terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Rainha do Deserto

Werner Herzog sempre foi um excelente diretor. Nessa produção porém ele se perdeu um pouco, errando a mão ao retratar a história da diplomata inglesa Gertrude Bell (Kidman). Figura essencial na definição das fronteiras dos países que até hoje conhecemos no Oriente Médio, sua vida daria material para um excelente filme. O problema é que Herzog deixou tudo isso em segundo plano, procurando ao invés disso mostrar aspectos da vida pessoal e emocional de Gertrude. Infeliz em sua vida romântica, ele procura por um recomeço nas areias escaldantes do deserto, mas sempre esbarrando em frustrações e desilusões. O roteiro que poderia tirar muito do contexto político de sua atuação na região, deixa esse lado mais do que interessante para enfocar o lado menos importante dessa personagem da história.

O filme porém não é de todo equivocado. As imagens captadas por Herzog são belíssimas, afinal o Marrocos (onde o filme foi rodado) tem uma conhecida beleza natural, ideal para produções históricas que retratam o mundo árabe. Outra boa desculpa para gostar sem culpas desse filme é a presença de Nicole Kidman. Tal como um vinho de rara safra ela parece melhorar com a passagem do tempo, ficando mais bonita a cada ano que passa. Claro que continua também uma excelente atriz, sempre se esforçando em cada cena, tudo para tornar crível seu sofrimento emocional. Sua atuação compensa até mesmo o fato de  termos que aguentar James Franco e Robert Pattinson, dois canastrões sem salvação! Enfim é isso. Entre pontos positivos e negativos, salvam-se mesmo os olhos de Nicole Kidman naquela paisagem desolada (e igualmente bela) do deserto marroquino.

Rainha do Deserto (Queen of the Desert, Estados Unidos, Marrocos, 2015) Direção: Werner Herzog / Roteiro: Werner Herzog / Elenco: Nicole Kidman, James Franco, Robert Pattinson, Damian Lewis, Mark Lewis Jones, Jenny Agutter / Sinopse: Inglaterra, 1906. A britânica Gertrude Bell (Kidman) decide ir embora para o Oriente Médio para trabalhar na embaixada de seu país naquela região desértica. No outro lado do mundo acaba encontrando o amor, as desiluções e a frustração na vida pessoal, além de uma complicada cena política em sua vida profissional. Filme indicado ao Urso de Ouro no Berlin International Film Festival.

Pablo Aluísio.

Caos

Após uma operação policial mal sucedida em que morre uma refém, o detetive Quentin Conners (Jason Statham) é suspenso da corporação. Seu retorno só acontece quando uma quadrilha domina uma agência bancária no centro de Seattle. Liderados pelo misterioso Lorenz (Wesley Snipes), eles exigem a presença de Conners nas negociações. De volta à ativa as coisas novamente não saem muito bem. Para piorar o veterano policial precisa lidar com seu novo parceiro, Shane Dekker (Ryan Phillippe), um novato recém saído da academia de polícia. Ao seu lado ele tentará colocar o bando de Lorenz atrás das grades. Nada é o que aparenta ser nesse bom filme de ação. Esse é aquele tipo de filme que qualquer comentário fora do lugar estragará as várias surpresas do roteiro. Esse por sua vez é muito bem bolado e mantém o espectador o tempo todo em suspense.

Há dois eventos que definirão toda a estória. A primeira acaba sendo o estopim de tudo o que acontecerá em cena. Conners e seu parceiro acabam cometendo um erro numa ponte durante uma forte chuva. Há uma refém e um criminoso apontando a arma em sua direção. Como sair dessa armadilha? Um dos policiais perde o controle e atira. A refém é morta. Depois o sequestrador também é baleado. Os dois detetives são afastados. Um deles é expulso, mas o personagem de Statham consegue ficar no departamento de polícia, ainda que afastado e suspenso por tempo indeterminado. O segundo evento crucial do filme surge quando um banco é assaltado, todos os criminosos são liderados pelo frio e calculista Lorenz (Snipes). Ele parece conhecer muito bem a forma como Conners (Statham) trabalha e por isso o chama para servir como negociador. Mas afinal o que haveria por trás de todo esse suposto crime? O grande mérito desse roteiro inteligente é a reviravolta que acontece nos 10 minutos finais. Talvez você não pegue todas as pistas que vão sendo deixadas pelo caminho. Melhor assim. Uma das grandes graças de se assistir a filmes como esse é justamente se surpreender com o desenrolar dos fatos. Nesse aspecto o diretor Tony Giglio se saiu excepcionalmente bem. E Jason Statham é aquele tipo de ator que sempre vale a pena conferir seus filmes.

Caos (Chaos, Estados Unidos, Inglaterra, 2005) Estúdio: Sony Pictures / Direção: Tony Giglio / Roteiro: Tony Giglio / Elenco: Jason Statham, Ryan Phillippe, Wesley Snipes, Jessica Steen / Sinopse: Policial veterano com parceiro novato precisa lidar com a inexperiência do jovem policial, ao mesmo tempo em que tanta colocar um perigoso criminoso que está solto atrás das grades.
  
Pablo Aluísio.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Lucy

Lucy (Scarlett Johansson) é uma garota normal que acaba ficando no lugar errado, na hora errada. Enganada pelo namorado, ela vira alvo de um grupo de traficantes coreanos que lhe transformam numa mula para levar uma nova droga em seu corpo até Paris. Ao chegar em seu destino acaba sendo agredida por criminosos o que faz com que a droga acabe vazando para dentro de seu organismo, causando efeitos inesperados em sua vida. A partir desse momento Lucy começa a desenvolver estranhos poderes mentais. O filme parte de uma premissa, uma teoria, que já não encontra mais sustentação no mundo da ciência, a de que todos os seres humanos só usam na verdade apenas 10% de sua capacidade cerebral. Ora, se o fundamento do roteiro é uma bobagem imagine o resto. O roteiro tenta misturar ficção new age com cenas de ação e o resultado não é dos melhores. Na verdade os poderes que a personagem Lucy ganha ao atingir praticamente 100% de sua capacidade mental não são empolgantes ou impressionantes.

O curioso é ver que ao chegar no suposto ápice de sua mente, tudo que Lucy faz é matar seus inimigos, correr na contramão de uma grande cidade com um carro em alta velocidade e se empenhar em uma caçada em busca da droga que lhe traz esses estranhos poderes - trocando em miúdos, com toda a inteligência do mundo, tudo o que ela consegue ser no final das contas é uma viciada criminosa. Que belo sinal de inteligência não é mesmo? Talvez o Besson esteja em alguma egotrip lisérgica para escrever algo assim. Os efeitos digitais são na média do que Hollywood vem produzindo e o roteiro é um amontoado de pseudociência de botequim, inclusive com direito a um final ao estilo "2001" mas obviamente sem um quinto da arte cinematográfica do gênio Kubrick. Em suma, você não precisa do uso de mais de 10% de sua capacidade mental para entender que esse filme é uma grande bobagem pretensiosa e nada mais.

Lucy (França, 2014) Estúdio: Canal+, EuropaCorp / Direção: Luc Besson / Roteiro: Luc Besson / Elenco: Scarlett Johansson, Morgan Freeman, Min-sik Choi / Sinopse: Jovem desenvolve estranhos poderes mentais após sofrer um acidente com drogas. Depois disso ela parte para a vingança contra todos aqueles que a prejudicaram no passado.

Pablo Aluísio. 

Uma História Real

Esse filme tem um lado humano muito bonito. É a história de um senhorzinho de 80 anos que descobre que seu irmão está muito doente. Ele quer visitá-lo, mas há dois problemas. O primeiro é que o irmão mora há 500 Km de sua casa. O segundo é que ele não tem carteira de motorista e nem dinheiro para pagar uma passagem de ônibus. Então diante de todos esses problemas o que ele faz? Sobe em seu cortador de grama e segue viagem pelas estradas do meio oeste dos Estados Unidos. A história real (daí o título do filme) despertou a curiosidade do cineasta David Lynch que resolveu fazer esse filme, assumindo não apenas a direção como também bancando a produção, colocando dinheiro de seu próprio bolso para contar a história.

O filme tem uma linda fotografia e conta com a atuação muito preciosa do ator Richard Farnsworth. Por sua atuação aliás ele foi indicado ao Oscar, fato que me levou a assistir ao filme. Aos 79 anos de idade acabou sendo o ator mais velho a concorrer ao prêmio na época. Muito carismático, acabou falecendo um ano depois, em 2000. Bom, além do enredo inusitado o filme vale também pela sempre caprichada direção de Lynch, um cineasta que sempre procurou fugir dos padrões, do convencional. A história do velhinho atravessando os Estados Unidos encaixava bem nesse tipo de proposta de cinema. Um filme bonito, simpático e belo de se ver. Vale bastante a pena.

Uma História Real (The Straight Story, Estados Unidos, 1999) Direção: David Lynch / Roteiro: John Roach, Mary Sweeney / Elenco: Richard Farnsworth, Sissy Spacek, Jane Galloway Heitz / Sinopse: Filme com roteiro baseado em fatos reais. Aos 80 anos de idade Alvin (Richard Farnsworth) decide subir em seu cortador de grama para ir visitar o irmão doente que mora há mais de 500 km de sua casa. No caminho acaba conhecendo pessoas e cidades que jamais sonhara existir. Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator (Richard Farnsworth).

Pablo Aluísio.

domingo, 10 de fevereiro de 2019

A Justiceira

Miss Meadows (Katie Holmes) aparenta ser uma doce e muito delicada professorinha de crianças que nas horas vagas resolve trazer um pouco de ordem e justiça para o seu bairro. Assim, por baixo de sua imagem delicada como um flor, encontra-se uma mulher com mentalidade de menina que não aceita infrações à lei e a ordem por parte de criminosos em geral. Filme estranho com gente esquisita. Katie Holmes dá vida a essa bizarra personagem chamada Miss Meadows. Embora ela seja uma mulher adulta, se veste com roupas de garotinha, fala com voz de criança e tem atitudes de adolescente boba. Ao mesmo tempo é capaz de atos de extrema violência, sacando de sua bolsinha de menina uma arma, passando fogo em meliantes em geral, desde ladrões, passando por pedófilos e assaltantes. Curiosamente não perde sua forma delicada de agir nem nos momentos mais violentos.

