quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Fuga de Los Angeles

Título no Brasil: Fuga de Los Angeles 
Título Original: Escape from L.A.
Ano de Lançamento: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: John Carpenter
Roteiro: John Carpenter, Nick Castle
Elenco: Kurt Russell, Steve Buscemi, Stacy Keach, Georges Corraface, Pam Grier, Michelle Forbes

Sinopse:
Após o desaparecimento de um artefato nuclear, o governo dos Estados Unidos volta a procurar pelos serviços do mercenário Snake Plissken (Kurt Russell). Ele precisará localizar e recuperar o tal objeto atômico em uma Los Angeles dominada pelo crime, com uma população formada por ladrões, assassinos e criminosos de todos os tipos. 

Comentários:
Que filme ruim! Veja, não me entenda mal. Eu considero o personagem do Snake Plissken um dos mais lembrados dos anos 80. O primeiro filme "Fuga de Nova York" é bem legal, desperta muita nostalgia ainda hoje, mas essa sequência dos anos 90 é ruim de doer! Eu me recordo que a reação nos Estados Unidos foi tão negativa que o filme veio parar diretamente no mercado VHS no Brasil. Sinal inequívoco na época que se tratava de uma bomba! Pior do que isso, os efeitos digitais, ainda primários, dando os primeiros passos no cinema, eram bem ruins, já naqueles tempos. Eu me lembro de rir da ruindade dos efeitos visuais que tentavam imitar um onda gigante atingindo Los Angeles. Pura podreira trash! Concluindo, nada se salva mesmo. O roteiro que poderia ser um ponto positivo, se tentasse seguir os passos do primeiro filme, poderia ser definido tranquilamente como uma piada de mau gosto. John Carpenter, que sempre considerei muito, errou e errou feio nesse segundo filme! Enfim, melhor esquecer. Afundou nas bilheterias e acabou com uma franquia que até poderia ser bem promissora, se não tivessem feito um filme tão ruim como esse! 

Pablo Aluísio.

Prisioneiro do Passado

Título no Brasil: Prisioneiro do Passado
Título Original: Heaven's Prisoners
Ano de Lançamento: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Phil Joanou
Roteiro: James Lee Burke, Harley Peyton
Elenco: Alec Baldwin, Kelly Lynch, Teri Hatcher, Mary Stuart Masterson, Eric Roberts, Vondie Curtis-Hall

Sinopse:
Nesse drama dos anos 90 o ator Alec Baldwin interpreta um ex-policial, que foi expulso da corporação por problemas relacionados ao alcoolismo, que acaba salvando uma jovem da morte após um terrível acidente. E encontro dos dois mudará suas vidas para sempre, para o bem e também para o mal. 

Comentários:
Mais um filme dos anos 90 que tentou transformar o ator Alec Baldwin em astro em Hollywood. Como todos sabemos isso nunca realmente aconteceu, embora deva-se reconhecer que nessa fase ele até fez bons filmes. Essa produção é meramente razoável. Foi uma produção bem realizada, mas o roteiro tem sua dose de furos. Além disso a química entre o casal de atores, que deveria ser o ponto forte do filme, nem sempre funciona direito. E não se pode negar que o estúdio apelou um pouquinho, principalmente nas cenas de nudez da atriz Teri Hatcher, que naqueles tempos estava bem popular por seu trabalho de atuação na série do personagem em quadrinhos da DC, o Superman. Para quem não lembra ela interpretava a Lois Lane. Enfim, filme apenas mediano. Na época até funcionava como um bom tapa-buraco naqueles pacotes de fitas VHS que alugávamos nos finais de semana. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Elvis Presley - On Stage, February 1970 - Parte 2

Elvis Presley - On Stage, February 1970 - Parte 2
Uma das músicas que mais gosto desse álbum é a bela "Sweet Caroline" de Neil Diamond. A apresentação dessa canção foi um dos pontos altos da temporada de fevereiro de 1970. Essa era uma música bem recente nas rádios pois ela havia sido lançada como single (com "Dig In" no lado B) poucos meses antes. Elvis, como todos sabemos, era fã incondicional da música de Diamond, a tal ponto que ao longo de sua carreira gravou várias canções desse artista. Para sua apresentação no palco em Las Vegas acabou criando uma coreografia própria que ficou excelente. O grande diferencial da versão de Elvis para a original de Diamond vem dos arranjos. A música na voz de Neil Diamond soava mais pueril, com uma sonoridade bem hippie. Com Elvis ela ficou mais marcante, fruto dos metais da orquestra. A singeleza do resto, principalmente em relação à letra, manteve-se. 

Outro detalhe técnico chama a atenção. Alguns autores afirmam que "Sweet Caroline" foi sugerida a Elvis ainda quando ele estava produzindo nas sessões do American Studios em Memphis, no ano anterior. Isso provém do fato de que a versão de Diamond foi produzida por Chips Moman (que também produziu aquelas sessões com Elvis) e Tommy Cogbill (que também tocou com Elvis naquela ocasião). Apesar de ter sido oferecida a Elvis e tudo mais o cantor não a gravou em estúdio. As razões de sua recusa seguem desconhecidas. Talvez a grande qualidade das outras canções tenha ofuscado "Sweet Caroline", quem sabe... Foi um erro de Elvis porque ele teria gravado a versão antes de seu autor e teria feito bastante sucesso nas paradas se a tivesse lançado como single, ainda em 1969. Depois disso o próprio Elvis foi surpreendido pela versão original de Neil Diamond que lançada como compacto pelo selo MCA fez bonito nas paradas, ganhando um disco de platina por suas vendas. Todo esse sucesso poderia ter sido de Elvis caso ela não a tivesse descartado no American. Tentando contornar a bobagem que havia feito Elvis resolveu levá-la para os palcos em Vegas, confirmando o velho ditado que diz "Antes tarde do que nunca".

Depois do lirismo da faixa anterior temos a vibração de "Runaway". Diante do propósito de só trazer canções inéditas para esse álbum, Elvis subiu ao palco em Las Vegas para cantar o hit "Runaway" de Del Shannon. Essa música foi número 1 na lista Billboard Hot 100 em fevereiro de 1961. Dois aspectos são dignos de menção. O primeiro é que a canção nunca havia sido gravada por Elvis em estúdio antes (por essa razão era inédita em sua discografia). O segundo é que ela na verdade não havia sido gravada em fevereiro de 1970 como constava na capa do LP original, mas sim em agosto de 1969, na sua primeira temporada de retorno aos palcos em Nevada. A RCA Victor quase a lançou no disco anterior, Elvis in Person, mas por precaução resolveu arquivá-la por mais algum tempo. Quando pintou o projeto desse novo LP ela se mostrou ideal para fazer parte de seu repertório. Ótima decisão. Segundo o próprio Del Shannon em uma entrevista essa canção acabou lhe trazendo uma das maiores alegrias de sua vida. Ele, como tantos outros milhares de admiradores de Elvis, fez questão de assistir o Rei do Rock ao vivo em Las Vegas. 

Para um artista que parecia só realizar concertos de dez em dez anos era uma oportunidade única, imperdível. Na noite em que estava na plateia Elvis parou repentinamente a apresentação e resolveu comunicar para os presentes que Del Shannon estava ali, naquela noite, lhe prestigiando. Shannon ficou completamente surpreendido, pois sequer havia comunicado ao staff de Elvis que iria assistir ao seu concerto. Depois de agradecer sua presença Elvis então mandou ver em sua própria versão do sucesso "Runaway", deixando Shannon emocionado. Depois o encontrou em seu camarim. Sobre esse encontro o autor declarou: "Assistir Elvis cantando minha canção foi muito emocionante. Depois ao encontrá-lo no camarim pude constatar como Elvis era educado, humilde e solícito. Ele me deixou emocionado. Nem quando os Beatles fizeram sua própria versão de Runaway pude ficar tão emocionado. Aquela foi uma das grandes noites de toda a minha vida. Uma lembrança que jamais esquecerei".

Pablo Aluísio. 

Pink Floyd - A Saucerful of Secrets

Pink Floyd - A Saucerful of Secrets
O fundador e criador do grupo Syd Barrett usou tantas drogas que embarcou numa viagem sem retorno. Com sua saída os demais membros do Pink Floyd ficaram meio perdidos, sem saber para onde iriam. Esse foi o segundo álbum do Floyd e o primeiro sem Barrett, imerso em sua própria loucura. Uma das boas decisões que o novo líder do Floyd Roger Waters tomou foi trazer o guitarrista David Gilmour para as gravações do disco. Além de músico extremamente talentoso, um dos maiores guitarristas da história do rock, ele também ajudou muito na composição e arranjo de novas músicas para o disco. Era sem dúvida o músico certo naquele momento mais do que complicado do Pink Floyd. Afinal eles corriam o risco até mesmo de serem demitidos pela direção da gravadora EMI. 

