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domingo, 3 de novembro de 2024

Imperador Romano Caracala

Imperador Romano Caracala
Era o segundo filho do imperador Sétimo Severo. O irmão mais velho, Geta, era o preferido do pai. Antes de morrer o velho imperador determinou que o império seria dividido entre seus dois filhos. As legiões gostavam de Geta, que era um belo jovem, muito atlético, alto e com uma personalidade que agradava aos soldados. Era parecido com o próprio pai e era visto como um jovem educado e cortês. Caracala, por outro lado, era baixo, feio e cheio de ressentimentos. Mal seu  pai faleceu e ele começou os planos para matar o próprio irmão Geta. Acabou sendo bem sucedido. Mandou assassinos para o quarto dele e quando esse foi esfaqueado caiu na frente de sua mãe Júlia. Foi um trauma que ela nunca mais superou. 

Assim Bassiano (seu nome real) subiu ao trono com o título de Caracala, um nome inspirado no manto púrpuro que carregava em seu treja imperial. Esse seria um dos piores imperadores da história de Roma. Caracala era ressentido, cheio de ódio e perversidade. Assim que se tornou imperador começou uma política de perseguição e assassinato contra todos os seus inimigos, fossem eles reais ou imaginários. Uma de suas vítimas foi o grande jurista Papiniano, um dos maiores nomes da história do Direito Romano. Ele se recusou a defender a morte de Geta. Acabou sendo assassinado com requintes de crueldade por assassinos contratados pelo imperador. No total, estimam os historiadores, Caracala mandou executar mais de 20 mil pessoas, entre juristas, poetas, escritores, militares, senadores e pessoas do povo em geral. 

Era um assassino de massas, mas Caracala, que tinha péssima popularidade entre o povo romano, se via como o novo Alexandre, o Grande. O povo ria dessa comparação. Dizia-se nos becos da grande cidade que ele não conseguia passar de uma "imitação barata perto do verdadeiro Alexandre". A simples difusão desse tipo de ofensa era punida com morte pelo Imperador. Ele odiava em especial aqueles que o ridicularizavam. Grafites nos muros da cidade eterna porém o desafiavam. Seus opositores escreviam coisas cmo "Geta é o verdadeiro imperador" e "Feioso Caracala, assassino do irmão!". 

Enfurecido, Caracala decidiu viajar pelas províncias, deixando Roma para trás. Nunca mais retornou para a capital do império. E continuou sendo odiado por onde chegava. Ao chegar em Alexandria, a famosa cidade fundada pelo próprio Alexandre, o Grande, pensou que seria recebido como o próprio Alexandre, só que o povo o ignorou completamente. Diziam aos risos: "É esse o tal que ousa se comparar com o grande Alexandre Magno?"

Enfurecido, promoveu um massacre entre o povo de Alexandria. Foi seu último erro. Uma grande rebelião explodiu na grande cidade e Caracala se viu cercado por inimigos por todos os lados. Acabou sendo morto por um legionário de sua própria tropa. Tal como o irmão, foi morto com um punhal! Depois seu corpo foi jogado em um matagal próximo. A própria mãe dele, Júlia, respirou aliviada. Caracala, cada vez mais paranoico e violento, dizia que iria matar sua mãe ao retornar para Roma. Felizmente para o povo, isso nunca iria acontecer. 

Pablo Aluísio. 

Imperador Romano Sétimo Severo

Imperador Romano Sétimo Severo
Dois séculos depois da morte de Cristo, o Império Romano continuava sua longa jornada de decadência social, moral e política. O cargo de Imperador era descaradamente vendido pelos guardas pretorianos. Quem pagasse mais, levava o Império. Assim subiram ao poder homens ricos, mas inescrupulosos, corruptos que desejavam apenas saquear os tesouros imperiais. A situação ficou tão absurda e afrontosa que muitos governadores de provinciais se revoltaram contra essa situação. 

Entre esses governadores estava Sétimo Severo. Ele reuniu uma grande legião e marchou em direção a Roma. Após uma guerra civil bem sangrenta finalmente recebeu o apoio político e militar dos demais governadores e se tornou o novo Imperador de Roma, prometendo colocar ordem na anarquia e no caos, varrendo da cidade eterna os políticos corruptos e os militares sem honra. 

Seu primeiro ato como Imperador foi acabar com a guarda Pretoriana. Criada por Augusto, essa ordem militar se tornou um elemento nocivo para o Império. Seus membros estavam vendendo cargos públicos em troca de dinheiro e propriedades. Eles também foram responsáveis pela morte de vários imperadores no passado. Então era mesmo um elemento a ser destruído dentro do império. Vários guardas pretorianos foram presos por seus crimes e outros fugiram para não caírem presos também. 

Outra investida de Sétimo Severo foi o Senado. Havia um grupo de senadores corruptos. Doze deles em especial foram presos e condenados à morte. Depois disso o novo imperador nomeou homens de sua confiança ao Senado e entregou as forças do império para militares honrados e honestos que tinham demonstrado seu valor no campo de batalha. 

Com os políticos certos no Senado e com o controle do poderio militar, finalmente o Imperador conseguiu governar em paz. E fez um bom governo a ponto de ter grande popularidade entre o povo romano. Na política externa enfrentou uma grave rebelião de um império vizinho que dominava a região da Mesopotâmia. Sagrou-se vencedor nessa guerra e construiu um arco de triunfo em celebração a essa grande vitória. O Imperador Sétimo Severo viveu até a idade de 65 anos e morreu de gota. Não foi assassinado como havia acontecido com muitos outros Imperadores do passado. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 27 de outubro de 2024

Imperador Romano Commodus

Imperador Romano Commodus
Cômodo (do latim Commodus) era o filho do bom imperador Marco Aurélio. Dessa maneira ele sempre teve do bom e do melhor desde criança. Cresceu no luxo e na riqueza. Era o herdeiro ao maior império do mundo. Talvez por essa razão também criou todos os vícios que se possa imaginar desde muito jovem. Não gostava de estudar, de trabalhar e nem se interessava pelo Império como um todo. Queria apenas desfrutar de sua riqueza e da influência e poder do pai imperador. 

Quando Marco Aurélio morreu todos em Roma ficaram receosos. Commodus não era o homem certo para assumir o maior império do mundo. Ele era considerado um tolo, um frívolo e em muitos aspectos um imbecil. Também tinha uma personalidade muito tóxica e vil. Não tinha nenhum grande valor pessoal. Era egoísta, mesquinho e não via nenhum problema em matar as pessoas que ficavam em seu caminho. E os erros começaram logo cedo em seu governo. Logo de começo decidiu retirar as tropas romanas das fronteiras da Germânia. Ele não queria morrer naquela fronteira como havia acontecido com seu pai. 

Foi um grande erro pois com a saída das legiões romanas o Império ficou sem defesa em suas fronteiras. Não demorou muito e multidões de povos bárbaros começaram a invadir vilas romanas por todo o império. O caos havia se instalado e dessa vez esses povos indefesos não contavam mais com a proteção militar de Roma. Muitos massacres foram promovidos, milhares morreram nas mãos dos Germânicos, Vândalos e Visigodos, entre outros grupos de menor expressão. 

Enquanto seu povo era massacrado pelos bárbaros, Commodus passava o dia treinando com gladiadores pois ele era louco pelos violentos jogos de arena em Roma. Negligenciou a administração imperial e jogou tudo nas mãos de pessoas que se diziam suas amigas. O problema é que eles eram parasitas, corruptos e ex-escravos que não tinham nenhuma afeição ou elo de ligação com a nação romana. Eles apenas queriam a riqueza dos cofres públicos e nada mais. 

Com tantos roubos, o povo romano começou a passar fome, mas o imperador ignorou tudo. Mandou executar seus inimigos e acabou sendo alvo de uma grande conspiração que planejava sua morte. Inicialmente envenenaram sua comida, mas Commodus sobreviveu. Depois compraram um lutador conhecido como Narciso de que o imperador gostava muito e que gozava de sua intimidade, a ponto de frequentar seus aposentos privados. Durante o banho do imperador esse lutador o imobilizou e terminou por estrangulá-lo. Era o ano de 192 e o imperador foi assassinado com apenas 31 anos de idade. Sua morte significou o fim de sua dinastia, conhecida como Nerva-Antonina. No cinema esse imperador acabaria imortalizado no grande sucesso "Gladiador". 

Pablo Aluísio. 

domingo, 6 de outubro de 2024

Imperador Romano Marco Aurélio

Imperador Romano Marco Aurélio
Ele foi considerado pelos historiadores como um dos melhores imperadores romanos de sua era. E também era considerado um homem sábio, um filósofo, fundador de uma escola de filosofia que iria ser conhecida nos séculos que viriam como Estoicismo. E de estoico realmente tinha muito. Ele passou quase toda a sua vida de imperador nos campos de batalha, principalmente na sangrenta e violenta fronteira da Germânia, onde existiam povos bárbaros que jamais iriam se render ao poder de Roma. 

