quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

A Rainha Tirana

Inglaterra, 1580. A rainha Elizabeth I (Bette Davis) governa de forma absoluta em seu reino. Filha de Henrique VIII, ela dá sequência nos reinados da dinastia Tudor. Governante inteligente e sagaz, passa por um momento delicado em sua vida pessoal. Mesmo chegando numa idade mais avançada ela ainda não escolheu um marido para dar continuidade a sua linhagem. Um herdeiro traria estabilidade para os anos que viriam e por essa razão um casamento real logo se torna um importante assunto de Estado. A rainha da França, Catarina de Médici, logo sugere que ela se case com um nobre importante de sua própria corte, mas Elizabeth não parece muito interessada. Ao invés disso começa a ter sentimentos por um soldado plebeu inglês chamado Walter Raleigh (Richard Todd), que mesmo sem qualquer título de nobreza acaba conquistando o coração da rainha absolutista britânica.

Elizabeth I (1533 - 1603) passou para a história como a "Rainha Virgem". Esse nome foi dado por seus próprios súditos pois Elizabeth (Isabel I, no Brasil) não parecia empenhada em se casar para ter filhos. Durante muitos anos os historiadores se perguntaram se ela foi lésbica ou simplesmente era frígida demais para se interessar por assuntos matrimoniais. De qualquer forma sua relutância em se casar e ter filhos acabou marcando sua biografia. Nessa produção da Fox temos uma parte de sua história, justamente em um momento em que ela passou a se interessar por um plebeu, Walter Raleigh. Ele era um veterano de guerra contra a Irlanda e desejava construir uma frota para ir até o novo mundo (a América) para fazer fortuna. Para isso eram necessários navios e apenas a rainha poderia lhe conceder tamanho privilégio. Ao adentrar a corte de Elizabeth, levado por um nobre que havia sido amigo de seu pai no passado, Raleigh começou a entender que a forma mais fácil de chegar em seus sonhos era mesmo conquistar o coração da solitária monarca.

O problema é que Elizabeth I não era uma mulher fácil de lidar. Sujeita a explosões de raiva e ira, que atingia a todos ao seu redor, ela costumava tratar seu pretendentes de forma humilhante. Não era raro dispensar a eles um tratamento digno de um cão de estimação, fazendo questão de criar intrigas e fofocas na corte sobre sua nova aquisição ou como ela costumava dizer seu novo "pet". Raleigh, um homem de convicção e temperamento duro e forte, logo enfrentou Elizabeth sobre isso e muito provavelmente por causa dessa sua personalidade independente a rainha acabou caindo de amores por ele. Um romance que não interessava a outros nobres e que tampouco era bem visto dentro da corte. O filme captura o momento histórico do auge do absolutismo inglês, com a Casa Tudor em seu apogeu de glória e poder.

Essa mesma soberana seria retratada em dois filmes mais recentes muito bons chamados "Elizabeth" e  "Elizabeth: A Era de Ouro" com Cate Blanchett no papel central. Embora sejam produções excelentes, com maravilhosa produção, o fato é que a presença da clássica atriz Bette Davis faz toda a diferença do mundo se formos comparar os filmes. Assim como a histórica figura da realeza inglesa, Davis também tinha uma personalidade marcante. Aqui ela encontrou um papel muito adequado ao seu jeito de ser. Também em termos de reconstituição histórica a sua rainha surge mais de acordo com os figurinos e costumes da época, inclusive com o estranho corte de cabelo que não foi reproduzido nos filmes modernos sobre Elizabeth (provavelmente porque deixaria o público espantado com os estranhos adereços). No geral o que temos aqui em "The Virgin Queen" é uma produção muito digna de todos os aplausos, tanto em sua tentativa de trazer um pouco de história para o público em geral como também pela sua fidelidade histórica dos acontecimentos originais. Um belo clássico do cinema americano que certamente vai agradar aos gostos mais refinados.

A Rainha Tirana (The Virgin Queen, Estados Unidos, 1955)  Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Henry Koster / Roteiro: Harry Brown, Mindret Lord  Elenco: Bette Davis, Richard Todd, Joan Collins / Sinopse: O filme resgata a história da monarca inglesa Elizabeth I, conhecida entre seus súditos como a "Rainha Virgem" e entre seus inimigos como a "Rainha Tirana". Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Figurino (Charles Le Maire e Mary Wills).
 
Pablo Aluísio.

Meu Reino Por um Amor

Grande momento da carreira da atriz Bette Davis e um dos filmes mais lembrados por sua grande atuação. Aqui ela encontrou um papel à altura de sua personalidade única. Ela interpreta a rainha Elizabeth I, que ficou conhecida na história como a "rainha virgem" pois nunca se casou e nem deixou herdeiros. Quando o filme começa ela está pronta para receber um de seus comandantes, o Conde de Essex (Errol Flynn). Ele está triunfante pois venceu uma grande batalha contra a Espanha e sua armada. A rainha porém não está satisfeita pois esperava que a campanha lhe trouxesse muitos tesouros dos navios espanhóis. Ao invés disso tudo foi para o fundo do mar. O interessante é que por baixo do jogo de aparências a rainha ama aquele homem, tem verdadeira paixão por ele. Seu comportamento é até mesmo uma forma de despistar dos outros lordes. Os seus verdadeiros sentimentos ficam escondidos em encontros secretos com seu amado. Em pouco tempo ela volta para seus braços.

O roteiro do filme foi baseado em fatos históricos reais, inclusive não abrindo mão do trágico destino que acabou envolvendo esse romance. Bette Davis está ótima como a monarca inglesa, inclusive usando figurinos e maquiagem bem pesadas, típicos da época. Isso significou que ela precisou até mesmo cortar parte de seu cabelo para fazer jus aos problemas de calvície que atingia a rainha. A Elizabeth I foi uma mulher complexa, cheia de traumas por causa da velhice e da perda da juventude (algo retratado no filme). A estrutura do roteiro desse filme é bem teatral pois foi baseado numa peça. Só que em nenhum momento cansa o espectador. Além disso tem ótimos diálogos que prendem a atenção. Enfim, um filme realmente digno dessa histórica rainha inglesa.

Meu Reino Por um Amor (The Private Lives of Elizabeth and Essex, Estados Unidos, 1939) Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Norman Reilly Raine, Eneas MacKenzie / Elenco: Bette Davis, Errol Flynn, Olivia de Havilland, Vincent Price / Sinopse: O filme resgata a história de amor envolvendo a rainha Elizabeth I (Davis) e o Conde de Essex (Flynn) durante o século XVI. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (W. Howard Greene, Sol Polito), Melhor Direção de Arte (Anton Grot), Melhor Som (Nathan Levinson), Melhores Efeitos Especiais (Byron Haskin, Nathan Levinson) e Melhor Música (Erich Wolfgang Korngold).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Da Terra Nascem os Homens

Sempre lembrado em qualquer lista que selecione os maiores filmes de western de todos os tempos, "Da Terra Nascem os Homens" é um filme monumental. Dirigido pelo excelente  William Wyler o filme ainda hoje causa impacto em quem assiste. Com ares de grandeza o cineasta procurou em longas e abertas tomadas capturar um pouco da imensidão do oeste americano. O próprio título original do filme (The Big Country) já mostra de forma clara essa sua intenção. O resultado não ficou menos do que grandioso. Na trama acompanhamos a chegada de  James McKay (Gregory Peck) a uma daquelas pequenas cidades do velho oeste que ficavam no meio do nada, bem no centro de um deserto empoeirado. Ele vem do leste urbano e cosmopolita. Agora no oeste rural, selvagem e rústico tentará de todas as formas se adaptar aos costumes da região. Isso é uma necessidade pois ele está noivo da bela Patricia Terrill ( Carroll Baker), filha de um dos grandes criadores de gado do Estado.

Conhecido como Major (Charles Bickfor) ele manda e desmanda nas terras do local até encontrar resistência de outro fazendeiro, Rufus Hannassey (Burl Ives) que quer colocar um basta nessa dominação. A briga e a rixa surgida entre os dois homens são na verdade uma metáfora de William Wyler com a guerra fria, que na época estava no auge. EUA e União Soviética seriam representados por esses dois homens que não conseguem viver mais em paz e em harmonia, sempre tentando prejudicar uma ao outro em todas as oportunidades possíveis. Apenas a chegada do forasteiro McKay poderá trazer uma luz sobre esse impasse.

Já o personagem de Gregory Peck é certamente um dos grandes papéis de sua carreira. Educado, fino e um verdadeiro cavalheiro, não acredita no poder das armas e nem da violência. Sua postura elegante e pacífica logo é confundida com covardia, numa mostra clara da mentalidade atrasada e bruta dos homens do velho oeste. "Da Terra Nascem os Homens" é um filme de fôlego, com quase 3 horas de duração. De certa forma lembra até mesmo "Assim Caminha a Humanidade" em seus longos planos abertos, com a casa sede da fazenda ao longe, perdida no meio do nada. É um filme tão rico que conta com nomes como Charlton Heston em papéis secundários - ele estava prestes a estrelar o filme de sua vida, Ben-Hur, que faria logo a seguir.

Outro personagem coadjuvante muito marcante é o interpretado por Burl Ives, excelente ator que aqui levou o Oscar por sua inspirada atuação de Rufus. A trilha sonora evocativa e forte é outro aspecto que chama a atenção. Por fim, e o mais importante, fica a lição subliminar de tudo o que vemos no filme. A grande mensagem de "Da Terra Nascem os Homens" é que a violência realmente não leva a lugar nenhum. A cena final e seu resultado mostram de forma bem clara isso. Um recado de Wyler para as grandes nações do mundo: ou elas encontram uma maneira de viver de forma pacífica ou então se destruirão mutuamente, em uma situação onde não há vencedores, mas apenas perdedores.

Da Terra Nascem os Homens (The Big Country, Estados Unidos, 1958) Direção: William Wyler / Roteiro: Jessamyn West, Robert Wyler, James R. Webb, Sy Bartlett, Robert Wilder baseados no livro de Donald Hamilton / Elenco: Gregory Peck, Jean Simmons, Carroll Baker, Charlton Heston, Burl Ives, Charles Bickford / Sinopse: Numa região do velho oeste disputada por dois fazendeiros e criadores de gado, um homem do leste que chega no local para se casar com a filha de um deles, procura trazer uma nova mentalidade e uma outra maneira de pensar sobre o modo como se deve conviver com o próximo. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Burl Ives). Também indicado na categoria de Melhor Música (Jerome Moross). 

