domingo, 5 de novembro de 2023

Imperador Romano Cláudio

Imperador Romano Cláudio
Retomando meus textos sobre história, vou tecer aqui alguns comentários sobre esse imperador romano. Cláudio (Tibério Cláudio César Augusto Germânico) foi um imperador improvável. Em sua juventude ninguém da família imperial daria um tostão furado em uma aposta em que se dizia que ele seria o senhor absoluto em Roma algum dia. O imperador Tibério, por exemplo, considerava Cláudio uma vergonha dentro do clã imperial. Dizia que ele era retardado e aleijado. Que era um monstro e que deveria ter sido morto ao nascer, como era tradição nas antigas famílias romanas que matavam as crianças nascidas com defeitos físicos. O cruel e pedófilo imperador Tibério costumava dizer que Cláudio era um inútil débil mental e que deveria ficar escondido do povo de Roma. E foi justamente isso que salvou Cláudio da morte. Quando houve uma grande matança dentro da família por causa de disputas do poder, ele foi poupado por ser considerado um asno. Foi a sorte grande em sua vida. 

Assim quando o louco imperador Calígula foi morto pela guarda pretoriana, os militares saíram em busca de um sucessor. E tinha que ser alguém com sangue real, imperial. Só havia sobrado Cláudio da família depois de todos aqueles anos de sangue derramado entre irmãos. Era o único que ainda estava vivo. Afirma a tradição que ele foi encontrado escondido, tremendo, atrás de uma cortina no Palácio e levado ao trono do império pois o exército romano precisava de um imperador. Na falta de alguém melhor, ele subiria ao poder absoluto. O mais interessante é que Cláudio, apesar do medo inicial, tentou governar com seriedade. E para muitos historiadores ele foi, apesar de alguns deslizes, um bom administrador do Império. Trouxe estabilidade política para Roma. E apesar do que diziam dele, não era louco e nem doente mental. Pelo contrário, procurando seguir um exemplo melhor do que seus antecessores, também foi um imperador considerado misericordioso pelo povo romano. 

O seu único defeito mesmo foi se relacionar com as mulheres erradas. A esposa Messalina era considerada a maior prostituta de Roma. Era inegavelmente uma bela mulher, mas fútil, frívola e vulgar ao extremo. Enquanto ostentava o título de imperatriz consorte, mandou fazer os maiores bacanais e orgias que se tinha notícia. Algumas dessas festas extravagantes foram realizadas em templos sagrados, o que deixou a sociedade Patrícia completamente escandalizada. Também se apaixonou por um jovem romano que era um cafajeste e um escroto. Construiu uma mansão para o amante e foi morar com ele. Gastou dinheiro público para dar o melhor do que existia para seu amante. Andava de mãos dadas com ele no fórum e dava beijos escandalosos na presença de mulheres de famílias tradicionais da antiga Roma. Era escandalosa e afrontosa na frente de toda a elite romana. Era demais! Cláudio então mandou executar Messalina. Ela teve sua cabeça cortada e seus restos mortais foram jogados aos cães de rua vadios. O amante foi pendurado numa cruz e depois queimado vivo nela com óleo de baleia ardente. Seus restos ficaram à mercê de abutres famintos. 

Mas os problemas continuaram. Cláudio resolveu se casar com Júlia Agripina Menor, que já tinha se casado antes. Ela era a mãe do jovem insano e obeso Nero e tinha sonhos de que ele se tornasse o novo imperador. E foi isso que passou a planejar durante todo o tempo. Mas para que Nero se tornasse imperador ele teria que ser adotado por Cláudio. Era a única coisa que mantinha Cláudio vivo e ele nem desconfiava disso. E Cláudio cometeu seu último erro. Declarou Nero seu filho adotivo e herdeiro. Não demorou muito e Cláudio acabou sendo envenenado por Agripina. Ele havia esquecido que na família imperal todos os parentes procuravam matar os seus concorrentes ao trono. Agripina era vil e traiçoeira e queria matar Cláudio para que Nero se tornasse o imperador Romano. E foi exatamente isso o que acabou acontecendo. 

Pablo Aluísio. 

3 comentários:

  1. O imperador Tibério era o "Cesar" ao qual se referia Jesus Cristo quando disse "A Cesar o que e de Cesar, a Deus o que e de Deus". Se esse simples aforismo tivesse sido respeitado, talvez não houvesse, por exemplo, essa guerra agora na Faixa de Gaza.

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  2. O Direito e a história nos ensina que o único caminho é o Estado laico. Religião sempre deve ser separada do Estado. Caso contrário o desastre é certo!

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