Vivendo entre seus soldados, enfrentando as durezas daquela guerra que parecia não ter mais fim, Marco Aurélio acabou escrevendo seus pensamentos e esses textos sobreviveram ao passar dos séculos, dando origem a grupos de estudo de seu estoicismo. Neles, Marco Aurélio pregava o auto controle de cada pessoa diante das inúmeras adversidades da vida, dos revezes, das derrotas. Nunca capitular, sempre levantar a cabeça e partir para a próxima batalha. Aguentar firme e com coragem os desafios impostos pela vida. 

Ele foi considerado um dos imperadores mais simples e leais da história romana. Comia a mesma comida dos legionários, ficava ao lado deles, muitas vezes dormindo no meio da lama. Era adorado por seus soldados por causa dessas atitudes. Infelizmente apenas ele era um homem estoico em sua família. E ele teve muitos problemas familiares, principalmente em relação ao seu filho e sua esposa. 

O filho, herdeiro do trono, chamado de Comodus, era um homem frívolo e muito irresponsável. Queria passar seus dias em bebedeiras e casas de prostituição. Seu sonho não era ser imperador, mas sim gladiador, por isso passava semanas dentro dos campos de luta de gladiadores. Para os romanos, aquilo era um grande escândalo. Os gladiadores em sua grande maioria eram escravos. Um herdeiro ao trono de Roma estar no meio daquela gente era considerado uma grande desonra para a família de Marco Aurélio. 

O pior aconteceu com a imperatriz, esposa de Marco Aurélio. Enquanto o marido vivia longe de Roma em operações militares, ela se tornou amante de um general romano. E quando correu um boato em Roma de que o Imperador havia sido morto na Germânia, ela tentou dar um golpe de Estado, colocando seu amante como o novo imperador. Marcou Aurélio não teve outra alternativa. Voltou para Roma, derrotou os golpistas e teve que executar a própria mulher. Foi um capítulo de sua vida que ele lamentaria até o fim de seus dias. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 1 de setembro de 2024

Imperador Romano Décio

Imperador Romano Décio
Em junho do ano 251 uma notícia abalou o Império Romano. O imperador Caio Méssio Quinto Trajano Décio havia sido morto no campo de batalha! Ele foi atravessado por uma espada bárbara enquanto lutava contra os Godos em uma província distante. Era a primeira vez na história que um imperador romano era morto dessa maneira, lutando contra invasores Godos que tinham cruzado as fronteiras do Império, causando morte e destruição por onde passavam. Seu filho mais velho, Felipe, também havia sido morto alguns dias antes. Mesmo com a morte daquele que seria o herdeiro do trono, o Imperador não se abalou e continuou na luta, até ser ele mesmo morto em combate. No dia em que morreu, o Imperador e seus legionários foram surpreendidos ao descobrirem que o exército inimigo contava com mais de 100 mil homens, enquanto as legiões romanas tinham em suas fileiras apenas 70 mil para o combate! 

Esse fato demonstrava bem que Roma já não conseguia mais parar as invasões de povos vindos do norte da Europa, povos esses que os romanos chamavam de bárbaros, pois não falavam nenhuma língua clássica (latim ou grego) e tampouco tinham os costumes e a cultura do povo romano. Foi um choque saber que a legião comandada pelo Imperador havia sido derrotada e dizimada. Isso mostrava acima de tudo que o Império estava sem forças militares para deter esses povos que viviam além da fronteira romana. 

O Imperador Décio decidiu seguir com suas legiões para deter os Godos após pedidos de socorro alarmantes chegarem em Roma. Várias cidades e vilas romanas tinham sido saqueadas e brutalizadas por esses bárbaros. Os Godos eram saqueadores. Eles entravam dentro do Império Romano para invadir suas cidades para roubar, matar e escravizar. Não tinham a intenção de viver dentro do Império, mas apenas em saquear essas regiões. Por essa razão era complicado combater esses bárbaros que viviam em movimento, sem parar em lugar nenhum. Após saquear uma região iam para outra, para promover novos saques e crimes diversos. 

Por esses tempos o Império passava por várias crises. Há anos os romanos combatiam os Germanos em terras distantes. Já havia perdido grande parte de seu território contra povos bárbaros que viviam na Britânia (atualmente Reino Unido), na Hispânia (atual Espanha) e na Gália (atual França). Até mesmo em províncias distantes, como no Norte da África e na Judéia explodiam rebeliões cada vez mais violentas e duradouras. Parecia haver guerras por todos os lados e o exército romano já não dava mais conta de tantas invasões e conflitos. A morte do Imperador Décio só aprofundou ainda mais essa crise que parecia não ter mais fim dentro do maior império que a humanidade já havia visto em sua história. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 11 de agosto de 2024

Imperador Romano Justiniano

Imperador Romano Justiniano
Quem cursou Direito certamente ouviu falar muito desse Imperador do Império Romano do Oriente, também conhecido como Império Bizantino. Justiniano foi um nome muito importante na história do Direito Romano. Foi ele que mandou formar uma comissão de juristas para catalogar e reunir em apenas um Codex (Código) todas as leis que estavam circulando dentro do Império. Havia uma infinidade de leis esparsas, das mais diferentes épocas de Roma e ninguém sabia ao certo quais ainda estavam em vigor e quais tinham sido revogadas. Diante dessa bagunça e insegurança jurídica, Justiniano criou o primeiro código de leis escritas da história, o que iria dar origem uma nova modalidade de documento jurídico que iria ser seguido pelos séculos seguintes pelos mais diferentes povos do planeta. 

Essa código pioneiro ficou conhecido como Corpus Juris Civilis. E foi considerado o primeiro Código Civil da história, muito embora também trouxesse leis de direito público, inclusive de administração imperial. Mas Justiniano não parou por aí. Ele também mandou organizar os inúmeros decretos imperiais que existiam por todo o vasto território romano. Isso daria origem a uma Constituição Imperial, a primeira que se tem notícia. Muitos gostam de dizer que a Constituição dos Estados Unidos foi a primeira constituição da história, mas esse é um erro. Antes dela existiu a Constituição Imperial de Justiniano. Foi um marco e também acabou se tornando um de seus maiores legados históricos. 

E Justiniano não resumiu sua importância histórica ao campo das leis. Ele também foi o último imperador romano a reunificar os dois lados do Império, formado pelo Império Romano do Ocidente (com capital em Roma) e o Império Romano do Oriente (com capital em Constantinopla). Era um velho sonho do imperador e ele conseguiu esse feito. Infelizmente a unificação não sobreviveu muitos anos após sua morte. O Império Romano do Ocidente estava sendo constantemente invadido por diversos povos bárbaros e não havia exército no mundo que conseguiria deter esses avanços. Não tardou muito e Roma voltou a cair após a morte de Justiniano. Já o Império Romano do Oriente teria existência muito mais longa, só caindo mesmo no século XV, com a invasão do Império Otomano.

Curiosamente na vida privada Justiniano enfrentou diversos problemas. Ele se apaixonou perdidamente por uma artista de circo chamada Teodora. Isso era um escândalo na época porque segundo a tradição o Imperador deveria se casar com alguma mulher nobre, das famílias mais tradicionais. Só que Justiniano era um daqueles homens românticos sem salvação. Ele pagou o preço e fez dessa mulher artista sua imperatriz. Também demonstrava ser controlado por ela, o que chocava a alta nobreza bizantina. De qualquer maneira o Imperador lhe foi fiel até sua morte. Esse entretanto foi apenas um capítulo menor de sua vida, uma vez que seu maior legado mesmo foi no mundo do Direito. Nesse campo ele realmente foi um dos nomes mais importantes da história romana. 

Pabllo Aluísio. 

domingo, 14 de julho de 2024

Imperador Romano Constantino

Imperador Romano Constantino
Constantino sempre será lembrado pela História por ter sido o imperador romano que trouxe liberdade religiosa aos cristãos. Mais do que isso, ele próprio se tornou o primeiro imperador romano cristão da História. E isso é bem curioso, porque Constantino foi criado dentro da corte do Imperador Diocleciano, um dos mais implacáveis e notórios perseguidores de cristãos de todos os tempos. Um verdadeiro genocida assassino. Ao que tudo indica Constantino não seguiu seus passos. Ao contrário disso herdou o temperamento mais moderado de seu pai, o governador Constâncio, que nunca perseguiu o cristianismo nas províncias em que comandava. 

O pai de Constantino era um homem bem racional. Tanto que simplesmente ignorava os decretos de Diocleciano que mandavam identificar, prender e matar todos os cristãos. Na época Constâncio era governador de vastas terras que iam desde a Britânia (atual Inglaterra), passando pela Hispânia (Espanha) e Gália (atual França). Nessas regiões os cristãos exerciam sua fé e seus cultos sem medo de violência por parte do Estado Romano. 

