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sábado, 30 de dezembro de 2023

Vespasiano - O Imperador General

Depois de Calígula e Nero, Roma ficou com um vácuo de poder. Esses foram imperadores terríveis, depravados, alucinados e cruéis. Verdadeiros tiranos na mais restrita acepção da palavra. Quando Nero finalmente morreu uma sucessão de líderes surgiram em Roma. Homens como Otão e Vitélio, o Glutão, ficaram pouco tempo no poder. Eram medíocres demais para liderarem um vasto e grandioso império como o Romano. Coube a um general chamado Vespasiano, colocar as mãos no poder para que Roma não sucumbisse.

Vespasiano foi forjado dentro da disciplina militar. Ele foi um brilhante oficial das legiões romanas. Mesmo sob ordens de imperadores obtusos como Nero ele conseguiu ainda se destacar nas fileiras do exército. Participou de inúmeras campanhas bem sucedidas por todo o império e começou a ficar conhecido e respeitado pelos cidadãos de Roma. Quando a situação se tornou insustentável ele reuniu as legiões sob seu comando e marchou de volta a Roma. Disse a um de seus oficiais que a situação havia chegado a um limite sem volta e que apenas o exército romano poderia colocar ordem em todo aquele caos.

Vespasiano foi um homem pragmático. Ele fazia o que tinha que fazer. As finanças do Estado estavam arruinadas. Assim ele mandou reorganizar o sistema tributário de Roma. Novos tributos foram criados e aos poucos o império foi saindo da crise. De origem militar rechaçava todo o luxo que havia marcado a corte dos imperadores anteriores. O povo ficava surpreso ao descobrir que ele calçava suas próprias botas e cuidava de suas roupas. Não havia dezenas de escravos para isso, como acontecia com Nero. Vespasiano também mandou construir grandes obras, como o Coliseum, que seria terminado por seu filho Tito. Também mandou reconstruir os bairros romanos que tinham sido consumidos pelo fogo nos tempos de Nero. Com uma administração competente e honesta, ganhou as simpatias do povo, tanto da plebe como dos patrícios.

Chegou até mesmo a ser comparado com Augusto. O Senado lhe ofereceu todos os tipos de títulos, mas Vespasiano os recusou. Não era de sua índole. Na política externa o Imperador General precisou lidar com rebeliões na província da Judeia. Uma nova religião estava se espalhando pelo império. Ela tinha a crença que Jesus, um homem que havia vivido na Galiléia, havia ressuscitado após ser crucificado pelos romanos em Jerusalém. Segundo relatórios enviados ao imperador até mesmo membros do exército romano na região estavam se convertendo ao cristianismo. Vespasiano era um homem sem nenhuma fé religiosa. Nem mesmo acreditava nos deuses romanos e por isso avaliou essa nova crença como um problema político para o império Romano.

Ele encarregou seu filho Tito para combater os sentimentos de revolta do povo judeu. No ano de 79 da era cristã o imperador começou a sentir-se mal. O velho general começava a sentir o peso dos anos. Alguns historiadores modernos acreditam que o imperador começou a sofrer problemas relacionados ao Mal de Parkinson, além de doenças do coração. Quando descobriu que estava em seus últimos dias de vida mandou e ordenou que o Estado não deveria gastar fortunas com seu funeral. Queria algo simples. Chegou a dizer que jogassem seu velho corpo de militar nas águas do Rio Tibre. Queria morrer como um soldado. No dia de sua morte mandou seus soldados o levantarem da cama, para que morresse de pé, como um bom legionário. Ele faleceu de um provável câncer de intestino. Acabou dando origem a uma nova dinastia de imperadores denominada Flaviana.

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de dezembro de 2023

Imperador Romano Vitélio

Imperador Romano Vitélio
Depois da morte de Nero, o Império Romano passou por uma fase de grande instabilidade política e militar. Foi um tempo de guerra civil, onde golpes militares eram superados por outros golpes militares, sendo que as legiões vencedoras proclamavam como novo imperador justamente os seus generais vitoriosos nos campos de batalha. Foi o que aconteceu com Aulus Vitellius Germanicus, o imperador Vitélio. 

Ele vinha de uma linhagem que sempre desfrutou dos privilégios da casa de Júlio César. Dizia-se, na boca pequena, pelos becos de Roma, que ele havia sido um dos "peixinhos" do Imperador Tibério. Esse termo era usado para designar os jovens, menores de idade, que eram abusados sexualmente por Tibério, que tinha fama de pedófilo em Roma. Depois da morte desse velho imperador, ele continuou na corte, sendo um jovem privilegiado nas cortes de Calígula, Cláudio e Nero. Quando esse morreu, Vitélio comandava legiões romanas no exterior. Na fase que se sucedeu, ele sentiu que poderia assumir o poder total, pois suas legiões eram fortes e prontas para a guerra. 

Rumou para Roma e destruiu as tropas leais a Otão. Depois de matar aquele imperador, Vitélio assumiu o título de Imperador Romano. Ele seria o último dos três imperadores efêmeros dessa fase da história de Roma. Infelizmente para os romanos de sua época, ele era um ser humano desprezível que tinha poucos valores morais a preservar. Para o povo romano em geral se vendia como general e político honesto, homem acima de qualquer crítica. Um militar vitorioso em campos de batalha distantes do centro do poder. Por baixo dos panos, nos bastidores do império, se comportava como um ladrão barato, capaz até mesmo de roubar jóias do tesouro imperial. Na calada da noite assaltava os locais onde ouro, prata e jóias eram guardadas pelos senadores.

E seus atos como Imperador apenas confirmava o lado sórdido de sua personalidade. Enquanto militar, ele acumulou grandes dívidas pessoais. Eram inúmeros os seus credores. Quando subiu ao trono esses pensaram que finalmente iriam receber seu dinheiro, mas para seus infortúnios, o novo imperador não pagaria suas dívidas. Ao invés disso mandou passar no fio da espada todos os seus credores. Não apenas nunca receberam, como também perderam suas vidas para esse homem pérfido. 

E as atrocidades não pararam, atingindo sua própria casa. Mandou matar dois de seus filhos que eram acusados de conspiração política contra seu poder imperial. Não satisfeito, exilou para uma ilha distante sua única filha que havia chorado pelos irmãos mortos. Também celebrou publicamente a morte da mãe, que dizia-se havia sido envenenada por seus homens no palácio. Para quem se vendia como militar honesto ele se entregou cedo a todos os vícios possíveis, praticando orgias e banquetes suntuosos, enquanto grande parte do povo de Roma passava fome. Era insensível, brutal e cruel, segundo inúmeras crônicas de sua época. 

Com tanta corrupção, foi outro imperador que caiu cedo. Ficou apenas oito meses no poder. O Senado e as famílias tradicionais de Roma ficaram horrorizadas com aquele comportamento. Não demorou muito e foi preso por outro general, Vespasiano, que finalmente iria trazer alguma estabilidade na política da cidade eterna. E sua derrota foi selada no campo de batalha quando suas últimas legiões leais foram derrotadas pelos exércitos de Vespasiano. 

Depois de um breve julgamento de acordo com o Direito Romano, o agora deposto Vitélio foi jogado para a turba romana que promoveu um linchamento com seu corpo pelas ruas da cidade. Foi esfaqueado inúmeras vezes após ter suas vestes arrancadas pela enfurecida plebe romana. Seu corpo, destroçado, então foi jogado no rio Tibre, onde desapareceu para todo o sempre. Era dezembro de 69 e seu reinado de terror havia chegado ao fim. Vespasiano era o novo imperador romano. Pelas ruas da cidade o general desfilou com o povo gritando a plenos pulmões "Vida longa ao novo César!"

Pablo Aluísio. 

domingo, 26 de novembro de 2023

Imperador Romano Otão

Imperador Romano Otão
Depois da morte do imperador Galba subiu ao poder Otão. Ele não pertencia a nenhuma família tradicional romana. Não era um Patrício, membro da mais alta classe social do império. Muitos senadores o consideravam apenas um plebeu oportunista. E a classificação de assassino jamais deixou de manchar sua reputação, afinal ele era apontado como o principal conspirador da morte do imperador Galba e não poderia continuar no poder. Em pouco tempo o exército romano se aliou ao Senado para tramar a morte de Otão que de fato só ficaria três meses no poder absoluto, sendo morto logo em seguida. 

