, Faran Tahir. / Sinopse: Tony Stark (Robert Downey Jr) é  um excêntrico bilionário e industrial que resolve criar uma inédita arma de guerra, uma armadura letal que também lhe serve como salva vidas uma vez que ele depende do equipamento para sobreviver.

Pablo Aluísio.

domingo, 7 de outubro de 2012

Facção Vermelha

O planeta vermelho continua sendo alvo das piores bombas que são lançadas. Parece que todo filme vagabundo usa Marte como cenário ultimamente. Esse Facção Vermelha é dos piores. Baseado em game a produção não consegue acertar em quase nada. O roteiro é clichê, da primeira à última cena. Um mistura vulgar de elementos que fizeram parte de Guerra Nas Estrelas e O Vingador do Futuro. Personagens ridículos interpretados por atores ineptos, tudo embalado por alguns dos diálogos mais estúpidos já escritos. Como se não bastasse tanta ruindade ainda temos que perder tempo com o enredo patético: No futuro, 25 anos após Marte de tornar independente da Terra, grupos rivais lutam pelo controle do planeta. Há os rebeldes conhecidos como Saqueadores que lutam contra a chamada “Facção Vermelha” (esquerdistas de araque) e por fim o governo estabelecido que combate todos eles. A direção de arte é horrível, fora de moda, brega, ultrapassada.

No meio da lama de tanta incompetência só um ator é mais conhecido: Robert Patrick. Para quem já fez Arquivo X e Exterminador do Futuro 2 certamente é uma vergonha participar de um projeto vagabundo como esse. O personagem principal é interpretado pelo ator Brian J. Smith, que é simplesmente 100% inexpressivo e sem talento. O resto do elenco não merece sequer menção. O vilão é um estúpido capitão com tapa olho! Um horror! Por fim cabe falar sobre os efeitos digitais. São todos fracos e mal feitos. Enfim o filme é tão ruim que não merece nem mais ser detonado, apenas ignorado. Fuja desse “Facção Vermelha” que é seguramente um dos piores filmes de ficção feitos ultimamente. Sem graça e chato só merece o ostracismo eterno, seja aqui ou seja em Marte!

Facção Vermelha (Red Faction: Origins, Estados Unidos, 2011) Direção: Michael Nankin / Danny Bilson, Paul De Meo / Elenco: Brian J. Smith, Danielle Nicolet, Kate Vernon, Robert Patrick / Sinopse: três grupos lutam pelo controle do planeta Marte após esse se tornar independente da Terra.

Pablo Aluísio.

Como Treinar o Seu Dragão

Animação baseada no livro infantil How to Train Your Dragon, de Cressida Cowell. A trama gira em torno de um jovem guerreiro que descobre um dragão ferido e resolve criar ele como seu bichinho de estimação. Dreamworks é o mais jovem entre os estúdios de Hollywood e aqui consegue um de seus grandes sucessos no mundo da animação. Por ser uma companhia novata vive envolvida em boatos de fechamento, venda, negociação, etc. A única grande força por trás da Dreamworks realmente é a grife Spielberg. Bom, pelo menos agora eles também podem estampar o grande sucesso dessa animação que chegou entre as dez maiores bilheterias de 2010. Cair no gosto do grande público é o sonho de todo estúdio hoje e cair no gosto justamente com uma animação é um sonho ainda maior: geralmente esses filmes são altamente lucrativos pois não custam tão caro e nem se apóiam em estrelas egocêntricas que podem de uma hora pra outra afundar uma nova franquia milionária.

Esse "Como Treinar o Seu Dragão" é bom mas não está no nível das animações da Pixar. Embora o filme tenha boas cenas de ação e aventura, um dragão carismático e uma série de bons personagens secundários o resultado final, embora satisfatório, fica apenas na média. As crianças obviamente vão adorar, embora o roteiro seja mais indicado para os garotinhos, por ser uma aventura mais vigorosa sem as nuances românticas que cativam as meninas. A ação fica em primeiro plano. Além disso gostei da mensagem ecológica que o roteiro traz, demonstrando que o homem e a natureza não precisam ser necessariamente inimigos mas sim que devem caminhar juntos pelo progresso de ambos. Como era de se esperar já foi anunciada sua continuação. Ninguém pode ignorar os milhões que a animação rendeu nas bilheterias. Fora o sucesso de público a animação também parece ter agradado muito aos membros da Academia pois foi indicado aos Oscars de melhor Filme de Animação, Trilha Sonora e Música Original. Um saldo mais do que positivo. Steven Spielberg agradece.

Como Treinar o Seu Dragão (How To Train Your Dragon, Estados Unidos, 2010) Direção: Dean DeBlois, Chris Sanders / Roteiro: William Davies, Dean DeBlois, Chris Sanders / Elenco (vozes):  Jay Baruchel, Gerard Butler, Craig Ferguson, America Ferrera, Jonah Hill / Sinopse: Um jovem guerreiro descobre um dragão e resolve criar ele como seu bichinho de estimação.

Pablo Aluísio.

A Era do Gelo 4

Quarta continuação da franquia de animação Ice Age. Essa é a galinha dos ovos de ouro dos estúdios Fox. Os personagens são carismáticos, os enredos são redondinhos e a clima de humor infantil conquistou muitos fãs durante todos esses anos. O curioso é que mesmo estando na quarta aventura a série não parece perder fôlego, conquistando ótimas bilheterias ao redor do mundo. Apesar do público não mostrar sinais de cansaço com o filme a verdade pura e simples é que os roteiros começaram a dar voltas, sem ir para lugar nenhum. Aqui os roteiristas resolveram acrescentar novos personagens, sendo vários deles piratas dos sete mares – numa óbvia tentativa de pegar carona em outra franquia de grande sucesso, “Piratas do Caribe”. O resultado é irregular, sem novidades, batendo nas mesmas teclas de sempre.

