Tom Cruise é um sobrevivente em Hollywood. Em um meio onde carreiras surgem e desaparecem da noite para o dia o ator tem conseguido se manter entre os mais populares há pelo menos 25 anos. Cruise surgiu para o estrelado em filmes blockbusters como "Top Gun", "Dias de Trovão" e "Cocktail" mas logo procurou se desenvolver como bom ator em produções como "Nascido em 4 de Julho" e "Rain Man". Depois de sair de seu estúdio de longa data, a Paramount, Cruise vem trilhando um caminho interessante tentando alternar produções melhores com filmes pipocas como o recente "Missão Impossível 4". Aqui vai uma amostra de alguns títulos estrelados pelo ator.
Negócio Arriscado
O primeiro filme de repercussão de um jovem e novato ator de nome Tom Cruise. Ele interpreta um garotão de Chicago que aproveita a viagem de seus pais para chamar uma Call Girl em sua casa, agora vazia e totalmente à sua disposição. O que começa como uma pequena travessura de adolescente logo perde o rumo pois a garota acaba levando algumas outras colegas de profissão para atenderem seus próprios clientes na casa do rapaz. "Negócio Arriscado" é uma típica produção em formato de comédia adolescente dos anos 80. Não é tão forte ou apimentada como "Porkys" ou "O Último Americano Virgem" e nem tão pueril como outras comédias ao estilo John Hughes. Tom até se esforça mas o fato é que ele não era exatamente um comediante de mão cheia. Como bem provado em seus filmes que viriam Cruise se daria melhor mesmo em dramas ou blockbusters mais focados em sua imagem de galã. De qualquer forma "Negócio Arriscado" fez muito sucesso (rendeu dez vezes o seu custo em bilheteria) e colocou o nome do jovem em evidência perante os produtores.
Vidas Sem Rumo
A primeira boa produção da carreira de Tom Cruise. Aqui ele é dirigido pelo grande cineasta Francis Ford Coppola. O roteiro foi baseado no livro de grande sucesso da escritora Susan E. Hinton. Talentosa, conseguiu captar a essência da alma juvenil daqueles anos. Em um elenco numeroso de jovens estrelas em ascensão (Ralph Machio, Matt Dillon, Rob Lowe, Patrick Swayze, Emilio Estevez, C Thomas Howell) Tom Cruise tenta se destacar. Em vão, seu personagem não é exatamente marcante e nem ele consegue chamar muito atenção para si. Aqui Cruise aprenderia uma lição importante: a de que para chamar a atenção ele deveria estrelar suas próprias produções sem dividir o estrelado com mais ninguém. De qualquer maneira sua participação não foi totalmente sem importância, pois o fato de ter trabalhado com o grande Coppola contou muito para seu curriculum como jovem ator.
A Lenda
Tom Cruise resolve finalmente assumir seu lado galã de vez. E nada melhor para isso do que interpretar um príncipe dos sonhos em uma fantasia juvenil. Dirigido pelo grande Ridley Scott (de Alien, o Oitavo Passageiro) o filme tentava transportar para as telas uma estória cheia de fadas, duendes, unicórnios e seres mágicos. A produção foi concebida para ser um grande sucesso ao estilo Star Wars. Não deu muito certo. O filme foi criticado por ser excessivo, com direção de arte duvidosa e kitsch. Cruise também não está bem em cena, seu personagem é vazio e destituído de profundidade, raso demais até para um conto de fadas. Com custo milionário "A Lenda" afundou nas bilheterias se tornando um grande fracasso. Não seria dessa vez que Cruise iria despontar para o estrelado, para o time das grandes estrelas.