Pablo Aluísio.

Cimarron

Baseado no premiado romance homônimo de Edna Ferber e dirigido por Anthony Mann, o clássico, "Cimarron, Jornada da Vida" conta a aventura do casal Yancey Cimarron Cravat (Glenn Ford) e sua bela e rica mulher Sabra Cravat (Maria Schell) que mesmo contra a vontade dos pais de Sabra, partem juntos em 1889 de Kansas City para Oklahoma para participarem da famosa corrida de cavalos e carruagens na tentativa de ocupar um pedaço de terra oferecido pelo governo com o objetivo de povoar o último estado que ainda se encontrava selvagem. No longa, a jovem Sabra abandona uma vida de riqueza para casar-se com o aventureiro Yancey Cimarron um aventureiro corajoso e desbravador que sonha estabelecer-se na nova terra e fundar um jornal que funcionaria como um libelo a favor das causas indígenas, dos negros, dos judeus e dos menos favorecidos.

Depois de estabelecidos, os problemas de Yancey começam a aparecer, pois, além de reencontrar uma bela e velha paixão, Dixie Lee (Anne Baxter), tem que enfrentar as idéias contrárias de sua mulher que além de não ser muito a favor da causa indígena, sonha com um futuro bem diferente para a sua família. Yancey, no entanto, não concordando muito com as idéias conservadoras e menos aventureiras de sua mulher abandona tudo e parte para uma nova empreitada, abandonando sua família e seu jornal para conquistar novas terras, só que desta vez no Alasca. O filme atravessa, desde a fundação de Oklahoma em 1889, um período de 25 anos e mostra todas as mudanças pelas quais os americanos - e até o mundo - passaram: a descoberta e conquista do petróleo, a colonização de um novo estado e a explosão da Primeira Guerra Mundial. Cimarron é um épico que conta uma história real de força, determinação, empreendedorismo e espírito de conquista do povo americano.

Cimarron (Cimarron, EUA, 1960) Direção: Anthony Mann / Roteiro: Arnold Schulman baseado na obra de Edna Ferber / Elenco: Glenn Ford, Maria Schell, Anne Baxter, Arthur O'Connell,  Mercedes McCambridge,  Vic Morrow / Sinopse: A saga de um aventureiro, Yancey Cimarron Cravat (Glenn Ford). Inquieto e sempre procurando por novos caminhos em sua vida ele ganha o oeste em busca de riquezas e aventuras.

Telmo Vilela Jr.

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Devastando Caminhos

Tom Andrews (Randolph Scott) é um explorador que é contratado pela companhia ferroviária do Canadá com a missão de encontrar um caminho entre as montanhas rochosas. O objetivo é construir uma grande linha ferroviária que ligue as duas costas do Canadá, ligando o Atlântico ao Pacífico, servindo como rota de união entre a  distante colônia britânica e as principais cidades do país. O trabalho de Andrews porém não será nada fácil pois a ideia não conta com o apoio das populações montanhesas, que temem perder sua liberdade e autonomia com a chegada do progresso que virá com as novas rotas comerciais abertas pela ferrovia. Como se não bastasse os nativos locais também se insurgem contra a chegada do trem a vapor. Eis um dos mais curiosos filmes de Randolph Scott. Logo de início percebemos que é um western diferente pois foi praticamente todo rodado no Canadá e não nos EUA. O filme tem linda fotografia e foi quase todo filmado em locações reais nos parques nacionais da cidade canadense de Alberta. Lindos lagos e montanhas cinematográficas passeiam pela tela.

Algumas cenas mais ousadas foram feitas pelo próprio Randolph Scott (ele foi dublê antes de virar astro). Numa delas o ator se equilibra ao lado de furiosas corredeiras; para em outro momento subir em uma montanha inóspita. Apesar disso o tom é bem leve. Obviamente há cenas de brigas, lutas e tiroteios mas no geral o filme tende mais para o lado romântico, onde Scott fica indeciso entre se firmar com uma jovem da região ou assumir de vez o namoro com uma médica da companhia ferroviária. Para os que gostam de ação duas cenas se destacam. Na primeira delas o personagem de Randolph Scott sofre um atentado com bananas de dinamite e em outra temos um grande confronto entre os trabalhadores da ferrovia e os índios das montanhas que querem colocar a construção da estrada de ferro abaixo. Por falar nisso foi impossível não lembrar de uma série atual que tem basicamente o mesmo tema desse filme, "Hell on Wheels" do canal AMC. O argumento é basicamente o mesmo, porém no quesito belezas naturais "Canadian Pacific" se saí bem melhor, fruto da beleza ímpar da região onde foi filmado. Assim fica a dica desse faroeste canadense estrelado pelo cowboy americano Randolph Scott. Não deixe de assistir.

Devastando Caminhos (Canadian Pacific, EUA, 1949) Direção: Edwin L. Marin / Roteiro: Jack DeWit / Elenco: Randolph Scott, Jane Wyatt, J. Carrol Naish, Victor Jory / Sinopse: Explorador americano é contratado por companhia ferroviária canadense para achar um caminho entre as montanhas rochosas por onde possa passar a nova linha de trem que ligará as duas costas do Canadá. A construção da ferrovia porém não será nada fácil já que os moradores da região e os nativos locais não querem que ela passe por suas terras.

Pablo Aluísio.

Cheyenne

The Cheyenne Social Club é um western diferente, mais leve e com muito bom humor. Só o fato de reunir esses dois mitos, James Stewart e Henry Fonda, já o tornaria obrigatório a qualquer fã de cinema, mas ainda tem mais, outro grande nome na direção: Gene Kelly! Muitos podem torcer o nariz para o fato do filme ter sido dirigido por um ator e dançarino especialista em musicais, mas podem ficar tranquilos, o resultado é muito satisfatório. Obviamente que a ação fica em segundo plano, revelando-se o roteiro uma fina comédia de humor de costumes, mas isso não é um empecilho. O filme foi lançado em 1970, quando o gênero faroeste já estava saindo de moda, mas vamos convir que tudo aqui se encaixa perfeitamente, até mesmo na idade mais avançada dos atores, que interpretam cowboys velhos de guerra que são surpreendidos por uma "herança" no mínimo inusitada. Imagine herdar um bordel numa cidade do velho oeste! É justamente em cima dessa situação curiosa e cômica que o roteiro se desenvolve.

James Stewart novamente faz o papel de um personagem com grande virtude e valores morais. Embora inicialmente isso não fique muito claro, logo o roteiro toma rumos para reafirmar essa característica que de uma forma ou outra sempre marcou todos os seus personagens de sua carreira. Já Henry Fonda está ótimo. Fazendo um cowboy casca grossa, o ator está mais carismático do que nunca. Realmente adorei sua caracterização ao estilo interiorano esperto. Na trama ele funciona como escada para o amigo James Stewart, mas isso em nenhum momento é um problema pois ambos sempre trabalharam excepcionalmente bem juntos. A dupla está perfeita em todas as cenas, demonstrando mesmo como eram bons atores, na verdade eram grandes amigos na vida real e isso passa para a tela. Enfim é isso, embora não seja tão conhecido "The Cheyenne Social Club" é no final das contas uma excelente diversão, com tudo o que o estilo western pede: bom humor, cenas de duelo, tiroteios e grandes atores em cena. Quem precisa de mais do que isso?

The Cheyenne Social Club (Estados Unidos, 1970) Direção: Gene Kelly / Roteiro: James Lee Barrett baseado na novela de Davis Grubb / Elenco: James Stewart, Henry Fonda e Shirley Jones / Sinopse: John O´Hallan (James Stewart) é um cowboy que é surpreendido pela notícia de que recebera de herança um bordel numa cidade do velho oeste. Ao lado do amigo Harley Sullivan (Henry Fonda) resolve ir conhecer o local para colocá-lo à venda, o que não contava era com a resistência das mulheres do estabelecimento que não querem que o "club" seja vendido!

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

A Pistola do Mal

Lorn Warfield (Glenn Ford) é um pistoleiro errante há muito longe de sua casa e família. Após vários anos decide retornar para seu lar ao lado de sua esposa e dois filhos. Quando chega em seu antigo rancho porém acaba descobrindo que tudo está em cinzas, sendo o paradeiro de sua família desconhecido. Partindo em busca deles acaba descobrindo que muito provavelmente estejam reféns de uma tribo Apache que mora nas montanhas. Esses nativos usam brancos sequestrados como moeda de troca com outras tribos e traficantes de armas. Sem alternativa Lorn decide enfrentar o deserto hostil para libertar seus familiares."A Pistola do Mal" é um western muito bem realizado. Embora seu enredo lembre em certos momentos antigos clássicos como "Rastros de Ódio" o filme consegue ter identidade própria, apostando numa linguagem naturalista, pé no chão, onde o velho oeste surge com toda sua crueza: doenças, miséria e cidades abandonadas à própria sorte.

Glenn Ford surge em cena novamente com seu eterno figurino: jaqueta, chapéu surrado e sapatos de espora. Aqui ele repete seu tipo habitual, mas consegue excelente atuação em pelo menos duas excelentes cenas. Na primeira delas, amarrado pelos Apaches no meio do deserto, tenta espantar os abutres que chegam para esperar sua morte certa. Na outra boa sequência enfrenta um grupo de índios em uma cidade abandonada junto a um grupo de renegados que se fazem passar por um regimento da cavalaria americana. "A Pistola do Mal" é um faroeste americano que já mostra sinais de influência do chamado Western Spaguetti. A edição, a música e a sordidez das situações lembram em muito os filmes de Sergio Leone. "Por um Punhado de Dólares", realizado quatro anos antes, certamente é uma referência. Enfim, "A Pistola do Mal" é uma produção a se conhecer. Hoje em dia o filme já não é tão lembrado pelo apreciadores de filmes de faroeste, porém vale a pena ser redescoberto.

