Título no Brasil: Veludo Azul
Título Original: Blue Velvet
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: De Laurentiis Entertainment Group
Direção: David Lynch
Roteiro: David Lynch
Elenco: Isabella Rossellini, Kyle MacLachlan, Dennis Hopper, Laura Dern, Hope Lange, Dean Stockwell
Sinopse:
O jovem Jeffrey Beaumont (Kyle MacLachlan) encontra uma orelha decepada em um jardim. Em busca de respostas ele acaba caindo no lado mais obscuro de sua cidade, onde convivem estranhas pessoas como a cantora Dorothy Vallens (Isabella Rossellini) e o viciado perigoso Frank Booth (Dennis Hopper). Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor direção (David Lynch).
Comentários:
Nunca foi a intenção do diretor David Lynch fazer um cinema convencional, dentro dos padrões. Pelo contrário, ele sempre preferiu o lado estranho e bizarro do mundo. Seus filmes, seus roteiros, rejeitam o normal, o comum. Esse "Veludo Azul" segue sendo um exemplo perfeito do tipo de cinema que ele sempre procurou fazer. E é também uma amostra da qualidade cinematográfica que ele atingiu em sua carreira. Em termos gerais é um filme de complicada definição. Na época de seu lançamento original muitos críticos afirmaram que era um tipo de novo cinema noir, utilizando a estética dos anos 40 em um cinema atual. Sim, há elementos noir nesse roteiro, inclusive ambientação, clima, etc, porém o estilo de David Lynch também é bem peculiar e singular, nada comparado com essa antiga escola cinematográfica. O saldo final é muito interessante. O espectador comum vai achar tudo meio estranho, com aspectos que não fazem muito sentido. O cinéfilo mais veterano por outro lado vai bater palmas para a coragem de Lynch, que aqui ousou sair do lugar comum, do banal e saturado cinema comercial americano.
Pablo Aluísio.
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quinta-feira, 21 de maio de 2020
quarta-feira, 24 de maio de 2017
A Caldeira do Diabo
Esse é um dos melhores dramas dos anos 1950. Na realidade trata-se da adaptação do best-seller escrito por Grace Metalious. A narrativa se desenvolve em primeira pessoa, com a escritora relembrando pessoas e fatos de sua adolescência. O cenário onde tudo se desenvolve é a pequena cidade de Peyton Place. A adolescente Allison MacKenzie (Diane Varsi) vive com sua mãe Constance (Lana Turner) nesse lugar. Ela está terminando o colegial e enquanto não se decide sobre o que vai fazer da vida, vai vivenciando os dramas e paixões típicas de sua idade. Ela quer ser escritora (na verdade a personagem funciona como alter-ego da romancista que escreveu o livro original) e por isso vai colocando no papel todas as suas impressões e opiniões sobre o mundo.
Viver em uma cidadezinha tranquila dos Estados Unidos naquela época de prosperidade poderia ser o sonho de toda garota como ela, mas isso não significa que Allison também não tenha problemas a enfrentar. Seu pai morreu quando ela tinha apenas 3 anos e sua mãe parece incomodada com sua lembrança. Na verdade Constance tem um segredo em seu passado que prefere não contar para ninguém, nem para sua filha. Afinal ela vive até relativamente muito bem, pois é proprietária de uma loja de roupas femininas na cidade. Definitivamente ela não quer estragar tudo relembrando fantasmas de um passado doloroso. Já a melhor amiga de Allison, a bonita, mas reprimida Selena Cross (Hope Lange), tem menos motivos para ser feliz. Sua padrasto é um homem violento, com problemas de bebida. Abusivo e ofensivo ele não respeita nem a casa de sua família e nem seus próprios parentes. Sua crescente violência verbal e física contra Selena acabará dando origem a um trágico acontecimento, que abalará as colunas daquela sociedade tão organizada e conservadora.