A caracterização de Katie Holmes ficou esquisita (o que de certa forma combina com o clima geral da produção). Ela já passou da idade de interpretar um papel assim - seria melhor uma atriz mais jovem - e em certos momentos não consegue passar a ternura necessária para caracterizar adequadamente a personagem Miss Meadows, principalmente nas cenas de dança. Com tachinhas em seus sapatos de boneca, ela sai dançando pelas ruas, lendo poesias pueris ao mesmo tempo em que precisa se defender de predadores sexuais. Se você acha que isso não é estranho o bastante o que podemos dizer de seu namoro com o xerife? A cena de sexo dos dois é uma das coisas mais bizarras que já vi no cinema nos últimos tempos. Embora o enredo se passe no mundo atual ela mais parece ter saído de um filme dos anos 1950, com seu figurino antigo e seu velho carro clássico. Em suma é isso, um filme de complicada definição, adequado apenas a uma específica parcela do público que goste de filmes que fujam completamente do usual, do comum e do ordinário. Um exercício de humor negro com pegada bizonha que fará a cabeça de poucos.

A Justiceira (Miss Meadows, Estados Unidos, 2014) Direção: Karen Leigh Hopkins / Roteiro: Karen Leigh Hopkins / Elenco: Katie Holmes, James Badge Dale, Callan Mulvey / Sinopse: Professora infantil resolve agir como justiceira nas horas vagas, eliminando criminosos e impondo a lei e a ordem com as próprias mãos, usando para isso de todos os métodos mais violentos de que conhece. Filme indicado ao Oldenburg Film Festival na categoria de Melhor Direção.

Pablo Aluísio.

Doce Lar

Melanie Smooter (Reese Witherspoon) fica eufórica quando é pedida em casamento pelo boa pinta e partidão Andrew Hennings (Patrick Dempsey). Só tem um probleminha que ela precisa resolver antes de aceitar o maravilhoso pedido: resolver seu antigo casamento pois ela ainda não conseguiu se divorciar do caipirão Jake Perry (Josh Lucas). Assim ela resolve fazer uma viagem rápida à cidade natal no Alabama para formalizar seu divórcio do primeiro casamento, mas... voltar para o antigo lar acaba mexendo completamente com ela, ao relembrar sua antiga vida e os amores do seu passado. Simpática comédia romântica cujo roteiro se baseia nas diferenças regionais dos estados americanos. Reese Witherspoon, sulista de nascimento como sua personagem (a atriz nasceu em  New Orleans, na Louisiana), encarna uma garota do Alabama que consegue dar a volta por cima na cidade grande, mas que precisa retornar ao seu "lar" no Alabama para "consertar" um erro de seu passado.

Eu costumo dizer que Reese Witherspoon nem é tão bonita e passa longe de ser uma maravilhosa atriz, mas tem um talento e tanto para escolher os filmes certos a estrelar. Veja o caso desse aqui, uma comédia romântica até despretensiosa, de orçamento meramente mediano (custou pouco mais de 30 milhões de dólares, uma pechincha, tendo Reese como uma das produtoras) e que acabou faturando muito bem nas bilheterias americanas. A fotografia é bonita, os figurinos são de bom gosto e se no final ficamos com aquele sentimento de termos visto uma obra vazia, mas bonitinha, tudo bem, valeu o tempo perdido. Já para os fãs da atriz o filme é uma indicação certeira pois a personagem do filme tem muito dela mesma.

Doce Lar (Sweet Home Alabama, Estados Unidos, 2002) Estúdio: Touchstone Pictures / Direção: Andy Tennant / Roteiro: Douglas J. Eboch, C. Jay Cox / Elenco: Reese Witherspoon, Patrick Dempsey, Josh Lucas, Candice Bergen / Sinopse: Melanie Smooter (Reese Witherspoon) encontrou o homem perfeito, o amor de sua vida. Ele quer se casar com ela, mas Melanie já é casada, com um caipirão do interior. Tentando consertar esse problemão ela então decide voltar para sua cidade natal, para finalmente se divorciar do primeiro marido, mas... quem consegue entender as razões do coração? Filme indicado ao MTV Movie Awards e ao Teen Choice Awards na categoria de Melhor Atriz (Reese Witherspoon).

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de fevereiro de 2019

Duas Irmãs, Uma Paixão

Ao chegar na idade de se casar, a jovem Charlotte von Lengefeld (Henriette Confurius) é enviada para a corte de Weimar. Sua mãe torce para que ela arranje logo um marido bem situado na aristocracia alemã, pois pertencente à pequena nobreza o que lhe resta mesmo é conseguir um bom casamento para que tenha estabilidade pelo resto de sua vida. Charlotte porém acaba conhecendo um poeta pobre, mas talentoso e acaba se apaixonando por ele! Para piorar o rapaz também acaba roubando o coração da própria irmã de Charlotte, Caroline von Lengefeld (Hannah Herzsprung), que embora já seja casada não se sente feliz em seu casamento sem amor que fora arranjado por sua mãe no passado. Romance alemão que conta uma história bem pouco comum. O enredo se passa no século XVIII. A Alemanha vive uma época próspera, mas a família Lengefeld passa por dificuldades financeiras após a morte do pai. Sem muitas alternativas a mãe então decide usar suas filhas para manter o mesmo padrão de vida de antes. A ideia é arranjar maridos ricos para elas o mais rapidamente possível. A mais velha Caroline (Herzsprung) logo se casa com um nobre esnobe do qual ela não sente nenhum amor. A mais jovem Charlotte (Confurius) pensa trilhar outro caminha e acaba se apaixonando por um poeta pobretão, um rapaz que sua mãe acha completamente indigno de se casar com ela por causa de seus poucos e inexistentes recursos econômicos.

A partir daí já se sabe mais ou menos o que acontecerá. As duas irmãs ficam apaixonadas pelo poeta e acabam fazendo um pacto entre elas. Ao invés de brigarem pelo amor do rapaz resolvem partilhar o que sentem. Assim elas aceitam, de bom grado, entrar em um triângulo amoroso apaixonado com ele, sem remorsos ou culpas, apenas procurando evitar que seu caso amoroso incomum se torne público, o que certamente causaria um grande escândalo na sociedade. O filme tem boa reconstituição de época e reproduz com fidelidade os modos de ser, os protocolos sociais e a maneira como as pessoas daquela época se relacionavam entre si. Muitos cortejos, cerimônias e flertes inocentes. Em um momento de apogeu da literatura há uma pequena aparição do aclamado escritor Johann Wolfgang von Goethe em cena. O roteiro também mostra que não é de hoje que existe essa dualidade entre o verdadeiro amor romântico e os casamentos por conveniência, muitas vezes arranjados pelas próprias famílias visando apenas a segurança financeira de suas filhas que com o tempo se tornam infelizes, deprimidas e devastadas do ponto de vista emocional. De um lado a verdadeira paixão e do outro a pura hipocrisia social. Nesse duelo de sentimentos quem acaba ganhando mesmo é o espectador que acaba assistindo a um belo filme, muito bonito, com bela fotografia e um argumento pouco usual nas produções atuais.

Duas Irmãs, Uma Paixão (Die Geliebten Schwestern, Alemanha, Áustria, Suíça, 2014) Estúdio: Bavaria Filmverleih und Produktions / Direção: Dominik Graf /;Roteiro: Dominik Graf / Elenco: Hannah Herzsprung, Florian Stetter, Henriette Confurius / Sinopse: Jovem da pequena nobreza é enviada para a corte pela mãe, para arranjar um marido rico, mas acaba se apaixonando por um poeta pobre. Filme vencedor do Bavarian Film Awards na categoria de Melhor Fotografia. Também indicado aos prêmios do Berlin International Film Festival, German Film Awards e German Film Critics Association Awards.

Pablo Aluísio.

Galveston

É um filme triste e melancólico sobre duas pessoas sem salvação, sem redenção. Roy (Ben Foster) trabalha para um agenciador de apostas ilegais. Sempre que alguém fica devendo, sem pagar, ele é enviado para acertar as contas. Isso significa quebrar as pernas do devedor ou até algo pior como um tiro na cabeça. Durante um dos "serviços" Roy é surpreendido numa casa com uma quadrilha bem armada. No meio do tiroteio ele ainda consegue salvar a pele de uma jovem de 19 anos conhecida como Rocky (Elle Fanning). Ela estava amarrada numa cadeira em um dos cômodos da casa. Mãe solteira, sem dinheiro, ela se prostituiu para alimentar a filha. Um desastre social. Aos poucos, na estrada, Roy e Rocky começam a se chegar, ficando mais próximos. O problema é que além da polícia estar atrás de Roy, seus antigos comparsas querem sua morte. Ele está de posse de alguns documentos comprometedores que poderia prejudicar seu antigo patrão. Assim começa a chantagear o chefão! Quer 75 mil dólares por eles! Caso contrário vai entregar tudo para as autoridades. Uma ideia mais do que perigosa.

O grande trunfo de "Galveston" é o ator  Ben Foster. Sempre o elogiei, acho um dos atores mais viscerais de sua geração, aquele tipo de profissional que se entrega de corpo e alma ao seu personagem. O seu Roy é um criminoso que sabe que em breve vai morrer de um câncer no pulmão, causado pelo fumo e por isso tem seu instinto de sobrevivência bem baixo. Ele não parece se importar. Já a jovem que o acompanha na estrada, a Rocky, é uma garota recém saída da adolescência, sem rumo nenhum na vida. Vivendo em motéis de beira de estrada, ele arranja dinheiro como dá, muitas vezes fazendo programas. Alta, magra, branca e desengonçada, é um destaque na interpretação inspirada de Elle Fanning. Ao assistir a esse novo filme espere por bom cinema, que não faz concessões. Só não vá esperar por um final feliz. Isso o filme definitivamente não lhe dará. Aliás achei o desfecho ora lírico, ora brutal demais, o que não deixou de ser algo contraditório. Mesmo assim, dentro da proposta dos personagens principais, estava mais do que no caminho do desenrolar da trama. É um bom drama sobre gente perdida na vida que tenta viver um dia de cada vez, mesmo sabendo que a estrada em que se encontram não levará ninguém para lugar nenhum.

Galveston (Estados Unidos, 2018) Direção: Mélanie Laurent / Roteiro: Mélanie Laurent / Elenco: Ben Foster, Elle Fanning, Lili Reinhart, Anniston Price, Jeffrey Grover, Christopher Amitrano / Sinopse: Após um crime, um casal pega a estrada. Eles mal se conhecem, mas acabam criando uma aproximação em decorrência da situação limite em que passam a viver, fugindo da polícia e dos bandidos, antigos comparsas de Roy (Foster).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Terror em Silent Hill

Filme de terror que acabou dando origem a uma nova franquia no cinema, para surpresa de muita gente que não colocava muito fé na produção. Como é baseado em um game popular toda a trama soa até bem simples. Veja que enredo básico. Uma mãe sai em uma busca desesperada do paradeiro de sua filha desaparecida, dentro dos limites de uma cidade estranha e desolada, chamada Silent Hill. Conforme ela entra naquele lugar escuro, sombrio e com névoa eterna, ela vai encontrando seres e criaturas bem esquisitas que definitivamente não parecem ser desse mundo. Provavelmente ele atravessou a cortina que separa o universo dos vidos, da dos mortos. O problema é que são entidades perigosas, que habitam as trevas. Sair viva de lá vai ser um grande desafio. "Terror em Silent Hill" é aquele tipo de filme em que você não deve se preocupar muito em termos de roteiro, atuação ou direção. O que vale aqui realmente é agradar aos fãs do jogo de terror e isso, em razão das péssimas adaptações feitas nos últimos anos, era um desafio e tanto a se superar.

