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segunda-feira, 28 de agosto de 2023

A Espada de um Bravo

Título no Brasil: A Espada de um Bravo
Título Original: Kidnapped
Ano de Lançamento: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney Productions
Direção: Robert Stevenson
Roteiro: Robert Stevenson, Robert Louis Stevenson
Elenco: Peter Finch, Peter O'Toole, James MacArthur, Bernard Lee, Andrew Cruickshank

Sinopse:
Na Escócia, em 1751, o jovem David Balfour é transportado a bordo de um navio onde conhece o rebelde jacobita Alan Breck Stewart, com quem foge para as Terras Altas da Escócia,  esquivando-se e combatendo os casacas vermelhas, como eram conhecidos os soldados do exército imperial inglês.

Comentários: 
Filme da Disney que ficou bem conhecido através dos anos não apenas por causa de seu sucesso entre o público infanto-juvenil em seu lançamento, como também por ter sido o filme de estreia de Peter O'Toole no cinema. E foi uma belo cartão de visitas pois o filme ainda hoje é lembrado em listas de melhores filmes sobre navios antigos, piratas e corsários. Agora, apesar da presença marcante do futuro Lawrence da Arábia, não podemos deixar de tecer todos os elogios para Peter Finch. Que grande ator ele foi! Com dicção perfeita, sua forte presença domina da primeira à última cena. Quando ele entrava na sequência, realmente não sobrava mais espaço para nenhum outro ator do elenco. Esteve simplesmente maravilhoso nessa produção. Palmas para Finch!

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de março de 2021

Sangue Sobre a Neve

Um filme clássico com temática bem diferente, diria até que extremamente exótico. Assim poderia definir esse "Sangue Sobre a Neve". Qual é a história contada no filme? Em uma parte do mundo gelado, no Ártico, vive Inuk (Anthony Quinn). Ele é um nativo selvagem que vive nos confins do Polo Norte congelado e inóspito, um esquimó com pouco contato com a civilização das cidades. Com jeito rude e direto, ele acaba sendo ofendido por um padre e sem medir as consequências de seus atos comete um assassinato. Perseguido pela polícia, ele se aventura pelas regiões mais isoladas em busca de refúgio. Escapará das leis do chamado homem civilizado?

Esse é um filme curioso sobre esquimós, com Anthony Quinn, Peter O Toole e direção de Nicholas Ray. O roteiro foca nos costumes dos nativos das regiões mais geladas do planeta e o choque que pode existir entre a cultura deles e as leis do homem dito civilizado. O roteiro do filme se apoia bastante naquela visão do "bom selvagem", algo que está bem claro até mesmo no nome original da produção, "The Savage Innocents", algo como os inocentes selvagens. É a velha teoria de que o homem nasce bom e puro até ser corrompido pela civilização dita avançada. Muitos obviamente não comprarão a ideia por trás de tudo, mas a intenção de expor esse tipo de visão não deixa de ser válida.

Em termos puramente cinematográficos vale o elogio para a boa atuação de Anthony Quinn pois o papel lhe caiu muito bem. Seu biotipo inclusive é perfeito para o personagem. Curiosamente há poucos diálogos em praticamente todo o filme e Quinn precisa utilizar bastante de uma atuação mais física do que verbal, algo em que se sai muito bem. Bem fotografado, com cenas de estúdio, intercaladas com cenas externas de locação, no norte do Canadá, terra gelada e sem fim, o filme é bem interessante, principalmente para estudantes de sociologia e ciências sociais em geral. É o que costumo chamar de "filme tese" que defende uma ideia por trás de tudo. Mesmo assim quem estiver em busca apenas de uma boa aventura clássica também não vai se decepcionar.

