sexta-feira, 6 de março de 2015

O Sobrevivente

Cada ator famoso do gênero ação na década de 80 procurou trilhar um caminho próprio que acabasse caracterizando sua filmografia. Os filmes de Stallone, por exemplo, sempre flertaram com situações mais dramáticas como Rocky e até mesmo em Rambo - Programado para Matar. Já Chuck Norris era o rei das produções mais simples, de orçamentos modestos e cenas impossíveis. Entre eles Arnold Schwarzenegger foi o que mais flertou com a Ficção Cientifica. Como se não bastasse ter estrelado o clássico do gênero "O Exterminador do Futuro", ele alcançaria grande sucesso ainda com "Predador" e "O Vingador do Futuro", dois clássicos Sci-Fi daqueles anos. Assim não foi surpresa para ninguém quando surgiu com esse estranho "O Sobrevivente" (que no Brasil foi lançado também com seu título original, The Running Man). O roteiro era baseado na obra de Stephen King que curiosamente usou de um de seus pseudônimos quando o texto foi lançado,

Quando assisti recentemente "Jogos Vorazes" me lembrei imediatamente desse "The Running Man". O argumento é praticamente o mesmo. Em um futuro distante  Ben Richards (Arnold Schwarzenegger) se vê em um terrível jogo mortal onde terá que sobreviver a inúmeros combates e lutas.O diferencial é que tudo é consumido pelo povo em geral como simples diversão, numa verdadeira releitura das antigas arenas romanas de gladiadores. Assim tudo não passaria de um grande Game Show, na mais pura tradição do pão e circo para as massas empobrecidas e alienadas. Agora que você leu a sinopse de "O Sobrevivente" me diga com sinceridade: Existe alguma diferença com "Jogos Vorazes"? Eu sinceramente acho que não. O filme é bem realizado, tem boa produção e direção segura de Paul Michael Glaser, que curiosamente vinha do mesmo mundo da TV que criticava no filme. Tendo dirigido os sucessos "Miami Vice" e "Starsky e Hutch" ele certamente sabia lidar com o tema. Embora tenha sido lançado no auge da carreira do ator Arnold Schwarzenegger o filme, para surpresa de todos, não conseguiu fazer o sucesso esperado. Talvez o tema tenha soado muito complexo para aquele universo de filmes de ação da década de 80 ou então o público não comprou a ideia. De qualquer modo a produção funciona tanto como filme de ação como de Sci-Fi e merece ser redescoberto pelos fãs de ambos os gêneros. No fundo é uma crítica corrosiva sobre a futilidade reinante em nossos canais de TV, tal como o sucesso "Jogos Vorazes".


O Sobrevivente (The Running Man, Estados Unidos, 1987) Direção: Paul Michael Glaser / Roteiro: Steven E. de Souza baseado na obra de Stephen King / Elenco: Arnold Schwarzenegger, Maria Conchita Alonso, Yaphet Kotto, Jim Brown, Jesse Ventura / Sinopse: Em um futuro distante Ben Richards (Arnold Schwarzenegger) se vê em um terrível jogo mortal onde terá que sobreviver a inúmeros combates e lutas. Tudo não passando de um Game Show realizado para entreter as massas ociosas e desocupadas.

Pablo Aluísio.

Wolverine - Imortal

Título no Brasil: Wolverine - Imortal
Título Original: The Wolverine
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Marvel Studios
Direção: James Mangold
Roteiro: Mark Bomback, Scott Frank
Elenco: Hugh Jackman, Will Yun Lee, Tao Okamoto, Hal Yamanouchi

Sinopse:
Logan (Hugh Jackman), mais conhecido como Wolverine, vai à terra do sol nascente, o Japão, para se envolver numa complicada conspiração corporativa, cujas consequências poderão lhe atingir diretamente. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films na categoria de Melhor Adaptação de Quadrinhos.

Comentários:
Uma tentativa de recomeçar uma franquia própria para o personagem Wolverine da trupe X-Men. O primeiro filme acabou não agradando a ninguém, nem ao público e nem à crítica. Assim o diretor James Mangold tomou a sábia ideia de simplificar tudo, cortando personagens e investindo em um enredo mais enxuto, embora eficiente. Com ares de Graphic Novel esse novo filme do Wolverine finalmente caiu nas graças do público (foi a terceira maior bilheteria do ano) e da crítica, que definitivamente gostou do que viu. Some-se a isso o fato da história se passar no Japão e você terá realmente um bom filme, valorizado pelos cenários bonitos e direção de arte de bom gosto. Como se sabe o personagem Logan (mais uma vez interpretado por Hugh Jackman) sempre foi o mais popular mutante dessa saga em quadrinhos e como hoje vivemos a época de ouro das adaptações de heróis para o cinema, ele certamente não poderia ficar de fora. Em suma, uma boa diversão que agradará em cheio aos fãs dos X-Men.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Os Cinco Rapazes de Liverpool

Mesmo depois de tantos anos de seu lançamento (e lá se vão 21 anos de sua estréia!) ainda considero o melhor filme já feito sobre os Beatles no cinema. O mais famoso grupo de rock da história aqui surge como um bando de jovens amigos, que ainda não sabiam direito o que fariam da vida, mas que nesse meio tempo resolveram apostar no velho sonho de fazer sucesso no mundo da música. O interessante é que nessa fase eles eram cinco e não quatro, como foram imortalizados. O roteiro assim foca na figura de Stuart Sutcliffe (Stephen Dorff), o quinto Beatle, que para muitos ainda segue sendo um completo desconhecido. Grande amigo pessoal de John Lennon, ele foi incorporado aos Beatles por causa de sua amizade, embora não soubesse tocar direito nenhum instrumento. Na verdade ele sonhava ser artista plástico e se casar com sua namorada, a bela Astrid Kirchherr (Sheryl Lee), embora o destino lhe reservasse outro caminho.

A história dessa grande amizade é o foco principal dessa produção que contou ainda com uma maravilhosa trilha sonora, que procurou revitalizar o som que o grupo tinha na época, quando eles foram para a Alemanha lutar por alguns trocados, tocando em boates cavernosas e bares de strip-tease. Nunca os Beatles foram tão humanos e próximos de nós como nesse filme, um verdadeiro clássico moderno que mostra acima de tudo que é possível se fazer um grande filme sobre alguns dos maiores mitos do olimpo da música mundial. Um belo retrato de uma amizade que rompeu a barreira do tempo.

Backbeat - Os 5 Rapazes de Liverpool (Backbeat, Inglaterra, Alemanha, 1994) Direção: Iain Softley / Roteiro: Iain Softley, Michael Thomas / Elenco: Stephen Dorff, Sheryl Lee, Ian Hart. / Sinopse: O filme resgata a história dos Beatles em seus primórdios. Filme vencedor do BAFTA Awards na categoria de Melhor Filme Musical.

Pablo Aluísio. 

Quatro Casamentos e Um Funeral

Uma comédia romântica realmente saborosa, com excelente roteiro, explorando justamente a vida de um grupo de amigos, cujas vidas são mudadas exatamente em quatro casamentos e um funeral. O roteiro é muito bem elaborado porque praticamente funciona como flashes da vida desses personagens centrais. Entre eles se destaca obviamente a relação conturbada e indefinida entre Charles (Hugh Grant) e Carrie (Andie MacDowell). Como se trata de uma produção britânica você já sabe que terá pela frente o melhor do humor inglês, com todo aquele clima de sofisticação que é de repente afrontado pelas mais bizarras situações. Daí vem o humor, desse choque e contraste entra uma postura fina e tradicional e o modo de ser mais grotesco revelado dentro dos relacionamentos amorosos e de amizade.

Essa comédia acabou transformando o ator Hugh Grant em um astro. Seu estilo tipicamente britânico acabou caindo no gosto do grande público, inclusive do americano, já que as mulheres acabaram suspirando por seu ar tímido e atrapalhado, que acabava se revelando um charme irresistível para o público feminino. Bom para ele, que depois desse sucesso cruzou o Atlântico e começou uma bem sucedida carreira na América, colecionando sucessos e mais sucessos de bilheteria (embora hoje em dia ele esteja em baixa, praticamente aposentado). Mesmo assim ainda vale muito a pena rever o filme, pois ele não envelheceu em nada, mantendo-se ainda muito divertido e engraçado, com ótima trilha sonora.

Quatro Casamentos e Um Funeral (Four Weddings and a Funeral, Inglaterra, 1994) Direção: Mike Newell / Roteiro: Richard Curtis / Elenco: Hugh Grant, Andie MacDowell, James Fleet / Sinopse: Comédia romântica de sucesso nos anos 90, com toques de puro humor negro inglês. Indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme e Melhor Roteiro Original. Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator - Comédia ou Musical (Hugh Grant).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de março de 2015

RoboCop

Título no Brasil: RoboCop
Título Original: RoboCop
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), Columbia Pictures
Direção: José Padilha
Roteiro: Joshua Zetumer, Edward Neumeier
Elenco: Joel Kinnaman, Gary Oldman, Michael Keaton

Sinopse:
Alex Murphy (Joel Kinnaman) é um policial que cumpre muito bem suas funções, tanto que acaba descobrindo um jogo sujo envolvendo tiras como ele. Antes que denuncie o esquema acaba sofrendo um atentado a bomba que deixa seu corpo destroçado. Isso acaba se tornando uma ótima oportunidade para que um projeto de unir homem e máquina em prol da lei seja revitalizado, surgindo daí RoboCop, o modelo ideal do policial do futuro.