O projeto foi desde o começo idealizado pelo talentoso cineasta brasileiro Carlos Saldanha. O sucesso lhe daria carta branca para desenvolver novos projetos, alguns bem pessoais como a animação “Rio”. Pra falar a verdade se formos comparar os dois filmes, essa franquia é bem superior. Um dos trunfos de “A Era do Gelo” é o esquilinho que sempre está em busca de seu alimento preferido. Em gags cômicas muito divertidas, que lembram inclusive as antigas animações televisivas como “Tom e Jerry” e “Papa Léguas”, o personagem encanta as crianças, principalmente as mais pequeninas. Então é isso, a Era do Gelo segue com sua galeria de personagens amados pelas crianças como o mamute Manny (Ray Romano / Diogo Vilela), o tigre dente-de-sabre Diego (Denis Leary / Márcio Garcia) e a atrapalhada preguiça Sid (John Leguizamo / Tadeu Mello). Não esquecendo também da simpática avó de Sid e sua mascote preciosa (que vai ser uma grata surpresa para a garotada). Essa quarta aventura não traz nada de novo mas isso parece ser irrelevante para o público alvo que não parece disposto a abrir mão de todos eles.

A Era do Gelo 4 (Ice Age: Continental Drift, Estados Unidos, 2012) Direção: Steve Martino, Mike Thurmeier / Roteiro: Michael Berg, Jason Fuchs, Mike Reiss / Elenco: Ray Romano, Denis Leary, John Leguizamo, Queen Latifah / Elenco nacional: Diogo Vilela, Márcio Garcia, Tadeu Mello, Cláudia Jimenez / Sinopse: Após o colapso de uma placa da terra em decorrência de mudanças climáticas, os simpáticos Manny, Diego, Sid e sua avó se lançam nos sete mares onde enfrentarão piratas, sereias e todos os tipos de aventuras. 

Pablo Aluísio.

Os Deuses Vencidos

Eu considero esse filme simplesmente obrigatório para todos os cinéfilos. O elenco é estrelar e o roteiro muito bem desenvolvido, resultando numa produção memorável. “Os Deuses Vencidos” foi baseado no famoso livro de autoria de Irwin Shaw. A proposta é mostrar aspectos da II Guerra Mundial sob o ponto de vista de alguns combatentes, tanto do lado dos aliados como também dos soldados do Eixo. Tudo mostrado sem cair nos clichês típicos dos filmes de guerra, que sempre procuraram mostrar os soldados americanos como heróis virtuosos e os alemães como monstros assassinos e sanguinários. A intenção é realmente construir um mosaico mais próximo da realidade, mostrando que em ambos os lados lutaram pessoas comuns, com sonhos e objetivos que foram interrompidos de forma brutal pela guerra. Olhando sob esse ponto de vista realmente não existia grande diferença entre um militar americano ou alemão. Todos queriam voltar para casa o mais rapidamente possível, sobreviver aos combates e retornar para a vida que tinham antes da guerra começar. O filme tem longa duração, com quase três horas de duração, e é fácil entender o porquê. São duas histórias paralelas que se desenvolvem ao mesmo tempo. Na primeira somos apresentados ao tenente alemão Christian Diestl (Marlon Brando) na França ocupada. Essa parte é bem interessante pois o ator na época fez questão de mostrar o oficial nazista como um ser humano comum e não como o vilão caricato dos filmes de guerra que conhecemos. Nem é preciso dizer que Marlon se saiu muito bem em mais uma atuação marcante de sua filmografia.

Na outra estória, passada no lado dos militares aliados, acompanhamos dois soldados americanos (Dean Martin e Montgomery Clift) que são convocados e mandados para a Normandia. Essa parte do roteiro foca bastante na vida dos que participaram da maior batalha da guerra, no evento que ficaria conhecido pela história como “Dia D”. Dean Martin repete seu papel contumaz de "Mr Cool". Aqui ele interpreta um cantor da Broadway que faz de tudo para escapar da guerra e do front mas que não consegue escapar de ir para o campo de batalha. Já Montgomery Clift apresenta uma grande interpretação como um soldado judeu que sofre nas mãos de seus colegas de farda durante seu treinamento. Seu papel me lembrou muito o que ele representou em "A Um Passo da Eternidade". Seu aspecto não é nada bom em cena. Os sinais físicos do alcoolismo já são nítidos e Clift aparece muito magro e abatido, com aspecto doentio. Mesmo assim está fabuloso em suas cenas. Ponto para Marlon Brando que fez de tudo para que o colega fosse escalado para o filme pois sabia que isso iria lhe ajudar a superar a crise pessoal pelo qual vinha passando. A direção foi entregue ao veterano das telas Edward Dmytryk; Com experiência em filmes de guerra como “A Nave da Revolta” o  diretor sabia que estava trabalhando com dois atores muito sensíveis e carismáticas proveniente do Actor´s Studio. Assim procurou abrir uma linha de diálogo com ambos. Ele já tinha trabalhado com Clift em seu filme anterior, “A Árvore da Vida” e por isso sentiu-se tranquilo em relação a ele. Já com Brando procurou manter uma relação no nível profissional. Sabia que Marlon Brando poderia ser tanto um ator maravilhoso no set como um terror para os cineastas que trabalhavam com ele. No final se deram bem e tudo correu sem maiores problemas. O resultado de tantos talentos juntos se vê na tela pois “Os Deuses Vencidos” é hoje em dia considerado um filme essencial dentro do gênero. Um verdadeiro clássico.


Os Deuses Vencidos (The Young Lions, Estados Unidos, 1958) Direção: Edward Dmytryk / Roteiro: Edward Anhalt baseado no livro de Irwin Shaw / Elenco: Marlon Brando, Montgomery Clift, Dean Martin,  Maximilian Schell, Lee Van Cleef,  Hope Lange, Barbara Rush / Sinopse: Durante a II Guerra Mundial militares americanos e alemães sofrem o impacto do conflito em suas vidas pessoais e profissionais.

