segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Crônicas de Marlon Brando - Parte 30

O Poderoso Chefão foi um grande sucesso de público e crítica. É um filme realmente inovador e que marcou o cinema. Quando chegou a época do Oscar, todos já sabiam que havia um favorito na disputa. E como era previsto, o filme levou todas as principais categorias. Entre elas, para surpresa de ninguém, o prêmio de melhor ator para Marlon Brando. Para muitos jornalistas, era a forma de Hollywood se reconciliar com um dos seus maiores nomes da atuação. Todos esperavam que a noite de entrega seria uma grande festa de celebração e reconciliação. Entretanto, se Hollywood queria fazer as pazes com Marlon Brando, ele não estava tão disposto assim a estender a sua mão. 

As coisas começaram a ficar estranhas quando o próprio Marlon Brando decidiu não ir na festa de premiação. Quando seu nome foi lido no palco como vencedor todos ficaram surpresos, pois o ator havia mandado uma jovem nativa ou pelo menos uma atriz vestida de indígena. Na realidade, foi a forma que Brando encontrou de criticar Hollywood pela forma como os nativos americanos eram retratados na tela. Ela levou ao palco um discurso escrito pelo próprio Marlon Brando, mas ficou tão nervosa que não conseguiu ler o seu conteúdo. A reação do público presente foi mista. Alguns aplaudiram e outros ficaram completamente atônitos. 

John Wayne ficou furioso nos bastidores. Ele gritou atrás do palco que aquilo era um absurdo. Afinal, ele era o grande cowboy dos filmes de faroeste, onde índios eram retratados como vilões e morriam em grande quantidade nas cenas de seus filmes. Assim, Wayne ficou particularmente ofendido pelo que Marlon Brando fez naquela noite. De qualquer forma, o Oscar foi entregue para a jovem representante que o recusou. No dia seguinte só se falava isso na imprensa mundial. Só que Marlon Brando se recusou a dar qualquer entrevista. 

Para amigos próximos o velho rebelde dizia que Hollywood era uma pocilga de hipocrisia. Disse que os produtores eram idiotas e que havia muitas prostitutas no meio. Hollywood era o pior tipo de lugar para se estar. Para falar a verdade, Brando não gostava nem ao menos de ficar em sua casa em Los Angeles. Ele preferia ir para os mares do sul, para sua ilha particular. E no meio do furacão da imprensa da recusa de seu Oscar, ele decidiu finalmente pegar um avião e ir embora para a Polinésia. Deixou o circo pegando fogo e foi embora. O seu desprezo por Hollywood não tinha acabado, pelo contrário, só tinha aumentado.

Pablo Aluísio.

3 comentários:

  1. Cinema Clássico
    Crônicas de Marlon Brando - Parte 30
    Pablo Aluísio.

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  2. O Marlon Brando tinha asco de ser bajulado por Hollywood e o Elvis, ao contrário, só queria ser aceito e, por isso, se sujeitou ao mercantilismo ao qual Hollywood lhe impingiu. O engraçado é que os dois sofreram por isso, só que de forma diferente.

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  3. Para Elvis, o importante era ser aceito por Hollywood. Para Brando re a história era outra. Ator de teatro, eles sabia que poderia viver apenas trabalhando em peças de Nova Iorque.

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