Essa foi uma fase de guerra civil em Roma. Com o fim da dinastia de Júlio César o título de imperador passou a ser disputado por generais e políticos e a arma para se chegar ao trono era a violência, a força bruta. O general que tivesse mais legiões ao seu lado vencia a luta para ser o novo imperador. Otão teve força no começo, quando Galba foi assassinado, mas não tinha homens suficientes para enfrentar as outras legiões que marchavam de volta a Roma para entronar seus próprios generais. Em apenas 1 ano o império teve três imperadores, sendo assassinados pelos que o sucediam. 

Otão tinha conseguido se tornar imperador porque contou, em um primeiro momento, com o apoio da guarda pretoriana, mas essa ligação era frágil. Ele vinha de uma família de bajuladores. Não tinha nobreza familiar. Seu pai havia caído nas graças do imperador Cláudio após contar ao imperador que havia um plano para matá-lo. Com a prisão dos conspiradores ele ganhou cargos importantes. Otão foi criado dentro do palácio imperial e era amigo de infância e juventude do jovem Nero que um dia também iria se tornar imperador romano. Por essa razão ele era visto pelo Senado como um homem de Nero que não poderia continuar no poder. Tinha que ser morto. 

Quando Nero foi morto e Galba o sucedeu, Otão participou das conspirações para matar o idoso imperador. Claramente agia por vingança pela morte de Nero. Era considerado tão sórdido quanto Nero e tentava vingar a morte do amigo. Após 3 meses no poder se viu cercado por legiões que tinham voltado da Germânia onde combatiam os bárbaros. Eram guerreiros experientes no campo de batalha. Voltavam para matar ou morrer. Abandonado pela guarda pretoriana que não tinha como enfrentar os legionários fora do palácio, Otão decidiu se matar, caindo em cima de sua própria espada. Sua cabeça foi cortada e jogada aos pés daquele que iria se tornar o novo imperador de Roma, Vitélio. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 19 de novembro de 2023

Imperador Romano Galba

Imperador Romano Galba 
Sérvio Sulpício Galba foi o imperador que sucedeu a Nero após sua morte violenta no ano de 68 da era comum. Esse imperador não tinha laços de parentesco com Júlio César. Por essa razão a partir de sua subida ao poder o termo César ganhou ares de título imperial, não tendo qualquer ligação mais com os descendentes do verdadeiro César. Apesar de não ser da família de César o fato é que Galba era de uma das famílias nobres mais ricas e tradicionais de Roma. Um verdadeiro nobre de sangue. Ele havia mostrado seu valor como homem público em diversos cargos que havia desempenhado ao longo de sua vida nos reinados de Calígula, Cláudio e Nero. Era considerado um homem sério, leal e de valor aristocrático. Também era inteligente e de certa maneira misericordioso até contra seus inimigos. 

Além de ser um homem público dos mais respeitados no império romano, Galba também havia sido general do exército romano. Ele não participou das conspirações para matar Nero, mas tampouco lutou contra os planos de seu assassinato. Antes da morte do insano imperador, Galba havia interceptado uma carta em que Nero mandava um legionário assassiná-lo, por essa razão recebeu a notícia da morte de Nero como um alívio e como um livramento dos deuses, pois sua vida haveria de ser poupada daquele assassino louco. 

De uma forma ou outra, Galba acabou sendo escolhido como o novo imperador pelas legiões após a morte de Nero. Ele havia sido general, tinha vasta experiência como administrador de províncias romanas e era um homem de linhagem nobre. Realmente poucos estavam à sua altura nesses quesitos. Era o homem ideal para ser o novo imperador. Quando Nero foi morto, Galba ocupava o posto de governador da hispânia (atual Espanha), um cargo de muito prestígio em Roma. Ele inicialmente relutou em ser o novo imperador, mas com receio de que houvesse anarquia e mortes em massa em Roma, decidiu aceitar o cargo de imperador. 

Galba poderia ter sido um dos melhores imperadores da história se não fosse por um detalhe: Ele estava muito idoso quando se tornou imperador. Mal conseguia andar por causa da velhice, sofria de artrite nas mãos e segundo algumas pesquisas de historiadores provavelmente sofria do Mal de Parkinson. Ele tinha tremores nas mãos e andava amparado por três homens de sua guarda pessoal. Já não enxergava direito e nem ouvia bem e sua fragilidade era algo perigoso para alguém que ocupava o posto máximo do Império. 

Além disso Galba começou a ter muitos atritos com generais do exército romano. Muitas vezes era duro demais com os militares, despejando ofensas pessoais pesadas sobre generais poderosos. Um deles, chamado Otão, decidiu que não iria ser ofendido mais por Galba. Ele promoveu uma armadilha para o idoso imperador. Ele foi convidado a ir até um lugar remoto nas cercanias de Roma. Chegando lá, viu a sua guarda pretoriana ir embora. Sabia que havia caído numa armadilha mortal. Velho e debilitado, não poderia resistir e nem lutar contra os assassinos contratados por Otão. Acabou sendo morto a punhaladas. Depois teve sua cabeça cortada, colocada em uma lança. Era o fim trágico de mais um imperador romano morto por suas próprias tropas imperiais.  E depois de sua morte um período de caos se apoderou dentro do maior império de sua era. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 5 de novembro de 2023

Imperador Romano Cláudio

Imperador Romano Cláudio
Retomando meus textos sobre história, vou tecer aqui alguns comentários sobre esse imperador romano. Cláudio (Tibério Cláudio César Augusto Germânico) foi um imperador improvável. Em sua juventude ninguém da família imperial daria um tostão furado em uma aposta em que se dizia que ele seria o senhor absoluto em Roma algum dia. O imperador Tibério, por exemplo, considerava Cláudio uma vergonha dentro do clã imperial. Dizia que ele era retardado e aleijado. Que era um monstro e que deveria ter sido morto ao nascer, como era tradição nas antigas famílias romanas que matavam as crianças nascidas com defeitos físicos. O cruel e pedófilo imperador Tibério costumava dizer que Cláudio era um inútil débil mental e que deveria ficar escondido do povo de Roma. E foi justamente isso que salvou Cláudio da morte. Quando houve uma grande matança dentro da família por causa de disputas do poder, ele foi poupado por ser considerado um asno. Foi a sorte grande em sua vida. 

Assim quando o louco imperador Calígula foi morto pela guarda pretoriana, os militares saíram em busca de um sucessor. E tinha que ser alguém com sangue real, imperial. Só havia sobrado Cláudio da família depois de todos aqueles anos de sangue derramado entre irmãos. Era o único que ainda estava vivo. Afirma a tradição que ele foi encontrado escondido, tremendo, atrás de uma cortina no Palácio e levado ao trono do império pois o exército romano precisava de um imperador. Na falta de alguém melhor, ele subiria ao poder absoluto. O mais interessante é que Cláudio, apesar do medo inicial, tentou governar com seriedade. E para muitos historiadores ele foi, apesar de alguns deslizes, um bom administrador do Império. Trouxe estabilidade política para Roma. E apesar do que diziam dele, não era louco e nem doente mental. Pelo contrário, procurando seguir um exemplo melhor do que seus antecessores, também foi um imperador considerado misericordioso pelo povo romano. 

O seu único defeito mesmo foi se relacionar com as mulheres erradas. A esposa Messalina era considerada a maior prostituta de Roma. Era inegavelmente uma bela mulher, mas fútil, frívola e vulgar ao extremo. Enquanto ostentava o título de imperatriz consorte, mandou fazer os maiores bacanais e orgias que se tinha notícia. Algumas dessas festas extravagantes foram realizadas em templos sagrados, o que deixou a sociedade Patrícia completamente escandalizada. Também se apaixonou por um jovem romano que era um cafajeste e um escroto. Construiu uma mansão para o amante e foi morar com ele. Gastou dinheiro público para dar o melhor do que existia para seu amante. Andava de mãos dadas com ele no fórum e dava beijos escandalosos na presença de mulheres de famílias tradicionais da antiga Roma. Era escandalosa e afrontosa na frente de toda a elite romana. Era demais! Cláudio então mandou executar Messalina. Ela teve sua cabeça cortada e seus restos mortais foram jogados aos cães de rua vadios. O amante foi pendurado numa cruz e depois queimado vivo nela com óleo de baleia ardente. Seus restos ficaram à mercê de abutres famintos. 

