Título no Brasil: Estigma da Crueldade
Título Original: The Bravados
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Henry King
Roteiro: Philip Yordan, Frank O'Rourke
Elenco: Gregory Peck, Joan Collins, Stephen Boyd, Henry Silva, Lee Van Cleef
Sinopse:
Após a morte de sua esposa, Jim Douglass (Gregory Peck), homem íntegro e honesto, que vive de sua fazenda, resolve ir atrás dos assassinos. Deixa seus pequenos filhos aos cuidados de pessoas próximas e ganha o oeste em busca dos bandidos que trouxeram tragédia e desolação para ele e sua família. Filme baseado na obra de Frank O'Rourke.
Comentários:
Excelente western estrelado pelo sempre ótimo Gregory Peck. Aqui ele surge dirigido pelo talentoso cineasta Henry King que consegue, com raro talento, sair das amarras de um roteiro sem maiores novidades (afinal de contas o enredo da vingança já não era mais nenhuma novidade, mesmo naquela época), investindo muito mais no suspense e na tensão dos acontecimentos. Esse tipo de faroeste seria anos depois rotulado numa categoria própria chamada de Western Psicológico, onde o que importava nem era a troca de tiros entre mocinhos e bandidos, mas sim a tensão, o clima e os aspectos periféricos e psicológicos que moviam todos os personagens. Além da direção de primeira linha de Henry King e da atuação magistral de Gregory Peck, ainda cabe destacar o ótimo elenco de apoio, em especial a presença da bela (e ainda bem jovem) Joan Collins e da dupla de bandoleiros interpretada por Henry Silva e Lee Van Cleef - eles eram ótimos nesse tipo de caracterização. Assim fica a dica desse clássico do oeste americano, um filme que nem o tempo conseguiu envelhecer.
Pablo Aluísio.
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sexta-feira, 19 de agosto de 2022
quinta-feira, 16 de janeiro de 2020
A Rainha Tirana
Inglaterra, 1580. A rainha Elizabeth I (Bette Davis) governa de forma absoluta em seu reino. Filha de Henrique VIII, ela dá sequência nos reinados da dinastia Tudor. Governante inteligente e sagaz, passa por um momento delicado em sua vida pessoal. Mesmo chegando numa idade mais avançada ela ainda não escolheu um marido para dar continuidade a sua linhagem. Um herdeiro traria estabilidade para os anos que viriam e por essa razão um casamento real logo se torna um importante assunto de Estado. A rainha da França, Catarina de Médici, logo sugere que ela se case com um nobre importante de sua própria corte, mas Elizabeth não parece muito interessada. Ao invés disso começa a ter sentimentos por um soldado plebeu inglês chamado Walter Raleigh (Richard Todd), que mesmo sem qualquer título de nobreza acaba conquistando o coração da rainha absolutista britânica.
Elizabeth I (1533 - 1603) passou para a história como a "Rainha Virgem". Esse nome foi dado por seus próprios súditos pois Elizabeth (Isabel I, no Brasil) não parecia empenhada em se casar para ter filhos. Durante muitos anos os historiadores se perguntaram se ela foi lésbica ou simplesmente era frígida demais para se interessar por assuntos matrimoniais. De qualquer forma sua relutância em se casar e ter filhos acabou marcando sua biografia. Nessa produção da Fox temos uma parte de sua história, justamente em um momento em que ela passou a se interessar por um plebeu, Walter Raleigh. Ele era um veterano de guerra contra a Irlanda e desejava construir uma frota para ir até o novo mundo (a América) para fazer fortuna. Para isso eram necessários navios e apenas a rainha poderia lhe conceder tamanho privilégio. Ao adentrar a corte de Elizabeth, levado por um nobre que havia sido amigo de seu pai no passado, Raleigh começou a entender que a forma mais fácil de chegar em seus sonhos era mesmo conquistar o coração da solitária monarca.
O problema é que Elizabeth I não era uma mulher fácil de lidar. Sujeita a explosões de raiva e ira, que atingia a todos ao seu redor, ela costumava tratar seu pretendentes de forma humilhante. Não era raro dispensar a eles um tratamento digno de um cão de estimação, fazendo questão de criar intrigas e fofocas na corte sobre sua nova aquisição ou como ela costumava dizer seu novo "pet". Raleigh, um homem de convicção e temperamento duro e forte, logo enfrentou Elizabeth sobre isso e muito provavelmente por causa dessa sua personalidade independente a rainha acabou caindo de amores por ele. Um romance que não interessava a outros nobres e que tampouco era bem visto dentro da corte. O filme captura o momento histórico do auge do absolutismo inglês, com a Casa Tudor em seu apogeu de glória e poder.
