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terça-feira, 27 de agosto de 2024

O Ouro de Mackenna

Título no Brasil: O Ouro de Mackenna
Título Original: Mackenna's Gold
Ano de Lançamento: 1969
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: J. Lee Thompson
Roteiro: Heck Allen, Carl Foreman
Elenco: Gregory Peck, Omar Sharif, Telly Savalas, Edward G. Robinson, Eli Wallach, Burgess Meredith, Lee J. Cobb, Julie Newmar

Sinopse:
O xerife Mackenna (Peck) é feito refém no meio do deserto por um bando de criminosos liderados pelo bandoleiro mexicano John Colorado (Sharif). Ele acredita em uma velha lenda que diz que existe uma montanha de ouro em um antigo vale dominado pelos Apaches e exige que o veterano xerife o leve até lá. Dando origem a uma jornada perigosa e épica pelo meio do deserto. 

Comentários:
Ao contrário do que muitos pensam o ator Gregory Peck não fez muitos filmes de western. Na realidade ele fez poucos filmes de faroeste, mas os que fez foram marcantes, por isso muito gente pensa que ele foi um astro do western. Não foi. De qualquer maneira aqui temos outro filme dele muito interessane nesse gênero cinematográfico. E o curioso é que esse western segue os padrões do gênero em suas duas partes iniciais. Ali temos a jornada pelo deserto, os ataques de nativos selvagens, tudo como manda a cartilha. Só que na terça parte final do filme temos uma aventura que chegou até mesmo a me lembrar de Indiana Jones. Pois é, quando os personagens chegam na tal montanha dourada e ela começa a desmoronar em cima deles temos nesse momento um filme legítimo de aventuras. Algo que eu desconfiava que iria acontecer logo no começo porque afinal de contas esse filme foi dirigido por J. Lee Thompson. Quem acompanhou sua carreira nos anos 80 bem sabe do que estou falando. Então é isso. Um bom filme de faroeste, com pitadas de aventura ao estilo dos antigos seriados do cinema. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 11 de março de 2024

As Três Faces de Eva

Joanne Woodward foi uma excelente atriz. Ela, em determinado momento da carreira, deixou um pouco seus filmes de lado para cuidar da família. Ela foi esposa de Paul Newman. Isso porém em nada atrapalhou seu talento, que era muito natural e espontâneo. Esse filme aqui deu a ela a consagração final que desejava. Ela foi premiada com o Oscar de melhor atriz, um prêmio que ninguém contestou na época. Seu trabalho em cena foi realmente excepcional, mostrando que ela tinha muito mais do que apenas três faces para mostrar na tela. De certa forma esse foi o filme da vida dela, aquele que a definiu como uma grande atriz até o fim de seus dias. 

O filme conta a história de uma jovem chamada Eve White (Joanne Woodward). Ela sofre de um distúrbio psiquiátrico desconcertante. Ela assume múltiplas personalidades, cada uma delas bem distinta da outra. Há uma Eve mais ousada, que logo recebe o codinome de Eve Black por ser muito extrovertida, sensual e sem amarras sociais. Uma outra personalidade apelidada de Jane surge mais como uma verdadeira dama da sociedade. O desafio passa a ser controlar todas essas personalidades e se possível encontrar uma cura para o transtorno. Assim os psiquiatras Curtis Luther (Lee J. Cobb) e Francis Day (Edwin Jerome) assumem seu tratamento.

Claro que um filme como esse exigiria uma grande atriz em cena. Joanne Woodward não apenas deu conta do recado, como também encantou o espectador. Ela estava simplesmente maravilhosa em cena, fazendo com que todos acreditassem que suas personalidades e faces eram realmente de pessoas diversas. Os diversos prêmios que recebeu pelo seu trabalho foram mais do que merecidos. Por fim um detalhe interessante: esse filme também é conhecido como "As Três Máscaras de Eva". No Brasil, nessa época, não era incomum um filme receber mais de um título nacional. Geralmente o filme recebia um nome quando era exibido nos cinemas e outro quando era exibido na televisão pela primeira vez.