Pablo Aluísio.

sábado, 6 de outubro de 2012

Medea

Antes de qualquer coisa é bom salientar que o texto de Medea (ou Medeia em nossa língua) é milenar. Escrito por Eurípides há séculos, só chegou indiretamente até nós por causa de Apolônio de Rodes que teve acesso aos textos originais na biblioteca de Alexandria (que infelizmente seria destruída anos depois). É considerada uma das maiores obras da tragédia grega clássica e historiadores estimam que tenha sido escrita por volta de 450 anos antes de Cristo. Assim quando assisto uma peça ou um filme baseado nesse texto mitológico assumo uma postura de extremo respeito e devoção em relação à genialidade e a originalidade da cultura humana, desde seus primórdios. Aqui a obra ganhou a versão na visão do diretor Lars Von Trier. Egresso do movimento Dogma o diretor rejeita certos maneirismos do cinema mais tradicional para imprimir na tela uma linguagem mais solta, espontânea e natural. Mesmo assim não deixa o respeito ao texto original de lado, procurando dar um sopro de vida nova mas sem passar por cima da tradição do manuscrito clássico.

Dito isso fiquei realmente comovido com o talento de Lars Von Trier ao lidar com uma obra tão importante. Lars brinda o espectador com imagens belíssimas, de grande teor simbólico. Por exemplo, ao lidar com a perda de sua humanidade, Lars coloca Medea andando no horizonte sobre uma terra árida, inóspita. Uma alegoria da desertificação da própria alma da personagem. Além disso usa com extrema elegância e inteligência os elementos de cena que dispõe. Há uma profusão de tomadas utilizando-se de sombras, ventos, névoas - tudo manipulado com raro brilhantismo. A produção é modesta mas isso não impede que o diretor use o que tem em mãos com delicadeza e sabedoria. O elenco, todo nativo do país de Lars, assume uma postura teatral de excelente impacto. O resultado final não poderia ser menos do que excelente. Mais um trabalho essencial desse talentoso e genial cineasta.

Medea (Suécia, 1988) Direção: Lars von Trier / Roteiro: Lars von Trier, Carl Theodor Dreyer, Preben Thomsen baseado na obra de Euripides / Elenco: Udo Kier, Kirsten Olesen, Henning Jensen / Sinopse: Medea é uma nobre que se vê no meio de uma série de traições promovidas pelos detentores do poder. Buscando por vingança ela não hesitará em sacrificar tudo aquilo pelo que mais ama nessa vida.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Dogville

O mundo é hostil. Essa é a mensagem que permeia todo o enredo de Dogville, um dos filmes mais instigantes e inovadores do cinema moderno. Assinado por Lars Von Trier o argumento é uma crônica sobre a maldade e a hipocrisia humanas. Usando como microcosmo uma pequena cidade do oeste americano vamos acompanhando as atrocidades e explorações cometidas contra Grace Margaret Mulligan (Nicole Kidman), uma forasteira que chega nessa localidade e descobre, da pior maneira possível, como a humanidade é hipócrita, sórdida, imunda. Todos os moradores cultivam externamente uma postura de bondade, de ética, de moralidade. Por baixo das convenções sociais porém existe um mar de ódios, sentimentos mesquinhos, invejas, desejos baixos, mostrando a verdadeira face da corja local. Lars aqui usa esse grupo populacional para expor toda a sociedade humana. Através do micro ele tenta mostrar ao espectador o macro, o cerne da hipocrisia humana elevada à nona potência. O diretor sempre procurou em seus filmes expor teses, defender argumentos. O seu ponto de vista aqui é muito simples de entender. O que Lars propõe é simplesmente expor as vísceras do mundo em que vivemos. A lição básica é: que não se deve confiar em ninguém pois o mundo na verdade é sim muito hostil.

Além do tema central Lars também inova na própria maneira de se realizar um filme. A linguagem utilizada é totalmente inovadora e singular. A produção não tem cenários, nem portas, nem ambientes. Toda a pequena cidade do Colorado no qual se passa a estória de Dogville simplesmente não existe. Apenas marcas no chão mostram os limites entre as casas, as ruas e os logradouros públicos. A idéia é certamente genial mas pegou muita gente de surpresa no lançamento do filme. Os mais desavisados com o cinema transgressor de Lars ficaram inicialmente um pouco perdidos diante de tudo aquilo mas logo se ambientaram, até porque o texto de Dogville é tão substancial, tão bem escrito que tudo o mais se torna meramente secundário. Para que portas e janelas se o próprio argumento do filme já é tão maravilhoso? O elenco está genial. Como sempre Lars extraiu tudo o que podia de seus atores. Para Nicole Kidman as filmagens se transformaram em uma experiência visceral que ela até hoje não consegue esquecer. O resultado de tanto preciosismo surge na tela. Não resta a menor dúvida que essa foi a maior atuação de sua carreira. Kidman se entrega de corpo e alma à sua personagem e não me admira que tenha saído das filmagens com os nervos em frangalhos! Dogville é uma experiência tão marcante que não deixou ninguém ileso  O espectador também não ficará imune ao que se passa em cena. Por isso realço o convite, se ainda não viu Dogville não perca mais tempo. Esse é um filme realmente essencial. Uma obra prima do gênio Lars Von Trier. No final da exibição, quando as luzes se acenderem e você voltar à realidade certamente concordará com a mensagem do cineasta. Sim, o mundo é hostil.

Dogville ((Dogville, Suécia / Estados Unidos, 2003) Direção:: Lars von Trier / Roteiro: Lars Von Trier / Elenco: Nicole Kidman, Harriet Andersson, Lauren Bacall, James Caan, Jean-Marc Barr./ Sinopse: Durante a grande depressão da década de 1930 a jovem Grace (Nicole Kidman) chega num pequeno vilarejo no interior dos EUA. No começo é muito bem acolhida pelos moradores mas em pouco tempo começa a ser explorada em um processo de degradação de sua condição. O que poucos sabem é que Gracie está sendo procurada, tanto por um grupo de gangsters como pela polícia da região.

