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quinta-feira, 9 de maio de 2024

A Grande Entrevista

Título no Brasil: A Grande Entrevista 
Título Original: Scoop
Ano de Lançamento: 2024
País: Reino Unido
Estúdio: Netflix
Direção: Philip Martin
Roteiro: Samantha McAlister, Peter Moffat
Elenco: Gillian Anderson, Rufus Sewell, Billie Piper

Sinopse:
No meio de uma onda de grande polêmica e escândalo, a imprensa britânica descobre o envolvimento do príncipe Andrew com um milionário americano chamado Jeffrey Epstein. Ele estaria envolvido com uma grande rede de pedofilia, onde mulheres jovens e vulneráveis eram exploradas sexualmente por figurões endinheirados. Tentando contornar toda essa situação negativa, o príncipe decide então dar uma entrevista para a BBC, algo que vai se revelar futuramente uma péssima ideia. 

Comentários:
Eu acredito que a monarquia inglesa nunca se viu envolvida em tantos escândalos como nessas duas últimas gerações. A Rainha Elizabeth II sempre manteve uma postura irretocável nesse campo moral, mas seus filhos foram desastrosos nesse aspecto. O príncipe Andrew até era poupado desse tipo de sensacionalismo sexual, mas quando a imprensa descobriu seus supostos segredos a coisa toda saiu do controle. Ele esteve supostamente envolvido em um grande escândalo de exploração sexual de menores, algo que levou inclusive o milionário americano chamado Jeffrey Epstein à prisão. Esse sujeito acabou sendo condenado a muitos anos de prisão por causa desses crimes. Acabaria inclusive se suicidando em sua cela, numa morte ainda encoberta de mistérios. Agora imagine um filho da Rainha Elizabeth II envolvido nesse tipo de situação... realmente terrível para a monarquia. E pior é que sua entrevista pela BBC tentando se explicar (que é o foco principal nesse filme) se revelou um desastre completo. Depois disso não houve como voltar atrás. Andrew caiu em desgraça completa e praticamente foi banido da família real. Algo que se perdura até os dias de hoje. Assista a esse bom filme e entenda como tudo aconteceu. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de abril de 2021

Meu Pai

O drama "Meu Pai" conta a história de Anthony (Anthony Hopkins), um senhor idoso que tem uma única filha. Ele passa a enfrentar problemas de sua idade, como o esquecimento, o embaralhamento das situações cotidianas, o desconhecimento de pessoas próximas. E para piorar a filha está saturada emocionalmente dessa situação e planeja ir morar em outro país. Seu marido também concorda que é precisa internar o pai de sua esposa em uma instituição adequada, em um asilo ou casa de repouso pois a carga emocional de se lidar com uma pessoa idosa nessas condições é algo muito pesado em seu ponto de vista.

Filme maravilhoso! O roteiro procura colocar o espectador sob o ponto de vista de uma pessoa idosa que está sofrendo dos efeitos do envelhecimento sobre a mente humana. Assim as coisas começam a ficar confusas. O portador desse tipo de enfermidade não consegue mais se lembrar das coisas, confunde as pessoas, até mesmo as que vivem ao seu lado, perde a noção de espaço e tempo. Não consegue nem mesmo se lembrar das cuidadoras que vão passando por sua vida. Foi um dos roteiros mais primorosos que vi nos últimos tempos. Simplesmente genial.

Além disso o filme conta com um trabalho de atuação de Anthony Hopkins que merece todos os nossos aplausos. Vou colocar a questão nos seguintes termos: se ele não vencer o Oscar de melhor ator nesse ano será uma das maiores injustiças da história da Academia. Anthony Hopkins passeia com sublime interpretação nas diversas fases pelas quais pessoas idosas em sua idade vivenciam. Ora tenta se mostrar firme e ciente de si, ora percebe que está perdendo o controle, sem saber direito o que se passa ao seu redor. No final expõe toda a sua fragilidade emocional ao se lembrar de sua mãe, falecida há décadas. Um filme que realmente emociona. Muito humano e bem realizado é certamente um dos grandes filmes desse ano. Merece todos os elogios.