Top Gun - Ases Indomáveis
Finalmente Tom Cruise encontra o filme que mudaria toda a sua carreira. Grande sucesso de bilheteria o transformou em astro de primeira grandeza! O filme continua muito bom, com ótimas cenas de combates entre caças F14 da marinha americana e um pano de fundo para trazer humanidade aos pilotos. Além disso o filme tem um bom romance envolvendo o personagem Maverick (Tom Cruise) e sua instrutora (a bonita Kelly MgGillis). Vendo hoje, depois de tantos anos, cheguei na conclusão que esse realmente deve ser um dos primeiros "filmes clips" da história do cinema. Essa denominação eu uso porque ele tem muito da linguagem MTV, tudo muito rápido, com edição esperta, trilha sonora de FM e nada de muito profundo ou pesado (mesmo quando seu companheiro de vôo Goose morre nada fica muito dramático). Até hoje eu não entendi porque Top Gun nunca ganhou uma continuação na época. Todo mundo sabe que nos anos 80 todos os grandes sucessos do cinema (Rambo, Caça Fantasmas, De Volta Para o Futuro, A Hora do Espanto, etc) tiveram sequências mas Top Gun não. Complicado entender. De qualquer forma foi melhor assim. Em breve teremos um remake, algo que acho sem sentido uma vez que esse filme pop dos anos 80 só funcionaria bem mesmo naquela década, onde todo mundo usava roupas pra lá de estranhas e penteados esquisitíssimos. Além disso canções como as do grupo Berlim (da famosa canção tema Take Me Breath Away) soam datadas hoje em dia. Vamos esperar pra ver no que dá. Esse original pelo menos ainda continua muito divertido.
A Cor do Dinheiro
Tom Cruise se une ao grande Paul Newman para rodar uma continuação tardia do clássico "Desafio à Corrupção". Cruise certamente deve ter adorado dividir os holofotes com uma lenda viva do cinema americano. Newman, muito generoso, não se importou em contracenar com o jovem galã, sempre se colocando à disposição para dicas e conselhos. O encontro entre o jovem e o antigo astro de Hollywood rendeu excelentes frutos para ambos. Paul Newman depois de longos anos finalmente venceu o Oscar de melhor ator e Cruise recebeu críticas elogiosas por sua atuação ao lado do veterano mito. O filme foi dirigido por Martin Scorsese, um dos grandes nomes da história do cinema americano. No saldo final "A Cor do Dinheiro" foi um marco muito positivo na carreira de todos os envolvidos em sua produção.
Rain Man
Dando continuidade à ótima fase de sua carreira Tom Cruise resolveu abraçar um projeto ousado. O roteiro contava a estória de dois irmãos, sendo um deles autista (interpretado por Dustin Hoffman em atuação soberba). Cruise deixou o estrelismo de lado e resolveu literalmente servir de escada para Hoffman. Muitos atribuem a participação de Tom nesse filme à sua ambição de vencer o tão cobiçado prêmio Oscar. Ele aspirava uma indicação ao prêmio e quem sabe até mesmo uma vitória. Quando lançado Rain Man ganhou imediata simpatia de público e crítica se tornando um enorme êxito. A produção ganhou todos os prêmios importantes em seu ano (Oscar, Globo de Ouro, Bafta, Berlim, César) mas Cruise ficou a ver navios. O grande consagrado foi mesmo seu parceiro em cena, Dustin Hoffman, que ganhou o Oscar de melhor ator por sua brilhante caracterização. Uma premiação mais do que merecida.
Cocktail
Após tantos filmes fortes Cruise resolveu estrelar um filme pipoca por definição. "Cocktail" é uma produção de 1988, feita única e exclusivamente para capitalizar em cima do lado galã do ator Tom Cruise. O filme é bem fraco, enredo bobinho e derivativo. Ele faz um sujeito que volta do serviço militar sem ter idéia do que fazer da vida. Sem emprego e sem perspectivas decide ir para Nova Iorque onde encontra todas as portas fechadas em sua cara pois não tem diploma de curso superior. Sem alternativas acaba se empregando como barman num pub local. Assim o filme se desenvolve, de noite Cruise faz malabarismos detrás do balcão ao lado de seu colega de trabalho (interpretado pelo sumido Bryan Brown) e de dia tenta se formar numa faculdade de administração de empresas. Não é fácil, trabalhando à noite ele geralmente acaba dormindo nas aulas de dia. Mesmo assim tenta seguir em frente atrás do chamado "Sonho Americano" O par romântico de Cruise no filme fica a cargo da bonitinha Elisabeth Shue, cuja carreira não decolou pois abandonou o cinema no auge de sua popularidade para se formar na prestigiosa universidade de Harvard. O diploma parece que não fez muita diferença na vida da moça pois atualmente ela tenta sobreviver fazendo filmes horríveis como Piranha 3D. Tom Cruise fez nos anos 80 alguns filmes bem vazios onde não havia conteúdo - apenas um fiapinho de enredo para ele desfilar suas caras e bocas. Eram produções que mais pareciam videoclips da MTV (essa linguagem estava em alta com a moçada da época)."Cocktail" é um produto assim. Junto com "Dias de Trovão" é o que há de mais banal na carreira do ator. Por isso não espere nada de "Cocktail" pois esse é na realidade apenas um clipão estendido com ares de cartão postal. Bonitinha a produção mas vazia como uma bola de chiclete.