Quando seu pai morreu e Diocleciano faleceu, muito provavelmente envenenado, Constantino começou a lutar pelo poder imperial. Nessa fase o Império Romano estava muito fragmentado. Unir o Império sob um mesmo Imperador era de fato um desafio. Afirma a lenda que antes de uma das mais importantes batalhas contra esses demais usurpadores do poder, Constantino teve uma visão. Um símbolo cristão surgiu entre as nuvens e ele ouviu a frase "Com esse símbolo vencerás". Foi o que fez Constantino. Mandou pintar o símbolo cristão nos escudos dos legionários e assim se tornou vitorioso no campo de batalha. 

Depois de muitas lutas e guerras, Constantino finalmente se tornou o único Imperador do Império Romano. Ele reunificou novamente esse grande centro de poder. Mandou construir uma grande cidade chamada Constantinopla, em honra e glória às suas conquistas. Uma cidade planejada, feita para ser a nova capital do Império. Séculos depois iria mesmo se tornar a capital do Império Romano do Oriente, mais conhecido como Império Bizantino. 

Em Roma porém o Imperador, senhor do mundo, enfrentava problemas no seio de sua própria família. Intrigas palacianas colocaram de um lado sua esposa Fausta, sua mãe Helena e seu filho Crispo, o herdeiro da Roma Imperial. No final de todas as brigas sua família estava destroçada. O amado Crispo estava morto, assim como sua esposa. Constantino havia mandado matar os dois. Jamais iria se perdoar dessas mortes. 

O peso de sua consciência foi grande. Constantino iria passar o resto de sua vida pedindo perdão ao novo Deus cristão, chamado Jesus Cristo. Para purgar o que aconteceu passou a construir inúmeras igrejas pelo império, inclusive a Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém e a primeira Basílica de São Pedro, que passaria a ser a nova sede da Igreja Católica. O local escolhido pelo Imperador foi o Monte Vaticano, onde Pedro havia sido crucificado de cabeça para baixo. Ali também existia um cemitério onde eram sepultados os inimigos do império, grande parte deles cristãos.  O Imperador também colocou toda a estrutura de Roma em favor dos seguidores dessa nova religião que começava a se alastrar por todo o Império. 

No final da vida, já velho e doente, Constantino resolveu se batizar. Foi o ato final para uma pessoa que agora abraçava publicamente a nova fé cristã. Até aquele momento Constantino havia evitado ser batizado, pois havia muitos interesses políticos e religiosos em jogo na Cidade Eterna Roma. De uma maneira ou outra ao sair das águas do Rio Tibre ele era agora oficialmente um cristão romano! Ele morreu em 337, pedindo fervorosamente perdão a Deus por os seus pecados em vida. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 26 de maio de 2024

A Paixão do Imperador Adriano

Vários imperadores romanos foram homossexuais. Essa era uma tradição que vinha desde Júlio César cujas inscrições pelas ruas de Roma diziam: "César, homem de muitas mulheres, mulher de muitos homens". Fazia parte do jogo político ter relações homossexuais com figuras importantes para subir na carreira política. O imperador Adriano porém se notabilizou por ter elevado a homossexualidade ao sagrado divino. Ele subiu ao poder após a morte de Trajano, um imperador nascido fora de Roma. Adriano também era natural da província da Hispânia (atual Espanha) e para muitos romanos não passava de um estrangeiro dentro do próprio Império. Segundo várias fontes Adriano teria conspirado com a própria mulher de Trajano para se tornar imperador. Uma vez entronado no poder supremo começou a perseguir violentamente todos aqueles que pudessem simbolizar uma ameaça ao seu poder.

Embora fosse casado com uma importante mulher romana, Adriano gostava mesmo da companhia de jovens rapazes. Ele foi um homossexual praticamente assumido o que causava escândalo em certos setores da sociedade romana. A questão era que Adriano amava a arte grega, sua literatura e seu modo de vida. Naquela época o homossexualismo era extremamente difundido entre os gregos e ser gay era praticamente um pré requisito para ser um verdadeiro grego. Com o poder em mãos Adriano se jogou numa vida de pura luxúria homossexual. Viajou praticamente durante todo o seu período como imperador, ficando pouco tempo na capital do império, Roma. Durante essas viagens Adriano se entregou a todos os tipos de prazeres pervertidos. Centenas de jovens bonitos, todos menores de idade, foram para a cama com ele. Sim, além de ser homossexual, Adriano também era pedófilo, como havia sido Tibério antes dele.

Um desses meninos porém virou a cabeça do imperador. Ele se chamava Antínuos e era considerado um dos jovens mais bonitos da Grécia antiga. Adriano se apaixonou completamente pelo rapazola. Mandou que os principais poetas romanos lhe escrevessem longos poemas de amor e passou a exibir ostensivamente sua paixão por onde passava. Seu romance porém foi breve. Durante uma viagem pelo Egito Antínuos sofreu um acidente, caindo do navio imperial, se afogando nas águas barrentas do Rio Nilo. A morte de seu amado abalou profundamente o Imperador que inconsolável resolveu que todos os habitantes do império romano deveriam tratar seu jovem namorado como a um verdadeiro Deus dali para frente. Inaugurou estátuas sagradas em honra a Antínuos, mandou construir templos em sua honra e assumiu de maneira completamente pública seu grande amor homossexual pelo jovem (que segundo fontes não teria nem ao menos 17 anos de idade ao morrer). Pela primeira vez na história um Imperador romano era ostensivamente homossexual e pedófilo, para todos verem.

Duas religiões porém se negaram a aceitar Antínuos como um Deus! A primeira foi o Judaísmo. Era impossível para um judeu aceitar um rapaz como aquele, homossexual e pederasta, como uma divindade que estivesse no mesmo patamar que seu amado Deus único! Adriano ficou possesso com isso e mandou seus exércitos praticamente destruírem Jerusalém. A guerra que se iniciou foi uma das mais violentas da história culminando com a destruição de vários templos judaicos, profanações de seus lugares sagrados, crucificações em massa e morte. Adriano praticamente destruiu a cidade, expulsou os judeus sobreviventes e mudou o nome de Jerusalém para Élia Capitolina. O culto ao Deus dos judeus foi proibido. Orações só poderiam ser feitas agora para seu jovem namorado falecido. Para completar e mostrar força mandou destruir um importante templo judeu, erguendo em seu lugar um recinto religioso dedicado a orações para Zeus e seu amante juvenil, Antínuos.

Outra religião nascente que também trouxe muitas resistências a Adriano foi o Cristianismo. Seus seguidores acreditavam que Jesus era o Messias enviado por Deus. Crucificado por Roma ele teria ressuscitado do mundo dos mortos para a salvação da humanidade. Havia uma forte moralidade dentro do cristianismo que combatia de forma veemente o homossexualismo que Adriano tanto tentava propagar no império. Bastou isso para que o imperador ordenasse inúmeras perseguições a líderes cristãos. Qualquer um que fosse reconhecido como membro dessa seita religiosa deveria ser crucificado ou jogado aos leões nas arenas romanas. Quando Adriano soube que o tal Jesus Judeu havia sido crucificado no lugar chamado de Gólgota ordenou imediatamente que no mesmo lugar fosse erguido em templo em honra a Afrodite, a Deusa do Amor e do Erotismo. Adriano também mandou editar leis que ordenavam a prisão de qualquer religioso que se levantasse contra os seus padrões de comportamento. Bastava a citação de que o homossexualismo seria um pecado mortal para que o insurgente fosse condenado às mais duras penas do Império Romano.

Após a morte do imperador o culto ao novo deus Antínuos foi desaparecendo do Império. Os próprios imperadores que o sucederam chegaram na conclusão que era um absurdo transformar um jovem rapaz homossexual, amante de Adriano, em uma divindade. Muitos inclusive alegaram que fatos assim só serviam para destruir ainda mais a religião pagã e politeísta do antigo Império. Com isso Antínuos foi paulatinamente desaparecendo dos grandes templos, caindo rapidamente em esquecimento. Enquanto isso o Cristianismo baseado na vida daquele pobre homem morto em Jerusalém foi ganhando cada vez mais adeptos até se tornar a maior religião do mundo em todos os tempos.

Pablo Aluísio.

domingo, 19 de maio de 2024

Imperador Romano Trajano

Imperador Romano Trajano
Trajano foi escolhido para ser o sucessor pelo próprio Imperador Nerva. Ele o adotou e determinou que assim que morresse, Trajano seria o novo imperador. Uma decisão que iria se revelar sábia com o passar dos anos pois certamente Trajano foi um dos imperadores romanos mais marcantes da história. Trajano foi desde o começo que subiu ao poder um imperador ponderado, racional, que não se arriscava em aventuras ou em maluquices como tinha acontecido com imperadores loucos como Nero ou Calígula. Ao contrário disso Trajano valorizava o Senado e as instituições romanos e por isso acabou se tornando muito bem sucedido. 