O mais curioso é que o grupo pensou seriamente em se tornar uma banda especializada em temas incidentais para trilhas sonoras de filmes. Pois é, com a saída de Barrett eles ficaram inseguros sobre o futuro, achavam que o Pink Floyd estava com os dias contados. Uma saída para sobrevivência seria tocar e compor músicas para filmes. O destino porém iria levar eles para outra direção, bem mais promissora e de sucesso. Em relação ao resultado final desse disco o considero bom. Não é uma obra-prima do grupo e tem seus deslizes, mas serviu para manter o Pink Floyd vivo, planejando um futuro. Eles ainda não tinham encontrado o caminho certo, mas já estavam indo em uma boa direção. 

Pink Floyd - A Saucerful of Secrets (1968)
Let There Be More Light
Remember a Day
Set the Controls for the Heart of the Sun
Corporal Clegg
A Saucerful of Secrets
See-Saw
Jugband Blues

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 28 de novembro de 2023

Pagaram com o Próprio Sangue

Título no Brasil: Pagaram com o Próprio Sangue
Título Original: Dragoon Wells Massacre
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Allied Artists Pictures
Direção: Harold D. Schuster
Roteiro: Warren Douglas, Oliver Drake
Elenco: Barry Sullivan, Dennis O'Keefe, Mona Freeman

Sinopse:
A sexta cavalaria do exército americano é emboscada por guerreiros nativos selvagens em um despenhadeiro no meio do deserto do Arizona. Acuados, os soldados lutam pela própria sobrevivência mas apenas o Capitão Matt Riordan (Dennis O'Keefe) consegue escapar da chacina. Depois de recuperado é enviado novamente para a mesma região só que com uma missão muito mais perigosa: atravessar o território Apache escoltando um grupo de prisioneiros perigosos formado por assassinos e pistoleiros.

Comentários:
Costumo dizer que filmes sobre cavalaria sempre são no mínimo bons! E se foram realizados nos anos 1950 a coisa só tende a melhorar. Esse "Dragoon Wells Massacre" é de fato um dos mais realistas já feitos. Na época chegou a ser acusado de ser forte e violento demais. Revisto hoje em dia se mostra muito bem realizado e até mesmo atual. É brutal? Sim, mas aquela época era de brutalidade extrema! Os soldados da cavalaria não se apresentam como galãs com cabelos impecáveis mas ao contrário, surgem sujos, maltrapilhos e no limite de sua tolerância com tudo o que acontece ao redor. Os Apaches também se revelam como assassinos sem nenhum senso de misericórdia - uma visão que se apresenta muito mais adequada aos fatos históricos, fugindo da armadilha da imagem do "bom selvagem" que iria imperar no cinema americano nos anos que viriam. Os Apaches desse faroeste roubam, matam e estupram suas vítimas. Depois promovem rituais de sangue, tirando seus escalpos. Uma verdadeira barbaridade! E como na época da colonização rumo ao oeste americano não havia outra maneira de lidar com esses guerreiros os soldados da cavalaria nem pensam duas vezes e passam chumbo quente em quem aparecer com pele vermelha pela frente! O resultado é um western com muitas cenas de batalhas e conflitos no meio de um deserto empoeirado e hostil. Um programão para os fãs de faroeste, sem dúvida.

Pablo Aluísio.

Quando as Pistolas Decidem

Título no Brasil: Quando as Pistolas Decidem
Título Original: The Oklahoman
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Allied Artists Pictures
Direção: Francis D. Lyon
Roteiro: Daniel B. Ullman
Elenco: Joel McCrea, Barbara Hale, Brad Dexter

Sinopse:
O Dr. John M. Brighton (Joel McCrea) é um médico idealista que resolve ir até as fronteiras mais distantes do oeste para com sua profissão ajudar as comunidades mais afastadas e isoladas. Depois que sua esposa morre precocemente sua mentalidade solidária se torna ainda mais forte e ele resolve então morar numa pequena cidade do Oklahoma ao lado de sua filha. A região porém passa por um momento de conflito, agravado pela descoberta de petróleo em terras indígenas. 

Comentários:
Ao lado dos pistoleiros, cowboys, índios e xerifes, o cinema americano procurou também destacar o idealismo de certos profissionais liberais como médicos na colonização do velho oeste. Esse certamente não foi o primeiro filme com esse tipo de tema a que assisti. De certa forma era algo até recorrente. Afinal de contas dentro do subconsciente do pioneiro americano certamente ficou a imagem desses corajosos homens que foram para uma terra hostil para basicamente ajudar ao próximo. McCrea está ótimo em seu personagem. Ele tinha uma imagem perfeita para esse tipo de papel. Um médico honesto e íntegro no meio de um conflito de pessoas sem qualquer ética pessoal, que nutriam apenas o desejo de ficarem ricos, seja de que forma fosse. O filme em si só não é melhor por causa dos modestos recursos da Allied Artists Pictures, um pequeno estúdio que já não existe mais, que produzia muitos westerns B durante os anos 50 e 60. Alguns bons, outros bem medíocres. Esse pelo menos se enquadra no primeiro grupo. No geral temos um bom faroeste, plenamente valorizado por seu enredo, muito interessante e relevante para o gênero.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

O Rochedo de Gibraltar

Título no Brasil: O Rochedo de Gibraltar
Título Original: Rocket Gibraltar
Ano de Produção: 1988
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Daniel Petrie
Roteiro: Amos Poe
Elenco: Burt Lancaster, Suzy Amis, Patricia Clarkson, Frances Conroy, Sinéad Cusack, John Glover

Sinopse:

Levi Rockwell (Lancaster) é um velho patriarca que decide reunir em seu aniversário todos os membros de sua grande família. Só que muitos deles estão passando por problemas em suas vidas. Usando de sua sabedoria adquirida pelos anos o velho Levi então decide ajudar cada um deles.

Comentários:
O tempo só fez bem para a carreira de Burt Lancaster. No começo de sua história em Hollywood ele era um jovem atlético, com origens no circo, que encarava qualquer cena de ação e aventura sem problemas. Conforme os anos foram passando Lancaster foi deixando esse tipo de filme de lado, assumindo riscos, atuando em dramas mais sofisticados, filmes com muita qualidade artística. E na velhice ele abraçou produções ainda mais relevantes, dramas sentimentais, com roteiros que procuravam passar belas mensagens sobre a natureza humana. Esse filme foi realizado com Burt Lancaster perto de anunciar sua aposentadoria do cinema, após décadas de trabalho árduo. É um filme sensível, muito bem conduzido, que mais uma vez coroou a filmografia desse grande ator e astro do cinema americano em seus anos dourados. Seja você admirador ou não de seus primeiros filmes esse é um item indispensável para se ter na coleção. É um mergulho na natureza humana e nas relações familiares.

Pablo Aluísio.

Estranhas Coisas de Paris

Título no Brasil: Estranhas Coisas de Paris
Título Original: Elena et les hommes
Ano de Produção: 1956
País: França, Itália
Estúdio: Franco London Films, Les Films Gibé
Direção: Jean Renoir
Roteiro: Jean Renoir, Jean Serge
Elenco: Ingrid Bergman, Jean Marais, Mel Ferrer, Jean Richard, Juliette Gréco, Pierre Bertin

Sinopse:
A princesa Elena Sokorowska (Ingrid Bergman) é uma nobre arruinada financeiramente que precisa arranjar um casamento para sair da pobreza. Acaba encontrando um velho industrial, mas ao mesmo tempo acaba também se apaixonando por um general amado pelo povo de Paris.

Comentários:
A atriz sueca Ingrid Bergman fez história em Hollywood. Basta lembrar de "Casablanca" para entender bem isso. Era uma bela e talentosa dama do cinema americano, só que nos anos 50 ela brigou com alguns estúdios e decidiu ir para a Europa rodar novos filmes por lá. Não foi uma boa ideia. Na França fez essa comédia romântica chamada "Elena et les hommes". O filme pode ser definido como um desastre em sua carreira. Com um roteiro bobo, machista, sem graça, Bergman tentou brilhar mais uma vez, mas tudo o que conseguiu foi ficar constrangida com a falta de qualidade artística do filme. O que era para ser algo mais sofisticado, acabou apelando para o pastelão e o humor físico. Ter uma atriz tão fina e educada no meio dessa bobagem toda acabou sendo muito embaraçoso. Os figurinos luxuosos tenta captar o glamour de Hollywood, mas falha nisso também. O diretor Jean Renoir só conseguiu rodar uma boa cena, logo a primeira, bem no meio de uma multidão pelas ruas de Paris. Depois disso o filme não acerta em quase nada. É lamentável que a querida Ingrid Bergman tenha entrado em um filme tão inexpressivo. Uma mancha em sua excelente filmografia.

Pablo Aluísio.

domingo, 26 de novembro de 2023

Imperador Romano Otão

Imperador Romano Otão
Depois da morte do imperador Galba subiu ao poder Otão. Ele não pertencia a nenhuma família tradicional romana. Não era um Patrício, membro da mais alta classe social do império. Muitos senadores o consideravam apenas um plebeu oportunista. E a classificação de assassino jamais deixou de manchar sua reputação, afinal ele era apontado como o principal conspirador da morte do imperador Galba e não poderia continuar no poder. Em pouco tempo o exército romano se aliou ao Senado para tramar a morte de Otão que de fato só ficaria três meses no poder absoluto, sendo morto logo em seguida. 

