sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Doutor Sono

"O Iluminado" é um clássico do terror. Dirigido por Stanley Kubrick e estrelado por Jack Nicholson, foi um daqueles filmes que marcaram época. Agora, muitos anos depois, chega aos cinemas uma espécie de sequência daquela obra-prima. O garotinho que andava de triciclo pelos corredores do hotel mal-assombrado cresceu. Agora ele é um homem adulto, cheio de problemas. Dan Torrance (Ewan McGregor) cresceu tendo que lidar com seu dom de ver e interagir com pessoas mortas. É o que lhe qualifica como uma pessoa iluminada. Só que isso também lhe trouxe vários problemas psicológicos, traumas, etc. Para superar tudo ele se entregou à bebida durante anos.

Seu desafio agora é ajudar uma garotinha chamada Abra Stone (Rebecca Ferguson). Ela também é uma iluminada, com muitos mais poderes paranormais, iguais aos de Dan. Isso a torna uma vítima em potencial de um estranho grupo de assassinos que sequestra e mata crianças para literalmente sugar suas almas. Essa gente tem sede de sangue e os iluminados são especialmente apreciados por eles. A garota Abra e uma caça primordial.

Quando esse filme terminou, eu fiquei com a sensação de que certas estórias não precisam de continuação. Elas já são bem fechadinhas em si. O primeiro "O Iluminado" era um primor do gênero terror psicológico. Sua força vinha muito do suspense criado em torno dos acontecimentos naquele hotel isolado e frio, no alto da montanha. Não foi necessário explicar muita coisa, apenas explorar bem as cenas. Nesse segundo filme o terror psicológico desaparece. Não há nada nessa linha. Tudo se resume em uma narrativa bem clichê do confronto entre o bem e o mal. Os vilões me pareceram bem caricatos. Do lado do bem apenas Dan desperta algum interesse. A jovem Abra é chatinha. A atriz que a interpreta é pior ainda. Bem genérica. Nada expressiva ou talentosa.

A falha, é bom frisar, não é apenas dos produtores desse filme, mas também do próprio Stephen King. Que ele é um bom escritor de terror, bom, isso todo mundo sabe. O problema é que ele não sabe quando parar. "O Iluminado" não precisa de continuação e nem de tantas explicações irrelevantes como vemos aqui. Esses personagens do mal estragaram tudo. Mais parecem vilões de séries do tipo "Buffy, a Caça-Vampiros"! Nada a ver. Mesmo que o escritor quisesse continuar a contar a história de Dan ele deveria ter feito isso com mais criatividade e elegância. Aqui o filme se mostra condenado desde o começo simplesmente porque a estória que conta é ruim. Com isso não há muita salvação. Culpa de quem? Em minha opinião, do próprio Stephen King.

Doutor Sono (Doctor Sleep, Estados Unidos, 2019) Direção: Mike Flanagan / Roteiro: Mike Flanagan, baseado no livro escrito por Stephen King / Elenco: Ewan McGregor, Rebecca Ferguson, Kyliegh Curran, Zahn McClarnon / Sinopse: Sequência tardia do clássico "O Iluminado". Na trama Dan Torrance (Ewan McGregor) precisa ajudar a garotinha Abra Stone (Rebecca Ferguson). Ela tem os mesmos poderes paranormais que ele e está sendo seguida por um grupo que sequestra e mata crianças.

Pablo Aluísio.

9 comentários:

  1. Doutor Sono
    A Continuação de "O Iluminado"
    Nota: 5.0
    Pablo Aluísio.

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  2. Muito obrigado pelo alerta de cilada.
    Pra não perder a viagem: nesse video do link https://www.youtube.com/watch?v=Z3ULvvlS7yA&t=3s o Elvis, em audio de um show seu em 1974 apresenta os Jackson 5 que estavam na plateia. Você sabe se isso aconteceu o é fake? Pergunto porque se aconteceu o Elvis estava naquele momento apresentando pra todos seu futuro genro, por mais absurdo que isso pareça.

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  3. Pois é, o filme me decepcionou. Dá para assistir, se a pessoa não for muito exigente, mas é só. Sobre o Michael Jackson: Sim, é verdade. Ele e seus irmãos conheceram inclusive o Elvis pessoalmente. Só que na época ele era apenas um garotinho que cantava e dançava muito bem. Depois virou aquilo que conhecemos.

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    1. Ah! Se o o Elvis desconfiasse! Teria mandado o Red capar o imberbe insolente.

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    2. Depois que assisti o documentário "Leaving Neverland" a imagem do Michael Jackson ficou destruída em minha mente. OK, foi um grande artista, grandes álbuns, grandes músicas, mas o ser humano era simplesmente nojento.

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  4. Pablo, de novo sobre o filme Dr. Sono (alias, que nome insinuante):
    Para sermos francos, que fez O Iluminado ser tudo o que foi, sem dúvida, foi o Jack Nicholson que, com sua cara de louco insano, quase nos matava de ansiedade e medo. Sem ele, mesmo que fosse bom, esse filme não seria a mesma coisa.

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  5. Jack Nicholson faz uma falta absurda em qualquer filme. Nesse aqui o personagem dele está de volta, mesmo que apenas em uma cena. Colocaram um ator no papel. Nem preciso dizer que não chega nem aos pés do bom e velho Jack. É um ator insubstituível.

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  6. Doutor sono me deu... sono!
    Que historinha boboca! O King já não tem o mesmo toque de Midas do passado.

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