Esse filme tem uma produção requintada e um roteiro primoroso. Como é de certa forma a crônica de uma cidade, com seus habitantes, pequenos dramas e conflitos, o número de personagens desfilando em cena é bem acima da média. O interessante é que todos eles são bem construídos, com extrema valorização de suas personalidades próprias, motivações e frustrações. Eu atribuo essa característica ao fato do roteiro ser uma adaptação de um romance que já tinha toda essa riqueza de detalhes. Embora tenha longa duração (com quase duas horas e meia de projeção) não é um daqueles dramas pesados e cansativos, pelo contrário, você acaba ficando tão envolvido com tudo o que acontece em cena que mal percebe o tempo passar. Grandes filmes são assim.
Outro destaque além do refinamento vem do excelente elenco que é liderado por três grandes atrizes. Lana Turner foi uma das grandes estrelas de seu tempo. Nunca assisti a nenhum filme de Lana que não fosse no mínimo impressionante. Aqui ela interpreta essa mãe que precisa criar bem sua filha adolescente, enquanto decide se vai ou não se entregar novamente ao amor. Hope Lange foi outra atriz que se destacou nesse filme. Sua personagem parece secundário no começo, porém vai crescendo cada vez mais com o passar do tempo. Ela se torna vital na conclusão do enredo. Por fim a jovem Diane Varsi quase rouba todo o filme para si. Ela foi considerada a grande revelação de Hollywood quando o filme foi lançado, mas infelizmente nunca conseguiu se tornar uma grande estrela em sua carreira. Não faz mal. Esse "A Caldeira do Diabo" acabou sendo seu grande legado no cinema. Então é isso. Esse é um daqueles filmes que você não deve perder, principalmente se você é fã de filmes clássicos. Um retrato de uma América que não existe mais, em um momento especialmente delicado da história, com os Estados Unidos prestes a entrar na II Guerra Mundial. Enfim, está mais do que recomendado aos cinéfilos em geral. É uma obra prima do cinema.
A Caldeira do Diabo (Peyton Place, Estados Unidos, 1957) Direção: Mark Robson / Roteiro: John Michael Hayes / Elenco: Lana Turner, Hope Lange, Diane Varsi, Arthur Kennedy / Sinopse: Durante os anos 40 um grupo de jovens, recém saídos do colegial, precisa decidir o que será de suas vidas dali para frente. O que muitos deles não contavam é que uma grande guerra se aproxima no horizonte, algo que mudará suas vidas para sempre. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz (Lana Turner), Melhor Ator (Arthur Kennedy), Melhor Ator Coadjuvante (Russ Tamblyn), Melhor Atriz Coadjuvante (Hope Lange), Melhor Roteiro e Melhor Fotografia (William C. Mellor). Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Revelação Feminina (Diane Varsi).
Pablo Aluísio.
Viver em uma cidadezinha tranquila dos Estados Unidos naquela época de prosperidade poderia ser o sonho de toda garota como ela, mas isso não significa que Allison também não tenha problemas a enfrentar. Seu pai morreu quando ela tinha apenas 3 anos e sua mãe parece incomodada com sua lembrança. Na verdade Constance tem um segredo em seu passado que prefere não contar para ninguém, nem para sua filha. Afinal ela vive até relativamente muito bem, pois é proprietária de uma loja de roupas femininas na cidade. Definitivamente ela não quer estragar tudo relembrando fantasmas de um passado doloroso. Já a melhor amiga de Allison, a bonita, mas reprimida Selena Cross (Hope Lange), tem menos motivos para ser feliz. Sua padrasto é um homem violento, com problemas de bebida. Abusivo e ofensivo ele não respeita nem a casa de sua família e nem seus próprios parentes. Sua crescente violência verbal e física contra Selena acabará dando origem a um trágico acontecimento, que abalará as colunas daquela sociedade tão organizada e conservadora.