Comentários:
Remakes via de regra são bem desnecessários, a não ser que o material original dê margem para uma nova releitura, mais atualizada e moderna. O primeiro filme com o policial do futuro soava muito interessante na década de 80. Era um filme de ficção policial que não se resumia a apresentar a mais pura ação descerebrada, pois tinha um interessante argumento por trás (a mudança da estrutura estatal da segurança pública para o mundo corporativo). "RoboCop" assim seria a materialização da transformação pelo qual a sociedade passava na época (inclusive sob o ponto de vista tecnológico). Até hoje é considerado um bom filme, muito coeso e bem realizado. Então chegamos a esse novo remake. Houve mesmo alguma necessidade em realizar essa obra? Sinceramente depois de assistir cheguei na conclusão que não! O cineasta José Padilha é sem dúvida talentoso, basta lembrar de "Tropa de Elite", mas aqui ele foi controlado completamente pela máquina industrial do cinema americano. No fundo não há nada de autoral nessa revisão. Ora, se o novo RoboCop não traz maiores novidades (o roteiro segue praticamente o mesmo, sem traços do diretor em seu conceito) para que refazer o que já tinha ficado tão bom? No papel principal de Alex Murphy temos o ator Joel Kinnaman, que interpreta o policial noiado da boa série "The Killing". Se não surpreende, pelo menos não atrapalha. Sua atuação é uma das poucas novidades dignas de nota. Assim chegamos na conclusão que o novo "RoboCop" não tinha mesmo razão para existir.

Pablo Aluísio.

A Liga Extraordinária

Título no Brasil: A Liga Extraordinária
Título Original: The League of Extraordinary Gentlemen
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Stephen Norrington
Roteiro: James Robinson, baseado na obra de Alan Moore
Elenco: Sean Connery, Stuart Townsend, Peta Wilson, Tony Curran

Sinopse:
Um grupo de personalidades marcantes do mundo da literatura resolve se unir para enfrentar uma grande ameaça contra a humanidade. O aventureiro Allan Quatermain (Sean Connery), o lendário Capitão Nemo (Naseeruddin Shah), a sedutora Mina (Peta Wilson) do romance "Drácula", Dr. Henry Jekyll e Edward Hyde (Jason Flemyng) de "O Médico e o Monstro" e até mesmo Dorian Gray (Stuart Townsend), saído diretamente das páginas escritas por Oscar Wilde, entre outros, estão nessa perigosa aventura. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films nas categorias de Melhor Filme de Fantasia, Melhor Atriz Coadjuvante (Peta Wilson) e Melhor Figurino.

Comentários:
"The League of Extraordinary Gentlemen" por ser uma adaptação da Graphic Novel de Alan Moore causou grande expectativa nos fãs de HQs. Infelizmente Hollywood ainda não conseguiu captar todas as nuances dos quadrinhos para as telas de cinema. Mudanças são realizadas em nome de um maior potencial comercial e partes do enredo são alterados em prol do ego dos atores. Isso acaba de uma maneira ou outra desfigurando a essência da obra original. Foi justamente isso que aconteceu mais uma vez aqui. Inicialmente o próprio Alan Moore rejeitou o filme. Tentou até mesmo tirar seus nomes dos créditos. Depois, para piorar ainda mais, o ator Sean Connery entrou em atritos com o diretor e o estúdio. Connery queria ainda mais espaço para seu personagem Allan Quatermain, mas o roteiro tentava em vão trazer o aspecto mais coletivo da Graphic Novel original. No meio de tantos problemas de produção o filme acabou saindo truncado, mal dividido, o que acabou desagradando tanto o público como a crítica. Em termos de produção, direção de arte, efeitos especiais e figurino, não há o que reclamar. Tudo é muito bem realizado, de acordo com uma película que custou mais de oitenta milhões de dólares. O problema realmente é de roteiro, esse se mostra muitas vezes sem salvação. Como fracassou comercialmente o filme hoje em dia serve apenas como curiosidade, uma amostra que a fusão entre quadrinhos e cinema nem sempre dá muito certo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de março de 2015

As Pontes de Madison

Título no Brasil: As Pontes de Madison
Título Original: The Bridges of Madison County
Ano de Produção: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros, Malpaso Productions
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Richard LaGravenese
Elenco: Clint Eastwood, Meryl Streep, Annie Corley
  
Sinopse:
Junho de 1965. Francesca Johnson (Meryl Streep) é surpreendida com um estranho em sua fazenda. Robert Kincaid (Clint Eastwood) é um fotógrafo profissional que trabalha para a revista National Geographic que está ali para tirar fotos das famosas pontes de Madison. Francesca inicialmente estranha sua presença, mas depois concorda em lhe mostrar a região. Seu marido e seus filhos estão fora, no estado vizinho de Illinois, e ela decide se tornar a guia informal de Kincaid pelas redondezas. Desse convívio de apenas quatro dias entre uma reprimida esposa e dona de casa e um jornalista livre e com espírito de aventura começa a surgir uma inesperada paixão. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Atriz (Meryl Streep). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Atriz (Meryl Streep).

Comentários:
Muitos ficaram realmente surpresos com a sensibilidade mostrada por Clint Eastwood nesse (já considerado clássico nos dias de hoje) "As Pontes de Madison". Logo Clint, que sempre foi mais conhecido por interpretar sujeitos durões nas telas, surgir com um roteiro tão romântico como esse! Era mesmo de admirar. Baseado na novela escrita por Robert James Waller o roteiro era de uma singeleza ímpar, mas conseguia transmitir muito em cima de uma pequena história que parecia ser bem simples. Basicamente vemos o encontro de um fotógrafo e uma dona de casa em plenos anos 1960. Ela é infeliz no casamento. Ele se interessa por ela assim que a conhece. Obviamente há uma clara paixão despertando entre eles, mas tudo fica muito reprimido e soterrado por causa das convenções sociais da época. Assim o argumento discute de forma subliminar os limites que não podem ser ultrapassados dentro de uma sociedade conservadora como a americana. Até que ponto deve-se deixar a felicidade de lado apenas para obedecer a esse tipo de imposição social? 

O elenco está ótimo. Quem poderia dizer que uma atriz tão respeitada (e oscarizada) como Meryl Streep iria se dar tão bem com Clint em cena? Pois é justamente isso que acontece. A química entre eles salta aos olhos. Outro ponto de destaque nesse romance temporão é o trabalho do excelente diretor de fotografia Jack N. Green. Ele transformou o cenário do enredo em um personagem indireto. O filme que foi todo rodado no lindo estado americano do Iowa conseguiu transpor para o espectador todo o bucolismo ao redor, valorizando ainda mais o romance contido dos personagens centrais. Um trabalho primoroso. Enfim, "The Bridges of Madison County" é uma bela aula de cinema, mostrando de forma cabal que maravilhosos filmes de romance podem surgir das situações mais inesperadas. O que vale mesmo no final das contas é o sentimento verdadeiro envolvido.

Pablo Aluísio.

Armadilha

Título no Brasil: Armadilha
Título Original: Entrapment
Ano de Produção: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox Film
Direção: Jon Amiel
Roteiro: Ronald Bass, Michael Hertzberg
Elenco: Sean Connery, Catherine Zeta-Jones, Ving Rhames
  
Sinopse:
Robert MacDougal (Sean Connery) é um sofisticado ladrão de obras de arte que aplica seus golpes em museus de alta segurança mundo afora. Virginia Baker (Catherine Zeta-Jones) é uma agente de seguros enviada para descobrir se ele está envolvido com o roubo de um importante quadro que vale milhões. Após conhecer Robert melhor acaba aceitando fazer uma improvável dupla ao seu lado! Juntos se unem para realizar um bilionário golpe financeiro no mercado econômico mundial. Filme vencedor do Blockbuster Entertainment Awards na categoria de Melhor Atriz - Filmes de ação (Catherine Zeta-Jones). Filme indicado ao Framboesa de Ouro nas categorias de Pior Atriz (Catherine Zeta-Jones) e Pior Elenco (Sean Connery e Catherine Zeta-Jones).

Comentários:
Eu sempre vi esse filme como um símbolo de que a carreira de Sean Connery tinha realmente chegado ao fim. O astro que havia experimentado uma maravilhosa ressurreição como ator nos anos 80 já não tinha mais muito o que fazer no cinema. Em busca de se tornar comercialmente viável para os estúdios, Connery de certa maneira acabou vendendo sua alma artística, se tornando mais um astro genérico de filmes de ação sem maior consistência. Tudo bem que o filme tem uma produção interessante com uso de excelentes efeitos visuais (como a cena em que eles tentam passar por um corredor cheio de lasers), mas eles por si só não valem por todo o filme. Provavelmente um dos poucos motivos para se gostar mesmo de "Armadilha" seja a bonita presença da bela Catherine Zeta-Jones! Ela, temos que confessar, está linda no filme! Tudo valorizado ainda mais por seu sensual figurino de couro negro - algo que deixará os fãs mais fetichista em êxtase! Sua personagem chamada Virginia Baker é vazia e sem conteúdo, como o próprio roteiro, mas esse pecado é deixado de lado por causa de sua beleza morena marcante. Uma visão fútil, é verdade, mas que na falta de méritos melhores acaba se sobressaindo. E por falar em falta de conteúdo... o nome do diretor inglês Jon Amiel nos créditos já antecipava de antemão o que poderíamos esperar do filme, ou seja, quase nada. Afinal de contas ele havia assinado coisas como "O Homem Que Sabia de Menos" e "O Núcleo - Missão ao Centro da Terra", o que deixava mais do que claro que ele nunca fora mesmo nenhum Orson Welles.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Gremlins 2

Título no Brasil: Gremlins 2 - A Nova Geração
Título Original: Gremlins 2 - The New Batch
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros., Amblin Entertainment
Direção: Joe Dante
Roteiro: Chris Columbus, Charles S. Haas
Elenco: Zach Galligan, Phoebe Cates, John Glover

Sinopse:
Um exército de pequenos monstros malévolos assume o controle de um arranha-céu corporativo high-tech quando um pequenino animal de estimação exótico, bonito e inteligente é exposto à água. O proprietário dos bichinhos então se une  ao chefe da rica corporação para tentar recuperar o controle do lugar. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films nas categorias de Melhor Filme de Fantasia, Melhor Ator Coadjuvante (John Glover), Melhor Direção (Joe Dante), Melhor Música (Jerry Goldsmith) e Melhores Efeitos Especiais (Rick Baker, Ken Pepiot e Dennis Michelson). 

