domingo, 3 de março de 2024
Imperador Romano Nerva
domingo, 4 de fevereiro de 2024
Imperador Romano Domiciano
domingo, 28 de janeiro de 2024
Imperador Romano Titus
O nome de Tito jamais será esquecido pelo povo judeu. Foi ele que destruiu o templo de Jerusalém. Esse foi o primeiro momento histórico realmente marcante da vida desse imperador. A província da Judeia era considerada uma das mais problemáticas para Roma. Havia rebeliões, conflitos e os judeus nunca aceitaram de fato a dominação romana. Para piorar o quadro político havia a esperança de que um Messias iria libertar o povo judeu da escravidão dos romanos. Esse Messias era uma figura religiosa, fazia parte das escrituras sagradas dos judeus e isso havia se tornado um tormento para os governadores enviados por Roma.
Tito então enfrentou o problema de frente. Se a religião dos judeus era um problema, então os romanos iriam destruir seu maior símbolo, o Templo de Jerusalém. Quando os legionários entraram no templo isso foi considerado o maior dos sacrilégios. Tito mandou confiscar todo o ouro que havia ali, além de destruir tudo, colocar o templo literalmente abaixo. Dizem cronistas da época que os sacerdotes se jogaram nas espadas dos legionários romanos, tamanho era o desespero. Muitos morreram. Um desses em seu último momento encontrou Tito cara a cara e lhe disse que ele seria amaldiçoado pelo que havia feito, que não iria durar como imperador e que seu povo iria pagar por tudo o que havia feito aos judeus. Tito lhe virou as costas e mandou que a destruição continuasse, que tudo fosse queimado e demolido. Dizem que entrou a cavalo em um lugar extremamente santo do templo, onde o povo judeu acreditava que o próprio Deus ali habitava. Aquilo era o desrespeito máximo do romano para com a fé do povo judeu.
De volta a Roma Tito enfrentou o maior desafio de seu governo. O vulcão Vesúvio entrou em erupção. Milhares de pessoas morreram. Cidades como Pompeia e Herculano literalmente desapareceram do mapa, soterradas pelas cinzas do vulcão. Os cidadãos romanos que ali viviam morreram sufocados ou queimados vivos pelas chamas do Vesúvio. Pedras de fogo caiam do céu, era um cenário de apocalipse. Poucos escaparam. Os gritos podiam ser ouvidos a distância. Homens, mulheres, idosos, crianças, todos morreram de forma quase instantânea. Tito ficou desesperado. Ele enviou legiões para ajudar, mas os seus soldados morreram asfixiados por gases expelidos pelo Vesúvio. Foi uma enorme tragédia para o povo romano. Seu tão poderoso exército se revelava inútil naquele momento. E não foi apenas isso. Durante três dias e três noites Roma ardeu em chamas, em um incêndio tão grande como aquele que havia destruído a cidade nos tempos de Nero! E como havia profetizado o sacerdote judeu o reinado de Tito foi breve. Ele ficou como imperador por apenas dois anos. Inesperadamente morreu em 81 da era cristã, mesmo sendo ainda jovem. Dizia-se que havia sido envenenado pelo próprio irmão, Domiciano, que agora era o novo imperador após sua morte misteriosa. Tito assim acabou se tornando um imperador de rápida passagem pelo poder máximo do mundo antigo, em um dos momentos mais terríveis da história do império romano.
Pablo Aluísio.
sábado, 30 de dezembro de 2023
Vespasiano - O Imperador General
Vespasiano foi forjado dentro da disciplina militar. Ele foi um brilhante oficial das legiões romanas. Mesmo sob ordens de imperadores obtusos como Nero ele conseguiu ainda se destacar nas fileiras do exército. Participou de inúmeras campanhas bem sucedidas por todo o império e começou a ficar conhecido e respeitado pelos cidadãos de Roma. Quando a situação se tornou insustentável ele reuniu as legiões sob seu comando e marchou de volta a Roma. Disse a um de seus oficiais que a situação havia chegado a um limite sem volta e que apenas o exército romano poderia colocar ordem em todo aquele caos.
Vespasiano foi um homem pragmático. Ele fazia o que tinha que fazer. As finanças do Estado estavam arruinadas. Assim ele mandou reorganizar o sistema tributário de Roma. Novos tributos foram criados e aos poucos o império foi saindo da crise. De origem militar rechaçava todo o luxo que havia marcado a corte dos imperadores anteriores. O povo ficava surpreso ao descobrir que ele calçava suas próprias botas e cuidava de suas roupas. Não havia dezenas de escravos para isso, como acontecia com Nero. Vespasiano também mandou construir grandes obras, como o Coliseum, que seria terminado por seu filho Tito. Também mandou reconstruir os bairros romanos que tinham sido consumidos pelo fogo nos tempos de Nero. Com uma administração competente e honesta, ganhou as simpatias do povo, tanto da plebe como dos patrícios.