Essa foi uma fase de guerra civil em Roma. Com o fim da dinastia de Júlio César o título de imperador passou a ser disputado por generais e políticos e a arma para se chegar ao trono era a violência, a força bruta. O general que tivesse mais legiões ao seu lado vencia a luta para ser o novo imperador. Otão teve força no começo, quando Galba foi assassinado, mas não tinha homens suficientes para enfrentar as outras legiões que marchavam de volta a Roma para entronar seus próprios generais. Em apenas 1 ano o império teve três imperadores, sendo assassinados pelos que o sucediam. 

Otão tinha conseguido se tornar imperador porque contou, em um primeiro momento, com o apoio da guarda pretoriana, mas essa ligação era frágil. Ele vinha de uma família de bajuladores. Não tinha nobreza familiar. Seu pai havia caído nas graças do imperador Cláudio após contar ao imperador que havia um plano para matá-lo. Com a prisão dos conspiradores ele ganhou cargos importantes. Otão foi criado dentro do palácio imperial e era amigo de infância e juventude do jovem Nero que um dia também iria se tornar imperador romano. Por essa razão ele era visto pelo Senado como um homem de Nero que não poderia continuar no poder. Tinha que ser morto. 

Quando Nero foi morto e Galba o sucedeu, Otão participou das conspirações para matar o idoso imperador. Claramente agia por vingança pela morte de Nero. Era considerado tão sórdido quanto Nero e tentava vingar a morte do amigo. Após 3 meses no poder se viu cercado por legiões que tinham voltado da Germânia onde combatiam os bárbaros. Eram guerreiros experientes no campo de batalha. Voltavam para matar ou morrer. Abandonado pela guarda pretoriana que não tinha como enfrentar os legionários fora do palácio, Otão decidiu se matar, caindo em cima de sua própria espada. Sua cabeça foi cortada e jogada aos pés daquele que iria se tornar o novo imperador de Roma, Vitélio. 

Pablo Aluísio. 

Papa Linus

Papa Linus
No decorrer dos séculos muito foi perdido em termos de precisão histórica da Igreja. O Papa Lino foi o segundo Papa da história da Igreja Católica. Foi o sucessor de Sâo Pedro, considerado o primeiro Papa por ter sido o fundador da Igreja de Jesus Cristo. Como grande parte dos escritos originais se perderam nesses séculos pouca coisa segura há para se desvendar sobre esse segundo Bispo de Roma, Lino. Sabe-se que nasceu na Toscana, filho de um homem chamado Herculano. Foi um dos primeiros a se converter ao cristianismo. Na época a nova crença era considerada uma religião perigosa e subversiva pelos imperadores romanos. Há controvérsias se Lino teria conhecido ou andado ao lado de Pedro, mas pode-se afirmar com certeza que ambos viveram no mesmo tempo e na mesma cidade, foram contemporâneos. Como a igreja ainda era uma instituição perseguida não se sabe com precisão quando começou seu pontificado. Não havia documentos escritos para evitar execuções dos líderes do movimento.

Para alguns historiadores porém Lino não seria o único a ostentar o título de Bispo de Roma em sua época. Ao que tudo indica o poder de se levar adiante a palavra de Cristo em um império que a oprimia pertencia a três homens diferentes, Lino,  Anacleto e Clemente. Segundo ainda tradições antigas Pedro teria passado a missão de levar em frente a igreja de Roma diretamente a Clemente, só que esse tinha pouca ambição de ostentar esse título (não se sabe se sua atitude partia de um certo temor de ser morto por autoridades imperiais ou por pura modéstia pessoal). Assim Clemente por ser muito modesto retirou-se logo dessa função. Anacleto por sua vez desapareceu subitamente dos poucos registros que sobreviveram, ficando claro que a partir de determinado momento coube a Lino a condução da Igreja logo após as mortes de Pedro e Paulo.

Não se sabe também com precisão por quanto tempo Lino foi Papa. Há um certo consenso de que ele teria ficado no trono de Pedro por onze anos e oito meses. Apesar da perseguição das autoridades seu pontificado foi considerado pacífico e administrativamente organizado. Ele escreveu um dos primeiros documentos da Igreja, um regulamento que proibia as mulheres cristãs de irem aos cultos sem o véu. Depois que Nero descobriu que Lino era o suposto líder da nova Igreja que nascia, resolveu que ele deveria ser martirizado. Segundo algumas fontes Lino foi morto no ano 78, sob as ordens do cônsul Saturnino. Existe uma lenda que Lino teria feito um exorcismo em sua filha, expulsando um demônio evocando o poder de Jesus.

De qualquer maneira, mesmo sem confirmação histórica precisa, o fato é que o Papa Lino teria deixado uma obra escrita em grego sobre os martírios de São Pedro e de São Paulo, contando também parte de suas histórias. Tal obra teria sido de imensa importância histórica hoje em dia, mas certos estudiosos acreditam que eles sofreram adulterações ao longo da história, sendo os escritos originais perdidos para sempre. A tradicional história do conflito entre São Pedro e Simão, o Mago, teria sido tirado do livro original de Lino. Outra suposição é que os textos teriam sido queimados por autoridades romanas que estavam decididas a destruir o movimento cristão em Roma. Em termos históricos o pontificado de Lino coincide com a invasão e destruição do templo de Jerusálem pelo imperador romano Tito, um fato que causou grande comoção entre os cristãos de Roma. A luta de Lino nos primórdios do cristianismo lhe valeu a canonização. Hoje o Papa é reconhecido pela Igreja Católica como São Lino.

Pablo Aluísio.

sábado, 25 de novembro de 2023

O Quinto Elemento

Título no Brasil: O Quinto Elemento
Título Original: The Fifth Element
Ano de Lançamento: 1997
País: França, Reino Unido
Estúdio: Gaumont Films
Direção: Luc Besson
Roteiro: Luc Besson, Robert Mark Kamen
Elenco: Bruce Willis, Gary Oldman, Milla Jovovich, Chris Tucker, Ian Holm, Luke Perry

Sinopse:
Nesse filme, cuja história se passa no ano de 2225, o ator Bruce Willis interpreta um motorista de táxi que se vê envolvido numa grande conspiração envolvendo grandes corporações após ajudar uma jovem que parece estar fugindo, lutando por sua vida a todo custo. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor efeitos sonoros (Mark A. Mangini). 

Comentários:
Tive a oportunidade de assistir no cinema, o que foi o ideal pois esse é um daqueles filmes em que o visual conta muito, ou melhor dizendo, conta tudo! E o que temos aqui é exatamente isso. Um filme visualmente belíssimo, contando cm figurinos extremamente bem elaborados, assinados por renomados estilistas de Paris, cenários futuristas originais e uma produção realmente de encher os olhos. Inclusive a direção de arte dessa ficção é de fato uma das melhores dos últimos 30 anos. Infelizmente o mesmo não se pode dizer de seu roteiro. Aqui o diretor se baseou em uma história original, criada por ele mesmo. É uma variação de velhas mitologias que já bem conhecemos, tudo misturado com uma certa paranoia sobre os avanços da ciência, principalmente em relação ao tema da tecnologia de manipulação genética. Funciona pouco nesse aspecto. Em suma, "O Quinto Elemento" é um filme lindo de se assistir, mas sem muito conteúdo por trás de toda aquela beleza cinematográfica que vemos na tela. 

Pablo Aluísio.

Eles Matam, Nós Limpamos

Título no Brasil: Eles Matam, Nós Limpamos 
Título Original: Curdled
Ano de Lançamento: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Tinderbox Films
Direção: Reb Braddock
Roteiro: Reb Braddock
Elenco: William Baldwin, Angela Jones, Bruce Ramsay

Sinopse:
Uma jovem latina, imigrante ilegal nos Estados Unidos, passa a trabalhar numa empresa que limpa a cena de crimes sangrentos. Para ela em especial parece ser o emprego ideal já que ela sempre curtiu essas histórias macabras envolvendo assassinos em série. 

Comentários:
Filme bacaninha de humor negro que chegou a ser até mesmo bem indicado e elogiado pela crítica em seu lançamento, lá nos hoje distantes anos 90. Eu aluguei o filme em VHS e não me arrependi. Apesar de não ser nada espetacular ou excepcional, essa foi uma daquelas produções independentes e despretensiosas da época que ousaram investir no novo, no inusitado, tudo feito com bom humor, mesmo que esse humor fosse mesmo bem negro, por causa das cenas de assassinatos, etc. E o mais interessante de tudo é que o roteiro foi escrito baseando-se na história real de uma imigrante colombiana que foi morar nos Estados Unidos nos anos 80. E sim, existem mesmo empresas de limpeza em Los Angeles especializadas em crimes violentos. No comercial as empresas prometem limpar todo o sangue, não deixar nada para trás! Pois é, nesse mundo existe de tudo mesmo! 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Sob a Pele do Lobo

Título no Brasil: Sob a Pele do Lobo
Título Original: Bajo la piel de lobo
Ano de Lançamento: 2017
País: Espanha
Estúdio: Crea SGR
Direção: Samu Fuentes
Roteiro: Samu Fuentes
Elenco: Mario Casas, Irene Escolar, Ruth Díaz, Kandido Uranga, Josean Bengoetxea, Armando Aguirre

Sinopse:
Um caçador de lobos e animais selvagens, que vive numa cabana no alto de uma montanha gelada, aceita a oferta do pai de uma mulher viúva que praticamente a vende para que ela seja sua mulher. Só que ela não dura muito no meio selvagem. Assim ele acaba fazendo outro negócio com o velho homem, levando dessa vez para sua casa sua filha mais jovem, a caçula. 