As Três Faces de Eva (The Three Faces of Eve, Estados Unidos, 1957) Direção: Nunnaly Johnson / Roteiro: Nunnally Johnson baseado no livro de Corbett Thigpen / Elenco: Joanne Woodward, Lee J. Cobb, David Wayne, Vince Edwards, Nancy Kulp, Ken Scott, Edwin Jerome, Alena Murray / Sinopse: Eve (Joanne Woodward) é uma jovem que passsa a sofrer um estranho distúrbio mental que a faz desenvolver personalidades diferentes. Ela surge não apenas como Eve, mas também como uma outra mulher muito sedutora e uma dama da sociedade, bem racional. Filme vencedor do Oscar e do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Joanne Woodward). Também indicado ao BAFTA Awards na mesma categoria.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Do Destino Ninguém Foge

Título no Brasil: Do Destino Ninguém Foge
Título Original: The Left Hand of God
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Edward Dmytryk
Roteiro: Alfred Hayes, William E. Barrett
Elenco: Humphrey Bogart, Gene Tierney, Lee J. Cobb, Agnes Moorehead, E.G. Marshall, Jean Porter

Sinopse:
Um homem com vestes sacerdotais, aparentemente sendo o tão esperado Padre O'Shea (Bogart), chega em uma distante e esquecida missão católica em uma província na China. O ano é 1947 e aquela nação ainda se recupera das marcas deixadas pela recente invasão japonesa ao país. Inicialmente o novo padre parece um pouco desconfortável com seus deveres religiosos, mas logo impõe um sistema de divisão de tarefas e deveres entre os missionários que se revela muito eficiente e produtiva. O sacerdote católico porém guarda um grande segredo, que irá se revelar mais tarde através de sua amizade com a enfermeira da missão, a bela e doce Anne (Gene Tierney).

Comentários:
Humphrey Bogart já estava corroído pela doença que o mataria quando realizou essa produção. O fato é que o ator adorava trabalhar e para ele filmar era uma espécie de benção e distração pois mantinha sua mente ocupada enquanto estava decorando textos e atuando. Era melhor do que ficar em casa agonizando e sofrendo dores, segundo sua própria opinião. Assim, mesmo com um cigarro constantemente acesso na boca e um copo de whisky na mão - dois vícios que lhe trouxeram muitos problemas de saúde ao longo dos anos - o velho Boogie conseguiu chegar ao final das filmagens e o mais surpreendente de tudo, atuando muito bem. A produção não é de primeira linha, temos que reconhecer, mas tem uma dignidade e uma sofisticação à toda prova, fruto é claro do bom trabalho desenvolvido pelo diretor Edward Dmytryk, que sempre procurou ser mais sutil ao contar suas estórias, ao invés de cair para o exagero. Revisto hoje em dia o clima de nostalgia se impõe e o roteiro mostra sua força, compensado certos aspectos envelhecidos na produção. Em suma, uma ótima oportunidade de rever em cena um dos maiores astros da história do cinema, na era de ouro de Hollywood, onde mesmo passando por um dos momentos mais complicados de sua vida pessoal, ainda conseguia mostrar toda a força de sua personalidade e caráter. Uma lição de vida que não se aprende na escola.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de maio de 2020

Meu Nome é Coogan

"Meu Nome é Coogan" é um dos filmes mais curiosos da filmografia de Clint Eastwood. Aqui ele interpreta um assistente de Xerife do Arizona que vai até Nova Iorque trazer um prisioneiro sob custódia. O roteiro se baseia justamente no choque cultural entre o sujeito durão, do interior, e a grande cidade e seus costumes modernos, com resquícios ainda da geração hippie, ou seja, muita amor livre, drogas e promiscuidade, como convém ao clima ideológico reinante dentro dos jovens rebeldes da década de 1960. O roteiro obviamente brinca com a imagem de Eastwood de seus famosos faroestes e tenta tirar humor em cima da diferença de personalidade entre o sujeito austero e conservador com o ambiente liberal da cidade grande. O enredo poderia render muito mais na minha opinião, mas em seus 90 minutos vamos acompanhando muita perda de potencial do filme, justamente porque os roteiristas insistiram em criar um romance pouco convincente entre Clint e uma psicóloga, interpretada pela atriz Susan Clark.

