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domingo, 15 de junho de 2025

Júlio César e Cleópatra

Júlio César e Cleópatra
Quando Júlio César desembarcou em Alexandria, no Egito, ele tinha apenas o objetivo de assinar uma série de tratados comerciais com aquela nação. Só que ao andar pelas ruas da milenar cidade fundada por Alexandre, o Grande, ele descobriu que o Egito estava praticamente em guerra civil. Havia um grupo político que apoiava o garoto Ptolomeu para se tornar o novo faraó e existia outro grupo rival, mais organizado e com nomes mais relevantes da sociedade, defendendo a subida da jovem Cleópatra ao trono. Júlio César, um político astuto e oportunista, logo percebeu que poderia tomar proveito daquela situação. 

Ele não achou que Ptolomeu fosse grande coisa. Foi conhecer ele pessoalmente e não ficou nada impressionado. Era jovem, tinha apenas 14 anos de idade, muito arrogante e não tinha nenhuma noção do poder de Roma. César sabia que duas legiões romanas poderiam destruir os exércitos daquele rapaz de uma forma até mesmo fácil. Era só querer e tomar o Egito, transformando aquela antiga civilização do Rio Nilo numa província romana. O ambicioso César porém ficou admirado com a garota Cleópatra, irmã mais velha daquele fedelho insolente. 

Reza a lenda que Cleópatra decidiu fazer uma entrada triunfal para conhecer César. Ela foi enrolada dentro de um grande tapete persa e assim foi colocada dentro do quarto do general romano. César, já um homem maduro, ficou realmente impressionado com ela, com sua beleza. E de fato Cleópatra tinha muito mais a oferecer. Era muito culta, falava vários idiomas e se mostrou ser uma pessoa extremamente inteligente, bem ao contrário de seu irmão mais jovem. Naquela noite, completamente seduzido por Cleópatra, César tomou sua decisão, ficando ao lado daquela bela jovem de 17 anos. Ela iria se tornar a nova Rainha do Egito!

No dia seguinte legionários romanos marchavam por toda a cidade, inaugurando um novo momento histórico do Egito. Ptolomeu foi descartado sumariamente e César colocou no trono a sua nova amada, agora com o título real de Cleópatra VII. Esse relacionamento iria mudar a geopolítico do mundo antigo. César iria ficar perdidamente apaixonado por ela, jogando seu juizo pela janela. Não tardou e a fofoca atravessou o mar e chegou em Roma. Sim, ele estava caindo de amores por uma exótica rainha do Egito. Júlio César não admitia críticas sobre sua vida pessoal e decidiu que iria retornar a Roma em breve, mas agora ao lado de sua nova paixão! A crise política logo iria se instalar na cidade eterna. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 8 de junho de 2025

A Morte de Júlio César

A Morte de Júlio César
Nos idos de março do ano de 44 a.c, o Cônsul Júlio César decidiu ir até o Senado romano. Sua esposa Calpúrnia disse que não fosse, pois havia tido sonhos ruins e pesadelos na noite anterior e isso seria uma premonição de que algo ruim iria lhe acontecer. Júlio César não lhe deu ouvidos, descartando tudo como mera superstições de uma mulher tola, como ele mesmo fez questão de dizer enquanto desfrutava de sua refeição matinal. O clima político de Roma andava tenso. O Senado acusava Júlio César de querer poder demais, repetindo os erros cometidos pelos antigos Reis de Roma nos primórdios de sua civilização. Para muitos senadores, Júlio César queria ser o novo Rei de Roma ou então um Tirano com poderes absolutos. Era necessário parar com essas ameaças aos poderes republicanos. 

Júlio César recusava essas acusações, dizendo amar a República Romana. Por isso faria de tudo para salvar as sagradas instituições da cidade eterna. Não convenceu os senadores, principalmente os que lhe fazia forte oposição como Caio Cássio Longino. Naquela manhã César entrou triunfante no Senado, pensado que iria ter mais um dia de vitórias políticas dentro daquela casa que em última análise representava o povo de Roma. Ele tinha novos projetos para apresentar aos senadores, entre eles uma grande reorganização do exército romano e sua legiões.

Não foi o que aconteceu. Assim que entrou no Senado, César foi cercado. Ele não entendeu em um primeiro momento o perigo que corria, sequer estava armado, o que era um erro para um homem como ele que havia colecionado inimigos por toda a sua vida. Pensou que os senadores estavam lhe cercando apenas para debater questões políticas, lhe pedir alguma coisa. Não era nada disso. Era uma armadilha mortal! Não demorou muito e os senadores tiraram de suas togas diversas armas, como punhais, espadas e adagas. Em questão de segundos Júlio César estava sendo esfaqueado por vários dos senadores. Ainda teve uma breve reação no meio de tanta dor ao ver que entre os assassinos se encontrava seu próprio filho adotivo, Marco Júnio Bruto! Ao olhar para ele, disse suas últimas palavras: "Até tu Brutus, filho meu!..."

O corpo de César caiu no chão, já sem vida. Em questão de minutos a notícia correu pela cidade! Júlio César havia sido assassinado no Senado! O povo ficou em choque! César era amado pelos romanos. Seu braço direito, o General Marco Antônio, formou um pequeno batalhão e foi ao Senado resgatar o corpo de César. Os senadores ficaram surpresos com a desaprovação dos romanos pois acreditavam que o povo de Roma ficaria ao seu lado. Aconteceu justamente o oposto disso! "Assassinos, assassinos! - gritava o povo romano em todas as ruas. Diante disso os senadores, um por um, começaram a fugir da cidade que estava prestes a explodir numa onda de revolta e ira contra o Senado de Roma. Eles não sabiam, mas com seu crime tinham decretado o fim da República romana! 

Pablo Aluísio. 

Imperador Romano Alexandre Severo

Imperador Romano Alexandre Severo
Marcus Aurelius Severus Alexander foi o último imperador romano da Dinastia Severa. Assumiu o poder no meio do caos que se sucedeu após o assassinato do Imperador Heliogábalo no ano de 222. Era primo dele e o único que havia sobrado da família para assumir o trono em Roma. O problema é que ele contava com apenas 13 anos de idade. Os militares romanos porém ignoraram isso e o colocaram como o novo imperador. Assim ele foi considerado um Imperador sui generis. Ao mesmo tempo em que teria linhagem de sangue com a Dinastia, só subiu ao poder por causa da força militar. 

E enquanto esteve defendendo o lado dos interesses do Exército Romano ele conseguiu governar com certa tranquilidade e habilidade. Combateu nas fronteiras as diversas invasões de bárbaros e deu os meios e as ferramentas de guerra necessárias para que as Legiões Romanas fossem bem sucedidas no campo de batalha. 

Conforme foi ganhando mais idade e se tornando mais independente, o jovem Imperador decidiu ir para uma política de apaziguamento e diplomacia para com os povos bárbaros. Ele venceu a guerra contra as tribos Sassânidas e abriu processos de paz para com os povos germânicos. Queria usar tratados de paz e não a espada para pacificar seu império! Estava cansado de tantas guerras e mortes. Aquela era uma guerra sem fim que destruía os cofres do Estado romano. Nesse aspecto o Imperador estava completamente certo. 

Só que os generais romanos não queriam paz e sim a guerra. Eles queriam a glória a ser conquistada nos campos de batalha. Com isso o Imperador foi aos poucos perdendo o apoio dos militares. Um golpe militar foi planejado e toda uma conspiração foi arranjada para matar o Imperador e sua mãe, Júlia Ávita. E assim foi feito. No dia 22 de março de 235, após 13 anos de poder, o jovem Imperador foi assassinado a punhaladas por Legionários. Ele tinha apenas 26 anos de idade e seus esforços de busca pela paz o estavam tornando popular em Roma. Antes que se tornasse forte demais, os militares deram o golpe, jogando Roma em mais uma grave turbulência política que iria ser conhecida como A Grande Crise do Terceiro Século. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 23 de fevereiro de 2025

Imperador Romano Heliogábalo

Foi certamente um dos imperadores romanos mais depravados e dementes da história. E também um dos mais jovens. Ele subiu ao poder após os problemas de sucessão do violento Caracala. Naquele período da Roma imperial já havia uma certa anarquia na escolha dos imperadores. Acabava subindo ao trono quem tinha apoio do exército e da guarda pretoriana. No meio do caos a sucessão acabou indo parar nas mãos desse jovem. E os romanos iriam se arrepender amargamente de terem escolhido essa figura trágica e lamentável como o novo imperador.