Meu Pai (The Father, Inglaterra, França, 2020) Estúdio: Trademark Films / Direção: Florian Zeller / Roteiro: Christopher Hampton, Florian Zeller / Elenco: Anthony Hopkins, Olivia Colman, Imogen Poots, Rufus Sewell, Mark Gatiss, Olivia Williams / Sinopse: O filme mostra a vida de uma filha que precisa lidar com o pai que está sofrendo sérios sintomas de demência causada por sua idade avançada. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor ator (Anthony Hopkins), melhor roteiro adaptado, melhor atrix coadjuvante (Olivia Colman), melhor edição (Yorgos Lamprinos) e melhor design de produção (Peter Francis, Cathy Featherstone).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Victoria - Primeira temporada

A TV britânica traz todos os anos novas séries, todas caracterizadas por desfilar uma elegância e sofisticação que não se encontra nas séries americanas. Esse canal ITV é um dos melhores, realçando ainda mais esse tipo de característica. Depois do grande sucesso de "Downton Abbey" temos mais uma série produzida na mesma linha, só que ao invés de mostrar uma família aristocrática aqui o destaque vai para a história de uma das grandes rainhas da Inglaterra, Victoria. Ela deu nome a todo um período da história britânica (que passou a ser conhecida como Era Vitoriana), mas na série o que vemos é uma jovem de 18 anos, muito inexperiente, que se vê de repente na linha de sucessão do trono inglês.

Após a morte de seu tio ("O Rei está morto, viva o Rei!") a jovem Alexandrina assume a coroa. Ela assume o nome dinástico Victoria e começa seu reinado. No começa sua inexperiência e pouca idade começam a atrapalhar, como era previsível. Pequenas intrigas palacianas, principalmente uma fofoca envolvendo seu padrasto, acabam minando de certa maneira a sua popularidade entre os súditos. Os próprios nobres não estão muito convencidos que aquela jovenzinha pode um dia se tornar uma grande rainha. A monarquia entra assim em um momento delicado de sua história.

A rainha é interpretada pela atriz Jenna Coleman, nascida em Blackpool. No começo das filmagens os produtores até mesmo cogitaram escalar uma americana para o papel, mas seria demais para a cabeça dos ingleses ver uma ianque interpretando uma das mais queridas monarcas de sua história. Sabiamente voltaram atrás e escolheram uma atriz carismática, de nacionalidade certa, para dar vida à Victoria. Bonita, até parecida fisicamente com a rainha em seus anos de juventude, gostei muito de seu trabalho de atuação. Quem rouba as atenções porém no quesito atuação é o ator Rufus Sewell. Ele interpreta o primeiro ministro, Lord Melbourne, um político experiente, mais velho, que acaba se tornando o braço direito da jovem rainha (ela inclusive chega a nutrir uma paixão disfarçada por ele!). Enfim, desde o primeiro episódio já percebemos que essa série é realmente acima da média, para acompanhar com a devida atenção.

Victoria (Inglaterra, 2016) Direção: Oliver Blackburn, Sandra Goldbacher, Lisa James Larsson / Roteiro: Daisy Goodwin, A.N. Wilson, Guy Andrews / Elenco: Jenna Coleman, Rufus Sewell, Daniela Holtz, Adrian Schiller / Sinopse: O filme mostra os primeiros anos de reinado da Rainha Victoria (Coleman). Após a morte de seu tio, o Rei, ela se torna a nova Rainha da Inglaterra, com apenas 18 anos de idade. No começo nem seus próprios súditos, nobres em geral, conseguem confiar em seu sucesso como a nova monarca, mas aos poucos Victoria vai demonstrando seu valor no trono do império britânico.