Pablo Aluísio.

Contra o Tempo

Título no Brasil: Contra o Tempo
Título Original: Source Code
Ano de Produção: 2011
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Duncan Jones
Roteiro: Ben Ripley
Elenco: Jake Gyllenhaal, Michelle Monaghan, Vera Farmiga
  
Sinopse:
Colter Stevens (Jake Gyllenhaal) é um militar americano que é escolhido para participar de uma série de testes para a ciência. Esse é um projeto secreto do governo que poderá revolucionar para sempre o mundo científico. Ele assim se torna assim uma cobaia dentro de uma experiência inédita envolvendo regresso no espaço - tempo. Filme indicado ao Visual Effects Society Awards e ao Sci Fi and Fantasy Writers of America.

Comentários:
Aqui vão algumas considerações iniciais: "Contra o Tempo" é um filme extremamente bem elaborado, pensado e construído. Ele lida com muitos temas que inclusive vão passar em branco para a maioria dos espectadores (como o conceito de universos paralelos) e o mais interessante de tudo, o filme só tem 8 minutos de duração! Isso mesmo, embora obviamente sua metragem não seja essa, o fato é que o filme se desenvolve apenas nesses oito minutos de trama e nada mais. Claro que poderia ser bem cansativo assistir algo assim, nesse formato, mas o roteiro é tão bem desenvolvido que não ficamos aborrecidos, pelo contrário, o argumento realmente flui bem nesse aspecto. Além disso o manejo eficiente de conceitos físicos como tempo, espaço, universos paralelos, teoria do caos e relação causa e efeito são tão bem articulados que convidam o espectador a rever o filme várias vezes para que ele consiga penetrar em todas as nuances do intrigante argumento. Uma boa revisão naquele seu velho livro de física da escola também ajuda na compreensão do roteiro do filme. Como conceito "Contra o Tempo" é muito bom e por incrível que pareça consegue ao mesmo tempo ser boa diversão. Algo que é bem raro para filmes assim, conceituais. Na minha forma de pensar o filme mesmo bem construído apresenta alguns furos de lógica. Não vou aqui desenvolver esses furos pois seria impossível delimitar eles sem entregar toda a história - algo que não farei para não estragar o filme para quem ainda não o assistiu. Mesmo assim, se ignorarmos esses pequenos deslizes racionais, teremos enfim um ótimo programa, inteligente, bem sacado e com final surpresa (e altamente científico, por mais incrível que isso possa parecer). Enfim, recomendo bastante e sugiro para quem gostar do filme que procure conhecer os novos campos de estudo da física moderna. Certamente muita coisa foi utilizada pelos roteiristas nesse campo, o que não deixa de ser um atrativo a mais.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

16 Quadras

Esse foi o último filme do grande realizador Richard Donner. Depois de se unir com grande sucesso a Mel Gibson na franquia "Máquina Mortífera" o diretor resolveu repetir a dose para quem sabe alcançar o mesmo sucesso de antes. Ficou apenas na intenção. Apesar de ter outro grande nome dos filmes de ação no elenco (Bruce Willis, bem envelhecido) a produção nunca decola, nunca empolga. Talvez o roteiro de situação única não convença. O roteiro tem toques de inspiração em antigos westerns psicológicos de tensão - chega a lembrar "Matar ou Morrer" - mas naufraga. O enredo gira em torno do policial veterano Jack Mosley (Bruce Willis). Com passado nebuloso, acusado de ter sido corrupto, ele aceita a perigosa missão de levar uma testemunha por 16 quadras até o tribunal para que ele ajude a enviar para a prisão um criminoso extremamente perigoso. Nem é preciso explicar que no caminho ele sofrerá todo tipo de atentados e tentativas de assassinato.

O enredo corre à mil, mas não consegue deixar de ser cansativo. Até a caracterização de Bruce Willis ajuda a deixar tudo mais enfadonho. Não que falte ação nas cenas, pelo contrário, o filme é movimentado e agitado, o problema é que muita coisa que acontece com os personagens simplesmente não tem explicação! Por exemplo, quem irá acreditar que a Polícia de Nova Iorque inteira não teria condições de levar uma testemunha a um tribunal na própria cidade? E que criminoso seria louco o suficiente para destruir meia cidade só para matar uma testemunha? Muito inverossímil, ainda mais depois dos ataques terroristas de 11 de setembro quando as forças de segurança dos EUA ficaram ainda mais sofisticadas e armadas. Enfim, 16 Quadras se torna decepcionante por causa dos nomes envolvidos. Se não tivesse sido dirigido por Richard Donner muito provavelmente nem ficaríamos tão decepcionados mas como o cineasta está no comando do filme o gostinho de decepção se torna inevitável.

16 Quadras (16 Blocks, Estados Unidos, 2006) Direção: Richard Donner / Roteiro: Richard Wenk / Elenco: Bruce Willis, Mos Def, David Morse, Alfre Woodard, Jenna Stern / Sinopse: Policial de Nova Iorque resolve levar uma testemunha por 16 quadras até o tribunal. A missão não vai ser nada fácil pois um grupo criminoso vai tentar de todas as formas liquidar a testemunha.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Colombiana - Em Busca de Vingança

Garota presencia a morte dos pais por traficantes colombianos. Após conseguir fugir do bando acaba indo atrás de seu tio nos Estados Unidos. Lá acaba se tornando uma das melhores assassinas profissionais do mercado. Não tardará para que parta em busca de vingança!  Esse “Colombiana” é baseado em um roteiro do conhecido diretor Luc Besson. A estória guarda enorme semelhança com “Nikita” e não traz maiores novidades. Na realidade é uma jogada de marketing para atrair o público latino que vive nos EUA. Como se sabe é cada vez maior a presença de imigrantes latinos naquele país então era natural que mais cedo ou mais tarde a indústria cultural americana criasse alguns personagens e filmes para o consumo dessa fatia do publico. Em termos de roteiro e argumento “Colombiana” não traz nada de novo. As sequências de perseguições e tiroteios são bem realizadas mas derivativas. O filme procura utilizar a linguagem mais exagerada, com várias cenas inverossímeis ao estilo “Adrenalina” e "Carga Explosiva" (o diretor inclusive é o mesmo). Algumas vezes a técnica funciona mas em outras não, se tornando forçado demais.