A Pistola do Mal (Day of the Evil Gun, Estados Unidos, 1968) Direção: Jerry Thorpe / Roteiro: Charles Marquis Warren, Eric Bercovici / Elenco: Glenn Ford, Arthur Kennedy, Dean Jagger, Nico Minardos,  Harry Dean Stanton / Sinopse: Pistoleiro parte em busca de sua família sequestrada por Apaches. No meio do caminho encontra doenças, miséria e um grupo de renegados que se fazem passar por soldados da cavalaria norte-americana.

Pablo Aluísio.

Galante e Sanguinário

Ben Wade (Glenn Ford) é líder de um bando de assaltantes e assassinos cruéis. Eles interceptam uma diligência atravessando o deserto e a assaltam, matando o condutor do veículo. Após o ato criminoso chegam em uma pequenina cidade perdida do velho oeste. Lá Ben é finalmente capturado pelo xerife local. O resto do bando porém foge mas jura voltar para resgatar seu chefe. Praticamente sozinho o xerife decide recrutar alguns moradores locais para lhe ajudar entre eles Dan Evans (Van Heflin) um rancheiro endividado que pretende provar aos seus filhos menores que tem bravura suficiente para levar Ben até a estação de trem onde ele finalmente será levado para julgamento no tribunal da cidade de Yuma. Mesmo que você não assista filmes de western clássicos certamente conhece esse enredo. Isso porque “Galante e Sanguinário” virou remake há poucos anos com Russel Crowe e Ben Foster com o nome de “Os Indomáveis”. A estória é praticamente a mesma, com pequenas mudanças pontuais. O que faz de “3:10 to Yuma” tão interessante é seu enredo, tirando muito proveito da tensão crescente envolvendo a custódia do líder do grupo criminoso por um simples rancheiro. Cercado por todos os lados por membros de sua gangue ele decide demonstrar sua bravura, levando com firme propósito a missão de colocar Ben no trem que o levará às raias da justiça.

Esse é provavelmente um dos melhores momentos da carreira de Glenn Ford. Acredito que apenas “Cimarron” seja melhor. Ele está perfeito em sua caracterização do frio assassino Ben Wade. Para um ator que sempre fazia o papel de mocinho ele demonstrou muito jeito e estilo como o bandido que joga psicologicamente o tempo inteiro com o rancheiro que o mantém prisioneiro. Esse é mais um ótimo faroeste dirigido por Delmer Daves. Roteirista de mão cheia ele fez pouco mais de 30 filmes mas praticamente todos bem marcantes. Ao lado de Glenn Ford brilhou em faroestes como nesse “Galante e Sanguinário” e “Cowboy” que rodaria logo depois. É inegável que Daves usou muitos elementos que já tinham marcado muito em “Matar Ou Morrer” com Gary Cooper. A tensão, a ansiedade, os closes no relógio que teima não passar os minutos e a passagem em tempo real da ida à estação de trem. Vejo nesse aspecto uma homenagem ao grande clássico de Cooper que mesmo já tendo sido utilizado brilhantemente antes volta a funcionar muito bem aqui também. Em conclusão podemos dizer que “Galante e Sanguinário” é um western psicológico bem marcante que joga muito bem com a situação chave da trama. Um grande momento da carreira de Glenn Ford em um papel que o marcaria para sempre.

Galante e Sanguinário (3:10 to Yuma, Estados Unidos, 1957) Direção: Delmer Daves / Roteiro: Halsted Welles, Elmore Leonard / Elenco: Glenn Ford, Van Heflin, Felicia Farr, Henry Jones, Richard Jaeckel / Sinopse: Ben Wade (Glenn Ford) é líder de um bando de assaltantes e assassinos cruéis. Eles interceptam uma diligência atravessando o deserto e a assaltam, matando o condutor do veículo. Após o ato criminoso chegam em uma pequenina cidade perdida do velho oeste. Lá Ben é finalmente capturado pelo xerife local. O resto do bando porém foge mas jura voltar para resgatar seu chefe.

Pablo Aluísio. 

domingo, 12 de janeiro de 2020

O Irresistível Forasteiro

Jason Sweet (Glenn Ford) é um criador de ovelhas que chega em um vale de terras públicas com seu rebanho mas é hostilizado pelos criadores de gado da região. Esses são liderados pelo chamado "Coronel" (Leslie Nielsen), um antigo pistoleiro que inventou uma nova identidade e se instalou no local. "O Irresistível Forasteiro" é um bom veículo para Glenn Ford, na época se tornando cada mais popular justamente pelos faroestes que vinha estrelando como "Galante e Sanguinário" e "Cowboy". Suas produções no velho oeste davam ótimas bilheterias e dois anos depois desse "Sheepman" ele iria realizar a obra prima de sua filmografia, o inesquecível "Cimarron".Aqui Glenn interpreta um sujeito levemente espertalhão que entra em conflito contra toda uma cidade com sua ideia inconveniente de criar milhares de ovelhas em pastos de gado (como se sabe as ovelhas acabam destruindo os pastos os tornando imprestáveis para a criação bovina).

O tom do filme não é tão pesado quanto supõe a leitura da sinopse, de fato o clima é bem ameno, leve. A presença da simpática e jovem Shirley MacLaine acentua ainda mais esse aspecto. É divertido ver a atriz nesse que foi um de seus primeiros filmes. Ela está encantadoramente jovial, chegando a entoar uma canção numa cena de festa. Já no lado dos vilões uma curiosidade muito interessante, a presença de Leslie Nielsen na pele do "Coronel". Antes de se consagrar como o comediante de muitos filmes que todos acompanharam anos depois, Nielsen participava de produções como essa, filmes de western com muitos duelos, tiros e ação."O irresistível Forasteiro" foi dirigido pelo veterano George Marshall, um dos cineastas mais produtivos que já passaram por Hollywood, tendo dirigido quase 200 filmes! - um número impensável nos dias atuais. Em mais de 60 anos de carreira dirigiu todos os tipos de filmes. Um verdadeiro recordista do Guinness Book!

O Irresistível Forasteiro (The Sheepman, EUA, 1958) Direção: George Marshall / Roteiro: William Bowers, James Edward Grant / Elenco: Glenn Ford, Leslie Nielsen, Shirley MacLaine, Mickey Shaughnessy / Sinopse: Jason Sweet (Glenn Ford) é um criador de ovelhas que chega em um vale de terras públicas com seu rebanho mas é hostilizado pelos criadores de gado da região. Esses são liderados pelo chamado "Coronel" (Leslie Nielsen), um antigo pistoleiro que inventou uma nova identidade e se instalou no local.

Pablo Aluísio.

A Difícil Vingança

Produção canadense modesta, com orçamento de apenas 5 milhões de dólares, que tenta resgatar um pouco do velho charme dos filmes de bang bang. Na realidade temos aqui um remake de um antigo filme de John Wayne da década de 1930. Eu sou da opinião de que certos filmes não se mexem, são obras definitivas, cujas estórias já encontraram sua versão definitiva nos cinemas. Esse é o caso. A obra com Wayne já era boa o suficiente, não era necessário em hipótese alguma ser objeto de mais um remake desnecessário. A trama é a mesma: “Cincinatti” John Mason (Slater) é um pistoleiro perseguido por um caçador de recompensas interpretado por Donald Sutherland (com barba messiânica se torna logo a melhor presença do elenco). Sua cabeça está a prêmio por ter matado três homens no Ohio. Na fuga decide voltar para sua cidade natal com o objetivo de rever seu pai. Chegando lá descobre que o local está sendo palco de vários crimes comandados por um grupo de bandidos mascarados. Depois de um assalto o pai de “Cincinatti” acaba sendo morto por esse bando. Agora o pistoleiro terá que caçar os bandidos para saciar sua sede de justiça, ao mesmo tempo em que é caçado por Sutherland.

A edição do filme deixa um pouco a desejar. A produção, apesar do orçamento restrito, é bem bonita, com farto uso das paisagens canadenses (bem conhecidas por suas belezas naturais). Falta no elenco um ator com mais presença. Fica complicado acreditar que Christian Slater seja um pistoleiro famoso no velho oeste. Baixinho, com as sobrancelhas sempre arqueadas, ele não passa a virilidade que é necessária para esse tipo de personagem. Slater é ator para outro tipo de papel, ao estilo malandro da grande cidade. No velho oeste ele definitivamente não se encaixa bem. Quem acaba salvando o filme nesse aspecto é o veterano Donald Sutherland no papel do caçador de recompensas. Sua caracterização é perfeita, inclusive sua barba que surge em cena de acordo com o estilo usado pelos homens da época. Enfim é isso, “A Difícil Vingança” não chega a ser um filme propriamente ruim, só desnecessário. Melhor rever o original com o “Duke” John Wayne.

A Difícil Vingança (Dawn Rider, Canadá, 2012) / Direção: Terry Miles / Roteiro: Evan Jacobs, Joseph Nasser / Elenco: Christian Slater, Jill Hennessy, Donald Sutterland, Lochlyn Munro, Matt Bellefleur, George Canyon, Douglas Chapman, Ben Cotton, Claude Duhamel, G. Michael Gray, Adrian Hough / Sinopse: Quadrilha de homens mascarados mata o pai do pistoleiro “Cincinatti” John Mason (Christian Slater). Fugindo de um caçador de recompensas (Donald Sutherland) ele agora partirá para sua vingança pessoal.

Pablo Aluísio.

sábado, 11 de janeiro de 2020

Águas Sangrentas

Após o assalto a uma diligência, Chris Danning (Randolph Scott) sai no encalço dos criminosos responsáveis pelo roubo e morte dos passageiros. Após cavalgar por várias cidades atrás de pistas chega na pequena Coroner Creek no Arizona. Lá descobre que um próspero homem de negócios e fazendeiro chamado Younger Miles (George Macready) está por trás do terrível crime. “Águas Sangrentas” é mais um bom western do final da década de 40 que traz todos os elementos que os fãs do estilo certamente vão gostar. Há o cavaleiro errante que parte em busca de vingança, o malfeitor rico e poderoso que usa de seu poder econômico para dominar toda uma região e por fim a sede de justiça que move o personagem principal. Só no final conseguimos compreender completamente porque o personagem de Randolph Scott se empenha tanto em vingar a morte dos passageiros da diligência no assalto que ocorre no começo do filme. Uma odisséia em busca de vingança, justiça e redenção pessoal e também uma bela estória de amor.