Episódios Comentados:

Victoria 1.02 - Ladies in Waiting
Segundo episódio dessa ótima série que conta a história da Rainha Victoria da Inglaterra. Aqui temos uma aula de como funcionava o sistema de monarquia constitucional do Reino Unido. O primeiro ministro Lord Melbourne (Rufus Sewell) perde o apoio do parlamento. Com isso deve ser substituído por um novo gabinete, um novo governo. O problema é que a jovem rainha tem em Lord M um verdadeiro amigo. Ela ainda é muito inexperiente (com apenas 18 anos de idade) para compreender bem como o jogo político funciona. Isso acaba criando um impasse, onde a rainha não parece muito disposta a ceder às decisões do parlamento. Um fato curioso é que assim como acontece na série "Downton Abbey", os roteiros procuram explorar a vida dos personagens da alta nobreza e também dos empregados do palácio. Curiosamente descobrimos aqui que o Palácio real tinha um sério problema com ratos, o que colocava a própria monarca numa situação de perigo. Seus gritos quando vê um rato acaba sendo usado por conspiradores para tentar derrubá-la, uma vez que tentam ligar o comportamento exagerado de Victoria com seu avô, que morreu louco! Puro jogo sujo de bastidores. Enfim, mais um ótimo episódio. A série foi confirmada recentemente para uma segunda temporada na Inglaterra e esse é uma excelente notícia, uma vez que o programa é realmente dos melhores. Além disso o longo reinado dessa rainha renderia facilmente várias temporadas. / Victoria 1.02 - Ladies in Waiting (Inglaterra, 2016) Direção: Tom Vaughan / Roteiro: Daisy Goodwin / Elenco: Jenna Coleman, Rufus Sewell, Peter Firth, Peter Bowles.

Victoria 1.03 - Brocket Hall
Domingo é um bom momento para colocar as séries em dia (ou pelo menos tentar isso!). Assisti ao terceiro episódio da primeira temporada de Victoria chamado "Brocket Hall". A jovem rainha (que subiu ao trono com apenas 18 anos de idade) segue sendo apaixonada por seu primeiro ministro, um homem bem mais velho e divorciado. Um escândalo na corte. O coração porém tem suas próprias razões e ela se declara ao Lord M, só para ser elegantemente rejeitada! Poucas vezes vi um "fora" tão elegante como aquele, com muita sutileza e metáforas ao mundo natural. Ter classe é para poucos mesmo! Outro bom momento desse episódio ocorre quando a Rainha Victoria precisa enfrentar sua primeira rebelião. Um grupo autodenominado cartista exige direitos, inclusive o direito ao voto. Nos tempos de Elizabeth I todos seriam presos, decapitados e esquartejados, mas a nova monarca acredita que isso é brutal demais e nada civilizado. Assim os deportam para a distante Austrália onde possam cumprir suas penas. Essa série segue sendo uma das melhores coisas da TV britânica, Impossível não se encantar também com o carisma da atriz Jenna Coleman. / Victoria 1.03 - Brocket Hall (Inglaterra, 2016) Direção: Tom Vaughan / Roteiro: Daisy Goodwin / Elenco: Jenna Coleman, Rufus Sewell, Peter Firth, Peter Bowles.

Victoria 1.04 - The Clockwork Prince
Nesse fim de semana assisti a mais dois episódios da série "Victoria" do canal ITV. Os dois episódios mostram a aproximação da Rainha com seu primo, o Príncipe Albert, e a consumação desse relacionamento. Em "The Clockwork Prince" Victoria ainda está muito fixada na ideia de ter um caso com seu primeiro ministro, que ela ama em segredo. Ele porém era bem mais velho do que ela, divorciado, quarentão. Um consorte nada apropriado. Assim, como era de praxe, ela acabou sendo levada a um casamento de conveniência, mais de acordo com as regras da nobreza.  No começo ela não gosta muito de Albert. Ele é um pouco rude, meio afetado, nada simpático. Victoria chega mesmo a dizer que eles jamais dariam certo. Incompatíveis... O mais estranho é que aos pouquinhos ela vai se chegando, criando uma certa simpatia por ele. Além disso o seu amado Lord M a rejeita, por várias razões. Então só sobra mesmo partir para outra. Já que Albert estava por perto não seria má ideia tentar algo. Quem sabe daria certo... / Victoria 1.04 - The Clockwork Prince (Inglaterra, 2017) Direção: Sandra Goldbacher / Roteiro: Daisy Goodwin / Elenco: Jenna Coleman, Tom Hughes, David Oakes / Estúdio: Mammoth Screen, Independent Television (ITV)