Esse filme tem uma produção requintada e um roteiro primoroso. Como é de certa forma a crônica de uma cidade, com seus habitantes, pequenos dramas e conflitos, o número de personagens desfilando em cena é bem acima da média. O interessante é que todos eles são bem construídos, com extrema valorização de suas personalidades próprias, motivações e frustrações. Eu atribuo essa característica ao fato do roteiro ser uma adaptação de um romance que já tinha toda essa riqueza de detalhes. Embora tenha longa duração (com quase duas horas e meia de projeção) não é um daqueles dramas pesados e cansativos, pelo contrário, você acaba ficando tão envolvido com tudo o que acontece em cena que mal percebe o tempo passar. Grandes filmes são assim.
Outro destaque além do refinamento vem do excelente elenco que é liderado por três grandes atrizes. Lana Turner foi uma das grandes estrelas de seu tempo. Nunca assisti a nenhum filme de Lana que não fosse no mínimo impressionante. Aqui ela interpreta essa mãe que precisa criar bem sua filha adolescente, enquanto decide se vai ou não se entregar novamente ao amor. Hope Lange foi outra atriz que se destacou nesse filme. Sua personagem parece secundário no começo, porém vai crescendo cada vez mais com o passar do tempo. Ela se torna vital na conclusão do enredo. Por fim a jovem Diane Varsi quase rouba todo o filme para si. Ela foi considerada a grande revelação de Hollywood quando o filme foi lançado, mas infelizmente nunca conseguiu se tornar uma grande estrela em sua carreira. Não faz mal. Esse "A Caldeira do Diabo" acabou sendo seu grande legado no cinema. Então é isso. Esse é um daqueles filmes que você não deve perder, principalmente se você é fã de filmes clássicos. Um retrato de uma América que não existe mais, em um momento especialmente delicado da história, com os Estados Unidos prestes a entrar na II Guerra Mundial. Enfim, está mais do que recomendado aos cinéfilos em geral. É uma obra prima do cinema.
A Caldeira do Diabo (Peyton Place, Estados Unidos, 1957) Direção: Mark Robson / Roteiro: John Michael Hayes / Elenco: Lana Turner, Hope Lange, Diane Varsi, Arthur Kennedy / Sinopse: Durante os anos 40 um grupo de jovens, recém saídos do colegial, precisa decidir o que será de suas vidas dali para frente. O que muitos deles não contavam é que uma grande guerra se aproxima no horizonte, algo que mudará suas vidas para sempre. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz (Lana Turner), Melhor Ator (Arthur Kennedy), Melhor Ator Coadjuvante (Russ Tamblyn), Melhor Atriz Coadjuvante (Hope Lange), Melhor Roteiro e Melhor Fotografia (William C. Mellor). Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Revelação Feminina (Diane Varsi).
Pablo Aluísio.
domingo, 7 de outubro de 2012
Os Deuses Vencidos
Eu considero esse filme simplesmente obrigatório para todos os cinéfilos. O elenco é estrelar e o roteiro muito bem desenvolvido, resultando numa produção memorável. “Os Deuses Vencidos” foi baseado no famoso livro de autoria de Irwin Shaw. A proposta é mostrar aspectos da II Guerra Mundial sob o ponto de vista de alguns combatentes, tanto do lado dos aliados como também dos soldados do Eixo. Tudo mostrado sem cair nos clichês típicos dos filmes de guerra, que sempre procuraram mostrar os soldados americanos como heróis virtuosos e os alemães como monstros assassinos e sanguinários. A intenção é realmente construir um mosaico mais próximo da realidade, mostrando que em ambos os lados lutaram pessoas comuns, com sonhos e objetivos que foram interrompidos de forma brutal pela guerra. Olhando sob esse ponto de vista realmente não existia grande diferença entre um militar americano ou alemão. Todos queriam voltar para casa o mais rapidamente possível, sobreviver aos combates e retornar para a vida que tinham antes da guerra começar. O filme tem longa duração, com quase três horas de duração, e é fácil entender o porquê. São duas histórias paralelas que se desenvolvem ao mesmo tempo. Na primeira somos apresentados ao tenente alemão Christian Diestl (Marlon Brando) na França ocupada. Essa parte é bem interessante pois o ator na época fez questão de mostrar o oficial nazista como um ser humano comum e não como o vilão caricato dos filmes de guerra que conhecemos. Nem é preciso dizer que Marlon se saiu muito bem em mais uma atuação marcante de sua filmografia.