Essa mesma soberana seria retratada em dois filmes mais recentes muito bons chamados "Elizabeth" e "Elizabeth: A Era de Ouro" com Cate Blanchett no papel central. Embora sejam produções excelentes, com maravilhosa produção, o fato é que a presença da clássica atriz Bette Davis faz toda a diferença do mundo se formos comparar os filmes. Assim como a histórica figura da realeza inglesa, Davis também tinha uma personalidade marcante. Aqui ela encontrou um papel muito adequado ao seu jeito de ser. Também em termos de reconstituição histórica a sua rainha surge mais de acordo com os figurinos e costumes da época, inclusive com o estranho corte de cabelo que não foi reproduzido nos filmes modernos sobre Elizabeth (provavelmente porque deixaria o público espantado com os estranhos adereços). No geral o que temos aqui em "The Virgin Queen" é uma produção muito digna de todos os aplausos, tanto em sua tentativa de trazer um pouco de história para o público em geral como também pela sua fidelidade histórica dos acontecimentos originais. Um belo clássico do cinema americano que certamente vai agradar aos gostos mais refinados.
A Rainha Tirana (The Virgin Queen, Estados Unidos, 1955) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Henry Koster / Roteiro: Harry Brown, Mindret Lord Elenco: Bette Davis, Richard Todd, Joan Collins / Sinopse: O filme resgata a história da monarca inglesa Elizabeth I, conhecida entre seus súditos como a "Rainha Virgem" e entre seus inimigos como a "Rainha Tirana". Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Figurino (Charles Le Maire e Mary Wills).
Pablo Aluísio.
Elizabeth I (1533 - 1603) passou para a história como a "Rainha Virgem". Esse nome foi dado por seus próprios súditos pois Elizabeth (Isabel I, no Brasil) não parecia empenhada em se casar para ter filhos. Durante muitos anos os historiadores se perguntaram se ela foi lésbica ou simplesmente era frígida demais para se interessar por assuntos matrimoniais. De qualquer forma sua relutância em se casar e ter filhos acabou marcando sua biografia. Nessa produção da Fox temos uma parte de sua história, justamente em um momento em que ela passou a se interessar por um plebeu, Walter Raleigh. Ele era um veterano de guerra contra a Irlanda e desejava construir uma frota para ir até o novo mundo (a América) para fazer fortuna. Para isso eram necessários navios e apenas a rainha poderia lhe conceder tamanho privilégio. Ao adentrar a corte de Elizabeth, levado por um nobre que havia sido amigo de seu pai no passado, Raleigh começou a entender que a forma mais fácil de chegar em seus sonhos era mesmo conquistar o coração da solitária monarca.
O problema é que Elizabeth I não era uma mulher fácil de lidar. Sujeita a explosões de raiva e ira, que atingia a todos ao seu redor, ela costumava tratar seu pretendentes de forma humilhante. Não era raro dispensar a eles um tratamento digno de um cão de estimação, fazendo questão de criar intrigas e fofocas na corte sobre sua nova aquisição ou como ela costumava dizer seu novo "pet". Raleigh, um homem de convicção e temperamento duro e forte, logo enfrentou Elizabeth sobre isso e muito provavelmente por causa dessa sua personalidade independente a rainha acabou caindo de amores por ele. Um romance que não interessava a outros nobres e que tampouco era bem visto dentro da corte. O filme captura o momento histórico do auge do absolutismo inglês, com a Casa Tudor em seu apogeu de glória e poder.
Essa mesma soberana seria retratada em dois filmes mais recentes muito bons chamados "Elizabeth" e "Elizabeth: A Era de Ouro" com Cate Blanchett no papel central. Embora sejam produções excelentes, com maravilhosa produção, o fato é que a presença da clássica atriz Bette Davis faz toda a diferença do mundo se formos comparar os filmes. Assim como a histórica figura da realeza inglesa, Davis também tinha uma personalidade marcante. Aqui ela encontrou um papel muito adequado ao seu jeito de ser. Também em termos de reconstituição histórica a sua rainha surge mais de acordo com os figurinos e costumes da época, inclusive com o estranho corte de cabelo que não foi reproduzido nos filmes modernos sobre Elizabeth (provavelmente porque deixaria o público espantado com os estranhos adereços). No geral o que temos aqui em "The Virgin Queen" é uma produção muito digna de todos os aplausos, tanto em sua tentativa de trazer um pouco de história para o público em geral como também pela sua fidelidade histórica dos acontecimentos originais. Um belo clássico do cinema americano que certamente vai agradar aos gostos mais refinados.
A Rainha Tirana (The Virgin Queen, Estados Unidos, 1955) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Henry Koster / Roteiro: Harry Brown, Mindret Lord Elenco: Bette Davis, Richard Todd, Joan Collins / Sinopse: O filme resgata a história da monarca inglesa Elizabeth I, conhecida entre seus súditos como a "Rainha Virgem" e entre seus inimigos como a "Rainha Tirana". Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Figurino (Charles Le Maire e Mary Wills).
Pablo Aluísio.
sábado, 23 de junho de 2018
Terra dos Faraós
Título no Brasil: Terra dos Faraós
Título Original: Land of the Pharaohs
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Howard Hawks
Roteiro: William Faulkner, Harry Kurnitz
Elenco: Jack Hawkins, Joan Collins, Dewey Martin, James Robertson Justice
Sinopse:
Queóps (Jack Hawkins), o poderoso faraó do Egito Antigo, decide após mais uma campanha militar vitoriosa, construir uma pirâmide para que todos os seus tesouros conquistados e seu corpo após a morte fiquem a salvo de ladrões de tumbas. Para isso manda o arquiteto Vashtar (James Robertson Justice) elaborar o projeto da maior construção da humanidade até então, um colosso com mais de três milhões de blocos de imensas pedras, uma obra que levaria 20 anos para sua finalização, a grande pirâmice de Gizé que tornaria o nome de Queóps imortal.