Nascido em 4 de Julho
Cruise se une ao diretor Oliver Stone para estrelar aquele que para muitos é seu melhor filme. O EUA é uma nação que foi forjada na violência e no capitalismo selvagem. Em essência esses são os verdadeiros pilares da América. Nessa engrenagem o complexo industrial militar norte-americano sempre deve ser suprido por guerras e conflitos, façam sentido ou não. A Guerra do Vietnã é um exemplo claro disso. Um aparato militar jamais visto foi deslocado para um pobre país asiático sem importância em uma matança sem sentido. Jovens na flor da idade foram para aquela nação que nunca tinham nem ouvido falar para morrerem em suas selvas. Quem ganhou com o envolvimento dos EUA no Vietnã? Obviamente que não foram esses soldados. Quem lucrou realmente com essa barbaridade foi justamente o complexo militar da nação Ianque. Guerras são caras e alguém sempre lucra com elas, não se engane. Fortunas foram feitas com o sangue alheio. Violência e capitalismo, eis o segredo da existência desse conflito. Violência e capitalismo, eis o DNA da alma norte-americana. Nada mais, nada menos. Nesse ínterim o ser humano se torna peça descartável, sem a menor importância. Uma estatística, um número qualquer na mesa de algum burocrata. O indivíduo perde toda a sua importância. "Nascido em 4 de Julho" dá voz a uma dessas peças sem importância no tabuleiro da guerra capitalista. Em um roteiro excepcional acompanhamos a transformação de um jovem que ousou tentar de alguma forma lutar contra essa situação. O filme é sobre ele, Ron Kovic (Tom Cruise), que se tornou paralítico aos vinte e um anos de idade após levar um tiro durante uma batalha numa praia do Vietnã. Sua vida, seus pensamentos, seus conflitos internos, tudo ecoa na tela com raro brilhantismo. Oliver Stone, ele próprio um veterano da Guerra do Vietnã, já havia revisitado esse conflito no premiado "Platoon". O diferencial de "Nascido em 4 de Julho" para o filme anterior é que nesse acompanhamos os efeitos da guerra, as consequências. O tema já havia sido retratado no cinema antes em "Espíritos Indômitos" com Marlon Brando. O enfoque é sobre os soldados que voltam da guerra mutilados, feridos, estraçalhados emocionalmente. As bandeiras, as medalhas e os uniformes militares diante dessa situação perdem totalmente a relevância. O que fica é um dos efeitos mais cruéis desse tipo de luta armada. Homens jovens, incapazes de viverem em sua plenitude, condenados a uma cadeira de rodas pelo resto de suas vidas e o pior por um evento histórico sem qualquer sentido ou justificativa. Stone foi muito feliz nessa direção que na minha opinião foi a melhor de sua carreira. O enredo socialmente relevante faz pensar, desperta consciências. Filmes devem existir não apenas para entreter mas também para conscientizar. Nesse aspecto "Nascido em 4 de Julho" é uma obra prima do cinema americano.