Falando sinceramente praticamente quase todos os filmes baseados em games foram ruins. Poucos se salvaram. A boa notícia é que o diretor Christophe Gans conseguiu superar essa barreira. Ele obviamente passou longe de criar uma obra prima do terror, mas em compensação realizou um filme correto, equilibrado, que conta (bem) seu enredo de forma simples e sem exageros desnecessários. Quem diria que isso tudo iria resultar em bom cinema? Agora, o que se sobressai mesmo em "Silent Hill" é a sua maravilhosa direção de arte, figurinos e maquiagem. A sucessão de monstros que desfilam na tela realmente impressiona pela originalidade. São seres bizarros, disformes, sem paralelo. Some-se a isso um filme curto, eficiente e bem feito e você certamente terá um bom divertimento pela frente. "Terror em Silent Hill" é angustiante na medida certa e funciona muito bem para quem deseja ter alguns bons sustos. Vale a recomendação. 

Terror em Silent Hill (Silent Hill, Estados Unidos, 2006) Direção: Christophe Gans / Roteiro: Roger Avary / Elenco: Radha Mitchell, Laurie Holden, Sean Bean / Sinopse: O filme conta a história da trajetória de uma mãe desesperada em encontrar sua filha desaparecida em uma cidade abandonada e sinistra. Filme baseado e adaptado do famoso jogo de vídeogame. Indicado ao prêmio do Fangoria Chainsaw Awards em cinco categorias, entre elas Melhor Direção de Arte, Melhor Maquiagem e Melhores Efeitos Especiais.

Pablo Aluísio.

Wolverine: Imortal

No Japão moderno, Wolverine (Hugh Jackman) acaba tendo que enfrentar um mundo desconhecido onde terá que superar um inimigo mortal numa batalha de vida ou morte, que mudará sua personalidade para sempre. Indo ao máximo de seus limites físicos e emocionais, ele combate não apenas opositores poderosos, mas também uma luta interior contra sua própria imortalidade, emergindo desse processo ainda mais poderoso e ciente de seus poderes. Segunda tentativa de emplacar uma franquia apenas com o personagem Wolverine. Em tempos onde pipocam adaptações de quadrinhos por todos os lados, não haveria como ignorar um dos heróis mais populares das HQs. Apesar de ser bem superior ao primeiro filme solo desse membro famoso do grupo X-Men, o fato é que ainda não chegaram no produto ideal. O original foi bem malhado pela crítica que apontou diversos erros, até mesmo uma surpreendente falta de capricho por parte do estúdio em relação ao roteiro e produção. Parecia que a Marvel pensava ter um produto à prova de falhas e por essa razão não se importou muito em realizar algo realmente bom.

O resultado comercial e artístico deixou bastante a desejar. Agora tenta-se algo novo. O roteiro leva Wolverine para o Japão onde se tem uma boa chance de mudar os ares do personagem, trazendo uma bela direção de arte que aproveita ao máximo a riqueza da arte oriental. Há boas cenas de ação, uma certa influência da cultura samurai e uma estorinha até bacana, mas nada muito além disso. Pela importância do Wolverine, os fãs esperam sempre algo a mais, porém acabaram recebendo apenas um bom filme, com enredo redondinho e produção mediana. Ainda não é o filme definitivo do dono das garras de adamantium.

Wolverine - Imortal  (The Wolverine, Estados Unidos, 2013) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: James Mangold / Roteiro: Mark Bomback, Scott Frank / Elenco: Hugh Jackman, Will Yun Lee, Tao Okamoto / Sinopse: Wolverine vai até o Japão enfrentar um perigoso vilão e a si mesmo, numa luta interior. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films na categoria de Melhor Adaptação de personagens em quadrinhos. Também indicado ao People's Choice Awards na categoria de Melhor Filme de Ação.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

O Aviador

Revi esse filme do grande Martin Scorsese. OK, rever pura e simplesmente a versão original seria algo meio óbvio. Assim procurei por essa versão especial, estendida, com quase três horas de duração. Como se sabe muitos diretores precisam fazer cortes para que seus filmes sejam comercialmente viáveis. Depois, mais tarde, eles finalmente fazem seu corte pessoal, acrescentando cenas deletadas, etc. Se você só viu a primeira versão, a original, não precisa se preocupar muito. As mudanças são pontuais. Algumas cenas duram mais, possuem maiores linhas de diálogo, mas é só. A narrativa segue a primeira espinha dorsal que Scorsese criou para seu filme que chegou aos cinemas em 2004. Como sabemos o roteiro conta a história real do bilionário Howard Hughes. Ele foi um dos homens mais ricos do mundo em sua época, mas sofria de diversos transtornos mentais. A riqueza acabou sendo sua ruína, pois sendo poderoso e intocável não se deixava passar por tratamentos psiquiátricos. Em razão disso foi ficando cada vez mais doido com o passar dos anos, criando uma rotina sombria, onde passava o tempo todo trancado dentro de uma sala escura, onde eram exibidos seus velhos filmes (ele também havia sido produtor e diretor em Hollywood). Obcecado por germes e bactérias, não conseguia mais viver como um homem normal, geralmente ficava sem roupas, urinando em garrafas, as mesmas que traziam leite, um dos poucos alimentos que admitia consumir. Não admitia ver mais ninguém e falava com seus subordinados através de uma porta trancada.

O filme obviamente foca nos primeiros anos de Hughes, quando ele era, digamos assim, mais normal. Namorando estrelas do cinema, comprando companhias aéreas e fechando grandes contratos com a força aérea, ele foi ficando cada vez mais rico a cada ano, enquanto a loucura ia também dominando sua mente. No filme já surgem os primeiros sintomas, com a obsessão de lavar as mãos até arrancar sangue, do pavor de tocar em outras pessoas, e da paranoia, representado pelas escutas que mandava instalar nas casas e telefones das mulheres com quem se relacionava. Depois de alguns anos virou um doido varrido e seu nome também virou sinônimo de milionário excêntrico e anormal. Leonardo DiCaprio interpreta o louco, mas não levou o Oscar. A velha maldição que o perseguiu por anos e anos. Quem se saiu melhor foi sua colega de cena, Cate Blanchett. Sinceramente falando não achei grande coisa sua interpretação. Ela interpreta a atriz Katharine Hepburn. Com cabelos naturais loiros (Hepburn tinha cabelos pretos) ela em pouco lembra a famosa estrela. Não merecia ter levado o Oscar. Quem merecia vencer mesmo era o diretor Martin Scorsese. Mestre em contar histórias, ele recriou nos mínimos detalhes os grandes momentos de Hughes. Só faltou mesmo mostrar o fim de sua vida, quando ele se tornou um homem completamente insano, afundado em sua própria loucura sem limites.

O Aviador (The Aviator, Estados Unidos, 2004) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: John Logan / Elenco: Leonardo DiCaprio, Cate Blanchett, Kate Beckinsale, John C. Reilly, Alec Baldwin, Alan Alda, Ian Holm / Sinopse: O filme conta a história do milionário Howard Hughes (DiCaprio). Investidor e construtor de aviões, acabou sucumbindo a uma grave doença mental em seus últimos anos. Vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Cate Blanchett), Melhor Fotografia (Robert Richardson), Melhor figurino (Sandy Powell) e Melhor Direção de Arte (Dante Ferretti e Francesca Lo Schiavo). 

Pablo Aluísio. 

As Vantagens de Ser Invisível

Durante os anos 80 o introvertido Charlie (Logan Lerman) chega em um novo colégio. Como novato, ele sente dificuldades em se enturmar para fazer novas amizades. A salvação vem com dois alunos que parecem fora do comum, mas logo se mostram bem colegas dele. Ela se chama Sam (Emma Watson) e ele Patrick (Ezra Miller). Juntos acabam formando um grupinho de amigos para atravessar essa fase tão complicada da vida chamada adolescência. Filmes sobre adolescentes americanos sempre são problemáticos. Ou são comédias debiloides ou então fitas de pura vulgaridade, pura desculpa para mostrar jovens seminuas e muita nudez gratuita. Só na década de 1980 é que surgiram bons filmes no gênero, justamente aqueles assinados pelo mestre John Hughes. Talvez por essa razão o enredo de "The Perks of Being a Wallflower" se passe justamente nesse momento histórico.

O diretor Stephen Chbosky obviamente busca uma identificação com aqueles antigos filmes. Cada um dos personagens procura retratar jovens reais e não caricatos, como já estamos acostumados a ver. O drama de Charlie talvez seja o mais complicado de superar. Além da timidez e da falta de jeito com as garotas, ele ainda tem que superar uma série de sintomas que podem indicar o surgimento de algum tipo de problema mental. Para Patrick a situação é ainda mais delicada já que ele é gay e namora às escondidas o principal atleta da escola. Se descobrirem certamente ele passará por uma situação extremamente comprometedora - isso para não dizer perigosa. O diretor  realizou um bom filme, honesto e correto dentro de suas possibilidades. Além disso traz a cultuada (pelo menos entre os adolescentes que gostam de cinema) Emma Watson, aqui tentando se livrar um pouquinho do estigma de ter sido uma das protagonistas da franquia Harry Potter.

As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a Wallflower, Estados Unidos, 2012) Estúdio: Columbia Pictures / Direção: Stephen Chbosky / Roteiro: Stephen Chbosky / Elenco: Emma Watson, Nina Dobrev, Logan Lerman, Paul Rudd, Kate Walsh, Patrick de Ledebur / Sinopse: o filme conta a estória de um adolescente tentando se encaixar numa nova escola, fazendo novas amizades e cultivando outros amigos.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Coração Louco

A trama é bem singela e de acordo com o universo da música country dos Estados Unidos, com suas letras sobre solidão, desilusões amorosas e redenções. No filme Bad Blake (Jeff Bridges) é um músico decadente que precisa reavaliar sua vida e carreira após tantos anos de estrada. Agora ele terá que lutar de uma vez por todas pelo amor de sua vida. Esse mundo da country music americana sempre foi fonte para belos musicais melodramáticos, afinal de contas o material preferido de compositores e cantores do gênero sempre foi baseado no amor perdido e nas grandes históricas românticas sem final feliz. Agora temos um roteiro que mais parece a letra de uma baladona country. "Coração Louco" explora justamente esse universo. O personagem interpretado por Jeff Bridges é um achado e tanto, um sujeito que vive na tênue linha que separa o sucesso do fracasso, a felicidade da desilusão. Bridges inclusive foi premiado com o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Ator, premiações mais do que justas, coroando anos de uma carreira brilhante em Hollywood. Já estava na hora mesmo dele ser devidamente reconhecido pela academia de cinema.