Na outra estória, passada no lado dos militares aliados, acompanhamos dois soldados americanos (Dean Martin e Montgomery Clift) que são convocados e mandados para a Normandia. Essa parte do roteiro foca bastante na vida dos que participaram da maior batalha da guerra, no evento que ficaria conhecido pela história como “Dia D”. Dean Martin repete seu papel contumaz de "Mr Cool". Aqui ele interpreta um cantor da Broadway que faz de tudo para escapar da guerra e do front mas que não consegue escapar de ir para o campo de batalha. Já Montgomery Clift apresenta uma grande interpretação como um soldado judeu que sofre nas mãos de seus colegas de farda durante seu treinamento. Seu papel me lembrou muito o que ele representou em "A Um Passo da Eternidade". Seu aspecto não é nada bom em cena. Os sinais físicos do alcoolismo já são nítidos e Clift aparece muito magro e abatido, com aspecto doentio. Mesmo assim está fabuloso em suas cenas. Ponto para Marlon Brando que fez de tudo para que o colega fosse escalado para o filme pois sabia que isso iria lhe ajudar a superar a crise pessoal pelo qual vinha passando. A direção foi entregue ao veterano das telas Edward Dmytryk; Com experiência em filmes de guerra como “A Nave da Revolta” o diretor sabia que estava trabalhando com dois atores muito sensíveis e carismáticas proveniente do Actor´s Studio. Assim procurou abrir uma linha de diálogo com ambos. Ele já tinha trabalhado com Clift em seu filme anterior, “A Árvore da Vida” e por isso sentiu-se tranquilo em relação a ele. Já com Brando procurou manter uma relação no nível profissional. Sabia que Marlon Brando poderia ser tanto um ator maravilhoso no set como um terror para os cineastas que trabalhavam com ele. No final se deram bem e tudo correu sem maiores problemas. O resultado de tantos talentos juntos se vê na tela pois “Os Deuses Vencidos” é hoje em dia considerado um filme essencial dentro do gênero. Um verdadeiro clássico.
Os Deuses Vencidos (The Young Lions, Estados Unidos, 1958) Direção: Edward Dmytryk / Roteiro: Edward Anhalt baseado no livro de Irwin Shaw / Elenco: Marlon Brando, Montgomery Clift, Dean Martin, Maximilian Schell, Lee Van Cleef, Hope Lange, Barbara Rush / Sinopse: Durante a II Guerra Mundial militares americanos e alemães sofrem o impacto do conflito em suas vidas pessoais e profissionais.
Pablo Aluísio.
Na outra estória, passada no lado dos militares aliados, acompanhamos dois soldados americanos (Dean Martin e Montgomery Clift) que são convocados e mandados para a Normandia. Essa parte do roteiro foca bastante na vida dos que participaram da maior batalha da guerra, no evento que ficaria conhecido pela história como “Dia D”. Dean Martin repete seu papel contumaz de "Mr Cool". Aqui ele interpreta um cantor da Broadway que faz de tudo para escapar da guerra e do front mas que não consegue escapar de ir para o campo de batalha. Já Montgomery Clift apresenta uma grande interpretação como um soldado judeu que sofre nas mãos de seus colegas de farda durante seu treinamento. Seu papel me lembrou muito o que ele representou em "A Um Passo da Eternidade". Seu aspecto não é nada bom em cena. Os sinais físicos do alcoolismo já são nítidos e Clift aparece muito magro e abatido, com aspecto doentio. Mesmo assim está fabuloso em suas cenas. Ponto para Marlon Brando que fez de tudo para que o colega fosse escalado para o filme pois sabia que isso iria lhe ajudar a superar a crise pessoal pelo qual vinha passando. A direção foi entregue ao veterano das telas Edward Dmytryk; Com experiência em filmes de guerra como “A Nave da Revolta” o diretor sabia que estava trabalhando com dois atores muito sensíveis e carismáticas proveniente do Actor´s Studio. Assim procurou abrir uma linha de diálogo com ambos. Ele já tinha trabalhado com Clift em seu filme anterior, “A Árvore da Vida” e por isso sentiu-se tranquilo em relação a ele. Já com Brando procurou manter uma relação no nível profissional. Sabia que Marlon Brando poderia ser tanto um ator maravilhoso no set como um terror para os cineastas que trabalhavam com ele. No final se deram bem e tudo correu sem maiores problemas. O resultado de tantos talentos juntos se vê na tela pois “Os Deuses Vencidos” é hoje em dia considerado um filme essencial dentro do gênero. Um verdadeiro clássico.