Trajano começou seu império tentando seguir os passos de seu antecessor Nerva. Ele investiu em melhorias na própria Roma, restaurando antigos edifícios públicos, revitalizando o fórum romano, considerado o verdadeiro coração político do império e também mandou reconstruir antigas pontes e estradas romanas que estavam em mal estado. Nesse aspecto acabou conquistando a aprovação do povo pois havia fatos concretos provando a competência do novo imperador. 

De formação militar Trajano também precisou enfrentar diversas rebeliões por todo o império. A mais complicada de resolver foi na província da Dácia, onde um líder rebelde se revoltou contra os romanos, chamando o império para uma guerra frontal. Foi uma rebelião complicada de sufocar, ceifando a vida de milhares de legionários. A Dácia se localizava na região onde hoje se encontra um país chamado Romênia. Foi tão grave a guerra travada ali que Trajano elaborou um plano de colonização com romanos após a vitória. Por essa razão a Dácia passou a se chamar România, algo como a pequena Roma. 

De rebelião sufocada em rebelião controlada as tropas de Trajano foram parar muito longe. Após conquistar o Oriente Médio, com a destruição dos exércitos árabes rebeldes, Trajano foi parar na fronteira com reinos indianos. Era o mesmo local onde um dia Alexandre, o Grande havia estado. Mostrando a grandiosidade do Império Romano, que naquele momento histórico se encontrava em sua expansão territorial máxima! 

Trajano até cogitou em tentar tomar a Índia, mas tal como Alexandre, ficou doente. Até hoje se especula o que teria acontecido com o Imperador. Uma das teses afirma que ele contraiu Malária, outra que foi envenenado após um banquete. Acamado, fervendo em febre, Trajano ordenou que seus legionários o levassem de volta para Roma, sua cidade querida, onde queria morrer. Não houve tempo, o grande imperador Trajano morreu no meio da viagem e nunca mais reviu com seus olhos a cidade eterna. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 3 de março de 2024

Imperador Romano Nerva

Imperador Romano Nerva
Após o fim de Domiciano, assassinado em uma conspiração da guarda pretoriana, houve uma certa indefinição sobre quem seria o novo imperador. Para o bem de Roma, finalmente um senador chamado Marcus Cocceius Nerva foi o escolhido em 18 de setembro de 96. Ele assim se tornava o novo imperador de Roma. Com Nerva o senado romano finalmente chegava ao poder máximo no Império. A era dos imperadores generais tinha chegado ao seu final. Como a brutalidade e violência desses militares eram bem conhecidos pelo povo romano, o fato do novo imperador não ser um desses militares toscos já era um ponto de esperança. A escolha de Nerva assim foi muito bem recebida nas ruas da capital do império. 

Nerva era bem conhecido do povo romano. Ele era um homem da elite e vinha desempenhando o cargo de senador desde os tempos de Nero. Sua vasta experiência como político o fez compreender como nenhum outro romano, os erros dos imperadores anteriores, alguns deles verdadeiros homens insanos. Nerva sabia que não poderia cometer os mesmos erros. E ele era um homem preparado, intelectual, que conhecia bem as vias da administração de Roma. Também era um político nato, formando alianças com as diversas linhas de pensamento dentro do império. Era bom ouvinte e a leitura era vista por ele como um prazer. Sem dúvida era um homem culto e adequado para o cargo. Também mostrou desde os primeiros dias que iria recusar a violência e a repressão como única política de Estado. Não gostava de atitudes tirânicas. Ao seu modo era sem dúvida um homem democrata!  

Pessoalmente era um imperador cordial, diplomata. Dedicava todo o seu tempo diário para resolver os problemas imperiais. Era sensato, estudioso, pensativo. Nunca tomava uma decisão sem antes ouvir o senado e os demais setores importantes da sociedade. Com Nerva no poder, o império romano conquistou uma estabilidade política que lembrava os antigos tempos do imperador Augusto. Com tantas qualidades, ele passou a ser apontado pelos historiadores como o primeiro dos cinco grandes imperadores dessa fase. Era o primeiro do ciclo dos cinco bons imperadores, homens sérios, honestos, que trabalhavam duro pela ascensão do império. 

Pouco antes de morrer, Nerva adotou Trajano como seu filho. Ele não tinha filhos naturais e a escolha do bom Trajano foi uma questão de garantir uma sucessão pacífica para o poder. Nerva via em Trajano todas as qualidades que entendia ser essenciais para o contínuo sucesso do império romano. Com a escolha de Trajano para sucedê-lo também houve um abrandamento completo dentro das fileiras que faziam oposição ao imperador Nerva pois esses entendiam que Trajano seria um imperador melhor. Nerva, que sempre ouvia a todos, até mesmo seus opositores, decidiu que eles também teriam a chance de governar Roma após sua morte. 

Outro aspecto que mostra o sucesso do imperador Nerva vem do fato de que ele morreu de morte natural, ao sofrer um derrame enquanto trabalhava. Ele estava debruçado sobre documentos administrativos de Roma quando sofreu o derrame. Ele morreu aos 67 anos de idade, em 27 de janeiro de 98. Foi uma surpresa para o povo de Roma ver um imperador morrer assim, pois praticamente todos os imperadores anteriores tinham sido assassinados. Nerva, o imperador sábio e pacífico, foi grande até mesmo no momento de sua morte. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Imperador Romano Domiciano

Imperador Romano Domiciano
Domiciano era filho do imperador Vespasiano e irmão do imperador Tito. Quando esse último morreu de forma inesperada, rumores se espalharam por toda a Roma afirmando que Domiciano havia matado o irmão Tito para assumir o poder e se declarar imperador. Algo que nunca foi provado, mas que iria cobrar seu preço pois o povo de Roma jamais iria gostar de Domiciano. Além disso o novo imperador era introspectivo, não parecia gostar do povo e poucas vezes aparecia em público. O que sempre ganhavam destaque eram seus atos de violência e terror contra inimigos, reais ou imaginários. Ele havia tido uma educação privilegiada, mas o mundo em que vivia era realmente muito solitário. Mal chegou a conhecer direito seus familiares que viviam no exterior em campanhas militares. Quando Tito morreu, Domiciano não aparentou nenhum sentimento de dor ou sofrimento pela morte dele, sendo essa mais uma causa para o povo desconfiar de seus atos. Como consequência foi o mais impopular imperador da história de Roma. Para a plebe ele seria incapaz de mostrar afeto por qualquer pessoa, seja do povo, seja da elite romana. 

Muitos imperadores romanos demonstravam claros sinais de psicopatia, mas Domiciano certamente foi um dos mais cruéis ao subir no poder máximo do Império Romano. Ele se tornou imperador por um lance de sorte ou de crime, uma daquelas circunstâncias que pareciam nunca se cumprir, mas que se cumpriram. Filho de um grande imperador, ele foi imperador por quinze anos, mas nunca conquistou a afeição dos romanos. Pelo contrário, era odiado em Roma, tanto pelos Patrícios como pelos Plebeus. E motivos não faltavam para justificar todo esse ódio. 

Logo ficou claro que ele odiava religiões e pessoas religiosas, a começar pela própria religião romana. Domiciano passou a perseguir e matar diversas virgens vestais. Essas eram mulheres que viviam nos principais templos de Roma. Elas tinham que viver uma vida de castidade e santidade, para agradar aos Deuses. Caso fossem pegas se envolvendo com algum homem eram punidas e expulsas do templo. Ele afirmava que estava reformando a religião romana, mas na verdade estava perseguindo as pessoas que se dedicavam à ela. 

Para Domiciano isso era pouco. Ele logo criou decretos que condenavam à morte as virgens vestais que traíssem os seus votos de castidade. Matou centenas delas com acusações dos mais diversos tipos de perversões sexuais. Para historiadores, eram julgamentos forjados em mentiras. Ao que tudo indica ele era mesmo um imperador que odiava mulheres em geral. Tanto que também inovou nos jogos de gladiadores, fazendo com que elas fossem martirizadas e mortas nas arenas, algo que chocou a população romana. Ver uma mulher sendo morta por um gladiador era demais, até mesmo na violenta Roma antiga. 

Para os cristãos, Domiciano determinou que todos fossem condenados a morrer na cruz, tal como seu estranho deus judeu. Também determinou que os líderes religiosos cristãos fossem queimados no momento em que eram pendurados nas cruzes romanas. Eles deveriam virar tochas humanas, tal como fazia Nero. E por falar em judeus, Domiciano os odiava em especial, criando uma série de leis que oprimiam e confiscavam bens e propriedades de judeus, que formavam uma das comunidades mais ricas e prósperas de toda a Roma. Os que resistiam e enfrentavam o imperador eram mandados para a morte no Coliseu, onde eram devorados por feras selvagens. 