Cabelos despenteados, olhar de cansaço emocional e uma certa postura de quem já não quer mais provar nada em sua vida, o ator encontrou um veículo perfeito para desenvolver todo o seu talento. O elenco de apoio também é maravilhoso, com destaque para o veterano Robert Duvall que tem um vínculo emocional muito forte com todo o projeto. Como se trata também de uma estória fortemente ligada ao mundo e sentimento country a premiação de Melhor Música ("The Weary Kind", escrita por Ryan Bingham e T Bone Burnett) foi mais do que merecida e oportuna. Assim se você gosta de country music e romantismo, "Crazy Heart" é de fato uma excelente opção de cinema para esse fim de noite.

Coração Louco (Crazy Heart, Estados Unidos, 2009) Estúdio: Fox Searchlight Pictures / Direção: Scott Cooper / Roteiro: Scott Cooper, Thomas Cobb / Elenco: Jeff Bridges, Maggie Gyllenhaal, Robert Duvall, Tom Bower / Sinopse: O filme conta a história de um músico veterano que após anos de carreira precisa consertar tanto sua vida profissional, como também a emocional. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Maggie Gyllenhaal). Vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Ator (Jeff Bridges) e Melhor Música. Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator (Jeff Bridges). Também indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Ator (Jeff Bridges).

Pablo Aluísio.

Johnny & June

Título no Brasil: Johnny & June
Título Original: Walk the Line
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: James Mangold
Roteiro: James Mangold
Elenco: Joaquin Phoenix, Reese Witherspoon, Ginnifer Goodwin, Robert Patrick, Dallas Roberts 
  
Sinopse:
O filme é baseado em duas biografias, ambas escritas por Johnny Cash, chamadas "Man in Black" e "Cash: The Autobiography". Cash foi um cantor americano muito famoso que surgiu na mesma leva de artistas dos quais também fez parte Elvis Presley e Jerry Lee Lewis. Todos eles foram descobertos por Sam Phillips, o dono de uma pequena gravadora em Memphis chamada Sun Records. O roteiro assim narra a vida profissional de Cash, aliado a sua vida amorosa ao lado da mulher de sua vida, a também cantora June (interpretada pela atriz Reese Witherspoon). Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Atriz (Reese Witherspoon).

Comentários:
Um bom filme que procura narrar a vida conturbada de Johnny Cash. Nos Estados Unidos ele foi um ídolo, principalmente por ter adotado uma postura mais country, apesar de suas origens roqueiras. A vida de Cash foi assustadoramente parecida com a de outros artistas que surgiram junto com ele, no mesmo período histórico, como por exemplo, Elvis Presley. Ambos vieram de origens humildes, foram descobertos pelo mesmo produtor (Sam Phillips da Sun Records) e depois escalaram os degraus da fama e do sucesso. Também caíram na tentação das drogas e pagaram um alto preço pelo vício. O único diferencial foi que Cash conseguiu sobreviver ao mundo das drogas, mas Elvis não. A duras penas Cash deu a volta por cima, muito em razão do amor que sentia por sua esposa June. Assim resolveu contar sua luta em livros bem interessantes que acabaram dando origem a esse filme. Joaquin Phoenix está muito bem como Cash, tanto nos momentos mais dramáticos como nas cenas de concertos e apresentações (o que não deixa de ser uma surpresa). O roteiro também se beneficia da própria vida de Cash, que certamente foi muito rica e interessante. Um drama romântico musical que merece ser conhecido pelo público em geral.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Spawn - O Soldado do Inferno

Um assassino chamado Al Simmons é traído e assassinado por seu chefe, o cruel Jason Wynn. Enviado para o inferno Al faz então um trato com o diabo em pessoa e retorna à terra como Spawn para rever sua esposa. Na Terra tem como objetivo matar Wynn, o responsável por sua morte. Enquanto isso um estranho ser, que mais parece um palhaço, pretende destruir o mundo com a ajuda de um vírus mortal. Seria o começo do tão aguardado Armageddon das profecias? Antes que isso aconteça Spawn precisa decidir de qual lado ficará, do bem ou do mal...Transposição para o cinema do famoso personagem de quadrinhos criado por Todd McFarlane. Antes de mais nada temos que entender que mexer em uma obra como essa, que já está bem desenvolvida no mundo dos comics, com uma legião de fãs (e especialistas no tema) formada é muito complicado.

Sempre haverá alguém para reclamar. As pessoas precisam entender que é simplesmente impossível realizar um filme de meras duas horas de duração que sequer consiga chegar aos pés da complexidade do que se lê nas revistas mensais do herói (ou anti-herói, dependendo do ponto de vista). Por isso assim que chegou aos cinemas Spawn levou bordoadas de todos os lados e em especial dos leitores de seus quadrinhos. Penso de forma diferente. Acredito que é uma boa adaptação para as telas. O roteiro procura apresentar o personagem para os frequentadores de cinema (um público que nem sempre acompanha quadrinhos) ao mesmo tempo em que não pareça vazia ou infantil demais. Também tenta da melhor forma possível não decepcionar aos fãs de longa data do Spawn das comics. O resultado é sim muito bom, diria até eficiente. Claro que muita coisa ficou de fora, mas fazer um filme que fosse completo seria realmente uma tarefa que nem o mais poderoso super-herói poderia realizar.

Spawn - O Soldado do Inferno (Spawn, Estados Unidos, 1997) Direção: Mark A.Z. Dippé / Roteiro: Alan B. McElroy / Elenco: John Leguizamo, Michael Jai White, Martin Sheen / Sinopse: Homem morto faz pacto com o diabo para retornar ao mundo dos vivos como uma criatura com poderes especiais. De volta ao plano de existência onde viveu ele tenta reencontrar sua esposa ao mesmo tempo em que enfrenta um ser monstruoso que busca sua destruição completa. Filme vencedor do Sitges - Catalonian International Film Festival na categoria de Melhores Efeitos Especiais. Também indicado ao Saturn Award na categoria de Melhor Maquiagem (Cindy J. Williams).

Pablo Aluísio.

O Predador 2 - A Caçada Continua

Título no Brasil: O Predador 2 - A Caçada Continua
Título Original: Predator 2
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Stephen Hopkins
Roteiro: Jim Thomas, John Thomas
Elenco: Danny Glover, Gary Busey, Kevin Peter Hall

Sinopse:
O veterano tenente Mike Harrigan (Danny Glover) da polícia metropolitana precisa lidar com um problema literalmente de outro mundo: um predador solto nas ruas de sua cidade. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films nas categorias de Melhor Filme de Ficção, Melhor Maquiagem e Melhores Efeitos Especiais.

Comentários:
Arnold Schwarzenegger não conseguiu entrar em um acordo com o estúdio para estrelar a sequência de "Predador", um dos grandes sucessos de bilheteria de sua carreira. O astro pediu 35 milhões de dólares para retornar ao seu papel, mas a Fox só estava disposta a desembolsar 25 milhões por seu passe. Sem acordo o jeito foi tentar salvar o roteiro. Para isso o estúdio contratou o roteirista Jim Thomas novamente, que junto ao seu irmão John voltaram para a máquina de escrever. Sem Schwarzenegger mudanças significativas tiveram que ser feitas. Um novo personagem central foi escrito e a ambientação foi transferida para a cidade grande. Saiu a selva e entrou a selva de pedra. Essa mudança brusca não agradou a todo mundo. No filme anterior havia todo um clima sufocante, ampliado pela própria paisagem selvagem, que caiu muito bem para o próprio habitat de caça do monstro de outro planeta. Aqui as coisas perderam parte de seu impacto visual. Afinal de contas perseguir o Predador no meio de uma rua movimentada de uma Metrópole americana não teve realmente a mesma graça. De bom mesmo apenas os caprichados efeitos especiais que exploraram bem o design do monstro (a maquiagem maravilhosa foi assinada pelo craque Stan Winston). Além disso o sempre competente Danny Glover tenta segurar as pontas da melhor forma possível. O filme foi bem morno em termos de bilheteria, mostrando que a Fox deveria mesmo ter contratado o brutamontes Arnold Schwarzenegger! No final das contas é apenas mediano, bem longe do impacto do primeiro filme.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Foxcatcher

John du Pont (Steve Carell) é um milionário excêntrico, herdeiro de um dos maiores grupos industriais dos EUA, que decide formar sua própria equipe de luta olímpica. Assim ele resolve contratar o medalhista de ouro Mark Schultz (Channing Tatum) para fazer parte de seu time. Após construir um moderno ginásio em sua própria propriedade Point decide também contratar o irmão de Mark, David Schultz (Mark Ruffalo), que só aceita o convite após receber uma proposta milionária. O seu objetivo é ganhar a medalha de ouro nas próximas olimpíadas. Isso porém não será muito fácil de conquistar por causa da própria personalidade estranha e errática do ricaço.

Baseado em fatos reais e indicado a cinco categorias no Oscar (Melhor filme, direção, roteiro, maquiagem, ator - Steve Carell - e ator coadjuvante - Mark Ruffalo) esse "Foxcatcher" realmente impressiona por alguns aspectos que o tornam um filme diferente. Ao longo de todo o enredo o espectador começa a perceber que há algo de muito errado com a figura do milionário John du Pont (em ótima interpretação de Steve Carell, aqui deixando as comédias de lado). Ele definitivamente não parece ser uma pessoa muito normal. Nascido em uma das famílias mais ricas da América, criado fora do mundo real, cercado de luxo e riqueza, John demonstra desde sempre estar pouco à vontade com seus lutadores ou com qualquer outra pessoa que venha a ter algum tipo de aproximação maior. Seu sonho é ganhar uma medalha de ouro nas Olimpíadas e para isso não mede esforços financeiros para comprar a tudo e a todos.