Victoria 1.05 - An Ordinary Woman
O quinto episódio chamado "An Ordinary Woman" já mostra o casamento real. Os preparativos, a recepção, a cerimônia... É interessante que ficamos sabendo que o príncipe Albert acabou criando caso, já que ele queria que ficasse acertado sobre uma "mesada" que receberia da coroa. Além disso exigia um título de nobreza adequado para ele. Só que surgem outros problemas também no parlamento. Alguns membros desse poder passam a questionar a nacionalidade alemã do príncipe! Afinal a rainha da Inglaterra ter um marido alemão poderia trazer problemas futuros, inclusive diplomáticos. Pior é que não se sabe se Albert seria anglicano, como exigia a lei. Alguns parlamentares chegam inclusive a considerar a hipótese dele ser um católico! Pois é, um casamento real naqueles tempos não era apenas uma questão de amor e paixão. Havia muita política, religião e tradição envolvidos. É de se admirar que no meio de tanta coisa ainda houvesse espaço para a paixão, pura e simples. / Victoria 1.05 - An Ordinary Woman (Inglaterra, 2017) Direção: Sandra Goldbacher / Roteiro: Daisy Goodwin / Elenco: Jenna Coleman, Tom Hughes, David Oakes / Estúdio: Mammoth Screen, Independent Television (ITV).

Victoria 2.02 - The Green-Eyed Monster
Mais um excelente episódio da série inglesa "Victoria" que conta a história da rainha que marcou toda uma era dentro do império britânico. Aqui encontramos a monarca com problemas bem comuns a qualquer casamento, mesmo entre os plebeus do reino. Procurando por um lugar na corte, o príncipe consorte Albert (Tom Hughes) acaba se envolvendo ainda mais com determinadas organizações reais, entre elas o instituto de estatística de Londres que acaba desenvolvendo uma espécie de máquina de fazer cálculos complexos (um antepassado do moderno computador que conhecemos hoje em dia). Sentindo-se deixada de lado a rainha começa a ter ciúmes disso (o tal monstro de olhos verdes que dá nome ao episódio). Numa cena muito curiosa a rainha Victoria (Jenna Coleman) acaba confundindo o número pi com a palavra pie (torta, em inglês). A cena ficou muito divertida, porém obviamente será apreciada mais por quem domina os nuances da língua inglesa. Outro fato marcante desse episódio é a volta do Lord Melbourne à corte. A série desde o começo investiu nesse amor platônica da monarca em relação ao seu primeiro ministro, mas esse é um fato histórico em aberto. Ainda não há como comprovar que ela realmente o tenha amado. A filha de Victoria editou seus diários após seu falecimento, fazendo com que seus sentimentos escritos fossem apagados da história. Uma enorme pena, sem dúvida! / Victoria 2.02 - The Green-Eyed Monster (Inglaterra, 2017) Direção: Lisa James Larsson / Roteiro: Daisy Goodwin, A.N. Wilson / Elenco: Jenna Coleman, Tom Hughes, Andrew Bicknell.