A produção de “Águas Sangrentas” é de bom nível. O filme foi produzido pela Columbia, na época a lanterninha entre os estúdios de Hollywood. Mesmo assim nada deixa a desejar no filme nesse aspecto. As filmagens foram realizadas no conhecido Iverson Ranch, localizado nos arredores de Los Angeles, na Califórnia. A Columbia quase sempre rodava seus faroestes nesse local e muitos anos depois ele ficaria ainda mais conhecido por ter sido utilizado como locação da famosa e popular série de TV Bonanza. ”Coroner Creek” foi dirigido pelo conhecido cineasta Ray Enright que inclusive já havia trabalhado com Randolph Scott anos antes no popular “Gung Ho”, um grande sucesso de bilheteria. Detalhista e disciplinado sempre fazia um bom trabalho mesmo quando lidava com orçamentos mais modestos. “Águas Sangrentas” é mais uma interessante película assinado por ele. Também é considerado um momento marcante da carreira de Randolph Scott. Algumas cenas aqui ficaram bem conhecidas entre os fãs do ator como a que ele tem uma de suas mãos esmagada nas pedras de um leito do rio (dando origem ao título nacional). Ferido, acaba tendo que passar o restante do filme sacando e atirando com a mão esquerda o que era bem complicado para ele já que era destro! Enfim, temos aqui mais um trabalho marcante na extensa e rica filmografia do velho Randy. Não deixe de conhecer.

Águas Sangrentas (Coroner Creek, EUA, 1948) Direção: Ray Enright / Roteiro: Kenneth Gamet baseado no livro de,Luke Short / Elenco: Randolph Scott, Marguerite Chapman, George Macready, Sally Eilers, Edgar Buchanan / Sinopse: Após o assalto a uma diligência, Chris Danning (Randolph Scott) sai no encalço dos criminosos responsáveis pelo roubo e morte dos passageiros. Após cavalgar por várias cidades atrás de pistas chega na pequena Coroner Creek no Arizona. Lá descobre que um próspero homem de negócios e fazendeiro chamado Younger Miles (George Macready) está por trás do terrível crime.

Pablo Aluísio.

O Signo do Zorro

Título no Brasil: O Signo do Zorro
Título Original: The Sign of Zorro
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney Productions
Direção: Lewis R. Foster, Norman Foster
Roteiro: Norman Foster, Lowell S. Hawley
Elenco: Guy Williams, Henry Calvin, Gene Sheldon, Romney Brent, Britt Lomond, George J. Lewis

Sinopse:
Don Diego (Williams) volta para casa e encontra sua cidade sob o calcanhar de um cruel ditador, um homem corrupto e vil que explora a boa fé das pessoas do vilarejo. Para combater essa injustiça ele precisa voltar a encarnar o Zorro.

Comentários:
Esse filme lançado na década de 1950 nada mais era do que uma compilação de oito episódios da série de TV produzida pela Disney. O que mais surpreende é que apesar de tudo isso funcionou muito bem, realmente parecendo um longa-metragem próprio, a ser lançado nos cinemas. Palmas para os roteiristas e editores que conseguiram essa proeza. No geral esse filme, como não poderia deixar de ser, segue a mesma linha da série (aliás o filme foi extraído da série, não podemos esquecer), por isso se você gosta do Zorro de Guy Williams nada mais adequado. Pena que a série não durou mais, pois de fato marcou época para os fãs desse famoso personagem. Sob um ponto de vista de revisão do passado, esse seguramente foi uma das melhores adaptações do Zorro que foi produzida. Os roteiros também eram muito bons, mesclando aventura, cenas de ação, com um pouco de humor, principalmente na figura rotunda do Sargento Garcia. Enfim, entretenimento de primeira qualidade que inclusive resistiu bem ao passar dos anos.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Globo de Ouro 2020

Tradicionalmente se diz que o Globo de Ouro é a prévia do Oscar. Bom, se isso se confirmar esse ano teremos algumas surpresas na premiação da Academia. Isso porque o filme vencedor da noite, na principal categoria de Melhor Filme - Drama, foi "1917" de Sam Mendes. Levou também o cobiçado prêmio de Melhor Direção. Quem estava esperando por isso? Praticamente ninguém. Até porque o filme nem havia estreado nos Estados Unidos ainda. Todos estavam esperando pela consagração de "O Irlandês", mas o filme de Scorsese decepcionou completamente na noite. Em termos de Globo de Ouro todo o seu elenco e equipe ficaram a ver navios. Robert De Niro ficou visivelmente aborrecido com isso tudo. O que não causou surpresa nenhuma (e assim espero que seja repetido no Oscar) foi a premiação de Joaquin Phoenix por "Coringa". Merecido demais. Mesmo competindo com outros gênios da atuação (Jonathan Pryce, por "Dois Papas" era o segundo mais cotado), não houve como deixar de premia-lo. Ele está excepcional no filme inspirado no vilão da DC Comics. Aliás que não façam uma continuação porque com um filme como esse não há a menor necessidade. É uma obra-prima cinematográfica.

Na categoria ator coadjuvante (que estava mais acirrada do que a de ator principal) o premiado foi Brad Pitt por "Era uma Vez em… Hollywood". Não era o meu preferido, mas não fiquei chateado por sua premiação. Ele está de fato muito bem no filme de Tarantino. Pelo visto dar uma surra em Bruce Lee foi um negócio e tanto para ele. O ator, que só havia sido premiado antes por "Doze Macacos" ficou claramente tocado pela premiação. Até se viu pedindo desculpas aos demais concorrentes que ele chamou de "Deuses da atuação". O bom e velho Pitt merece, tenho que dizer.

E por falar em Quentin Tarantino ele levou prêmios importantes na noite. O Globo de Ouro de Melhor Roteiro prova mais uma vez que o diretor é mesmo o rei das referências da cultura pop. Seu filme aliás é mais um exemplo disso. Só achei que deixaram de dizer algumas palavras em memória da atriz Sharon Tate. Ela não foi lembrada nos discursos e nem nas entrevistas. Furo complicado de entender. Russell Crowe foi premiado por "The Loudest Voice", porém ele não compareceu na cerimônia. O ator está na Austrália, tentando ajudar no desastre natural que se abate sobre seu país. Mandou um texto de conscientização sobre as mudanças climáticas globais. Foi algo bem conveniente.

Em termos de atrizes também surgiram surpresas.  Renée Zellweger venceu por "Judy – Muito Além do Arco-Íris". É uma espécie de retorno após uma fase muito ruim na carreira e na vida pessoal. Achei sua aparência bem melhor. Ela passou por uma série de cirurgias de reconstrução de seu antigo rosto e os resultados ficaram bons. Não é a mesma loirinha do passado, mas pelo menos agora podemos reconhecer ela de novo! Laura Dern foi também premiada como atriz coadjuvante por "História de um Casamento". Ela interpretou a advogada da esposa no filme. Essa produção também derrapou feio na premiação. E era o segundo filme favorito da noite, ao lado de Scorsese. Por fim tivemos homenagens a Tom Hanks (um sujeito muito bacana, com uma filmografia espetacular) e Ellen DeGeneres (que sempre considerei muito forçada e sem graça). Assim tivemos uma noite de erros e acertos. Nada muito diferente do que acontece também no Oscar.

Pablo Aluísio.

Doutor Sono

"O Iluminado" é um clássico do terror. Dirigido por Stanley Kubrick e estrelado por Jack Nicholson, foi um daqueles filmes que marcaram época. Agora, muitos anos depois, chega aos cinemas uma espécie de sequência daquela obra-prima. O garotinho que andava de triciclo pelos corredores do hotel mal-assombrado cresceu. Agora ele é um homem adulto, cheio de problemas. Dan Torrance (Ewan McGregor) cresceu tendo que lidar com seu dom de ver e interagir com pessoas mortas. É o que lhe qualifica como uma pessoa iluminada. Só que isso também lhe trouxe vários problemas psicológicos, traumas, etc. Para superar tudo ele se entregou à bebida durante anos.

Seu desafio agora é ajudar uma garotinha chamada Abra Stone (Rebecca Ferguson). Ela também é uma iluminada, com muitos mais poderes paranormais, iguais aos de Dan. Isso a torna uma vítima em potencial de um estranho grupo de assassinos que sequestra e mata crianças para literalmente sugar suas almas. Essa gente tem sede de sangue e os iluminados são especialmente apreciados por eles. A garota Abra e uma caça primordial.

Quando esse filme terminou, eu fiquei com a sensação de que certas estórias não precisam de continuação. Elas já são bem fechadinhas em si. O primeiro "O Iluminado" era um primor do gênero terror psicológico. Sua força vinha muito do suspense criado em torno dos acontecimentos naquele hotel isolado e frio, no alto da montanha. Não foi necessário explicar muita coisa, apenas explorar bem as cenas. Nesse segundo filme o terror psicológico desaparece. Não há nada nessa linha. Tudo se resume em uma narrativa bem clichê do confronto entre o bem e o mal. Os vilões me pareceram bem caricatos. Do lado do bem apenas Dan desperta algum interesse. A jovem Abra é chatinha. A atriz que a interpreta é pior ainda. Bem genérica. Nada expressiva ou talentosa.

A falha, é bom frisar, não é apenas dos produtores desse filme, mas também do próprio Stephen King. Que ele é um bom escritor de terror, bom, isso todo mundo sabe. O problema é que ele não sabe quando parar. "O Iluminado" não precisa de continuação e nem de tantas explicações irrelevantes como vemos aqui. Esses personagens do mal estragaram tudo. Mais parecem vilões de séries do tipo "Buffy, a Caça-Vampiros"! Nada a ver. Mesmo que o escritor quisesse continuar a contar a história de Dan ele deveria ter feito isso com mais criatividade e elegância. Aqui o filme se mostra condenado desde o começo simplesmente porque a estória que conta é ruim. Com isso não há muita salvação. Culpa de quem? Em minha opinião, do próprio Stephen King.