Sangue Sobre a Neve (The Savage Innocents, Estados Unidos, 1960) Estúdio: Paramount Pictures / Direção: Nicholas Ray / Roteiro: Hans Ruesch, Franco Solinas / Elenco: Anthony Quinn, Peter O'Toole, Yoko Tani, Carlo Giustini / Sinopse: O filme retrata a vida de um esquimó selvagem que mora no Polo Norte do planeta, em uma parte da Terra onde tudo parece inóspito e congelado. Após se envolver em um crime ele passa a ser perseguido por pessoas que querem levá-lo a um julgamento de acordo com as leis do homem civilizado. Filme indicado à Palma de Ouro no Cannes Film Festival.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Lord Jim

Título no Brasil: Lord Jim
Título Original: Lord Jim
Ano de Produção: 1965
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Columbia British Productions
Direção: Richard Brooks
Roteiro: Richard Brooks
Elenco: Peter O'Toole, James Mason, Curd Jürgens, Eli Wallach, Jack Hawkins. Paul Lukas

Sinopse:
Com roteiro baseado no romance escrito por Joseph Conrad, o filme narra as aventuras de um marinheiro britânico que após um ato de covardia decide se redimir, se tornando o líder amado de um grupo de nativos em uma região distante da civilização.

Comentários:
Não tão ousado como o livro que lhe deu origem, mas igualmente bom em termos de resultado artístico, essa adaptação para o cinema de "Lord Jim" segue sendo reconhecida pela crítica. O filme tem alguns trunfos, algumas cartas na manga que o redime de alguns erros de adaptação. Uma delas é o excelente elenco que contava com ninguém menos do que o grande ator Peter O'Toole, aqui em interpretação que me lembrou em alguns momentos de seu grande momento no cinema, "Lawrence da Arábia". Temos também um excelente grupo de atores coadjuvantes como o próprio Eli Wallach, ator muito bom que sempre foi subestimado em Hollywood. Ele interpreta um sujeito violento e sádico chamado simplesmente de "O General". Outro aspecto positivo são as locações em que a produção foi filmada, nos mares da China, Camboja e Malásia. Isso rendeu excelente fotografia a um filme marcado pelo sabor da aventura e do exotismo dos lugares onde foi realizado. Filme indicado ao BAFTA Awards nas categorias de Melhor Direção e Melhor Direção de Fotografia (Freddie Young).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Lawrence da Arábia

Esse filme é a obra prima absoluta do diretor David Lean, um dos melhores cineastas da história do cinema. Também é o auge, o ponto máximo da carreira do ator Peter O'Toole, um pico que ele nunca mais alcançaria em sua vida. São vários os adjetivos usados para essa produção realmente memorável. Grandioso, épico, maravilhoso, o cinema em sua mais qualificada essência, etc. De fato é um filme impressionante, uma produção que custou milhões de dólares e foi extremamente complicada de concluir. Também é grande em duração, com quase 230 minutos de duração. O cinéfilo precisa praticamente se preparar para encarar um filme assim, tão longo e ao mesmo tempo tão espetacular.

O curioso é que tudo estava pronto para Marlon Brando estrelar o filme. O roteiro foi pensado nele e o ator já tinha até mesmo concordado em analisar o convite, só que na última hora ele desistiu. O motivo foi frívolo. Brando afirmou que David Lean levava tanto tempo para filmar que ele provavelmente iria morrer seco no meio do deserto. Foi uma pena, mas ao mesmo tempo uma jogada do destino, porque atualmente ninguém consegue imaginar o personagem histórico sendo interpretado por outro ator. Peter O'Toole fez um trabalho tão fantástico que ele ficou para sempre marcado como o Lawrence da Arábia. E ao seu lado, no elenco, não faltaram outros nomes geniais como Alec Guinness, Anthony Quinn e Omar Sharif . Ou em outros termos, o filme também trazia a nata dos grandes atores da época.

Hoje em dia a figura de T.E. Lawrence é mais controversa do que quando o filme foi lançado. Esse inglês foi de tudo um pouco, arqueólogo, militar, agente secreto, diplomata. Para a mentalidade atual revisionista ele seria apenas um personagem a mais no jogo de dominação colonial do império britânico no Oriente Médio. Essa visão progressista mais crítica porém não se sustenta muito em meu ponto de vista. Até porque ele também foi um excelente escritor. Basta ler poucas linhas de seu mais conhecido livro, "Os Sete Pilares da Sabedoria", para bem entender isso. Porém deixando de lado essa visão mais política, o fato inegável é que o filme "Lawrence of Arabia" é mesmo cinema em seu estado mais grandioso, em sua mais pura essência. Um dos maiores clássicos da história do cinema de todos os tempos. Maior até mesmo que seu próprio protagonista.