Comentários:
Esse filme é mais profundo do que muita gente pode pensar. Sim, o protagonista é um tipo rude, bruto, visceral. Ele precisa ser assim para sobreviver no meio em que vive. Entretanto o que temos aqui é quase um painel sociológico da própria existência do homem no meio ambiente hostil. Vivendo entre lobos, mais cedo ou mais tarde, o homem também se tornará um lobo. Obviamente muita coisa chocará nesse enredo. O homem que "compra" não apenas uma, mas duas esposas, do mesmo pai que as vende. A nada sutil forma de explorar sexualmente as mulheres, as tratando como objetos. A falta de comunicação entre homem e mulher retratado nos diálogos quase inexistentes no filme. E é claro, o isolamento do meio natural, onde o homem vira bicho rapidamente. No fundo, no fundo, é um olhar social sobre o homem e o meio onde ele vive. É uma história de certa maneira banal e igualmente visceral, tal como a existência humana desde os seus primórdios. 

Pablo Aluísio.

Terror nas Profundezas

Título no Brasil: Terror nas Profundezas
Título Original: Deep Fear
Ano de Lançamento: 2023
País: Reino Unido
Estúdio: Netflix
Direção: Marcus Adams
Roteiro: Robert Capelli Jr, Sophia Eptamenitis
Elenco: Mãdãlina Ghenea, Ed Westwick, Macarena Gómez, Masgueirto Bolonha, Alice Gomez

Sinopse:
Uma jovem navegando em um veleiro em uma região que vai ser atingida por forte tempestade, ajuda duas pessoas em alto-mar cuja embarcação naufragou. Apesar da boa vontade e humanidade ela se dá mal. As pessoas são traficantes de drogas que logo a tornam refém. Ela terá que mergulhar para trazer a droga de volta. O problema é que há um grande tubarão branco nadando por ali. 

Comentários:
Não gostei desse filme e as razões são muitas. De todos os subgêneros cinematográficos, provavelmente (com alta dose de certeza nessa afirmação) os filmes de tubarões devem ser os mais saturados que existem. E nem estou falando daquelas tralhas que passam em canais como Space e SYFY. Estou me referindo até mesmo a produções médias, em que se tenta disfarçar ainda a apelação, se apoiando em um roteiro minimamente decente. E verdade seja dita, embora o tubarão desse filme faça seu lanchinho diário, o fato é que ele nem é o principal "personagem" em cena. No quadro geral, apesar de ter feito relativo sucesso na Netflix, esse é um filme no estilo mais do mesmo. Pode até entreter os menos exigentes. Para quem tem anos de cinefilia, vai soar bem cansativo e chato mesmo. Melhor rever o clássico de Spielberg, aquele pelo menos foi o original. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Passagem para a Índia

Título no Brasil: Passagem para a Índia
Título Original: A Passage to India
Ano de Lançamento: 1984
País: Estados Unidos
Estúdio: EMI Films
Direção: David Lean
Roteiro: David Lean
Elenco: Alec Guinness, James Fox, Judy Davis, Peggy Ashcroft, Victor Banerjee, Nigel Havers

Sinopse:
Na era colonial, onde a Índia não passava de uma colônia do império britânico, um evento e um suposto crime abalam as estruturas daquela sociedade, colocando em polos opostos figuras importantes, tanto do lado inglês, como do lado indiano. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor atriz coadjuvante (Peggy Ashcroft) e melhor trilha sonora original (Maurice Jarre). 

Comentários:
David Lean não foi um diretor de cinema qualquer. Ele foi um dos grandes cineastas autorais da história da sétima arte. E esse, infelizmente, foi seu último filme. Nem preciso dizer que é outra obra-prima em uma filmografia realmente inigualável. Lean fazia cinema para quem amava cinema. Essa é uma das informações básicas que você precisa entender. E aqui seu grande cinema voltou a brilhar. Um filme que tem seu próprio ritmo e que de maneira sutil criticava a sociedade colonial inglesa, com todas as suas contradições, incoerências e também ambiguidades. Um retrato nada sutil daquela geração britânica que sustentou um sistema colonialista e exploratório que se estendia em praticamente todos os continentes do globo. E tudo isso emoldurado em uma boa e também trágica história para se  contar na tela grande. Enfim, uma despedida à altura daquele que pode ser considerado um dos grandes diretores de nossa época. 

Pablo Aluísio.

Golpe Baixo

Título no Brasil: Golpe Baixo
Título Original: The Longest Yard
Ano de Lançamento: 1974
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Robert Aldrich
Roteiro: Tracy Keenan Wynn, Albert S. Ruddy
Elenco: Burt Reynolds, Eddie Albert, Ed Lauter, Michael Conrad, James Hampton, Harry Caesar

Sinopse
Um popular e excelente jogador de futebol americano acaba indo parar na prisão estadual. Uma vez lá, decide entrar para o time dos prisioneiros, o que muda a rotina da penitenciária e também a forma como a mídia lida com essa questão. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor Edição (Michael Luciano). 

Comentários:
Esse filme foi lançado em uma época em que o Burt Reynolds era considerado um verdadeiro astro em Hollywood. Ele era apontado pelo público feminino como o mais másculo e viril galã do cinema americano! E os produtores, sabendo disso, apelavam, colocando Burt sem camisa e em poses provocantes em praticamente todos os posters de seus filmes! De qualquer forma, o fato é que essa é uma boa película em sua filmografia. Tem boa história, bom ritmo e principalmente uma edição de primeira, que inclusive foi indicada ao Oscar. Não fez muito sucesso no Brasil porque o público brasileiro nunca gostou de filmes com futebol americano, mesmo que no caso aqui esse fosse um detalhe meio secundário. Já na televisão o filme virou um campeão de reprises, principalmente na Sessão da Tarde, em plenos anos 80. Enfim, um bom passatempo, nada demais, mas que acabou rendendo um remake anos depois. Quem diria... 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Tensão em Montana

Título no Brasil: Tensão em Montana
Título Original: Terror on the Prairie
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: Voltage Pictures
Direção: Michael Polish
Roteiro: Josiah Nelson
Elenco: Gina Carano, Nick Searcy, Donald Cerrone

Sinopse:
Nos tempos do velho oeste, uma jovem mãe fica sozinha em seu rancho com seus filhos, todos crianças ainda. O pai foi para a cidade mais próxima comprar mantimentos. Para infortúnio completo dela uma quadrilha de bandidos a cavalo chega em sua propriedade rural e agora ela terá que defender sua família com todos os meios possíveis. 

Comentários:
Gostei muito desse filme e não apenas por quase sempre gostar de filmes de faroeste. O fato é que esse roteiro mostra que mesmo uma ideia que já fez parte de filmes anteriores, inclusive alguns clássicos do western, pode ser reciclada, melhorada e aprimorada para os dias atuais. No começo o espectador pensa que aqueles bandoleiros são bandidos aleatórios que chegam no rancho para roubar. Não haveria nada de especial naquela propriedade, a não ser o azar do acaso. Só que isso logo se mostra equivocado, pois os criminosos possuem um passado sangrento com seu marido e eles querem vingança a todo custo. É o velho tema, tão caro ao western, de que o passado um dia volta para acertar as contas. Felizmente, no caso dessa produção, tudo é muito bem desenvolvido. E pensar que essa companhia cinematográfica é especializada em filmes de terror. Fizeram um belo faroeste agora. Que venham outros nesse estilo, os fãs do gênero agradecem. 

Pablo Aluísio.

Turbulência

Título no Brasil: Turbulência
Título Original: Turbulence
Ano de Lançamento: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Robert Butler
Roteiro: Jonathan Brett
Elenco: Ray Liotta, Lauren Holly, Brendan Gleeson

Sinopse:
Durante um voo comercial, onde também estão viajando prisioneiros perigosos, um deles consegue se soltar e passa a aterrorizar passageiros e tripulação. Caberá a uma comissária de bordo tentar reverter a situação, fazendo com que o avião finalmente venha a pousar em segurança. 