Isso quebrou a coluna dorsal do filme pois o aspecto policial foi bastante prejudicado pelo quebra de ritmo do romance bem no meio da trama. Embora não seja um western Clint Eastwood repete seus personagens dos filmes de faroeste, só que aqui a ação obviamente se desloca para uma Nova Iorque sufocante, dos tempos atuais. A direção de Don Siegel se perde um pouco por causa dessa indecisão do roteiro, pois o filme não se decide em ser um filme de ação ou um romance mostrando a diferença de costumes do casal. Uma hora o filme se torna ágil e rápido para depois cair em cenas absurdamente arrastadas. Enfim, "Meu Nome é Coogan" é um bom policial com jeitão de western, mas seguramente poderia ser bem melhor se não tivessem apelado tanto para o namorico de fotonovela do personagem principal.

Meu Nome é Coogan (Coogan´s Bluff, Estados Unidos, 1968) Direção: Don Siegel / Roteiro: Herman Miller / Elenco: Clint Eastwood, Lee J. Cobb, Susan Clark, Don Stroud / Sinopse: Coogan (Clint Eastwood) é um xerife do Arizona que tenta recapturar um fugitivo nas ruas movimentadas de Nova Iorque. Enquanto ele caça o criminoso, acaba se apaixonando por uma jovem garota que conhece na cidade grande.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Sindicato de Ladrões

Durante anos o diretor Elia Kazan foi considerado um traidor em Hollywood. Ele havia entregado para o Macarthismo um grande número de profissionais do cinema. Cineastas, roteiristas, atores, atrizes, muitos viram suas carreiras destruídas por causa de Kazan. Essas pessoas faziam parte do Partido Comunista, do qual Kazan também era membro. Quando a coisa apertou, ele entregou todo mundo. Alguns foram presos, outros banidos de Hollywood e alguns até mesmo cometeram suicídio. Com isso Kazan ficou marcado para sempre. Uma maneira dele procurar por uma redenção aconteceu com esse clássico chamado "Sindicato de Ladrões".

Para Marlon Brando esse filme era o retrato de todos os fracassados da América. Todos os derrotados pelo sistema. Aquelas pessoas que não conseguiam o sucesso, a fama e a fortuna. Ele interpretava um boxeador com uma carreira cheia de fracassos que entregava as lutas para que a máfia ganhasse dinheiro fácil no mundo das apostas esportivas. Algum tempo depois essa mesma quadrilha acabava cometendo um crime, colocando um peso a mais na consciência do personagem de Brando. Era aqui que Kazan tentava justificar seus atos no passado, tentando criar uma justificativa baseada em grandes valores para todos aqueles que entregavam seus antigos comparsas ou como no caso dele, dos antigos companheiros de causa.

O filme traz um retrato cru e realista. As cenas foram rodadas nas ruas e nas docas, no meio de pessoas comuns, sem excessos de produção e nem nada do tipo. Marlon Brando, com seu jeito da classe trabalhadora, simplesmente atuava ao lado das pessoas do dia a dia, sempre procurando pelo realismo. Seu talento lhe valeu o primeiro Oscar de sua carreira. Curiosamente Brando compareceu à cerimônia onde recebeu a estatueta de uma linda Grace Kelly. Depois tirou fotos e seguiu todo o protocolo da Academia. Algo que iria renegar anos depois quando seria premiado por "O Poderoso Chefão", ao recusar a premiação. No caso do Oscar vencido por "Sindicato de Ladrões" ele decidiu dar a estatueta para um amigo. Era uma forma dele demonstrar que não dava valor ao Oscar e nem à Academia. Também era uma maneira rebelde de se dissociar da futilidade de uma Hollywood que em sua opinião era vazia e sem sentido. De uma forma ou outra o filme foi aclamado por público e crítica, vencendo os principais prêmios de cinema naquele ano. Foi a forma de Hollywood dizer que finalmente Kazan estava perdoado.