Comentários:
Em uma época em que não existiam efeitos digitais plenamente desenvolvidos para o cinema, o cineasta Joe Dante ousou realizar um filme com marionetes e bonecos animados pelo antigo sistema de animatronics para dar vida aos seus Gremlins, bichinhos fofinhos que não poderiam ser molhados após a meia-noite pois caso isso ocorresse seria um verdadeiro caos. O sucesso daquele filme fez com que essa sequência fosse realizada, novamente produzida pelo mago Steven Spielberg. Em termos gerais essa continuação é bem mais escrachada e debochada do que o primeiro filme, que tinha seu humor, mas que não era tão acentuado como aqui. Dante, com mais autonomia, resolveu chutar o balde, realizando um filme a mil, que não consegue parar nunca com suas gags e referências visuais a filmes, músicas e artes em geral. Hoje em dia os filmes dos Gremlins estão obviamente datados do ponto de vista técnico (não poderia ser diferente pois a tecnologia deu saltos gigantescos desde que eles foram realizados), mas mesmo assim o velho charme nostálgico para quem assistiu na época em sua adolescência e infância permanece. Dante foi certamente um dos diretores mais imaginativos e criativos do cinemão pipoca americano daqueles tempos. Um profissional que não tinha medo em misturar cinema com quadrinhos e cultura pop. Por isso seus filmes provavelmente jamais perderão o atrativo, mesmo estando inegavelmente envelhecidos hoje em dia.

Pablo Aluísio.

 

Caçada Mortal

Título no Brasil: Caçada Mortal
Título Original: A Walk Among the Tombstones
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Cross Creek Pictures
Direção: Scott Frank
Roteiro: Scott Frank, Lawrence Block
Elenco: Liam Neeson, Dan Stevens, David Harbour
  
Sinopse:
Matt Scudder (Liam Neeson) é um ex-policial que é procurado por um traficante de drogas desesperado após sua esposa ter sido sequestrada e morta por bandidos, mesmo após o pagamento do resgate. Trabalhando como detetive particular, Matt inicialmente reluta em aceitar o serviço, mas depois que a mulher é encontrada morta em pedaços no cemitério da cidade resolve ir atrás dos assassinos. Suas pistas acabam o levando a uma dupla de psicopatas insanos, que defendem um estranho senso de justiça próprio.

Comentários:
Pelo visto Liam Neeson deixou definitivamente o perfil mais artístico de sua carreira de lado para se aprofundar cada vez mais em fitas policiais ou de ação como essa. Nesse "Caçada Mortal" ele volta ao gênero que tem lhe proporcionado boas bilheterias ao redor do mundo. Seu personagem é um policial em crise, um sujeito que nunca se perdoou após ter matado acidentalmente uma garotinha de sete anos numa troca de tiros com uns delinquentes juvenis. A morte da menina acaba o levando a uma forte crise existencial que o faz inclusive a abandonar seu próprio distintivo, largando uma promissora carreira policial. Agora ele vive como detetive particular, trabalhando praticamente como um mercenário. Seu mais novo cliente é um traficante de drogas que lhe paga uma boa soma para que ele encontre os sequestradores responsáveis pela morte de sua esposa. Claro que no meio do caminho o ex-tira terá que ir até os piores becos da cidade em busca de informações. Nesse caminho acaba fazendo uma curiosa amizade com um jovem negro que tem como sonho também se tornar detetive particular como ele. Devo dizer que esse "A Walk Among the Tombstones" é um bom filme policial, valorizado por um certo clima opressivo, com uma fotografia escura e deprimente que captou muito bem o inferno astral do protagonista. Existem algumas apelações no roteiro, mas nada que comprometa o resultado como um todo. Neeson, que cultiva na vida real uma personalidade torturada e depressiva (causada pela morte precoce de sua esposa) cai como uma luva no papel. Um filme angustiante, mas também muito bem realizado. Vale o ingresso.

Pablo Aluísio.

domingo, 1 de março de 2015

Descalços no Parque

Título no Brasil: Descalços no Parque
Título Original: Barefoot in the Park
Ano de Produção: 1967
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Gene Saks
Roteiro: Neil Simon
Elenco: Robert Redford, Jane Fonda, Charles Boyer, Mildred Natwick 
  
Sinopse:
Um jovem casal recém-casado se muda para um pequeno e frio apartamento em Nova Iorque. Ele, Paul Bratter (Robert Redford), é um advogado em começo de carreira, conservador e presunçoso. Ela, Corie Bratter (Jane Fonda), acaba sendo o extremo oposto dele, uma jovem com ideias liberais, espírito livre e independente, que gosta de fazer tudo o que lhe traga prazer e aventura. Mesmo sendo tão diferentes vão morar juntos nesse prédio localizado no Washington Square Park, onde aprenderão a viver a dura rotina de um casamento. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Mildred Natwick). Também indicado ao Bafta Awards na categoria de Melhor Atriz (Jane Fonda).

Comentários:
Baseado numa peça teatral escrita pelo ótimo Neil Simon, "Barefoot in the Park" é um clássico romântico que se desenvolve na rotina desse casal que, aos poucos, vai descobrindo as delícias e torturas de se viver sob um mesmo teto. Além de possuírem personalidades conflitantes (a ponto inclusive de pararmos para perguntar como se apaixonaram!), eles precisam contornar os pequenos problemas do dia a dia, a rotina maçante e enervante de ter que conviver no cotidiano. Costuma-se dizer que nada é mais eficaz para se destruir um relacionamento e uma paixão do que o próprio casamento! Ironias à parte, o que vale mesmo aqui é a ótima atuação tanto de Robert Redford como de Jane Fonda (interpretando uma personagem que diga-se de passagem é quase uma caricatura de si mesmo, de sua vida real). Ambos estavam jovens e adoráveis e a excelente química deles funciona perfeitamente bem. Só não recomendo o filme para pessoas que não gostam muito de tramas passadas quase que inteiramente dentro de ambientes fechados, com muitos diálogos e jeitão de peça de teatro. O filme é bem isso, por essa razão se esse não for o seu tipo de filme é melhor esquecer. Não que se trate de algo chato, pelo contrário, o humor de Neil Simon alivia bastante esse aspecto, mas o estilo teatral realmente se impõe em vários momentos. No mais, para quem gosta de boas atuações e bom cinema, "Descalços no Parque" é uma ótima pedida para se assistir a dois, mesmo que isso acabe dando margem para intermináveis discussões sobre seu próprio relacionamento amoroso depois com sua companheira.

Pablo Aluísio.

Cinquenta Tons de Cinza

Título no Brasil: Cinquenta Tons de Cinza
Título Original: Fifty Shades of Grey
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Sam Taylor-Johnson
Roteiro: Kelly Marcel
Elenco: Dakota Johnson, Jamie Dornan, Jennifer Ehle
  
Sinopse:
Anastasia Steele (Dakota Johnson) é uma jovem estudante de literatura inglesa que resolve fazer um favor para a amiga que está doente: ir realizar uma entrevista com o empresário milionário Christian Grey (Jamie Dornan). Assim que Grey conhece Anastasia surge um interesse imediato nela, apesar de tantas diferenças entre eles. Ela, por sua vez, o considera intimidante e misterioso, mas também charmoso e elegante. O que a garota nem desconfia é que Grey tem uma visão muito própria de como se relacionar com as mulheres em geral.

Comentários:
Baseado no romance de sucesso escrito por E.L. James, "Fifty Shades of Grey" explora a atração que surge entre duas pessoas que possuem muito pouco em comum. Ele é um homem de negócios milionário, frio e ousado que vê na jovem garota mais uma oportunidade de dar vazão aos seus instintos mais básicos (e selvagens). Ela é uma universitária, sem grande sofisticação, que acaba sendo atraída pelo estilo diferente de Grey. Desse choque de contrastes surge uma relação marcada por uma estranha forma de buscar e realizar prazer sem limites. Esse filme, pelo sucesso e pela repercussão que tem alcançado, acabou gerando várias polêmicas desnecessárias, tanto por parte da imprensa como nas redes sociais. Na verdade não há nada de muito novo nesse tipo de jogo de sedução. Nem mesmo as manias sádicas de Grey podem ser encaradas como novidade pois já estão por aí na sociedade há décadas. Aliás o uso de violência para alcançar o prazer sexual nem é tão bem explorado no filme, tudo ficando em um nível puramente superficial. 

A personalidade de Grey, seus traumas e motivações, poderia ser muito bem trabalhada, mas fica também em uma superfície sem grande aprofundamento psicológico. No final das contas ela se deixa levar por causa do status do rico executivo, o que demonstra uma certa superficialidade por parte de seu caráter. As manias que ele tem, como por exemplo, a aversão ao toque feminino ou as muitas reservas em compartilhar seu próprio leito com uma mulher teria levado qualquer uma a ir embora no minuto seguinte. Grey é acima de tudo um esquisitão, com ideias mórbidas e violentas. Para piorar nutre uma frieza cortante, fruto provavelmente de uma personalidade psicopata, que assustaria grande parte das mulheres (pelo menos as de bom senso). Como se trata da adaptação de um romance sem muito conteúdo tudo fica nessa zona cinzenta entre o descartável e o irrelevante. Em termos puramente cinematográficos o filme poderia ser mais enxuto, com uma duração menos excessiva. De qualquer maneira se você não se importar com a superficialidade de argumento a produção pode até mesmo a vir a se tornar um passatempo fugaz de um fim de noite entediante.

