segunda-feira, 6 de novembro de 2023

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 34

Marilyn Monroe e Joe Di Maggio
Alguns romances parecem que foram escritos nas estrelas. Infelizmente na maioria das vezes apenas parecem mas não se concretizam. Esse parece ter sido o caso de Marilyn Monroe e Joe Di Maggio. Ela, uma das atrizes mais populares da história do cinema. Ele, um mito do beisebol, considerado o "último grande herói" do mais americano dos esportes. Um ícone da nação. Se eram parecidos no quesito fama não poderiam ser mais diferentes em suas personalidades. Di Maggio era um ítalo-americano típico. Turrão, era reservado e tratava a imprensa a patadas. Ciumento e possessivo achava que o lugar da mulher era realmente na cozinha preparando um belo prato de macarronada para o maridão. Monroe era o oposto de tudo isso. Expansiva e louca por publicidade Marilyn sabia que para manter sua popularidade tinha que manter bons contatos com a imprensa. Tinha amigos jornalistas e vira e mexe os presenteava com furos - muitas vezes de sua própria vida pessoal. Como artista adorava os holofotes, sejam quais fossem. Era literalmente uma estrela e como sabemos é da natureza das estrelas sempre brilharem o máximo possível.

Os dois se conheceram meio ao acaso. Di Maggio viu uma foto de Marilyn em uma revista e ficou impressionado pela beleza da atriz. Usou de seus contatos no meio cinematográfico para conhecê-la a qualquer custo. Informada ela não deu muita bola, afinal não acompanhava beisebol e pouco sabia sobre Di Maggio. Após alguns desencontros resolveram se encontrar. Foi um jantar formal, com Joe sempre receoso em tudo ir por água abaixo. Curiosamente apesar da diferença de personalidades acabaram se entrosando. Marilyn há muito almejava encontrar seu par ideal para quem sabe formar uma família de verdade (algo que realmente nunca teve em vida). Finalmente depois de vários encontros finalmente foram para a "terceira base" (uma gíria bem em voga nos EUA). Se deram muito bem sob os lençóis. Tão bem que esse acabou sendo realmente o elo que sempre os mantinham juntos.

Em um impulso típico da atriz acabaram se casando. Di Maggio finalmente tinha seu grande prêmio, a mulher de seus sonhos. Ele tinha sua própria ideia do que seria um casamento ideal e para falar a verdade Marilyn bem se esforçou para corresponder a esses anseios do marido. Se tornou praticamente uma dona de casa. Fazia a comida de Joe enquanto esse ficava na sala assistindo seus faroestes preferidos na TV. Até suportou o bando de amigos beberrões do marido que sempre os visitavam para beber, jogar cartas e contar piadas machistas. Imaginem a cena: um monte de italianos ao redor de uma mesa de bridge sendo servidos com salgadinhos e cerveja por um dos maiores símbolos sexuais do mundo. Olhando bem de perto realmente não havia como dar certo uma coisa dessas. Marilyn já tinha tido uma experiência assim com seu primeiro marido. O fato puro e simples era que ela na realidade queria voltar aos sets de filmagem o mais rápido possível.

Assim após alguns meses Marilyn finalmente retornou aos braços de seu público. Lá estava ela em plena Nova Iorque filmando as famosas cenas do vestido levantado em "O Pecado Mora ao Lado". Di Maggio que já havia tido vários atritos com ela por causa dos roteiros dos filmes que fazia ficou discretamente posicionado atrás das câmeras, meio na surdina. Marilyn obviamente nem tomou conhecimento da presença do marido no local. Di Maggio franziu a testa. O que viu lhe deixou profundamente irritado. Marilyn com as saias esvoaçantes, deixando muito pouco para a imaginação dos homens no local. Rindo e se divertindo ela acabou adorando as cenas. A volta para casa foi tumultuada. Joe pediu explicações - Marilyn retrucou. Depois de muita gritaria finalmente aconteceu o que selou o fim do casamento. Joe Di Maggio, o herói americano, agrediu Marilyn. Ela já tinha suportado muita coisa de Joe mas isso não. Era o fim. Em pouco tempo Monroe pediu o divórcio e se foi. Di Maggio ficou arrasado. Ele ainda tentou várias e várias vezes reatar seu relacionamento mas Marilyn, que quase virou um dia uma típica dona de casa italiana, caiu fora para sempre. Era o fim do casamento dos sonhos da grande nação ianque.