Mas os problemas continuaram. Cláudio resolveu se casar com Júlia Agripina Menor, que já tinha se casado antes. Ela era a mãe do jovem insano e obeso Nero e tinha sonhos de que ele se tornasse o novo imperador. E foi isso que passou a planejar durante todo o tempo. Mas para que Nero se tornasse imperador ele teria que ser adotado por Cláudio. Era a única coisa que mantinha Cláudio vivo e ele nem desconfiava disso. E Cláudio cometeu seu último erro. Declarou Nero seu filho adotivo e herdeiro. Não demorou muito e Cláudio acabou sendo envenenado por Agripina. Ele havia esquecido que na família imperal todos os parentes procuravam matar os seus concorrentes ao trono. Agripina era vil e traiçoeira e queria matar Cláudio para que Nero se tornasse o imperador Romano. E foi exatamente isso o que acabou acontecendo. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 4 de junho de 2023

Império Romano - Primeira Temporada

Império Romano - Primeira Temporada
Curiosamente a série "Império Romano" começa enfocando um imperador que não é tão conhecido assim. Pela ordem cronológica o certo seria contar a vida de Júlio César e na mesma temporada mostrar a ascensão de Augusto, o primeiro imperador. Só que os produtores não foram por esse caminho. Assim o enfocado dessa primeira temporada é o imperador Cômodo, conhecido em sua época como Commodus. Ele era o filho do grande imperador Marco Aurélio, um homem sábio, filósofo que foi um dos maiores expoentes da filosofia do estoicismo, ainda hoje tão seguida e popular. Só que sendo o pai um homem brilhante, seu filho era abaixo do medíocre. O que Marco Aurélio tinha de grandioso, Commodus tinha de mediocridade. Era um ser asqueroso, cheio de vícios e com personalidade infantil e violenta. 

Commodus, como quase todo imperador romano, era muito paranoico e tinha momentos de loucura. Ele assassinou praticamente todos os seus parentes e se cercou de um pequeno grupo de puxa-sacos que apenas serviam para lhe dizer que ele estava sempre certo. É a fórmula certa para a ruína, algo bem típico de líderes imbecis. Nutria uma obsessão pela luta de gladiadores e decidiu que iria entrar na arena para lutar como um deles, mas não sem antes mandar dar espadas cegas para seus adversários. Enganador, mentiroso e assassino, acabou sendo morto pelas pessoas que mais confiava. Assim caem todos os tiranos, já nos ensina a história. 

Império Romano - Primeira Temporada (Roman Empire, Estados Unidos, 2016) Direção: Richard Lopez / Roteiro: Stephen David, Zachary Herrmann / Elenco: Sean Bean, Aaron Jakubenko, Edwin Wright / Sinopse: Essa primeira temporada mostra a vida do imperador romano Commodus. Filho de uma grande imperador, Marco Aurélio, logo se revelou ser um tirano, assassino e louco da Roma Antiga. 

Pablo Aluísio.

sábado, 3 de junho de 2023

Império Romano - Segunda Temporada

Império Romano - Segunda Temporada
A segunda temporada dessa boa série histórica da Netflix mostra a vida de Júlio César. Ao contrário do que muitos pensam ele não foi o primeiro imperador, título que coube ao seu sobrinho-neto Augusto. Júlio César porém foi o político e general romano que colocou abaixo a República Romana e isso necessariamente não foi uma coisa boa. Com o fim do sistema republicano houve uma quebra do sistema político de Roma, colocando o poder nos séculos seguintes nas mãos de uma série de tiranos de pura crueldade, alguns visivelmente loucos. O mundo teria sido melhor sem essa longa linhagem de ditadores sanguinários que causaram morte e destruição por todo o mundo antigo. Brutus e seus seguidores estavam certos! 

Pois bem, a história de Júlio César está muito bem contada. Um militar e político com sede imensa de poder, ele foi subindo aos postos mais altos da República Romana sempre com uma ganância sem limites. No fundo queria mesmo se tornar um ditador, colocando o senado romano contra a parede, usando de muito populismo barato para jogar o povo contra as classes superiores, os chamados patrícios, pois ele não tinha um berço de nobreza. O suporte para seu poder político vinha, em última análise, de suas vitórias no campo de batalha. Chegou ao ponto de desobedecer o próprio senado, causando todo tipo de tumulto na vida romana. E obviamente não podemos esquecer de sua aproximação escandalosa com a Rainha do Egito Cleópatra, algo que chocou ainda mais as classes mals altas de Roma. 

Império Romano - Segunda Temporada (Roman Empire, Estados Unidos, 2019) Direção: Richard Lopez, John Ealer, David O'Neill / Roteiro: Christian Baker, Dan Benamor / Elenco: Ditch Davey, Jessica Green, Erroll Shand, Stephen Lovatt / Sinopse: Segunda temporada dessa série que conta a história do Império Romano. Nessa temporada o principal enfocado é o general e político Júlio César. Sua trajetória de vida colocou abaixo o antigo sistema republicano da Roma Antiga. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 20 de abril de 2023

Império Romano - Terceira Temporada

Título no Brasil: Império Romano
Título Original: Roman Empire
Ano de Lançamento: 2019
País: Estados Unidos
Estúdio: Netflix
Direção: Thaddeus Bouska
Roteiro: Christian Baker, Brian Burstein
Elenco: Ido Drent, Craig Walsh-Wrightson, Elizabeth Felker, Teressa Liane, Colin Moy, Steve West

Sinopse:
A terceira temporada de Império Romano conta a história do Imperador Calígula, sucessor do imperador Tibério. Subiu ao poder absoluto ainda muito jovem e no começo foi até um bom imperador. Depois de uma febre inexpicável, ao qual sobreviveu, ele começou a desenvolver ttraços de uma mente psicótica e violenta além de desvios sexuais chocantes, como o amor incestuoso com suas próprias irmãs! 

Comentários:
Por um descuido de minha parte comecei a assistir essa série documental da Netflix a partir da terceira temporada. Não tem maiores problemas pois cada temporada cuida de de um imperador em particular, não sendo necessário assisti-las em ordem cronológica. Nessa temporada o imperador enfocado foi Calígula, considerado o imperador insano. De fato não haveria outra qualificação melhor para ele. Um sujeito com uma personalidade depravada que só chegou ao poder porque foi o único parente que sobreviveu ao violento Tibério, um imperador que praticamente matou toda a sua família. A série mescla cenas recriadas com atores e explicações de historiadores e especialistas sobre a história de Roma. No meu caso, que sempre aprecie história em geral desde os meus tempos de colegial, tudo soa muito mais do que interessante. É o tipo de série que já conta com minha simpatia, antes mesmo de começar a assistir. Então se você também aprecia história deixo essa recomendação. Você não vai se decepcionar, a série tem muita qualidade.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Imperador Romano Calígula

Gaius Julius Caesar Augustus Germanicus se tornou imperador de Roma por um motivo simples. Por ser jovem ele foi praticamente o último membro na linha de sucessão que conseguiu sobreviver. Todos os demais, seus irmãos mais velhos, tios, primos, etc, foram assassinados. Era o governo do imperador Tibério, considerado pedófilo e assassino. Assim que percebia que algum parente estava com ambições ao seu trono, era logo passado na espada. Tibério não admitia qualquer ameaça ao seu poder sem limites. O jovem Calígula assim conseguiu se manter vivo, enquanto seus parentes mais velhos eram mortos em série. O apelido Calígula veio na infância. Ele era filho de um importante general romano chamado Germanicus. Quando ele era apenas um garotinho seu pai o levou em uma campanha militar. O pequeno garoto usava a mesma roupa dos legionários romanos, só que em tamanho reduzido para a sua idade, claro. Assim os soldados o apelidaram de Calígula, uma palavra em latim que significava "botinhas". O futuro imperador detestava o apelido e talvez por isso ficou sendo chamado por ele. Para um apelido pegar basta o apelidado odiar ele. Velha tradição.

Quando Tibério morreu, o trono foi por direito de sucessão para Calígula. E em seus primeiros meses como imperador tudo saiu muito bem. O novo imperador se mostrou sensível aos problemas dos pobres em Roma. Mandou distribuir alimentos, mandou prestar assistência médica de graça ao povo, ajudou os miseráveis. Por isso passou a ser um imperador muito adorado por seu povo. Foi um começo de governo impecável. As pessoas da plebe o amavam e tudo parecia levar a crer que ele seria um dos grandes imperadores de Roma. Só que o jovem imperador caiu doente de uma febre misteriosa. Ele ficou semanas entre a vida e a morte e quando voltou estava transformado... para pior! Historiadores acreditam que Calígula se levantou de sua cama com algum problema mental. Seus atos e atitudes passaram a sugerir que ele havia enlouquecido. Calígula começou a tomar atitudes bizarras. Afirmou que iria nomear seu cavalo senador ou cônsul de Roma. Determinou que as mulheres do senado se tornassem prostitutas em prol de império. Começou a ter um relacionamento escandaloso com suas próprias irmãs, sugerindo incesto abertamente. As orgias sexuais sem fim, os banquetes extravagantes, as violências diárias contra inocentes, tudo sugeria que Calígula havia mesmo perdido a razão, estava completamente insano.