Com o passar dos anos o imperador foi ficando paranóico. Dizia-se em Roma que ele era a reencarnação do pérfido Tibério que voltara do mundo dos mortos para se vingar da elite romana. Domiciano realmente tinha bastante em comum com o velho imperador, tanto que chegara a admitir que via nele uma espécie de modelo. Só que seu governo tirânico começou a criar muito ódio entre os patrícios, a elite romana, que logo começou a planejar uma maneira de eliminar o tirano imperial. 

E assim foi feito. Domiciano foi morto a punhaladas, na emboscada, durante uma noite de lua cheia em Roma. Para eliminá-lo foi contratado um famoso matador romano, um sujeito que se infiltrou nos aposentados do imperador e o apunhalou de surpresa. Domiciano ainda reagiu, conseguindo lutar com seu assassino, dando-lhe facadas de vingança, mas não resistiu aos ferimentos, vindo a falecer em 18 de setembro de 96. O Povo de Roma não lamentou sua morte. Ao contrário disso, todos pareciam felizes. Dizia-se nas ruas que esse imperador jamais havia gostado de qualquer ser vivo, seja um ser humano, seja um animal. Sempre foi considerado um imperador arrogante e frio, sem qualquer traço de bondade ou piedade com o sofrimento alheio, principalmente dos mais pobres, que desprezava. Nas ruas gritavam: "Morreu o imperador que nunca gostou de ninguém em sua vida!". Com a morte de Domiciano também chegou ao fim a curta história da dinastia Flaviana que no final das contas só contou com 3 imperadores romanos. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 28 de janeiro de 2024

Imperador Romano Titus

O imperador romano Titus (ou Tito, como é conhecido na língua portuguesa) reinou por pouco tempo em Roma, mas o seu período foi tão marcante na história do império romano que até hoje historiadores se debruçam sobre sua biografia. Tito era filho do imperador Vespasiano e quando esse morreu sua sucessão foi considerada natural pelo senado. Isso demonstrava que embora formalmente Roma fosse ainda considerada uma República, na prática já se tinha contornos de uma monarquia de sangue. Tanto que Tito e seu irmão Domiciano se tornariam imperadores, simplesmente pelo fato de serem filhos de Vespasiano.

O nome de Tito jamais será esquecido pelo povo judeu. Foi ele que destruiu o templo de Jerusalém. Esse foi o primeiro momento histórico realmente marcante da vida desse imperador. A província da Judeia era considerada uma das mais problemáticas para Roma. Havia rebeliões, conflitos e os judeus nunca aceitaram de fato a dominação romana. Para piorar o quadro político havia a esperança de que um Messias iria libertar o povo judeu da escravidão dos romanos. Esse Messias era uma figura religiosa, fazia parte das escrituras sagradas dos judeus e isso havia se tornado um tormento para os governadores enviados por Roma.

Tito então enfrentou o problema de frente. Se a religião dos judeus era um problema, então os romanos iriam destruir seu maior símbolo, o Templo de Jerusalém. Quando os legionários entraram no templo isso foi considerado o maior dos sacrilégios. Tito mandou confiscar todo o ouro que havia ali, além de destruir tudo, colocar o templo literalmente abaixo. Dizem cronistas da época que os sacerdotes se jogaram nas espadas dos legionários romanos, tamanho era o desespero. Muitos morreram. Um desses em seu último momento encontrou Tito cara a cara e lhe disse que ele seria amaldiçoado pelo que havia feito, que não iria durar como imperador e que seu povo iria pagar por tudo o que havia feito aos judeus. Tito lhe virou as costas e mandou que a destruição continuasse, que tudo fosse queimado e demolido. Dizem que entrou a cavalo em um lugar extremamente santo do templo, onde o povo judeu acreditava que o próprio Deus ali habitava. Aquilo era o desrespeito máximo do romano para com a fé do povo judeu.

De volta a Roma Tito enfrentou o maior desafio de seu governo. O vulcão Vesúvio entrou em erupção. Milhares de pessoas morreram. Cidades como Pompeia e Herculano literalmente desapareceram do mapa, soterradas pelas cinzas do vulcão. Os cidadãos romanos que ali viviam morreram sufocados ou queimados vivos pelas chamas do Vesúvio. Pedras de fogo caiam do céu, era um cenário de apocalipse. Poucos escaparam. Os gritos podiam ser ouvidos a distância. Homens, mulheres, idosos, crianças, todos morreram de forma quase instantânea. Tito ficou desesperado. Ele enviou legiões para ajudar, mas os seus soldados morreram asfixiados por gases expelidos pelo Vesúvio. Foi uma enorme tragédia para o povo romano. Seu tão poderoso exército se revelava inútil naquele momento. E não foi apenas isso. Durante três dias e três noites Roma ardeu em chamas, em um incêndio tão grande como aquele que havia destruído a cidade nos tempos de Nero! E como havia profetizado o sacerdote judeu o reinado de Tito foi breve. Ele ficou como imperador por apenas dois anos. Inesperadamente morreu em 81 da era cristã, mesmo sendo ainda jovem. Dizia-se que havia sido envenenado pelo próprio irmão, Domiciano, que agora era o novo imperador após sua morte misteriosa. Tito assim acabou se tornando um imperador de rápida passagem pelo poder máximo do mundo antigo, em um dos momentos mais terríveis da história do império romano.

Pablo Aluísio.

sábado, 30 de dezembro de 2023

Vespasiano - O Imperador General

Depois de Calígula e Nero, Roma ficou com um vácuo de poder. Esses foram imperadores terríveis, depravados, alucinados e cruéis. Verdadeiros tiranos na mais restrita acepção da palavra. Quando Nero finalmente morreu uma sucessão de líderes surgiram em Roma. Homens como Otão e Vitélio, o Glutão, ficaram pouco tempo no poder. Eram medíocres demais para liderarem um vasto e grandioso império como o Romano. Coube a um general chamado Vespasiano, colocar as mãos no poder para que Roma não sucumbisse.

Vespasiano foi forjado dentro da disciplina militar. Ele foi um brilhante oficial das legiões romanas. Mesmo sob ordens de imperadores obtusos como Nero ele conseguiu ainda se destacar nas fileiras do exército. Participou de inúmeras campanhas bem sucedidas por todo o império e começou a ficar conhecido e respeitado pelos cidadãos de Roma. Quando a situação se tornou insustentável ele reuniu as legiões sob seu comando e marchou de volta a Roma. Disse a um de seus oficiais que a situação havia chegado a um limite sem volta e que apenas o exército romano poderia colocar ordem em todo aquele caos.

Vespasiano foi um homem pragmático. Ele fazia o que tinha que fazer. As finanças do Estado estavam arruinadas. Assim ele mandou reorganizar o sistema tributário de Roma. Novos tributos foram criados e aos poucos o império foi saindo da crise. De origem militar rechaçava todo o luxo que havia marcado a corte dos imperadores anteriores. O povo ficava surpreso ao descobrir que ele calçava suas próprias botas e cuidava de suas roupas. Não havia dezenas de escravos para isso, como acontecia com Nero. Vespasiano também mandou construir grandes obras, como o Coliseum, que seria terminado por seu filho Tito. Também mandou reconstruir os bairros romanos que tinham sido consumidos pelo fogo nos tempos de Nero. Com uma administração competente e honesta, ganhou as simpatias do povo, tanto da plebe como dos patrícios.

Chegou até mesmo a ser comparado com Augusto. O Senado lhe ofereceu todos os tipos de títulos, mas Vespasiano os recusou. Não era de sua índole. Na política externa o Imperador General precisou lidar com rebeliões na província da Judeia. Uma nova religião estava se espalhando pelo império. Ela tinha a crença que Jesus, um homem que havia vivido na Galiléia, havia ressuscitado após ser crucificado pelos romanos em Jerusalém. Segundo relatórios enviados ao imperador até mesmo membros do exército romano na região estavam se convertendo ao cristianismo. Vespasiano era um homem sem nenhuma fé religiosa. Nem mesmo acreditava nos deuses romanos e por isso avaliou essa nova crença como um problema político para o império Romano.

Ele encarregou seu filho Tito para combater os sentimentos de revolta do povo judeu. No ano de 79 da era cristã o imperador começou a sentir-se mal. O velho general começava a sentir o peso dos anos. Alguns historiadores modernos acreditam que o imperador começou a sofrer problemas relacionados ao Mal de Parkinson, além de doenças do coração. Quando descobriu que estava em seus últimos dias de vida mandou e ordenou que o Estado não deveria gastar fortunas com seu funeral. Queria algo simples. Chegou a dizer que jogassem seu velho corpo de militar nas águas do Rio Tibre. Queria morrer como um soldado. No dia de sua morte mandou seus soldados o levantarem da cama, para que morresse de pé, como um bom legionário. Ele faleceu de um provável câncer de intestino. Acabou dando origem a uma nova dinastia de imperadores denominada Flaviana.

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de dezembro de 2023

Imperador Romano Vitélio

Imperador Romano Vitélio
Depois da morte de Nero, o Império Romano passou por uma fase de grande instabilidade política e militar. Foi um tempo de guerra civil, onde golpes militares eram superados por outros golpes militares, sendo que as legiões vencedoras proclamavam como novo imperador justamente os seus generais vitoriosos nos campos de batalha. Foi o que aconteceu com Aulus Vitellius Germanicus, o imperador Vitélio. 