Seu nome real era Vário Avito Bassiano e seu nome imperial de Heliogábalo veio da fixação que tinha por essa divindade oriental. Ele acreditava que Heliogábalo era o único Deus. Diante disso implantou uma violenta persequição religiosa contra cristãos e até mesmo pagãos, seguidores dos deuses romanos tradicionais. Vestindo trajes de pura seda, espalhafatosos e com jeito afeminado de ser, podia ser tão violento como qualquer outro gladiador das arenas romanas. Ele se deliciava ao ver o sofrimento das pessoas. Sua personalidade tinha traços claros de psicopatia. Ao acordar já ia perguntando aos seus auxiliares mais próximos: "Quem vamos matar hoje? Quero me divertir!"

Pedófilo, adorava a parte de sua divindade que exigia sacrifícios humanos de jovens rapazes. Ele violentava esses adolescentes romanos indefesos e depois oferecia suas vidas para o estranho Deus Sírio. Em pouco tempo todos estavam sabendo que o novo imperador era um pederasta violento e atroz.Também chocou a todos quando tomou como amante um escravo forte que havia sido gladiador. O imperador não escondia de ninguém que ele era seu amante. Publicamente trocavam gestos de carinhos e perversão. As famílias romanas ficaram horrorizadas com aquele espetáculo grotesco.

Também era sádico. Mandou matar todo romano que pudesse representar uma ameaça ao seu poder. Com o ímpeto da juventude mandou matar senadores e transformou suas esposas em prostituas. Fazia encenações grotescas, colocando mulheres nuas em desfiles de bigas de cavalos, chocando as famílias romanas mais tradicionais. Promovia orgias, como nos tempos de Calígula e depois de satisfazer suas maiores perversões sexuais mandava que feras selvagens como leões e tigres fossem soltos em cima de seus convidados. Não tinha o menor respeito pela vida humana e promovia massacres em populações que demonstrassem a menor reação contra seu governo.

Começou rapidamente a ser odiado pelo povo. Heliogábalo também tinha problemas ao seu lado. Seu irmão Alexandre Severo era bem mais admirado pelos militares. O jovem imperador assim tentou seguir os passos de Caracala, tentando matar o próprio irmão, mas sem sucesso. Conforme o tempo foi passando e todos perceberam que era um maníaco inútil, conspirações começaram a surgir de todos os lados. Acabou sendo encurralado por soldados no palácio. Sua mãe tentou defendê-lo, mas acabou tendo o mesmo destino do filho. Ambos foram decapitados. Depois seus corpos nus foram arrastados pelas ruas de Roma, com aplausos da plebe. Os patrícios também celebraram a morte daquele louco violento. Depois de serem trucidados pelas ruas, seus restos mortais foram jogados no Rio Tibre.

Com sua morte, Alexandre Severo foi celebrado e finalmente levado ao poder máximo. As estátuas de Heliogábalo foram então derrubadas e destruídas pelo povo. Foi um dos mais odiados imperadores da história de Roma. As pessoas queriam apagar sua memória. Foi considerado o pior imperador da dinastia Severo, que estava com seus dias contados. No total ficou apenas 4 anos no poder. Seu nome foi devidamente jogado na lata de lixo da história pelos romanos.

Pablo Aluísio.

domingo, 9 de fevereiro de 2025

O Gladiador de Roma

O Gladiador de Roma
Os Gladiadores surgiram em uma época bem remota da história de Roma. Inicialmente a luta de gladiadores foi uma evolução natural dos rituais fúnebres de guerreiros romanos. Após o corpo ser devorado pelas chamas de uma enorme pira funerária, os presentes lutavam entre si, numa última homenagem ao falecido. Depois, com o passar dos séculos, essas lutas passaram a atrair a atenção do povo romano e o "esporte" violento que conhecemos ganhou suas características finais. 

Alguns conceitos que vemos em filmes épicos sobre Roma não são inteiramente verdadeiros. Nem todas as lutas eram de vida ou morte. Aliás essas eram exceções à regra. Treinar e formar um grande campeão da arena levava anos e não seria possível que esse tipo de lutador morresse na primeira oportunidade que pisasse na areia das grandes arenas de lutas. Bons gladiadores duravam anos e anos e eram bem tratados por seus senhores, afinal esses ganhavam fortunas com eles. Eles eram famosos, tinham fãs e seus nomes eram louvados em grafites nos muros das cidades. Eram tão populares quanto os jogadores de futebol dos dias atuais. Um atleta como esse não poderia morrer da noite para o dia. 

Sim, os gladiadores eram escravos. A maioria deles eram tirados dos exércitos que lutavam contra Roma. Os guerreiros mais altos e fortes, aqueles que tinham provado sua coragem nos campos de batalhas eram poupados pelos romanos. Escravizados, eram levados para escolas de gladiadores que geralmente pertenciam a homens muito ricos da alta elite, como senadores e até mesmo imperadores. Ironicamente, com o passar dos séculos, eles também foram recrutados para lutar no exército romano, como aconteceu com o Imperador Marco Aurélio, que levou milhares de gladiadores para lutar ao seu lado nas florestas da Germânia. 

Embora fosse uma forma de diversão bem antiga para as massas, foi Júlio César quem primeiro usou as lutas de gladiadores como propaganda política. Ele patrocinava lutas para as massas e assim ganhava grande popularidade entre o povo. Esse sistema foi copiado por praticamente todos os imperadores romanos que vieram após sua era. E houve igualmente casos bizarros, como o de Cómodo, o imperador que amava tanto essas lutas que decidiu que queria ser ele também um grande gladiador! 

Os gladiadores seguiam certos modelos que tinham sido copiados dos inimigos de Roma. Por exemplo, havia o Trácio, baseado nos guerreiros desses povos. Eles se caracterizavam por seus tipos específicos de armas, elmos e armaduras. Uns usavam redes, outros longas espadas orientais, havia ainda os que tinham elmos extremamente bem trabalhados. Cada tipo de gladiador lutava com um rival semelhante em armas, mas no final, na decisão do grande campeonato de lutas, havia confrontos entre tipos diferentes de gladiadores. O povo romano adorava esses eventos, ora teatrais, ora esportivos, ora sangrentos e sádicos. 

Pablo Aluísio. 

sábado, 1 de fevereiro de 2025

Júlio César

Júlio César
Júlio César não foi um imperador de Roma. Um erro muito comum entre pessoas que não possuem muitos conhecimentos de História antiga é afirmar que Júlio César foi o primeiro imperador de Roma. Um erro compreensível até. Afinal todos os imperadores de Roma também eram conhecidos como Césares! De fato a morte de Júlio César significou o fim de uma era em Roma. A era da República Romana. Ele subiu dentro das instituições da República para depois destruir o sistema por dentro. 

Júlio César na realidade foi um político oportunista e populista. Ele manipulava as massas contra as instituições republicanas. No fundo queria o poder absoluto, máximo, sem ter que responder a ninguém por eles. Queria de fato ser o Imperador, o primeiro Imperador. Morreu tentando, mas era tão admirado e querido pelo povo romano que sua morte destruiu todas as colunas que sustentavam a República. 

E não se engane, trocar a República pelo Sistema Imperial não foi uma decisão política sábia. Muito pelo contrário. Para bem entender isso basta lembrar dos imperadores loucos e sádicos que surgiram depois. Nomes como Nero e Calígula até hoje causam terror. Foram homens com poderes absolutos. Dementes que usaram esse poder sem freio para matar e liquidar qualquer um que fosse contra seus domínios. 