O povo de Roma ficou alarmado ao ouvir certas histórias afirmando que o imperador havia estuprado mulheres, que tinha abusado de crianças, como seu tio Tibério havia feito no passado. O Imperador era um criminoso, um estuprador, um pedófilo, um pederasta e um assassino. Enquanto cometia crimes contra outras pessoas o exército manteve sua lealdade. O problema é que Calígula começou a punir e matar generais de alta patente. Então as legiões romanas se revoltaram contra ele. O imperador louco devia ser morto, gritavam os legionários. Com apenas 28 anos de idade, o jovem que era tão promissor foi morto por soldados romanos. Foi morto com golpes de espada. Sua morte colocou o império em um caos político sem precedentes e o próprio exército romano resolveu o problema elevando seu tio Cláudio ao posto de imperador. Foi o fim de um curto reinado de muitas mortes, loucuras e insanidade. A história de Calígula foi mais uma comprovação da famosa frase do jurista e filósofo Montesquieu. Séculos depois esse cientista político iria dizer que o homem sempre iria abusar do poder político caso o poder não tivesse mecanismos de frear esse mesmo poder, surgindo dai sua famosa teoria da separação dos poderes, sendo separados o poder executivo do poder legislativo e do poder judiciário. Uma lição de direito e política até hoje aplicada nas grandes democracias ao redor do mundo. O poder corrompe e enlouquece, eis a grande lição da história desse imperador romano da antiguidade.

Pablo Aluísio.

domingo, 21 de agosto de 2011

Marcellus, O Centurião

Quando o Cristianismo começou a se espalhar dentro da sociedade de Roma as autoridades do Império implementaram uma série de duras medidas para conter seu avanço. Afinal a religião romana era considerada uma das bases de todo o Império Romano. Seus vastos e diversificados deuses traziam legitimidade para os detentores do poder supremo. Caso o panteão divino deixasse de ser cultuado pela sociedade o próprio poder imperial poderia vir abaixo. O Cristianismo era uma religião monoteísta que admitia apenas um Deus, o único todo-poderoso. Não havia espaço para deuses menores e nem tampouco para semi deuses mitológicos. Os templos de Roma começaram a ficar vazios e a fé pagã começou a desaparecer. Para conter essa situação os imperadores usaram de força bruta onde o exército se tornava instrumento essencial na repressão para conter o avanço da crença no Cristo judeu. O problema é que em pouco tempo o cristianismo também começou a se espalhar entre os próprios militares, algo que as grandes autoridades do Império jamais imaginariam.

Um símbolo dessa nova situação pode ser encontrada na história do Centurião Marcellus. Ele foi um destacado membro do exército romano, tendo participado de inúmeras campanhas militares. Considerado um profissional exemplar. Em uma dessas invasões comandadas pelo seu Império ele tomou pela primeira vez contato com os chamados cristãos. Eram pessoas de índole irrepreensível, que estavam sempre exaltando as palavras de amor e carinho de seu mestre a qual chamavam de Jesus Cristo. Uma mensagem como aquela era algo completamente novo na vida de Marcellus, um homem que lutou e viveu dentro de uma rígida disciplina militar por toda a vida. Misericórdia e perdão era algo inexistente dentro das legiões romanas.

De uma maneira ou outra aquela mensagem o conquistou. Embora o Império considerasse todo cristão um criminoso e se tornasse dever de cada centurião eliminar essa ameaça, Marcellus começou a enxergar o mundo sob uma nova visão. Ele era pai de um família numerosa - com doze filhos - e sabia muito bem a importância do amor ao próximo que era justamente a base da mensagem daquele Cristo que havia conhecido. Quando atravessava a cidade de Lyon acabou se encantando com um pregador cristão e a partir dali resolveu se converter definitivamente na nova fé. Era algo absolutamente subversivo e contra as regras do exército romano, mas Marcellus resolveu seguir o que seu coração dizia. Depois que aceitou a palavra do Cristo começou a pregar a nova fé entre seus companheiros de armas, às escondidas, durante as noites nos acampamentos romanos.

Depois de converter vários militares como ele, sua centúria foi enviada de volta a Roma. Ele ficou chocado com a violência e a brutalidade com que os cristãos estavam sendo tratados na cidade eterna. Eram execuções em massa, com jovens, mulheres, crianças e idosos sendo jogados às feras nas arenas. Os adultos mais fortes eram praticamente sacrificados ao terem que lutar com gladiadores fortemente armados enquanto eles, os cristãos, ficavam de mãos vazias. Era um massacre indescritível. Como era de se esperar aquilo tudo revoltou Marcellus. Sim, ele era um guerreiro, mas sabia que não havia qualquer honra militar naqueles grotescos espetáculos.

Enquanto estava de serviço como capitão da guarda imperial do imperador Trajano ele foi designado para trucidar cristãos em nome de Roma. Na hora de executar suas ordens Marcellus jogou ao chão sua espada e seu escudo dizendo que agora só serviria como soldado de Jesus Cristo, o Rei eterno. Aquilo foi um choque para seus superiores e Marcellus foi imediatamente levado para a prisão. Levado a um rápido julgamento foi imediatamente condenado à morte. Nada poderia ser mais ultrajante para o império do que um centurião convertido ao cristianismo. Era o ano de 298 e Roma vivia uma grave crise religiosa. O menor sinal de "contaminação" dentro dos legionários com aquela fé cristã deveria ser combatida de forma enérgica. Assim em 3 de dezembro daquele ano ele foi brutalmente decapitado na frente de sua unidade, para que os demais homens não seguissem seu caminho. Foi em vão. Antes de morrer Marcellus já havia plantado as sementes da fé naqueles militares que lutaram e caminharam ao seu lado. A violência porém não acabou com sua morte e vários de seus filhos também foram mortos por ordem do imperador. Isso chocou tanto as pessoas que fez com que sua crença em Cristo se fortalecesse ainda mais. Séculos depois o Vaticano reconheceria a grande mensagem de fé na vida do Centurão Marcellus, o canonizando no século V. Seus restos mortais e de seus amados filhos estão enterrados sob a Catedral de Lyon.

Pablo Aluísio.

domingo, 26 de junho de 2011

Sebastian, o Guarda Pretoriano

Sebastian, ou como os católicos o conhecem, São Sebastião, tem uma das histórias mais interessantes e dramáticas do cristianismo primitivo. Sua história pessoal é tão remota (datando provavelmente do século III) que até hoje muitas questões ainda não foram respondidas pelos historiadores. Segundo o que já foi descoberto Sebastian era um jovem francês nascido perto de Narbonne. Naqueles tempos a França ainda não era um Estado independente, sendo apenas uma província do império romano.

Quando completou 18 anos ele resolveu deixar sua terra natal, se tornando soldado romano. Para jovens das distantes províncias essa era uma das poucas formas de subir na vida pois não existiam empregos e nem trabalhos fora da vida de camponês. Assim Sebastian, que era jovem e saudável, logo entrou nas fileiras do exército romano. Depois de alguns meses a legião na qual servia foi enviada de volta à Roma e assim o jovem franco entrou pela primeira vez na capital do império. Mesmo em um tempo tão antigo Roma já era uma potência absoluta, com mais de um milhão de habitantes! Isso certamente impressionou demais o jovem provinciano que nunca havia visto tanta gente, tantos prédios e tanta riqueza em apenas um lugar!

Em Roma Sebastian teve contato com a cada vez mais numerosa comunidade cristã. Ele ficou tocado pelo evangelho e pela história de Jesus de Nazaré, logo se tornando ele mesmo um cristão. Como soldado romano isso poderia trazer alguns problemas, mas Sebastian não renegou sua fé. Aos poucos ele foi ganhando a confiança de seus superiores por ser disciplinado, correto e sério. Depois de subir na hierarquia do exército acabou se tornando capitão na guarda pretoriana, a tropa responsável pela proteção do próprio imperador. Essa proximidade com o imperador romano trazia mais problemas ainda para Sebastian. Diocleciano odiava cristãos e começava a implantar uma política de matança de todos os que seguiam aquela nova fé!