Chegou até mesmo a ser comparado com Augusto. O Senado lhe ofereceu todos os tipos de títulos, mas Vespasiano os recusou. Não era de sua índole. Na política externa o Imperador General precisou lidar com rebeliões na província da Judeia. Uma nova religião estava se espalhando pelo império. Ela tinha a crença que Jesus, um homem que havia vivido na Galiléia, havia ressuscitado após ser crucificado pelos romanos em Jerusalém. Segundo relatórios enviados ao imperador até mesmo membros do exército romano na região estavam se convertendo ao cristianismo. Vespasiano era um homem sem nenhuma fé religiosa. Nem mesmo acreditava nos deuses romanos e por isso avaliou essa nova crença como um problema político para o império Romano.
Ele encarregou seu filho Tito para combater os sentimentos de revolta do povo judeu. No ano de 79 da era cristã o imperador começou a sentir-se mal. O velho general começava a sentir o peso dos anos. Alguns historiadores modernos acreditam que o imperador começou a sofrer problemas relacionados ao Mal de Parkinson, além de doenças do coração. Quando descobriu que estava em seus últimos dias de vida mandou e ordenou que o Estado não deveria gastar fortunas com seu funeral. Queria algo simples. Chegou a dizer que jogassem seu velho corpo de militar nas águas do Rio Tibre. Queria morrer como um soldado. No dia de sua morte mandou seus soldados o levantarem da cama, para que morresse de pé, como um bom legionário. Ele faleceu de um provável câncer de intestino. Acabou dando origem a uma nova dinastia de imperadores denominada Flaviana.
Pablo Aluísio.
sábado, 16 de dezembro de 2023
Imperador Romano Vitélio
domingo, 26 de novembro de 2023
Imperador Romano Otão
domingo, 19 de novembro de 2023
Imperador Romano Galba
domingo, 5 de novembro de 2023
Imperador Romano Cláudio
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Imperador Romano Calígula
Quando Tibério morreu, o trono foi por direito de sucessão para Calígula. E em seus primeiros meses como imperador tudo saiu muito bem. O novo imperador se mostrou sensível aos problemas dos pobres em Roma. Mandou distribuir alimentos, mandou prestar assistência médica de graça ao povo, ajudou os miseráveis. Por isso passou a ser um imperador muito adorado por seu povo. Foi um começo de governo impecável. As pessoas da plebe o amavam e tudo parecia levar a crer que ele seria um dos grandes imperadores de Roma. Só que o jovem imperador caiu doente de uma febre misteriosa. Ele ficou semanas entre a vida e a morte e quando voltou estava transformado... para pior! Historiadores acreditam que Calígula se levantou de sua cama com algum problema mental. Seus atos e atitudes passaram a sugerir que ele havia enlouquecido. Calígula começou a tomar atitudes bizarras. Afirmou que iria nomear seu cavalo senador ou cônsul de Roma. Determinou que as mulheres do senado se tornassem prostitutas em prol de império. Começou a ter um relacionamento escandaloso com suas próprias irmãs, sugerindo incesto abertamente. As orgias sexuais sem fim, os banquetes extravagantes, as violências diárias contra inocentes, tudo sugeria que Calígula havia mesmo perdido a razão, estava completamente insano.
O povo de Roma ficou alarmado ao ouvir certas histórias afirmando que o imperador havia estuprado mulheres, que tinha abusado de crianças, como seu tio Tibério havia feito no passado. O Imperador era um criminoso, um estuprador, um pedófilo, um pederasta e um assassino. Enquanto cometia crimes contra outras pessoas o exército manteve sua lealdade. O problema é que Calígula começou a punir e matar generais de alta patente. Então as legiões romanas se revoltaram contra ele. O imperador louco devia ser morto, gritavam os legionários. Com apenas 28 anos de idade, o jovem que era tão promissor foi morto por soldados romanos. Foi morto com golpes de espada. Sua morte colocou o império em um caos político sem precedentes e o próprio exército romano resolveu o problema elevando seu tio Cláudio ao posto de imperador. Foi o fim de um curto reinado de muitas mortes, loucuras e insanidade. A história de Calígula foi mais uma comprovação da famosa frase do jurista e filósofo Montesquieu. Séculos depois esse cientista político iria dizer que o homem sempre iria abusar do poder político caso o poder não tivesse mecanismos de frear esse mesmo poder, surgindo dai sua famosa teoria da separação dos poderes, sendo separados o poder executivo do poder legislativo e do poder judiciário. Uma lição de direito e política até hoje aplicada nas grandes democracias ao redor do mundo. O poder corrompe e enlouquece, eis a grande lição da história desse imperador romano da antiguidade.