A República tinha mecanismos para deter esses senhores da morte. O Império não! Desse modo a mudança promovida por Júlio César também significou a morte de centenas de milhares de pessoas ao longo dos séculos, fossem eles romanos ou não! Atrás de sua história, Júlio César deixou um oceano de sangue humano. Ele plantou a semente da tirania em Roma. E o povo, hipnotizado, não entendeu que estava na verdade cavando seu próprio túmulo. Foi o fim de uma era de racionalismo político, sendo trocado pela violência e pelas atrocidades do Império Romano contra os demais povos antigos. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 3 de novembro de 2024

Imperador Romano Caracala

Imperador Romano Caracala
Era o segundo filho do imperador Sétimo Severo. O irmão mais velho, Geta, era o preferido do pai. Antes de morrer o velho imperador determinou que o império seria dividido entre seus dois filhos. As legiões gostavam de Geta, que era um belo jovem, muito atlético, alto e com uma personalidade que agradava aos soldados. Era parecido com o próprio pai e era visto como um jovem educado e cortês. Caracala, por outro lado, era baixo, feio e cheio de ressentimentos. Mal seu  pai faleceu e ele começou os planos para matar o próprio irmão Geta. Acabou sendo bem sucedido. Mandou assassinos para o quarto dele e quando esse foi esfaqueado caiu na frente de sua mãe Júlia. Foi um trauma que ela nunca mais superou. 

Assim Bassiano (seu nome real) subiu ao trono com o título de Caracala, um nome inspirado no manto púrpuro que carregava em seu treja imperial. Esse seria um dos piores imperadores da história de Roma. Caracala era ressentido, cheio de ódio e perversidade. Assim que se tornou imperador começou uma política de perseguição e assassinato contra todos os seus inimigos, fossem eles reais ou imaginários. Uma de suas vítimas foi o grande jurista Papiniano, um dos maiores nomes da história do Direito Romano. Ele se recusou a defender a morte de Geta. Acabou sendo assassinado com requintes de crueldade por assassinos contratados pelo imperador. No total, estimam os historiadores, Caracala mandou executar mais de 20 mil pessoas, entre juristas, poetas, escritores, militares, senadores e pessoas do povo em geral. 

Era um assassino de massas, mas Caracala, que tinha péssima popularidade entre o povo romano, se via como o novo Alexandre, o Grande. O povo ria dessa comparação. Dizia-se nos becos da grande cidade que ele não conseguia passar de uma "imitação barata perto do verdadeiro Alexandre". A simples difusão desse tipo de ofensa era punida com morte pelo Imperador. Ele odiava em especial aqueles que o ridicularizavam. Grafites nos muros da cidade eterna porém o desafiavam. Seus opositores escreviam coisas cmo "Geta é o verdadeiro imperador" e "Feioso Caracala, assassino do irmão!". 

Enfurecido, Caracala decidiu viajar pelas províncias, deixando Roma para trás. Nunca mais retornou para a capital do império. E continuou sendo odiado por onde chegava. Ao chegar em Alexandria, a famosa cidade fundada pelo próprio Alexandre, o Grande, pensou que seria recebido como o próprio Alexandre, só que o povo o ignorou completamente. Diziam aos risos: "É esse o tal que ousa se comparar com o grande Alexandre Magno?"

Enfurecido, promoveu um massacre entre o povo de Alexandria. Foi seu último erro. Uma grande rebelião explodiu na grande cidade e Caracala se viu cercado por inimigos por todos os lados. Acabou sendo morto por um legionário de sua própria tropa. Tal como o irmão, foi morto com um punhal! Depois seu corpo foi jogado em um matagal próximo. A própria mãe dele, Júlia, respirou aliviada. Caracala, cada vez mais paranoico e violento, dizia que iria matar sua mãe ao retornar para Roma. Felizmente para o povo, isso nunca iria acontecer. 

Pablo Aluísio. 

Imperador Romano Sétimo Severo

Imperador Romano Sétimo Severo
Dois séculos depois da morte de Cristo, o Império Romano continuava sua longa jornada de decadência social, moral e política. O cargo de Imperador era descaradamente vendido pelos guardas pretorianos. Quem pagasse mais, levava o Império. Assim subiram ao poder homens ricos, mas inescrupulosos, corruptos que desejavam apenas saquear os tesouros imperiais. A situação ficou tão absurda e afrontosa que muitos governadores de provinciais se revoltaram contra essa situação. 

Entre esses governadores estava Sétimo Severo. Ele reuniu uma grande legião e marchou em direção a Roma. Após uma guerra civil bem sangrenta finalmente recebeu o apoio político e militar dos demais governadores e se tornou o novo Imperador de Roma, prometendo colocar ordem na anarquia e no caos, varrendo da cidade eterna os políticos corruptos e os militares sem honra. 

Seu primeiro ato como Imperador foi acabar com a guarda Pretoriana. Criada por Augusto, essa ordem militar se tornou um elemento nocivo para o Império. Seus membros estavam vendendo cargos públicos em troca de dinheiro e propriedades. Eles também foram responsáveis pela morte de vários imperadores no passado. Então era mesmo um elemento a ser destruído dentro do império. Vários guardas pretorianos foram presos por seus crimes e outros fugiram para não caírem presos também. 

Outra investida de Sétimo Severo foi o Senado. Havia um grupo de senadores corruptos. Doze deles em especial foram presos e condenados à morte. Depois disso o novo imperador nomeou homens de sua confiança ao Senado e entregou as forças do império para militares honrados e honestos que tinham demonstrado seu valor no campo de batalha. 

Com os políticos certos no Senado e com o controle do poderio militar, finalmente o Imperador conseguiu governar em paz. E fez um bom governo a ponto de ter grande popularidade entre o povo romano. Na política externa enfrentou uma grave rebelião de um império vizinho que dominava a região da Mesopotâmia. Sagrou-se vencedor nessa guerra e construiu um arco de triunfo em celebração a essa grande vitória. O Imperador Sétimo Severo viveu até a idade de 65 anos e morreu de gota. Não foi assassinado como havia acontecido com muitos outros Imperadores do passado. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 27 de outubro de 2024

Imperador Romano Commodus

Imperador Romano Commodus
Cômodo (do latim Commodus) era o filho do bom imperador Marco Aurélio. Dessa maneira ele sempre teve do bom e do melhor desde criança. Cresceu no luxo e na riqueza. Era o herdeiro ao maior império do mundo. Talvez por essa razão também criou todos os vícios que se possa imaginar desde muito jovem. Não gostava de estudar, de trabalhar e nem se interessava pelo Império como um todo. Queria apenas desfrutar de sua riqueza e da influência e poder do pai imperador. 

Quando Marco Aurélio morreu todos em Roma ficaram receosos. Commodus não era o homem certo para assumir o maior império do mundo. Ele era considerado um tolo, um frívolo e em muitos aspectos um imbecil. Também tinha uma personalidade muito tóxica e vil. Não tinha nenhum grande valor pessoal. Era egoísta, mesquinho e não via nenhum problema em matar as pessoas que ficavam em seu caminho. E os erros começaram logo cedo em seu governo. Logo de começo decidiu retirar as tropas romanas das fronteiras da Germânia. Ele não queria morrer naquela fronteira como havia acontecido com seu pai. 

Foi um grande erro pois com a saída das legiões romanas o Império ficou sem defesa em suas fronteiras. Não demorou muito e multidões de povos bárbaros começaram a invadir vilas romanas por todo o império. O caos havia se instalado e dessa vez esses povos indefesos não contavam mais com a proteção militar de Roma. Muitos massacres foram promovidos, milhares morreram nas mãos dos Germânicos, Vândalos e Visigodos, entre outros grupos de menor expressão. 

Enquanto seu povo era massacrado pelos bárbaros, Commodus passava o dia treinando com gladiadores pois ele era louco pelos violentos jogos de arena em Roma. Negligenciou a administração imperial e jogou tudo nas mãos de pessoas que se diziam suas amigas. O problema é que eles eram parasitas, corruptos e ex-escravos que não tinham nenhuma afeição ou elo de ligação com a nação romana. Eles apenas queriam a riqueza dos cofres públicos e nada mais. 