Era impossível para Sebastian manter sua fé em Cristo e servir ao imperador. Assim ele acabou sendo denunciado, principalmente pela forma como tratava os prisioneiros, com misericórdia e perdão. Preso, Sebastian foi condenado à morte. Inicialmente ele foi amarrado em uma árvore e executado com três flechas. Sua execução como traidor do império romano não surtiu o efeito desejado. Os soldados que o executaram acharam que ele estava morto e o jogaram no rio, porém Sebastian estava vivo! Irene, uma jovem romana, o resgatou das águas do rio e o levou para casa. Os enviados do imperador porém descobriram que ele ainda estava vivo e o prenderam novamente. Dessa vez ele foi espancado até a morte, sem piedade e jogado em um lugar imundo, nos esgotos de Roma. Os cristãos esperaram a noite chegar e liderados por Luciana, o sepultaram nas catacumbas romanas. Séculos depois foi canonizado pela Igreja Católica como São Sebastião, pois ele foi um verdadeiro mártir da fé cristã em seus primórdios.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Helena - Flavia Iulia Helena

Flavia Iulia Helena era filha de uma modesta família da Ásia Menor, onde hoje se localiza a Turquia. Apesar de sua origem plebeia sua vida mudou quando conheceu o general e político romano Constâncio Cloro. Ele se encontrava naquela província em função de sua posição dentro do império romano. Com Helena teve um filho a que chamou Constantino, que se tornaria o futuro imperador de Roma. Os historiadores ainda debatem se Helena foi ou não casada com Constâncio, uma vez que seu relacionamento logo chegou ao fim pois ele se casou com a filha do imperador Maximiano, deixando Helena para trás. 

Provavelmente sua origem em uma família modesta seja fruto desse acontecimento. Para Constâncio era mais proveitoso se casar com uma mulher influente dentro do império. O tempo porém passou, Constâncio morreu e seu filho com Helena se tornou o único imperador. Constantino atribuiu sua vitória a um acontecimento de ordem sobrenatural. Enquanto marchava para vencer as tropas inimigas ele viu uma cruz no céu. Uma voz divina então lhe disse "Com esse símbolo vencerás". Constantino então mandou seus soldados pintarem o símbolo da cruz em seus escudos e acabou se tornando vencedor da guerra pelo trono de Roma. Tal como havia sido profetizado.

O imperador Constantino foi figura central nos primeiros anos do Cristianismo porque ele iria tornar essa a religião oficial do Império. Sua mãe Helena também foi uma figura extremamente importante. Ela se tornou uma devota cristã e já envelhecida, aos 80 anos de idade, resolveu viajar até Jerusalém em busca dos locais sagrados e de relíquias envolvendo a história de Jesus Cristo. Na Terra Santa ela localizou o lugar onde Jesus foi crucificado e mandou erguer uma grande igreja no lugar. Também localizou vários outros lugares importantes para o cristianismo, mandando construir templos nos mesmos lugares onde os eventos descritos no evangelho aconteceram. 

Mais do que localizar os pontos mais importantes da história do cristianismo em seus primeiros séculos, Helena também conseguiu achar a cruz que foi usada na crucificação de Jesus. Ela havia sido escondida pelos primeiros cristãos em uma velha pedreira usada por judeus e romanos no século I. Foi uma descoberta histórica. Helena então mandou levar tudo para Roma. Ainda hoje o "títulus", a inscrição que Pôncio Pilatos mandou escrever para colocar acima da cruz que dizia "Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus", ainda se encontra em uma igreja católica romana que foi erguida onde se localizava o antigo palácio de Helena na cidade. Dois anos após essa viagem histórica, extremamente importante para o cristianismo, Helena morreu em Roma, feliz por ter encontrado tantos lugares e relíquias sagradas da vida de Jesus Cristo em Jerusalém. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Agripina

Agripina
Agripina nasceu em um acampamento militar às margens do Reno em 15 d.C. Era filha de um casal romano influente: Germânico, sobrinho e filho adotivo do imperador Tibério e candidato a sucedê-lo, e Agripina, a Velha, a neta favorita de Augusto.

Quando Agripina tinha apenas quatro anos, Germânico morreu envenenado na Síria, crime que sua mãe sempre atribuiu a Tibério. Agripina, a Velha, afirmou que o imperador Tibério temia a popularidade de Germânico junto ao exército, acreditando que o apoio militar acabaria por permitir que Germânico usurpasse o imperador e tomasse seu lugar.

A situação piorou quando Tibério recusou ao seu filho adotivo a honra de um funeral público. A viúva de Germânico, a indomável Agripina, a Velha, chegou a Roma com as cinzas do marido, o que se tornou um desafio aberto ao imperador.

Com a maior dignidade, pegou a urna contendo as cinzas e, acompanhada pelos filhos e por uma enorme multidão de cidadãos enlutados, liderou uma procissão silenciosa pelas ruas de Roma até o mausoléu de Augusto, onde a depositou. Tibério ficou furioso com o desafio da nora e nunca a perdoou.

domingo, 23 de março de 2008

Imperador Romano Heliogábalo

Foi certamente um dos imperadores romanos mais depravados e dementes da história. E também um dos mais jovens. Ele subiu ao poder após os problemas de sucessão do violento Caracala. Naquele período da Roma imperial já havia uma certa anarquia na escolha dos imperadores. Acabava subindo ao trono quem tinha apoio do exército e da guarda pretoriana. No meio do caos a sucessão acabou indo parar nas mãos desse jovem. E os romanos iriam se arrepender amargamente de terem escolhido essa figura trágica e lamentável como o novo imperador.

Seu nome real era Vário Avito Bassiano e seu nome imperial de Heliogábalo veio da fixação que tinha por essa divindade oriental. Ele acreditava que Heliogábalo era o único Deus. Diante disso implantou uma violenta persequição religiosa contra cristãos e até mesmo pagãos, seguidores dos deuses romanos tradicionais. Vestindo trajes de pura seda, espalhafatosos e com jeito afeminado de ser, podia ser tão violento como qualquer outro gladiador das arenas romanas. Ele se deliciava ao ver o sofrimento das pessoas. Sua personalidade tinha traços claros de psicopatia. Ao acordar já ia perguntando aos seus auxiliares mais próximos: "Quem vamos matar hoje? Quero me divertir!"

Pedófilo, adorava a parte de sua divindade que exigia sacrifícios humanos de jovens rapazes. Ele violentava esses adolescentes romanos indefesos e depois oferecia suas vidas para o estranho Deus Sírio. Em pouco tempo todos estavam sabendo que o novo imperador era um pederasta violento e atroz.Também chocou a todos quando tomou como amante um escravo forte que havia sido gladiador. O imperador não escondia de ninguém que ele era seu amante. Publicamente trocavam gestos de carinhos e perversão. As famílias romanas ficaram horrorizadas com aquele espetáculo grotesco.

Também era sádico. Mandou matar todo romano que pudesse representar uma ameaça ao seu poder. Com o ímpeto da juventude mandou matar senadores e transformou suas esposas em prostituas. Fazia encenações grotescas, colocando mulheres nuas em desfiles de bigas de cavalos, chocando as famílias romanas mais tradicionais. Promovia orgias, como nos tempos de Calígula e depois de satisfazer suas maiores perversões sexuais mandava que feras selvagens como leões e tigres fossem soltos em cima de seus convidados. Não tinha o menor respeito pela vida humana e promovia massacres em populações que demonstrassem a menor reação contra seu governo.

Começou rapidamente a ser odiado pelo povo. Heliogábalo também tinha problemas ao seu lado. Seu irmão Alexandre Severo era bem mais admirado pelos militares. O jovem imperador assim tentou seguir os passos de Caracala, tentando matar o próprio irmão, mas sem sucesso. Conforme o tempo foi passando e todos perceberam que era um maníaco inútil, conspirações começaram a surgir de todos os lados. Acabou sendo encurralado por soldados no palácio. Sua mãe tentou defendê-lo, mas acabou tendo o mesmo destino do filho. Ambos foram decapitados. Depois seus corpos nus foram arrastados pelas ruas de Roma, com aplausos da plebe. Os patrícios também celebraram a morte daquele louco violento. Depois de serem trucidados pelas ruas, seus restos mortais foram jogados no Rio Tibre.