Pablo Aluísio.

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Sr. Turner

Título no Brasil: Sr. Turner
Título Original: Mr. Turner
Ano de Produção: 2014
País: Inglaterra, França, Alemanha
Estúdio: Film4, Focus International (FFI), France 3 Cinéma
Direção: Mike Leigh
Roteiro: Mike Leigh
Elenco: Timothy Spall, Paul Jesson, Dorothy Atkinson
  
Sinopse:
Mr. Turner (Timothy Spall) retorna para a casa paterna após passar alguns anos fora, percorrendo a Inglaterra em busca de paisagens maravilhosas para suas pinturas. De volta ao antigo lar ele reencontra seu velho pai já um tanto abalado pelo peso da idade. Ele mantém um desarrumado atelier em sua própria casa, onde vende os quadros do filho. Esse acaba descobrindo surpreso que para o amor não há mesmo tempo e nem idade. Mesmo cinquentão acaba se apaixonando por uma viúva que mantém uma antiga hospedaria no cais do porto. Teria ainda tempo de viver finalmente uma relação amorosa realmente gratificante em sua vida? Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (Dick Pope), Melhor Figurino (Jacqueline Durran), Melhor Trilha Sonora Incidental (Gary Yershon) e Melhor Design de Produção (Suzie Davies e Charlotte Watts).

Comentários:
Belo filme de época enfocando a vida do pintor inglês J.M.W. Turner (1775 - 1851). O interessante desse roteiro é que ele mostra Turner em um momento já crepuscular de sua vida, quando foi abalado pela morte de seu querido pai. Ele próprio havia se transformado em um velho ranzinza e mal humorado que tinha que lidar com vários problemas profissionais e pessoais. Embora fosse um artista respeitado em seu tempo suas obras começaram a sofrer críticas por causa do uso considerado ultrapassado de cores e formas em seus quadros. Especialista em Marinhas (pinturas que mostravam barcos históricos em momentos marcantes da história britânica), Turner começava a entender que seu talento estava cada vez mais se tornando coisa do passado. Para piorar sua vida pessoal era uma grande bagunça emocional. Pai de duas filhas que mal chegou a conhecer, ele tinha que lidar com a mãe das garotas, uma senhora de modos rudes e violentos, com personalidade dramática e propensa a dar escândalos públicos. Quando tudo parecia caminhar fora dos trilhos Turner acaba conhecendo casualmente uma viúva, dona de uma modesta hospedaria, que acaba aceitando seus tímidos e relutantes galanteios.

O cineasta Mike Leigh mostra o tempo todo que tem grande carinho por Turner, mas sabiamente não procura esconder seus pequenos e grandes defeitos. O roteiro aliás é sofisticado o suficiente para explorar a grande contradição existente entre o modo de ser de Turner, muitas vezes rude e sem classe alguma, com a beleza imortal de sua arte. Nem é necessário salientar também que o filme é visualmente muito bonito, com planos que muitas vezes procuram imitar até mesmo o senso estético das obras de arte desse grande pintor. A trilha sonora também é outro deleite, com várias peças de música erudita. A duração que poderá soar até excessiva para alguns passa despercebida por causa do enredo cativante e sereno. Não é um filme para quem tem pressa, pelo contrário, é uma obra cinematográfica de contemplação e esse aspecto é sem dúvida alguma seu maior mérito. "Mr. Turner" mostra acima de tudo que o cinema de bom gosto ainda não morreu.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Lua de Mel Assombrada

Título no Brasil: Lua de Mel Assombrada
Título Original: Haunted Honeymoon
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Orion Pictures
Direção: Gene Wilder
Roteiro: Gene Wilder, Terence Marsh
Elenco: Gene Wilder, Gilda Radner, Dom DeLuise, Jonathan Pryce, Bryan Pringle, Peter Vaughan

Sinopse:
Larry Abbot (Gene Wilder) trabalha em novelas de rádio de terror, só que em sua vida real ele tem vários ataques de pânico e terror. Quando vai para um velho castelo, que pertence à sua família, ele começa a descobrir o que é ter terror de verdade!

Comentários:
Esse filme foi originalmente planejado para o diretor Mel Brooks dirigir, mas antes do começo das filmagens ele caiu doente. Então o ator Gene Wilder decidiu assumir a direção, além de escrever parte do roteiro. O resultado ficou bom, mas não hilário. O filme é uma sátira aos velhos filmes de terror do passado, satirizando os velhos clichês, os cenários de castelos mal assombrados e tudo mais. Para quem gosta de cinema, do passado da estética cinematográfica, fica interessante, mas para quem estiver em busca de uma comédia hilariante vai ficar chupando o dedo. Tem muito estilo, mas pouca graça, essa é minha conclusão final.

Pablo Aluísio.

Criaturas

Título no Brasil: Criaturas
Título Original: Critters
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Stephen Herek
Roteiro: Domonic Muir
Elenco: Dee Wallace, M. Emmet Walsh, Billy Green Bush, Scott Grimes, Don Keith Opper, Billy Zane

Sinopse:
Um grupo de criaturas alienígenas pequenas, mas cruéis, chamadas Crites, escapam de um navio de transporte de prisão alienígena e pousam perto de uma pequena cidade agrícola na Terra, perseguidas por dois caçadores de recompensas mutantes.

Comentários:
Na boa, um filme como esse só poderia ser produzido nos anos 80 mesmo. É pura imitação do sucesso "Gremlins", só que numa pegada mais trash possível. Eu me recordo que esse filme chegou até mesmo a ser capa de uma antiga revista de cinema brasileira chamada "Cinevídeo". Na época eu cheguei até mesmo a pensar que era um filme bom, relevante. Nada disso. Eu apenas era jovem demais para entender que se tratava de mais uma picaretagem em cima do sucesso alheio. E olha que foi produzido pela companhia cinematográfica New Line Cinema, ainda em seus primórdios. Ela iria se especializar, entre outras coisas, em bons filmes de terror. Aqui estava apenas tentando fazer um caixa rápido com todos esses bonecos (nada convincentes) e malvados. Assista por mera curiosidade, porque de bom cinema nada encontrarás nessa fitinha B.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Anaconda

Título no Brasil: Anaconda
Título Original: Anaconda
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Luis Llosa
Roteiro: Hans Bauer, Jim Cash
Elenco: Jon Voight, Jennifer Lopez, Eric Stoltz

Sinopse:
Membros de uma equipe de filmagem vão até os confins da floresta amazônica com o objetivo de filmar um documentário sobre tribos selvagens mas acabam tendo muitos problemas com a fauna local, principalmente com uma enorme serpente da espécie Anaconda que começa a perseguir implacavelmente todos os americanos que fazem parte da equipe.

Comentários:
Uma bobagem sem tamanho que acabou chamando a atenção em seu lançamento. Além de mostrar que os americanos não entendem nada da nossa fauna, ainda apresenta uma série de problemas, da direção sem inspiração que não consegue nem ao menos aproveitar as cenas que poderiam trazer algum suspense ao filme, ao elenco que não parece estar nem aí para a qualidade de seu trabalho. Apesar de considerar Jon Voight e Eric Stoltz bons atores eles não parecem muito empolgados em atuar bem. Pior é encarar Jennifer Lopez com sua total falta de expressão tentando salvar o que restou do filme. Os efeitos digitais são incrivelmente mal realizados pois fica claro ao espectador que a cobra assassina é fruto de computação gráfica, não trazendo em nenhum momento qualquer sinal de veracidade, mais parecendo um monstro de videogame. Enfim, bem ruim, um filme que mereceu todas as indicações ao Framboesa de Ouro - a saber: Pior Filme, Pior Ator (Jon Voight), Pior Diretor (Luis Llosa) e Pior Roteiro.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Soldado Universal 3 - Regeneração

Título no Brasil: Soldado Universal 3 - Regeneração
Título Original: Universal Soldier - Regeneration
Ano de Produção: 2009
País: Estados Unidos
Estúdio: Foresight Unlimited, Signature Pictures
Direção: John Hyams
Roteiro: Victor Ostrovsky, Richard Rothstein
Elenco: Dolph Lundgren, Jean-Claude Van Damme, Andrei Arlovski

Sinopse:
O programa Soldado Universal foi criado com o objetivo de criar a máquina humana de guerra perfeita. Soldados à beira da morte nas selvas do Vietnã eram trazidos de volta à vida como super soldados, metade homem e metade máquina. Agora dois ex-militares que fizeram parte desse programa, entre eles Luc Deveraux (Van Damme), voltam para combater uma nova geração formada por combatentes modificados geneticamente. Liderados pelo violento NGU (Andrei “Pitbull” Arlovski) eles tencionam promover um ataque terrorista usando a velha usina nuclear abandonada de Chernobyl.

Comentários:
Outra franquia comercial de ação que não parece ter fim. "Soldado Universal" agora tem lançamentos bem mais modestos do que os antigos filmes, geralmente sendo lançados nos cinemas em poucos países, sendo que no mercado americano acabam se tornando bem sucedidos DVDs de venda direta ao consumidor. Assim os orçamentos são mais modestos e os efeitos (quando são usados) mais simples. Nessa terceira parte da saga temos de volta a dupla Dolph Lundgren e Jean-Claude Van Damme. Lundgren ressurge no papel de um clone do sargento Andrew Scott, seu personagem dos filmes originais. No geral não há grandes novidades, o filme foi praticamente todo rodado numa velha fábrica na Bulgária de seus tempos de comunismo (esse país tem virado point para produções de ação americanas) que se faz passar pela usina de Chernobyl. Muita neve, porrada e vapor, para deleite dos fãs de filmes de ação strictu sensu. Se é o seu caso aproveite bem e se divirta o máximo que puder.