Victoria 2.09 - Comfort and Joy
Esse é o último episódio da segunda temporada. É um especial de natal com uma hora e meia de duração. Obviamente para aproveitar os festejos natalinos o enredo mostra o primeiro natal de Victoria e Albert em que o princípe alemão resolveu trazer o estilo tradicional da festa de sua terra natal para a Inglaterra. Esse é um detalhe histórico real e importante. De fato foi mesmo o casal real que tornou popular o natal tal como conhecemos hoje, com árvores de natal, presentes, etc. Essa forma de celebrar o Natal era completamente desconhecida pelos ingleses, embora já fosse tradicional nos ducados germânicos. Antes de Victoria e Albert o Natal era uma festa tradicionalmente religiosa, celebrada nas igrejas. Essa cultura natalina hoje tão disseminada deve-se mesmo a esse casal imperial, inclusive no episódio vemos a consternação dos empregados e demais membros da família real com os "devaneios" de Albert - imagine colocar uma árvore dentro de casa! Jenna Coleman continua uma gracinha e um dos principais motivos para acompanhar a série. Carismática e boa atriz ela realiza, com sucesso, essa repaginação de uma das monarcas mais marcantes da história britânica. / Victoria 2.09 - Comfort and Joy (EUA, 2017) Estúdio: Mammoth Screen / Direção: Jim Loach / Roteiro: Daisy Goodwin, A.N. Wilson / Elenco: Jenna Coleman, Tom Hughes, Zaris-Angel Hator, Derek Ezenagu, Leon Stewart, Catherine Steadman.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Abraham Lincoln Caçador de Vampiros

A primeira impressão que tive ao tomar conhecimento da existência desse filme foi de hilaridade. Afinal a idéia era nitidamente absurda e nonsense, unir uma figura histórica como Abraham Lincoln com a mitologia dos vampiros. De fato poucas coisas soam tão bizarras como essa. Imediatamente me lembrei também de um antigo filme trash que tinha a mesma base de argumento chamado "Jesus Cristo Caçador de Vampiros". Como se pode ver a idéia não era tão original assim. Obviamente para evitar problemas religiosos se trocou Jesus por Lincoln e mudou-se a tônica do filme. Se o anterior era um lixo completo, um filme classe Z sem nenhuma importância, que se apoiava apenas no humor da situação absurda, essa é uma produção classe A, com o melhor que o cinema americano pode oferecer em termos técnicos. São dois filmes que partem do mesmo tipo de idéia sem sentido mas que são diametralmente opostos em seus resultados. "Abraham Lincoln Caçador de Vampiros" se leva muito à sério também. Não há lugar para piadinhas e nonsense, pelo contrário, o espectador é levado para um universo de realismo fantástico onde todos os personagens se levam completamente à sério, sem qualquer ironia ou humor presentes. Essa tônica de seriedade acaba contribuindo muito para seu resultado final que temos que reconhecer é muito bom, desde que você tenha consciência que esse é um produto pop para ser consumido como puro e simples entretenimento.

Como a moda dos vampiros não parece passar agora a mesclaram com a biografia de um dos mais queridos presidentes americanos da história, Abraham Lincoln (1809 - 1865). Ele se tornou um dos mais amados líderes daquele país porque conseguiu manter a União intacta. Foi durante seu governo que explodiu a guerra civil americana onde estados do sul lutaram para se separar da federação. Também é muito lembrado por ter sido o presidente que libertou os escravos de forma definitiva. Esse é o Lincoln da história, um  homem de origens humildes, filho de pobres trabalhadores rurais analfabetos, que persistiu e lutou em sua vida para aprender a ler e estudar, se tornado depois advogado e político bem sucedido. Já no filme o que temos é o uso de passagens da biografia de Lincoln misturadas com a mitologia vampiresca. A morte de sua mãe e de seu pequeno filho quando era presidente, são fatos históricos, mas no roteiro são atribuídas ao ataque de vampiros. Sua habilidade com machados, fruto de seu passado camponês, também é um fato histórico, mas aqui é usado para atacar seres da noite. O espectador deve se deixar levar pela diversão pura e simples e nesse aspecto o filme se torna muito interessante. Há ótimas cenas de aventura e ação como a perseguição no meio de  uma manada de cavalos em disparada ou a luta em cima de um trem de carga em movimento. O filme tem o dedo de Tim Burton na produção e isso se nota bem durante seu desenvolvimento. No final das contas é uma película divertida, movimentada e bem produzida. Embora o roteiro se leve bem à sério o espectador não deve levar o filme com seriedade, pelo contrário, tudo deve ser encarado como um grande filme pipoca. Agindo assim certamente você vai se divertir.