Lawrence da Arábia (Lawrence of Arabia, Inglaterra, 1962) Direção: David Lean / Roteiro: Robert Bolt / Elenco: Peter O'Toole, Alec Guinness, Anthony Quinn, Omar Sharif, José Ferrer / Sinopse: O filme conta a história real do oficial britânico Thomas Edward Lawrence (1888 - 1945), um homem que teve grande importância no período colonial do império britânico no Oriente Médio. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção (David Lean), Melhor Trilha Sonora (Maurice Jarre), Melhor Edição (Anne V. Coates), Melhor Som (John Cox), Melhor Direção de Arte (John Box, John Stoll, Dario Simoni) e Melhor Fotografia (Freddie Young).

Pablo Aluísio. 


A Noite dos Generais

Em 1942, na cidade de Varsóvia, uma prostituta polaca é assassinada de forma sádica. O major Grau (Omar Sharif), um homem da inteligência alemã, que acredita na justiça, fica a cargo do caso. Uma testemunha viu um general alemão sair do prédio depois de um grito da vítima. Uma investigação mais aprofundada mostra que três generais não têm qualquer álibi para aquela noite: General Tanz (Peter O'Toole), o major-general Klus Kahlenberge (Donald Pleasance) e o General von Seidlitz-Gabler (Charles Gray). Eles três passam a evitar um contato direto com o Major Grau e se tornam potenciais suspeitos. Quando finalmente Grau se aproxima da verdade, ele é promovido e enviado para Paris. Mesmo com essa suspeita transferência ele não está disposto a abandonar sua busca pelo assassino.

Ótimo filme, com o Peter O'Toole dando show como um oficial nazista frio, calculista e maníaco. Outro destaque é a locação, filmado em Paris, com ótimas tomadas da cidade luz. O roteiro é um primor pois mistura alguns gêneros diversos em um só filme. Há uma trama de assassinato a ser desvendada (lembrando os mistérios de Agatha Christie), um serial killer à solta (filmes sobre psicopatas forma um subgênero à parte) e finalmente tudo se passando durante a segunda guerra mundial, numa Paris deslumbrante, mas ocupada pelas forças armadas nazistas.

O elenco reuniu novamente a dupla Peter O'Toole e Omar Sharif, que tinham brilhado no clássico "Lawrence da Arábia" de David Lean. Eles não contracenam muito, é verdade, mas formam a espinha dorsal da narrativa, uma vez que Sharif tenta de todas as formas descobrir a identidade do general assassino e o personagem de Peter O'Toole se torna logo um dos principais suspeitos. Não deixa de ser muito curiosa a estrutura desse enredo, pois em uma guerra em que morriam milhões ao redor do mundo, termos um personagem assim, obcecado em descobrir quem matou a prostituta polonesa. Claro, não deixa de ser uma grande ironia da trama original. Recomendo para quem gosta de filmes com mais de uma temática, pois aqui temos um filme de guerra com toques de filmes sobre serial killers. O resultado final dessa mistura ficou excelente.

A Noite dos Generais (The Night of the Generals, Estados Unidos, Inglaterra, França, 1967) Estúdio: Columbia Pictures, Horizon Pictures / Direção: Anatole Litvak / Roteiro: Joseph Kessel, Paul Dehn / Elenco: Peter O'Toole, Omar Sharif, Tom Courtenay, Donald Pleasance / Sinopse: Durante a II Guerra Mundial, em uma Europa ocupada pelas forças armadas do III Reich, um Oficial nazista começa a investigar uma série de mortes. Ao que tudo indica um general alemão estaria envolvido nos crimes.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Becket, O Favorito do Rei

A história do filme se passa em 1066, na Inglaterra medieval. No trono está o Rei Henrique II (Peter O'Toole). Ele é um monarca insolente, imoral, pouco afeito aos assuntos do Estado. Os prazeres, as mulheres e o vinho são mais importantes para ele. Para gerenciar o governo da nação ele resolve nomear seu grande amigo Thomas Becket (Richard Burton) como chanceler. A Inglaterra sofre há anos com a rivalidade entre normandos e saxões. O Rei é de uma linhagem normanda, enquanto sue novo chanceler é saxão. Embora sua decisão tenha sido acertada o Rei logo descobre que precisa de Becket também em outra função.