Com tantos roubos, o povo romano começou a passar fome, mas o imperador ignorou tudo. Mandou executar seus inimigos e acabou sendo alvo de uma grande conspiração que planejava sua morte. Inicialmente envenenaram sua comida, mas Commodus sobreviveu. Depois compraram um lutador conhecido como Narciso de que o imperador gostava muito e que gozava de sua intimidade, a ponto de frequentar seus aposentos privados. Durante o banho do imperador esse lutador o imobilizou e terminou por estrangulá-lo. Era o ano de 192 e o imperador foi assassinado com apenas 31 anos de idade. Sua morte significou o fim de sua dinastia, conhecida como Nerva-Antonina. No cinema esse imperador acabaria imortalizado no grande sucesso "Gladiador". 

Pablo Aluísio. 

domingo, 6 de outubro de 2024

Imperador Romano Marco Aurélio

Imperador Romano Marco Aurélio
Ele foi considerado pelos historiadores como um dos melhores imperadores romanos de sua era. E também era considerado um homem sábio, um filósofo, fundador de uma escola de filosofia que iria ser conhecida nos séculos que viriam como Estoicismo. E de estoico realmente tinha muito. Ele passou quase toda a sua vida de imperador nos campos de batalha, principalmente na sangrenta e violenta fronteira da Germânia, onde existiam povos bárbaros que jamais iriam se render ao poder de Roma. 

Vivendo entre seus soldados, enfrentando as durezas daquela guerra que parecia não ter mais fim, Marco Aurélio acabou escrevendo seus pensamentos e esses textos sobreviveram ao passar dos séculos, dando origem a grupos de estudo de seu estoicismo. Neles, Marco Aurélio pregava o auto controle de cada pessoa diante das inúmeras adversidades da vida, dos revezes, das derrotas. Nunca capitular, sempre levantar a cabeça e partir para a próxima batalha. Aguentar firme e com coragem os desafios impostos pela vida. 

Ele foi considerado um dos imperadores mais simples e leais da história romana. Comia a mesma comida dos legionários, ficava ao lado deles, muitas vezes dormindo no meio da lama. Era adorado por seus soldados por causa dessas atitudes. Infelizmente apenas ele era um homem estoico em sua família. E ele teve muitos problemas familiares, principalmente em relação ao seu filho e sua esposa. 

O filho, herdeiro do trono, chamado de Comodus, era um homem frívolo e muito irresponsável. Queria passar seus dias em bebedeiras e casas de prostituição. Seu sonho não era ser imperador, mas sim gladiador, por isso passava semanas dentro dos campos de luta de gladiadores. Para os romanos, aquilo era um grande escândalo. Os gladiadores em sua grande maioria eram escravos. Um herdeiro ao trono de Roma estar no meio daquela gente era considerado uma grande desonra para a família de Marco Aurélio. 

O pior aconteceu com a imperatriz, esposa de Marco Aurélio. Enquanto o marido vivia longe de Roma em operações militares, ela se tornou amante de um general romano. E quando correu um boato em Roma de que o Imperador havia sido morto na Germânia, ela tentou dar um golpe de Estado, colocando seu amante como o novo imperador. Marcou Aurélio não teve outra alternativa. Voltou para Roma, derrotou os golpistas e teve que executar a própria mulher. Foi um capítulo de sua vida que ele lamentaria até o fim de seus dias. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 1 de setembro de 2024

Imperador Romano Décio

Imperador Romano Décio
Em junho do ano 251 uma notícia abalou o Império Romano. O imperador Caio Méssio Quinto Trajano Décio havia sido morto no campo de batalha! Ele foi atravessado por uma espada bárbara enquanto lutava contra os Godos em uma província distante. Era a primeira vez na história que um imperador romano era morto dessa maneira, lutando contra invasores Godos que tinham cruzado as fronteiras do Império, causando morte e destruição por onde passavam. Seu filho mais velho, Felipe, também havia sido morto alguns dias antes. Mesmo com a morte daquele que seria o herdeiro do trono, o Imperador não se abalou e continuou na luta, até ser ele mesmo morto em combate. No dia em que morreu, o Imperador e seus legionários foram surpreendidos ao descobrirem que o exército inimigo contava com mais de 100 mil homens, enquanto as legiões romanas tinham em suas fileiras apenas 70 mil para o combate! 

Esse fato demonstrava bem que Roma já não conseguia mais parar as invasões de povos vindos do norte da Europa, povos esses que os romanos chamavam de bárbaros, pois não falavam nenhuma língua clássica (latim ou grego) e tampouco tinham os costumes e a cultura do povo romano. Foi um choque saber que a legião comandada pelo Imperador havia sido derrotada e dizimada. Isso mostrava acima de tudo que o Império estava sem forças militares para deter esses povos que viviam além da fronteira romana. 

O Imperador Décio decidiu seguir com suas legiões para deter os Godos após pedidos de socorro alarmantes chegarem em Roma. Várias cidades e vilas romanas tinham sido saqueadas e brutalizadas por esses bárbaros. Os Godos eram saqueadores. Eles entravam dentro do Império Romano para invadir suas cidades para roubar, matar e escravizar. Não tinham a intenção de viver dentro do Império, mas apenas em saquear essas regiões. Por essa razão era complicado combater esses bárbaros que viviam em movimento, sem parar em lugar nenhum. Após saquear uma região iam para outra, para promover novos saques e crimes diversos. 

Por esses tempos o Império passava por várias crises. Há anos os romanos combatiam os Germanos em terras distantes. Já havia perdido grande parte de seu território contra povos bárbaros que viviam na Britânia (atualmente Reino Unido), na Hispânia (atual Espanha) e na Gália (atual França). Até mesmo em províncias distantes, como no Norte da África e na Judéia explodiam rebeliões cada vez mais violentas e duradouras. Parecia haver guerras por todos os lados e o exército romano já não dava mais conta de tantas invasões e conflitos. A morte do Imperador Décio só aprofundou ainda mais essa crise que parecia não ter mais fim dentro do maior império que a humanidade já havia visto em sua história. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 11 de agosto de 2024

Imperador Romano Justiniano

Imperador Romano Justiniano
Quem cursou Direito certamente ouviu falar muito desse Imperador do Império Romano do Oriente, também conhecido como Império Bizantino. Justiniano foi um nome muito importante na história do Direito Romano. Foi ele que mandou formar uma comissão de juristas para catalogar e reunir em apenas um Codex (Código) todas as leis que estavam circulando dentro do Império. Havia uma infinidade de leis esparsas, das mais diferentes épocas de Roma e ninguém sabia ao certo quais ainda estavam em vigor e quais tinham sido revogadas. Diante dessa bagunça e insegurança jurídica, Justiniano criou o primeiro código de leis escritas da história, o que iria dar origem uma nova modalidade de documento jurídico que iria ser seguido pelos séculos seguintes pelos mais diferentes povos do planeta. 

Essa código pioneiro ficou conhecido como Corpus Juris Civilis. E foi considerado o primeiro Código Civil da história, muito embora também trouxesse leis de direito público, inclusive de administração imperial. Mas Justiniano não parou por aí. Ele também mandou organizar os inúmeros decretos imperiais que existiam por todo o vasto território romano. Isso daria origem a uma Constituição Imperial, a primeira que se tem notícia. Muitos gostam de dizer que a Constituição dos Estados Unidos foi a primeira constituição da história, mas esse é um erro. Antes dela existiu a Constituição Imperial de Justiniano. Foi um marco e também acabou se tornando um de seus maiores legados históricos. 

E Justiniano não resumiu sua importância histórica ao campo das leis. Ele também foi o último imperador romano a reunificar os dois lados do Império, formado pelo Império Romano do Ocidente (com capital em Roma) e o Império Romano do Oriente (com capital em Constantinopla). Era um velho sonho do imperador e ele conseguiu esse feito. Infelizmente a unificação não sobreviveu muitos anos após sua morte. O Império Romano do Ocidente estava sendo constantemente invadido por diversos povos bárbaros e não havia exército no mundo que conseguiria deter esses avanços. Não tardou muito e Roma voltou a cair após a morte de Justiniano. Já o Império Romano do Oriente teria existência muito mais longa, só caindo mesmo no século XV, com a invasão do Império Otomano.