O casamento da estrela e do herói do esporte acabou definitivamente, mas não a paixão de Di Maggio. Ao longo dos anos ele virou literalmente um chiclete no saldo alto da atriz. Sempre pronto a tentar uma reconciliação. Engoliu seu tradicional orgulho italiano e se prestou a passar por verdadeiras humilhações públicas. Marilyn nunca voltou atrás e parece não ter se arrependido disso. Mas como diz o velho ditado o mundo dá voltas. Após diversos fracassos amorosos Marilyn encontrou seu destino no quarto de sua casa em Hollywood. Na cama sozinha ela ainda tentou fazer uma última chamada mas o efeito das pílulas que tomou foram fortes demais. Ela apagou. Em suas últimas semanas Marilyn Monroe estava arrasada. Tinha sido despedida da Fox após inúmeros atrasos e faltas no set de seu último filme. Tentara e fracassara em seu romance duplo com os irmãos Kennedy. Abandonada e ferida Marilyn se afogou em tristeza e depressão. Para alguns uma morte acidental, para outros suicídio e como todo conto de fadas Made in USA esse também teve sua pitada de teorias da conspiração. Teria Marilyn sido assassinada pelo FBI ou pela CIA? Hoje, passado tantos anos isso realmente não importa mais.

No apagar das luzes do mito eterno foi Di Maggio quem acabou sendo o responsável por seu funeral. Afastou da cerimônia as pessoas que ele acreditava terem sido danosas a Marilyn (como Frank Sinatra, por exemplo). Providenciou uma despedida simples e respeitosa, com os poucos verdadeiros amigos da atriz. No final se mostrou inconsolável de uma dor que jamais iria se cicatrizar. Ao longo dos anos Di Maggio recusou milhões de dólares para escrever sua auto biografia. Certa vez confidenciou a um amigo próximo que jamais o faria, porque sabia que a imprensa queria mesmo era saber sobre a vida de Marilyn Monroe e ele certamente não a trairia nesse ponto. Enquanto viveu ele mandou depositar diariamente um ramalhete de flores na lápide da amada. Era uma forma de provar que jamais a esqueceria. No final seu amor por Marilyn mostrou-se realmente eterno e incondicional pois cumpriu sua promessa de nada declarar sobre sua amada. Morreu em 1999 sem falar uma linha sequer sobre seus anos ao lado da atriz mais famosa da história do cinema. O amor realmente desconhece as razões de sua própria existência.

Pablo Aluísio.

7 comentários:

  1. Bela postagem meu irmão, esse tipo de história aguça ainda mais a minha vontade de terminar o livro que eu estou lendo atualmente, simplesmente chamado: Marilyn e JFK. Me tornei fã da Marilyn de uns dois anos pra cá. O primeiro filme? O Pecado Mora Ao Lado, no caso do filme, no andar de cima, rs. A cena dela subindo a escada com o ventilador de pequeno porte na mão e a cena dela de pijama acho, descendo a escada com um martelo, puts, foi ali que ela me ganhou como eterno fã, admirador e apaixonado por ela. O livro assim que eu terminar comentarei lá no meu blog. Parabéns mais uma vez pela postagem irmão. Pablo Aluisio é cultura, é pesquisa, é irmão mesmo. Valeu. Ah, me manda o seu email please, abraços.

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  2. Obrigado Baratta.

    Realmente há muitas histórias interessantes envolvendo o mito Marilyn Monroe. Pretendo trazer várias delas ao blog. Esse livro ao qual você cita ainda não tive oportunidade de ler mas me pareceu ser bem interessante. Obrigado pelos elogios e continue acompanhando nossas postagens. Muitas novidades virão em breve.

    Abraço,
    Pablo Aluísio.

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  3. Que canalha esse Joe bater em mulher! Ela fez bem em largar ele

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  4. Magno Rodrigues Alves11 de maio de 2012 às 13:35

    Meu caro Pablo: louvo-o, sem dúvida,pelo brilhantismo de suas narrativas ( que não são apenas uma biografia ).Você é um excelente escritor. Sou, desde minha infância ligado à arte de representar.Transitei, a partir dos 15 anos pelo teatro amador,semi-profissional.na TV ,em dezenas de peças e algumas novelas. Tudo no RS, onde fui ator pioneiro na TV ao vivo. É uma longa história. Mas minha prifissão, função pública e família, não me deram condiçoes de procurar São Paulo ou Rio de Janeiro, embora nesta última cidade tenha residido por oiti anos. Mas , diz um ditado gaucho: cachorro comedor de ovelha s'matando. Apesar da idade e dos cabelos totalmente brancos, confesso-te: eu voltarei...eu continuarei...eu morrerei lá. Desculpa o desabafo.Vou continuar ! te lendo ".Abraços fraternos. Meu respeito e admiração. Magno Rodrigues Alves - CTBA/PR

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  5. Grato pelas palavras gentis e elogiosas Magno. De fato é muito bom ter esse tipo de retorno dos leitores do blog. Gostei de seu texto ou como você mesmo afirmou seu "desabafo". Sua história me lembrou de uma frase que diz: "Sonhos são como Deuses, nós temos que acreditar neles". Continue acreditando em seus sonhos que um dia eles certamente se realizarão.

    Abraços,
    Pablo Aluísio.

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  6. Postagem antiga, já com comentários antigos. Alias Pablo, aonde será anda o Baratta?

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  7. Um texto antigo que resolvi trazer para a primeira página do blog novamente, agora fazendo parte da série "As Vidas de Marilyn Monroe". Sobre o bom e velho Baratta, realmente faz tempo que falei com ele pela última vez...

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