O primeiro filme de Montgomery Clift em Hollywood foi "Perdidos na Tormenta". Esse foi filme foi realizado em 1948, uma produção da Metro-Goldwyn-Mayer que tinha como tema o pós-guerra na Europa. Um tema muito adequado pois a II Guerra Mundial havia terminado apenas três anos antes. O diretor Fred Zinnemann queria trazer para o público americano a situação em que se encontrava os países europeus depois de um dos conflitos armados mais sangrentos da história. Foi uma excelente iniciativa pois capturava em tela a situação de Berlim, a antiga capital do III Reich de Hitler, agora reduzida a uma pilha de escombros depois dos intensos bombardeios dos aviões aliados. E foi justamente para esse caos que a equipe de filmagem foi enviada. Clift interpretava no filme um militar americano chamado Ralph Stevenson. Após o fim da guerra ele era enviado justamente para Berlim, onde acabava ajudando um garoto de origem tcheca a encontrar sua mãe.
Filmar ali foi uma grande experiência para o ator. Embora ele tivesse conhecimento de tudo o que havia acontecido na II Guerra, era algo bem diferente estar ali, bem no meio do povo alemão derrotado, tentando sobreviver de todas as formas. O filme também serviu como propaganda americana ao colocar soldados e militares dos Estados Unidos como pessoas prontas a ajudar os sobreviventes da guerra, os retratando como pessoas amigáveis e prestativas, militares honestos e de boa índole. Após seu lançamento o filme foi bastante elogiado, vencendo um Oscar numa categoria importante, a de Melhor Roteiro (prêmio dado aos roteiristas Richard Schweizer e David Wechsler). Além disso foi indicado ainda ao Oscar nas categorias de Melhor Direção e Melhor Ator, justamente para Montgomery Clift, que estreava assim com reconhecimento em Hollywood. Afinal ser indicado ao Oscar por seu primeiro filme era algo para poucos...
Após uma estreia tão bem sucedida Clift assinou contrato para trabalhar em mais um filme, dessa vez no estúdio United Artists. É interessante notar que a MGM ofereceu a Clift um contrato de sete anos e meio (o que era o padrão na época para grandes astros), mas o ator recusou, afirmando que queria ter toda a liberdade para escolher os filmes em que iria atuar. A United Artists havia sido fundada por atores, atrizes e artistas e tinha fama de produzir filmes mais voltados para a arte, ao invés da fábrica de lucros de outros estúdios, como a própria MGM, conhecida por ser uma das grandes majors da indústria cinematográfica americana.
O roteiro que havia atraído Clift daria origem ao filme "Rio Vermelho", considerado hoje em dia como um dos maiores clássicos de western de todos os tempos. Obviamente que Montgomery Clift, o ator de Nova Iorque, não tinha pretensões de virar um ídolo cowboy das telas. O que o levou a contracenar com o mito John Wayne, sendo dirigido pelo mestre Howard Hawks, foi realmente o inspirado roteiro, um épico sobre os verdadeiros cowboys americanos, um espécie em extinção. Fisicamente o filme iria exigir bastante de Monty, por isso ele passou por um treinamento antes de entrar no set de filmagens. Aprendeu a montar, cavalgar e usar o laço. Para um sujeito que nunca havia deixado Nova Iorque era realmente algo necessário. E ele não poderia fazer feio ao lado justamente de John Wayne, um ícone dos filmes de faroeste.
Pablo Aluísio.
Cinema Clássico
ResponderExcluirPablo Aluísio.
Como são as coisas. Esse tipo que o Montgomery Clift fazia era moda nessa epoca, James Dean também o usou, entretanto isso não teria o menor apelo nos dias de hoje de super herois.
ResponderExcluirE os personagens que o Clift interpretava eram mais vulneráveis do que os jovens meio delinquentes do James Dean. Do trio do Actors Studio ele sempre foi o mais vulnerável.
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