Comentários:
Pouco se sabe historicamente sobre o faraó Khufu (mais conhecido pela civilização ocidental por seu nome grego, Queóps). Ele reinou na quarta dinastia do Egito, há mais de seis mil anos! Seu nome ainda hoje é lembrado por causa da maior pirâmide jamais construída, em Gizé, uma das poucas maravilhas do mundo antigo que conseguiu sobreviver ao teste do tempo. Como todo faraó, Queóps era adorado como um Deus e sua vontade era lei, até mesmo atos de megalomania impensados para os dias atuais. Assim após juntar tesouros inigualáveis roubados de povos conquistados ele pensou numa forma de levar toda aquela riqueza consigo, mesmo depois de sua morte. A construção da pirâmide iria garantir a imortalidade de sua alma e manteria seus bens materiais seguros de ladrões de tumbas. A religião do Egito Antigo tinha imensa preocupação com a vida após a morte, por essa razão os faraós eram enterrados junto aos seus tesouros. Em sua crença eles iriam desfrutar de todas as riquezas também no mundo espiritual. Noventa por cento do que você verá nesse filme é mera ficção. Como as fontes históricas sobre Queóps são poucas e esparsas, o jeito foi escrever uma história para ele meramente ficcional. A sorte para o espectador é que esse roteiro foi escrito pelo autor William Faulkner, um mestre em boas estórias e bons enredos. Ele escreveu uma obra sóbria, sem os exageros típicos de Hollywood em filmes épicos desse período. Amparado por uma milionária produção, muito bem realizada, com milhares de figurinos, o filme se torna uma diversão acima da média por causa de seu talento nato. O cineasta Howard Hawks conseguiu assim realizar um dos mais ambiciosos projetos de sua carreira e curiosamente um dos mais equilibrados também. Um belo filme que tenta reconstruir um dos mais importantes períodos da história da humanidade, sem exageros e que no final de tudo acaba se saindo muito bem em seus objetivos.
Pablo Aluísio.
Título Original: Land of the Pharaohs
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Howard Hawks
Roteiro: William Faulkner, Harry Kurnitz
Elenco: Jack Hawkins, Joan Collins, Dewey Martin, James Robertson Justice
Sinopse:
Queóps (Jack Hawkins), o poderoso faraó do Egito Antigo, decide após mais uma campanha militar vitoriosa, construir uma pirâmide para que todos os seus tesouros conquistados e seu corpo após a morte fiquem a salvo de ladrões de tumbas. Para isso manda o arquiteto Vashtar (James Robertson Justice) elaborar o projeto da maior construção da humanidade até então, um colosso com mais de três milhões de blocos de imensas pedras, uma obra que levaria 20 anos para sua finalização, a grande pirâmice de Gizé que tornaria o nome de Queóps imortal.
Comentários:
Pouco se sabe historicamente sobre o faraó Khufu (mais conhecido pela civilização ocidental por seu nome grego, Queóps). Ele reinou na quarta dinastia do Egito, há mais de seis mil anos! Seu nome ainda hoje é lembrado por causa da maior pirâmide jamais construída, em Gizé, uma das poucas maravilhas do mundo antigo que conseguiu sobreviver ao teste do tempo. Como todo faraó, Queóps era adorado como um Deus e sua vontade era lei, até mesmo atos de megalomania impensados para os dias atuais. Assim após juntar tesouros inigualáveis roubados de povos conquistados ele pensou numa forma de levar toda aquela riqueza consigo, mesmo depois de sua morte. A construção da pirâmide iria garantir a imortalidade de sua alma e manteria seus bens materiais seguros de ladrões de tumbas. A religião do Egito Antigo tinha imensa preocupação com a vida após a morte, por essa razão os faraós eram enterrados junto aos seus tesouros. Em sua crença eles iriam desfrutar de todas as riquezas também no mundo espiritual. Noventa por cento do que você verá nesse filme é mera ficção. Como as fontes históricas sobre Queóps são poucas e esparsas, o jeito foi escrever uma história para ele meramente ficcional. A sorte para o espectador é que esse roteiro foi escrito pelo autor William Faulkner, um mestre em boas estórias e bons enredos. Ele escreveu uma obra sóbria, sem os exageros típicos de Hollywood em filmes épicos desse período. Amparado por uma milionária produção, muito bem realizada, com milhares de figurinos, o filme se torna uma diversão acima da média por causa de seu talento nato. O cineasta Howard Hawks conseguiu assim realizar um dos mais ambiciosos projetos de sua carreira e curiosamente um dos mais equilibrados também. Um belo filme que tenta reconstruir um dos mais importantes períodos da história da humanidade, sem exageros e que no final de tudo acaba se saindo muito bem em seus objetivos.
Pablo Aluísio.
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