A Igreja Católica e seu clero se tornam muito poderosos no reino e Henrique II teme por sua coroa. Assim resolve nomear Becket como o Arcebispo de Canterbury. A decisão choca os católicos ingleses pois Becket jamais havia sido membro do clero. O fato porém é que o Rei impõe sua decisão a todos, contando obviamente com o apoio de Becket dentro da Igreja em seu favor. Só que para sua surpresa o novo Arcebispo começa a levar muito à sério sua função. Quando um nobre mata um padre de seu clero ele exige que seja julgado. O Rei assim fica dividido entre os interesses da Igreja e da nobreza, o que lhe coloca numa saia justa. Pior do que isso, Henrique II se sente traído por Becket, a quem pensava ser seu leal amigo.

Esse filme é realmente excelente. Tem uma ótima reconstituição de época e conta uma história real muito interessante. O mais curioso é que o personagem interpretado por Richard Burton se tornaria santo tanto da Igreja Católica como da Anglicana. Ele foi mártir da fé cristã naquele tempo distante, onde os reis absolutistas tinham todo o poder em suas mãos. Por falar em reis, o Henrique II de Peter O'Toole acabou se tornando uma das maiores interpretações de sua carreira e em se tratando de um ator com tantos clássicos em sua filmografia isso definitivamente não é pouca coisa. O roteiro trabalha com uma sugestão subliminar, muito tênue, tratando a imensa amizade que o Rei tinha com Becket quase como se fosse uma relação homoerótica. Os historiadores ainda debatem sobre essa estranha obsessão do monarca para com seu chanceler e amigo. O filme adota assim um tom de sugestão sutil, embora nunca assuma de uma vez essa delicada questão histórica. No mais é uma produção requintada com ótimos figurinos, trilha sonora, cenários e, é claro, ótimas atuações de todo o elenco.

Becket, O Favorito do Rei (Becket, Estados Unidos, Inglaterra, 1964) Direção: Peter Glenville / Roteiro: Jean Anouilh, Lucienne Hill, Edward Anhalt / Elenco: Richard Burton, Peter O'Toole, John Gielgud / Sinopse: Thomas Becket (Richard Burton), chanceler e amigo do Rei Henrique II da Inglaterra (Peter O'Toole), assume o mais alto cargo do clero católico da nação. Aos poucos porém ele começa a defender os interesses da igreja e não os do Rei, o que acaba enfurecendo o monarca que o considerava seu amigo. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro Adaptado. Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme (Hal B. Wallis), Melhor Ator (Peter O'Toole), Melhor Ator (Richard Burton), Melhor Ator Coadjuvante (John Gielgud, como o Rei da França, Louis), Melhor Direção (Peter Glenville), Melhor Fotografia (Geoffrey Unsworth), Melhor Figurino (Margaret Furse), Melhor Som, Edição, Direção de Arte e Música. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Ator (Peter O'Toole).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Fantasmas

Filme de terror e suspense do final dos anos 90 que pouca gente se lembra. O enredo é simples. Duas irmãs chegam em uma cidade desolada, Snowfield, no Colorado. Tudo parece abandonado e as ruas estão desertas. Os únicos sobreviventes parecem ter sido o xerife Bryce Hammond (Ben Affleck) e seus dois parceiros. Eles precisam sair de lá, mas as coisas não vão ser tão fáceis como eles planejavam. Esse filme não é lá grande coisa, mas para os cinéfilos há pelo menos um grande atrativo, a atuação do grande Peter O'Toole interpretando um personagem chamado Dr. Timothy Flyte, que ao que tudo indica sabe exatamente o que aconteceu ali.

Apesar dessa premissa até muito interessante o fato é que nada se sustenta por muito tempo, causando uma certa decepção no saldo geral. Por isso, para alguns, o final foi bem decepcionante. De qualquer forma vale ao menos uma espiada para conferir o desnível de talento entre Affleck e O'Toole. O primeiro sempre conhecido por sua inexpressividade e o veterano por ser um dos maiores atores da história de Hollywood. Filme indicado pela Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films na categoria de Melhor Filme de Terror.