Comentários:
Tentativa tardia de tentar reviver o sucesso da velha franquia "Aeroporto" que havia feito tanto sucesso nos anos 60 e 70. Como esse filme foi produzido nos anos 90 houve uma turbinada na produção, levando o roteiro a história toda para o lado da ação. Esses exageros acabaram estragando o filme que até começa bem promissor, mas que logo cai na vala comum dos filmes desse estilo na época. O elenco é bom, embora eu tenha que reconhecer que o quase sempre correto Ray Liotta acaba caindo na caricatura na pele de seu personagem, um serial killer insano. De bom mesmo sobra as cenas do avião no ar, que são bem realizadas. O filme foi uma produção cara, com orçamento de 55 milhões de dólares. Infelizmente mesmo com todas tentativas de ser um produto comercial acabou fracassando nas bilheterias de cinema. O público parecia mesmo cansado desse tipo de enredo. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 21 de novembro de 2023

Arquivos: Marilyn Monroe

Marilyn Monroe: Uma última longa conversa com uma garota solitária. Apenas algumas semanas antes de sua morte, Marilyn Monroe conversou longamente com o editor associado da LIFE, Richard Meryman, sobre os efeitos da fama em sua vida. Sua história foi publicada na edição de 3 de agosto. Aqui ele se lembra de como era Marilyn enquanto conversava com ele.

Se Marilyn Monroe ficou feliz em ver você, o "olá" dela soará em sua mente por toda a sua vida - o calor ofegante da ênfase no "lo", seus olhos profundos voltados para você e seu rosto radiantemente enrugado em um sorriso maravilhosamente infantil.

Experimentei isso pela primeira vez quando, depois de duas reuniões de conhecimento em Nova York, fui, no final da tarde, há várias semanas, à casa dela em Brentwood, Califórnia, para iniciar uma série de conversas sobre fama. Esperando uma das famosas esperas por Marilyn, sentei-me no carpete macio da sala e comecei a me esforçar para configurar meu gravador. De repente, percebi um par de calças amarelas brilhantes ao meu lado. De calça comprida estava Marilyn, observando-me em silêncio com um sorriso solícito, muito ereta e esbelta, com ombros delicadamente estreitos. Ela parecia mais baixa do que eu lembrava e estava espetacular em uma blusa larga. Levantei-me e nos cumprimentamos e ela disse: "Você quer meu gravador? Comprei um para tocar poemas de uma amiga minha."

Antes de iniciar o que seria uma conversa de pelo menos seis horas, ela queria me mostrar sua casa, que ela havia pesquisado e comprado pessoalmente. Descrevendo-o anteriormente, ela exclamou: "...e tem paredes." Ela recusou ao LIFE qualquer foto disso, dizendo: "Não quero que todos vejam exatamente onde eu moro, como é meu sofá ou minha lareira. Você conhece o livro Everyman? Bem, eu quero ficar apenas no fantasia de Everyman."

Era uma pequena casa de três quartos construída em estilo mexicano, a primeira casa inteiramente sua que ela já teve. Ela exultou com isso. Numa viagem especial ao México, ela procurou cuidadosamente em barracas de beira de estrada, em lojas e até em fábricas, para encontrar as coisas certas para colocar ali. Os itens grandes não haviam chegado - nem ela jamais os veria instalados. Enquanto ela me conduzia pelos cômodos, vazios e improvisados, como se alguém morasse ali apenas temporariamente, ela descreveu com entusiasmo amoroso cada sofá, mesa e cômoda, onde eles iriam e o que havia de especial neles. As poucas pequenas coisas mexicanas - um candelabro de lata, bancos dobráveis engenhosamente esculpidos em peças únicas de madeira, uma mesa de centro forrada de couro, azulejos nas paredes da cozinha - revelavam seu gosto impetuoso e encantador. Separado da casa, anexo à garagem para dois carros, havia um grande cômodo sendo convertido em apartamento que seria, explicou ela, "um lugar para qualquer amigo meu que esteja com algum tipo de problema, você sabe, e talvez eles vão querer viver aqui, onde não serão incomodados até que tudo esteja bem para eles."
De volta à casa, observei a profusão de flores lá fora. Seu rosto ficou brilhante e ela disse: “Não sei por que, mas sempre fui capaz de fazer qualquer coisa crescer”. Ela continuou: "Quando eu era casada com o Sr. Miller, comemoramos o Hanukkah e senti, bem, também deveríamos ter uma árvore de Natal. Mas não suportava a ideia de sair e cortar uma árvore de Natal."

Na sala de estar, sentados em uma cadeira e sofá indefinidos, continuamos conversando — depois que Marilyn se serviu de uma taça de champanhe. A cada pergunta ela fazia uma pausa pensativa. “Estou tentando encontrar a cabeça do prego, não apenas desferir o golpe”, disse ela. Então respirava fundo e seus pensamentos desabavam, palavras ofegantes caindo sobre palavras ofegantes. Uma vez ela disse: "Basicamente, uma maneira de lidar com a fama é com honestidade e estou falando sério, e a outra maneira de lidar com isso quando algo acontece - como coisas aconteceram recentemente, e outras coisas aconteceram comigo, de repente, meu Deus , as coisas que eles tentam fazer com você são difíceis de aceitar - eu lido com silêncio."

Suas inflexões vieram como reviravoltas surpreendentes e cada emoção estava em plena bravura, representada com gestos exuberantes. Em seu rosto brilhavam raiva, melancolia, bravata, ternura, tristeza, alto humor e profunda tristeza. E cada ideia geralmente terminava com uma mudança surpreendente de pensamento, com a risada dela se transformando em um guincho delicioso. “Acho que sempre tive um pouco de humor”, disse Marilyn. "Acho que às vezes as pessoas simplesmente questionam: 'ela sabe o que está dizendo', e às vezes você de repente pensa em outra coisa e não quis dizer exatamente. Estou apontando para mim. Eu não digerir as coisas com a mente. Se eu fizesse, a coisa toda não funcionaria. Então eu seria apenas uma espécie de intelectual e não estou interessado nisso. "

Nesse ponto comecei a perceber que Marilyn não fazia nada pela metade. Sobre seus milhões de fãs, ela disse: "O mínimo que posso é dar a eles o melhor que podem obter de mim. Qual é a vantagem de inspirar na próxima respiração se tudo o que você faz é soltar o ar e inspirar outra?" Pude também ver como era importante para ela sentir que a pessoa com quem conversava "entendeu".

Compreender aparentemente significava ser muito solidário, ficar do lado dela em tudo, reconhecer as nuances de seus significados e valorizar tudo o que ela valorizava, principalmente as pequenas coisas. Quando demonstrei entusiasmo genuíno pela casa dela, ela disse: "Bom, tenho certeza de que vou me dar bem com qualquer pessoa que goste da minha casa."
Mas eu tinha a sensação constante e desconfortável de que meu status com ela era precário, que se eu me tornasse um pouco descuidado, ela poderia de repente decidir que eu, como muitos outros que ela achava que a haviam decepcionado, não entendia. Uma vez eu perguntei a ela como ela "se preparou" para fazer uma cena. Fui instantaneamente confrontado por uma indignação real: "Eu não aciono nada. Não sou um Modelo T. Acho que é meio desrespeitoso referir-me a isso dessa forma."

Mas eu não conseguia ficar impaciente com a impaciência dela. Foi tudo tão compreensível quando ela falou sobre as pessoas que escreveram colunas e histórias sobre ela: "Eles andam por aí e perguntam principalmente aos seus inimigos. Os amigos sempre dizem: 'Vamos verificar se está tudo bem com ela'". ela acrescentou melancolicamente: "Sabe, a maioria das pessoas realmente não me conhece." Havia tristeza em seus olhos quando ela descreveu como uma vez encontrou seu enteado Bobby Miller escondendo uma revista contendo um artigo sinistro sobre ela, e como Joe DiMaggio Jr.

"Você sabe, ha, ha, sua madrasta é Marilyn Monroe, ha, ha, ha. Todo esse tipo de coisa." E havia saudade na sua voz enquanto ela voltava repetidamente às “crianças, aos idosos e aos trabalhadores” como uma fonte de calor na sua vida, como as pessoas inofensivas que a tratavam naturalmente, que ela podia conhecer espontaneamente. Senti uma onda de proteção por ela; um desejo - talvez do tipo que foi a raiz da ternura do público por Marilyn - de mantê-la longe de qualquer coisa feia e dolorosa.

Antes de eu sair naquela noite, ela pediu que lhe enviassem uma transcrição da entrevista. “Muitas vezes acordo durante a noite”, explicou ela, “e gosto de ter algo em que pensar”.

Quando cheguei na tarde seguinte para uma segunda sessão, ela imediatamente pediu para adiar a nossa conversa. Ela estava cansada, disse ela, das negociações com a 20th Century Fox sobre a retomada de Something's Got To Give. Mas ela hospitaleiramente me ofereceu uma bebida e conversamos. Ela estava obviamente chateada. Mas não havia nenhum indício de desespero taciturno. Ela ficou eletrizada de indignação e começou a falar com raiva sobre como os estúdios tratam suas estrelas. Então ela fez uma pausa, disse que precisava de algo para ajudar a superar o cansaço e pegou uma taça de champanhe. Perguntei se ela já desejou ser mais durona. Ela respondeu: "Sim - mas não acho que seria muito feminino ser durona. Acho que vou me contentar com o que sou."
Fomos interrompidos quando o médico dela chegou. Marilyn foi até a cozinha, voltou com uma pequena ampola e, segurando-a para mim, disse: "Não brinca, eles estão me obrigando a tomar injeções no fígado. Aqui, vou provar isso para você." A essa altura ela estava disposta a continuar conversando, e já era quase meia-noite quando Marilyn deu um pulo e anunciou que iria colocar um bife na grelha. Ela voltou para dizer que não havia bife nem comida alguma. Antes de eu partir, uma das últimas coisas que ela disse foi: "Com a fama, você sabe, você pode ler sobre si mesmo, as idéias de outra pessoa sobre você, mas o que é importante é como você se sente sobre si mesmo - para sobreviver e viver o dia a dia com o que surge."