Os Deuses Vencidos (The Young Lions, Estados Unidos, 1958) Direção: Edward Dmytryk / Roteiro: Edward Anhalt baseado no livro de Irwin Shaw / Elenco: Marlon Brando, Montgomery Clift, Dean Martin, Maximilian Schell, Lee Van Cleef, Hope Lange, Barbara Rush / Sinopse: Durante a II Guerra Mundial militares americanos e alemães sofrem o impacto do conflito em suas vidas pessoais e profissionais.
Pablo Aluísio.
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Nunca Fui Santa
Título no Brasil: Nunca Fui Santa
Título Original: Bus Stop
Ano de Produção: 1956
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Joshua Logan
Roteiro: George Alverod
Elenco: Marilyn Monroe, Don Murray, Atthur O´Connell, Betty Field, Eileen Heckart, Hope Lange
Sinopse:
Baseado na peça teatral escrita por William Inge, o filme "Nunca Fui Santa" conta a história de Cherie (Marilyn Monroe). Ela é uma cantora de bares e cabarés que conhece o caipira e peão de rodeios Bo (Don Murray). Ele se apaixona imediatamente por ela e deseja que Cherie venha para Montana para viver ao seu lado numa bela fazenda, onde pretende se casar e constituir uma família, mas ela não está tão certa sobre isso. Filme indicado ao Oscar na categoria Melhor Ator Coadjuvante (Don Murray). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical e Melhor Atriz (Marilyn Monroe).
Comentários:
Um filme de transição dentro da filmografia de Marilyn Monroe. Assim que voltou de Nova Iorque ela exigiu melhores roteiros e melhores papéis para si. Marilyn havia brigado com a Fox, brigado com os produtores e estava bem insatisfeita com os filmes que a Fox lhe indicava. Assim ela fundou sua própria produtora e disse para a imprensa que não mais faria personagens de loiras burras (as mesmas que a tinham consagrado no passado). Depois disso foi para Nova Iorque e se matriculou no Actors Studio. Obviamente a Fox ficou em pânico com medo de perder sua estrela de maior bilheteria. Negociações foram feitas e Marilyn conseguiu maior controle de seus filmes. Disse para a imprensa que não faria mais comédias bobas. O irônico disso tudo é que depois de toda essa confusão Marilyn acabou estrelando justamente esse "Nunca Fui Santa" onde ela interpretava uma personagem muito parecida com as demais, em mais uma comédia romântica (embora houvesse também pinceladas de drama dentro do roteiro).
Tenho que dar o braço a torcer e dizer que apesar de "Nunca Fui Santa" ser uma comédia até banal, nessa vez pelo menos Marilyn se esforçou muito para dar ao público uma interpretação melhor. Ela faz caras e bocas nas cenas mais "dramáticas". O problema é que seu estilo está em total descompasso com seu parceiro de cena, o ator Don Murray, que parece estar em um filme dos três patetas. Enquanto ele é totalmente caricatural, Marilyn parece estar em um dramalhão de Douglas Sirk! Desnecessário dizer que o resultado final fica mesmo confuso. Apesar disso gostei do filme, pois é o roteiro é bem feito e rápido (pouco mais de 90 minutos), com boas cenas externas e um ato final que lembra bastante a linguagem puramente teatral (quando eles param na tal parada de ônibus que dá nome ao título original). Por fim uma curiosidade: Marilyn parece drogada em várias cenas - mas pelo menos nesse caso o roteiro serve de desculpa (já que ela estaria supostamente com sono por não dormir à noite).