Fantasmas (Estados Unidos, 1998) Direção: Joe Chappelle / Roteiro: Dean R. Koontz / Elenco: Ben Affleck, Peter O'Toole, Rose McGowan, Joanna Going / Sinopse: Duas irmãs vão parar em um lugar isolado do mundo, uma verdadeira cidade fantasma. E agora, o que poderão fazer?

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 4 de março de 2016

Augustus - O Primeiro Imperador

Título no Brasil: Augustus - O Primeiro Imperador
Título Original: Imperium Augustus
Ano de Produção: 2003
País: Alemanha, Inglaterra, Espanha, Itália
Estúdio: EOS Entertainment, RAI Radiotelevisione Italiana
Direção: Roger Young
Roteiro: Eric Lerner
Elenco: Peter O'Toole, Charlotte Rampling, Vittoria Belvedere
  
Sinopse:
O velho Imperador Augustus Caesar (Peter O'Toole) resolve relembrar para sua frívola filha Júlia (Vittoria Belvedere), após a morte de seu marido Marcus Vipsanius Agrippa (Ken Duken), como se tornou o homem mais poderoso do Império Romano após vencer as tropas do general Marco Antônio (Massimo Ghini) e da Rainha do Egito Cleopatra (Anna Valle), após o assassinato de seu tio Julius Caesar (Gérard Klein). Filme baseado em fatos históricos reais.

Comentários:
Um telefilme que se propõe a contar a história de Caio Otaviano que passou para a história como Augusto César, aquele que é considerado o primeiro imperador de Roma. Já tinha lido uma extensa biografia sobre ele antes de assistir ao filme e talvez por essa razão fiquei com aquela sensação de que muita coisa foi deixada de fora pelo roteiro. Além disso um velho problema da indústria cultural americana se repetiu com uma certa insistência irritante no decorrer do filme - a de se unificar personagens diferentes da história em um só, com o objetivo de dar maior agilidade dramática ao desenrolar dos acontecimentos. Assim dois generais viram um só, ou senadores importantes na biografia de Augusto surgem na figura de apenas um político. Se de um certo ponto de vista isso é até aceitável, do outro deixa o resultado bem comprometido. No geral, como se trata de uma produção para a TV, não temos toda a opulência dos antigos épicos de Hollywood. Nada que venha a lembrar os filmes de Cecil B. DeMille. Isso porém não estraga o espetáculo já que o elenco procura compensar a falta de uma produção mais rica com um trabalho mais fiel ao modo de agir dos romanos antigos. E por falar em elenco temos o maravilhoso Peter O'Toole como o próprio Augusto, envelhecido e com uma certa melancolia pelos rumos que a vida tomou, mas mesmo assim muito enigmático e carismático em cena. Charlotte Rampling como Livia Drusilla também impressiona por sua classe e postura nobre. Um filme que se não consegue ser brilhante pelo menos conta com dignidade parte da biografia dessa importante figura da história da Roma Imperial.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Ratatouille

Mais uma animação com o selo Pixar. E o que significa isso? Significa que é ele já chega sob a expectativa de um produto de excelente nível técnico. A Pixar durante todos esses anos simplesmente revolucionou o mundo da animação para o cinema com vários filmes que hoje em dia podem ser considerados até mesmo clássicos modernos do gênero. Esse “Ratatouille” já chegou com as expectativas extremamente altas por essa razão. Infelizmente não cumpriu tudo aquilo que se esperava dele. Apesar de ter sido extremamente premiado (ganhou o Oscar, o Bafta e o Globo de Ouro de melhor animação do ano) ainda considero um longa menor dentro da vasta galeria de preciosidades da Pixar. Isso não significa que seja ruim, muito longe disso, mas perde se o compararmos com os outros produtos do estúdio. O diretor Brad Bird é o mesmo de “Os Incríveis”. Pois bem, considero “Ratatouille” bem abaixo do charme da animação anterior desse cineasta. Eu atribuo parte disso ao fato da Pixar ter sido comprada pela Disney. Cansada de concorrer com a genialidade dos animadores do estúdio Pixar o império de Mickey Mouse resolveu simplesmente comprar o concorrente. Se não se pode vencê-los, junte-se a eles.  Ou como no caso aqui, os compre logo de uma vez.