Ele vinha de uma linhagem que sempre desfrutou dos privilégios da casa de Júlio César. Dizia-se, na boca pequena, pelos becos de Roma, que ele havia sido um dos "peixinhos" do Imperador Tibério. Esse termo era usado para designar os jovens, menores de idade, que eram abusados sexualmente por Tibério, que tinha fama de pedófilo em Roma. Depois da morte desse velho imperador, ele continuou na corte, sendo um jovem privilegiado nas cortes de Calígula, Cláudio e Nero. Quando esse morreu, Vitélio comandava legiões romanas no exterior. Na fase que se sucedeu, ele sentiu que poderia assumir o poder total, pois suas legiões eram fortes e prontas para a guerra. 

Rumou para Roma e destruiu as tropas leais a Otão. Depois de matar aquele imperador, Vitélio assumiu o título de Imperador Romano. Ele seria o último dos três imperadores efêmeros dessa fase da história de Roma. Infelizmente para os romanos de sua época, ele era um ser humano desprezível que tinha poucos valores morais a preservar. Para o povo romano em geral se vendia como general e político honesto, homem acima de qualquer crítica. Um militar vitorioso em campos de batalha distantes do centro do poder. Por baixo dos panos, nos bastidores do império, se comportava como um ladrão barato, capaz até mesmo de roubar jóias do tesouro imperial. Na calada da noite assaltava os locais onde ouro, prata e jóias eram guardadas pelos senadores.

E seus atos como Imperador apenas confirmava o lado sórdido de sua personalidade. Enquanto militar, ele acumulou grandes dívidas pessoais. Eram inúmeros os seus credores. Quando subiu ao trono esses pensaram que finalmente iriam receber seu dinheiro, mas para seus infortúnios, o novo imperador não pagaria suas dívidas. Ao invés disso mandou passar no fio da espada todos os seus credores. Não apenas nunca receberam, como também perderam suas vidas para esse homem pérfido. 

E as atrocidades não pararam, atingindo sua própria casa. Mandou matar dois de seus filhos que eram acusados de conspiração política contra seu poder imperial. Não satisfeito, exilou para uma ilha distante sua única filha que havia chorado pelos irmãos mortos. Também celebrou publicamente a morte da mãe, que dizia-se havia sido envenenada por seus homens no palácio. Para quem se vendia como militar honesto ele se entregou cedo a todos os vícios possíveis, praticando orgias e banquetes suntuosos, enquanto grande parte do povo de Roma passava fome. Era insensível, brutal e cruel, segundo inúmeras crônicas de sua época. 

Com tanta corrupção, foi outro imperador que caiu cedo. Ficou apenas oito meses no poder. O Senado e as famílias tradicionais de Roma ficaram horrorizadas com aquele comportamento. Não demorou muito e foi preso por outro general, Vespasiano, que finalmente iria trazer alguma estabilidade na política da cidade eterna. E sua derrota foi selada no campo de batalha quando suas últimas legiões leais foram derrotadas pelos exércitos de Vespasiano. 

Depois de um breve julgamento de acordo com o Direito Romano, o agora deposto Vitélio foi jogado para a turba romana que promoveu um linchamento com seu corpo pelas ruas da cidade. Foi esfaqueado inúmeras vezes após ter suas vestes arrancadas pela enfurecida plebe romana. Seu corpo, destroçado, então foi jogado no rio Tibre, onde desapareceu para todo o sempre. Era dezembro de 69 e seu reinado de terror havia chegado ao fim. Vespasiano era o novo imperador romano. Pelas ruas da cidade o general desfilou com o povo gritando a plenos pulmões "Vida longa ao novo César!"

Pablo Aluísio. 

domingo, 26 de novembro de 2023

Imperador Romano Otão

Imperador Romano Otão
Depois da morte do imperador Galba subiu ao poder Otão. Ele não pertencia a nenhuma família tradicional romana. Não era um Patrício, membro da mais alta classe social do império. Muitos senadores o consideravam apenas um plebeu oportunista. E a classificação de assassino jamais deixou de manchar sua reputação, afinal ele era apontado como o principal conspirador da morte do imperador Galba e não poderia continuar no poder. Em pouco tempo o exército romano se aliou ao Senado para tramar a morte de Otão que de fato só ficaria três meses no poder absoluto, sendo morto logo em seguida. 

Essa foi uma fase de guerra civil em Roma. Com o fim da dinastia de Júlio César o título de imperador passou a ser disputado por generais e políticos e a arma para se chegar ao trono era a violência, a força bruta. O general que tivesse mais legiões ao seu lado vencia a luta para ser o novo imperador. Otão teve força no começo, quando Galba foi assassinado, mas não tinha homens suficientes para enfrentar as outras legiões que marchavam de volta a Roma para entronar seus próprios generais. Em apenas 1 ano o império teve três imperadores, sendo assassinados pelos que o sucediam. 

Otão tinha conseguido se tornar imperador porque contou, em um primeiro momento, com o apoio da guarda pretoriana, mas essa ligação era frágil. Ele vinha de uma família de bajuladores. Não tinha nobreza familiar. Seu pai havia caído nas graças do imperador Cláudio após contar ao imperador que havia um plano para matá-lo. Com a prisão dos conspiradores ele ganhou cargos importantes. Otão foi criado dentro do palácio imperial e era amigo de infância e juventude do jovem Nero que um dia também iria se tornar imperador romano. Por essa razão ele era visto pelo Senado como um homem de Nero que não poderia continuar no poder. Tinha que ser morto. 

Quando Nero foi morto e Galba o sucedeu, Otão participou das conspirações para matar o idoso imperador. Claramente agia por vingança pela morte de Nero. Era considerado tão sórdido quanto Nero e tentava vingar a morte do amigo. Após 3 meses no poder se viu cercado por legiões que tinham voltado da Germânia onde combatiam os bárbaros. Eram guerreiros experientes no campo de batalha. Voltavam para matar ou morrer. Abandonado pela guarda pretoriana que não tinha como enfrentar os legionários fora do palácio, Otão decidiu se matar, caindo em cima de sua própria espada. Sua cabeça foi cortada e jogada aos pés daquele que iria se tornar o novo imperador de Roma, Vitélio. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 19 de novembro de 2023

Imperador Romano Galba

Imperador Romano Galba 
Sérvio Sulpício Galba foi o imperador que sucedeu a Nero após sua morte violenta no ano de 68 da era comum. Esse imperador não tinha laços de parentesco com Júlio César. Por essa razão a partir de sua subida ao poder o termo César ganhou ares de título imperial, não tendo qualquer ligação mais com os descendentes do verdadeiro César. Apesar de não ser da família de César o fato é que Galba era de uma das famílias nobres mais ricas e tradicionais de Roma. Um verdadeiro nobre de sangue. Ele havia mostrado seu valor como homem público em diversos cargos que havia desempenhado ao longo de sua vida nos reinados de Calígula, Cláudio e Nero. Era considerado um homem sério, leal e de valor aristocrático. Também era inteligente e de certa maneira misericordioso até contra seus inimigos. 

Além de ser um homem público dos mais respeitados no império romano, Galba também havia sido general do exército romano. Ele não participou das conspirações para matar Nero, mas tampouco lutou contra os planos de seu assassinato. Antes da morte do insano imperador, Galba havia interceptado uma carta em que Nero mandava um legionário assassiná-lo, por essa razão recebeu a notícia da morte de Nero como um alívio e como um livramento dos deuses, pois sua vida haveria de ser poupada daquele assassino louco. 

De uma forma ou outra, Galba acabou sendo escolhido como o novo imperador pelas legiões após a morte de Nero. Ele havia sido general, tinha vasta experiência como administrador de províncias romanas e era um homem de linhagem nobre. Realmente poucos estavam à sua altura nesses quesitos. Era o homem ideal para ser o novo imperador. Quando Nero foi morto, Galba ocupava o posto de governador da hispânia (atual Espanha), um cargo de muito prestígio em Roma. Ele inicialmente relutou em ser o novo imperador, mas com receio de que houvesse anarquia e mortes em massa em Roma, decidiu aceitar o cargo de imperador. 

Galba poderia ter sido um dos melhores imperadores da história se não fosse por um detalhe: Ele estava muito idoso quando se tornou imperador. Mal conseguia andar por causa da velhice, sofria de artrite nas mãos e segundo algumas pesquisas de historiadores provavelmente sofria do Mal de Parkinson. Ele tinha tremores nas mãos e andava amparado por três homens de sua guarda pessoal. Já não enxergava direito e nem ouvia bem e sua fragilidade era algo perigoso para alguém que ocupava o posto máximo do Império. 