Entre as seqüências que mais chamam atenção duas se destacam; a que se passa em cima de uma piscina com tubarões e uma luta corporal entre a personagem principal e um traficante. Uma briga surreal usando de utensílios domésticos (como toalhas e escovas de dentes) que é bem coreografada. Os vilões, como não poderiam deixar de ser, são caricaturais e vazios. Zoe Saldana (de Avatar) não brilha mas também não compromete. Ela se mostra esforçada no papel que obviamente lhe exigiu muito em termos físicos. Não a achei excepcionalmente sensual ou bonita mas provavelmente seja o aspecto de seu próprio papel que não abre muito espaço para esse tipo de caracterização. O roteiro foca na pura ação e não se preocupa em absoluto em desenvolver qualquer personagem mais a fundo. No final das contas o filme só deve ser recomendado mesmo apenas aos fãs mais ligados ao gênero de pura ação pois para cinéfilos em geral “Colombiana” vai soar mesmo bem vazia e sem conteúdo.  O filme não chega a aborrecer em nenhum momento, é bem movimentado e tem boa produção (até Johnny Cash está presente na trilha sonora) mas em resumo fica por aí mesmo. 

Colombiana - Em Busca de Vingança Colombiana, Estados Unidos, 2011) Direção: Olivier Megaton / Roteiro: Luc Besson, Robert Mark Kamen / Elenco: Zoe Saldana, Lennie James, Graham McTavish, Callum Blue, Michael Vartan / Sinopse: Garota presencia a morte dos pais por traficantes colombianos. Após conseguir fugir do bando acaba indo atrás de seu tio nos Estados Unidos. Lá acaba se tornando uma das melhores assassinas profissionais do mercado. Não tardará para que parta em busca de vingança!

Pablo Aluísio.

Avatar

Título no Brasil: Avatar
Título Original: Avatar
Ano de Produção: 2009
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: James Cameron
Roteiro: James Cameron
Elenco: Sam Worthington, Sigourney Weaver, Michelle Rodriguez, Zoe Saldana
  
Sinopse:
Fantasia que mostra um mundo distante que é invadido por uma civilização que quer dominar o lugar, impondo sua visão colonialista ao pacífico povo local. Ao lado de humanos os nativos começam a lutar por sua liberdade e pela natureza de seu planeta. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (Mauro Fiore), Melhores Efeitos Especiais (Joe Letteri, Stephen Rosenbaum e Richard Baneham) e Melhor Direção de Arte (Rick Carter e Robert Stromberg). Filme indicado ao Oscar de Melhor Filme.

Comentários:
Avatar é uma das maiores enganações da história do cinema. Um filme que não se parece com um filme, já que não tem peças vitais para isso como um roteiro bem escrito, um argumento convincente e atuações decentes. É um produto feito único e exclusivamente para mostrar os avanços tecnológicos em efeitos digitais e nada mais. Falar do roteiro ridículo e mal escrito de Avatar é chover no molhado. Escrito por James Cameron, ele repete todos os problemas de filmes anteriores de sua filmografia. O argumento é piegas, boboca e se apoia numa mensagem tipicamente de ecochatos. Apelar para o sentimentalismo é válido, desde que se tenha o talento para isso como Spielberg. No caso de Cameron tudo desanda para a simples breguice. Em termos de atuação Avatar também inexiste. Poucas são as atuações "live action", sendo a maioria das cenas apenas virtuais. Isso talvez não fosse grande problema se a dupla central do filme não fosse completamente medíocre. Não consigo até hoje determinar quem é pior, Sam Worthington ou Zoe Saldana. São simplesmente péssimos! O Sam inclusive por causa do sucesso desse filme espalhou sua canastrice para outros projetos que poderiam dar certo, sem sua insignificante presença, como aconteceu com "Fúria de Titãs". Já a Zoe parece que vai desaparecer sem deixar rastros (graças a Deus!). A lamentar apenas a presença de Sigourney Weaver nisso. Ela tenta, mas não há salvação para "Avatar" no quesito atuação. A única coisa que sustenta é a presença pesada de efeitos digitais. São bem feitos, é preciso reconhecer, mas também cansam. A tentativa de fazer um mundo super colorido e bonito, além de irreal demais, é chato. Nenhum lugar do universo é assim. Só a mente de um ecochato emo para criar aquilo. Aliás falando em criação esse é outro problema grave de "Avatar" já que o filme é também supostamente um dos grandes plágios do cinema mundial. Parece que nada em "Avatar" foi originalmente criado. Quando o filme foi lançado os internautas mostraram de onde veio todo aquele universo nada original: antigas publicações de quadrinhos, capas de discos de rock progressivo e filmes da Disney como "Pocahontas". Sobrou semelhanças até para com o western "Dança com Lobos". Enfim não adianta ir adiante mostrando os defeitos de Avatar (eles são muitos). Só um marketing agressivo como foi feito para justificar o sucesso absurdo. Avatar é banal, derivativo, boboca e chato. Aliás nem é um filme, é um programa de computador. Como gosto de filmes, ele me soa até hoje como uma tremenda bobagem.

Pablo Aluísio.