Pablo Aluísio.
sábado, 16 de abril de 2011
Juliano - O Imperador Anticristão
Juliano não apenas sobreviveu como conseguiu se reerguer politicamente das cinzas. Guiado por uma sede de vingança sem precedentes ele foi subindo cada vez mais dentro do xadrez de poder em Roma. Aliando chantagens, assassinatos de parentes e muitos crimes, Juliano foi eliminando todos os seus opositores. Procurou também matar cada um membro de sua casta que tivesse tido algum tipo de participação nas mortes de seus pais e irmãos. Com pouco mais de 25 anos de idade Juliano já tinha conseguido executar todos eles. Suas mãos estavam cheias de sangue, mas ele se considerava realizado e saciado em sua sede de vingança mortal. Durante sua caminhada rumo ao poder supremo em Roma, Juliano foi tentando suprimir todo o legado de Constantino, homem que ele particularmente desprezava e odiava.
O Cristianismo, aquela nova religião estranha que havia sido colocada em um ponto tão alto do Império exatamente por Constantino, era uma aberração na visão de Juliano. Ele ansiava em revalorizar a antiga religião pagã imperial. Juliano acreditava que o Cristianismo tinha que ser eliminado o mais rapidamente possível, mas isso teria que ser feito com inteligência e não com violência e brutalidade. Esse tipo de opressão, muito utilizada por imperadores no passado, não havia dado bons frutos. Ao contrário disso, havia fortalecido a fé dos cristãos pois a morte de mártires aumentava ainda mais o número de adeptos e seguidores daquele judeu a quem chamavam de Cristo.
Quando se tornou Imperador em Roma, Juliano começou a perseguir os cristãos que faziam parte do aparelho de Estado. Demitiu altos funcionários do Império apenas por eles serem Cristãos, confiscou terras e mandou bloquear bens e finanças de importantes líderes daquela nova religião. A intenção de Juliano era destruir a influência e poder dos cristãos, sejam eles financeiros, políticos ou militares. Ao mesmo tempo em que asfixiava o povo cristão de Roma, mandou restaurar e reconstruir antigos templos dedicados aos velhos e tradicionais Deuses Romanos. Procurando demonstrar sua fidelidade ao paganismo o próprio imperador teria participado de um ritual Pagão de purificação, se banhando no sangue de um touro sacrificado em sua presença! Juliano dizia que para eliminar os cristãos não era necessária a violência, mas sim a quebra da estrutura que os mantinha no topo da hierarquia romana. Seus planos de destruição da religião cristã porém tiveram uma interrupção abrupta quando o imperador foi morto numa sangrenta batalha campal contra os Persas. Pelo visto seus amados deuses romanos não o livraram da morte com uma espada inimiga atravessando seu pescoço.
Pablo Aluísio.
domingo, 10 de abril de 2011
Imperador Romano Tibério
Quando Jesus Cristo foi crucificado o Imperador que reinava em Roma era Tiberius ou Tibério. Ele foi um imperador improvável. Filho da querida esposa de Augusto, não tinha laços de sangue com o grande monarca. Na verdade ele era filho do primeiro casamento de Lívia Drusa. Augusto era apenas seu padrasto e jamais pensou nele como o futuro imperador do Império Romano. Augusto queria em sua linha de sucessão alguns de seus netos, mas eventos do destino impediram isso. Eles morreram jovens e deixaram o velho imperador frustrado e desolado, sem herdeiros de sua própria linhagem. Quando caminhava já para seu fim ele então virou-se para Tibério e o declarou seu herdeiro político. Foi um ato feito sem nenhum prazer, fruto apenas da consideração que tinha por sua amada esposa, a companheira de muitos anos, Lívia. Na realidade Augusto não confiava muito em Tibério e não via nele nenhuma qualidade em especial para reinar em Roma. Alguns historiadores afirmam que ele tinha até certa aversão por ele, por causa de sua personalidade dura e nada simpática.
A vida, apesar da proximidade com o trono, nunca foi fácil para Tibério. Desde cedo ele foi enviado para servir em legiões romanas que lutavam em lugares distantes e inóspitos. Lá Tibério aprendeu como poucos a dureza da vida militar. Foi um homem sem luxos, que apesar de ser o filho da amada do imperador jamais gozou de muitos privilégios. Durante praticamente quarenta anos viveu na lama do serviço militar, em pleno campo de batalha. Quando subiu na hierarquia militar foi considerado por seus subordinados como um oficial rígido e disciplinador. Por não estar próximo da linha de sucessão e nem tampouco ser considerado um potencial futuro imperador romano pouco chamou atenção para si durante seus anos no exército. Também não criou inimigos no senado, uma vez que jamais foi um político, mas sim um militar. Quando Augusto finalmente adoeceu, sem herdeiros diretos ao trono, sua mãe Lívia intercedeu para que o velho Augusto escolhesse Tibério como sucessor. A campanha em favor dele surtiu efeito e o seu filho subiu ao poder supremo de Roma.