Além disso Galba começou a ter muitos atritos com generais do exército romano. Muitas vezes era duro demais com os militares, despejando ofensas pessoais pesadas sobre generais poderosos. Um deles, chamado Otão, decidiu que não iria ser ofendido mais por Galba. Ele promoveu uma armadilha para o idoso imperador. Ele foi convidado a ir até um lugar remoto nas cercanias de Roma. Chegando lá, viu a sua guarda pretoriana ir embora. Sabia que havia caído numa armadilha mortal. Velho e debilitado, não poderia resistir e nem lutar contra os assassinos contratados por Otão. Acabou sendo morto a punhaladas. Depois teve sua cabeça cortada, colocada em uma lança. Era o fim trágico de mais um imperador romano morto por suas próprias tropas imperiais.  E depois de sua morte um período de caos se apoderou dentro do maior império de sua era. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 5 de novembro de 2023

Imperador Romano Cláudio

Imperador Romano Cláudio
Retomando meus textos sobre história, vou tecer aqui alguns comentários sobre esse imperador romano. Cláudio (Tibério Cláudio César Augusto Germânico) foi um imperador improvável. Em sua juventude ninguém da família imperial daria um tostão furado em uma aposta em que se dizia que ele seria o senhor absoluto em Roma algum dia. O imperador Tibério, por exemplo, considerava Cláudio uma vergonha dentro do clã imperial. Dizia que ele era retardado e aleijado. Que era um monstro e que deveria ter sido morto ao nascer, como era tradição nas antigas famílias romanas que matavam as crianças nascidas com defeitos físicos. O cruel e pedófilo imperador Tibério costumava dizer que Cláudio era um inútil débil mental e que deveria ficar escondido do povo de Roma. E foi justamente isso que salvou Cláudio da morte. Quando houve uma grande matança dentro da família por causa de disputas do poder, ele foi poupado por ser considerado um asno. Foi a sorte grande em sua vida. 

Assim quando o louco imperador Calígula foi morto pela guarda pretoriana, os militares saíram em busca de um sucessor. E tinha que ser alguém com sangue real, imperial. Só havia sobrado Cláudio da família depois de todos aqueles anos de sangue derramado entre irmãos. Era o único que ainda estava vivo. Afirma a tradição que ele foi encontrado escondido, tremendo, atrás de uma cortina no Palácio e levado ao trono do império pois o exército romano precisava de um imperador. Na falta de alguém melhor, ele subiria ao poder absoluto. O mais interessante é que Cláudio, apesar do medo inicial, tentou governar com seriedade. E para muitos historiadores ele foi, apesar de alguns deslizes, um bom administrador do Império. Trouxe estabilidade política para Roma. E apesar do que diziam dele, não era louco e nem doente mental. Pelo contrário, procurando seguir um exemplo melhor do que seus antecessores, também foi um imperador considerado misericordioso pelo povo romano. 

O seu único defeito mesmo foi se relacionar com as mulheres erradas. A esposa Messalina era considerada a maior prostituta de Roma. Era inegavelmente uma bela mulher, mas fútil, frívola e vulgar ao extremo. Enquanto ostentava o título de imperatriz consorte, mandou fazer os maiores bacanais e orgias que se tinha notícia. Algumas dessas festas extravagantes foram realizadas em templos sagrados, o que deixou a sociedade Patrícia completamente escandalizada. Também se apaixonou por um jovem romano que era um cafajeste e um escroto. Construiu uma mansão para o amante e foi morar com ele. Gastou dinheiro público para dar o melhor do que existia para seu amante. Andava de mãos dadas com ele no fórum e dava beijos escandalosos na presença de mulheres de famílias tradicionais da antiga Roma. Era escandalosa e afrontosa na frente de toda a elite romana. Era demais! Cláudio então mandou executar Messalina. Ela teve sua cabeça cortada e seus restos mortais foram jogados aos cães de rua vadios. O amante foi pendurado numa cruz e depois queimado vivo nela com óleo de baleia ardente. Seus restos ficaram à mercê de abutres famintos. 

Mas os problemas continuaram. Cláudio resolveu se casar com Júlia Agripina Menor, que já tinha se casado antes. Ela era a mãe do jovem insano e obeso Nero e tinha sonhos de que ele se tornasse o novo imperador. E foi isso que passou a planejar durante todo o tempo. Mas para que Nero se tornasse imperador ele teria que ser adotado por Cláudio. Era a única coisa que mantinha Cláudio vivo e ele nem desconfiava disso. E Cláudio cometeu seu último erro. Declarou Nero seu filho adotivo e herdeiro. Não demorou muito e Cláudio acabou sendo envenenado por Agripina. Ele havia esquecido que na família imperal todos os parentes procuravam matar os seus concorrentes ao trono. Agripina era vil e traiçoeira e queria matar Cláudio para que Nero se tornasse o imperador Romano. E foi exatamente isso o que acabou acontecendo. 

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Imperador Romano Calígula

Gaius Julius Caesar Augustus Germanicus se tornou imperador de Roma por um motivo simples. Por ser jovem ele foi praticamente o último membro na linha de sucessão que conseguiu sobreviver. Todos os demais, seus irmãos mais velhos, tios, primos, etc, foram assassinados. Era o governo do imperador Tibério, considerado pedófilo e assassino. Assim que percebia que algum parente estava com ambições ao seu trono, era logo passado na espada. Tibério não admitia qualquer ameaça ao seu poder sem limites. O jovem Calígula assim conseguiu se manter vivo, enquanto seus parentes mais velhos eram mortos em série. O apelido Calígula veio na infância. Ele era filho de um importante general romano chamado Germanicus. Quando ele era apenas um garotinho seu pai o levou em uma campanha militar. O pequeno garoto usava a mesma roupa dos legionários romanos, só que em tamanho reduzido para a sua idade, claro. Assim os soldados o apelidaram de Calígula, uma palavra em latim que significava "botinhas". O futuro imperador detestava o apelido e talvez por isso ficou sendo chamado por ele. Para um apelido pegar basta o apelidado odiar ele. Velha tradição.

Quando Tibério morreu, o trono foi por direito de sucessão para Calígula. E em seus primeiros meses como imperador tudo saiu muito bem. O novo imperador se mostrou sensível aos problemas dos pobres em Roma. Mandou distribuir alimentos, mandou prestar assistência médica de graça ao povo, ajudou os miseráveis. Por isso passou a ser um imperador muito adorado por seu povo. Foi um começo de governo impecável. As pessoas da plebe o amavam e tudo parecia levar a crer que ele seria um dos grandes imperadores de Roma. Só que o jovem imperador caiu doente de uma febre misteriosa. Ele ficou semanas entre a vida e a morte e quando voltou estava transformado... para pior! Historiadores acreditam que Calígula se levantou de sua cama com algum problema mental. Seus atos e atitudes passaram a sugerir que ele havia enlouquecido. Calígula começou a tomar atitudes bizarras. Afirmou que iria nomear seu cavalo senador ou cônsul de Roma. Determinou que as mulheres do senado se tornassem prostitutas em prol de império. Começou a ter um relacionamento escandaloso com suas próprias irmãs, sugerindo incesto abertamente. As orgias sexuais sem fim, os banquetes extravagantes, as violências diárias contra inocentes, tudo sugeria que Calígula havia mesmo perdido a razão, estava completamente insano.

O povo de Roma ficou alarmado ao ouvir certas histórias afirmando que o imperador havia estuprado mulheres, que tinha abusado de crianças, como seu tio Tibério havia feito no passado. O Imperador era um criminoso, um estuprador, um pedófilo, um pederasta e um assassino. Enquanto cometia crimes contra outras pessoas o exército manteve sua lealdade. O problema é que Calígula começou a punir e matar generais de alta patente. Então as legiões romanas se revoltaram contra ele. O imperador louco devia ser morto, gritavam os legionários. Com apenas 28 anos de idade, o jovem que era tão promissor foi morto por soldados romanos. Foi morto com golpes de espada. Sua morte colocou o império em um caos político sem precedentes e o próprio exército romano resolveu o problema elevando seu tio Cláudio ao posto de imperador. Foi o fim de um curto reinado de muitas mortes, loucuras e insanidade. A história de Calígula foi mais uma comprovação da famosa frase do jurista e filósofo Montesquieu. Séculos depois esse cientista político iria dizer que o homem sempre iria abusar do poder político caso o poder não tivesse mecanismos de frear esse mesmo poder, surgindo dai sua famosa teoria da separação dos poderes, sendo separados o poder executivo do poder legislativo e do poder judiciário. Uma lição de direito e política até hoje aplicada nas grandes democracias ao redor do mundo. O poder corrompe e enlouquece, eis a grande lição da história desse imperador romano da antiguidade.