Doutor Sono (Doctor Sleep, Estados Unidos, 2019) Direção: Mike Flanagan / Roteiro: Mike Flanagan, baseado no livro escrito por Stephen King / Elenco: Ewan McGregor, Rebecca Ferguson, Kyliegh Curran, Zahn McClarnon / Sinopse: Sequência tardia do clássico "O Iluminado". Na trama Dan Torrance (Ewan McGregor) precisa ajudar a garotinha Abra Stone (Rebecca Ferguson). Ela tem os mesmos poderes paranormais que ele e está sendo seguida por um grupo que sequestra e mata crianças.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw

Essa franquia cinematográfica "Velozes & Furiosos" está virando outra coisa. Nada muito condizente com os primeiros filmes. Parece até que virou apenas uma marca comercial e nada mais. E os atores Dwayne Johnson e Jason Statham praticamente adquiriram a franquia. Esse novo filme foi produzido por eles. O custo da produção foi exorbitante, mais de 200 milhões de dólares, porém o retorno foi excelente. Décima maior bilheteria de 2019 o filme faturou até o momento a quantia de 750 milhões de dólares. Uma fortuna, sucesso garantido. Com todo mundo aproveitando os lucros é quase certo que não vão parar nesse que é (se não perdi a conta) o décimo filme com o selo "Velozes & Furiosos".

A boa notícia é que houve mudanças para melhor. Nada de carrões envenenados e aquele fiapinho de história para contar. Os roteiristas aqui tiveram liberdade para contar algo completamente novo dentro da franquia. Assim o que temos é um novo rumo para os filmes. Certo, a trama continua a menor das preocupações. O que vale mesmo é o bom humor.

Sim, o filme jamais se leva à sério e isso é sua melhor característica. Os dois protagonistas não se suportam e isso gera alguns diálogos bem divertidos. As cenas de ação são bem realizadas e cada vez mais absurdas, como é esperado nesse tipo de filme. Porém tudo é levado com uma certa ironia interna que salva o filme de qualquer crítica mal humorada. O filme até poderia ser menor, com um corte final mais enxuto, porém é fato, a diversão ficou garantida. Até para um cinéfilo veterano, que já anda cansado desse tipo de produção, a coisa pode funcionar muito bem. O segredo é embarcar na proposta do filme, não ficar analisando nada muito à sério e se divertir, apenas isso.

Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw (Fast & Furious Presents: Hobbs & Shaw, Estados Unidos, 2019) Direção: David Leitch / Roteiro:  Chris Morgan, Drew Pearce / Elenco: Dwayne Johnson, Jason Statham, Idris Elba, Vanessa Kirby, Helen Mirren, Ryan Reynolds / Sinopse: Uma organização criminosa quer ter em sua posse um vírus mortal que pode destruir toda a humanidade. Para impedir que isso aconteça os agentes Hobbs (Dwayne Johnson) e Shaw (Jason Statham) vão fazer de tudo para que o plano dos vilões não obtenha êxito.

Pablo Aluísio.

Uma Saída de Mestre

Título no Brasil: Uma Saída de Mestre
Título Original: The Italian Job
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos, Inglaterra, França, Itália
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: F. Gary Gray
Roteiro: Troy Kennedy-Martin, Donna Powers
Elenco: Mark Wahlberg, Jason Statham, Donald Sutherland, Edward Norton, Charlize Theron, Fausto Callegarini

Sinopse:

Depois de ser traído e deixado para morrer na Itália, Charlie Croker (Mark Wahlberg) e sua equipe planejam um elaborado assalto, com o objetivo de roubar uma grande fortuna em ouro. O alvo passa a ser justamente aquele que o traiu, seu ex-aliado. Filme premiado no World Stunt Awards.

Comentários:
Esse filme de ação reuniu um elenco e tanto! Realmente admirável. Penso inclusive que se fosse produzido nos dias de hoje não iriam conseguir reunir tantos astros e estrelas famosos do cinema atual. Afinal o cachê de todos eles inflacionou bastante desde 2003, quando o filme foi feito. Outro ponto positivo é que se trata de um filme sobre assalto. Esse é aquele tipo de filme que precisa ter um roteiro muito ruim para não dar certo. O natural mesmo é que acabe rendendo pelo menos um bom enredo, com doses de ação e suspense. A intenção dos ladrões é roubar um enorme carregamento em barras de ouro. O sonho de todo criminoso desse tipo. E para isso eles reúnem um tipo de "experts", cada um na sua area de atuação. Recentemente assistindo ao novo "Velozes e Furiosos" há uma pequena menção a essa produção quando Jason Statham mostra ao The Rock um pequeno carro italiano, um daqueles mini veículos, populares entre os consumidores da Itália. E esses carrinhos acabam sendo também uma das estrelas desse filme, em ótimas cenas de perseguição. Enfim, se você curte esse tipo de action movie, pode assistir sem medo. Vai gostar, seja de uma maneira ou outra.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Ford vs Ferrari

Na década de 1960 o magnata Henry Ford II enviou seu principal executivo, Lee Iacocca, para a Itália. O objetivo era comprar a Ferrari, lendária marca de carros de luxo. A tentativa de negociação não deu certo. Pior do que isso, Iacocca voltou para os Estados Unidos não apenas com uma resposta negativa, mas também com uma série de insultos proferidos pelo Enzo Ferrari, dono da escuderia. Isso mexeu com os brios de Ford que imediatamente decidiu criar uma nova equipe de carros de corrida para vencer a famosa 24 horas de Le Mans. A ideia de humilhar Ferrari era bem clara. Ford queria dar o troco no industrial italiano.

A história desse filme se concentra justamente na criação dessa equipe de carros de corrida. A Ford Company queria apenas o melhor. Começou contratando o único americano que havia vencido Le Mans, o piloto aposentado Carroll Shelby (Matt Damon). Ele iria comandar a nova equipe. Seu primeiro ato foi ir atrás de Ken Miles (Christian Bale), Ele era um piloto arrojado, tinha muita garra nas pistas e parecia ser o nome certo. Também estava arruinado financeiramente. Nesse aspecto a união dos dois daria origem a uma verdadeira revolução nas competições esportivas de alta velocidade. O único problema seria justamente a hierarquia executiva da própria Ford, cheia de engravatados que mais atrapalhavam do que ajudavam nas pistas.

Esse filme está concorrendo ao Oscar em diversas categorias, entre elas a mais importante, de melhor filme do ano. Não acho que levará esse prêmio, porém não descarto premiação em categorias menores. É de fato um filme muito bom, contando uma história das mais interessantes. Mesmo que você não goste de carros de corrida e todo o universo que gira em torno desse esporte, o fato é que o filme explora muito bem todos os seus personagens. Não poderia ser diferente. Assim ao lado da emoção das competições em si, há ainda espaço para desenvolver o drama pessoal de cada um dos protagonistas. O final também vem para demonstrar que nem sempre o espírito esportivo vence quando os carros cruzam a linha de chegada. Muitas vezes a publicidade e o marketing falam mais alto, deixando o esporte em segundo plano. Uma lição e tanto para entender melhor como funciona o mundo das pistas internacionais.

Ford vs Ferrari (Ford v Ferrari, Estados Unidos, 2019) Direção: James Mangold / Roteiro: Jez Butterworth, John-Henry Butterworth / Elenco: Matt Damon, Christian Bale, Jon Bernthal, Tracy Letts, Caitriona Balfe / Sinopse: Carroll Shelby (Matt Damon) e Ken Miles (Christian Bale) são contratados para a nova equipe da Ford nas pistas de corrida. O objetivo é vencer as 24 horas de Le Mans. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Edição, Melhor Mixagem de Som e Melhor Edição de Som. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator - Drama (Christian Bale).

Pablo Aluísio. 


Leningrado

Durante a II Grande Guerra Mundial um grupo de jornalistas estrangeiros vão até Leningrado, na União Soviética, para cobrir o cerco nazista que está sendo feito naquela cidade. A jornalista inglesa Keyt Smith (Mira Sorvino) acaba ficando presa dentro do cerco, sem possibilidade para voltar ao seu país. Na cidade conhece a família de uma policial russa, que lhe ajuda a sobreviver no meio do caos e da guerra. O que poucos sabem é que Keyt na realidade é filha de um antigo general do exército branco durante a revolução russa. Ela sempre quis voltar para a terra de seu pai e resolve então passar por todos aqueles problemas ao lado do povo que considera sendo como o seu de origem.

O cerco a Leningrado foi um dos episódios mais trágicos da II Guerra (chamada pelos russo de "A Grande Guerra Patriótica"). Isso porque milhões de civis ficaram cercados por tropas inimigas alemãs sem acesso a água, comida e remédios. Claro, foi um crime de guerra sem precedentes na história. Só que o povo russo não se curvou e partiu para cima dos nazistas. Sua vitória no front de guerra acabou se tornando lendária. A questão é que um filme que contasse essa história teria que ter, no mínimo, uma grande produção, um orçamento à altura, para retratar algo assim tão épico. Isso é algo que esse "Leningrado" não tem. A produção é bem modesta e nada condizente com a história que tenta contar.

Na realidade o diretor russo Aleksandr Buravskiy havia dirigido uma série na TV de seu país com essa mesma história. Os produtores ingleses gostaram do que viram e decidiram fazer um remake, só que com elenco internacional. Contrataram atores e atrizes ingleses e americanos e decidiram fazer uma nova versão. O roteiro que se encaixava bem no formato série foi adaptado para um filme de pouco mais de 100 minutos de duração. E quando isso acontece já sabemos o que esperar. Tudo fica truncado, a edição parece ter cortado cenas importantes e as coisas começam a acontecer rápido demais, sem capricho. O tal elenco internacional também não se destaca. Mira Sorvino exala tédio e tem uma interpretação burocrática, nada adequada para o papel dramático que representa. Em suma, mais um produto de outro país que americanos e ingleses estragaram com remakes que ninguém pediu. Deixem cada povo contar sua própria história. Fica bem melhor assim.