A Disney como se sabe tem um padrão de qualidade em seus produtos, tirando qualquer tipo de conteúdo mais ousado ou ofensivo. Assim após adquirir a Pixar os animadores do pequeno estúdio tiveram que se adaptar na nova realidade. “Ratatouille” mostra bem isso. A própria imagem dos personagens segue muito mais o padrão Disney do que o que estávamos acostumados a ver na Pixar. E nem precisa lembrar que o protagonista é um ratinho (alô? Mickey?). Assim temos uma animação boa, não restam dúvidas, mas também muito caretinha, certinha e sem os vôos ousados que estávamos acostumados em ver em algumas animações do tempo em que a Pixar era completamente independente em seu setor de criação. O enredo também é do tipo fofinho – bem ao estilo Disney de ser. Na estória acompanhamos o ratinho Remy que tem o sonho de se tornar um grande chef de cozinha na mais sofisticada de todas as cidades do mundo em termos de gastronomia, Paris. O problema é que ele é um rato e provavelmente por isso jamais realizará seu sonho. Para colocar em prática seus dotes culinários ele precisará de um ser humano e esse lhe aparece finalmente pela frente, o desastrado Linguini. Aspirante a se tornar um grande mestre com as panelas ele não tem o talento do ratinho Remy. Assim ambos resolvem se unir – ajudando um ao outro eles começam a subir na carreira mas não sem antes despertar a inveja e a cobiça de um rival. Como se vê é um enredo tradicional, sem maiores surpresas. Para finalizar cabem aqui duas observações finais. Primeiro, “Ratatouille” é mais indicado para crianças bem pequenas – com menos de dez anos de idade. Segundo, o roteiro é completamente limpo e inofensivo e por essa razão os pais podem deixar seus filhos assistirem ao longa sem nenhum tipo de preocupação com seu conteúdo.

Ratatouille (Ratatouille, Estados Unidos, 2007) Direção: Brad Bird / Roteiro: Brad Bird, Jim Capobianco, Emily Cook, Kathy Greenberg, Jan Pinkava, Bob Peterson / Elenco (vozes): Patton Oswalt, Ian Holm, Lou Romano, Brian Dennehy, Peter Sohn, Peter O'Toole, Brad Garrett, Janeane Garofalo / Sinopse: Ratinho que sonha ser um grande chef de cozinha se une a um desastrado aspirante a cozinheiro para fazer sucesso em um restaurante na cidade de Paris.

Pablo Aluísio.

domingo, 1 de junho de 2014

Tróia

Título no Brasil: Tróia
Título Original: Troy
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Wolfgang Petersen
Roteiro: David Benioff
Elenco: Brad Pitt, Eric Bana, Orlando Bloom, Peter O'Toole

Sinopse:
Baseado na obra de Homero o filme conta a história da lendária guerra de Tróia que supostamente ocorreu no ano de 1193 a.C. Um evento banal envolvendo questões familiares deu origem a um intenso conflito armado entre as poderosas cidades estados de Messênia e Tróia. Liderando os exércitos invasores surge o valente e heróico Aquiles (Brad Pitt). Filme indicado ao Oscar na categoria Melhor Figurino.

Comentários:
Alguns filmes épicos tinham tudo para se tornarem clássicos modernos da sétima arte, o problema é que muitas vezes os produtores optam por realizar blockbusters vazios que visam apenas satisfazer os desejos de uma platéia jovem e pouco interessada em história. Ao invés de contar tudo da forma mais crível possível se opta por enredos fantasiosos e baseados em cenas de ação gratuitas. Esse "Tróia" vai por esse caminho. O cineasta Wolfgang Petersen perdeu o controle sobre o filme e os executivos da Warner impuseram sua visão de realizar um filme feito meramente para alcançar grandes bilheterias na temporada mais competitiva do cinema americano. Ao custo de 175 milhões de dólares, "Tróia" tem tudo que a indústria americana tem de melhor a oferecer em aspectos puramente técnicos, principalmente em seus ótimos efeitos digitais, figurinos luxuosos e cenas de impacto visual. A única coisa que não tem é um bom roteiro que logo se perde em bobagens históricas. Brad Pitt, que sempre considerei um bom ator está particularmente medíocre no papel de  Aquiles e como todo o restante do elenco é fraco (alguém vai esperar alguma coisa de Orlando Bloom?) o filme deixa aquela sensação de pastel de vento. Não alimenta e nem enriquece, só engorda.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Calígula