Dias de Trovão
"Dias de Trovão" é um blockbuster colorido, muito colorido. Os carros, os macacões, os capacetes, tudo foi pensado e produzido para parecer o mais berrante possível. O filme na realidade foi concebido para repetir o grande sucesso da carreira de Tom Cruise, "Ases Indomáveis". Assim os produtores reuniram praticamente a mesma equipe e resolveram tentar a sorte. Não deu muito certo. O filme acabou rendendo a metade do que era esperado e mostrou que não bastava apenas colocar o astro Cruise em um "Top Gun sobre rodas" para tudo dar certo. Agora o interessante é que o filme me pareceu bem pior quando vi pela primeira vez. Eu me recordo de ter achado tudo muito vazio, com cara de comercial de refrigerante mas hoje ele não me pareceu tão mal. A conclusão que chego é que o nível dos blockbusters piorou tanto ao longo do tempo e eu assisti tanto abacaxi nesse período que ao voltar para ver "Dias de Trovão" esse acabou melhorando após todos esses anos! Para quem gosta do mundo de celebridades e fofoquinhas é interessante saber que o filme acabou aproximando o futuro casal Cruise / Kidman. Ela aliás está linda, com cabelos encaracolados, esbanjando beleza e carisma (embora não tenha muito o que fazer dentro do roteiro). É isso, "Dias de Trovão" é superficial e cheio de clichês, como todo blockbusters afinal, mas tem os cachos da Kidman, então vale a espiada!
Um Sonho Distante
Após conhecer Nicole Kidman no set de Dias de Trovão e se apaixonar por ela, Cruise retorna à parceria nessa super produção com ares de filmes antigos. A pretensão do ator era realmente estrelar um épico ao velho estilo, com muitas cenas edificantes, músicas grandiosas e paisagens de cartão postal. Aqui ele interpreta um imigrante irlandês que vem tentar a sorte na América em 1892. O filme tem linda fotografia, uma direção de arte suntuosa e uma produção de encher os olhos mas não conseguiu cair no gosto do público. Feito para render milhões o filme comercialmente falando ficou bem abaixo das expectativas. De qualquer forma é um bom momento na carreira de Cruise, um filme que foi prejudicado por um marketing equivocado mas que mesmo assim vale a pena como bom entretenimento.
Questão de Honra
Depois do relativo fracasso de "Um Sonho Distante" Cruise resolveu apostar em um projeto certo. Ao lado de Jack Nicholson e Demi Moore estrelou esse "Questão de Honra". Ele interpreta um advogado das forças armadas americanas que tenta provar um crime militar ocorrido dentro de uma base aonde um jovem soldado foi morto por seus colegas de farda. Para tanto ousa convocar para depor um coronel casca grossa (brilhantemente interpretado por Nicholson). Sua frase durante o depoimento: "You can't handle the truth!" ("Você não suportaria a verdade!") foi considerada uma das mais marcantes da história recente do cinema americano. Verdade seja dita: Cruise não é páreo para Nicholson em cena mas mesmo assim tem atuação bem acima da média. O fato positivo porém é que "Questão de Honra" fez sucesso e recebeu várias indicações para as principais premiações, inclusive Oscar e Globo de Ouro.
A Firma
Cruise se une ao escritor de best sellers John Grisham e ao consagrado cineasta Sydney Pollack para levar o livro de sucesso aos cinemas. Interpretando um jovem advogado que se vê envolto numa teia de mentiras e conspirações, Tom Cruise consegue mais um êxito comercial em sua carreira. Embora sucesso o filme tem seus problemas - é frio e distante demais, não conseguindo criar um bom vínculo com o público. Embora Cruise aspirasse a pelo menos uma indicação ao Oscar o filme passou batido, em brancas nuvens pela Academia, não sendo premiado em nada.
Entrevista Com o Vampiro
O primeiro filme de terror da carreira de Tom Cruise. Aqui ele interpreta Lestat, um dos personagens mais disputados em Hollywood na época. Baseado no famoso livro da escritora Anne Rice o filme era considerado êxito certo por causa da popularidade dos livros nos quais era baseado. A produção porém foi conturbada para o ator. Logo no começo ele teve que enfrentar a oposição da própria Anne Rice que o achava totalmente inadequado para o papel. Fato que ela revelou publicamente, colocando em dúvida a capacidade de Cruise em fazer seu famoso personagem vampiro com a sofisticação necessária. Além de ter que lidar com Rice, Cruise ainda encontrou problemas dentro do próprio set. Ele não se deu bem com seu parceiro em cena, Brad Pitt. Ambos começaram a disputar entre si para ver quem roubaria o filme de quem. No final, apesar dos pesares o filme se tornou um grande sucesso e Cruise, para surpresa de todos, recebeu diversos elogios por sua caracterização de Lestat de Lioncourt. Para coroar ainda mais o bom momento a própria Rice acabou dando o braço a torcer e se desculpou (também publicamente) por ter criticado Cruise antes mesmo de ver seu trabalho em cena.