Leningrado (Leningrad, Inglaterra, Rússia, 2009) Direção: Aleksandr Buravskiy / Roteiro: Aleksandr Buravskiy / Elenco: Mira Sorvino, Gabriel Byrne, Armin Mueller-Stahl, Olga Sutulova, / Sinopse: Uma jornalista inglesa fica presa no cerco da cidade de Leningrado, durante a II Guerra Mundial. Ela tem parentes russos e precisa sobreviver a um dos períodos mais duros da história da União Soviética.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

À Procura da Felicidade

Apesar de ser um filme que foi lançado já há muitos anos, nunca tinha assistido. É um filme motivacional, com uma história muito edificante - e o melhor de tudo, baseada em fatos reais. Chris Gardner (Will Smith) mora em San Francisco. Ele está desempregado e para sobreviver vende um lote de máquinas de scanner para pacientes. Algo parecido com o conhecido Raio-X, porém bem mais caro. Por isso vender uma máquina dessas não é algo fácil de fazer. Os apertos financeiros, o fato do filho passar por dificuldades, as contas atrasadas, o aluguel vencido, tudo acaba ajudando para que a esposa de Chris acabe com o casamento. Acabando o dinheiro, geralmente se acaba também o "amor". Algo que muitos vão se identificar. Abandonado pela esposa, praticamente vivendo nas ruas com o filho. Chris precisa de alguma saída. Acaba encontrando um fio de esperança em um programa de estágio numa corretora de ações. O começo é bem modesto, mas se esforçando muito ele começa a ver uma luz no fim do túnel. Esforce-se, lute, que você vencerá - esse parece ser o lema principal do filme.

Alguns detalhes mostrados pelo roteiro não batem com cem por cento de veracidade com a história real do protagonista. Isso porém é praticamente irrelevante, já que o enredo principal, tudo o que é mostrado no final, acabou de fato acontecendo, mesmo de maneira um pouco diferente, com o Chris na primeira metade dos anos 80. Fica assim a lição de vida dele para as pessoas que estão passando por dificuldades, em situações limites, como por exemplo, dormir em um trem, em um metrô, por não ter onde passar a noite. Ou então ter que disputar um abrigo com outras pessoas pobres sem casa. Aliás o grande mérito desse filme também é mostrar o outro lado dos Estados Unidos. Brasileiros em geral criaram essa mentalidade equivocada de que aquele país é um paraíso na Terra. Não é, passa muito longe disso. Tem muita pobreza e desigualdade social. Há muitas pessoas vivendo em condição de rua até mesmo nas cidades mais ricas da América. Sobre isso o filme também tem muito a mostrar e desvendar. A realidade sempre é bem-vinda, principalmente no cinema. Além disso ajuda a acabar com a ilusão.

À Procura da Felicidade (The Pursuit of Happyness, Estados Unidos, 2006) Direção: Gabriele Muccino / Roteiro: Steve Conrad / Elenco: Will Smith, Thandie Newton, Jaden Smith / Sinopse: Chris Gardner (Will Smith) é um pai de família desempregado e sem renda que passando por dificuldades é abandonado pela esposa. Com o filho ao seu lado, ele passa por inúmeras dificuldades em San Francisco. Fica sem uma casa, passa a morar na rua e fica sem dinheiro. Sua esperança surge na tentativa de se tornar um corretor de ações. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator (Will Smith).

Pablo Aluísio.

Jackie Brown

Título no Brasil: Jackie Brown
Título Original: Jackie Brown
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax
Direção: Quentin Tarantino
Roteiro: Quentin Tarantino
Elenco: Pam Grier, Samuel L. Jackson, Robert De Niro, Bridget Fonda, Michael Keaton, Chris Tucker, Robert Forster

Sinopse:
Jackie Brown (Pam Grier) é uma mulher que precisa sobreviver a um jogo perigoso que acabou entrando, meio ao acaso. Ela poderá perder a vida na próxima jogada ou então lucrar como jamais imaginaria. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Robert Forster). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Atriz (Pam Grier) e Melhor Ator (Samuel L. Jackson).

Comentários:
Eu gosto muito do cinema de Quentin Tarantino. Agora, curiosamente, esse é um de seus filmes menos interessantes, pelo menos em meu ponto de vista. A tentativa do diretor foi de homenagear o movimento Blaxploitation, o auge do cinema negro americano durante os anos 70. Para isso Tarantino trouxe de volta uma das estrelas da época, a atriz Pam Grier. Tendo sido funcionário de uma locadora de vídeo durante os anos 80, Tarantino assistiu muitos clássicos dessa época. Só que todos esses elementos relevantes não resultaram em um filme memorável. Aliás esse parece ser sempre o seu filme menos citado, o seu filme menos querido pelos fãs. O que deu errado? Penso que o roteiro não era excepcional, como o de outros filmes com sua assinatura. No meio de um certo desapontamento quem acaba se sobressaindo mesmo, ainda que no meio de tantos grandes atores, foi a jovem Bridget Fonda. Tarantino, que sempre teve uma obsessão por pés femininos, aqui não conseguiu se conter e criou um nada discreto fetiche pela atriz. Deu no que deu. O filme parece mais centrado nela do que nos demais atores. De qualquer forma, mesmo com eventuais defeitos, ainda é um filme de Quentin Tarantino, o que basta para torná-lo obrigatório na coleção de qualquer cinéfilo.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Os Renegados

Dois fugitivos da lei conseguem fugir de seus perseguidores e acabam indo parar numa pequena cidadezinha no norte da Califórnia. Lá ouvem falar de um chinês que chegou na região para se estabelecer como rancheiro. Segundo os boatos a propriedade havia sido comprada com dinheiro roubado pois o oriental teria trabalhado em uma grande ferrovia onde em um descuido da segurança teria roubado bastante ouro e dinheiro. Para sondar se isso tudo era de fato verídico os dois foras-da-lei decidem achar o tal rancho e seu proprietário. O problema é que como a estória se espalhou sem controle outros bandidos da região também irão ao local atrás do tão falado tesouro em ouro roubado. Os Renegados é um novo western que chega ao Brasil diretamente em DVD. O roteiro tem pretensões de ser um western psicológico pois toda a trama se desenrola dentro do rancho onde supostaria haveria um grande carregamento de ouro da ferrovia. Assim as situações vão se sucedendo pois um grupo de ladrões tomam como reféns o chinês, sua jovem esposa e sua filhinha recém nascida. Afinal o ouro realmente existe ou se trata de puro boato?

Não há nenhum grande astro no elenco. A dupla de fugitivos da lei é interpretada pelos (bons) atores  Andrew Simpson e Richard Doyle. O personagem desse último é bem interessante pois enquanto vai cometendo os crimes vai citando passagens do novo testamento (quase sempre em citações completamente erradas e sem noção!). Para os fãs do ator Patrick Swayze o filme tem uma curiosidade: a presença do irmão mais jovem dele, Don Swayze. Ele interpreta o personagem Sherman que se diz um ex-oficial do exército da União, embora tudo leve a crer que não passa de um ladrão barato. Sua semelhança física com Swayze impressiona, principalmente na fase final do irmão quando esse estrelava seus últimos papéis em sua carreira. Apesar de ser uma produção modesta "Os Renegados" foi dirigido por dois cineastas,  Megan Peterson e John Douglas Sinclair. O resultado final se não chega a ser brilhante pelo menos serve como passatempo eficiente. O enredo flui bem apesar do filme ter uma duração um pouco maior do que seria adequada. De qualquer modo vale a recomendação.

Os Renegados (Heathens and Thieves, EUA, 2012) Direção: Megan Peterson, John Douglas Sinclair /  Roteiro: John Douglas Sinclair / Elenco: Andrew Simpson, Gwendoline Yeo, Don Swayze, Richard Doyle, Michael Robert Brandon  / Sinopse: Dois fugitivos ouvem falar que em um rancho próximo de propriedade de um casal oriental está escondido um grande carregamento de ouro roubado. Fingindo ser um cowboy um dos ladrões se infiltra na propriedade para tentar descobrir o paradeiro do ouro.

Pablo Aluísio.

Johnny Mnemonic, o Cyborg do Futuro

Título no Brasil: Johnny Mnemonic, o Cyborg do Futuro
Título Original: Johnny Mnemonic
Ano de Produção: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures
Direção: Robert Longo
Roteiro: William Gibson
Elenco: Keanu Reeves, Dolph Lundgren, Dina Meyer, Ice-T, Barbara Sukowa, Denis Akiyama

Sinopse:
No ano de 2021, em um mundo devastado, a informação se torna o verdadeiro poder. Johnny Mnemonic (Keanu Reeves) decide entrar em um mundo completamente virtual para localizar dados e informações sobre assuntos e segredos vitais, mas antes vai precisar sobreviver a uma verdadeira caçada dentro do mundo cibernético.

Comentários:
Anos 90. Tempos das fitas VHS, das locadoras de vídeo. Eu me recordo de ter assistido esse filme justamente nessa época. Essa produção sequer foi lançada nos cinemas brasileiros porque fracassou no mercado americano. Assim acabou sendo lançada em nosso país diretamente em vídeo. O curioso é que foi um fracasso na carreira do Keanu Reeves bem em um tempo em que ele estava emplacando vários sucessos de bilheteria! Outra ironia é que me recordo que quando ouvi falar em "Matrix" pela primeira vez o meu primeiro pensamento foi: "Xi, o Keanu Reeves vai embarcar em outra furada, vai fazer um novo Johnny Mnemonic!". Claro, eu estava completamente enganado. "Matrix" foi um fenômeno cinematográfico. De qualquer forma voltando para essa ficção o que posso dizer hoje em dia é que pouca coisa sobrou de bom. O filme continua bem fraco e os efeitos especiais envelheceram tremendamente. São tão datados agora que vão causar um humor involuntário em que for assistir. É a passagem do tempo, passando por cima como um trator. E é bom frisar que quando foi lançado originalmente os efeitos no mundo virtual do filme também não chamavam muito a atenção. Enfim, um momento menor e bem esquecido da filmografia do Keanu Reeves que aqui realmente pisou na bola, em um filme que não resistiu ao tempo. 

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de janeiro de 2020

Judy: Muito Além do Arco-Íris

A atriz Renée Zellweger foi premiada com o Globo de Ouro por seu trabalho nesse filme. Ela interpreta Judy Garland. Não foi uma das coisas mais fáceis de se fazer. Judy era uma artista completa. Ela dançava, cantava e atuava. Foi uma das adolescentes mais famosas do mundo, principalmente após estrelar o clássico "O Mágico de Oz". Também foi uma das mais conhecidas vítimas do chamado Star System, onde os grandes estúdios de Hollywood controlavam todos os aspectos das vidas de suas estrelas. Os produtores transformavam essas jovens em grandes nomes do cinema, mas em troca exerciam uma pressão absurda sobre elas. O filme mostra, em vários flashbacks, como isso acontecia. A Metro, por exemplo, através de seu chefão, o implacável Louis B. Mayer, controlava as jovens starlets com humilhações, intimidações e abusos psicológicos.