Príncipe da Pérsia

Eu estou impressionado com a ruindade dos roteiros de blockbusters que tem saído de Hollywood. Além de serem ruins são todos iguais entre si. Vejam o seguinte argumento: "Grupo de pessoas lutam entre si para conquistar um objeto importante no enredo". Pois bem esse argumento foi utilizado em três filmes pipoca que assisti apenas nas últimas semanas. Em "Esquadrão Classe A" todos corriam atrás de matrizes de fabricação de dinheiro, em "Encontro Explosivo" todos corriam atrás de baterias ou pilhas de energia infinita e agora nesse "Príncipe da Pérsia" todos correm atrás de um adaga que fez o tempo voltar ao passado. Tudo igual, pelo amor de Deus, tenha santa paciência. Tudo bem que é baseado em um game e nos jogos não há realmente nenhuma estória para contar mas deveriam ao menos elaborarem um roteiro mínimo ao filme pois basicamente o que vemos aqui é uma sucessão de correrias que não levam a lugar nenhum. O diretor Mike Newell até se esforçou para realizar um filme visualmente bonito, com cenas bem trabalhadas no aspecto visual, mas isso é muito pouco para uma obra tão vazia.

Acho que "Avatar" deixou um rastro de roteiros vagabundos por onde passou. De repente os produtores caíram na real e descobriram que nem era mais preciso fazer um roteiro decente, bastava colocar efeitos especiais e correrias, mais nada. Esse "Príncipe da Pérsia" é derivativo da primeira à última cena. Originalidade zero. Não passa de uma fórmula requentada, no caso os filmes de "Mil e Uma Noites" das décadas de 40 e 50 dos estúdios Universal. Se aquelas já eram produções B feitas para cinemas poeira, imagine isso. O elenco também não tem muito o que fazer além de correr de um lado para o outro. O Jake deve desistir desse tipo de filme, definitivamente não é a praia dele. Dos vilões nem vou comentar - todos estereotipados em um roteiro de quinta categoria. Uma pena que atores do nível de Bem Kingsley e Alfred Molina não tenham qualquer material para trabalhar. O que lhes resta é apenas gritar, fazer expressões furiosas e pra variar correr pra lá e pra cá (isso é basicamente tudo o que elenco faz em cena mesmo) Definitivamente 2010 foi terrível nos chamados filmes chiclete. Esse aqui certamente é um dos piores da safra.

Príncipe da Pérsia (Prince of Persia: The Sands of Time, Estados Unidos, 2010) Direção: Mike Newell / Roteiro: Carlo Bernard, Jordan Mechner, Doug Miro, Boaz Yakin / Elenco: Jake Gyllenhaal, Gemma Arterton, Ben Kingsley, Alfred Molina, Toby Kebbell, Richard Coyle./ Sinopse: Baseado no jogo de game "Príncipe da Pérsia" mostra a estória de Dastan (Jake Gyllenhaal) e sua adaga mágica que traz poderes ilimitados a quem a possui.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Presságio

Tudo começa quando uma garotinha começa a receber mensagens em linguagem matemática. Os números que escreve em uma folha de papel não parecem fazer qualquer sentido e todos interpretam como números simplesmente aleatórios. 50 anos depois a mensagem acaba chegando nas mãos do professor de ciências John Koestler (Nicolas Cage). Ele é cético em relação ao aspecto religioso das pessoas embora seja filho de um pastor protestante. Os números porém  lhe chamam atenção e ele acaba descobrindo uma conexão entre as datas de grandes catástrofes e as sequências numéricas que foram escritas pela colegial tantos anos atrás. Intrigado resolve investigar as origens do estranho escrito. Quando foi lançado esse "Presságio" foi impiedosamente malhado pela crítica. A fita porém conseguiu alcançar um relativo êxito comercial e aqui no Brasil, como sempre acontece com os filmes de Nicolas Cage, conseguiu se tornar um grande sucesso. "Presságio" não é ruim como algumas críticas insistem em dizer. A produção lida com muitos temas ao mesmo tempo, isso é um fato, mas o roteiro procura amarrar todas as pontas soltas que vão surgindo no desenrolar da estória.

Não é de hoje que podemos notar a obsessão dos americanos com o chamado "fim do mundo". Basta apenas ligar a tv a cabo e constatar o grande número de programas que procuram desvendar o tema. Seja sob o ponto de vista religioso, seja sob o ponto de vista científico. O roteiro de "Presságio" nesse aspecto procura abordar todas as visões de uma só vez, o que poderá desagradar a muitos espectadores. Há uma preocupação em colocar tudo no mesmo caldeirão: profecias, religião, ufologia, etc. A mistura pode soar indigesta para alguns. Atirando para todos os lados o resultado realmente torna-se sem foco mas não chega a aborrecer. Claro que um corte seria bem vindo pois o filme é excessivamente longo para o tema a que se propõe, mesmo assim poderá facilmente agradar aos que gostam desse tipo de temática. Eram os Deuses Astronautas? Há vida inteligente fora do nosso planeta? O fim está próximo? O que são profecias? Como será o dia do juízo final? Qual é o futuro da humanidade após o fim de nosso mundo? Todas essas perguntas tentam ser respondidas pelo texto do argumento desse filme. Se for de seu interesse, arrisque. 

Presságio (Knowing, Estados Unidos, 2008) Direção: Alex Proyas / Roteiro: Ryne Douglas Pearson, Juliet Snowden / Elenco: icolas Cage, Rose Byrne, Adrienne Pickering, Nadia Townsend, Ben Mendelsohn, Chandler Canterbury, Terry Camilleri, Angie Diaz, Sally Anne Arnott, Liam Hemsworth, Lara Robinson, Anna Anderson / Sinopse: Um professor de ciências tenta decifrar a linguagem matemática de um texto escrito há 50 anos por uma garotinha. O que irá descobrir é algo que o deixará estarrecido.

Pablo Aluísio. 

domingo, 30 de setembro de 2012

Bruce Springsteen

Bruce e Trump
Bruce e Trump - Hoje o cantor Bruce Springsteen declarou que era simplesmente vergonhoso que um sujeito como Donald Trump estivesse prestes a vencer as eleições americanas. Para Bruce sua ascensão nas pesquisas era algo preocupante, aliás ele disse mais do que isso, para Bruce só o simples fato de Trump disputar as eleições presidenciais já era por si só uma grande vergonha para os Estados Unidos.