Jerry Maguire
Depois do grande sucesso de Entrevista com o Vampiro, Cruise entrou de cabeça em um projeto diferente. Um drama com ares de romance ambientando no competitivo mundo dos esportes, seus promotores e empresários. Dirigido pelo jovem cineasta Cameron Crowe e co-estrelado pela bonita atriz texana Renée Zellweger o filme acabou surpreendendo pelos bons números de bilheteria e pela ótima receptividade perante a crítica. O roteiro é uma alegoria sobre os sonhos de cada um e o desejo de torná-los realidade. Após seu lançamento o filme foi ganhando cada vez mais prestígio e acabou chegando na noite do Oscar como um dos favoritos. Tom Cruise foi indicado ao Oscar de melhor ator mas quem levou a melhor mesmo foi o coadjuvante Cuba Gooding Jr que levantou o troféu! Cruise continuaria na fila.
Missão Impossível
Desiludido por ter estrelado tantos bons filmes e nunca ter sido considerado pelo Oscar, Tom Cruise resolveu em 1996 desenterrar uma antiga série televisiva de sucesso para voltar aos filmes de verão, aos filmes blockbuster, às produções pipoca. Missão Impossível não é relevante do ponto de vista artístico pois no fundo é apenas mais um filme de ação e aventura sem qualquer conteúdo. Excepcionalmente bem produzido caiu logo no gosto popular se tornando mais um grande sucesso na carreira do ator (450 milhões de dólares em caixa) Ao longo dos anos seguintes Cruise iria adquirir todos os direitos relativos à produção e inauguraria sua própria franquia de sucesso, dando origem a três outras continuações.
Magnólia
Um filme estranho com proposta independente. Cruise só entrou no projeto por causa de sua amizade pessoal com Paul Thomas Anderson, o diretor. O filme viu seu orçamento inflar após Cruise divulgar sua participação. Seu personagem é meramente secundário, embora a performance do ator seja realmente digna de elogios. Seu lado showman desponta com destaque. A bilheteria não foi boa mas mesmo assim Cruise conseguiu uma nova indicação ao Oscar, só que na categoria Melhor Ator Coadjuvante. Infelizmente novamente não conseguiu ser premiado.
De Olhos Bem Fechados
O último filme do mito Stanley Kubrick. Ao que tudo indica Cruise não deixaria passar a oportunidade de estrelar um filme dirigido pelo famoso cineasta, mesmo que o roteiro e o argumento não fossem grande coisa. Ao lado da esposa (na terceira e última atuação juntos no cinema) Cruise se despiu de vaidades, aceitando protagonizar ousadas cenas de sexo e sensualidade. Após uma conturbada filmagem o filme foi lançado com reações adversas. Muitos não gostaram do resultado final e consideram a pior obra da filmografia do gênio Kubrick. Uma coisa porém é certa, mesmo não sendo unanimidade o filme segue como um dos mais marcantes da filmografia de Tom Cruise.
Vanilla Sky
Refilmagem do filme espanhol Abra Los Ojos de Alejandro Amenabar. O roteiro intrigante mostrava um personagem que após um acidente de carro ficava com o rosto deformado. Cruise assim passa quase o tempo todo em cena com uma estranha máscara. O enredo diferente não agradou muito aos fãs do ator que mesmo prestigiando a produção nas bilheterias não conseguiram gostar do resultado final. Nos bastidores Cruise se envolveu com a atriz Penelope Cruz após romper com sua esposa Nicole Kidman. Embora o filme não tenha tido a recepção que se esperava contou com um bônus mais do que especial: uma canção original de Paul McCartney composta exclusivamente para a produção. A música inclusive chegou a concorrer ao Oscar.