Sindicato de Ladrões (On the Waterfront, Estados Unidos, 1954) Direção: Elia Kazan / Roteiro: Budd Schulberg, Elia Kazan, Malcolm Johnson / Elenco: Marlon Brando, Karl Malden, Rod Steiger, Lee J. Cobb, Eva Marie Saint / Sinopse: Terry Malloy (Brando) é um boxeador fracassado que entrega lutas para que a máfia fature no mundo das apostas esportivas. Após um crime ele começa a ter crises de consciência. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Marlon Brando), Melhor Atriz Coadjuvante (Eva Marie Saint), Melhor Direção (Elia Kazan), Melhor Roteiro, Melhor Direção de Fotografia (Boris Kaufman), Melhor Direção de Arte (Richard Day) e Melhor Edição (Gene Milford). Também vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Marlon Brando), Melhor Direção e Melhor direção de fotografia.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Os Irmãos Karamazov

Título no Brasil: Os Irmãos Karamazov
Título Original: The Brothers Karamazov
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer
Direção: Richard Brooks
Roteiro: Julius J. Epstein
Elenco: Yul Brynner, Maria Schell, Claire Bloom, Lee J. Cobb, William Shatner, Richard Basehart

Sinopse:
O filme conta a história de três irmãos que vivem na Rússia czarista na década de 1870. O mais velho deles é o tenente Dmitri Karamazov (Yul Brynner), homem honesto, mas problemático, sempre envolvido com dívidas de jogo e mulheres sem reputação. O irmão do meio é o escritor e jornalista Ivan Karamazov (Richard Basehart). Por fim há o caçula Alexi Karamazov (William Shatner) que resolve dedicar sua vida à santidade, se tornando monge da Igreja. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Lee J. Cobb). Também indicado à Palma de Ouro do Cannes Film Festival.

Comentários:
"Os Irmãos Karamazov" de Fyodor Dostoevsky é uma das obras mais importantes da literatura russa. Adaptar um romace como esse, com centenas de páginas, para um filme de pouco mais de duas horas de duração nunca foi uma tarefa fácil. Mesmo assim o diretor Richard Brooks conseguiu realizar um bom filme. Nessa trama envolvendo a família Karamazov há praticamente de tudo: assassinatos, traições, duelos, etc. Até mesmo há uma mulher chamada Grushenka (Maria Schell) que é disputada entre pai e filho. Ao assistir a esse filme o espectador vai perceber que em determinados momentos o enredo pode parecer truncado, com situações forçadas que acontecem rápido demais. Isso se deve mesmo ao fato de se adaptar um livro longo para um filme de limitada duração. Assim quando o tenente  Dmitri Karamazov (Yul Brynner) cai de amores por Grushenka, praticamente da noite para o dia, ficamos com aquela sensação de que aquilo aconteceu de forma rápida demais. O que no livro levam páginas e mais páginas, capítulos e mais capítulos, acaba ocorrendo no filme entre uma cena e outra. Por isso é necessário ter uma certa consciência disso para que o filme realmente funcione bem. Outro aspecto que temos que levar em conta é que na Rússia do século XIX havia um outro código de honra, outros valores que atualmente não fazem muito sentido. Assim quando o garotinho filho do velho capitão Snegiryov cai doente, com vergonha das atitudes de seu pai, há uma certa sensação de que nada daquilo faz muito sentido. Sem colocar o contexto histórico na equação, de fato essa parte da dramaturgia não funciona. A despeito dessas observações ainda considero uma bela obra cinematográfica, valorizada por uma boa produção, elenco afinado (até o "capitão Kirk" William Shatner funciona como um monge!) e roteiro coeso, que no final fez o que era possível para trazer a monumental obra escrita por Dostoevsky para as telas de cinema.