Curiosamente na vida privada Justiniano enfrentou diversos problemas. Ele se apaixonou perdidamente por uma artista de circo chamada Teodora. Isso era um escândalo na época porque segundo a tradição o Imperador deveria se casar com alguma mulher nobre, das famílias mais tradicionais. Só que Justiniano era um daqueles homens românticos sem salvação. Ele pagou o preço e fez dessa mulher artista sua imperatriz. Também demonstrava ser controlado por ela, o que chocava a alta nobreza bizantina. De qualquer maneira o Imperador lhe foi fiel até sua morte. Esse entretanto foi apenas um capítulo menor de sua vida, uma vez que seu maior legado mesmo foi no mundo do Direito. Nesse campo ele realmente foi um dos nomes mais importantes da história romana. 

Pabllo Aluísio. 

domingo, 14 de julho de 2024

Imperador Romano Constantino

Imperador Romano Constantino
Constantino sempre será lembrado pela História por ter sido o imperador romano que trouxe liberdade religiosa aos cristãos. Mais do que isso, ele próprio se tornou o primeiro imperador romano cristão da História. E isso é bem curioso, porque Constantino foi criado dentro da corte do Imperador Diocleciano, um dos mais implacáveis e notórios perseguidores de cristãos de todos os tempos. Um verdadeiro genocida assassino. Ao que tudo indica Constantino não seguiu seus passos. Ao contrário disso herdou o temperamento mais moderado de seu pai, o governador Constâncio, que nunca perseguiu o cristianismo nas províncias em que comandava. 

O pai de Constantino era um homem bem racional. Tanto que simplesmente ignorava os decretos de Diocleciano que mandavam identificar, prender e matar todos os cristãos. Na época Constâncio era governador de vastas terras que iam desde a Britânia (atual Inglaterra), passando pela Hispânia (Espanha) e Gália (atual França). Nessas regiões os cristãos exerciam sua fé e seus cultos sem medo de violência por parte do Estado Romano. 

Quando seu pai morreu e Diocleciano faleceu, muito provavelmente envenenado, Constantino começou a lutar pelo poder imperial. Nessa fase o Império Romano estava muito fragmentado. Unir o Império sob um mesmo Imperador era de fato um desafio. Afirma a lenda que antes de uma das mais importantes batalhas contra esses demais usurpadores do poder, Constantino teve uma visão. Um símbolo cristão surgiu entre as nuvens e ele ouviu a frase "Com esse símbolo vencerás". Foi o que fez Constantino. Mandou pintar o símbolo cristão nos escudos dos legionários e assim se tornou vitorioso no campo de batalha. 

Depois de muitas lutas e guerras, Constantino finalmente se tornou o único Imperador do Império Romano. Ele reunificou novamente esse grande centro de poder. Mandou construir uma grande cidade chamada Constantinopla, em honra e glória às suas conquistas. Uma cidade planejada, feita para ser a nova capital do Império. Séculos depois iria mesmo se tornar a capital do Império Romano do Oriente, mais conhecido como Império Bizantino. 

Em Roma porém o Imperador, senhor do mundo, enfrentava problemas no seio de sua própria família. Intrigas palacianas colocaram de um lado sua esposa Fausta, sua mãe Helena e seu filho Crispo, o herdeiro da Roma Imperial. No final de todas as brigas sua família estava destroçada. O amado Crispo estava morto, assim como sua esposa. Constantino havia mandado matar os dois. Jamais iria se perdoar dessas mortes. 

O peso de sua consciência foi grande. Constantino iria passar o resto de sua vida pedindo perdão ao novo Deus cristão, chamado Jesus Cristo. Para purgar o que aconteceu passou a construir inúmeras igrejas pelo império, inclusive a Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém e a primeira Basílica de São Pedro, que passaria a ser a nova sede da Igreja Católica. O local escolhido pelo Imperador foi o Monte Vaticano, onde Pedro havia sido crucificado de cabeça para baixo. Ali também existia um cemitério onde eram sepultados os inimigos do império, grande parte deles cristãos.  O Imperador também colocou toda a estrutura de Roma em favor dos seguidores dessa nova religião que começava a se alastrar por todo o Império. 

No final da vida, já velho e doente, Constantino resolveu se batizar. Foi o ato final para uma pessoa que agora abraçava publicamente a nova fé cristã. Até aquele momento Constantino havia evitado ser batizado, pois havia muitos interesses políticos e religiosos em jogo na Cidade Eterna Roma. De uma maneira ou outra ao sair das águas do Rio Tibre ele era agora oficialmente um cristão romano! Ele morreu em 337, pedindo fervorosamente perdão a Deus por os seus pecados em vida. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 26 de maio de 2024

A Paixão do Imperador Adriano

Vários imperadores romanos foram homossexuais. Essa era uma tradição que vinha desde Júlio César cujas inscrições pelas ruas de Roma diziam: "César, homem de muitas mulheres, mulher de muitos homens". Fazia parte do jogo político ter relações homossexuais com figuras importantes para subir na carreira política. O imperador Adriano porém se notabilizou por ter elevado a homossexualidade ao sagrado divino. Ele subiu ao poder após a morte de Trajano, um imperador nascido fora de Roma. Adriano também era natural da província da Hispânia (atual Espanha) e para muitos romanos não passava de um estrangeiro dentro do próprio Império. Segundo várias fontes Adriano teria conspirado com a própria mulher de Trajano para se tornar imperador. Uma vez entronado no poder supremo começou a perseguir violentamente todos aqueles que pudessem simbolizar uma ameaça ao seu poder.

Embora fosse casado com uma importante mulher romana, Adriano gostava mesmo da companhia de jovens rapazes. Ele foi um homossexual praticamente assumido o que causava escândalo em certos setores da sociedade romana. A questão era que Adriano amava a arte grega, sua literatura e seu modo de vida. Naquela época o homossexualismo era extremamente difundido entre os gregos e ser gay era praticamente um pré requisito para ser um verdadeiro grego. Com o poder em mãos Adriano se jogou numa vida de pura luxúria homossexual. Viajou praticamente durante todo o seu período como imperador, ficando pouco tempo na capital do império, Roma. Durante essas viagens Adriano se entregou a todos os tipos de prazeres pervertidos. Centenas de jovens bonitos, todos menores de idade, foram para a cama com ele. Sim, além de ser homossexual, Adriano também era pedófilo, como havia sido Tibério antes dele.

Um desses meninos porém virou a cabeça do imperador. Ele se chamava Antínuos e era considerado um dos jovens mais bonitos da Grécia antiga. Adriano se apaixonou completamente pelo rapazola. Mandou que os principais poetas romanos lhe escrevessem longos poemas de amor e passou a exibir ostensivamente sua paixão por onde passava. Seu romance porém foi breve. Durante uma viagem pelo Egito Antínuos sofreu um acidente, caindo do navio imperial, se afogando nas águas barrentas do Rio Nilo. A morte de seu amado abalou profundamente o Imperador que inconsolável resolveu que todos os habitantes do império romano deveriam tratar seu jovem namorado como a um verdadeiro Deus dali para frente. Inaugurou estátuas sagradas em honra a Antínuos, mandou construir templos em sua honra e assumiu de maneira completamente pública seu grande amor homossexual pelo jovem (que segundo fontes não teria nem ao menos 17 anos de idade ao morrer). Pela primeira vez na história um Imperador romano era ostensivamente homossexual e pedófilo, para todos verem.

Duas religiões porém se negaram a aceitar Antínuos como um Deus! A primeira foi o Judaísmo. Era impossível para um judeu aceitar um rapaz como aquele, homossexual e pederasta, como uma divindade que estivesse no mesmo patamar que seu amado Deus único! Adriano ficou possesso com isso e mandou seus exércitos praticamente destruírem Jerusalém. A guerra que se iniciou foi uma das mais violentas da história culminando com a destruição de vários templos judaicos, profanações de seus lugares sagrados, crucificações em massa e morte. Adriano praticamente destruiu a cidade, expulsou os judeus sobreviventes e mudou o nome de Jerusalém para Élia Capitolina. O culto ao Deus dos judeus foi proibido. Orações só poderiam ser feitas agora para seu jovem namorado falecido. Para completar e mostrar força mandou destruir um importante templo judeu, erguendo em seu lugar um recinto religioso dedicado a orações para Zeus e seu amante juvenil, Antínuos.