Ao contrário de seu padrasto que era amado pelo povo, Tibério foi um imperador cruel, duro e sanguinário. Logo no começo de seu período como imperador procurou destruir toda a oposição real e imaginária que encontrou pela frente. Implantou uma lei que punia severamente quem ousasse ofender as atitudes e a imagem do Imperador Romano. A Lei da Lesa Majestade foi implantada por todo o império e levou milhares de pessoas à morte. Tibério também resolveu nomear homens de sua estreita confiança para administrar as províncias romanas. Um deles foi Pôncio Pilatos, o governador que iria julgar e condenar Jesus Cristo a morrer na cruz. A crucificação também se tornou modelo padrão de condenação romana contra aqueles que tivessem a coragem de colocar em dúvida a supremacia do poder imperial. A menor crítica contra Tibério era vista como crime de Lesa Majestade, sendo seu autor morto na cruz, em qualquer lugar do Império.
Violento e paranóico, Tibério implantou um regime de terror em Roma. Organizou um regime de exceção no Império e condenou a morte muitos cidadãos romanos. Fortaleceu o exército e com violência puniu também todos aqueles que atentassem contra a religião romana. Certa vez mandou matar um grupo de homens acusados de tentar manter um relacionamento com as virgens vestais do templo. Tibério subiu ao poder quando já estava com uma idade considerada avançada para a época (56 anos). Por essa razão em pouco tempo começou a perceber que não tinha mais força, paciência ou energia para continuar vivenciando a rede de intrigas políticas do senado romano. Também temia que fosse morto mais cedo ou mais tarde pelos senadores. Afinal se até o grande Júlio César foi apunhalado pelas costas, o que poderia se esperar de um velho militar como ele, que não tinha nenhum jeito para o mundo da politicagem em Roma. Resolveu assim se retirar da cidade, indo morar em uma luxuosa vila em Capri, no alto de uma montanha, onde administrava o império através de correspondências que iam direto de seu gabinete para a capital. Lá também se sentia seguro das inúmeras conspirações que visavam assassinar o imperador - algo comum e esperado em Roma.
Em Capri o imperador Tibério também deu vazão à sua personalidade doentia. Embora fosse casado, em arranjos familiares bem de acordo com a alta sociedade romana, se dizia na boca pequena em Roma que o imperador tinha apreciação mesmo por jovens garotos. Sim, Tibério era um homossexual pedófilo. Quando foi para Capri e se fechou em seu palácio, começou a recrutar jovens garotos da região para joguinhos eróticos em sua grande piscina. Chamando os meninos de "peixinhos" ele se tornou um velho degenerado e depravado, acima das leis e da justiça de Roma, que afinal de contas lhe devia a mais estreita obediência. Quando se aborrecia com algum "peixinho" mandava que seus soldados o atirassem do alto da montanha em direção às pedras e rochedos da costa lá embaixo. Vivendo como um degenerado em seu palácio começou a cobrar moralidade dos que seguiam a religião romana. Era um hipócrita, mas mesmo assim foi colocado como sumo sacerdote da religião oficial do Estado. No fim da vida, já meio senil, mandou o senado declarar que ele era um Deus que deveria ser venerado pelos templos do império. Quem se recusasse a reconhecer que ele era uma divindade deveria morrer imediatamente. Morreu provavelmente envenenado pela mãe de Calígula, que desejava há muitos anos que seu insano filho subisse ao poder total de Roma. Como era tradição no Império Romano os imperadores acabavam sendo assassinados por seus próprios parentes e familiares.
Pablo Aluísio.
Imperador Romano Nero
A primeira parte desse novo retrato inocenta Nero de ter colocado fogo em Roma. Muitos autores da atualidade dizem que a história que Nero teria mandado colocar fogo na cidade para depois ficar olhando tudo de seu palácio, tocando harpa, é pura ficção. Para essa nova corrente Nero sequer estava em Roma naquele dia. Ele estaria numa cidade próxima, em sua propriedade, onde descansava e passava férias. Em defesa dessa nova história dizem que assim que soube do desastre Nero teria enviado ajuda imediatamente, inclusive cedendo palácios imperiais para abrigar os feridos e queimados. E não foi só. Deslocou parte do exército romano para ir na cidade servir de exército da salvação, literalmente.
Claro que depois que a cidade foi queimada e Nero construiu sobre as cinzas um novo e espetacular palácio seu prestígio ficou bem abalado. Os boatos começaram a tomar conta de Roma dizendo que o imperador havia colocado fogo na cidade para abrir espaço para sua "casa dourada". Além disso a perversidade de Nero contra os membros daquela nova seita chamada cristã era um fato que mesmo seus maiores defensores não conseguiam negar. Segundo fontes antigas Nero mandava que os cristãos - homens, jovens, idosos, mulheres e até crianças - fossem crucificados e depois queimados vivos, enquanto ele desfrutava de seu banquete noturno. Como defender um psicopata dessa magnitude?