Com um discurso apelando para os grandes valores americanos (que soa sempre falso), sua personalidade esconde algo bem sombrio (que por motivos óbvios não iremos revelar nessa breve resenha). Para piorar, apesar de ser já um coroa, ele aparenta ter um medo irracional de sua própria mãe (Vanessa Redgrave), agindo muitas vezes como um adolescente que deseja provar algo aos seus pais. Ela, uma viúva grã-fina e esnobe, que ama cavalos de raça, considera o gosto do filho por esportes de luta algo muito vulgar e grotesco. A trilha sonora incidental mantém o tempo todo o espectador de sobreaviso, pois os temas são tensos e preconizam a chegada de uma grande tragédia no meio daqueles personagens. Steve Carell usa uma pesada maquiagem e consegue desaparecer dentro de seu personagem, uma prova que seu trabalho é digno de todas as indicações e premiações que vem recebendo em vários festivais de cinema mundo afora. Ele personifica de forma brilhante essa pessoa estranha e de comportamento fora dos padrões.

Mark Ruffalo também usa de maquiagem para dar veracidade ao seu papel, a do irmão do personagem Mark, um homem que só quer mesmo criar suas filhas com estabilidade e equilíbrio. Mal sabia ele no que estava se metendo. Esse é aquele tipo de filme que tem uma história tão intrigante (e em certos pontos até inacreditável) que faz com que você depois vá pesquisar na internet sobre o caso real. Foi justamente o que fiz e para minha surpresa acabei descobrindo que o John du Pont da vida real conseguia ser ainda mais louco do que esse que vemos nas telas. Assim deixo a firme recomendação para esse filme. É uma daquela obras cinematográficas realmente imperdíveis.

Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo (Foxcatcher, EUA, 2014) Direção: Bennett Miller / Roteiro: E. Max Frye, Dan Futterman / Elenco: Steve Carell, Channing Tatum, Mark Ruffalo, Vanessa Redgrave / Sinopse: Milionário resolve montar sua própria equipe de luta olímpica. Seu estranho modo de ser e sua personalidade excêntrica porém poderá colocar tudo a perder. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Ator - Drama (Steve Carell) e Melhor Ator Coadjuvante (Mark Ruffalo).

Pablo Aluísio.

O Conde de Monte Cristo

Adaptação da famosa obra escrita pelo autor Alexandre Dumas. No enredo um marinheiro é falsamente acusado de traição por seu melhor amigo Fernand, que no fundo deseja apenas ficar com sua namorada. Preso, é enviado para uma prisão distante na ilha de Chateau d'If. Lá ele fica preso por longos 13 anos; mas não esquece de quem o traiu. Tudo o que ele deseja é escapar para se vingar dos responsáveis que o levaram àquela situação degradante. De volta à liberdade finalmente recomeça sua vida, se tornando um homem rico e importante, o Conde de Monte Cristo. Agora finalmente chegou o momento de colocar em prática seu plano de vingança. Assisti na época de seu lançamento, ainda em VHS e confesso que gostei bastante. Como se trata de uma obra que ganhou inúmeras versões para o cinema ao longo dos anos era mesmo de se esperar que houvesse um considerável número de críticas negativas, quase sempre comparando com outros clássicos do passado. Bobagem.

Na verdade o filme deve ser analisado por si mesmo, por suas próprias qualidades artísticas. E sob esse ponto de vista temos que dar o braço a torcer. Há uma excelente reconstituição de época, elenco afiado e um roteiro bem estruturado, sem perda de ritmo ou queda no desenvolvimento da trama. Jim Caviezel está muito bem interpretando Edmond Dantes, mas quem rouba mesmo o filme em termos de atuação é Guy Pearce como Fernand Mondego. Esse tipo de personagem é daquele tipo que adoramos odiar (por mais contraditório que seja essa frase). Do ponto de vista do diretor Kevin Reynolds o filme só não foi melhor recebido porque afinal de contas era uma produção americana lidando com um clássico da literatura francesa. Como se sabe os franceses são muito ciosos de sua arte e sempre ficam incomodados quando estrangeiros mexem com sua secular cultura. Releve isso e se divirta com a maravilhosa imaginação do genial Alexandre Dumas.

O Conde de Monte Cristo (The Count of Monte Cristo, Estados Unidos, Inglaterra, Irlanda, 2002) Direção: Kevin Reynolds / Roteiro: Jay Wolpert / Elenco: Jim Caviezel, Guy Pearce, Richard Harris / Estúdio: Touchstone Pictures / Sinopse: Um homem é acusado injustamente de crimes que nunca cometeu. Uma vez livre retorna, já rico e poderoso, para acertar contas com todos os que tentaram suas destruição anos antes. Adaptação da obra literária clássica escrita pelo grande escritor Alexandre Dumas.

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Rota de Fuga

Nessa altura do campeonato todo mundo já percebeu que Stallone é um workaholic, o sujeito não para de trabalhar, tanto que já está chegando na marca dos 70 filmes na carreira - um número robusto para qualquer ator. Pois bem, sempre procurando ficar em evidência Sly agora realiza o velho sonho dos garotos que cresceram assistindo aos seus filmes nos anos 80 ao estrelar um filme com o segundo maior nome dos filmes de ação daquela década, nada mais, nada menos, do que o austríaco Arnold Schwarzenegger.
É curioso porque um filme desses não seria realizado naqueles anos pois os dois astros ganhavam os maiores cachês do cinema, valores que hoje em dia nenhum estúdio aceitaria mais pagar a absolutamente ninguém. Além disso havia problemas pessoais entre os fortões. Eles tiveram desavenças públicas, principalmente depois que Stallone criticou Arnold por enveredar no mundo da política. Por essa razão achei que nunca iriam dividir uma marquise de cinema em suas vidas. De qualquer forma não existe problema que o tempo não apague, assim os veteranos voltaram ao velho estilo nesse filme de prisão.

A última vez que Stallone realizou algo parecido foi com "Condenação Brutal", um filme redondinho, bom entretenimento, mas também com doses generosas de clichês. O mesmo, tirando a devida proporção, poderia ser dito sobre essa produção. O roteiro tem até boas ideias como as diversas formas que o personagem de Stallone consegue achar para fugir das mais seguras prisões de segurança máxima dos Estados Unidos. Lembrando até mesmo outro ícone dos anos 80, o MacGyver, ele consegue transformar os mais cotidianos objetos de uso pessoal em valiosas ferramentas utilizadas em suas fugas espetaculares. Já o papel de Arnold Schwarzenegger não parece tão interessante. Até fiquei surpreso dele ter aceitado ficar na sombra de Stallone em cena desse jeito.

Há poucos bons momentos do ex-mister universe no filme. Talvez a mais interessante aconteça no final quando finalmente a nostalgia bate forte e nos lembramos imediatamente de "Comando Para Matar", com o astro de metralhadora em punho dizimando os soldados inimigos. Mas fica tudo por aí. No saldo geral não consegue, infelizmente, ser um ótimo filme, a verdade deve ser dita. Há problemas de lógica no roteiro e por incrível que pareça o diretor Mikael Håfström perde o ritmo certo que uma produção como essa exige. Mesmo assim ver Sly e Arnoldão em cena, contracenando juntos, sempre será muito gratificante para quem curtiu a filmografia da dupla nos distantes 80´s. Por essa razão é fácil encerrar o texto afirmando que não precisa se preocupar pois ver o filme realmente vale a pena.

Rota de Fuga (Escape Plan, Estados Unidos, 2013) Direção: Mikael Håfström / Roteiro: Miles Chapman, Jason Keller / Elenco: Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Jim Caviezel, Amy Ryan, Sam Neill, Vincent D'Onofrio / Sinopse: Ray Breslin (Stallone) é um especialista em encontrar falhas nas grandes prisões de segurança máxima do sistema penitenciário americano. A CIA porém tem um projeto inovador de um novo presidio que pretende ser simplesmente impossível de escapar. Para descobrir se há de fato alguma falha no sistema, Breslin é contratado para entrar no complexo como um prisioneiro comum. Os planos porém não sairão exatamente como foram inicialmente planejados.

Pablo Aluísio.

Joana d'Arc

Durante a Idade Média, a jovem Joana d'Arc (Milla Jovovich) afirma ter visões de natureza espiritual que a dizem que ela deve marchar ao lado dos soldados franceses contra os inimigos no campo de batalha. A guerra parece não ter fim e o número de mortes é enorme. Com Joana em cena as coisas finalmente mudam, levando o exército francês a colecionar uma série de vitórias contra as tropas inglesas. Algo que logo chama a atenção dos nobres e membros do clero que começam a conspirar contra Joana e suas estranhas visões. Em pouco tempo ela se torna uma peça no perigoso jogo político europeu da época.  

Uma visão do diretor francês Luc Besson sobre um dos maiores ícones históricos de seu país, a lendária Joana d'Arc. Não há como negar que a produção é excelente, assim como a direção de arte e a reconstituição de época. Tudo está lá, os figurinos, as grandes cenas de batalhas, as armaduras medievais brilhantes, realmente uma obra impecável em todos esses aspectos. Besson só errou mesmo (e feio) ao escolher a atriz Milla Jovovich para interpretar a complexa Joana. Veja, em filmes baseados em efeitos especiais até que Jovovich consegue convencer um pouquinho. Sua falta de talento dramático não chega a incomodar ninguém.

Agora em filmes como esse, com rico e estruturado background narrativo em que se exige no mínimo uma boa atuação da protagonista, a situação ficou ruim e decepcionante. O fato é que Milla Jovovich é inexpressiva em termos dramáticos e isso se acentua ainda mais quando a comparamos com John Malkovich que é um mestre da atuação. Assim, com uma escolha de casting tão ruim não é de se admirar que tudo vá por água abaixo. Esse filme é a prova definitiva de que um dos maiores cuidados que se teve ter em filmes históricos é a escolha correta do elenco principal, caso contrário tudo soará falso, nada convincente. Esse foi o grande deslize de Luc Besson nessa fita. Um erro que custou muito caro, vamos convir.

Joana d'Arc (Joan of Arc, França, 1999) Direção: Luc Besson / Roteiro: Andrew Birkin, Luc Besson / Elenco: Milla Jovovich, John Malkovich, Rab Affleck / Sinopse: O filme conta a história da famosa Joana, uma jovem francesa que se tornou símbolo de fé e luta durante a Idade Média. Filme vencedor do César Awards na categoria de Melhor Som.
  
Pablo Aluísio.

sábado, 2 de fevereiro de 2019

O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos

Esse filme foi a aposta da Disney no final de ano. Custou 120 milhões de dólares e teve uma bilheteria decepcionante dentro dos Estados Unidos. Só recuperou o investimento por causa do mercado internacional, mas em nenhum momento conseguiu se tornar realmente um sucesso. De fato não era uma tarefa muito fácil adaptar o clássico "O Quebra-Nozes" para o cinema, em um roteiro que criou uma espécie de fábula, misturando elementos de contos de fadas e fantasia para o público infantil e juvenil. A produção, como era de se esperar, é realmente excelente. De encher os olhos do espectador. Os figurinos e cenários lembram a Rússia Czarista, inclusive no formato das torres dos grandes palácios.  Tudo classe A, do melhor bom gosto.