Pablo Aluísio.
Título Original: Bus Stop
Ano de Produção: 1956
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Joshua Logan
Roteiro: George Alverod
Elenco: Marilyn Monroe, Don Murray, Atthur O´Connell, Betty Field, Eileen Heckart, Hope Lange
Sinopse:
Baseado na peça teatral escrita por William Inge, o filme "Nunca Fui Santa" conta a história de Cherie (Marilyn Monroe). Ela é uma cantora de bares e cabarés que conhece o caipira e peão de rodeios Bo (Don Murray). Ele se apaixona imediatamente por ela e deseja que Cherie venha para Montana para viver ao seu lado numa bela fazenda, onde pretende se casar e constituir uma família, mas ela não está tão certa sobre isso. Filme indicado ao Oscar na categoria Melhor Ator Coadjuvante (Don Murray). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical e Melhor Atriz (Marilyn Monroe).
Comentários:
Um filme de transição dentro da filmografia de Marilyn Monroe. Assim que voltou de Nova Iorque ela exigiu melhores roteiros e melhores papéis para si. Marilyn havia brigado com a Fox, brigado com os produtores e estava bem insatisfeita com os filmes que a Fox lhe indicava. Assim ela fundou sua própria produtora e disse para a imprensa que não mais faria personagens de loiras burras (as mesmas que a tinham consagrado no passado). Depois disso foi para Nova Iorque e se matriculou no Actors Studio. Obviamente a Fox ficou em pânico com medo de perder sua estrela de maior bilheteria. Negociações foram feitas e Marilyn conseguiu maior controle de seus filmes. Disse para a imprensa que não faria mais comédias bobas. O irônico disso tudo é que depois de toda essa confusão Marilyn acabou estrelando justamente esse "Nunca Fui Santa" onde ela interpretava uma personagem muito parecida com as demais, em mais uma comédia romântica (embora houvesse também pinceladas de drama dentro do roteiro).
Tenho que dar o braço a torcer e dizer que apesar de "Nunca Fui Santa" ser uma comédia até banal, nessa vez pelo menos Marilyn se esforçou muito para dar ao público uma interpretação melhor. Ela faz caras e bocas nas cenas mais "dramáticas". O problema é que seu estilo está em total descompasso com seu parceiro de cena, o ator Don Murray, que parece estar em um filme dos três patetas. Enquanto ele é totalmente caricatural, Marilyn parece estar em um dramalhão de Douglas Sirk! Desnecessário dizer que o resultado final fica mesmo confuso. Apesar disso gostei do filme, pois é o roteiro é bem feito e rápido (pouco mais de 90 minutos), com boas cenas externas e um ato final que lembra bastante a linguagem puramente teatral (quando eles param na tal parada de ônibus que dá nome ao título original). Por fim uma curiosidade: Marilyn parece drogada em várias cenas - mas pelo menos nesse caso o roteiro serve de desculpa (já que ela estaria supostamente com sono por não dormir à noite).
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006
Quem Foi Jesse James
Título no Brasil: Quem Foi Jesse James
Título Original: The True Story of Jesse James
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Nicholas Ray
Roteiro: Walter Newman, Nunnally Johnson
Elenco: Robert Wagner, Jeffrey Hunter, Hope Lange, John Carradine
Sinopse:
O filme narra os últimos anos do infame pistoleiro do velho oeste Jesse James (Wagner). Após realizar uma série de roubos a bancos e ferrovias, alguns realizados com extrema ousadia, James começa a ser caçado por homens da lei e caçadores de recompensas. Suas façanhas o coloca na lista dos mais procurados do oeste selvagem. Agora ele terá que sobreviver ao mesmo tempo em que tenta realizar o maior assalto de sua vida criminosa.