Por fim, Nero também não consegue escapar das inúmeras mortes que promoveu, não apenas de seus adversários políticos mas também de seus próprios familiares. Ele teria matado a mãe, seu irmão e duas esposas, uma inclusive grávida e morta a pontapés pelo insano tirano! Outro ponto que obscurece seu retrato moderno é a sua vida recheada de escândalos sexuais. Nero era considerado um estuprador de mulheres jovens e virgens e também de matronas casadas. Mas quem pensa que ele era um hetero convicto se engana. Nero era um homossexual passivo o que chocava a sociedade romana que considerava isso uma indignidade para um homem de sua posição. Era coisa de grego na cabeça dos romanos. Para piorar também tinha acessos de travestismo, onde se pintava e vestia roupas de mulher, andando como um verdadeiro travesti dos dias atuais. Pois é, redimir o velho Nero vai ser um pouco mais complicado do que pensam seus defensores ferrenhos!
Pablo Aluísio
domingo, 23 de março de 2008
Imperador Romano Heliogábalo
Seu nome real era Vário Avito Bassiano e seu nome imperial de Heliogábalo veio da fixação que tinha por essa divindade oriental. Ele acreditava que Heliogábalo era o único Deus. Diante disso implantou uma violenta persequição religiosa contra cristãos e até mesmo pagãos, seguidores dos deuses romanos tradicionais. Vestindo trajes de pura seda, espalhafatosos e com jeito afeminado de ser, podia ser tão violento como qualquer outro gladiador das arenas romanas. Ele se deliciava ao ver o sofrimento das pessoas. Sua personalidade tinha traços claros de psicopatia. Ao acordar já ia perguntando aos seus auxiliares mais próximos: "Quem vamos matar hoje? Quero me divertir!"
Pedófilo, adorava a parte de sua divindade que exigia sacrifícios humanos de jovens rapazes. Ele violentava esses adolescentes romanos indefesos e depois oferecia suas vidas para o estranho Deus Sírio. Em pouco tempo todos estavam sabendo que o novo imperador era um pederasta violento e atroz.Também chocou a todos quando tomou como amante um escravo forte que havia sido gladiador. O imperador não escondia de ninguém que ele era seu amante. Publicamente trocavam gestos de carinhos e perversão. As famílias romanas ficaram horrorizadas com aquele espetáculo grotesco.
Também era sádico. Mandou matar todo romano que pudesse representar uma ameaça ao seu poder. Com o ímpeto da juventude mandou matar senadores e transformou suas esposas em prostituas. Fazia encenações grotescas, colocando mulheres nuas em desfiles de bigas de cavalos, chocando as famílias romanas mais tradicionais. Promovia orgias, como nos tempos de Calígula e depois de satisfazer suas maiores perversões sexuais mandava que feras selvagens como leões e tigres fossem soltos em cima de seus convidados. Não tinha o menor respeito pela vida humana e promovia massacres em populações que demonstrassem a menor reação contra seu governo.
Começou rapidamente a ser odiado pelo povo. Heliogábalo também tinha problemas ao seu lado. Seu irmão Alexandre Severo era bem mais admirado pelos militares. O jovem imperador assim tentou seguir os passos de Caracala, tentando matar o próprio irmão, mas sem sucesso. Conforme o tempo foi passando e todos perceberam que era um maníaco inútil, conspirações começaram a surgir de todos os lados. Acabou sendo encurralado por soldados no palácio. Sua mãe tentou defendê-lo, mas acabou tendo o mesmo destino do filho. Ambos foram decapitados. Depois seus corpos nus foram arrastados pelas ruas de Roma, com aplausos da plebe. Os patrícios também celebraram a morte daquele louco violento. Depois de serem trucidados pelas ruas, seus restos mortais foram jogados no Rio Tibre.