Outra religião nascente que também trouxe muitas resistências a Adriano foi o Cristianismo. Seus seguidores acreditavam que Jesus era o Messias enviado por Deus. Crucificado por Roma ele teria ressuscitado do mundo dos mortos para a salvação da humanidade. Havia uma forte moralidade dentro do cristianismo que combatia de forma veemente o homossexualismo que Adriano tanto tentava propagar no império. Bastou isso para que o imperador ordenasse inúmeras perseguições a líderes cristãos. Qualquer um que fosse reconhecido como membro dessa seita religiosa deveria ser crucificado ou jogado aos leões nas arenas romanas. Quando Adriano soube que o tal Jesus Judeu havia sido crucificado no lugar chamado de Gólgota ordenou imediatamente que no mesmo lugar fosse erguido em templo em honra a Afrodite, a Deusa do Amor e do Erotismo. Adriano também mandou editar leis que ordenavam a prisão de qualquer religioso que se levantasse contra os seus padrões de comportamento. Bastava a citação de que o homossexualismo seria um pecado mortal para que o insurgente fosse condenado às mais duras penas do Império Romano.

Após a morte do imperador o culto ao novo deus Antínuos foi desaparecendo do Império. Os próprios imperadores que o sucederam chegaram na conclusão que era um absurdo transformar um jovem rapaz homossexual, amante de Adriano, em uma divindade. Muitos inclusive alegaram que fatos assim só serviam para destruir ainda mais a religião pagã e politeísta do antigo Império. Com isso Antínuos foi paulatinamente desaparecendo dos grandes templos, caindo rapidamente em esquecimento. Enquanto isso o Cristianismo baseado na vida daquele pobre homem morto em Jerusalém foi ganhando cada vez mais adeptos até se tornar a maior religião do mundo em todos os tempos.

Pablo Aluísio.

domingo, 19 de maio de 2024

Imperador Romano Trajano

Imperador Romano Trajano
Trajano foi escolhido para ser o sucessor pelo próprio Imperador Nerva. Ele o adotou e determinou que assim que morresse, Trajano seria o novo imperador. Uma decisão que iria se revelar sábia com o passar dos anos pois certamente Trajano foi um dos imperadores romanos mais marcantes da história. Trajano foi desde o começo que subiu ao poder um imperador ponderado, racional, que não se arriscava em aventuras ou em maluquices como tinha acontecido com imperadores loucos como Nero ou Calígula. Ao contrário disso Trajano valorizava o Senado e as instituições romanos e por isso acabou se tornando muito bem sucedido. 

Trajano começou seu império tentando seguir os passos de seu antecessor Nerva. Ele investiu em melhorias na própria Roma, restaurando antigos edifícios públicos, revitalizando o fórum romano, considerado o verdadeiro coração político do império e também mandou reconstruir antigas pontes e estradas romanas que estavam em mal estado. Nesse aspecto acabou conquistando a aprovação do povo pois havia fatos concretos provando a competência do novo imperador. 

De formação militar Trajano também precisou enfrentar diversas rebeliões por todo o império. A mais complicada de resolver foi na província da Dácia, onde um líder rebelde se revoltou contra os romanos, chamando o império para uma guerra frontal. Foi uma rebelião complicada de sufocar, ceifando a vida de milhares de legionários. A Dácia se localizava na região onde hoje se encontra um país chamado Romênia. Foi tão grave a guerra travada ali que Trajano elaborou um plano de colonização com romanos após a vitória. Por essa razão a Dácia passou a se chamar România, algo como a pequena Roma. 

De rebelião sufocada em rebelião controlada as tropas de Trajano foram parar muito longe. Após conquistar o Oriente Médio, com a destruição dos exércitos árabes rebeldes, Trajano foi parar na fronteira com reinos indianos. Era o mesmo local onde um dia Alexandre, o Grande havia estado. Mostrando a grandiosidade do Império Romano, que naquele momento histórico se encontrava em sua expansão territorial máxima! 

Trajano até cogitou em tentar tomar a Índia, mas tal como Alexandre, ficou doente. Até hoje se especula o que teria acontecido com o Imperador. Uma das teses afirma que ele contraiu Malária, outra que foi envenenado após um banquete. Acamado, fervendo em febre, Trajano ordenou que seus legionários o levassem de volta para Roma, sua cidade querida, onde queria morrer. Não houve tempo, o grande imperador Trajano morreu no meio da viagem e nunca mais reviu com seus olhos a cidade eterna. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 3 de março de 2024

Imperador Romano Nerva

Imperador Romano Nerva
Após o fim de Domiciano, assassinado em uma conspiração da guarda pretoriana, houve uma certa indefinição sobre quem seria o novo imperador. Para o bem de Roma, finalmente um senador chamado Marcus Cocceius Nerva foi o escolhido em 18 de setembro de 96. Ele assim se tornava o novo imperador de Roma. Com Nerva o senado romano finalmente chegava ao poder máximo no Império. A era dos imperadores generais tinha chegado ao seu final. Como a brutalidade e violência desses militares eram bem conhecidos pelo povo romano, o fato do novo imperador não ser um desses militares toscos já era um ponto de esperança. A escolha de Nerva assim foi muito bem recebida nas ruas da capital do império. 

Nerva era bem conhecido do povo romano. Ele era um homem da elite e vinha desempenhando o cargo de senador desde os tempos de Nero. Sua vasta experiência como político o fez compreender como nenhum outro romano, os erros dos imperadores anteriores, alguns deles verdadeiros homens insanos. Nerva sabia que não poderia cometer os mesmos erros. E ele era um homem preparado, intelectual, que conhecia bem as vias da administração de Roma. Também era um político nato, formando alianças com as diversas linhas de pensamento dentro do império. Era bom ouvinte e a leitura era vista por ele como um prazer. Sem dúvida era um homem culto e adequado para o cargo. Também mostrou desde os primeiros dias que iria recusar a violência e a repressão como única política de Estado. Não gostava de atitudes tirânicas. Ao seu modo era sem dúvida um homem democrata!  

Pessoalmente era um imperador cordial, diplomata. Dedicava todo o seu tempo diário para resolver os problemas imperiais. Era sensato, estudioso, pensativo. Nunca tomava uma decisão sem antes ouvir o senado e os demais setores importantes da sociedade. Com Nerva no poder, o império romano conquistou uma estabilidade política que lembrava os antigos tempos do imperador Augusto. Com tantas qualidades, ele passou a ser apontado pelos historiadores como o primeiro dos cinco grandes imperadores dessa fase. Era o primeiro do ciclo dos cinco bons imperadores, homens sérios, honestos, que trabalhavam duro pela ascensão do império. 

Pouco antes de morrer, Nerva adotou Trajano como seu filho. Ele não tinha filhos naturais e a escolha do bom Trajano foi uma questão de garantir uma sucessão pacífica para o poder. Nerva via em Trajano todas as qualidades que entendia ser essenciais para o contínuo sucesso do império romano. Com a escolha de Trajano para sucedê-lo também houve um abrandamento completo dentro das fileiras que faziam oposição ao imperador Nerva pois esses entendiam que Trajano seria um imperador melhor. Nerva, que sempre ouvia a todos, até mesmo seus opositores, decidiu que eles também teriam a chance de governar Roma após sua morte. 