Pablo Aluísio.

domingo, 8 de julho de 2012

As Três Faces de Eva

Eve (Joanne Woodward) é uma jovem com transtornos psiquiátricos que desenvolve três personalidades diferentes: Eve (sua personalidade normal), Eve Black (em que apresenta um espírito livre e sensual, sem as amarras sociais da Eve real) e Jane (que é bem mais racional que as demais). Ela então começa um tratamento com os médicos Curtis Luther (Lee J. Cobb) e Francis Day (Edwin Jerome) que ficam intrigados com sua situação médica. "As Três Faces de Eva" não é um filme fácil - achei pesado, tenso e que exige atenção do espectador. Joanne Woodward brilha, isso é um fato. Ela encarna três personagens na verdade, todas elas surgindo várias vezes em uma única cena. Eva White é meiga, submissa, mãe e tímida. Eva Black é extrovertida, atirada, falastrona e adora dançar com soldados e marinheiros. Por fim Jane, uma senhora elegante, racional e consciente de sua situação (ao ponto de dizer ao amado que não pode amar em plenitude pois sofre de uma doença mental)

São três personalidades bem diferentes entre si mas Joanne mostra muito talento ao tornar todas elas bem verossímeis. Esse papel acabou dando o Oscar de melhor atriz para Joanne Woodward, prêmio mais do que merecido aliás. Ela está totalmente convincente em todas as caracterizações. O filme em sua essência é indicado para pessoas que atuam nas áreas de psiquiatria e psicologia. O roteiro propõe uma tese sobre o que teria causada essa personalidade múltipla e para apreciar mesmo o filme é necessário aceitar a explicação que é apresentada no desfecho. Eu pessoalmente achei interessante mas não completa. Enfim, um filme curioso e interessante que conta com a ótima atuação da esposa do Paul Newman. Vale a pena conhecer.

As Três Faces de Eva (The Three Faces of Eve, Estados Undos, 1957) Direção: Nunnaly Johnson / Roteiro: Nunnally Johnson baseado no livro de Corbett Thigpen / Elenco: Joanne Woodward, Lee J. Cobb, David Wayne, Vince Edwards, Nancy Kulp, Ken Scott, Edwin Jerome, Alena Murray / Sinopse: Eve (Joanne Woodward) é uma jovem com transtornos psiquiátricos que desenvolve três personalidades diferentes: Eve (sua personalidade normal), Eve Black (um personalidade livre e sensual, sem as amarras sociais da Eve real) e Jane (que é bem mais racional que as demais). Ela então começa um tratamento com os médicos Curtis Luther (Lee J. Cobb) e Francis Day (Edwin Jerome) que ficam intrigados com sua situação.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Meu Nome é Coogan

"Meu Nome é Coogan" é um dos filmes mais curiosos da filmografia de Clint Eastwood. Aqui ele interpreta um assistente de Xerife do Arizona que vai até Nova Iorque trazer um prisioneiro sob custódia. O roteiro se baseia justamente no choque cultural entre o sujeito durão, red neck do interior, e a grande cidade e seus costumes modernos, com resquícios ainda da geração Hippie (entenda-se muita amor livre, drogas e promiscuidade, como convém ao clima ideológico reinante dentro dos jovens rebeldes da década de 1960). O roteiro obviamente brinca com a imagem de Eastwood de seus famosos faroestes e tenta tirar humor em cima da diferença de personalidade entre o sujeito austero e conservador com o ambiente liberal da cidade grande. O enredo poderia render muito mais na minha opinião mas em seus 90 minutos vamos acompanhando muita perda de potencial do filme, justamente porque os roteiristas insistiram em criar um romance pouco convincente entre Clint e uma psicóloga (interpretada pela atriz Susan Clark). 

Isso quebrou a coluna dorsal do filme pois o aspecto policial foi bastante prejudicado pelo quebra de ritmo do romance bem no meio da trama. Embora não seja um western Clint Eastwood repete seus personagens dos filmes de faroeste, só que aqui a ação obviamente se desloca para uma Nova Iorque sufocante, dos tempos atuais. A direção de Don Siegel se perde um pouco por causa dessa indecisão do roteiro pois o filme não se decide em ser um filme de ação ou um romance mostrando a diferença de costumes do casal. Uma hora o filme se torna ágil e rápido para depois cair em cenas absurdamente chatas e arrastadas. Enfim, "Meu Nome é Coogan" é um bom policial com jeitão de western mas seguramente poderia ser bem melhor se não tivessem apelado tanto para o namorico de fotonovela do personagem principal.