Com sua morte, Alexandre Severo foi celebrado e finalmente levado ao poder máximo. As estátuas de Heliogábalo foram então derrubadas e destruídas pelo povo. Foi um dos mais odiados imperadores da história de Roma. As pessoas queriam apagar sua memória. Foi considerado o pior imperador da dinastia Severo, que estava com seus dias contados. No total ficou apenas 4 anos no poder. Seu nome foi devidamente jogado na lata de lixo da história pelos romanos.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 14 de março de 2008
A Paixão do Imperador Adriano
Embora fosse casado com uma importante mulher romana, Adriano gostava mesmo da companhia de jovens rapazes. Ele foi um homossexual praticamente assumido o que causava escândalo em certos setores da sociedade romana. A questão era que Adriano amava a arte grega, sua literatura e seu modo de vida. Naquela época o homossexualismo era extremamente difundido entre os gregos e ser gay era praticamente um pré requisito para ser um verdadeiro grego. Com o poder em mãos Adriano se jogou numa vida de pura luxúria homossexual. Viajou praticamente durante todo o seu período como imperador, ficando pouco tempo na capital do império, Roma. Durante essas viagens Adriano se entregou a todos os tipos de prazeres pervertidos. Centenas de jovens bonitos, todos menores de idade, foram para a cama com ele. Sim, além de ser homossexual, Adriano também era pedófilo, como havia sido Tibério antes dele.
Um desses meninos porém virou a cabeça do imperador. Ele se chamava Antínuos e era considerado um dos jovens mais bonitos da Grécia antiga. Adriano se apaixonou completamente pelo rapazola. Mandou que os principais poetas romanos lhe escrevessem longos poemas de amor e passou a exibir ostensivamente sua paixão por onde passava. Seu romance porém foi breve. Durante uma viagem pelo Egito Antínuos sofreu um acidente, caindo do navio imperial, se afogando nas águas barrentas do Rio Nilo. A morte de seu amado abalou profundamente o Imperador que inconsolável resolveu que todos os habitantes do império romano deveriam tratar seu jovem namorado como a um verdadeiro Deus dali para frente. Inaugurou estátuas sagradas em honra a Antínuos, mandou construir templos em sua honra e assumiu de maneira completamente pública seu grande amor homossexual pelo jovem (que segundo fontes não teria nem ao menos 17 anos de idade ao morrer). Pela primeira vez na história um Imperador romano era ostensivamente homossexual e pedófilo, para todos verem.
Duas religiões porém se negaram a aceitar Antínuos como um Deus! A primeira foi o Judaísmo. Era impossível para um judeu aceitar um rapaz como aquele, homossexual e pederasta, como uma divindade que estivesse no mesmo patamar que seu amado Deus único! Adriano ficou possesso com isso e mandou seus exércitos praticamente destruírem Jerusalém. A guerra que se iniciou foi uma das mais violentas da história culminando com a destruição de vários templos judaicos, profanações de seus lugares sagrados, crucificações em massa e morte. Adriano praticamente destruiu a cidade, expulsou os judeus sobreviventes e mudou o nome de Jerusalém para Élia Capitolina. O culto ao Deus dos judeus foi proibido. Orações só poderiam ser feitas agora para seu jovem namorado falecido. Para completar e mostrar força mandou destruir um importante templo judeu, erguendo em seu lugar um recinto religioso dedicado a orações para Zeus e seu amante juvenil, Antínuos.
Outra religião nascente que também trouxe muitas resistências a Adriano foi o Cristianismo. Seus seguidores acreditavam que Jesus era o Messias enviado por Deus. Crucificado por Roma ele teria ressuscitado do mundo dos mortos para a salvação da humanidade. Havia uma forte moralidade dentro do cristianismo que combatia de forma veemente o homossexualismo que Adriano tanto tentava propagar no império. Bastou isso para que o imperador ordenasse inúmeras perseguições a líderes cristãos. Qualquer um que fosse reconhecido como membro dessa seita religiosa deveria ser crucificado ou jogado aos leões nas arenas romanas. Quando Adriano soube que o tal Jesus Judeu havia sido crucificado no lugar chamado de Gólgota ordenou imediatamente que no mesmo lugar fosse erguido em templo em honra a Afrodite, a Deusa do Amor e do Erotismo. Adriano também mandou editar leis que ordenavam a prisão de qualquer religioso que se levantasse contra os seus padrões de comportamento. Bastava a citação de que o homossexualismo seria um pecado mortal para que o insurgente fosse condenado às mais duras penas do Império Romano.
Após a morte do imperador o culto ao novo deus Antínuos foi desaparecendo do Império. Os próprios imperadores que o sucederam chegaram na conclusão que era um absurdo transformar um jovem rapaz homossexual, amante de Adriano, em uma divindade. Muitos inclusive alegaram que fatos assim só serviam para destruir ainda mais a religião pagã e politeísta do antigo Império. Com isso Antínuos foi paulatinamente desaparecendo dos grandes templos, caindo rapidamente em esquecimento. Enquanto isso o Cristianismo baseado na vida daquele pobre homem morto em Jerusalém foi ganhando cada vez mais adeptos até se tornar a maior religião do mundo em todos os tempos.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 11 de março de 2008
Diocleciano, o Assassino de Cristãos
General habilidoso no campo de batalha esse novo imperador não tinha muita paciência ou diplomacia para lidar adequadamente com os assuntos de Estado. Assim muitas vezes resolvia os problemas administrativos e sociais da mesma forma que agia no campo de batalha: matando e passando no fio da espada todos os que se atrevessem a cruzar seu caminho. Ele promoveu reformas tributárias e procurou reorganizar o caos que reinava em muitas províncias romanas. Em 303 Diocleciano determinou que aquela estranha religião chamada cristianismo deveria ser varrida dos territórios de Roma. Implantou pena de morte para quem seguisse esse Cristo, um Deus proveniente da Judeia. Para Diocleciano uma das razões da decadência do Império era justamente o abandono por parte dos romanos dos antigos rituais em honra aos seus deuses, como Marte, o deus da guerra e Baco, o deus do vinho. Os templos começavam a ficar vazios pois a cada ano aumentava o número de seguidores do Cristo dentro da própria Roma. Para Diocleciano a morte de cristãos iria inibir novas conversões.