Outro aspecto que mostra o sucesso do imperador Nerva vem do fato de que ele morreu de morte natural, ao sofrer um derrame enquanto trabalhava. Ele estava debruçado sobre documentos administrativos de Roma quando sofreu o derrame. Ele morreu aos 67 anos de idade, em 27 de janeiro de 98. Foi uma surpresa para o povo de Roma ver um imperador morrer assim, pois praticamente todos os imperadores anteriores tinham sido assassinados. Nerva, o imperador sábio e pacífico, foi grande até mesmo no momento de sua morte. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Imperador Romano Domiciano

Imperador Romano Domiciano
Domiciano era filho do imperador Vespasiano e irmão do imperador Tito. Quando esse último morreu de forma inesperada, rumores se espalharam por toda a Roma afirmando que Domiciano havia matado o irmão Tito para assumir o poder e se declarar imperador. Algo que nunca foi provado, mas que iria cobrar seu preço pois o povo de Roma jamais iria gostar de Domiciano. Além disso o novo imperador era introspectivo, não parecia gostar do povo e poucas vezes aparecia em público. O que sempre ganhavam destaque eram seus atos de violência e terror contra inimigos, reais ou imaginários. Ele havia tido uma educação privilegiada, mas o mundo em que vivia era realmente muito solitário. Mal chegou a conhecer direito seus familiares que viviam no exterior em campanhas militares. Quando Tito morreu, Domiciano não aparentou nenhum sentimento de dor ou sofrimento pela morte dele, sendo essa mais uma causa para o povo desconfiar de seus atos. Como consequência foi o mais impopular imperador da história de Roma. Para a plebe ele seria incapaz de mostrar afeto por qualquer pessoa, seja do povo, seja da elite romana. 

Muitos imperadores romanos demonstravam claros sinais de psicopatia, mas Domiciano certamente foi um dos mais cruéis ao subir no poder máximo do Império Romano. Ele se tornou imperador por um lance de sorte ou de crime, uma daquelas circunstâncias que pareciam nunca se cumprir, mas que se cumpriram. Filho de um grande imperador, ele foi imperador por quinze anos, mas nunca conquistou a afeição dos romanos. Pelo contrário, era odiado em Roma, tanto pelos Patrícios como pelos Plebeus. E motivos não faltavam para justificar todo esse ódio. 

Logo ficou claro que ele odiava religiões e pessoas religiosas, a começar pela própria religião romana. Domiciano passou a perseguir e matar diversas virgens vestais. Essas eram mulheres que viviam nos principais templos de Roma. Elas tinham que viver uma vida de castidade e santidade, para agradar aos Deuses. Caso fossem pegas se envolvendo com algum homem eram punidas e expulsas do templo. Ele afirmava que estava reformando a religião romana, mas na verdade estava perseguindo as pessoas que se dedicavam à ela. 

Para Domiciano isso era pouco. Ele logo criou decretos que condenavam à morte as virgens vestais que traíssem os seus votos de castidade. Matou centenas delas com acusações dos mais diversos tipos de perversões sexuais. Para historiadores, eram julgamentos forjados em mentiras. Ao que tudo indica ele era mesmo um imperador que odiava mulheres em geral. Tanto que também inovou nos jogos de gladiadores, fazendo com que elas fossem martirizadas e mortas nas arenas, algo que chocou a população romana. Ver uma mulher sendo morta por um gladiador era demais, até mesmo na violenta Roma antiga. 

Para os cristãos, Domiciano determinou que todos fossem condenados a morrer na cruz, tal como seu estranho deus judeu. Também determinou que os líderes religiosos cristãos fossem queimados no momento em que eram pendurados nas cruzes romanas. Eles deveriam virar tochas humanas, tal como fazia Nero. E por falar em judeus, Domiciano os odiava em especial, criando uma série de leis que oprimiam e confiscavam bens e propriedades de judeus, que formavam uma das comunidades mais ricas e prósperas de toda a Roma. Os que resistiam e enfrentavam o imperador eram mandados para a morte no Coliseu, onde eram devorados por feras selvagens. 

Com o passar dos anos o imperador foi ficando paranóico. Dizia-se em Roma que ele era a reencarnação do pérfido Tibério que voltara do mundo dos mortos para se vingar da elite romana. Domiciano realmente tinha bastante em comum com o velho imperador, tanto que chegara a admitir que via nele uma espécie de modelo. Só que seu governo tirânico começou a criar muito ódio entre os patrícios, a elite romana, que logo começou a planejar uma maneira de eliminar o tirano imperial. 

E assim foi feito. Domiciano foi morto a punhaladas, na emboscada, durante uma noite de lua cheia em Roma. Para eliminá-lo foi contratado um famoso matador romano, um sujeito que se infiltrou nos aposentados do imperador e o apunhalou de surpresa. Domiciano ainda reagiu, conseguindo lutar com seu assassino, dando-lhe facadas de vingança, mas não resistiu aos ferimentos, vindo a falecer em 18 de setembro de 96. O Povo de Roma não lamentou sua morte. Ao contrário disso, todos pareciam felizes. Dizia-se nas ruas que esse imperador jamais havia gostado de qualquer ser vivo, seja um ser humano, seja um animal. Sempre foi considerado um imperador arrogante e frio, sem qualquer traço de bondade ou piedade com o sofrimento alheio, principalmente dos mais pobres, que desprezava. Nas ruas gritavam: "Morreu o imperador que nunca gostou de ninguém em sua vida!". Com a morte de Domiciano também chegou ao fim a curta história da dinastia Flaviana que no final das contas só contou com 3 imperadores romanos. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 28 de janeiro de 2024

Imperador Romano Titus

O imperador romano Titus (ou Tito, como é conhecido na língua portuguesa) reinou por pouco tempo em Roma, mas o seu período foi tão marcante na história do império romano que até hoje historiadores se debruçam sobre sua biografia. Tito era filho do imperador Vespasiano e quando esse morreu sua sucessão foi considerada natural pelo senado. Isso demonstrava que embora formalmente Roma fosse ainda considerada uma República, na prática já se tinha contornos de uma monarquia de sangue. Tanto que Tito e seu irmão Domiciano se tornariam imperadores, simplesmente pelo fato de serem filhos de Vespasiano.

O nome de Tito jamais será esquecido pelo povo judeu. Foi ele que destruiu o templo de Jerusalém. Esse foi o primeiro momento histórico realmente marcante da vida desse imperador. A província da Judeia era considerada uma das mais problemáticas para Roma. Havia rebeliões, conflitos e os judeus nunca aceitaram de fato a dominação romana. Para piorar o quadro político havia a esperança de que um Messias iria libertar o povo judeu da escravidão dos romanos. Esse Messias era uma figura religiosa, fazia parte das escrituras sagradas dos judeus e isso havia se tornado um tormento para os governadores enviados por Roma.

Tito então enfrentou o problema de frente. Se a religião dos judeus era um problema, então os romanos iriam destruir seu maior símbolo, o Templo de Jerusalém. Quando os legionários entraram no templo isso foi considerado o maior dos sacrilégios. Tito mandou confiscar todo o ouro que havia ali, além de destruir tudo, colocar o templo literalmente abaixo. Dizem cronistas da época que os sacerdotes se jogaram nas espadas dos legionários romanos, tamanho era o desespero. Muitos morreram. Um desses em seu último momento encontrou Tito cara a cara e lhe disse que ele seria amaldiçoado pelo que havia feito, que não iria durar como imperador e que seu povo iria pagar por tudo o que havia feito aos judeus. Tito lhe virou as costas e mandou que a destruição continuasse, que tudo fosse queimado e demolido. Dizem que entrou a cavalo em um lugar extremamente santo do templo, onde o povo judeu acreditava que o próprio Deus ali habitava. Aquilo era o desrespeito máximo do romano para com a fé do povo judeu.

De volta a Roma Tito enfrentou o maior desafio de seu governo. O vulcão Vesúvio entrou em erupção. Milhares de pessoas morreram. Cidades como Pompeia e Herculano literalmente desapareceram do mapa, soterradas pelas cinzas do vulcão. Os cidadãos romanos que ali viviam morreram sufocados ou queimados vivos pelas chamas do Vesúvio. Pedras de fogo caiam do céu, era um cenário de apocalipse. Poucos escaparam. Os gritos podiam ser ouvidos a distância. Homens, mulheres, idosos, crianças, todos morreram de forma quase instantânea. Tito ficou desesperado. Ele enviou legiões para ajudar, mas os seus soldados morreram asfixiados por gases expelidos pelo Vesúvio. Foi uma enorme tragédia para o povo romano. Seu tão poderoso exército se revelava inútil naquele momento. E não foi apenas isso. Durante três dias e três noites Roma ardeu em chamas, em um incêndio tão grande como aquele que havia destruído a cidade nos tempos de Nero! E como havia profetizado o sacerdote judeu o reinado de Tito foi breve. Ele ficou como imperador por apenas dois anos. Inesperadamente morreu em 81 da era cristã, mesmo sendo ainda jovem. Dizia-se que havia sido envenenado pelo próprio irmão, Domiciano, que agora era o novo imperador após sua morte misteriosa. Tito assim acabou se tornando um imperador de rápida passagem pelo poder máximo do mundo antigo, em um dos momentos mais terríveis da história do império romano.