Meu Nome é Coogan (Coogan´s Bluff, Estados Unidos, 1968) Direção: Don Siegel / Roteiro: Herman Miller / Elenco: Clint Eastwood, Lee J. Cobb, Susan Clark, Don Stroud / Sinopse: Coogan (Clint Eastwood) é um xerife do Arizona que tenta recapturar um fugitivo nas ruas movimentadas de Nova Iorque.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Exodus

Título no Brasil: Exodus
Título Original: Exodus
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Otto Preminger
Roteiro: Dalton Trumbo
Elenco: Paul Newman, Eva Marie Saint, Ralph Richardson, Peter Lawford, Lee J. Cobb, Sal Mineo

Sinopse:
Baseado no livro escrito por Leon Uris, o filme "Exodus" conta a história de formação do Estado de Israel. Ari Ben Canaan (Paul Newman) é um jovem judeu que ajuda outros de sua nação a emigrarem para a Palestina, nas vésperas da criação de Israel pela ONU. Roteiro parcialmente baseado em fatos históricos reais.

Comentários:
"Exodus" foi produzido para ser um filme grandioso, uma super produção de Hollywood. O tema era polêmico, mostrando uma série de personagens que ajudaram na criação do Estado de Israel. O problema dessa criação é que já existia na mesma região um país chamado Palestina. Isso criou um conflito armado entre judeus e palestinos que dura até os dias de hoje. Como se aprende nas aulas de ciência política não há como haver paz se duas nações habitam um mesmo território. A guerra se torna iminente. Deixando de lado essa questão o fato é que o diretor Otto Preminger optou por um corte excessivamente longo. O filme tem mais de 3 horas de duração, o que de certa forma o prejudicou muito comercialmente na época em que foi lançado nos cinemas. Com a história dividida em três grandes atos há uma inegável lentidão na edição, o que pode tornar o filme cansativo para muitos espectadores. De qualquer forma, pelo importante tema que trata, "Exodus" ainda é uma peça importante para se entender a questão palestina naquela região de conflitos políticos, econômicos e religiosos.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de maio de 2006

Mato em Nome da Lei

Neste excelente faroeste, com um elenco de primeira grandeza, que conta com nomes como: Robert Ryan e também com um (quase) desconhecido Robert Duvall - Burton Stephen Lancaster, ou simplesmente, Burt Lancaster, vive na pele de Jered Maddox, um agente da lei na pequena cidade de Bannock. Certa noite, com Maddox ausente, um bando de arruaceiros e assassinos entram na pequena Bannock e promovem um tremendo quebra-quebra, culminando com a morte de um senhor inocente. Passado alguns mêses, Maddox chega à pequena cidade de Sabbath e imediatamente vai ao encontro do xerife Cotton Ryan (Robert Ryan). Maddox mostra uma lista de nomes a Cotton onde estão relacionados todos os baderneiros que estiveram em Bannock, e diz que ele tem até o meio-dia do dia seguinte para prender os vaqueiros e entregá-los a ele (Maddox) para que sejam julgados pelo assassinato em Bannock.

Cotton abre o jogo com Maddox e diz a ele que os vaqueiros da lista, trabalham para o rico fazendeiro Vincente Bronson (Lee J. Cobb). Cotton explica que foi Bronson quem o nomeou xerife, e além disso grande parte das pessoas que vivem ali, também trabalham para o fazendeiro, mesmo que indiretamente. Ou seja: os habitantes daquele povoado, ou gostam realmente de Bronson, ou têm medo dele. Uma coisa é certa: ele é o dono da cidade. Sendo assim Ryan deixa claro à Maddox que não vai ajudá-lo em nada. Furioso, Maddox diz à Ryan que todos os vaqueiros serão presos. Por bem ou por mal. No dia seguinte, Ryan parte em direção à fazenda de Bronson para dar-lhe o recado de Maddox. Para surpresa, Bronson não age como um cafajeste desumano; pelo contrário: o fazendeiro mostra-se um homem equilibrado e arrependido pelo que seus homens fizeram na pequena cidade. Na verdade, Bronson não quer entregar seus homens e nem a si mesmo a Maddox, e faz uma proposta: indenizar à família do senhor que morreu na baderna, além de indenizar também o xerife Maddox para que ele esqueça as ordens de prisão. Mas Ryan adverte que Maddox não aceitará a proposta.

