Sequência do primeiro filme. Para quem não conhece se trata de uma espécie de prequel de "Harry Potter", mas com enredo relativamente independente. Alguns personagens da saga do bruxo estão aqui, sendo o mais notório deles o professor Dumbledore, na interpretação de Jude Law. Se nos filmes de Potter ele era um velho senhor de longas barbas brancas, mais parecendo o Merlin, aqui ele está bem mais jovem, se envolvendo numa guerra interna do mundo da magia. Acontece que um sujeito chamado Gellert Grindelwald (Johnny Depp) chegou na conclusão de que os bruxos não devem mais viver escondidos, fingindo que seu mundo não existe para os "trouxas" (entende-se as pessoas que não estão envolvidas com magia nesse universo). Pois bem esse revolucionário de varinha quer mesmo tomar o poder, colocando a humanidade para escanteio, assumindo tudo, evitando guerras desnecessárias, procurando pela evolução de todos (pelo menos esses seriam seus argumentos).
No vértice dessa disputa surge um jovem chamado Credence Barebone (Ezra Miller), que parece ter poderes acima da média, um verdadeiro ungido, predestinado. Grindelwald quer ele venha para seu lado, para a sua luta contra as pessoas normais, que ele venha para o lado do mal. Assim caberá a Newt Scamander (Eddie Redmayne), o verdadeiro protagonista do filme, evitar que isso aconteça, viajando de forma ilegal para Paris. Com um personagem principal meio atrapalhado, que vive com a cabeça na lua, cuidando de seus bichinhos mágicos, não é de se admirar que Johnny Depp roube o filme para si. Ele interpreta o vilão Grindelwald que acaba sendo a melhor coisa dessa produção. Depp sempre foi um ator de mão cheia e por isso domina completamente, mesmo não tendo o mesmo espaço que os demais personagens. A verdade é que ele deita e rola em cena por não ter nenhum adversário no quesito atuação. Não se admire se em determinado momento você comece a se identificar com os argumentos de seu personagem. Um óbvio sinal da boa atuação do ator.
Outro aspecto que me chamou a atenção foi o ritmo cadenciado do filme. Em tempos atuais, onde edições nervosas formam a espinha dorsal de muitos filmes, aqui temos algo bem diferente. A estória se desenvolve no seu próprio tempo, sem pressa. Parece até mesmo com narrativas de antigos filmes, onde a trama iria se desenvolvendo com mais paciência, sem atropelos. Isso me deixou bem satisfeito, afinal cenas de ação exageradas já deram o que tinham que dar. Hoje soam desnecessárias, gratuitas, apelativas. Um pouco de sutileza, calma, em se contar uma história é mais do que bem-vindo. Nesse ponto o filme ganha bastante pontos positivos. Sem histerismo, conta seu enredo sem presssa, na calma, sendo ponderado. Pelo visto o diretor David Yates decidiu respeitar o texto original escrito por J.K. Rowling (que também assinou o roteiro). Assim ele procurou trazer para o cinema um pouco do ritmo da literatura. O filme só ganhou com essa bem acertada escolha.
Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald (Fantastic Beasts: The Crimes of Grindelwald, Estados Unidos, Inglaterra, 2018) Direção: David Yates / Roteiro: J.K. Rowling / Elenco: Eddie Redmayne, Johnny Depp, Jude Law, Ezra Miller / Sinopse: Gellert Grindelwald (Depp) é um bruxo renegado do mundo da magia que decide recrutar outros bruxos para colocar seus planos em ação. Ele deseja que o mundo fique sob controle daqueles que possuem o dom da magia. Algo que encontrará resistência entre outros mestres, entre eles o professor Dumbledore.
Pablo Aluísio.
Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald
ResponderExcluirNota: 7.6
Pablo Aluísio.