Pablo Aluísio.

sábado, 30 de dezembro de 2023

Vespasiano - O Imperador General

Depois de Calígula e Nero, Roma ficou com um vácuo de poder. Esses foram imperadores terríveis, depravados, alucinados e cruéis. Verdadeiros tiranos na mais restrita acepção da palavra. Quando Nero finalmente morreu uma sucessão de líderes surgiram em Roma. Homens como Otão e Vitélio, o Glutão, ficaram pouco tempo no poder. Eram medíocres demais para liderarem um vasto e grandioso império como o Romano. Coube a um general chamado Vespasiano, colocar as mãos no poder para que Roma não sucumbisse.

Vespasiano foi forjado dentro da disciplina militar. Ele foi um brilhante oficial das legiões romanas. Mesmo sob ordens de imperadores obtusos como Nero ele conseguiu ainda se destacar nas fileiras do exército. Participou de inúmeras campanhas bem sucedidas por todo o império e começou a ficar conhecido e respeitado pelos cidadãos de Roma. Quando a situação se tornou insustentável ele reuniu as legiões sob seu comando e marchou de volta a Roma. Disse a um de seus oficiais que a situação havia chegado a um limite sem volta e que apenas o exército romano poderia colocar ordem em todo aquele caos.

Vespasiano foi um homem pragmático. Ele fazia o que tinha que fazer. As finanças do Estado estavam arruinadas. Assim ele mandou reorganizar o sistema tributário de Roma. Novos tributos foram criados e aos poucos o império foi saindo da crise. De origem militar rechaçava todo o luxo que havia marcado a corte dos imperadores anteriores. O povo ficava surpreso ao descobrir que ele calçava suas próprias botas e cuidava de suas roupas. Não havia dezenas de escravos para isso, como acontecia com Nero. Vespasiano também mandou construir grandes obras, como o Coliseum, que seria terminado por seu filho Tito. Também mandou reconstruir os bairros romanos que tinham sido consumidos pelo fogo nos tempos de Nero. Com uma administração competente e honesta, ganhou as simpatias do povo, tanto da plebe como dos patrícios.

Chegou até mesmo a ser comparado com Augusto. O Senado lhe ofereceu todos os tipos de títulos, mas Vespasiano os recusou. Não era de sua índole. Na política externa o Imperador General precisou lidar com rebeliões na província da Judeia. Uma nova religião estava se espalhando pelo império. Ela tinha a crença que Jesus, um homem que havia vivido na Galiléia, havia ressuscitado após ser crucificado pelos romanos em Jerusalém. Segundo relatórios enviados ao imperador até mesmo membros do exército romano na região estavam se convertendo ao cristianismo. Vespasiano era um homem sem nenhuma fé religiosa. Nem mesmo acreditava nos deuses romanos e por isso avaliou essa nova crença como um problema político para o império Romano.

Ele encarregou seu filho Tito para combater os sentimentos de revolta do povo judeu. No ano de 79 da era cristã o imperador começou a sentir-se mal. O velho general começava a sentir o peso dos anos. Alguns historiadores modernos acreditam que o imperador começou a sofrer problemas relacionados ao Mal de Parkinson, além de doenças do coração. Quando descobriu que estava em seus últimos dias de vida mandou e ordenou que o Estado não deveria gastar fortunas com seu funeral. Queria algo simples. Chegou a dizer que jogassem seu velho corpo de militar nas águas do Rio Tibre. Queria morrer como um soldado. No dia de sua morte mandou seus soldados o levantarem da cama, para que morresse de pé, como um bom legionário. Ele faleceu de um provável câncer de intestino. Acabou dando origem a uma nova dinastia de imperadores denominada Flaviana.

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de dezembro de 2023

Imperador Romano Vitélio

Imperador Romano Vitélio
Depois da morte de Nero, o Império Romano passou por uma fase de grande instabilidade política e militar. Foi um tempo de guerra civil, onde golpes militares eram superados por outros golpes militares, sendo que as legiões vencedoras proclamavam como novo imperador justamente os seus generais vitoriosos nos campos de batalha. Foi o que aconteceu com Aulus Vitellius Germanicus, o imperador Vitélio. 

Ele vinha de uma linhagem que sempre desfrutou dos privilégios da casa de Júlio César. Dizia-se, na boca pequena, pelos becos de Roma, que ele havia sido um dos "peixinhos" do Imperador Tibério. Esse termo era usado para designar os jovens, menores de idade, que eram abusados sexualmente por Tibério, que tinha fama de pedófilo em Roma. Depois da morte desse velho imperador, ele continuou na corte, sendo um jovem privilegiado nas cortes de Calígula, Cláudio e Nero. Quando esse morreu, Vitélio comandava legiões romanas no exterior. Na fase que se sucedeu, ele sentiu que poderia assumir o poder total, pois suas legiões eram fortes e prontas para a guerra. 

Rumou para Roma e destruiu as tropas leais a Otão. Depois de matar aquele imperador, Vitélio assumiu o título de Imperador Romano. Ele seria o último dos três imperadores efêmeros dessa fase da história de Roma. Infelizmente para os romanos de sua época, ele era um ser humano desprezível que tinha poucos valores morais a preservar. Para o povo romano em geral se vendia como general e político honesto, homem acima de qualquer crítica. Um militar vitorioso em campos de batalha distantes do centro do poder. Por baixo dos panos, nos bastidores do império, se comportava como um ladrão barato, capaz até mesmo de roubar jóias do tesouro imperial. Na calada da noite assaltava os locais onde ouro, prata e jóias eram guardadas pelos senadores.

E seus atos como Imperador apenas confirmava o lado sórdido de sua personalidade. Enquanto militar, ele acumulou grandes dívidas pessoais. Eram inúmeros os seus credores. Quando subiu ao trono esses pensaram que finalmente iriam receber seu dinheiro, mas para seus infortúnios, o novo imperador não pagaria suas dívidas. Ao invés disso mandou passar no fio da espada todos os seus credores. Não apenas nunca receberam, como também perderam suas vidas para esse homem pérfido. 

E as atrocidades não pararam, atingindo sua própria casa. Mandou matar dois de seus filhos que eram acusados de conspiração política contra seu poder imperial. Não satisfeito, exilou para uma ilha distante sua única filha que havia chorado pelos irmãos mortos. Também celebrou publicamente a morte da mãe, que dizia-se havia sido envenenada por seus homens no palácio. Para quem se vendia como militar honesto ele se entregou cedo a todos os vícios possíveis, praticando orgias e banquetes suntuosos, enquanto grande parte do povo de Roma passava fome. Era insensível, brutal e cruel, segundo inúmeras crônicas de sua época. 

Com tanta corrupção, foi outro imperador que caiu cedo. Ficou apenas oito meses no poder. O Senado e as famílias tradicionais de Roma ficaram horrorizadas com aquele comportamento. Não demorou muito e foi preso por outro general, Vespasiano, que finalmente iria trazer alguma estabilidade na política da cidade eterna. E sua derrota foi selada no campo de batalha quando suas últimas legiões leais foram derrotadas pelos exércitos de Vespasiano. 

Depois de um breve julgamento de acordo com o Direito Romano, o agora deposto Vitélio foi jogado para a turba romana que promoveu um linchamento com seu corpo pelas ruas da cidade. Foi esfaqueado inúmeras vezes após ter suas vestes arrancadas pela enfurecida plebe romana. Seu corpo, destroçado, então foi jogado no rio Tibre, onde desapareceu para todo o sempre. Era dezembro de 69 e seu reinado de terror havia chegado ao fim. Vespasiano era o novo imperador romano. Pelas ruas da cidade o general desfilou com o povo gritando a plenos pulmões "Vida longa ao novo César!"

Pablo Aluísio.