No fim de semana, Marilyn estava programada para posar para fotos, então sugeri que tomássemos o café da manhã antes do compromisso do meio-dia. Ela concordou e cheguei no sábado às 10. Toquei a campainha várias vezes. Nenhuma resposta. Mas pela janela pude ver um homem sentado em sua pequena varanda envidraçada, lendo uma revista com a paciência entediada de alguém que estava ali há muito tempo. Esperei e liguei por cerca de 10 minutos, depois afastei-me por uma hora. Às 11 horas meu telefone foi atendido pela governanta de Marilyn, a Sra. Murray, que me levou para esperar em um quarto de hóspedes perto de um pequeno corredor do quarto de Marilyn. Ao meio-dia, a Sra. Murray levou uma bandeja com o café da manhã para ela. Pouco depois, Marilyn apareceu e disse olá.

Tornei-me então uma testemunha do lendário processo de Marilyn se preparando para um compromisso - e chegando quatro horas atrasada. O cavalheiro paciente era seu cabeleireiro, Sr. Kenneth. Enquanto ele cuidava dela e ela ficava sentada embaixo da secadora, pude ouvir risadas estrondosas. Depois, com seus rolinhos, ela fazia pequenas tarefas descalças pela casa e entrava e saía do quarto, fazia telefonemas, me visitava para perguntar se eu estava confortável, toda ocupada, agitada, sem fazer nada. Não houve nada daquele medo e desânimo diante dos espelhos de que tanto tinha ouvido falar. Ela estava totalmente alegre e totalmente desorganizada. Não pude deixar de sentir que o que algumas pessoas atribuíam ao medo do palco poderia ser, em parte, sua dívida interminável com o tempo. A mecânica necessária da vida diária estava além do seu alcance; ela sempre começava atrás e nunca a alcançava.

Finalmente ela estava quase pronta e entrou cambaleante na sala onde eu estava sentado. Ela usava salto alto, calça laranja, sutiã e segurava descuidadamente uma blusa laranja sobre o peito. "Eu pareço uma abóbora com essa roupa?" ela perguntou. Ela parecia maravilhosa. "Você colocará a indústria da moda à frente em 10 anos." Eu disse. Ela ficou muito satisfeita e respondeu: "Você acha? Ótimo!"

Dois dias depois, liguei para Marilyn para outro encontro para conversar sobre a versão final de sua história. Ela disse: “Venha a qualquer hora, tipo, você sabe, para o café da manhã”. Havia em sua voz um tom que eu já havia reconhecido: uma vontade atraente de agradar. Voltei às 10 e mais uma vez ela dormiu até meio-dia. Finalmente nos sentamos juntos em um sofá minúsculo. Ela estava descalça, vestindo um roupão e ainda não havia lavado o rímel da noite anterior. Seu cabelo delicado estava em um redemoinho de sono. Mas ela me fez sentir que isso era um elogio. "Amigos", ela disse, "aceitam você do jeito que você é." Como sempre, seu rosto estava muito pálido. Ela segurou o manuscrito bem diante dos olhos e leu-o cuidadosamente em voz alta, ouvindo cada frase para ter certeza de que soava exatamente como ela.

Ela guardou o manuscrito e voltei para buscá-lo no final da tarde. Na escadaria da casa ela me mostrou as alterações que havia feito a lápis, todas pequenas. Ela me pediu para fazer um comentário sobre dar dinheiro discretamente a pessoas necessitadas. E então nos despedimos. Enquanto eu me afastava, ela de repente me chamou: "Ei, obrigada." Virei-me para olhar para trás e lá estava ela, muito imóvel e estranhamente desamparada. Pensei então na reação dela antes, quando perguntei se muitos amigos haviam telefonado para se reunir quando ela foi demitida pela Fox. Houve silêncio e, sentada muito ereta, com os olhos arregalados e magoados, ela respondeu com um minúsculo “Não”.

Fonte: Life

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Nosso Amor de Ontem

Título no Brasil: Nosso Amor de Ontem
Título Original: The Way We Were
Ano de Lançamento: 1973
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Sydney Pollack
Roteiro: Arthur Laurents, Francis Ford Coppola
Elenco: Robert Redford, Barbra Streisand, Bradford Dillman, Patrick O'Neal, Murray Hamilton, Diana Ewing

Sinopse:
Dois jovens se conhecem na universidade e no começo não se dão muito bem. Ela é uma universitária ativista, muito ligada em política, enquanto ele é um cara bonitão, atleta e ligado em esportes. Ainda assim após um tempo começam a namorar. E depois de alguns anos na marinha ele retorna, tempos depois, para tentar reconstruir aquele belo relacionamento. 

Comentários:
Um filme romântico com aquele estilo dos velhos tempos. A publicidade dessa produção na época se baseou muito na união, pela primeira vez no cinema, de Robert Redford e Barbra Streisand, Duas pessoas bem diferentes. Ela era a preferida da crítica, representante jovem da classe artística judaica de Nova Iorque em Hollywood. Redford era o golden boy da indústria, um galã muito popular, o representante máximo do estilo dos antigos galãs made in USA. Curiosamente, embora tão diferentes em estilos, funcionaram perfeitamente no filme. Há química real nesse casal em cada cena. A trilha sonora também é muito boa, obviamente tendo a música tema do filme sendo cantada pela própria Barbra Streisand. Alguns dizem que o filme ficou com um estilo um pouco pesado demais, um dramalhão romântico um pouco fora do tom. Não penso assim. Assisti e apreciei o estilo do filme, sem dúvida um belo momento nas carreiras dessas duas grandes estrelas da história do cinema norte-americano. 

Pablo Aluísio.

domingo, 19 de novembro de 2023

A Profanação dos Reis da França

A Profanação dos Reis da França
Uma das histórias mais terríveis da Revolução Francesa se deu na chamada profanação dos Reis da França. Em um momento em que o radicalismo e o fanatismo tomavam conta dos revolucionários franceses, decidiu-se que não deveria se deixar pedra sobre pedra em relação à monarquia francesa, ao antigo regime. Era necessário não apenas matar o rei Luís XVI e a Rainha Maria Antonieta, mas também apagar para sempre da história os nomes dos reis e rainhas do passado. Nem a memória e nem o respeito aos mortos, aos corpos do reis dos séculos anteriores, deveriam ser mantidos. A ordem era acabar com tudo, de forma violenta e definitiva! Assim uma turba ensandecida marchou em direção à milenar Basílica de Saint-Denis. Ali aconteceria atos de vandalismo e desrespeito ímpares na história da Europa. 

Durante séculos os reis e suas rainhas tinham sido sepultados naquela grandiosa catedral cristã. Só que os revolucionários, tomados por ódio e ressentimento, decidiram que os reis e as rainhas tinham que ser tirados violentamente de suas tumbas para um ato final de vandalismo sem precedentes. Eles começaram a destruir os seus túmulos, puxando os corpos de reis e rainhas para destrui-los sem dó e nem piedade. Um momento de barbarismo sem limites. Além disso não podemos ignorar que muitos daqueles revolucionários queriam mesmo era roubar as jóias e objetos valiosos com que esses monarcas tinham sido enterrados. Em última análise eram todos ladrões e saqueadores de tumbas reais. 

Eles violaram túmulos de grandes nomes da história como o do primeiro rei da França, Clovis I, o homem que havia expulsado os invasores romanos do solo francês. Roubaram sua valiosa coroa que havia sido enterrada com ele, roubaram seus anéis e até mesmo o cetro real dourado, uma peça histórica extremamente importante, de um valor histórico imensurável, feita de puro ouro. E quando esses objetos foram roubados houve também brigas para saber quem iria ficar de posse dessas valiosas peças. Agindo como abutres, os revolucionários transforam o ambiente da catedral em puro caos de violência e crime. Não havia maior prova de sua sordidez do que brigar por itens roubados que não lhes pertenciam.

Todos os túmulos reais foram profanados em apenas uma tarde. Quando abriram o caixão do rei sol, Luís XIV, tiveram uma grande surpresa. O famoso monarca tinha o corpo perfeitamente preservado. Um homem alto em vida, sua postura no túmulo era tão nobre que os revolucionários ficaram alguns minutos apenas olhando para aquele lendário rei da França, em um silêncio até mesmo respeitoso. Mesmo morto, Luís XIV mantinha seu porte e pose reais de nobreza. Só depois de um tempo é que um dos ladrões da multidão decidiu profanar o corpo do rei, abrindo sua barriga com uma espada, tirando de lá seus restos mortais para depois colocá-los em sua boca. Depois cortaram a cabeça de Luís, o Rei Sol, sob aplausos e gritos de todos os presentes. E também roubaram tudo o que havia de valor dentro de seu caixão! Era atroz a situação!