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de abril de 2011

Juliano - O Imperador Anticristão

O Imperador Romano Juliano pertencia à casta familiar do Imperador Constantino que foi figura central na consolidação do Cristianismo no Império Romano. Para muitos historiadores o Cristianismo jamais teria tido a influência e expansão que teve se não fosse pela participação crucial de Constantino e seu apoio. É de se admirar assim que um membro da casa de Constantino tenha sido um dos mais infames imperadores anticristãos da história. Foi justamente isso que aconteceu. Quando Constantino morreu houve uma brutal disputa familiar pelo poder como era comum acontecer dentro do Império Romano. A ala familiar de Juliano levou a pior e foi dizimada pelos vencedores. O único que sobrou foi justamente o próprio Juliano que se encontrava muito doente e por isso foi poupado da chacina pois os assassinos de sua família acreditaram que ele morreria logo.

Juliano não apenas sobreviveu como conseguiu se reerguer politicamente das cinzas. Guiado por uma sede de vingança sem precedentes ele foi subindo cada vez mais dentro do xadrez de poder em Roma. Aliando chantagens, assassinatos de parentes e muitos  crimes, Juliano foi eliminando todos os seus opositores. Procurou também matar cada um membro de sua casta que tivesse tido algum tipo de participação nas mortes de seus pais e irmãos. Com pouco mais de 25 anos de idade Juliano já tinha conseguido executar todos eles. Suas mãos estavam cheias de sangue, mas ele se considerava realizado e saciado em sua sede de vingança mortal. Durante sua caminhada rumo ao poder supremo em Roma, Juliano foi tentando suprimir todo o legado de Constantino, homem que ele particularmente desprezava e odiava.

O Cristianismo, aquela nova religião estranha que havia sido colocada em um ponto tão alto do Império exatamente por Constantino, era uma aberração na visão de Juliano. Ele ansiava em revalorizar a antiga religião pagã imperial. Juliano acreditava que o Cristianismo tinha que ser eliminado o mais rapidamente possível, mas isso teria que ser feito com inteligência e não com  violência e brutalidade. Esse tipo de opressão, muito utilizada por imperadores no passado, não havia dado bons frutos. Ao contrário disso, havia fortalecido a fé dos cristãos pois a morte de mártires aumentava ainda mais o número de adeptos e seguidores daquele judeu a quem chamavam de Cristo.

Quando se tornou Imperador em Roma, Juliano começou a perseguir os cristãos que faziam parte do aparelho de Estado. Demitiu altos funcionários do Império apenas por eles serem Cristãos, confiscou terras e mandou bloquear bens e finanças de importantes líderes daquela nova religião. A intenção de Juliano era destruir a influência e poder dos cristãos, sejam eles financeiros, políticos ou militares. Ao mesmo tempo em que asfixiava o povo cristão de Roma, mandou restaurar e reconstruir antigos templos dedicados aos velhos e tradicionais Deuses Romanos. Procurando demonstrar sua fidelidade ao paganismo o próprio imperador teria participado de um ritual Pagão de purificação, se banhando no sangue de um touro sacrificado em sua presença! Juliano dizia que para eliminar os cristãos não era necessária a violência, mas sim a quebra da estrutura que os mantinha no topo da hierarquia romana. Seus planos de destruição da religião cristã porém tiveram uma interrupção abrupta quando o imperador foi morto numa sangrenta batalha campal contra os Persas. Pelo visto seus amados deuses romanos não o livraram da morte com uma espada inimiga atravessando seu pescoço.

Pablo Aluísio.

domingo, 10 de abril de 2011

Imperador Romano Tibério

Imperador Tibério
Quando Jesus Cristo foi crucificado o Imperador que reinava em Roma era Tiberius ou Tibério. Ele foi um imperador improvável. Filho da querida esposa de Augusto, não tinha laços de sangue com o grande monarca. Na verdade ele era filho do primeiro casamento de Lívia Drusa. Augusto era apenas seu padrasto e jamais pensou nele como o futuro imperador do Império Romano. Augusto queria em sua linha de sucessão alguns de seus netos, mas eventos do destino impediram isso. Eles morreram jovens e deixaram o velho imperador frustrado e desolado, sem herdeiros de sua própria linhagem. Quando caminhava já para seu fim ele então virou-se para Tibério e o declarou seu herdeiro político. Foi um ato feito sem nenhum prazer, fruto apenas da consideração que tinha por sua amada esposa, a companheira de muitos anos, Lívia. Na realidade Augusto não confiava muito em Tibério e não via nele nenhuma qualidade em especial para reinar em Roma. Alguns historiadores afirmam que ele tinha até certa aversão por ele, por causa de sua personalidade dura e nada simpática.

A vida, apesar da proximidade com o trono, nunca foi fácil para Tibério. Desde cedo ele foi enviado para servir em legiões romanas que lutavam em lugares distantes e inóspitos. Lá Tibério aprendeu como poucos a dureza da vida militar. Foi um homem sem luxos, que apesar de ser o filho da amada do imperador jamais gozou de muitos privilégios. Durante praticamente quarenta anos viveu na lama do serviço militar, em pleno campo de batalha. Quando subiu na hierarquia militar foi considerado por seus subordinados como um oficial rígido e disciplinador. Por não estar próximo da linha de sucessão e nem tampouco ser considerado um potencial futuro imperador romano pouco chamou atenção para si durante seus anos no exército. Também não criou inimigos no senado, uma vez que jamais foi um político, mas sim um militar. Quando Augusto finalmente adoeceu, sem herdeiros diretos ao trono, sua mãe Lívia intercedeu para que o velho Augusto escolhesse Tibério como sucessor. A campanha em favor dele surtiu efeito e o seu filho subiu ao poder supremo de Roma.

Ao contrário de seu padrasto que era amado pelo povo, Tibério foi um imperador cruel, duro e sanguinário. Logo no começo de seu período como imperador procurou destruir toda a oposição real e imaginária que encontrou pela frente. Implantou uma lei que punia severamente quem ousasse ofender as atitudes e a imagem do Imperador Romano. A Lei da Lesa Majestade foi implantada por todo o império e levou milhares de pessoas à morte. Tibério também resolveu nomear homens de sua estreita confiança para administrar as províncias romanas. Um deles foi Pôncio Pilatos, o governador que iria julgar e condenar Jesus Cristo a morrer na cruz. A crucificação também se tornou modelo padrão de condenação romana contra aqueles que tivessem a coragem de colocar em dúvida a supremacia do poder imperial. A menor crítica contra Tibério era vista como crime de Lesa Majestade, sendo seu autor morto na cruz, em qualquer lugar do Império.

Violento e paranóico, Tibério implantou um regime de terror em Roma. Organizou um regime de exceção no Império e condenou a morte muitos cidadãos romanos. Fortaleceu o exército e com violência puniu também todos aqueles que atentassem contra a religião romana. Certa vez mandou matar um grupo de homens acusados de tentar manter um relacionamento com as virgens vestais do templo. Tibério subiu ao poder quando já estava com uma idade considerada avançada para a época (56 anos). Por essa razão em pouco tempo começou a perceber que não tinha mais força, paciência ou energia para continuar vivenciando a rede de intrigas políticas do senado romano. Também temia que fosse morto mais cedo ou mais tarde pelos senadores. Afinal se até o grande Júlio César foi apunhalado pelas costas, o que poderia se esperar de um velho militar como ele, que não tinha nenhum jeito para o mundo da politicagem em Roma. Resolveu assim se retirar da cidade, indo morar em uma luxuosa vila em Capri, no alto de uma montanha, onde administrava o império através de correspondências que iam direto de seu gabinete para a capital. Lá também se sentia seguro das inúmeras conspirações que visavam assassinar o imperador - algo comum e esperado em Roma.

Em Capri o imperador Tibério também deu vazão à sua personalidade doentia. Embora fosse casado, em arranjos familiares bem de acordo com a alta sociedade romana, se dizia na boca pequena em Roma que o imperador tinha apreciação mesmo por jovens garotos. Sim, Tibério era um homossexual pedófilo. Quando foi para Capri e se fechou em seu palácio, começou a recrutar jovens garotos da região para joguinhos eróticos em sua grande piscina. Chamando os meninos de "peixinhos" ele se tornou um velho degenerado e depravado, acima das leis e da justiça de Roma, que afinal de contas lhe devia a mais estreita obediência. Quando se aborrecia com algum "peixinho" mandava que seus soldados o atirassem do alto da montanha em direção às pedras e rochedos da costa lá embaixo. Vivendo como um degenerado em seu palácio começou a cobrar moralidade dos que seguiam a religião romana. Era um hipócrita, mas mesmo assim foi colocado como sumo sacerdote da religião oficial do Estado. No fim da vida, já meio senil, mandou o senado declarar que ele era um Deus que deveria ser venerado pelos templos do império. Quem se recusasse a reconhecer que ele era uma divindade deveria morrer imediatamente. Morreu provavelmente envenenado pela mãe de Calígula, que desejava há muitos anos que seu insano filho subisse ao poder total de Roma. Como era tradição no Império Romano os imperadores acabavam sendo assassinados por seus próprios parentes e familiares.

Pablo Aluísio.