Com sua morte, Alexandre Severo foi celebrado e finalmente levado ao poder máximo. As estátuas de Heliogábalo foram então derrubadas e destruídas pelo povo. Foi um dos mais odiados imperadores da história de Roma. As pessoas queriam apagar sua memória. Foi considerado o pior imperador da dinastia Severo, que estava com seus dias contados. No total ficou apenas 4 anos no poder. Seu nome foi devidamente jogado na lata de lixo da história pelos romanos.

Pablo Aluísio.

sábado, 22 de março de 2008

A Morte de Júlio César

A Morte de Júlio César
Cuidado com os idos de março! Um dos momentos mais famosos da história clássica quando Júlio César é assassinado por Bruto, Cássio e seus seguidores em 44 AC. César deveria comparecer a uma sessão do Senado. Marco Antônio acompanhou César em seu caminho. Os conspiradores, porém, temendo que Antônio viesse em auxílio de César, providenciaram para que Trebônio o interceptasse assim que ele se aproximasse do pórtico do Teatro de Pompeu, onde a sessão seria realizada, e o detivesse do lado de fora. Quando Antônio percebeu o que havia acontecido, ele fugiu do local temendo ser o próximo.

De acordo com Plutarco, quando César chegou ao Senado, Tillius Cimber apresentou-lhe uma petição para destituir seu irmão exilado. Os outros conspiradores se aglomeraram para oferecer apoio. Tanto Plutarco quanto Suetônio dizem que César o dispensou, mas Cimber agarrou seus ombros e puxou para baixo a túnica de César. César então gritou para Cimber: "Ora, isso é violência!" ("Ista quidem vis est!").

Ao mesmo tempo, Casca sacou sua adaga e deu uma estocada de relance no pescoço do ditador. César se virou rapidamente e pegou Casca pelo braço. Segundo Plutarco, ele disse em latim: "Casca, seu vilão, o que você está fazendo?" Casca, assustado, gritou: “Socorro, irmão!” em grego. Em poucos instantes, todo o grupo, incluindo Brutus, atacava o ditador. César tentou fugir, mas, cego pelo sangue, tropeçou e caiu; os homens continuaram a esfaqueá-lo enquanto ele jazia indefeso nos degraus inferiores do pórtico. Segundo Eutrópio, cerca de 60 ou mais homens participaram do assassinato. Ele foi esfaqueado 23 vezes.

O corpo de César foi cremado e, no local de sua cremação, o Templo de César foi erguido alguns anos depois. Apenas o seu altar permanece agora. Uma estátua de cera de César em tamanho real foi posteriormente erguida no fórum exibindo as 23 facadas. Uma multidão ali reunida iniciou um incêndio, que danificou gravemente o fórum e os edifícios vizinhos.

Discurso de Marco Antônio no Funeral de Júlio César

Discurso de Marco Antônio diante do corpo de Júlio César
20 de março de 44 a.C.

O historiador grego Ápio de Alexandria (c.95-c.165) incluiu vários discursos na sua História das Guerras Civis, todos eles composições próprias. Porém, o discurso de Antônio não é uma composição, mas um relato do que foi dito. É uma ideia tentadora que o relato de Apiano seja uma tradução precisa das palavras que foram proferidas durante o enterro de César.

Quando [o sogro de César] Pisão trouxe o corpo de César para o Fórum, um grande número de homens armados reuniu-se para protegê-lo. Antônio foi escolhido para fazer o discurso fúnebre como cônsul para cônsul, amigo para amigo e parente para parente e então ele novamente seguiu sua tática e falou o seguinte:

“Não é certo, meus concidadãos, que o discurso fúnebre em louvor a tão grande homem seja proferido por mim, um único indivíduo, em vez de por todo o seu país. As honras que todos vocês, primeiro Senado e então Pessoas, decretadas para ele em admiração por suas qualidades quando ele ainda estava vivo, estas eu lerei em voz alta e considerarei minha voz como sendo não minha, mas sua."

Ele então os leu com uma expressão orgulhosa e estrondosa no rosto, enfatizando cada um com sua voz e enfatizando particularmente os termos com os quais o haviam santificado, chamando-o de "sacrossanto", "inviolável", "pai de seu país", " benfeitor" ou "líder", como não fizeram em nenhum outro caso. Ao chegar a cada um deles, Antônio virou-se e fez um gesto com a mão em direção ao corpo de César, comparando o ato com a palavra.

Ele também fez alguns breves comentários sobre cada um deles, com um misto de pena e indignação. Onde o decreto dizia "Pai de seu país", ele comentou "Esta é uma prova de sua misericórdia", e onde dizia "Sacrossanto e inviolável" e "Quem se refugiar com ele também ficará ileso", ele disse "A vítima não é outra pessoa que busca refúgio com ele, mas o próprio sacrossanto e inviolável César, que não arrebatou essas honras pela força como um déspota, na verdade nem mesmo as pediu. Evidentemente, somos as pessoas mais indefesas porque não vamos pedir nada àqueles que não as merecem. Mas vocês, meus leais cidadãos, ao mostrar-lhe tal honra neste momento, embora ele não exista mais, estão nos defendendo contra a acusação de termos perdido nossa liberdade."

E novamente ele leu os juramentos, pelos quais todos se comprometeram a proteger César e a pessoa de César com todas as suas forças, e se alguém conspirasse contra ele, aqueles que não o defendessem seriam amaldiçoados. Neste ponto ele levantou a voz muito alto, estendeu a mão em direção ao Capitólio e disse: 

"Ó Júpiter, deus de nossos ancestrais, e vós outros deuses, de minha parte estou preparado para defender César de acordo com meu juramento e os termos da maldição eu invoquei sobre mim mesmo, mas como é opinião dos meus iguais que o que decidimos será para o melhor, rezo para que seja para o melhor."

Ruídos de protesto vieram do Senado a esta observação, que foi claramente dirigida a eles. Antônio os acalmou, dizendo a título de retratação: "Parece, concidadãos, que o que aconteceu não é obra de qualquer homem, mas de algum espírito. Devemos prestar atenção ao presente em vez do passado, porque nosso futuro , e na verdade o nosso presente, está no fio da navalha acima de grandes perigos e corremos o risco de sermos arrastados de volta ao nosso estado anterior de guerra civil, com a completa extinção das famílias nobres restantes da nossa cidade. Vamos então conduzir esta pessoa sacrossanta a juntar-se o abençoado e cante sobre ele o hino e canto fúnebre costumeiro."

Então, dizendo que ele agarrou suas roupas como um homem possuído, e cingiu-se para poder usar facilmente as mãos. Ele então ficou perto do esquife como se estivesse no palco, curvando-se sobre ele e endireitando-se novamente, e antes de tudo cantou louvores a César como uma divindade celestial, levantando as mãos em testemunho do nascimento divino de César e ao mesmo tempo rapidamente recitando suas campanhas, batalhas e vitórias, e os povos que ele colocou sob o domínio de seu país, e os despojos que ele enviou para casa. Ele apresentou cada um como uma maravilha e clamava constantemente: "Só este homem saiu vitorioso sobre todos aqueles que lutaram com ele."

“E você”, disse ele, “foi também o único homem a vingar a violência oferecida ao seu país há 300 anos, colocando de joelhos os povos selvagens que foram os únicos a invadir Roma e incendiá-la. "
Nesse inspirado frenesi, ele disse muito mais, alterando sua voz de clara como um clarim para um canto fúnebre, lamentando por César como por um amigo que havia sofrido injustiça, chorando e jurando que desejava dar sua vida pela de César. Depois, levado muito facilmente à emoção apaixonada, despiu as roupas do corpo de César, ergueu-as num poste e agitou-as, rasgadas como estavam pelas facadas e sujas com o sangue do ditador. Com isso o povo, como um coro, juntou-se a ele na mais triste lamentação e após esta expressão de emoção ficou novamente cheio de raiva.

Após o discurso, outros cantos fúnebres acompanhados de cantos foram entoados sobre os mortos por coros à maneira romana habitual, e eles novamente recitaram suas conquistas e seu destino. Em algum lugar do lamento, o próprio César deveria mencionar pelo nome aqueles de seus inimigos que ele havia ajudado, e referindo-se a seus assassinos, disse como que maravilhado: “Pensar que eu realmente salvei a vida desses homens que iriam me matar.”