Reis medievais tiveram suas espadas e armaduras roubadas após destroçarem seus corpos. Rainhas sofreram atos de desrespeito de natureza sexual. A barbaridade não tinha limites. A farra insana porém acabou quando abriram o caixão do Rei Luís XV. Seu corpo entrou em putrefação líquida imediatamente após entrar em contato de novo com o oxigênio do ar. O corpo real se desmanchou em um chorume cadavérico de cor esverdeada! O cheiro fétido foi tão forte que os revolucionários tiveram que sair por alguns minutos de dentro da catedral. Até parecia que o penúltimo rei francês tentava, mesmo após sua morte, expulsar todos aqueles profanadores das tumbas reais. Infelizmente não havia como parar aquelas pessoas. Todos os túmulos foram violados e todos os bens foram roubados, até mesmo as roupas e mortalhas com tecidos finos que alguns reis tinham sido enterrados. Nada sobreviveu ao assalto daquela multidão enlouquecida de ódio. 

Depois os restos mortais dos reis e rainhas, agora completamente destroçados, foram jogados em um terreno baldio pantanoso perto da catedral. Alia jazia no meio da água podre os restos de algumas das figuras históricas mais importantes da história da França e da Europa. Tudo foi jogado no lixo, literalmente. Anos depois a monarquia francesa seria restaurada por um breve período. Os restos mortais que conseguiram resgatar foram retirados do pântano e colocados em dois grandes baús que foram levados de volta para a Basílica de Saint-Denis. Atualmente há um projeto de se catalogar através de exames de DNA os reis e rainhas francesas, para colocá-los de volta em suas tumbas originais, mas até hoje isso nunca foi feito. Seria um resgate histórico de respeito a todos esses monarcas. De qualquer forma fica o mal exemplo da brutalidade e insanidade que pode tomar conta de pessoas simplesmente alucinadas por ideologias políticas. O respeito pela passado histórico precisa ficar acima desse tipo de fanatismo ensandecido.

Pablo Aluísio. 

Imperador Romano Galba

Imperador Romano Galba 
Sérvio Sulpício Galba foi o imperador que sucedeu a Nero após sua morte violenta no ano de 68 da era comum. Esse imperador não tinha laços de parentesco com Júlio César. Por essa razão a partir de sua subida ao poder o termo César ganhou ares de título imperial, não tendo qualquer ligação mais com os descendentes do verdadeiro César. Apesar de não ser da família de César o fato é que Galba era de uma das famílias nobres mais ricas e tradicionais de Roma. Um verdadeiro nobre de sangue. Ele havia mostrado seu valor como homem público em diversos cargos que havia desempenhado ao longo de sua vida nos reinados de Calígula, Cláudio e Nero. Era considerado um homem sério, leal e de valor aristocrático. Também era inteligente e de certa maneira misericordioso até contra seus inimigos. 

Além de ser um homem público dos mais respeitados no império romano, Galba também havia sido general do exército romano. Ele não participou das conspirações para matar Nero, mas tampouco lutou contra os planos de seu assassinato. Antes da morte do insano imperador, Galba havia interceptado uma carta em que Nero mandava um legionário assassiná-lo, por essa razão recebeu a notícia da morte de Nero como um alívio e como um livramento dos deuses, pois sua vida haveria de ser poupada daquele assassino louco. 

De uma forma ou outra, Galba acabou sendo escolhido como o novo imperador pelas legiões após a morte de Nero. Ele havia sido general, tinha vasta experiência como administrador de províncias romanas e era um homem de linhagem nobre. Realmente poucos estavam à sua altura nesses quesitos. Era o homem ideal para ser o novo imperador. Quando Nero foi morto, Galba ocupava o posto de governador da hispânia (atual Espanha), um cargo de muito prestígio em Roma. Ele inicialmente relutou em ser o novo imperador, mas com receio de que houvesse anarquia e mortes em massa em Roma, decidiu aceitar o cargo de imperador. 

Galba poderia ter sido um dos melhores imperadores da história se não fosse por um detalhe: Ele estava muito idoso quando se tornou imperador. Mal conseguia andar por causa da velhice, sofria de artrite nas mãos e segundo algumas pesquisas de historiadores provavelmente sofria do Mal de Parkinson. Ele tinha tremores nas mãos e andava amparado por três homens de sua guarda pessoal. Já não enxergava direito e nem ouvia bem e sua fragilidade era algo perigoso para alguém que ocupava o posto máximo do Império. 

Além disso Galba começou a ter muitos atritos com generais do exército romano. Muitas vezes era duro demais com os militares, despejando ofensas pessoais pesadas sobre generais poderosos. Um deles, chamado Otão, decidiu que não iria ser ofendido mais por Galba. Ele promoveu uma armadilha para o idoso imperador. Ele foi convidado a ir até um lugar remoto nas cercanias de Roma. Chegando lá, viu a sua guarda pretoriana ir embora. Sabia que havia caído numa armadilha mortal. Velho e debilitado, não poderia resistir e nem lutar contra os assassinos contratados por Otão. Acabou sendo morto a punhaladas. Depois teve sua cabeça cortada, colocada em uma lança. Era o fim trágico de mais um imperador romano morto por suas próprias tropas imperiais.  E depois de sua morte um período de caos se apoderou dentro do maior império de sua era. 

Pablo Aluísio. 

sábado, 18 de novembro de 2023

Blitz - O Filme

Título no Brasil: Blitz - O Filme
Título Original: Blitz - O Filme
Ano de Lançamento: 2019
País: Brasil
Estúdio: Ancine
Direção: Paulo Fontenelle
Roteiro: Paulo Fontenelle
Elenco: Evandro Mesquita, Fernanda Abreu, Lobão, Fernanda Torres, Antonio Pedro, Billy Forghieri,

Sinopse:
Esse documentário mostra a história da Blitz, a primeira banda de rock brasileiro a explodir nas  paradas de sucesso no começo dos anos 80. Após o sucesso do hit "Você Não Soube Me Amar" a vida dos integrantes do grupo nunca mais seria a mesma. Um filme com farto material visual gravado na época, contando com o depoimento dos integrantes originais do grupo. 

Comentários:
A Blitz foi a ponta de lança no estouro do rock nacional dos anos 80. Foi o primeiro grupo a tomar de assalto todas as paradas das rádios, isso em uma época em que as gravadoras não davam muita bola para o rock produzido no Brasil. Seu visual, suas músicas meio bobinhas, logo caíram no gosto popular. E o sucesso foi enorme. De começo modesto, se apresentando no circo voador no RJ eles começaram a lotar ginásios e estádios por todo o país. Só que a festa durou pouco como vemos no documentário. Os membros eram todos muito jovens e inexperientes e não estavam preparados para toda a fama e sucesso que veio junto. O Evandro Mesquita, por exemplo, foi uma espécie de surfista que pegou uma onda cujo tamanho ele não tinha a menor ideia, nem do que aquilo tudo iria se transformar. Por isso a Blitz explodiu muito rapidamente e também implodiu após apenas 3 discos lançados. A sepaação foi causada por brigas, rixas e desavenças entre os integrantes. Pois é, alguns grupos são destinados mesmo a queimar como um meteoro caindo do céu. Ficam as boas lembranças, pelo menos. 

Pablo Aluísio.

Marighella

Título no Brasil: Marighella
Título Original: Marighella
Ano de Lançamento: 2012
País: Brasil
Estúdio: TC Filmes
Direção: Isa Grinspum Ferraz
Roteiro: Isa Grinspum Ferraz
Elenco: Carlos Augusto Marighella (em arquivos de imagens), Lásaro Ramos (narrador), Miguel Arraes, Leonel Brizola (em arquivos de imagens)

Sinopse:
Documentário sobre o político e guerrilheiro urbano de esquerda Carlos Marighella, mostrando seu lado mais pessoal, desde os tempos de estudante, passando pela vida política, indo até a sua luta contra a ditadura militar instalada como regime de força e exceção no Brasil em 1964. 

Comentários:
Antes de qualquer coisa é bom saber que esse filme não é aquela cinebiografia do Wagner Moura que tinha o Seu Jorge interpretando o protagonista. Esse é um documentário lançado bem antes. Dito isso, devo dizer que apesar de ser um bom registro histórico desse personagem o fato é que ele se baseia mais nas memórias de familiares e amigos do Marighella. É uma visão bem subjetiva dele, o mostrando mais humano, como um típico homem brasileiro de seu tempo, um sujeito extrovertido que gostava de carnaval, de criar poesias, escrever textos, contar piadas, etc. O lado mais sério de sua luta como guerrilheiro revolucionário de esquerda fica mesmo em segundo plano. E isso não significa que o documentário seja ruim, longe disso, foi apenas uma opção adotada por seus realizadores. E no meio de tudo ainda temos contato com alguns eventos importantes de sua vida e da própria história do Brasil. Enfim, para quem estiver em busca do lado mais humano do Marighella, esse documentário certamente será uma opção acertada. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

A Máfia da Dor

A Máfia da Dor
Uma stripper acaba conseguindo uma chance para trabalhar em uma empresa farmacêutica. Ela não tem qualquer formação para isso, mas logo descobre que o negócio é vender o remédio que a empresa fabrica. Ela precisa convencer médicos a receitarem a tal droga para dor. O problema é que ele é baseado numa substância que causa dependência química e se usado em altas doses pode levar o paciente a ter uma overdose de drogas. Esse é um ponto delicado, mas para todas aquelas pessoas o que interessa mesmo é vender o tal produto, de todo jeito, apenas para embolsar uma bela grana no final do mês. E a ganância logo se espalha entre médicos, representantes e vendedores da farmacêutica e escroques de todos os tipos. Que atendimento humanizado coisa nenhuma, o importante é ganhar dinheiro com a desgraça alheia. 