Comentários:
O famoso pistoleiro, assassino, ladrão de bancos e trens Jesse James (1847 - 1882) sempre teve sua vida explorada pelo cinema americano. Provavelmente apenas Billy The Kid tenha sido mais retratado nas telas do que Jesse James. Nesse filme dos anos 1950 temos mais um retrato do bandoleiro. Antes de mais nada é importante salientar que o filme não é historicamente preciso (poucos são dessa época) mas o interesse do cinéfilo estará garantido por causa de sua ficha técnica. "The True Story of Jesse James" foi dirigido pelo mestre Nicholas Ray, o mesmo cineasta que assinou obras como "Juventude Transviada" (com o mito James Dean), "O Rei dos Reis" (uma ótima cinebiografia sobre Jesus Cristo) e o clássico noir "No Silêncio da Noite" com Humphrey Bogart. Como se isso não bastasse ainda temos o roteiro escrito pelo genial Nunnally Johnson, considerado um dos maiores escritores de Hollywood durante sua fase de ouro. Talvez o único ponto fraco de "Quem Foi Jesse James" tenha sido a escalação do ator Robert Wagner no papel de Jesse James. Ele não tem a crueza e a rudeza que o papel exige. Em certos momentos ele soa delicado demais para um personagem histórico tão durão. Quem acaba se saindo melhor é Jeffrey Hunter no papel de Frank James, seu irmão. De uma forma ou outra não há como negar que seja um dos westerns mais interessantes do período.
Pablo Aluísio.
Título Original: The True Story of Jesse James
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Nicholas Ray
Roteiro: Walter Newman, Nunnally Johnson
Elenco: Robert Wagner, Jeffrey Hunter, Hope Lange, John Carradine
Sinopse:
O filme narra os últimos anos do infame pistoleiro do velho oeste Jesse James (Wagner). Após realizar uma série de roubos a bancos e ferrovias, alguns realizados com extrema ousadia, James começa a ser caçado por homens da lei e caçadores de recompensas. Suas façanhas o coloca na lista dos mais procurados do oeste selvagem. Agora ele terá que sobreviver ao mesmo tempo em que tenta realizar o maior assalto de sua vida criminosa.
Comentários:
O famoso pistoleiro, assassino, ladrão de bancos e trens Jesse James (1847 - 1882) sempre teve sua vida explorada pelo cinema americano. Provavelmente apenas Billy The Kid tenha sido mais retratado nas telas do que Jesse James. Nesse filme dos anos 1950 temos mais um retrato do bandoleiro. Antes de mais nada é importante salientar que o filme não é historicamente preciso (poucos são dessa época) mas o interesse do cinéfilo estará garantido por causa de sua ficha técnica. "The True Story of Jesse James" foi dirigido pelo mestre Nicholas Ray, o mesmo cineasta que assinou obras como "Juventude Transviada" (com o mito James Dean), "O Rei dos Reis" (uma ótima cinebiografia sobre Jesus Cristo) e o clássico noir "No Silêncio da Noite" com Humphrey Bogart. Como se isso não bastasse ainda temos o roteiro escrito pelo genial Nunnally Johnson, considerado um dos maiores escritores de Hollywood durante sua fase de ouro. Talvez o único ponto fraco de "Quem Foi Jesse James" tenha sido a escalação do ator Robert Wagner no papel de Jesse James. Ele não tem a crueza e a rudeza que o papel exige. Em certos momentos ele soa delicado demais para um personagem histórico tão durão. Quem acaba se saindo melhor é Jeffrey Hunter no papel de Frank James, seu irmão. De uma forma ou outra não há como negar que seja um dos westerns mais interessantes do período.
Pablo Aluísio.
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