A pequena Judy não escapou de nada disso. Ela passou a vida tentando superar seus traumas do passado. Até mesmo na hora de se alimentar ela sofria com isso. Extremamente magra, beirando a subnutrição, ela tinha medo até mesmo de comer uma fatia de bolo em seu aniversário. O uso de pílulas, também incentivado pelos estúdios por anos, a acompanhou até o fim da vida. Ela ficou viciada. Misturando tudo com bebidas, o resultado era desastroso. Mesmo assim, com tantas adversidades, ela procurava manter a dignidade. Afinal era um ser humano e merecia respeito por isso, mesmo quando tropeçava em suas apresentações.

No filme encontramos Judy já nos últimos meses de sua conturbada existência. Ela tinha perdido todo o glamour do passado. O fracasso arranhava seu prestígio e sua fama. Ela se apresentava em pequenas boates nos Estados Unidos, em troca de cachês medíocres. Para piorar não tinha onde morar e disputava com o ex-marido a guarda de seus dois filhos pequenos. Uma situação muito triste para uma grande estrela. E pensar que aquela Judy que havia estrelado um dos grandes filmes da história tinha que passar por todas aquelas humilhações. Um alívio acabou vindo da Inglaterra. Por lá ela ainda era valorizada, mesmo que por fãs saudosistas de seu passado. Assim acabou aceitando o convite para fazer uma série de shows em Londres. O problema é que nem todas as apresentações foram bem sucedidas. Em muitas ocasiões surgia no palco embriagada, drogada e sem noção do que estava acontecendo. Todos, de sua banda ao público presente, ficavam constrangidos.

Renée Zellweger, se entrega ao seu papel. Ela cortou os cabelos, pintou de preto e perdeu peso de forma impressionante. Para chegar na magreza de Judy Garland ela precisou passar por um regime radical. E o resultado ficou de impressionar. A Judy era uma mulher franzina, magra ao extremo. No final da vida tinha um aspecto doentio. A Renée Zellweger, no começo da sua carreira, era o oposto disso. Era uma loira texana, bochechuda, inclusive cheinha de corpo. Combinar esses dois tipos exigiu dela um esforço físico absurdo. Hollywood gosta desse tipo de coisa, então não é de se admirar que ela venha a ser premiada também no Oscar. Quem sabe. No geral é um bom filme, bem realizado. Só não espere por um final feliz. Essa é uma história triste, melancólica mesmo. A Judy teve uma vida extremamente complicada, com muitos momentos depressivos. Resgatar sua vida não foi uma tarefa simples. Espero que o filme também sirva de incentivo para que todos venham a conhecer seu trabalho. Ela foi muito talentosa e seus filmes clássicos acabaram imortalizando o seu lado mais importante, a da grande artista que um dia ela foi.

Judy: Muito Além do Arco-Íris (Judy, Inglaterra, 2019) Direção: Rupert Goold / Roteiro: Rupert Goold, baseado no livro "End of the Rainbow" de Peter Quilter / Elenco: Renée Zellweger, Jessie Buckley, Finn Wittrock, Richard Cordery / Sinopse: O filme recria os últimos meses de vida da atriz e cantora Judy Garland (Renée Zellweger). Ela vai até Londres, participar de uma série de shows e acaba se envolvendo com um homem mais jovem. Porém o abuso de bebidas e drogas acabam ofuscando o brilho de seu talento. Filme premiado no Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Renée Zellweger).

Pablo Aluísio. 

Espírito Selvagem

Alguns filmes se destacam por sua beleza, pela linda fotografia e pelo capricho que alguns cineastas tratam as cenas. É o caso desse "Espírito Selvagem" que tem uma das mais bonitas ambientações já realizados pelo recente cinema americano. Através de um enredo aparentemente simples (Dois cowboys errantes saem em busca de trabalho, mas acabam encontrando o verdadeiro espírito selvagem do oeste americano) o espectador acaba se vendo imerso em uma bela experiência cinematográfica. O diretor (e ator) Billy Bob Thornton conseguiu assim transpor para as telas a essência da novela que deu origem ao filme, "All the Pretty Horses" de Cormac McCarthy. A novela, bem conhecida nos Estados Unidos, é uma verdadeira ode ao estilo de vida do cowboy americano, figura que no mundo moderno está cada vez mais rara. Já para os amantes de animais, em especial cavalos, o filme tem um atrativo extra pois o relacionamento entre o homem e a natureza ganha destaque no transcorrer do filme.

Espírito Selvagem quase foi estrelado por dois astros: Leonardo DiCaprio e Brad Pitt. Ambos se interessaram bastante pelo material, mas acabaram saindo do projeto por motivos alheios à vontade deles. Questões contratuais tiraram primeiro DiCaprio do filme e depois Pitt. Assim abriu-se espaço para Matt Damon, que aqui interpreta muito bem o personagem central da trama, o cowboy John Grady Cole. O diretor Billy Bob Thornton queria inicialmente ser extremamente fiel ao livro original, mas isso acabou rendendo uma primeira versão do filme com quase quatro horas de duração, algo completamente inviável do ponto de vista comercial (afinal que cinema exibiria nos dias de hoje algo tão longo?). A produtora Miramax Films então mandou que o cineasta fizesse vários cortes, o que acabou dando origem à versão que chegou ao grande público. Recentemente Thornton divulgou que gostaria de exibir o seu corte em formato de minissérie na TV a cabo dos EUA, o que não seria uma má ideia. Algumas estórias certamente precisam de mais tempo para serem contadas de forma satisfatória. Vamos torcer para que isso um dia venha realmente a acontecer.

Espírito Selvagem (All the Pretty Horses, Estados Unidos, 2000) Direção: Billy Bob Thornton / Roteiro: Ted Tally, baseado no livro de Cormac McCarthy / Elenco: Matt Damon, Penélope Cruz, Henry Thomas, Sam Shepard / Sinopse: Dois cowboys errantes saem em busca de trabalho e na sua trajetória acabam encontrando o verdadeiro espírito selvagem do oeste americano. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Trilha Sonora Incidental (Marty Stuart, Kristin Wilkinson e Larry Paxton).

Pablo Aluísio. 

sábado, 4 de janeiro de 2020

Cortina de Fogo 2

Eu não poderia imaginar que iriam produzir uma sequência de "Cortina de Fogo" de 1991. Afinal, já faz quase 30 anos que o primeiro filme foi lançado! Eu assisti ainda nos tempos das fitas VHS. Acredito que pouca gente ainda se lembrava daquele filme de bombeiros com Kurt Russell. Pois é, os produtores lembravam. Praticamente apenas dois atores do primeiro filme dão as caras por aqui. William Baldwin e Donald Sutherland surgem no filme para criar um elo de ligação com o original. Baldwin tem que lidar com o filho do personagem de Kurt Russell, aqui interpretado por Joe Anderson. Para quem não lembra o pai dele morreu no primeiro filme, tentando salvar seu melhor amigo que por acaso era o grande incendiário de Chicago! O velho Donald é o incendiário do primeiro filme, agora velho e preso numa cadeira de rodas, que decide ajudar na captura de novos incendiários, sujeitos bem inteligentes e "profissionais" em sua "área".

O bombeiro Sean McCaffrey (Joe Anderson) seguiu a carreira do tio, do pai e do avô, mas não é nada fácil porque ele também tem uma bagagem de traumas do passado, principalmente por seu pai ter morrido em um grande incêndio. Agora ele trabalha em um setor dos bombeiros cuja função é justamente descobrir quando um incêndio é criminoso. Um grupo de garotos, vestidos de fantasias do dia das bruxas, acaba morrendo quando tentam entrar numa casa abandonada. A tal cortina de fogo se forma atrás da porta e quando eles vão abri-la tudo vai pelos ares. Sean leva o caso em um modo bem pessoal, pois para ele a morte das crianças foi bem sentida. Acaba entrando em um espiral de conspirações envolvendo companhias de seguros e... venda de armas ilegais para o exterior. Eu achei esse o maior problema do roteiro. Deveriam ter simplificado mais a trama, se concentrando no vida do protagonista, seu acerto de contas com o passado, etc. Nada de criar algo muito confuso, envolvendo todos os tipos de vilões. O pior é que no final fica aquela sensação de pressa, pois tentam resolver tudo de uma vez só, numa única cena. Ficou forçado. Muitas vezes o simples é bem mais eficiente.

Cortina de Fogo 2 (Backdraft 2, Estados Unidos, 2019) Direção: Gonzalo López-Gallego / Roteiro: Gregory Widen / Elenco: Joe Anderson, William Baldwin, Donald Sutherland, Alisha Bailey / Sinopse: O filme conta a história do bombeiro Sean McCaffrey (Joe Anderson). Filho de um bombeiro que morreu em serviço ele agora trabalha no setor de investigação de incêndios criminosos. Quando um grupo de crianças é morta no dia das bruxas ele passa a cuidar do caso, procurando descobrir quem foi o incendiário responsável por aquele crime terrível.

Pablo Aluísio.