Abraham Lincoln Caçador de Vampiros (Abraham Lincoln: Vampire Hunter, Estados Unidos, 2012) Direção: Timur Bekmambetov / Roteiro: Seth Grahame-Smith, Simon Kinberg / Elenco: Dominic Cooper, Mary Elizabeth Winstead, Alan Tudyk, Rufus Sewell, Benjamin Walker, Anthony Mackie, Jimmi Simpson, Laura Cayouette, Robin McLeavy, Jaqueline Fleming, Erin Wasson / Sinopse: Após ver sua mãe ser morta por vampiros o jovem Abraham Lincoln decide se tornar um verdadeiro caçador de vampiros. Enquanto estuda para se tornar um advogado ele vai enfrentando os seres da noite em combate épicos. Sua vontade é encontrar e matar de uma vez por todas os responsáveis pela morte de sua querida mãe.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Coração de Cavaleiro

O tempo é interessante. Eu me recordo que quando "Coração de Cavaleiro" chegou aos cinemas brasileiros em 2001 muitos críticos arrasaram com o filme e um de seus alvos principais de chacotas foi o fato do filme ser estrelado por Heath Ledger. Os jornalistas fizeram piada com a tentativa do estúdio em lançar Ledger para o estrelato. O ator foi satirizado de várias formas, tachado de inepto, pouco talentoso e medíocre. O tempo passou, Ledger fez grandes filmes após esse e com Batman se consagrou definitivamente com um grande ator. Curiosamente muitos que o desqualificaram impiedosamente em "Coração de Cavaleiro" se viram depois elogiando sua atuação como Coringa na famosa produção. A nota de lamento vem pelo fato de Ledger ter partido muito cedo, justamente no momento em que despontava para o auge de sua carreira. Diante de uma morte tão prematura (e sem explicação para muitos até hoje) sobrou como seu legado apenas sua filmografia que analisada friamente mostra sua grande versatilidade pois ele participou de filmes bem diversos, de quase todos os gêneros.

Esse "Coração de Cavaleiro" foi um deles. Realmente se tratou de uma tentativa de transformar o ator em ídolo juvenil. O filme foi concebido para tentar levar ao público mais jovem o charme das antigas produções épicas de Hollywood, mais especificamente àquelas passadas na Idade Média. A trama é simples:
William Thatcher (Heath Ledger) é filho de um camponês que sonha um dia se tornar cavaleiro. Como se sabe na Idade Média a sociedade era rigidamente hierarquizada, onde se tornava quase impossível subir na escala social. Quem era de filho de camponeses geralmente morria camponês. Apenas nobres de alta estirpe viravam cavaleiros. O filme gira em torno desse sonho do rapaz mas não se preocupe, a produção não se leva tanto à sério assim. Tudo é levado em tom mais leve, soft, sem grandes pretensões. Chegam ao ponto de usar uma trilha sonora moderna (com músicas do Queen) em uma produção de época! No fundo isso nem importa muito. De fato "Coração de Cavaleiro" tem que ser assistido apenas como entretenimento ligeiro, fugaz. Ledger parece se divertir com o filme então o espectador deve seguir pelo mesmo caminho. Não é marcante, mas até que como produto pop tem seus méritos e para os fãs do ator se torna obrigatório.

Coração de Cavaleiro (A Knight's Tale, Estados Unidos, 2001) Direção: Brian Helgeland / Roteiro: Brian Helgeland / Elenco: Heath Ledger, Mark Addy, Rufus Sewell, Shannyn Sossamon, Paul Bettany, Laura Fraser, Alan Tudyk / Sinopse: William Thatcher (Heath Ledger) é filho de um camponês que sonha um dia se tornar cavaleiro. Para realizar seus sonhos acaba se envolvendo em muitas aventuras ao lado de seus amigos.
 

Pablo Aluísio.