À noite, descansando no hotel, Maddox recebe a visita da bela Laura Shelby (Sheree North) uma linda mulher que no passado foi sua amante. Ela pede ao implacável agente que poupe a vida de seu atual marido que também está na lista: Hurd Price (J.D. Cannon). Maddox não dá ouvidos à ex-amante e diz que vai prender seu marido também. Na fazenda, Vincent Bronson reúne seus vaqueiros e diz o que está acontecendo. Os homens se revoltam e pensam num meio de contornar o problema e tirar Maddox da jogada. A reunião esquenta e o braço direito e capataz de Bronson, Harvey Stenbaugh (Albert Salmi), revolta-se com a situação, diz que não vai negociar, e vai até a cidade para matar Maddox. Os dois vão para a rua e ficam frente a frente. Maddox, numa frieza impressionante, saca sua arma e, rápido como um raio, mata Stenbaugh.

Depois de saber da morte de seu amigo e braço direito, Bronson se desespera, reúne seus homens e juntos seguem para a pequena Sabbath para o enfrentamento final contra o implacável agente da lei. Apesar do título infeliz recebido no Brasil, "Mato em Nome da Lei" (Lawman - 1971) é um excelente faroeste, dirigido pelo inglês Michael Winner, que três anos depois dirigiria o explosivo "Desejo de Matar" com Charles Bronson. "Mato em Nome da Lei", destaca-se não só pelo excelente roteiro mas também pela excelente jogada de utilizar elementos de outros clássicos do western como "Matar ou Morrer". Outra qualidade do filme é a construção da história em torno da enorme categoria e carisma do grande Burt Lancaster, encarnado no papel de um impagável, obsessivo e incorruptível xerife Maddox.

Mato em Nome da Lei (Lawman, Estados Unidos,1971) Direção: Michael Winner / Roteiro: Gerald Wilson / Elenco: Burt Lancaster, Robert Ryan, Lee J. Cobb, Robert Duvall / Sinopse: Jered Maddox (Burt Lancaster) é um xerife que vai até outra cidade para prender um grupo de criminosos, algo que não será nada fácil para ele.

Telmo Vilela Jr.


sábado, 18 de março de 2006

Amor Feito de Ódio

Título no Brasil: Amor Feito de Ódio
Título Original: The Man Who Loved Cat Dancing
Ano de Produção: 1973
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Richard C. Sarafian
Roteiro: Eleanor Perry
Elenco: Burt Reynolds, Sarah Miles, Lee J. Cobb, Jack Warden, George Hamilton, Bo Hopkins

Sinopse:
Baseado no romance escrito por Marilyn Durham, o filme conta a história do pistoleiro e ladrão de trens Jay Grobart (Burt Reynolds). Durante um de seus assaltos ele decide raptar a jovem Catherine Crocker (Sarah Miles) e se apaixona por ela.

Comentários:
Não se enganem, durante os anos 70 o ator Burt Reynolds foi um dos maiores astros de Hollywood. Seus filmes faziam muito sucesso e ele era considerado um dos grandes campeões de bilheteria do cinema americano. Tanto que ele acabou passeando por praticamente todos os gêneros cinematográficos. Um de seus momentos mais interessantes na carreira aconteceu nesse western romântico. Isso mesmo, o roteiro passeava pelo faroeste mais tradicional, porém com fartas doses de romantismo. Até porque o material original, o romance que deu origem ao roteiro, havia sido escrito por uma mulher, Marilyn Durham. Nada mais curioso do que ver o velho oeste, com seus foras-da-lei e pistoleiros, tudo recriado pela imaginação de uma talentosa escritora. E o filme é até muito bom. Alguns se incomodaram um pouco com o romance do casal central, até pela forma como ele começou, mas penso diferente. Acredito que dentro da mitologia do velho oeste tudo seria cabível, até mesmo a história de amor de um bandoleiro e uma dama raptada. Assim deixo o convite para assistir a esse faroeste diferente, criado a partir do ponto de vista puramente feminino.

Pablo Aluísio.