Mulher Solteira Procura

Título no Brasil: Mulher Solteira Procura
Título Original: Single White Female
Ano de Produção: 1992
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Barbet Schroeder
Roteiro: John Lutz, Don Roos
Elenco: Bridget Fonda, Jennifer Jason Leigh, Steven Weber, Peter Friedman, Stephen Tobolowsky, Frances Bay

Sinopse:
Allison Jones (Fonda), uma jovem universitária, decide colocar um anúncio para dividir despesas em seu novo apartamento. Uma garota responde e se torna sua inquilina. No começo o relacionamento entre elas vai muito bem, até que coisas bem estranhas começam a acontecer, colocando em risco sua vida. Filme premiado pelo MTV Movie Awards na categoria de Melhor Vilã (Jennifer Jason Leigh)

Comentários:
Outro dia, comentando sobre outro filme, me lembrei da Bridget Fonda. Hoje em dia ela está casada, com filhos e não parece disposta a retornar para o cinema. Porém nos anos 90 a garota estava a todo vapor tentando levantar uma carreira, afinal ela era uma Fonda e isso significava tradição familiar no ramo cinematográfico. Para quem não sabe ele é filha de Peter Fonda (recentemente falecido) e neta do grande Henry Fonda. E isso sem esquecer da tia Jane Fonda. Enfim, é da realeza de Hollywood desde o berço. Curiosamente sua carreira começou muito bem e ela acabou fazendo alguns pequenos "clássicos" de sua geração. Um dos melhores filmes, tanto na opinião do público, como da crítica, foi esse thriller de suspense chamado "Mulher Solteira Procura". O que mais chamou atenção foi que o roteiro trabalhava com um aspecto do cotidiano para levar suspense e terror para a tela. Com isso o público se identificou e foi fisgado. Eu me recordo que esse filme foi bem badalado e virou modinha na época de seu lançamento original. E a Bridget Fonda estava na idade certa, uma verdadeira gatinha. Pena que o tempo passou e ela decidiu largar a carreira. Penso que ela teria um futuro promissor pela frente.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Quatro Histórias de Fantasmas

Esse é um filme de terror indiano. Produção exclusiva da Netflix. O título é bem auto explicativo. São 4 contos de terror, dirigidos por 4 diretores diferentes. Ficou bem interessante. Lembra inclusive uma velha tradição de Hollywood. Filmes que traziam histórias de horror diferentes, como acontece aqui. Uma boa ideia trazer essa fórmula de volta. Na primeira história uma enfermeira vai até a residência de uma velha senhora. Idosa, ela precisa de cuidados 24 horas por dia. Ela tem demência e não consegue distinguir passado e presente. A casa é muito estranha. Há ruídos e sombras. E as coisas só pioram na madrugada. Esse primeiro conto é o mais tradicional em termos de fantasmas. Por essa razão foi o que mais me agradou.

Da segunda história já não gostei muito. Uma jovem grávida começa a ter alucinações com pássaros. Ela tem delírios e o garotinho que a acompanha só piora as coisas. De um modo geral esse segundo conto é o mais fraco de todos. Bizarrice em excesso. Na terceira história um professor vai parar em um isolado vilarejo, onde moram pessoas bem estranhas. Um casal de garotinhos tenta então protegê-lo dos perigos lá fora. Esse episódio é o mais longo de todos, mas mantém o interesse. Tem boas ideias. Na quarta e última história de fantasmas vemos uma noiva empolgada com seu casamento. O noivo parece um príncipe. É bonito, educado, atencioso, tudo o que uma mulher gostaria de encontrar. Porém como ninguém é perfeito ele também tem segredos bem obscuros a esconder. Um sujeito que parece normal, mas que gosta de conversar com a avó... que morreu há muitos anos! Esse último conto de horror só peca mesmo por tentar explicar tudo nos mínimos detalhes. Não precisava de tanto. De modo geral gostei desse filme. É uma experiência nova, afinal não é todo dia que assisto um filme feito na Índia e ainda mais sendo do gênero terror. É algo bem diferente, não há como negar.

Quatro Histórias de Fantasmas (Ghost Stories, Índia, 2019) Direção: Zoya Akhtar, Dibakar Banerjee, Karan Johar, Anurag Kashyap / Roteiro: Isha Luthra, Ensia Mirza / Elenco: Sobhita Dhulipala, Janhvi Kapoor, Mrunal Thakur / Sinopse: Filme que conta em quatro contos histórias independentes de terror e sobrenatural. "Ghost Stories" é uma produção indiana, exclusiva da plataforma Netflix.

Pablo Aluísio.

Os Quatro Guerreiros

Título no Brasil: Os Quatro Guerreiros
Título Original: The Four Warriors
Ano de Produção: 2015
País: Inglaterra
Estúdio: PhilmFlicks
Direção: Phil Hawkins
Roteiro: Christopher Dane
Elenco: Christopher Dane, Hadrian Howard, Fergal Philips, Alex Childs, Kristian Nairn, Jessica Blake
  
Sinopse:
Durante as cruzadas, três cavaleiros cristãos e um prisioneiro muçulmano acabam indo parar numa pequena vila onde só existem crianças e mulheres. Os homens morreram e os poucos que sobreviveram foram dizimados por estranhas criaturas que habitam uma montanha próxima. Uma das videntes do lugar alega que no alto daquela região habita um antigo demônio milenar que agora comanda um exército de monstros e seres do mal.

Comentários:
A sinopse no mínimo seria interessante para quem gosta de filmes nesse estilo, onde história e fantasia se misturam, tudo resultando em um clima de realismo fantástico. O fato do filme ser inglês também poderia empolgar já que o cinema britânico sempre foi conhecido por seu bom gosto e refinamento. A classe sempre foi o ponto forte dos cineastas da Inglaterra. Infelizmente você não encontrará nada disso aqui. Esqueça tudo isso o que foi escrito. O filme é realmente muito, muito fraco mesmo. Esse é aquele tipo de filme que com poucos minutos de duração você já percebe que não tem qualidade ou salvação. Tudo é encenado sem muito capricho e os diálogos são extremamente mal escritos. Para piorar a direção tem pouco critério, optando sempre por um suspense que nunca chega a cumprir suas promessas. O ator Christopher Dane escreveu o roteiro e isso parece deixar uma pista do que vem pela frente. Nada consegue empolgar e as tais criaturas malignas que surgem envoltas em sombras logo decepcionam por causa da péssima maquiagem que usam - algo parecido com um rosto desfigurado por chamas. Nem o contexto histórico - as cruzadas - que poderiam render bons momentos é aproveitado. Em suma, melhor esquecer essa fitinha B sem valor que no Brasil está sendo lançada pela Playarte. Procure por algo melhor.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Joana D'Arc

Título no Brasil: Joana D'Arc
Título Original: Joan of Arc
Ano de Produção: 1999
País: França
Estúdio: Gaumont Films
Direção: Luc Besson
Roteiro: Andrew Birkin, Luc Besson
Elenco: Milla Jovovich, John Malkovich, Rab Affleck, David Bailie, Timothy Bateson, Andrew Birkin
  
Sinopse:
Filme que recria a vida de Joana, jovem camponesa que logo se torna um símbolo para o exército francês durante uma longa e sem fim guerra contra os ingleses durante a idade média. Ela afirma ter visões de Deus. Que ela seria a escolhida para liderar os franceses em direção ao fim da guerra, com a vitória de sua nação. E de fato quando ela começa a entrar no campo de batalha as vitórias começam a acontecer. Filme vencedor do César Awards na categoria de Melhor Som. 

Comentários:
A vida de Joana D'Arc já foi incrível o suficiente. Nem o mais talentoso escritor da idade média poderia criar uma mitologia como a que envolveu a vida dessa jovem. Ela saiu do completo anonimato e se tornou uma das figuras femininas mais conhecidas da história. O interessante é que sua presença no campo de batalha inspirava os soldados franceses e em pouco tempo uma guerra que parecia perdida mudou de rumos, fazendo com que a França viesse a superar a Inglaterra no conflito. Claro que isso também mexeu com os poderosos da época. O Rei da França se revelou um traidor e os membros do clero foram acusados de ajudar numa conspiração que a levaria para a morte na fogueira da inquisição. Porém, segundo modernos historiadores, nem tudo foi exatamente dessa maneira. De qualquer forma a produção desse filme foi impecável. Os figurinos de época, as armaduras brilhantes e reluzentes, os grandes confrontos no campo de batalhar. Nada faltou nesse quesito. O maior erro do diretor porém aconteceu na escolha do elenco. Colocar Milla Jovovich para interpretar Joana foi um erro e tanto. Ela nunca teve a expressividade dramática que um filme como esse exigia. E isso ficou claro já nas primeiras cenas. Poucas vezes vi uma atriz tão sem expressividade em um filme com uma personagem tão importante como aconteceu nesse filme aqui. Não adianta escolher uma atriz apenas porque ela é sua esposa ou sua namorada. Isso é falta de profissionalismo. Esse foi o grande deslize de Luc Besson nessa fita. Um erro que custou muito caro, vamos convir. Se um filme exige uma grande atriz para interpretar uma grande figura da história cabe ao diretor assim escolher. Não apenas escalar a mulher que vai para cama com ele.

Pablo Aluísio.

Subway

Título no Brasil: Subway
Título Original: Subway
Ano de Produção: 1985
País: França
Estúdio: Les Films du Loup, TSF Productions
Direção: Luc Besson
Roteiro: Luc Besson
Elenco: Christopher Lambert, Isabelle Adjani, Jean Reno, Richard Bohringer, Jean-Hugues Anglade, Jean-Pierre Bacrim

Sinopse:
Ao improvisar um roubo na casa de um magnata sombrio, Fred (Christopher Lambert) se refugia no universo hip e surreal do metrô de Paris e encontra seus habitantes variados, os capangas do magnata e sua jovem esposa desencantada. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.

Comentários:
É interessante notar como os filmes "envelhecem". Esse "Subway" parece tão envelhecido nos dias de hoje. Muito mais "velho" do que filmes que foram feitos nos anos 70, 60... Ecos de uma linguagem que procurava imitar a publicidade dos anos 80. Com isso tudo ficou terrivelmente datado. E pensar que na época em que o filme chegou aos cinemas tudo parecia ser o suprassumo da modernidade. Pois é, meus caros cinéfilos, ver o ator Christopher Lambert com penteado cyberpunk pelos subterrâneos de Paris era visto como algo ultra pós-modernidade. Hoje em dia tudo só soa mesmo bem antigo e fora de moda. Outro fato que chama a atenção é que Lambert conseguia com esse filme emplacar três sucessos na sua carreira. Os outros dois eram "Highlander" e "Greystoke", o que levou algumas apressadas e imoderadas revistas de cinema do Brasil elegerem o ator como o "astro da década". Menos, bem menos, até porque ele iria cair numa decadência em sua carreira que seria algo espantoso. Melhor rever Isabelle Adjani. Como ela era bonita! Provavelmente uma das atrizes mais bonitas da década de 1980, sem favor algum! De qualquer maneira se você tiver curiosidade em saber o que era exibido em cineclubes cult nos anos 80, esse "Subway" será um belo exemplo do tipo de filme que passava nesses ambientes.

Pablo Aluísio.