Essa declaração realmente deixou muita gente surpreendida. Isso porque Bruce sempre foi mais alinhado ao Partido Republicano (o mesmo que Trump está concorrendo as eleições) do que por seu rival, o Partido Democrata. A questão porém não se limita a isso. O fato é que tal como acontece na política brasileira, o cenário americano parece saturado em termos políticos. Trump é realmente um bufão. Uma celebridade que resolveu brincar de presidenciável e que acabou vencendo primárias e mais primárias, se tornando o candidato republicano à Casa Branca. O pior é que o outro lado não parece melhor. Hillary Clinton é apenas mais uma continuação sem brilho das administrações de seu marido (nos agora distantes anos 90) e Obama (que se revelou para muitos setores um presidente fraco, sem pulso e sem decisão). Nos últimos dias inclusive imagens de Hillary passando mal - e quase desmaiando antes de entrar em um carro - demonstraram que ela não parece ter muitas condições de saúde para seguir em frente.

A classe artística - com exceções - resolveu por isso apoiar em peso Hillary. Como o voto nos Estados Unidos não é obrigatório a luta é para que o eleitor saia de casa para votar em algum dos candidatos. O problema é que isso definitivamente não é fácil. Nenhum deles parece despertar grande entusiasmo entre o povo americano. Esse fator - a abstenção - parece favorecer Trump, já que seu eleitorado, mais conservador e engajado, tende a ir votar em maior número do que os saturados admiradores de Clinton. O futuro, bom, esse ninguém sabe ao certo. De minha parte penso que Trump vencerá as eleições, para desespero de Bruce e cia. Quem viver verá...

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Prometheus

Quando “Prometheus” foi anunciado as expectativas em fãs do gênero Ficção ficaram altas. Não era para menos. Era o retorno de Ridley Scott a um universo do qual ele já legou grandes filmes na história do cinema. Além disso havia uma tênue ligação entre essa produção e a série Aliens (que se confirma na cena final do filme). Pois bem, passado a euforia inicial o que sobrou após sua exibição é o gosto amargo da decepção. Eu queria gostar do filme, queria muito, mas foi impossível. “Prometheus” até começa bem, o argumento é intrigante, não há como negar: uma expedição científica vai até uma região remota do universo em busca de pistas sobre a origem da humanidade. Pesquisadores estudaram antigos registros arqueológicos de diferentes civilizações e todas elas apontavam para um lugar específico do cosmos. E é justamente para lá que um grupo de pesquisadores parte em busca das origens da raça humana na terra. Já deu para perceber que no fundo estamos diante de uma derivação de uma tese muito conhecida dentro da ufologia que defende que os humanos no fundo descendem de astronautas vindos de outros planetas. Essa teoria ficou bastante conhecida do público em geral por causa do livro “Eram os Deuses Astronautas?” de Erich Von Däniken. Como se pode perceber a premissa é muito boa mas infelizmente o desenvolvimento é de amargar. O roteiro não tem sutileza, é muito fantasioso, cheio de furos e ignora aspectos óbvios ao longo do filme. Em nenhum momento se desenvolve melhor a própria exploração naquele distante ponto do universo. Tudo é mal desenvolvido, mal explorado. O texto é realmente péssimo. Os diálogos são constrangedores e o script mal escrito. A única coisa que se salva é o aspecto técnico visual da produção. De fato pode-se dizer que “Prometheus” é um filme bonito de se ver mas isso adianta alguma coisa quando não há nenhum conteúdo por trás?

Esqueça qualquer esperança de encontrar um roteiro inteligente pela frente. “Prometheus” só consegue ser grotesco no final das contas. Os membros do grupo, que supostamente deveriam ser pessoas cultas e preparadíssimas para uma missão tão importante, não passam de ignóbeis que se comportam como adolescentes bobocas. Falam palavrões, um atrás do outro e não demonstram qualquer conduta científica ou profissional em nenhum momento. A caracterização e o desenvolvimento do roteiro são mal feitos. Como se não bastasse os personagens são totalmente desprovidos de carisma. Sem um foco o público logo deixa de se importar com o que acontece com eles em cena. Nenhum papel é marcante e os atores não parecem muito interessados. Há cenas que deveriam ser supostamente impactantes mas que só conseguem dar vergonha alheia (como a da auto-cirurgia para retirada de um monstro espacial em forma de lula do ventre de uma tripulante). Em outra sequência ainda mais estúpida um biólogo espacial acha uma “gracinha” uma criatura que surge no meio de uma caverna sinistra. Sua atitude é sem noção e totalmente inverossímil. Essas situações mal escritas, mal executadas, vão minando a credibilidade de “Prometheus” aos poucos. O que parecia ser muito promissor acaba desbancando para o infantilóide, para a irrelevância. Cientificamente o filme é uma piada. Nada do que se vê na tela pode ser levado minimamente à sério nesse sentido. Nenhuma ideia do roteiro dará margem a qualquer tipo de debate sério. Sendo sincero é um filme de monstros infanto-juvenil com verniz de falsa profundidade. O resultado final, não há como negar, é bem decepcionante. Filme fraco em essência, vazio, metido a intelectual (sem ser) e que só causa decepção em quem assiste. Não é inteligente, não é profundo, não é nada, é apenas uma tremenda bobagem decepcionante. Que decepção Sr. Ridley Scott!

Prometheus (Prometheus, Estados Unidos, 2012) Direção: Ridley Scott / Roteiro: Jon Spaihts, Damon Lindelof / Elenco: Charlize Theron, Michael Fassbender, Noomi Rapace, Patrick Wilson, Idris Elba, Guy Pearce, Rafe Spall, Logan Marshall-Green, Kate Dickie, Sean Harris, Emun Elliott, Vladimir "Furdo" Furdik / Sinopse: Expedição científica vai a um lugar remoto do universo em busca das origens da humanidade.