Pablo Aluísio.

Recém-Chegada

Título no Brasil: Recém-Chegada
Título Original: New in Town
Ano de Produção: 2009
País: Estados Unidos
Estúdio: Lionsgate
Direção: Jonas Elmer
Roteiro: Ken Rance, C. Jay Cox
Elenco: Renée Zellweger, Harry Connick Jr., Siobhan Fallon

Sinopse:
Lucy Hill (Renée Zellweger) é uma executiva de Miami que é enviada para uma distante fábrica de alimentos na fria Minnesota para demitir funcionários e melhorar a eficiência e o lucro da empresa por lá. Uma vez na cidade ela acaba se envolvendo emocionalmente com os empregados, inclusive começando a ter um caso amoroso com um viúvo da região e isso acaba tornando seu trabalho muito mais complicado. 

Comentários:
O marketing desse filme foi bastante equivocado. Ele foi vendido como uma espécie de comédia romântica estrelada pela texana Renée Zellweger, mas na verdade está mais para drama romântico. Certamente há pequenos momentos de humor - como na caçada aos patos onde a personagem de Renée Zellweger passa por alguns apuros - mas essas cenas não são o centro e o foco do filme. De certa maneira o roteiro lida com uma situação que iria se tornar muito comum dentro da economia americana, o fechamento de empresas e o desemprego em massa que isso causaria, arruinando as economias de pequenas cidades do interior. Com a crise muitas dessas localidades se viram sem a principal fonte de renda e empregos, transformando tudo em um desastre social. A executiva interpretada por Zellweger acaba tentando salvar o trabalho daquela gente mas isso obviamente lhe traz muitos problemas com seus superiores. Um filme relativamente bom, valorizado pelo tema interessante e até pela boas atuações (até o cantor Harry Connick Jr se sai bem). Se não chega a se tornar memorável, pelo menos mostra que tem alma e coração.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

O Olho do Mal

Título no Brasil: O Olho do Mal
Título Original: The Eye
Ano de Produção: 2008
País: Estados Unidos, Canadá
Estúdio: Lionsgate, Paramount Vantage
Direção: David Moreau, Xavier Palud
Roteiro: Sebastian Gutierrez, Yuet-Jan Hui
Elenco: Jessica Alba, Alessandro Nivola, Parker Posey

Sinopse:
Sydney Wells (Jessica Alba) sofre de problemas na visão desde muito cedo. Deficiente visual, ela sonha com um transplante de córneas que lhe dará de novo a possibilidade de enxergar o mundo ao seu redor. Inicialmente tudo corre bem mas depois de um tempo ela começa a ter estranhas visões, principalmente de pessoas mortas. Esse novo dom terrível e aterrorizador em sua vida a leva ir em busca de ajuda, para entender o que realmente se passa em sua mente.

Comentários:
Embora não tenha sido tão elogiado em seu lançamento esse thriller de terror e suspense é bem interessante. Foi levemente inspirado em fatos reais, a partir de um evento real, a história de um jovem que cometeu suicídio logo depois de passar por um transplante de córnea, pois embora parecesse estar vivendo uma vida perfeitamente normal e saudável, na verdade ela passou a ter estranhas visões depois da operação. A estrelinha Jessica Alba acreditou muito no projeto, passando seis meses se preparando para o papel, aprendendo braile, frequentado centros de apoio a doentes com deficiência visual e tentando entender o dia a dia das pessoas cegas. O que lhe atraiu no roteiro foi a possibilidade de realizar um filme de terror mais sutil, sem a apelação dos filmes sangrentos ao estilo slasher onde cada personagem morre de uma forma mais ultrajante e sangrenta do que o outro. No final é um filme que me agradou bastante, não é apelativo e tem uma boa ideia por trás do roteiro. Vale sim a recomendação.

Pablo Aluísio.

Doce Lar

Título no Brasil: Doce Lar
Título Original: Sweet Home Alabama
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Andy Tennant
Roteiro: Douglas J. Eboch, C. Jay Cox
Elenco: Reese Witherspoon, Patrick Dempsey, Josh Lucas

Sinopse:
Um dia Melanie Smooter (Reese Witherspoon) resolveu mudar sua vida. Largou sua vidinha no interior do sul dos Estados Unidos e rumou para Nova Iorque. Lá fez sucesso profissional e se apaixonou por um nova-iorquino bonitão e bem sucedido como ela, o tal de Andrew Hennings (Patrick Dempsey). O problema é que Melanie deixou para trás não apenas as saudades de sua cidadezinha natal mas também um marido! Agora que ela está com planos de se casar com Andrew precisa consertar esse "pequeno detalhe" de seu passado!

Comentários:
Ontem me deparei casualmente com esse filme passando na TV a cabo. Foi interessante para me lembrar novamente dele pois o tinha assistido em 2002 e tinha poucas lembranças se tinha gostado ou não! Aos poucos fui me recordando. Certamente é aquele tipo de produção indicada especialmente para o público feminino. Não é uma comédia romântica mas sim um filme de romance em essência. Até simpatizo com a Reese Witherspoon, mas acredito que em determinado momento de sua carreira ela optou por fazer filmes tão açucarados e inofensivos que acabou com suas possibilidades de um dia ser levada à sério como atriz. Esse filme não é ruim, apenas tem muito água com açúcar. Até mesmo os conflitos dramáticos são amenizados ao máximo, talvez para não traumatizar as jovenzinhas mais sensíveis que foram vê-lo no cinema. Usando de uma expressão bem machista, "Sweet Home Alabama" é um filme para meninas (e saliento que não há nada de errado nisso!). O roteiro, embora não tenha grande preocupação em ser dramaticamente expressivo, até que se sai bem explorando as diferenças entre os rurais sulistas e os cosmopolitas nova-iorquinos. Embora sejam todos americanos há grandes diferenças culturais entre todos eles. Em suma, um romance para o público feminino em especial. Nada de muito importante mas até que funciona bem como diversão ligeira e despretensiosa.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Drácula - O Empalador

Título no Brasil: Drácula - O Empalador
Título Original: The Impaler
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Flawless Production
Direção: Derek Hockenbrough
Roteiro: Daniel Anghelcev, Diana Busuioc
Elenco: Diana Busuioc, Christian Gehring, Christina Collard

Sinopse:
Grupo de jovens estudantes universitários americanos decide ir para a Transilvânia com a finalidade de fazer turismo, curtir as férias e conhecer o verdadeiro castelo que pertenceu a Vlad, O Empalador, nobre histórico que iria inspirar Bram Stoker na criação de seu famoso personagem, o Conde Drácula. Uma vez chegando lá descobrem que podem passar uma noite dentro do castelo para sentir o clima do lugar, o que mais tarde se revelará uma péssima ideia.

Comentários:
"Drácula - O Empalador" provavelmente seja um dos piores filmes de Drácula que já assisti em minha vida. Tudo, absolutamente tudo, é horrível, mal feito e amador. O tal castelo de Vlad mais parece o porão de alguém e o elenco de jovens falando besteiras o tempo todo dói na cabeça! A única novidade é que no filme o verdadeiro Drácula não se tornou um vampiro mas sim fez um pacto com o diabo para que seus inimigos fossem destruídos e sua amada voltasse à vida (ela havia sido brutalmente morta por otomanos invasores). Em troca daria sua alma para o senhor dos infernos. E assim foi feito. Quando os jovens chegam no castelo precisam encarar não o próprio Vlad mas sua amada imortal, agora transformada em vampira. E afinal de contas isso faz alguma diferença? Não, não faz. O filme é simplesmente muito ruim e mal feito. Elenco de gente sem talento, direção nula e produção vagabunda. Porcaria mesmo. Fuja desse filme como o Drácula foge da cruz! Nota zero!

Pablo Aluísio.

Noivas em Guerra

Título no Brasil: Noivas em Guerra
Título Original: Bride Wars
Ano de Produção: 2009
País: Estados Unidos
Estúdio: 20th Century Fox
Direção: Gary Winick
Roteiro: Greg DePaul, Casey Wilson
Elenco: Anne Hathaway, Kate Hudson, Candice Bergen, Bryan Greenberg, Chris Pratt

Sinopse:
Duas amigas de longa data cultivam uma rivalidade entre si, principalmente com assuntos femininos. As coisas começam a sair dos eixos quando ambas anunciam seus planos de casamento. Uma sempre querendo fazer a melhor festa, ter o melhor vestido do que a outra. Assim as duas começam a se boicotar para vencer a disputa de quem terá o casamento mais grandioso e chique. No final descobrirão que o mais importante do que a vaidade e o orgulho é a verdadeira amizade.

Comentários:
Mais uma comédia romântica que gira em torno de casamentos. Essa aqui se sobressai um pouquinho por causa da dupla central de atrizes. Kate Hudson, como sempre carismática, faz a advogada que quer tudo do melhor para seu noivado e casamento. Essa obsessão em superar sua antiga amiga acaba saindo do controle e ela começa a se prejudicar em tudo, até na sua vida profissional. Anne Hathaway interpreta seu contraposto, embora também jogue bem sujo, como por exemplo, quando coloca tinta azul no cabeleireiro de Kate. O jovem diretor Gary Winick que morreu precocemente em 2011 era um especialista nesse tipo de filme, tanto que dirigiu outras comédias românticas extremamente bem sucedidas nas bilheterias como "De Repente 30" (aquele simpático filme onde Jennifer Garner interpretava uma garotinha no corpo de uma mulher adulta de 30 anos) e "Cartas Para Julieta" (seu último filme, estrelado por Amanda Seyfried e que trazia de brinde uma participação mais do que especial da grande atriz Vanessa Redgrave). Nesse "Noivas em Guerra" o cineasta também conseguiu acertar ao explorar as pequenas (e grandes) maldades que podem existir dentro do universo das amizades femininas. É um passatempo muito inofensivo e sem maiores consequências mas que pode vir a divertir numa tarde sem nada melhor para assistir.