Gostei demais desse filme que foi lançado na Netflix nessa semana. Expõe mesmo os lances obscuros que imperam no simples ato de receitar um medicamento a um paciente dentro de um consultório médico. Há toda uma sordidez envolvida, uma gente que não quer nem saber do bem estar das pessoas doentes, eles só visam o lucro fácil e nada mais. O elenco é todo bom, contando com uma preciosa interpretação da sempre ótima Emily Blunt. Ela interpreta essa jovem mulher que ganha a vida tirando a roupa em clubes masculinos, mas que logo descobre que tirar o dinheiro de gente doente e desesperada é mais lucrativo! 

Até o Capitão América, ou melhor dizendo, o Chris Evans, deu as caras por aqui. Ele é o executivo da empresa picareta que quer empurrar a nova droga de todo jeito. Um sujeitinho asqueroso sem qualquer ética! E o que dizer o dono da farmacêutica interpretado por Andy Garcia? Sujeito estranho, cheio de manias, picareta no grau máximo, totalmente empenhado em apenas ficar milionário. Enfim muito bom esse novo filme. É o retrato cruel da saúde, não apenas nos Estados Unidos, mas praticamente no mundo todo. Então quer uma boa dica para ver um bom filme na Netflix nesse final de semana? Não deixe de ver esse "A Máfia da Dor". 

A Máfia da Dor (Pain Hustlers, Estados Unidos, 2021) Direção: David Yates / Roteiro: Wells Tower, Evan Hughes / Elenco: Emily Blunt, Chris Evans, Andy Garcia, Catherine O'Hara / Sinopse: Liza Drake (Emily Blunt) é uma stripper vai para o mundo dos negócios, indo trabalhar em uma empresa farmacêutica, onde precisa vender uma nova droga que pode viciar e matar os pacientes. Só que isso não importa, o que importa é ganhar muito dinheiro com essas pessoas doentes!

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Besouro Azul

Título no Brasil: Besouro Azul
Título Original: Blue Beetle
Ano de Lançamento: 2023
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner
Direção: Angel Manuel Soto
Roteiro: Gareth Dunnet-Alcocer
Elenco: Xolo Maridueña, Bruna Marquezine, Susan Sarandon, Becky G, Belissa Escobedo, George Lopez

Sinopse:
Um jovem mexicano desempregado vai procurar emprego numa grande empresa de tecnologia e acaba caindo no meio de uma guerra corporativa que tenta dominar uma estranha tecnologia que vem de um antigo artefato de origem extraterrestre. E sem querer ele acaba se tornando um super-soldado, o Besouro Azul! 

Comentários:
Filminho chato e sem graça, cheio de clichês, mostra muito bem que esse tipo de filme de super-heróis já deu o que tinha que dar. É um tipo de cinema que já saturou há muito tempo. Para piorar aqui quiseram novamente faturar em cima da cultura woke, então é uma tentativa forçada de promover inclusão de minorias, no caso a comunidade latina e mexicana nos Estados Unidos. Só que o tiro saiu pela culatra porque todos os personagens foram desenhados pelo roteiro como caricaturas, algo que achei até vergonhoso a forma preconceituosa que a família mexicana é retratada no filme. E o pior é que achei a direção de arte bem feia, com efeitos especiais que parecem ter saídos de uma daquelas produções do Roberto Rodriguez (e isso definitivamente não é um elogio). Com roteiro preguiçoso e burro, esse filme quase não foi lançado nos cinemas. O estúdio sabia do tamanho da porcaria. Deveria ter ido mesmo para o streaming, para um daqueles canais secundários tipo o Space ou o CW. Enfim, é uma perda de tempo assistir esse filme com esse herói do quinto escalão da DC Comics. Passe longe! 

Pablo Aluísio.

Voyeur

Título no Brasil: Voyeur
Título Original: Voyeur
Ano de Lançamento: 2017
País: Estados Unidos
Estúdio: Netflix
Direção: Myles Kane, Josh Koury
Roteiro: Myles Kane, Josh Koury
Elenco: Gay Talese, Gerald Foos, Nan Talese

Sinopse:
Um veterano e consagrado jornalista de Nova Iorque decide contar em seu novo livro a história de um dono de motel que acabou criando uma rede de refrigeração que ele podia usar para espiar os casais transando em seu estabelecimento. Algo que poderia custar caro no final das contas para esse escritor. 

Comentários:
O voyeur é aquele tipo de sujeito que prefere ver as pessoas fazendo sexo do que ele próprio fazer. E nada seria mais adequado para esse tipo de pervertido sexual do que ser dono de um motel de beira de estrada. É justamente essa estranha e bizarra história que esse documentário da Netflix nos conta. Entretanto eu pude perceber que o foco principal desse filme nem é tanto a história do voyeur em si, mas sim a relação de amizade que nasce entre o escritor do livro, um jornalista com muitos anos de carreira, e o próprio voyeur, um tipo já de meia idade, bem esquisito, cheio de problemas, mas tentando manter uma postura de normalidade a todo momento. E o fato dele não ser totalmente honesto com o escritor e o abalo que isso iria atrair depois da publicação do livro. Eu gostei do documentário, mostrando bem um lado mais desconhecido e taradão da sociedade falsamente puritana e muito hipócrita dos Estados Unidos. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

A Nova (e última) Música dos "Beatles"...

A Nova (e última) Música dos "Beatles"...
Eu uso "Beatles" entre aspas porque não consigo ver essa "Now and then" como uma genuína música dos Beatles. É uma forçada de barra sair dizendo que essa seria a "última música dos Beatles". Pura coisa de marketing. Mais falso do que isso, impossível. Agora isso tudo não significa que eu não tenha que dar os parabéns ao bom e velho Paul McCartney. Ele tirou leite de pedra e transformou uma demo esquecida em uma gaveta qualquer do Dakota em Nova Iorque em uma bela música para se ouvir. O velho Paul não perdeu a mão em embelezar canções, principalmente de seu velho parceiro, o falecido John Lennon. 

Não tem como fugir à realidade que essa demo era um resto qualquer que John Lennon esqueceu que existiu e que foi resgatada por Yoko para fazer parte do Anthology 3. Não fez porque George Harrison não gostou da música e decidiu que não iria fazer nada por ela, apesar dos protestos de Paul. Os anos passaram, George morreu e então Paul resolveu trabalhar de novo naquela fita K7. Não há como negar que o trabalho de Paul ficou muito bonito, só que tudo isso no final não seria desnecessário, que tudo foi apenas uma chance de ganhar um dinheiro fácil com a marca dos Beatles?

Vamos aos fatos. John Lennon gravou essa demo em casa, de forma amadora. Colocou seu aparelho de gravador em cima do piano e tocou a canção. Ele fazia isso para não esquecer suas composições. Algumas vezes esquecia mesmo assim. Não se sabe nem ao certo quando a demo foi gravada. Alguns acreditam que foi por volta de 1977. Três anos depois John resolveu voltar para gravar um novo disco. Ele nem levou em conta essa composição para compor o novo álbum. Provavelmente não achava uma música tão boa para seu novo LP. Ignorou completamente. De fato não é uma de suas melhores criações. É triste, melancólica e tem uma harmonia meio chata. Não fez parte de sua carreira solo. Por que iria fazer parte da história dos Beatles?

Paul e Ringo estão no final de suas vidas. Essa faixa produzida agora é como raspar o fundo do baú. Em minha opinião os Beatles acabaram em 1970 e usando sua discografia oficial como marco a última música dos Beatles foi "The End" do Abbey Road. E fim, acabou ali. Nem "Free as a Bird" e nem "Real Love" dos dois primeiros CDs Anthology consigo considerar como músicas genuínas dos Beatles. São legais, reuniram os que ainda estavam vivos, mas ficam por aí. Não era Beatles assim como essa lançada essa semana também não é Beatles. E nem tampouco é a última música dos Beatles. Tudo tem um fim na vida e a trajetória dos Beatles acabou em 1970. O resto é jogada de marketing. 

Assim, para concluir, como eu definiria esse novo lançamento? Muito simples. É uma música que John Lennon compôs nos anos 1970. Era uma música interessante a ponto dele fazer uma demo, mas não tão boa a ponto dele incluir em algum de seus discos da carreira solo. Agora ela foi melhorada pelos velhos amigos Paul e Ringo. E pronto, nada muito além disso. Não me venha com esse papo furado dos Beatles que no meu caso definitivamente não cola mais!

Pablo Aluísio.