Título no Brasil: Calígula
Título Original: Caligola
Ano de Produção: 1979
País: Estados Unidos, Itália
Estúdio: Penthouse Films International
Direção: Tinto Brass, Bob Guccione
Roteiro: Gore Vidal
Elenco: Malcolm McDowell, Peter O'Toole, Helen Mirren

Sinopse:
Filme que enfoca a história do imperador romano Calígula (12 d.C - 41 d.C). Após a morte de Tiberius (Peter O'Toole), seu tio, ele sobe ao poder máximo em Roma. Desde o começo seu desequilíbrio emocional e psicológico se mostra evidente. Dado a orgias extravagantes e assassinatos em série ele resolve testar todos os limites de seu poder absoluto, chegando ao ponto de nomear seu próprio cavalo como senador romano. Aos poucos suas loucuras o levam a um beco sem saída, com várias tramas para sua eliminação rondando seu poder imperial.

Comentários:
Esse é um daqueles filmes que até hoje me despertam a mesma pergunta: Por que deu errado? Uma história das mais interessantes, roteirizada pelo grande Gore Vidal, com um excelente elenco - incluindo os monstros da atuação Malcolm McDowell, Peter O'Toole e Helen Mirren - e um diretor de prestígio e mesmo assim as coisas desandaram de uma forma impressionante. Muitos apontam como culpado o produtor, dono do império adulto Penthouse, que inseriu cenas de sexo explícito no filme. Não penso que o problema de "Calígula" seja esse, na verdade isso fazia parte do dia a dia de todos aqueles imperadores depravados. O problema é estrutural pois o filme é mal editado, mal desenvolvido e para piorar com sérios problemas de direção (quem diria...). Malcolm McDowell defende bem sua atuação, até porque ele está na verdade soberbo em cena. Basta ver os antigos bustos do imperador louco de Roma para perceber a semelhança entre eles. Aquele olhar marcante, praticamente reptiliano é recriado com perfeição por Malcolm. O mesmo se pode dizer de Peter O'Toole como Tiberius, que era pedófilo, frívolo e maníaco. Seu olhar doentio, pálido e com gestos trêmulos mostra o grande ator que ele foi. Pena que o filme não se resume ao quesito atuação. Mesmo assim essa é uma produção que deve ser indicada aos fãs da sétima arte. Certamente os problemas são muitos, mas o filme acaba marcando, tanto de um ponto de vista positivo como negativo. Afinal de contas qualquer produção que enfoque o insano Caligula será sempre no mínimo interessante...

Pablo Aluísio.

domingo, 30 de setembro de 2007

A Morte de Peter O'Toole

Disponibilizo a seguir texto que escrevi na ocasião da morte do ator Peter O'Toole em 14 de dezembro de 2013. O astro da antiga Hollywood tinha 81 anos ao falecer. Eis o texto original: Foi com grande pesar que recebi a notícia da morte do mito Peter O'Toole, até hoje considerado um dos grandes atores da história do cinema. Ator teatral se rendeu à TV ainda na década de 50 onde participou de três telefilmes que hoje em dia são considerados verdadeiras raridades. Só em 1960 estreou no mundo do cinema. Aos 28 anos surgiu como Robin MacGregor em "A Espada de um Bravo" uma aventura capa e espada muito colorida da Disney. Embora não tenha sido uma grande participação em um filme menor o estilo pareceu combinar muito bem com o jeito elegante de Peter O'Toole. Em "Sangue Sobre a Neve" (que já comentamos aqui em nosso blog) o ator novamente chamaria a atenção embora seu personagem fosse um mero coadjuvante para o esquimó interpretado por Anthony Quinn. Nos dois anos seguintes a carreira passou por um impasse. Embora reconhecido como um bom ator as coisas pareciam meio paradas para ele, tanto que retornou para a TV onde apareceu na série "Rendezvous".