Minority Report
A primeira parceria entre Cruise e o diretor Steven Spielberg. Baseado no conto do famoso escritor Phillip K. Dick (o mesmo de Blade Runner), Cruise aqui interpreta um policial em um mundo futurista aonde se consegue prever os crimes antes que eles sejam cometidos. O roteiro era intrigante mas o filme funcionou bem apenas em parte. Com uso excessivo de efeitos digitais de última geração (quem se lembra das aranhas digitais?) a produção não conseguiu agradar á crítica que a achou abaixo das expectativas que se esperava da reunião de Tom Cruise em um filme dirigido por Steven Spielberg. O filme teve uma produção extremamente cara (mais de 100 milhões de dólares) mas mesmo assim não conseguiu marcar a filmografia do ator como outros de seus filmes.
O Último Samurai
Mais uma produção com ares de épico da carreira de Cruise. Aqui ele vai até o Japão para aprender a arte milenar dos samurais (famosos guerreiros nipônicos). A produção é de primeira linha, com ótima fotografia e direção de arte. O ator há muito é considerado um dos mais populares no Japão e o filme de certa forma aproveitou disso para faturar em cima de sua popularidade. O resultado comercial foi mais do que bem sucedido com 450 milhões de dólares em bilheteria.
Colateral
Na época de seu lançamento o filme foi vendido como o primeiro em que o astro Tom Cruise interpretaria um vilão. Para ajudar na caracterização ele surge em cena com um estranho corte de cabelo grisalho. Na trama Tom Cruise interpreta o assassino de aluguel Vincent que inferniza a vida de um simples motorista de taxi (interpretado por Jamie Foxx) ao sair com ele pelas ruas de Los Angeles cumprindo alguns "serviços". O filme dirigido pelo veterano Michael Mann tem seus momentos mas falha em cumprir tudo o que promete. Cruise definitivamente não se encaixa muito bem no perfil de seu personagem sádico. O público porém prestigiou e embora sua bilheteria tenha sido menos da metade de "O Último Samurai" o filme acabou sendo considerado um sucesso. De quebra ainda deu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante a Jamie Foxx. Cruise novamente ficou a ver navios.
Guerra dos Mundos
Refilmagem do antigo clássico da ficção. Dirigido por Steven Spielberg o filme era a aposta de Cruise para voltar ao topo das maiores bilheterias. O fato é que remakes que ousam mexer com filmes consagrados do passado sempre correm o risco de se darem mal. A crítica torceu o nariz para a produção mas a união de Spielberg, Cruise e efeitos especiais de última geração se mostraram imbatíveis nas bilheterias. O filme se tornou um grande sucesso, chegando quase aos 600 milhões de dólares em faturamento. Mesmo com todo esse êxito comercial a produção ainda não consegue, mesmo nos dias de hoje, agradar aos especialistas no gênero que a consideram megalomaníaca e desprovida de alma.
Leões e Cordeiros
Após romper definitivamente com a Paramount por causa de atritos ocorridos durante Missão Impossível 3 Cruise se lançou como ator free lancer. Um de seus primeiros projetos nessa nova fase de sua carreira foi esse bom drama dirigido por Robert Redford. O filme segue o estilo mosaico, várias estórias paralelas são contadas para no final se revelar as conexões que as unem. No filme Tom Cruise interpreta um astuto político em Washington. Ao lado de Meryl Streep e Robert Redford o ator fica um pouco ofuscado mas consegue disponibilizar uma boa atuação. O filme foi lançado discretamente e foi mais comentado apenas entre um público bem mais seleto, intelectualizado.
Operação Valquíria
Após vários anos de carreira Cruise estreia no gênero de filmes de guerra. Aqui ele interpreta um oficial alemão que faz parte de um grande complô durante a II Guerra Mundial para eliminar o ditador Adolf Hitler. Baseado em história real os eventos já tinham sido contados antes em outros filmes. Cruise se sai muito bem no papel do Coronel Claus von Stauffenberg, um herói de guerra que ousou se envolver em um plano dessa envergadura durante um dos períodos mais conturbados da história da nossa civilização. Embora a produção seja modesta (para os padrões Hollywoodianos) o filme conseguiu uma boa carreira rendendo em torno de 200 milhões, demonstrando que o ator ainda era viável mesmo sem um grande estúdio cinematográfico por trás.