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Sniper Americano

Título no Brasil: Sniper Americano
Título Original: American Sniper
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros, Village Roadshow Pictures
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Jason Hall, baseado no livro de Chris Kyle
Elenco: Bradley Cooper, Sienna Miller, Kyle Gallner
  
Sinopse:
Chris Kyle (Bradley Cooper) é um jovem texano que decide se alistar no grupo de elite das forças armadas denominado SEAL após ficar chocado com um atentado terrorista a uma embaixada americana no exterior. Exímio atirador, acaba sendo escalado para fazer parte do grupo de atiradores de elite de seu pelotão. Em pouco tempo se torna um sniper, um soldado especializado em dar tiros de precisão a longa distância. Com seu talento acaba matando mais de cem inimigos no front, lhe valendo o apelido de "A Lenda" entre seus companheiros de luta. Filme baseado em fatos reais. Indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Bradley Cooper), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição e Melhor Mixagem de Som. Vencedor do Oscar na categoria de Melhor Edição de Som. Também indicado ao BAFTA Awards nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Som.

Comentários:
Quem diria que nessa altura de sua vida o ator e diretor Clint Eastwood alcançaria a maior bilheteria de sua carreira! Imagine o número de filmes que ele realizou e dirigiu ao longo de todos esses anos e certamente você ficará surpreso ao saber que "Sniper Americano" acabou se tornando o maior êxito comercial de toda a sua filmografia. Clint parece ter melhorado ainda mais com a idade, tanto que apesar de ser um octogenário não se intimida com a velhice e nem pensa em se aposentar. Está firme e forte, já envolvido em inúmeros outros projetos. Ainda bem. O resulta só confirma que Clint está mesmo em plena forma criativa. Eastwood mostra mais uma vez que é de fato um exemplo de talento e vitalidade. Praticamente gostei de tudo em "American Sniper". O filme conseguiu mesclar dois aspectos que nem sempre conseguem conviver bem em fitas de ação mais convencionais. É bem sucedido ao explorar e mostrar o lado mais humano de Chris Kyle (Bradley Cooper), seus problemas adquiridos no campo de batalha, seus traumas e problemas no casamento sem perder o foco nas principais cenas de combate no campo de batalha. Assim Clint consegue como diretor se sair igualmente bem tanto nos dramas pessoais de seu personagem principal como nos momentos em que o mostra como um soldado que tem que realizar seu trabalho, mesmo que seja com o custo de muitas mortes de seus inimigos. O próprio Chris aliás se revela um militar muito interessante de se explorar em um filme como esse. Criado em uma típica família americana ele aprendeu a atirar desde cedo e depois com a explosão da guerra ao terrorismo internacional resolveu se alistar como voluntário em um grupo de elite da marinha americana. Era de certa forma um jovem patriota com uma certa dose de inocência sobre o que realmente se passava ao redor do mundo.

O resto é história. Ele acabou se tornando o mais mortífero atirador de elite da história das forças armadas americanas, tendo oficialmente abatido mais de 150 inimigos no front da guerra do Golfo (embora ele próprio contestasse essa informação alegando ter matado mais de 250 pessoas durante as quatro longas missões de que participou no Iraque). Claro que algo assim também traria uma carga emocional complicada de se lidar. Embora estivesse cumprindo seu estrito dever o fato é que em determinado momento de sua vida o peso de tantas mortes acabou pesando em seus ombros. Clint então procura mostrar os traumas psicológicos que acabou desenvolvendo em seu íntimo, embora externamente ainda cultivasse sua imagem de texano durão, bom de tiro e patriota. Eastwood inclusive foi criticado por certos setores da sociedade americana por ter, de certo modo, glamorizado a vida desse atirador, que publicamente dizia não ter se arrependido por nada do que fizera. Bobagem, considerei sua postura como cineasta nessa obra totalmente irrepreensível, do começo ao fim. Clint não endeusa ou idolatra seu personagem, não o ufaniza, apenas conta sua história da forma mais honesta possível, inclusive não esquecendo em nenhum momento de mostrar que ele era acima de tudo um ser humano que também sofria internamente pelas decisões que teve que tomar em batalha. Um belo filme, muito humano, que mostra que até mesmo nas mais mortíferas máquinas do complexo militar americano existe um resquício de humanidade, muitas vezes corroída por sua própria consciência e culpa por tudo o que precisou fazer em nome de sua querida pátria amada.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Piranhas 2 - Assassinas Voadoras

Título no Brasil: Piranhas 2 - Assassinas Voadoras
Título Original: Piranha Part Two - The Spawning
Ano de Produção: 1981
País: Estados Unidos
Estúdio: Brouwersgracht Pictures
Direção: James Cameron
Roteiro: Charles H. Eglee, James Cameron
Elenco: Lance Henriksen, Tricia O'Neil, Steve Marachuk, Ricky Paull Goldin, Leslie Graves, Carole Davis

Sinopse:
Uma instrutora de mergulho, seu namorado bioquímico e seu ex-marido chefe da polícia tentam relacionar uma série de mortes bizarras a uma linhagem mutante de piranha cujo covil é um navio cargueiro afundado em um resort em uma ilha do Caribe.

Comentários:
Era para ser uma sequência caça-níqueis, mas conseguiu ser algo a mais, apesar de suas limitações. James Cameron certamente pode ser a resposta. Ele já vinha com uma vontade fora de comum para vencer em Hollywood, então fosse o que fosse pintar, mesmo sendo um filminho B como esse, ele iria tentar fazer algo melhor do que o planejado. E fez. O filme, apesar de seu roteiro meio sem pé e nem cabeça, acabou virando um pipocão divertido. Claro que ver as piranhas voando no pescoço dos personagens era um pouco demais, entretanto também fazia parte do pacote. O resultado foi que esse segundo filme da franquia "Piranha" fez sucesso e despertou a atenção dos produtores para aquele diretor novato, cheio de energia e boas ideias na cabeça.

Pablo Aluísio.

Magnum 44

Título no Brasil: Magnum 44
Título Original: Magnum Force
Ano de Produção: 1973
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Ted Post
Roteiro: Harry Julian Fink, Rita M. Fink
Elenco: Clint Eastwood, Hal Holbrook, Mitch Ryan
  
Sinopse:
Considerado pela imprensa um justiceiro fora-da-lei o policial Harry Callahan (Eastwood), mais conhecido como "Dirty Harry" (Harry, o sujo), precisa se conter em sua sede de vingança contra os criminosos em geral. Para sua surpresa tudo indica que um novo justiceiro está nas ruas, fazendo justiça com as próprias mãos. Caberá agora a Harry descobrir o que está acontecendo, inclusive com pistas que levam a outros policiais.

Comentários:
Estou fazendo uma retrospectiva dos filmes de Clint Eastwood. Nesse fim de semana revi Magnum 44, segundo filme da série com o personagem Dirty Harry, o policial durão que não leva desaforos para casa A trama do filme é até simples: um grupo de policiais novatos na força se une para limpar as ruas de San Francisco com suas próprias mãos. Dirty Harry então tenta combater a corrupção policial. Algumas coisas me chamaram a atenção. Se no primeiro filme Harry, o Sujo, era o justiceiro, aqui na sequência ele luta contra o esquadrão da morte formado dentro de sua corporação. Não deixa de ser muito irônica a premissa do roteiro que coloca Harry combatendo colegas de farda que no fundo estão agindo de acordo com o seu próprio modo de pensar. Talvez os produtores tenham sentido as críticas contra o primeiro filme e colocaram o personagem de Clint Eastwood no outro lado da balança nessa continuação. Aqui ele combate justamente o que ele próprio defendia indiretamente em "Perseguidor Implacável".

Outro fato curioso: os vilões do filme são patrulheiros, usam capacete e roupas praticamente idênticas às usadas pelo vilão ciborgue de "Exterminador do Futuro 2", inclusive várias cenas de perseguição nas ruas de San Francisco me lembraram imediatamente do filme de James Cameron. Teria sido Plágio de Cameron? Pode ser, mais um na longa lista de situações mal contadas da filmografia de James Cameron, que já havia sido acusado de se apropriar de ideias alheias em seu filme de maior sucesso, "Avatar". Mas não é só ele que andou roubando cenas do roteiro desse filme. Uma cena, de Dirty Harry em um pequeno mercadinho, me lembrou também muito de uma das sequências mais famosas de "Stallone Cobra". O filme de Stallone também foi acusado de ser um plágio de Dirty Harry! Pois é, no mundo do cinema parece que nada se cria, tudo se recicla. Todos esses exemplos mostram como Dirty Harry virou paradigma dos filmes policiais até os dias atuais. Eu atribuo isso ao fato do personagem ser na realidade um justiceiro, como àqueles que vemos nos filmes de western, o que acaba saciando, mesmo que no mundo da ficção, a sede de justiça da sociedade moderna.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Em Busca da Terra do Nunca

Peter Pan é um dos personagens mais famosos do universo infantil. Ele foi criado originalmente em uma peça de teatro escrita pelo dramaturgo James Mathew Barrie (1860 – 1937) que vivia um momento particularmente complicado de sua vida. O autor vinha de um grande fracasso de público e crítica com sua última peça e precisava urgentemente de um novo sucesso para se redimir. Em busca de novas idéias resolveu certa tarde ir passear em um parque próximo de sua casa. Ao ver um grupo de crianças brincando de forma despreocupada pensou em como seria bom viver eternamente na infância, sem pressões, sem obrigações, apenas brincando e vivendo sem preocupações. Diante desses pensamentos J.M. Barrie acabaria criando “Peter Pan”, um garoto que se recusava a crescer e deixar seus anos de criança para trás. É justamente a história da criação desse personagem imortal que acompanhamos no filme “Em Busca da Terra do Nunca”. O criador de Peter Pan é interpretado pelo astro Johnny Depp, aqui despido de maquiagem pesada, sempre presente em seus maiores sucessos. O ator fez pesquisa sobre Barrie mas de uma forma em geral não se destaca em sua atuação, se mostrando bem mais contido do que o habitual.
 