Então o povo não aguentou mais. Consideravam monstruoso que todos os assassinos, que com a única exceção de Décimo haviam sido feitos prisioneiros como partidários de Pompeu, tivessem formado a conspiração quando, em vez de serem punidos, tivessem sido promovidos a magistraturas, governos provinciais e comandos militares, e que Décimo foi até considerado digno de adoção como filho de César.

Quando a multidão estava nesse estado, e perto da violência, alguém ergueu acima do esquife uma efígie de cera de César - o próprio corpo, deitado de costas no esquife, não sendo visível. A efígie foi virada em todas as direções, por um dispositivo mecânico, e podiam ser vistas vinte e três feridas, infligidas de forma selvagem em todas as partes do corpo e no rosto. Esta visão pareceu tão lamentável para as pessoas que elas não conseguiram mais suportar. Uivando e lamentando, eles cercaram o Senado, onde César havia sido morto e o incendiaram, e correram em busca dos assassinos, que haviam fugido algum tempo antes.

sexta-feira, 14 de março de 2008

A Paixão do Imperador Adriano

Vários imperadores romanos foram homossexuais. Essa era uma tradição que vinha desde Júlio César cujas inscrições pelas ruas de Roma diziam: "César, homem de muitas mulheres, mulher de muitos homens". Fazia parte do jogo político ter relações homossexuais com figuras importantes para subir na carreira política. O imperador Adriano porém se notabilizou por ter elevado a homossexualidade ao sagrado divino. Ele subiu ao poder após a morte de Trajano, um imperador nascido fora de Roma. Adriano também era natural da província da Hispânia (atual Espanha) e para muitos romanos não passava de um estrangeiro dentro do próprio Império. Segundo várias fontes Adriano teria conspirado com a própria mulher de Trajano para se tornar imperador. Uma vez entronado no poder supremo começou a perseguir violentamente todos aqueles que pudessem simbolizar uma ameaça ao seu poder.

Embora fosse casado com uma importante mulher romana, Adriano gostava mesmo da companhia de jovens rapazes. Ele foi um homossexual praticamente assumido o que causava escândalo em certos setores da sociedade romana. A questão era que Adriano amava a arte grega, sua literatura e seu modo de vida. Naquela época o homossexualismo era extremamente difundido entre os gregos e ser gay era praticamente um pré requisito para ser um verdadeiro grego. Com o poder em mãos Adriano se jogou numa vida de pura luxúria homossexual. Viajou praticamente durante todo o seu período como imperador, ficando pouco tempo na capital do império, Roma. Durante essas viagens Adriano se entregou a todos os tipos de prazeres pervertidos. Centenas de jovens bonitos, todos menores de idade, foram para a cama com ele. Sim, além de ser homossexual, Adriano também era pedófilo, como havia sido Tibério antes dele.

Um desses meninos porém virou a cabeça do imperador. Ele se chamava Antínuos e era considerado um dos jovens mais bonitos da Grécia antiga. Adriano se apaixonou completamente pelo rapazola. Mandou que os principais poetas romanos lhe escrevessem longos poemas de amor e passou a exibir ostensivamente sua paixão por onde passava. Seu romance porém foi breve. Durante uma viagem pelo Egito Antínuos sofreu um acidente, caindo do navio imperial, se afogando nas águas barrentas do Rio Nilo. A morte de seu amado abalou profundamente o Imperador que inconsolável resolveu que todos os habitantes do império romano deveriam tratar seu jovem namorado como a um verdadeiro Deus dali para frente. Inaugurou estátuas sagradas em honra a Antínuos, mandou construir templos em sua honra e assumiu de maneira completamente pública seu grande amor homossexual pelo jovem (que segundo fontes não teria nem ao menos 17 anos de idade ao morrer). Pela primeira vez na história um Imperador romano era ostensivamente homossexual e pedófilo, para todos verem.

Duas religiões porém se negaram a aceitar Antínuos como um Deus! A primeira foi o Judaísmo. Era impossível para um judeu aceitar um rapaz como aquele, homossexual e pederasta, como uma divindade que estivesse no mesmo patamar que seu amado Deus único! Adriano ficou possesso com isso e mandou seus exércitos praticamente destruírem Jerusalém. A guerra que se iniciou foi uma das mais violentas da história culminando com a destruição de vários templos judaicos, profanações de seus lugares sagrados, crucificações em massa e morte. Adriano praticamente destruiu a cidade, expulsou os judeus sobreviventes e mudou o nome de Jerusalém para Élia Capitolina. O culto ao Deus dos judeus foi proibido. Orações só poderiam ser feitas agora para seu jovem namorado falecido. Para completar e mostrar força mandou destruir um importante templo judeu, erguendo em seu lugar um recinto religioso dedicado a orações para Zeus e seu amante juvenil, Antínuos.

Outra religião nascente que também trouxe muitas resistências a Adriano foi o Cristianismo. Seus seguidores acreditavam que Jesus era o Messias enviado por Deus. Crucificado por Roma ele teria ressuscitado do mundo dos mortos para a salvação da humanidade. Havia uma forte moralidade dentro do cristianismo que combatia de forma veemente o homossexualismo que Adriano tanto tentava propagar no império. Bastou isso para que o imperador ordenasse inúmeras perseguições a líderes cristãos. Qualquer um que fosse reconhecido como membro dessa seita religiosa deveria ser crucificado ou jogado aos leões nas arenas romanas. Quando Adriano soube que o tal Jesus Judeu havia sido crucificado no lugar chamado de Gólgota ordenou imediatamente que no mesmo lugar fosse erguido em templo em honra a Afrodite, a Deusa do Amor e do Erotismo. Adriano também mandou editar leis que ordenavam a prisão de qualquer religioso que se levantasse contra os seus padrões de comportamento. Bastava a citação de que o homossexualismo seria um pecado mortal para que o insurgente fosse condenado às mais duras penas do Império Romano.

Após a morte do imperador o culto ao novo deus Antínuos foi desaparecendo do Império. Os próprios imperadores que o sucederam chegaram na conclusão que era um absurdo transformar um jovem rapaz homossexual, amante de Adriano, em uma divindade. Muitos inclusive alegaram que fatos assim só serviam para destruir ainda mais a religião pagã e politeísta do antigo Império. Com isso Antínuos foi paulatinamente desaparecendo dos grandes templos, caindo rapidamente em esquecimento. Enquanto isso o Cristianismo baseado na vida daquele pobre homem morto em Jerusalém foi ganhando cada vez mais adeptos até se tornar a maior religião do mundo em todos os tempos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 11 de março de 2008

Diocleciano, o Assassino de Cristãos

Os séculos III e IV foram particularmente caóticos para o Império Romano. Não havia uma linha de sucessão clara para a subida dos imperadores ao trono e assim a lei do mais forte prevaleceu. Nessa época histórica aquele que tivesse o melhor exército subiria ao trono pela força bruta. Isso deu origem a uma série de imperadores generais, entre eles o sanguinário Diocleciano. Ao subir ao trono o novo imperador percebeu que não tinha força suficiente para dominar completamente o vasto império Romano. Assim resolveu dividir o império entre quatro outros generais, dando origem a uma tetrarquia (um governo de quatro imperadores). Dentre eles Diocleciano foi escolhido para ser o Autocrata Supremo, o líder máximo, cuja opinião iria sempre prevalecer sobre os demais.

General habilidoso no campo de batalha esse novo imperador não tinha muita paciência ou diplomacia para lidar adequadamente com os assuntos de Estado. Assim muitas vezes resolvia os problemas administrativos e sociais da mesma forma que agia no campo de batalha: matando e passando no fio da espada todos os que se atrevessem a cruzar seu caminho. Ele promoveu reformas tributárias e procurou reorganizar o caos que reinava em muitas províncias romanas. Em 303 Diocleciano determinou que aquela estranha religião chamada cristianismo deveria ser varrida dos territórios de Roma. Implantou pena de morte para quem seguisse esse Cristo, um Deus proveniente da Judeia. Para Diocleciano uma das razões da decadência do Império era justamente o abandono por parte dos romanos dos antigos rituais em honra aos seus deuses, como Marte, o deus da guerra e Baco, o deus do vinho. Os templos começavam a ficar vazios pois a cada ano aumentava o número de seguidores do Cristo dentro da própria Roma. Para Diocleciano a morte de cristãos iria inibir novas conversões.