Assim de 303 a 311 houve assassinatos em massa de comunidades cristãs pelo império. Para dar o exemplo o imperador ordenou aos seus generais que as penas fossem cumpridas com extrema brutalidade. Torturas e execuções em massa fizeram com que o chão do império ficasse impregnado do sangue dos mártires cristãos. Segundo historiadores a fúria de Diocleciano deu origem a mais sangrenta perseguição aos cristãos da história - nada poderia ser comparado ao número de mortes promovidas pelo general imperador, nem mesmo Nero que se notabilizou por tantas mortes poderia ser comparado a ele nesse aspecto. Para chocar ainda mais os adeptos da nova religião o imperador ordenou que todos os cristãos fossem crucificados tais como o seu mestre judeu. Cruzes podiam ser vistas por todas as estradas imperiais.
A morte não foi apenas a única pena aplicada. Lugares que eram usados para cultos, chamados de igrejas pelos seguidores do Cristo, foram destruídos e queimados. Qualquer funcionário do Império que fosse descoberto cristão perdia imediatamente seu cargo e sua vida. Relíquias e objetos tais como cruzes ou qualquer outro sinal que lembrasse o Cristo judeu era destruído e seus donos penalizados brutalmente. O que Diocleciano não contava era que sua perseguição acabaria criando um efeito contrário ao que ele planejava. Ao invés de diminuir o número de cristãos aconteceu justamente o oposto - a coragem dos mártires acabou inspirando milhares de romanos a também seguirem a nova fé. Em pouco tempo o número de cristãos em Roma duplicou e depois triplicou! Diocleciano ficou chocado com essa situação.
Para piorar ainda mais a situação o próprio governo do imperador começou a ruir. A tetrarquia foi desfeita, as fronteiras do império invadidas e o exército romano já bastante cristianizado começou a sofrer de indisciplina e desordem em suas fileiras. O imperador começou a ser visto como um assassino cruel e sanguinário. A inflação se tornou crônica e a economia imperial entrou em colapso. O imperador acabou morrendo na distante Croácia, em pleno campo de batalha, aos 66 anos de idade, enquanto Roma passava por graves e conturbadas convulsões sociais. Ele que havia governado pela espada, também morreria por causa dela! Anos depois de sua morte os cristãos decidiram erguer uma Igreja em cima de sua tumba em Split na Croácia. A nova catedral foi construída em honra de São Domingos. Um monumento cristão sobre os despojos de um Imperador que passou para a história como um dos maiores assassinos de cristãos da Roma Antiga. O Cristianismo assim triunfava sobre a antiga religião pagã e seu imperador homicida.
Pablo Aluísio.
domingo, 9 de março de 2008
Augusto
Quando Jesus Cristo nasceu o imperador que reinava em Roma era Augusto, o divino! Claro que na realidade ele não era divino coisa nenhuma, porém Augusto foi considerado um administrador tão capaz do Império que acabou sendo aclamado como uma divindade, com direito a um lugar no panteão romano dos deuses, algo que era aceito naturalmente dentro da religião politeísta do povo romano. O próprio título que lhe foi atribuído, Augusto, significava justamente isso, o de um ser humano que ao morrer se tornou um Deus glorioso!
O mais interessante é que Augusto foi de certa maneira um imperador improvável. Ele era um patrício de família nobre, mas nada em sua infância e juventude poderia antecipar que um dia ele se tornaria um imperador romano com tanto poder! Na realidade quando nasceu Caio Otávio (seu nome real) nem sequer existiam imperadores em Roma, já que seu nascimento se deu na fase da República romana. Sua única ligação com o poder era o fato de ser o sobrinho do grande general, orador e político Júlio César. Amado pelos seus soldados e pela plebe (a grande massa empobrecida do império), Júlio César acabou centralizando praticamente todo o poder de uma Roma em seu auge. Quando se deu conta ele praticamente havia se tornado um verdadeiro rei - algo que dava arrepios no senado romano. Assim para conter sua sede de poder ele acabou sendo morto brutalmente por senadores que o esfaquearam em pleno senado nos idos de março.