Trovão Tropical
Um filme completamente fora do comum dentro da filmografia de Cruise. Nessa comédia que satiriza os filmes de guerra tradicionais ele interpreta um produtor de cinema careca, gordo e barrigudo! Para surpresa geral Cruise mostra um excelente timing de humor em cena, se despindo completamente de sua vaidade pessoal. O personagem é a antítese de sua imagem no cinema criada em todos esses anos. Para um papel totalmente sem pretensão Cruise acabou sendo indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante, uma surpresa e tanto! No saldo final o filme fez boa bilheteria e sua participação foi considerada mais do que positiva em sua carreira.
Encontro Explosivo
Tentativa mal sucedida de unir filmes de espionagem, comédia e ação estrelada por Tom Cruise ao lado novamente de Cameron Diaz (eles já tinha contracenados juntos em Vanillla Sky). O roteiro foi concebido para agradar ao público adolescente que frequenta os cinemas 3D atualmente. O resultado é não menos do que indigesto. Cruise em um papel indigno de sua longa carreira tenta mostrar algum serviço no meio de tiros e piadinhas. O filme rendeu apenas o dobro de seu custo nas bilheterias e isso é considerado um resultado muito morno em Hollywood. O resultado fraco deve afastar Cruise de produções como essa no futuro, para alívio de seus fãs.
Missão Impossível: Protocolo Fantasma
Não é de hoje que acompanho a carreira do ator Tom Cruise, pelo contrário. Desde 1985 quando assisti seu primeiro grande sucesso nos cinemas, "Top Gun - Ases Indomáveis" venho assistindo sempre seus filmes. Cruise é um dos astros de Hollywood que posso afirmar ter visto a filmografia completa, do primeiro ao último filme que ele fez. Apesar disso não me considero fã ou algo assim. Na verdade ele chegou ao estrelado com blockbusters até banais (como "Top Gun", "Dias de Trovão", "Cocktail" etc) mas logo depois começou a surpreender participando de filmes realmente muito bons ("A Cor do Dinheiro", "Rain Man" e principalmente "Nascido em 4 de Julho"). Parecia que fugia do rótulo de galã de filmes vazios. O que seria uma guinada na carreira porém parou repentinamente com essa franquia "Missão Impossível". O sucesso desses filmes levou Cruise de volta para os arrasa quarteirões sem conteúdo. Uma pena. Eu pessoalmente sempre achei esses filmes muito fracos, até porque a própria série televisiva que lhe deu origem nada mais era do que uma cópia das aventuras de James Bond no cinema. Se até os filmes de Bond não são muito adultos imaginem a cópia deles. Claro que quando "Missão Impossível" foi para o cinema deram uma recauchutada completa em sua concepção mas mesmo assim continuou a ser muito tolo e infantil. Há ótima produção, cenas muito bem realizadas, parafernálias tecnológicas de todos os tipos e toda a pirotecnia que você queira. O problema é que também pára por aí. Os filmes MI não possuem tramas mais bem elaboradas que fujam do chiclete, é tudo muito oco, vazio. Esse "Missão Impossível 4" segue a mesma trilha dos anteriores. Novamente há cenas de impacto como Cruise "escalando" um enorme edifício em Dubai ou então sua perseguição no meio de uma tempestade de areia. Tudo muito bem produzido e realizado não há como negar. As bugigangas da tecnologia de última geração também estão lá. Seu personagem também tem que salvar o mundo no último segundo... enfim, nada de novo no front. Esse enredo de espião tentando salvar o planeta de uma guerra nuclear causada por um megalomaníaco é a base de praticamente todos os filmes de James Bond da década de 1960. Se já não era original há 50 anos imagine agora! Qual afinal é a novidade disso? Nenhuma. Curiosamente o público não parece se importar pelo fato do filme ser no fundo mais do mesmo e lotou as salas. De fato MI4 foi o sucesso que Cruise tanto aguardava. Desde que foi despedido da Paramount ele não conseguia um grande sucesso de bilheteria então o êxito do filme veio como tábua de salvação. Bom pra ele já que a idade finalmente está chegando e o antigo galã de sorriso largo está demonstrando sinais na tela de que o tempo realmente chegou para ele. Em conclusão MI4 é isso, uma variação dos filmes de James Bond e praticamente uma cópia dos filmes anteriores da franquia. Se você gosta desse tipo de filme, bon appetit!
Pablo Aluísio.
Filmografia comentada: Tom Cruise
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