A estorinha é redondinha, de fácil entendimento para as crianças. Não faltam princesas, rainhas más, fadas, roupas extravagantes, etc. Nesses quesitos não haveria mesmo o que criticar. Penso que o público americano acabou não comprando a ideia do filme justamente por se basear em algo que não é tão familiar ou popular à cultura pop daquele país. Seria algo clássico demais para o público padrão. De qualquer forma a Disney, com sua reconhecida competência técnica, jamais colocaria no mercado um produto de má qualidade, muito pelo contrário. Talvez o problema dessa vez foi que foram, talvez, um pouco longe demais. E é justamente isso também o que explica as boas bilheterias na Europa. Por lá houve uma curiosidade natural do público em conferir a adaptação para o cinema desse que talvez seja um dos grandes exemplos da chamada alta arte no velho continente.

O elenco tem dois nomes de peso. Helen Mirren, com maquiagem e figurinos dos antigos palhaços medievais, começa como vilã, mas como o roteiro dá margem a reviravoltas descobrimos que ela não é tão malvada como se pensava.  Morgan Freeman é um coadjuvante de luxo, um velho relojoeiro, que sabe muitas coisas, se tornando uma espécie de sábio da corte. A protagonista Clara é interpretada pela atriz Mackenzie Foy que é bonitinha e simpática, mas sem grande carisma. No meio de uma produção tão opulenta ficaria mesmo complicado para a mocinha se destacar. Então é isso, temos aqui mais uma pomposa produção com o selo Disney. Pelos esforços envolvidos em sua produção merecia até mesmo maior reconhecimento por parte do público.

O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos (The Nutcracker and the Four Realms, Estados Unidos, 2018) Direção: Lasse Hallström, Joe Johnston / Roteiro: Ashleigh Powell, E.T.A. Hoffmann, baseados no ballet criado por Marius Petipa / Elenco: Mackenzie Foy, Helen Mirren, Morgan Freeman, Keira Knightley, Ellie Bamber / Sinopse: Após a morte de sua mãe, a jovem Clara (Foy) vai parar em um mundo mágico. Ela está em busca de uma chave que vai abrir o presente que sua mãe lhe deixou no natal, só que essa chave é muito mais importante do que ela possa imaginar. Filme indicado ao Annie Awards.

Pablo Aluísio.

Capitão Sky e o Mundo de Amanhã

O ano é 1939, Nova Iorque. Uma jornalista começa a ligar os pontos envolvendo o desaparecimento de um importante cientista (um verdadeiro gênio da robótica) e o surgimento de robôs gigantes destruindo toda a cidade. Determinada a descobrir o que realmente estaria acontecendo ela decide pedir ajuda ao seu namorado, um piloto mercenário conhecido por sua coragem. Eles precisam chegar na mente diábolica por trás de tudo antes que a grande metrópole seja definitivamente destruída.

Durante muitos anos se especulou se algum dia teríamos um filme completamente feito por computadores de última geração. Isso começou a se tornar realidade justamente com essa produção "Sky Captain and the World of Tomorrow". A intenção do diretor fica clara desde as primeiras cenas. Tentava-se unir passado e futuro em apenas um filme. Do passado veio o roteiro (que lembra e tenta homenagear os antigos seriados cinematográficas das décadas de 1930 e 1940) e do futuro veio a própria concepção do filme em si, todo realizado em realidade virtual (exceto obviamente a atuação dos atores de carne e osso).

Pena que tantas ideias criativas e inovadoras não resultaram em um grande filme. Esse fiz questão de assistir no cinema justamente para avaliar em grande escala o impacto das cenas digitais. A fotografia quase toda em preto e cinza tentava mais uma vez criar uma certa nostalgia em cada cena. Em minha concepção o filme falhou em vários aspectos: a trama é boba demais para levarmos à sério, as atuações são vazias e sem alma (muito provavelmente porque todos os atores atuaram em cenários sem vida onde não havia praticamente nada para interagir) e nem mesmo o que deveria ser o grande triunfo do filme (seu visual inovador) empolga. O saldo final é meio decepcionante, chato e arrastado. Na verdade o filme funciona mais como ideia de concepção do que como entretenimento em si. Em suma, é de fato uma decepção futurista e destituída de conteúdo.

Capitão Sky e o Mundo de Amanhã (Sky Captain and the World of Tomorrow, Estados Unidos, 2004) Direção: Kerry Conran / Roteiro: Kerry Conran / Elenco: Gwyneth Paltrow, Jude Law, Angelina Jolie / Sinopse: Numa Nova Iorque estilizada, um jornalista e um piloto de caças se unem para enfrentar robôs gigantes que estão prestes a destruir todo o mundo.
  
Pablo Aluísio.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

O Indomável

Esse é um dos últimos grandes filmes da carreira de Paul Newman. Poderíamos até dizer que foi o último em termos de grande qualidade em atuação. Ele interpreta um sujeito comum, que vive no subúrbio, que vai levando sua vida numa certa calma e tranquilidade. Quando consegue algum trabalho vai para o serviço na construção civil e quando tem algum dinheiro no bolso gasta no bar local. Na verdade seu personagem nunca quis assumir as responsabilidades da vida adulta. Tudo muda quando seu filho e seu neto chegam para uma visita. Ora, logo ele que nunca quis muita coisa com a paternidade, se ver assim logo de cara tendo que ser pai e avô ao mesmo tempo logo se torna um desafio.

É um filme importante porque mostra que Paul Newman, apesar da idade, estava em plena forma. Seu talento continuava intacto. Vale lembrar que em sua carta de despedida da profissão, quando anunciou que iria se aposentar, ele escreveu que não conseguia mais memorizar suas falhas e nem atuar bem, por causa da velhice. Uma ética de trabalho admirável. Isso porém só aconteceria alguns anos depois da realização desse filme, que repito, é um dos últimos grandes trabalhos de sua carreira memorável. Um trabalho aliás tão bom que lhe rendeu uma indicação ao Oscar! Pelo conjunto da obra deveria ter sido premiado.

O Indomável - Assim é Minha Vida (Nobody's Fool, Estados Unidos, 1994) Direção: Robert Benton / Roteiro: Robert Benton / Elenco: Paul Newman, Bruce Willis, Jessica Tandy, Melanie Griffith, Philip Seymour Hoffman, Philip Bosco / Sinopse: Baseado no romance escrito por Richard Russo, o filme conta a história de Sully (Paul Newman), um homem na terceira idade que é surpreendido com a chegada de seu filho e seu neto que deseja conhecê-lo. Agora ele terá que ser pai e avô ao mesmo tempo, algo que sempre deixou em segundo plano na sua vida. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator (Paul Newman) e Melhor Roteiro Adaptado (Robert Benton). Indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator (Paul Newman).

Pablo Aluísio.

Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald

Sequência do primeiro filme. Para quem não conhece se trata de uma espécie de prequel de "Harry Potter", mas com enredo relativamente independente. Alguns personagens da saga do bruxo estão aqui, sendo o mais notório deles o professor Dumbledore, na interpretação de Jude Law. Se nos filmes de Potter ele era um velho senhor de longas barbas brancas, mais parecendo o Merlin, aqui ele está bem mais jovem, se envolvendo numa guerra interna do mundo da magia. Acontece que um sujeito chamado Gellert Grindelwald (Johnny Depp) chegou na conclusão de que os bruxos não devem mais viver escondidos, fingindo que seu mundo não existe para os "trouxas" (entende-se as pessoas que não estão envolvidas com magia nesse universo). Pois bem esse revolucionário de varinha quer mesmo tomar o poder, colocando a humanidade para escanteio, assumindo tudo, evitando guerras desnecessárias, procurando pela evolução de todos (pelo menos esses seriam seus argumentos).

No vértice dessa disputa surge um jovem chamado Credence Barebone (Ezra Miller), que parece ter poderes acima da média, um verdadeiro ungido, predestinado. Grindelwald quer ele venha para seu lado, para a sua luta contra as pessoas normais, que ele venha para o lado do mal. Assim caberá a Newt Scamander (Eddie Redmayne), o verdadeiro protagonista do filme, evitar que isso aconteça, viajando de forma ilegal para Paris. Com um personagem principal meio atrapalhado, que vive com a cabeça na lua, cuidando de seus bichinhos mágicos, não é de se admirar que Johnny Depp roube o filme para si. Ele interpreta o vilão Grindelwald que acaba sendo a melhor coisa dessa produção. Depp sempre foi um ator de mão cheia e por isso domina completamente, mesmo não tendo o mesmo espaço que os demais personagens. A verdade é que ele deita e rola em cena por não ter nenhum adversário no quesito atuação. Não se admire se em determinado momento você comece a se identificar com os argumentos de seu personagem. Um óbvio sinal da boa atuação do ator.

Outro aspecto que me chamou a atenção foi o ritmo cadenciado do filme. Em tempos atuais, onde edições nervosas formam a espinha dorsal de muitos filmes, aqui temos algo bem diferente. A estória se desenvolve no seu próprio tempo, sem pressa. Parece até mesmo com narrativas de antigos filmes, onde a trama iria se desenvolvendo com mais paciência, sem atropelos. Isso me deixou bem satisfeito, afinal cenas de ação exageradas já deram o que tinham que dar. Hoje soam desnecessárias, gratuitas, apelativas. Um pouco de sutileza, calma, em se contar uma história é mais do que bem-vindo. Nesse ponto o filme ganha bastante pontos positivos. Sem histerismo, conta seu enredo sem presssa, na calma, sendo ponderado. Pelo visto o diretor David Yates decidiu respeitar o texto original escrito por J.K. Rowling (que também assinou o roteiro). Assim ele procurou trazer para o cinema um pouco do ritmo da literatura. O filme só ganhou com essa bem acertada escolha.

Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald
(Fantastic Beasts: The Crimes of Grindelwald, Estados Unidos, Inglaterra, 2018) Direção: David Yates / Roteiro: J.K. Rowling / Elenco: Eddie Redmayne, Johnny Depp, Jude Law, Ezra Miller / Sinopse: Gellert Grindelwald (Depp) é um bruxo renegado do mundo da magia que decide recrutar outros bruxos para colocar seus planos em ação. Ele deseja que o mundo fique sob controle daqueles que possuem o dom da magia. Algo que encontrará resistência entre outros mestres, entre eles o professor Dumbledore.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Lista Negra (The Blacklist) - Terceira Temporada

The Blacklist 3.01 - The Troll Farmer (No. 38)  
Primeiro episódio da terceira temporada. É curioso porque como James Spader deixou bem claro numa entrevista que a série nem deveria ter chegado nessa terceira temporada. Ele afirmou que achava que no máximo haveria uma segunda temporada, isso se a audiência fosse realmente boa. E veja no que deu. Assim a mesma equipe técnica e o mesmo elenco retornou, afinal "Lista Negra" realmente se tornou um hit no mundo das séries. Nesse primeiro episódio a agente Elizabeth Keen (Megan Boone) e Raymond 'Red' Reddington (James Spader) precisam despistar até mesmo o FBI para que seus planos tenham sucesso. Enquanto isso Dembe recebe um contato que comprometerá seu futuro. Bom episódio, gostei mesmo. / The Blacklist 3.01 - The Troll Farmer (No. 38) (Estados Unidos, 2017) Direção: Michael W. Watkins / Roteiro: Jon Bokenkamp / Elenco: James Spader, Megan Boone, Diego Klattenhoff.

The Blacklist 3.02 - Marvin Gerard (No. 80)
Nesse segundo episódio a agente Elizabeth Keen (Megan Boone) enfrenta problemas. Ela então consegue abrigo na embaixada russa, mas isso também pode se tornar um sério problema. Já Raymond 'Red' Reddington (James Spader) procura por outra saída, pouco convencional, contando com a ajuda de um advogado de reputação não muito confiável. O curioso é perceber que Red jamais confiou no FBI e no seu estilo de trabalho. Coisas de um sujeito acostumado com o jogo sujo do mundo internacional do crime. Detalhe curioso: esse episódio foi dirigido por Andrew McCarthy, amigo de James Spader desde os tempos em que eles atuavam juntos em filmes de adolescentes nos anos 80. Amizade duradoura é isso aí. / The Blacklist 3.02 - Marvin Gerard (No. 80) (Estados Unidos, 2017) Direção: Andrew McCarthy / Roteiro: Jon Bokenkamp, Daniel Knauf / Elenco: James Spader, Megan Boone, Diego Klattenhoff.

The Blacklist 3.17 - Mr. Solomon (No. 32)
Um perigoso criminoso internacional foge da prisão. O FBI desconfia que ele está envolvido no meio de uma armação para a venda de uma arma nuclear! Para Raymond 'Red' Reddington (James Spader) tudo parece óbvio demais. Ele desconfia e com razão, uma vez que tudo não passa de uma corina de fumaça. O verdadeiro objetivo não é vender uma bomba atômica no mercado internacional, mas sim matar a agente Elizabeth Keen (Megan Boone). É um acerto de contas. Por falar em Liz esse episódio traz o seu casamento com Tom, ou melhor dizendo, a tentativa de se casar. Bem no meio da igreja acontece de tudo, inclusive uma chuva de balas. Sinceramente penso que "The Blacklist" já demonstra muitos sinais de desgaste. Os roteiros já vão se tornando repetitivos e a tentativa de reatar o romance entre Liz e Tom, depois de tantas coisas, soa como pura falta de imaginação dos roteiristas. A Megan Boone, que estava grávida de verdade durante as filmagens, tenta de tudo para levantar o interesse, mas tudo em vão. A série está começando a ficar rídicula mesmo. / The Blacklist 3.17 - Mr. Solomon (No. 32) (Estados Unidos, 2016) Estúdio: Universal Television, Sony Pictures / Direção: Eagle Egilsson / Roteiro: Jon Bokenkamp, Brian Studler / Elenco: James Spader, Megan Boone, Diego Klattenhoff, Ryan Eggold, Amir Arison, Lance Henriksen
 
The Blacklist 3.18 - Mr. Solomon (No. 32): Conclusion
Depois de um tempo estou retomando "Blacklist". O episódio anterior terminou com o casamento de Liz. Aliás usar o verbo terminar vem bem a calhar porque foi uma chuva de balas. O vilão Mr. Solomon tentou matá-la de todas as formas, com um verdadeiro grupo de extermínio. Ela foge e consegue ir a um hospital, mas Raymond diz que é muito perigoso para ela estar ali. Assim um centro de tratamento é improvisado dentro de um night club! E ela tem seu filho bem ali, no meio da pista de dança! Nesse episódio também temos um aspecto interessante: após o parto ela apresenta complicações e supostamente vem a falecer! Isso mesmo, a protagonista Elizabeth Keen morre após ter seu filho! Dá para confiar? Ainda não assisti obviamente os próximos episódios, mas duvido muito que ela vá morrer mesmo. Me pareceu mais uma forçada de barra dos roteiristas que diga-se de passagem andaram exagerando muito na dose do absurdo nessa terceira temporada. Ou tudo não seria apenas um toque de fino ironia do ator James Spader, que inclusive agora é o produtor executivo da série? Bom, veremos nos próximos capítulos... / The Blacklist 3.18 - Mr. Solomon (No. 32): Conclusion (Estados Unidos, 2016) Estúdio: Universal Television / Direção: John Terlesky / Roteiro: Jon Bokenkamp , Daniel Cerone / Elenco: James Spader, Megan Boone, Diego Klattenhoff.
 
The Blacklist 3.19 - Cape May
No episódio anterior a agente Elizabeth Keen supostamente morreu no parto (acredite se quiser!). Assim Raymond 'Red' Reddington fica arrasado. Quando esse episódio começa ele está prostrado numa cama de uma casa de ópio, muito popular no oriente e nos bairros de orientais em grandes cidades chinesas (olha a Chinatown...). Pois bem, ele finalmente é acordado, se levanta, pega o primeiro táxi que encontra pela frente e vai para Cape May, um Balneário de gente rica localizado em New Jersey. E então começa um episódio que foge totalmente dos padrões da série. O roteiro valoriza o sobrenatural e o suspense com a chegada de uma mulher misteriosa. Inicialmente Red salva ela da morte, pois ela tenta se matar nas praias geladas da região. Depois a leva para casa. Ele não sabe seu nome, não a conhece. Tudo fica nas sombras, sem explicação. Há um homem com detector de metais nas areias da praia que não viu ninguém, mulher nenhuma. Quem é ela afinal? Apenas fruto da imaginação de Red? Esse "Cape May" é até muito bem produzido, cheio de ambientações. Totalmente fora da rota do que os espectadores da série estão acostumados a assistir. / The Blacklist 3.19 - Cape May (Estados Unidos, 2016) Estúdio: Universal Television, Sony Pictures / Direção: Michael W. Watkins / Roteiro: Jon Bokenkamp, Daniel Knauf / Elenco: James Spader, Diego Klattenhoff, Ryan Eggold, Lotte Verbeek, Harry Lennix, Hisham Tawfiq.

The Blacklist 3.20 - The Artax Network (No. 41)
Nesse episódio temos o funeral da agente Elizabeth Keen! Embora eu ainda esteja assistindo a série já deu para perceber que tudo isso parece mesmo um grande engodo por parte dos roteiristas! De qualquer maneira a morte de uma das protagonistas está na ordem do dia. Pois bem, depois disso Raymond 'Red' Reddington (Spader) decide ir até a casa do avô de Keen. Que ligação haveria entre esses dois homens? O que o passado escondeu? O roteiro apenas passeia na borda, mostrando numa série de diálogos em que é sutilmente sugerido que eles possuem seus segredos, mas sem nunca revelar quais são. Detalhe importante: esse personagem é interpretado pelo ator Brian Dennehy, um nome muito conhecido para quem curtia cinema nos anos 80. Entre os filmes ícones daquela década ele esteve em "Rambo" e "Cocoon", entre tantos outros. Revê-lo ao lado de James Spader (que interpretava riquinhos de má índole naqueles tempos) não deixa de ser um belo exercício de nostalgia para quem viveu a década de 1980. Por fim, é interessante salientar também que no final do episódio Red decide voltar para sua colaborção com o FBI, afinal de contas a série precisa seguir em frente. Negócios são negócios! / The Blacklist 3.20 - The Artax Network (No. 41) (Estados Unidos, 2016) Direção: Donald E. Thorin Jr / Roteiro:  Jon Bokenkamp, Dawn DeNoon / Elenco: James Spader, Brian Dennehy, Megan Boone, Diego Klattenhoff.

The Blacklist 3. 21 - Susan Hargrave (No. 18) 
Quem é Susan Hargrave? Essa personagem assumirá importância cada vez maior nos episódios seguintes, por isso fique atento a ela. Para a crítica americana ela foi introduzida na série para contrabalancear a saída de Elizabeth Keen. E por falar nela o episódio começa justamente quando Raymond 'Red' Reddington (James Spader) vai atrás de seus assassinos. Na sua investigação descobre a existência de uma empresa que supostamente prestaria serviços de segurança, mas que na verdade faz todo tipo de jogo sujo, inclusive para o governo americano. Um dos melhores momentos do episódio acontece quando Red encontra a CEO, a executiva-chefe dessa empresa. Após um tenso encontro Red resolve colocar fim a tudo, disparando sua pistola. Assista para conferir. / The Blacklist 3. 21 - Susan Hargrave (No. 18) (Estados Unidos, 2016) Direção:  Andrew McCarthy / Roteiro:  Jon Bokenkamp, Vincent Angell / Elenco: James Spader, Famke Janssen, Diego Klattenhoff.

The Blacklist 3.22 - Alexander Kirk (No. 14) 
Penúltimo episódio da terceira temporada. O russo Alexander Kirk é o grande responsável pela morte da agente Keen. Um milionário russo que fez fortuna após a queda da União Soviética. Ele agora investe no tabuleiro político dos Estados Unidos, financiando um senador para concorrer à presidência. Jogo sujo, lavagem de dinheiro. 'Red' Reddington (James Spader) sabe que a melhor forma de atingi-lo é asfixiando suas finanças e assim é feito. Um assalto a banco é arquitetado como cortina de fumaça para a invasão ao sistema da agência onde ele mantém seu dinheiro. Nesse episódio também descobrimos mais coisas sobre Susan Hargrave. Ela é a mãe desconhecida de um dos personagens principais da série, enrolando ainda mais o meio de campo de Blacklist (no Brasil a série recebeu o título de "Lista Negra"). Com tantas reviravoltas não é de se admirar que os roteiristas tenham trabalho em dobro para manter o interesse do público no programa. / The Blacklist 3.22 - Alexander Kirk (No. 14) (Estados Unidos, 2016) Direção: Michael Dinner / Roteiro:  Jon Bokenkamp, Jon Bokenkamp / Elenco: James Spader, Famke Janssen, Ulrich Thomsen, Diego Klattenhoff.