A morte de Júlio César mudou a vida de Otávio para sempre. Poucos sabiam, mas ele acabou sendo nomeado o herdeiro de César em seu testamento, o que significava que ele herdaria todos os seus bens e também seu legado político. Depois de um período realmente conturbado - onde um triunvirato subiu ao poder, sendo Otávio um de seus vértices - ele finalmente se acomodou no trono em Roma, se tornando não um rei, mas sim um imperador, um novo título que iria dominar a política romana nos séculos seguintes.
Sob um ponto de vista histórico Augusto foi um bom imperador. Ele reorganizou o Estado romano, criou instrumentos para equilibrar as finanças, organizar o exército e preservar as vastas fronteiras de um Império que dominava praticamente todo o mundo ocidental conhecido. Ao cessar as invasões a povos vizinhos de Roma ele conseguiu implantar um momento histórico de paz e prosperidade em Roma. A "pax romana" significava justamente isso: havia pela primeira vez em séculos um período de paz absoluta dentro das fronteiras romanas. Uma de suas maiores satisfações foi justamente fechar as portas do templo de Marte (o Deus da guerra) em Roma, um gesto que significava que todo o império se encontrava em paz, sem guerras e nem matanças de povos inimigos.
Augusto viveu muito para um homem da antiguidade, mais de 75 anos de idade. Ele era magro, tinha hábitos moderados, comia pouco, trabalhava muito e procurava administrar toda a máquina estatal romana com honestidade, responsabilidade e justiça, premiando os melhores homens do império por suas qualidades pessoais e competência. Embora Jesus tenha sido provavelmente o maior homem que já andou na face da Terra, o imperador Augusto morreu sem saber de sua existência. Afinal de contas Jesus nasceu numa distante província romana. Além disso quando Augusto morreu o jovem Jesus era apenas um garoto de 14 anos, ainda entrando na sua puberdade.
Aliás para muitos historiadores o único grande fracasso da vida do imperador Augusto foi justamente no campo religioso. Como imperador ele foi alçado ao cargo máximo da religião romana. E ele levou muito à sério essa função, promovendo uma série de leis de moralidade a serem seguidas pelo povo de Roma. Infelizmente suas leis foram desrespeitadas por sua própria filha, Júlia, que promoveu uma orgia em um templo sagrado na cidade eterna. Horrorizado e escandalizado por sua atitude ele a baniu para sempre para uma ilha distante e isolada. Augusto não admitia ser desmoralizado como chefe da religião pagã de Roma. Depois de sua morte todos os seus esforços foram reconhecidos pelo povo de Roma, a ponto de um mês do ano ser renomeado em sua homenagem: o mês de agosto, o mês de Augusto, o Divino.
Curiosidades sobre Augusto
Embora tenha sido considerado um bom imperador, Augusto precisou banhar suas mãos em sangue, muito sangue, como era comum na Roma Antiga. Quando sufocou uma rebelião na Sicília, se viu diante de um exército de escravos. Os que tinham donos foram entregues de volta. Para aqueles que não se sabia a quem pertenciam, ele mandou matar todos. Foram crucificados de uma só vez mais de 6 mil homens de acordo com alguns dados históricos.
Augusto também mandou matar muitos senadores e figuras importantes da história da república romana, entre eles o grande orador e político Cícero. Para que a república morresse e o império surgisse no horizonte em Roma, muitas pessoas importantes da cidade foram assassinadas. Isso de certa maneira mancha a biografia desse imperador, muitas vezes retratado como um homem sensato. Na hora que foi necessário mandar para a morte seus inimigos, Augustus não pensou duas vezes.
Augusto também era considerado um homem de estatura baixa e de composição física frágil. Um dos problemas em sua biografia era a falta de conquistas militares para estampar no fórum de Roma. Ele nunca chegou nem perto de ter um histórico militar de batalhas como seu tio-avô Júlio César. Com isso foi necessário que algumas vitórias de seu general Agripa fossem creditadas como vitórias de Otávio Augusto. Ele poderia ser considerado um líder inteligente e astuto, mas nunca foi um soldado romano de legião.
Historiadores concordam que Augusto só teve dois amigos verdadeiros em vida, o general Agripa, seu amigo desde a infância e o rico mercador Mecenas. Ambos faziam parte da vida privada de Augusto, eram amigos próximos realmente, pessoas com quem ele falava abertamente e sobre todos os assuntos do império. Augusto não gostava e nem confiava em seu enteado Tibério, que iria se tornar o imperador romano com sua morte. Augusto considerava Tibério muito limitado intelectualmente, algo que iria se revelar verdadeiro nos anos seguintes à morte de primeiro imperador.
Pablo Aluísio.