Interpretando o produtor teatral Charles Frohman o elenco ainda traz o grande Dustin Hoffman. Para quem não se lembra uma de suas atuações mais famosas foi justamente em “Hook”, uma versão de Peter Pan sob as lentes de Steven Spielberg. Lá ele fazia um Capitão Gancho afetado e histriônico. Mas sua presença não ajuda muito. Até a sempre marcante Kate Winslet está apagada. Em termos de elenco o grande destaque mesmo é a presença de Julie Christie, atriz de “Dr Jivago” que marcou época por causa de sua beleza nórdica. Apesar dos anos não perdeu a elegância e o estilo. Assim em termos gerais podemos dizer que o filme é muito bem realizado, com excelente reconstituição histórica e direção de arte caprichada e bonita mas é aquele tipo de produção que não tem um enredo dramaticamente forte o suficiente para se tornar interessante. O dramaturgo era, apesar de seu talento inegável para escrever, uma pessoa praticamente comum, sem grandes dramas a contar em sua vida pessoal. Ele acaba se tornando próximo a uma viúva e seus quatro filhos (que serviriam como fonte de inspiração para Peter Pan) mas fora isso nada de muito marcante acontece deixando o filme em muitos momentos arrastado, por não ter uma história melhor para contar. Vale como curiosidade histórica para se conhecer um pouco mais da vida do criador de Peter Pan e é só.

Em Busca da Terra do Nunca (Finding Neverland, Estados Unidos,  2003) Direção: Marc Forster / Roteiro: Allan Knee, David Magee / Elenco: Johnny Depp, Kate Winslet, Radha Mitchell, Julie Christie, Dustin Hoffman / Sinopse: Dramaturgo em crise após o fracasso de sua última peça de teatro resolve escrever algo completamente diferente. Seu novo texto era a estória infantil de um grupo de crianças que se recusam a crescer. O nome da peça? Peter Pan.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Procura-se Amy

Título no Brasil: Procura-se Amy
Título Original: Chasing Amy
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax
Direção: Kevin Smith
Roteiro: Kevin Smith
Elenco: Ben Affleck, Joey Lauren Adams, Ethan Suplee
  
Sinopse:
Holden McNeil (Ben Affleck) e seu amigo Banky Edwards (Jason Lee) tentam ganhar a vida escrevendo histórias em quadrinhos. Eles moram em New Jersey e são amigos desde a infância. Ambos na verdade se consideram até mesmo irmãos, mas esse sentimento de camaradagem acaba ficando abalado quando surge na vida deles a bela jovem Alyssa Jones (Joey Lauren Adams). Holden fica completamente apaixonado por ela e imediatamente começa a ter ciúmes da aproximação de Banky com a garota. O que ele não sabe é que ela tem um segredo que poucos conhecem. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Comédia ou Musical (Joey Lauren Adams). Também indicado ao Boston Society of Film Critics Awards na categoria de Melhor Roteiro. 

Comentários:
Kevin Smith realizou dois bons filmes tentando retratar a realidade de sua juventude. Um deles, provavelmente o melhor, foi "O Balconista", explorando o niilismo da vida dos jovens americanos da época. Depois sofisticou melhor seu roteiro e escreveu essa bela história de amor platônico, "Procura-se Amy". Em seu lançamento o filme causou uma boa repercussão entre os cinéfilos mais jovens e cults, que procuravam por algo com que se identificar. Não havia como negar que os jovens dos anos 1990 não tinham ainda sido bem retratados na telas até aquele momento. A personagem central, fruto do desejo de todos os marmanjões do roteiro, é na verdade lésbica e por essa razão está pouco interessada no assédio dos caras da região em que vive. Essa forma cool de ser, deixa os seus pretendentes ainda mais loucos por ela. O interessante é que apesar de ser gay ela não apresenta os clichês mais ofensivos que se poderia pensar. Ela é linda, sofisticada, educada, delicada e muito feminina. Isso de certa maneira quebrou muito dos estereótipos que algumas lésbicas tinham sofrido no passado em filmes, principalmente naqueles que as retratavam como pessoas grosseiras e masculinizadas. No mais é aquela coisa, o fruto proibido é sempre mais saboroso, não importa de que gênero ele pertença.

Pablo Aluísio.

Minhas Adoráveis Ex-Namoradas

O cinemão americano geralmente não perde a chance de emplacar roteiros de fundo extremamente moralistas. Um exemplo perfeito disso é essa produção “Minhas Adoráveis Ex-Namoradas”, uma comédia romântica que em um só cadeirão junta aspectos de clássicos do passado, contos de natal e estórias moralizantes apenas para defender um ponto de vista ultrapassado sobre a vida sentimental do homem moderno. Na trama acompanhamos a rotina de Connor Mead (Matthew McConaughey), um fotografo que vive de clicar modelos famosas em lugares maravilhosos. Bem sucedido, solteirão convicto, ele não quer nem ouvir falar de compromisso sério. Prefere levar sua vida mansa de forma tranqüila. Casamento? Nem pensar! Na verdade Connor segue os passos e os conselhos de seu falecido tio Wayne (Michael Douglas) que tinha o mesmo estilo de vida. Tudo corre muito bem em sua vida até que Connor é convidado para o casamento do irmão. Chegando lá tenta convencer o mano de todas as formas do erro que está prestes a cometer. Até porque casamento é simplesmente o fim da picada em seu modo de pensar. Para sua surpresa seu tio falecido surge a ele em uma alucinação para tentar demonstrar que apesar dos prazeres que esse tipo de solteirice pode prover há também o lado negativo. Para isso três fantasmas o levarão para o passado, o futuro e o presente para realidades paralelas onde Connor finalmente entenderá os perigos da vida que leva.

Sinceramente, que bobagem é esse filme! O argumento tenta vender a idéia equivocada de que apenas o casamento traz felicidade, fato que os números cada vez maiores de divórcios na sociedade, a cada ano, provam ser justamente o contrário. Usar da famosa obra de Charles Dickens como forma de tentar defender esse tipo de ponto de vista é outro equívoco do roteiro. Além disso a total reviravolta no modo de pensar do personagem de Matthew McConaughey, que de solteirão mulherengo passa a ser um cordeirinho apaixonado  louco para se casar, soa não apenas inverossímil como completamente sem noção. O próprio Matthew McConaughey parece até mesmo brincar com a falta de nexo do roteiro pois mesmo quando surge o “novo eu” de seu personagem ele segue com o mesmo estilo de interpretação, agora com  um sorrisinho cínico nos lábios. Era como se quisesse passar ao espectador a idéia de que ele continuava o mesmo, apesar das besteiras do roteiro do filme. Por fim temos Michael Douglas em um papel ingrato. Eu sou particularmente fã do ator e não gostei nem um pouco em vê-lo nesse personagem, a de um playboy arrependido das escolhas que fez em sua vida. O próprio Douglas parece não acreditar muito no que prega em cena, dando inclusive em cima de uma das “fantasmas”. Para quem conhece a história pessoal de vida do ator o argumento só poderá soar mesmo como uma grande piada. Enfim, esqueça, há comédias românticas bem melhores por aí – e bem mais inteligentes. “Minhas Adoráveis Ex-Namoradas” com seu argumento cafona é completamente dispensável.

Minhas Adoráveis Ex-Namoradas (The Ghosts of Girlfriends Past, Estados Unidos, 2009) Direção: Mark Waters / Roteiro: Jon Lucas, Scott Moore / Elenco: Matthew Mcconaughey, Michael Douglas, Jennifer Garner, Lacey Chabert, Emma Stone / Sinopse: Solteirão mulherengo recebe a “visita” de seu tio falecido que tentará lhe convencer de mudar de vida, arranjando uma esposa para se casar.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Ratatouille

Mais uma animação com o selo Pixar. E o que significa isso? Significa que é ele já chega sob a expectativa de um produto de excelente nível técnico. A Pixar durante todos esses anos simplesmente revolucionou o mundo da animação para o cinema com vários filmes que hoje em dia podem ser considerados até mesmo clássicos modernos do gênero. Esse “Ratatouille” já chegou com as expectativas extremamente altas por essa razão. Infelizmente não cumpriu tudo aquilo que se esperava dele. Apesar de ter sido extremamente premiado (ganhou o Oscar, o Bafta e o Globo de Ouro de melhor animação do ano) ainda considero um longa menor dentro da vasta galeria de preciosidades da Pixar. Isso não significa que seja ruim, muito longe disso, mas perde se o compararmos com os outros produtos do estúdio. O diretor Brad Bird é o mesmo de “Os Incríveis”. Pois bem, considero “Ratatouille” bem abaixo do charme da animação anterior desse cineasta. Eu atribuo parte disso ao fato da Pixar ter sido comprada pela Disney. Cansada de concorrer com a genialidade dos animadores do estúdio Pixar o império de Mickey Mouse resolveu simplesmente comprar o concorrente. Se não se pode vencê-los, junte-se a eles.  Ou como no caso aqui, os compre logo de uma vez.