The Blacklist 3.23 - Alexander Kirk (No. 14): Conclusion  
O que aconteceu nesse último episódio de Blacklist? A maior surpresa vem do fato de que a agente Elizabeth Keen (Megan Boone) não está morta! Isso mesmo, acredite se quiser. Quando o episódio começa Raymond 'Red' Reddington (Spader) está firme em sua busca de vingança. Ele quer acabar com a raça de Alexander Kirk, pois o culpa pela morte de Elizabeth. Só que Alexander também tem cartas na manga. Ele decide revidar o ataque, sequestrando a pequena Agnes e seu pai. Só que o episódio está cheio de reviravoltas. Quando o assassino contratado por Alexander está quase colocando as mãos neles, uma surpresa surge no ar. Eles despistam todos e vão para Cuba em uma avião monomotor! Mais estranho ainda, lá encontram finalmente Elizabeth Keen, que está sã e salva. E tudo foi armado pela velha assistente do próprio Red! Enfim, um jogo de traições sem limites! E não fica por aí. Na última cena duas revelações bombásticas. Elizabeth na verdade se chama Masha. É uma russa! E seu pai se revela a ela. Não é Red, como alguns pensavam, mas sim o próprio Alexander Kirk! Ok, agora pode explodir sua cabeça com tantas surpresas! / The Blacklist 3.23 - Alexander Kirk (No. 14): Conclusion (Estados Unidos, 2016) Direção: Bill Roe / Roteiro:  Jon Bokenkamp, Lukas Reiter / Elenco: James Spader, Megan Boone, Diego Klattenhoff.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Penny Dreadful - Terceira Temporada

Penny Dreadful 3.01 - The Day Tennyson Died
Primeiro episódio da nova temporada. É interessante que no final da temporada anterior todos os personagens pareciam ir embora, para sempre. Agora todos estão de volta, de uma forma ou outra. Vanessa Ives (Eva Green) ressurge depois de uma forte depressão que a deixou arrasada. Escondida em sua casa, com muita sujeira e lixo, ela finalmente recomeça a andar. Aos poucos se recuperando, ela começa a frequentar uma terapeuta e conhece um interessante professor de história natural no museu de Londres. Sir Malcolm Murray (Dalton) é outro que parece retornar. Em um continente distante, ele percebe que é chegada a hora de retornar para Londres. Já o Dr. Victor Frankenstein (Harry Treadaway) ressurge para apresentar o novo personagem da série, o Dr. Henry Jekyll (sim, do clássico "O Médico e o Monstro", aqui interpretado pelo ator Shazad Latif em papel de um indiano!). Victor quer sua ajuda para destruir suas "criações"! Outro excelente ponto narrativo surge com Ethan Chandler (Josh Hartnett) que de volta aos Estados Unidos acaba sendo sequestrado por uma quadrilha de bandoleiros, provavelmente a mando de seu pai. O que esses cowboys criminosos nem desconfiam é que estão correndo risco todas as noites, principalmente naquelas com lua cheia. Por fim, na cena final, uma ótima notícia para os fãs da série que desejam a chegada do maior dos vampiros, o Conde Drácula. Ele finalmente surge, mas sem sair das sombras, por enquanto. Tudo o que podemos ouvir é sua voz, imersa nas sombras da noite. Ele quer colocar as mãos em determinadas pessoas e começa a usar seus vassalos para isso. Enfim, gostei bastante desse novo episódio. Trazendo novos personagens clássicos de terror, mantendo o mesmo nível das boas temporadas anteriores. Uma coisa parece certa: vem coisa boa por aí. Só nos resta aguardar. / Penny Dreadful 3.01 - The Day Tennyson Died (Estados Unidos, Inglaterra, 2016) Direção: Damon Thomas /  Roteiro:  John Logan / Elenco: Timothy Dalton, Eva Green, Harry Treadaway, Josh Hartnett.

Penny Dreadful 3.02 - Predators Far and Near 
Esse episódio é vital para compreender essa nova temporada, principalmente pela última cena que revela a verdadeira identidade do Conde Drácula. Pois bem, mas antes disso coisas interessantes acontecem. Ethan Chandler segue prisioneiro no oeste selvagem. Seu pai contratou um bando de criminosos para capturá-lo, só que uma lua cheia acaba ficando bem no meio do caminho. Daí já sabemos: massacre e corpos por todos os lados. Uma das jovens bruxas, da temporada anterior, o segue pelo meio do deserto, revelando uma verdadeira parceria entre as bestas. Enquanto isso Vanessa continua suas sessões de análise. Dessa vez ela resolve contar tudo (ou quase tudo) para sua terapeuta, que grava tudo em uma primitiva máquina de gravação (ainda nos primórdios do gramofone de rolo!). Ao se recuperar Vanessa acaba se interessando verdadeiramente por um culto (e tímido) professor de zoologia do museu de história natural de Londres. Ela inclusive o chama para um encontro e ambos acabam assistindo a uma sessão primitiva de cinema onde o personagem Nemo, de Julio Verne, é a grande estrela. Tudo muito agradável, porém Vanessa, embora enamorada, já começa a sentir os primeiros instintos de que algo não está certo. Por fim o casal formado por Dorian Gray e sua musa salvam uma jovem de um evento brutal e insano onde um bando de ricaços pagam para ver a morte real de uma pessoa inocente. Claro que Gray e sua querida dama acabam matando todos os presentes. Mais um banho de sangue dentro da série, que nessa terceira temporada, ainda está tecendo todos os detalhes de um enredo que aos poucos vai se conectando. / Penny Dreadful 3.02 - Predators Far and Near (Estados Unidos, 2016) Direção: Damon Thomas / Roteiro: John Logan / Elenco: Reeve Carney, Timothy Dalton, Eva Green.

Penny Dreadful 3.03 - Good and Evil Braided Be
E segue a terceira temporada de "Penny Dreadful". Nesse episódio algumas cenas são mais do que interessantes. Vanessa Ives (Eva Green) continua encantada com o charmoso e elegante professor do museu de ciências naturais de Londres, sem nem ao menos desconfiar sobre sua real identidade. O sujeito é o próprio Drácula! Confesso que não gostei muito do ator Christian Camargo que foi escalado para esse papel. Não faz jus ao personagem mitológico. Há uma boa sequência na sala de espelhos de um parque de diversões antigos que me chegou a lembrar de Orson Welles, porém nada muito aprofundado. Já para os que gostam de cenas mais sangrentas há uma orgia celebrada por Dorian Gray (Reeve Carney) e suas súditas. Visceral, mas também impactante. No eixo central da trama também temos ainda a caça em busca de Ethan Chandler (Josh Hartnett). Ele está cruzando o velho oeste americano ao lado de uma das jovens bruxas (da temporada anterior). Apesar de bem realizadas essas cenas ainda não impressionaram muito e nem despontaram como era previsto. Anda me soando como encheção de linguiça. Espero sinceramente que melhorem. E por fim há a descoberta por parte de John Clare de sua antiga família. Com resquicios de mémorias, antes de se tornar a criatura do Dr. Victor Frankenstein, ele finalmente reencontra sua esposa e filho. Essa linha narrativa com certeza promete. / Penny Dreadful 3.03 - Good and Evil Braided Be (Estados Unidos, 2016) Direção: Damon Thomas / Roteiro: John Logan / Elenco: Timothy Dalton, Eva Green, Josh Hartnett.

Penny Dreadful 3.04 - A Blade of Grass  
Em se tratando de "Penny Dreadful" você nunca estará totalmente surpreendido, pois surpresas podem surgir a cada episódio. Veja o caso desse quarto episódio da terceira temporada. Ele é todo passado dentro de um cela de manicômio. É lá que está Vanessa Ives (Eva Green), ou melhor dizendo, é lá que está a mente dela. Ives resolve radicalizar em sua terapia e se submete a uma sessão de hipnose. Isso a leva para os dias em que estava completamente enlouquecida, internada em um hospício. A partir daí, dentro dessa cela com paredes acolchoadas para evitar tentativas de se matar, ela começa a surtar, tendo alucinações, misturando delírio com realidade. Ótimo roteiro, até com toques teatrais. Em cena praticamente temos apenas três atores. Em um primeiro plano Eva Green e Patti LuPone, na sessão de hipnose, e no segundo encontramos Green e Rory Kinnear (como o funcionário da instituição psiquiátrica que lhe serve refeições). Quando Vanessa se recusa a se alimentar ele usa de meios violentos para que ela não morra de inanição e fome. E no roteiro temos um aspecto curioso, com o surgimento do próprio anjo caído e do senhor das criaturas da noite, tentando dominar a alma de Vanessa Ives, que para eles tem um enorme valor espiritual. Quem vencerá esse duelo sobrenatural? Assista ao episódio para conferir. Enfim, um dos melhores episódios dessa temporada, algo pesada, nada sutil ou leve, mas tudo muito bem realizado e interpretado. Excelente. / Penny Dreadful 3.04 - A Blade of Grass (Estados Unidos, 2016) Direção: Toa Fraser / Roteiro: John Logan / Elenco: Eva Green, Timothy Dalton, Rory Kinnear, Patti LuPone, Harry Treadaway, Josh Hartnett / Estúdio: Showtime Networks.

Penny Dreadful 3.09 - The Blessed Dark
A série se encerra aqui, nesse episódio. Três temporadas apenas e nada mais. Os produtores tiveram o bom senso de não saturar o programa, alongando temporada após temporada, apenas para faturar em cima de uma boa audiência. O fato é que algumas tramas não necessitam de muitas e infindáveis temporadas para serem contadas. É melhor ser preciso e eficiente, indo direto ao ponto. De maneira em geral "Penny Dreadful" manteve essa linha, com ótima produção, temporadas pequenas, excelentes roteiros e efeitos especiais que ajudaram a contar o enredo, não tomando o protagonismo. Nesse último episódio temos como destaque (não poderia ser diferente) o foco na personagem Vanessa Ives (Eva Green). Durante toda a série ela transitou entre a luz e as sombras e aqui finalmente encontrou seu destino final. Gostei da resolução, onde a trama ficou sem pontas soltas. Sem dúvida essa série foi acima da média, mantendo ótima qualidade em seus episódios, do primeiro ao último. Uma série de fato primorosa em aspectos técnicos e artísticos. / Penny Dreadful 3.09 - The Blessed Dark (Estados Unidos, 2016) Direção: Paco Cabezas / Roteiro: John Logan / Elenco: Eva Green, Timothy Dalton, Harry Treadaway, Josh Hartnett.

Pablo Aluisio.