Assim de 303 a 311 houve assassinatos em massa de comunidades cristãs pelo império. Para dar o exemplo o imperador ordenou aos seus generais que as penas fossem cumpridas com extrema brutalidade. Torturas e execuções em massa fizeram com que o chão do império ficasse impregnado do sangue dos mártires cristãos. Segundo historiadores a fúria de Diocleciano deu origem a mais sangrenta perseguição aos cristãos da história - nada poderia ser comparado ao número de mortes promovidas pelo general imperador, nem mesmo Nero que se notabilizou por tantas mortes poderia ser comparado a ele nesse aspecto. Para chocar ainda mais os adeptos da nova religião o imperador ordenou que todos os cristãos fossem crucificados tais como o seu mestre judeu. Cruzes podiam ser vistas por todas as estradas imperiais.

A morte não foi apenas a única pena aplicada. Lugares que eram usados para cultos, chamados de igrejas pelos seguidores do Cristo, foram destruídos e queimados. Qualquer funcionário do Império que fosse descoberto cristão perdia imediatamente seu cargo e sua vida. Relíquias e objetos tais como cruzes ou qualquer outro sinal que lembrasse o Cristo judeu era destruído e seus donos penalizados brutalmente. O que Diocleciano não contava era que sua perseguição acabaria criando um efeito contrário ao que ele planejava. Ao invés de diminuir o número de cristãos aconteceu justamente o oposto - a coragem dos mártires acabou inspirando milhares de romanos a também seguirem a nova fé. Em pouco tempo o número de cristãos em Roma duplicou e depois triplicou! Diocleciano ficou chocado com essa situação.

Para piorar ainda mais a situação o próprio governo do imperador começou a ruir. A tetrarquia foi desfeita, as fronteiras do império invadidas e o exército romano já bastante cristianizado começou a sofrer de indisciplina e desordem em suas fileiras. O imperador começou a ser visto como um assassino cruel e sanguinário. A inflação se tornou crônica e a economia imperial entrou em colapso. O imperador acabou morrendo na distante Croácia, em pleno campo de batalha, aos 66 anos de idade, enquanto Roma passava por graves e conturbadas convulsões sociais. Ele que havia governado pela espada, também morreria por causa dela! Anos depois de sua morte os cristãos decidiram erguer uma Igreja em cima de sua tumba em Split na Croácia. A nova catedral foi construída em honra de São Domingos. Um monumento cristão sobre os despojos de um Imperador que passou para a história como um dos maiores assassinos de cristãos da Roma Antiga. O Cristianismo assim triunfava sobre a antiga religião pagã e seu imperador homicida.

Pablo Aluísio.

domingo, 9 de março de 2008

Augusto

Quando Jesus Cristo nasceu o imperador que reinava em Roma era Augusto, o divino! Claro que na realidade ele não era divino coisa nenhuma, porém Augusto foi considerado um administrador tão capaz do Império que acabou sendo aclamado como uma divindade, com direito a um lugar no panteão romano dos deuses, algo que era aceito naturalmente dentro da religião politeísta do povo romano. O próprio título que lhe foi atribuído, Augusto, significava justamente isso, o de um ser humano que ao morrer se tornou um Deus glorioso!

O mais interessante é que Augusto foi de certa maneira um imperador improvável. Ele era um patrício de família nobre, mas nada em sua infância e juventude poderia antecipar que um dia ele se tornaria um imperador romano com tanto poder! Na realidade quando nasceu Caio Otávio (seu nome real) nem sequer existiam imperadores em Roma, já que seu nascimento se deu na fase da República romana. Sua única ligação com o poder era o fato de ser o sobrinho do grande general, orador e político Júlio César. Amado pelos seus soldados e pela plebe (a grande massa empobrecida do império), Júlio César acabou centralizando praticamente todo o poder de uma Roma em seu auge. Quando se deu conta ele praticamente havia se tornado um verdadeiro rei - algo que dava arrepios no senado romano. Assim para conter sua sede de poder ele acabou sendo morto brutalmente por senadores que o esfaquearam em pleno senado nos idos de março.

A morte de Júlio César mudou a vida de Otávio para sempre. Poucos sabiam, mas ele acabou sendo nomeado o herdeiro de César em seu testamento, o que significava que ele herdaria todos os seus bens e também seu legado político. Depois de um período realmente conturbado - onde um triunvirato subiu ao poder, sendo Otávio um de seus vértices - ele finalmente se acomodou no trono em Roma, se tornando não um rei, mas sim um imperador, um novo título que iria dominar a política romana nos séculos seguintes.

Sob um ponto de vista histórico Augusto foi um bom imperador. Ele reorganizou o Estado romano, criou instrumentos para equilibrar as finanças, organizar o exército e preservar as vastas fronteiras de um Império que dominava praticamente todo o mundo ocidental conhecido. Ao cessar as invasões a povos vizinhos de Roma ele conseguiu implantar um momento histórico de paz e prosperidade em Roma. A "pax romana" significava justamente isso: havia pela primeira vez em séculos um período de paz absoluta dentro das fronteiras romanas. Uma de suas maiores satisfações foi justamente fechar as portas do templo de Marte (o Deus da guerra) em Roma, um gesto que significava que todo o império se encontrava em paz, sem guerras e nem matanças de povos inimigos.

Augusto viveu muito para um homem da antiguidade, mais de 75 anos de idade. Ele era magro, tinha hábitos moderados, comia pouco, trabalhava muito e procurava administrar toda a máquina estatal romana com honestidade, responsabilidade e justiça, premiando os melhores homens do império por suas qualidades pessoais e competência. Embora Jesus tenha sido provavelmente o maior homem que já andou na face da Terra, o imperador Augusto morreu sem saber de sua existência. Afinal de contas Jesus nasceu numa distante província romana. Além disso quando Augusto morreu o jovem Jesus era apenas um garoto de 14 anos, ainda entrando na sua puberdade.

Aliás para muitos historiadores o único grande fracasso da vida do imperador Augusto foi justamente no campo religioso. Como imperador ele foi alçado ao cargo máximo da religião romana. E ele levou muito à sério essa função, promovendo uma série de leis de moralidade a serem seguidas pelo povo de Roma. Infelizmente suas leis foram desrespeitadas por sua própria filha, Júlia, que promoveu uma orgia em um templo sagrado na cidade eterna. Horrorizado e escandalizado por sua atitude ele a baniu para sempre para uma ilha distante e isolada. Augusto não admitia ser desmoralizado como chefe da religião pagã de Roma. Depois de sua morte todos os seus esforços foram reconhecidos pelo povo de Roma, a ponto de um mês do ano ser renomeado em sua homenagem: o mês de agosto, o mês de Augusto, o Divino.

Curiosidades sobre Augusto
Embora tenha sido considerado um bom imperador, Augusto precisou banhar suas mãos em sangue, muito sangue, como era comum na Roma Antiga. Quando sufocou uma rebelião na Sicília, se viu diante de um exército de escravos. Os que tinham donos foram entregues de volta. Para aqueles que não se sabia a quem pertenciam, ele mandou matar todos. Foram crucificados de uma só vez mais de 6 mil homens de acordo com alguns dados históricos.

Augusto também mandou matar muitos senadores e figuras importantes da história da república romana, entre eles o grande orador e político Cícero. Para que a república morresse e o império surgisse no horizonte em Roma, muitas pessoas importantes da cidade foram assassinadas. Isso de certa maneira mancha a biografia desse imperador, muitas vezes retratado como um homem sensato. Na hora que foi necessário mandar para a morte seus inimigos, Augustus não pensou duas vezes.

Augusto também era considerado um homem de estatura baixa e de composição física frágil. Um dos problemas em sua biografia era a falta de conquistas militares para estampar no fórum de Roma. Ele nunca chegou nem perto de ter um histórico militar de batalhas como seu tio-avô Júlio César. Com isso foi necessário que algumas vitórias de seu general Agripa fossem creditadas como vitórias de Otávio Augusto. Ele poderia ser considerado um líder inteligente e astuto, mas nunca foi um soldado romano de legião.

Historiadores concordam que Augusto só teve dois amigos verdadeiros em vida, o general Agripa, seu amigo desde a infância e o rico mercador Mecenas. Ambos faziam parte da vida privada de Augusto, eram amigos próximos realmente, pessoas com quem ele falava abertamente e sobre todos os assuntos do império. Augusto não gostava e nem confiava em seu enteado Tibério, que iria se tornar o imperador romano com sua morte. Augusto considerava Tibério muito limitado intelectualmente, algo que iria se revelar verdadeiro nos anos seguintes à morte de primeiro imperador.

Pablo Aluísio.