A sorte só mudaria definitivamente quando o diretor David Lean o escolheu para ser T.E. Lawrence no grande clássico "Lawrence da Arábia". O papel seria de Marlon Brando mas ele desistiu ao descobrir que as filmagens no deserto seriam longas e exaustivas. Peter O'Toole até aquele momento não era um astro mas o diretor Lean confiou que ele faria um grande trabalho. Acertou em cheio. Essa foi a interpretação da vida do ator que, com o sucesso espetacular do filme, virou um astro de primeira grandeza praticamente da noite para o dia. Sua formação de ator clássico caiu como uma luva para seu personagem nesse que foi um dos mais marcantes épicos da história de Hollywood.

Após "Lawrence da Arábia" as portas do cinema americano e mundial se abriram para Peter O'Toole e ele acertou novamente no filme seguinte ao atuar de forma majestosa em "Becket, O Favorito do Rei". No lançamento do filme explicou que estava se sentindo um pouco pressionado pois depois do grande sucesso do épico de David Lean todos estavam ansiosos pela sua próxima atuação. Assim Peter decidiu ficar por longos dois anos fora das telas. O sucesso de crítica de "Becket" acalmou seus ânimos mas não sua vida privada. O ator tinha um sério problema com a bebida. Não raro passava semanas completamente embriagado. Isso, como ele próprio admitiu em sua autobiografia mais tarde, o prejudicaria muito em sua carreira.

Em 1965 voltaria a brilhar numa boa adaptação para o cinema de uma novela de Joseph Conrad chamada "Lord Jim". O roteiro explorava mais um roteiro histórico onde Peter O'Toole interpretava um nobre inglês na marinha britânica no começo do século XX. A boa fase seguiria pelos anos 60 adentro com mais pelo menos dois ótimos filmes, "A Noite dos Generais" (onde interpretava um oficial nazista psicopata) e "O Leão no Inverno" (onde teve a oportunidade de contracenar com outro grande mito da história do cinema, Katharine Hepburn). Sua interpretação do rei Henrique II nesse último filme é até hoje considerada uma das melhores encarnações do famoso monarca no cinema.

Nos anos 70 como ele próprio admitiu seus problemas etílicos lhe prejudicaram. As bebedeiras sem fim afastaram os grandes estúdios que tinham receios de o escalar para grandes e milionárias produções. Peter O'Toole começou a sentir que estava sendo deixado de lado. Mesmo assim ainda realizou bons filmes e alguns até marcantes. "O Homem de la Mancha", "Setembro Negro" e o polêmico "Calígula" onde interpretava o pedófilo imperador Tiberius marcaram época. Na década de 80 tentou enveredar por outros estilos como na comédia "Um Cara Muito Baratinado" ou na fracassada ficção "Supergirl". Nada que abalasse seu prestígio porém era fato que sua estrela começava a se apagar lentamente. Embora respeitado como um dos grandes atores do cinema ele sentia dificuldades em encontrar bons personagens em filmes relevantes. Apesar disso nunca ficou realmente preso ao ostracismo, procurando sempre trabalhar, mesmo em filmes muito abaixo de sua dignidade.

Seu último grande filme foi "O Último Imperador", o grande vencedor do Oscar em seu ano de lançamento. Seu papel de Sir Reginald 'R. J.' Johnston demonstrava que apesar de todos os grandes problemas enfrentados ao longo da vida seu talento ainda continuava lá, intacto. Depois de oito indicações ao Oscar, sem ganhar nenhum, a Academia resolveu lhe homenagear lhe dando um Oscar pelo conjunto da obra. Um reconhecimento tardio mais do que merecido. No total foram 94 películas, sendo a última, "Katherine of Alexandria", ainda inédita nos cinemas. Só nos resta em última homenagem conferir sua última atuação. Que o grande ator agora finalmente descanse em paz!

Pablo Aluísio.