A Disney como se sabe tem um padrão de qualidade em seus produtos, tirando qualquer tipo de conteúdo mais ousado ou ofensivo. Assim após adquirir a Pixar os animadores do pequeno estúdio tiveram que se adaptar na nova realidade. “Ratatouille” mostra bem isso. A própria imagem dos personagens segue muito mais o padrão Disney do que o que estávamos acostumados a ver na Pixar. E nem precisa lembrar que o protagonista é um ratinho (alô? Mickey?). Assim temos uma animação boa, não restam dúvidas, mas também muito caretinha, certinha e sem os vôos ousados que estávamos acostumados em ver em algumas animações do tempo em que a Pixar era completamente independente em seu setor de criação. O enredo também é do tipo fofinho – bem ao estilo Disney de ser. Na estória acompanhamos o ratinho Remy que tem o sonho de se tornar um grande chef de cozinha na mais sofisticada de todas as cidades do mundo em termos de gastronomia, Paris. O problema é que ele é um rato e provavelmente por isso jamais realizará seu sonho. Para colocar em prática seus dotes culinários ele precisará de um ser humano e esse lhe aparece finalmente pela frente, o desastrado Linguini. Aspirante a se tornar um grande mestre com as panelas ele não tem o talento do ratinho Remy. Assim ambos resolvem se unir – ajudando um ao outro eles começam a subir na carreira mas não sem antes despertar a inveja e a cobiça de um rival. Como se vê é um enredo tradicional, sem maiores surpresas. Para finalizar cabem aqui duas observações finais. Primeiro, “Ratatouille” é mais indicado para crianças bem pequenas – com menos de dez anos de idade. Segundo, o roteiro é completamente limpo e inofensivo e por essa razão os pais podem deixar seus filhos assistirem ao longa sem nenhum tipo de preocupação com seu conteúdo.

Ratatouille (Ratatouille, Estados Unidos, 2007) Direção: Brad Bird / Roteiro: Brad Bird, Jim Capobianco, Emily Cook, Kathy Greenberg, Jan Pinkava, Bob Peterson / Elenco (vozes): Patton Oswalt, Ian Holm, Lou Romano, Brian Dennehy, Peter Sohn, Peter O'Toole, Brad Garrett, Janeane Garofalo / Sinopse: Ratinho que sonha ser um grande chef de cozinha se une a um desastrado aspirante a cozinheiro para fazer sucesso em um restaurante na cidade de Paris.

Pablo Aluísio.

Birdman

Título no Brasil: Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Título Original: Birdman
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Alejandro González Iñárritu
Roteiro: Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone
Elenco: Michael Keaton, Edward Norton, Zach Galifianakis, Emma Stone, Naomi Watts, Amy Ryan
  
Sinopse:
Riggan (Michael Keaton) é um velho ator que no passado fez muito sucesso com a adaptação de um personagem em quadrinhos chamado Birdman no cinema. Agora, decadente e sem propostas, ele decide arriscar seus últimos recursos para montar uma peça dramática na Broadway em Nova Iorque. Com uma produção complicada, repleta de atores temperamentais e com problemas de relacionamento, aliado a uma crítica abertamente hostil ao seu trabalho, Riggan precisa vencer nos palcos para continuar vivo e isso não apenas do ponto de vista profissional. Filme vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator (Michael Keaton) e Melhor Roteiro. Indicado a onze Oscars, inclusive nas categorias de Melhor Filme, Roteiro, Fotografia, Ator (Michael Keaton), Ator Coadjuvante (Edward Norton) e Atriz Coadjuvante (Emma Stone). Filme vencedor do Oscar 2015 nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção (Alejandro González Iñarritu), Melhor Roteiro Original (Alejandro G. Iñarritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris, Jr. e Armando Bo) e Melhor Direção de Fotografia (Emmanuel Lubezki).

Comentários:
A grande quantidade de indicações e prêmios ao redor do mundo é plenamente justificada. "Birdman" é de fato um grande filme. Inicialmente você fica meio surpreso como a forma em que tudo se desenvolve. Temos esse ator de meia idade, já decadente, jogando suas últimas fichas em uma peça teatral a ser encenada na Broadway. Sua última ambição é ser levado à sério, algo complicado já que as pessoas não conseguem dissociar sua imagem de um filme de sucesso do passado onde ele interpretou um personagem de quadrinhos chamado "Birdman". Após aqueles anos iniciais gloriosos a idade finalmente chegou, os convites de Hollywood sumiram e tudo o que sobrou foi uma velha celebridade deprimida, angustiada, com problemas emocionais e crises psicológicas. Tentar algo no teatro e logo no berço sagrado da Broadway se revela realmente algo muito ambicioso e para muitos pretensioso demais. Para piorar os bastidores da peça são completamente caóticos. Há problemas em arranjar dinheiro, os atores são pessoas emocionalmente instáveis e uma arrogante crítica da cidade acha um absurdo e um disparate um ator de cinema, vindo de adaptações de quadrinhos de Hollywood, ter a petulância de tentar vencer nos mesmos palcos que um dia viram desfilar alguns dos maiores talentos dramáticos dos Estados Unidos. 

Eu apreciei cada momento desse roteiro. Ele é muito bem escrito e tenta desvendar a alma desse personagem cativante, um velho ator, que sabe que o tempo passou e ele ficou para trás. O paralelo que se cria com a própria carreira de Michael Keaton se torna muito forte, até porque ele também se notabilizou por interpretar um herói de quadrinhos no cinema, o Batman. É certamente de se louvar a coragem de Keaton em encarar esse tipo de papel de frente, de peito aberto e sem receios. Tenho certeza que no mundo dos egos inflados da indústria cinematográfica americana poucos se arriscariam a viver tal personagem. O interessante é que seu papel também me lembrou muito de outros astros que tiveram uma existência profissional marcada por um personagem forte demais que jamais o abandonaram, por mais talentosos que fossem, como Christopher Reeve, por exemplo. Edward Norton, mais uma vez, também se destaca, principalmente ao dar vida a esse atorzinho cretino que está mais interessado em sair com as mulheres que encontra pela frente do que com o sucesso efetivo da peça. Outra coisa que me deixou realmente gratificado foi acompanhar a linha narrativa, ora em uma visão objetiva do que se passa, ora de forma subjetiva, nos fazendo entrar na mente do personagem de Keaton, ouvindo o que ele ouve, vendo suas alucinações e sentindo suas emoções. Uma grande aula de cinema que também presta uma bela homenagem ao mundo do teatro. Um filme realmente completo, sob todos os pontos de vista. Obra prima.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O Grande Hotel Budapeste

Título no Brasil: O Grande Hotel Budapeste
Título Original: The Grand Budapest Hotel
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Wes Anderson
Roteiro: Stefan Zweig, Wes Anderson
Elenco: Ralph Fiennes, F. Murray Abraham, Willem Dafoe, Jeff Goldblum, Harvey Keitel, Jude Law, Bill Murray, Edward Norton

Sinopse:
Em um hotel decadente, que já fora um dos mais luxuosos e requintados do passado, o Sr. Moustafa (F. Murray Abraham) relembra a um escritor como se tornou dono do estabelecimento, desde os anos 1930, quando pisou pela primeira vez no local para um de seus primeiros empregos, de mensageiro. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Direção, Melhor Ator - Comédia ou Musical (Ralph Fiennes) e Melhor Roteiro. Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Comédia ou Musical. Filme vencedor do Oscar 2015 nas categorias de Melhor Trilha Sonora Original (Alexandre Desplat), Melhor Figurino, Melhor Maquiagem e Penteado e Melhor Direção de Arte.

Comentários:
Quem conhece o estilo do diretor Wes Anderson certamente não vai se surpreender muito. Ele tem uma estética toda própria e a utiliza para contar suas histórias incomuns. Por outro lado considerei esse um de seus filmes mais simpáticos e bem realizados. Longe de seus conhecidos exageros o cineasta conseguiu ser fiel à sua forma sui generis de fazer cinema ao mesmo tempo em que conseguiu tornar seu filme bem mais acessível ao grande público. Não há como negar que é um trabalho honesto e muito íntegro em seus objetivos. A direção de arte é um show à parte, com soluções visuais de muito bom gosto. O roteiro também me deixou extremamente satisfeito pois tem ótimos diálogos, principalmente os provenientes do personagem Mr. Gustave (Ralph Fiennes). Um tipo tão pedante que faz rir. Aqui abro um pequeno parêntese para elogiar o surpreendente feeling para comédias por parte de Ralph Fiennes. Ator talentoso que sempre se destacou por dramas pesados em produções requintadas e de estilo, mostra completa desenvoltura com o humor, um lado de sua personalidade que eu ainda desconhecia. Aqui ele dá vida a um grã-fino mordomo que nem pensa duas vezes antes de seduzir senhoras idosas e... ricas! Um canastrão, levemente mal caráter, que acaba ganhando a simpatia do espectador por causa de seu jeito um tanto quanto distante do mundo real. 

Outro fato que considero digno de elogios vem da estrutura narrativa de seu enredo. São três saldos temporais, o primeiro mostrando um velho autor ditando suas lembranças de como escreveu o grande livro de sua vida. O segundo, décadas antes, quando esse mesmo escritor conheceu a história do misterioso dono do hotel Budapeste e por fim um novo recuo no tempo explorando os anos 1930 quando esse mesmo homem rico chegou pela primeira vez no grande hotel para trabalhar como um mero mensageiro. Nem preciso dizer que as três linhas narrativas se completam maravilhosamente bem. Por fim e não menos importante temos que elogiar praticamente todo o elenco - e por falar nisso que elenco é esse?! Grandes astros, atores de primeiro time, todos empenhados em fazer o filme dar certo. Alguns só aparecem em breves momentos e outros mal possuem duas linhas de diálogo para falar. Mesmo assim cada um tem sua importância na trama. Enfim, provavelmente seja uma das comédias mais bem produzidas que assisti em minha vida. Wes Anderson não é um diretor para todos os gostos, mas aqui temos que reconhecer que ele chegou muito perto de realizar a sua grande obra prima. 

Pablo Aluísio.