Pablo Aluísio.

Minhas Mães e Meu Pai

"Minhas Mães e Meu Pai" é uma tentativa do cinema americano de entender as novas relações sociais e familiares que se disseminaram na sociedade atual. Aquela velha estrutura do pai dominador e da mãe submissa em um lar tradicional hoje em dia tem suas bases abaladas. A família monoparental, os laços homoafetivos e as diversas entidades familiares de pais divorciados que se formam novas famílias tem colocado por terra o modelo conservador de família ao qual os mais velhos se habituaram. A estória do filme reflete bem os meios alternativos de relacionamentos em que vivemos nos dias de hoje. O núcleo central do roteiro é formado por um casal de lésbicas, interpretadas com muito brilho por Julianne Moore e Annette Bening. Juntas elas tentam criar um casal de adolescentes, Joni (Mia Wasikowska) e Laser (Josh Hutcherson). O pai biológico de ambos é desconhecido e como estão prestes a entrar na universidade, o que lhes dará um novo rumo em suas vidas, decidem descobrir quem ele é, o que faz da vida, o que pensa. A procura pelo pai ausente acaba abalando a harmonia familiar de todos eles.

O curioso é que o filme não tenta criar dramalhões desnecessários em sua trama central. As mães não são retratadas como pessoas com algum tipo de problema comportamental ou algo do tipo. Pelo contrário, são mulheres normais, donas de seus destinos, produtivas em sua comunidade. Essa visão é um dos pontos mais positivos do roteiro pois mostra um casal homoafetivo sem qualquer estigma ou preconceito. Afora o fato de serem lésbicas e de seus filhos desejarem conhecer seu pai biológico que apenas doou seu material genético para o nascimento dos filhos, não há nada de anormal ou bizarro na família mostrada no filme. "Minhas Mães e Meu Pai" nasceu para um público pequeno, setorizado, mas logo chamou a atenção da crítica americana. Levado pela propaganda boca a boca a produção também foi contabilizando ótima bilheteria. O mais surpreendente é que acabou sendo indicado aos principais prêmios da Academia, entre eles Melhor Filme e Melhor Roteiro Original. A dupla central de atrizes também foi indicada aos principais prêmios, sendo que Annette Bening acabou vencendo na categoria Melhor Atriz no prestigiado Globo de Ouro. Em conclusão aqui está uma ótima produção, leve, divertida e socialmente consciente, que tenta entender os rumos que a família como entidade principal da sociedade vem tomando. Está mais do que indicado.

Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right, Estados Unidos, 2010) Direção: Lisa Cholodenko / Roteiro: Lisa Cholodenko e Stuart Blumberg / Elenco: Julianne Moore, Annette Bening, Mark Ruffalo, Mia Wasikowska, Josh Hutcherson / Sinopse: Os dois filhos adolescentes de um casal de lésbicas decide encontrar o paradeiro de seu pai biológico antes que entrem na universidade e suas vidas tomem um novo rumo.

Pablo Aluísio.

Resident Evil: Condenação

Título no Brasil: Resident Evil – Condenação
Título Original: Biohazard - Damnation
Ano de Produção: 2012
País: Estados Unidos, Japão
Estúdio: Sony Pictures Entertainment
Direção: Makoto Kamiya
Roteiro: Makoto Kamiya
Elenco: Courtenay Taylor, Matthew Mercer, Robin Sachs
  
Sinopse:
Em uma ex-República da União Soviética assolada por uma guerra civil, as tropas rebeldes decidem, em desespero, apelar para o uso de armas biológicas em suas forças. O problema é que tudo logo foge ao controle disseminando entre a população uma terrível praga, transformado a todos em zumbis. No meio do caos um agente americano tenta sobreviver pelas ruas da capital, sendo caçado pelos rebeldes e forças do governo.

Comentários:
“Resident Evil – Condenação” é mais uma produção digital dos estúdios Sony. Se você gostou de “Tropas Estelares – Invasion” certamente vai gostar desse aqui também já que o conceito é praticamente o mesmo: a adaptação em alta tecnologia digital de uma franquia de terror bem sucedida no cinema convencional. Como a Sony é a detentora dos direitos autorais de todas essas séries ela tem ousado na transposição dessas estórias para a animação puramente digital. Os resultados tem se mostrado bem satisfatórios pois assim como ocorreu com Tropas Estelares esse aqui também se revela como um produto muito bem realizado, extremamente bem feito no aspecto técnico e pasmem, com roteiros bem escritos, muitas vezes melhor até do que os dos filmes das franquias originais! Aqui por exemplo há toda uma preocupação em explicar o cenário político do país, com uma introdução longa e muito bem realizada para que o espectador se situe na estória em termos de localização geográfica e contexto histórico. Além desse cuidado o filme ainda disponibiliza aos que gostam de monstros vários tipos de criaturas, cada uma mais bem idealizada do que a outra. A novidade para os fãs de Resident Evil é o surgimento de mega zumbis gigantes com  força sobrenatural. Já os zumbis tradicionais, aqueles que estamos acostumados a ver nos filmes, estão em menor número e aparecem bem pouco para falar a verdade, o que é bem-vindo pois acredito que aquele tipo já está mais do que ultrapassado e saturado. Por fim, e nunca é demais chamar a atenção para esse fato, a animação é do mais alto nível. Detalhes como os fios de cabelos dos personagens se mexendo ao sabor do vento são bem nítidos. Tudo é extremamente bem realizado. Para falar a verdade no final das contas gostei bem mais desse “Condenação” do que o último filme da franquia Resident Evil. Aqui pelos menos temos mais situações diferentes e  tramas paralelas mais bem criadas e desenvolvidas. Assim fica a dica, “Resident Evil – Condenação”, uma boa pedida para os fãs dessa série de terror.

Pablo Aluísio.