segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Foxcatcher

John du Pont (Steve Carell) é um milionário excêntrico, herdeiro de um dos maiores grupos industriais dos EUA, que decide formar sua própria equipe de luta olímpica. Assim ele resolve contratar o medalhista de ouro Mark Schultz (Channing Tatum) para fazer parte de seu time. Após construir um moderno ginásio em sua própria propriedade Point decide também contratar o irmão de Mark, David Schultz (Mark Ruffalo), que só aceita o convite após receber uma proposta milionária. O seu objetivo é ganhar a medalha de ouro nas próximas olimpíadas. Isso porém não será muito fácil de conquistar por causa da própria personalidade estranha e errática do ricaço.

Baseado em fatos reais e indicado a cinco categorias no Oscar (Melhor filme, direção, roteiro, maquiagem, ator - Steve Carell - e ator coadjuvante - Mark Ruffalo) esse "Foxcatcher" realmente impressiona por alguns aspectos que o tornam um filme diferente. Ao longo de todo o enredo o espectador começa a perceber que há algo de muito errado com a figura do milionário John du Pont (em ótima interpretação de Steve Carell, aqui deixando as comédias de lado). Ele definitivamente não parece ser uma pessoa muito normal. Nascido em uma das famílias mais ricas da América, criado fora do mundo real, cercado de luxo e riqueza, John demonstra desde sempre estar pouco à vontade com seus lutadores ou com qualquer outra pessoa que venha a ter algum tipo de aproximação maior. Seu sonho é ganhar uma medalha de ouro nas Olimpíadas e para isso não mede esforços financeiros para comprar a tudo e a todos.

Com um discurso apelando para os grandes valores americanos (que soa sempre falso), sua personalidade esconde algo bem sombrio (que por motivos óbvios não iremos revelar nessa breve resenha). Para piorar, apesar de ser já um coroa, ele aparenta ter um medo irracional de sua própria mãe (Vanessa Redgrave), agindo muitas vezes como um adolescente que deseja provar algo aos seus pais. Ela, uma viúva grã-fina e esnobe, que ama cavalos de raça, considera o gosto do filho por esportes de luta algo muito vulgar e grotesco. A trilha sonora incidental mantém o tempo todo o espectador de sobreaviso, pois os temas são tensos e preconizam a chegada de uma grande tragédia no meio daqueles personagens. Steve Carell usa uma pesada maquiagem e consegue desaparecer dentro de seu personagem, uma prova que seu trabalho é digno de todas as indicações e premiações que vem recebendo em vários festivais de cinema mundo afora. Ele personifica de forma brilhante essa pessoa estranha e de comportamento fora dos padrões.

Mark Ruffalo também usa de maquiagem para dar veracidade ao seu papel, a do irmão do personagem Mark, um homem que só quer mesmo criar suas filhas com estabilidade e equilíbrio. Mal sabia ele no que estava se metendo. Esse é aquele tipo de filme que tem uma história tão intrigante (e em certos pontos até inacreditável) que faz com que você depois vá pesquisar na internet sobre o caso real. Foi justamente o que fiz e para minha surpresa acabei descobrindo que o John du Pont da vida real conseguia ser ainda mais louco do que esse que vemos nas telas. Assim deixo a firme recomendação para esse filme. É uma daquela obras cinematográficas realmente imperdíveis.

Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo (Foxcatcher, EUA, 2014) Direção: Bennett Miller / Roteiro: E. Max Frye, Dan Futterman / Elenco: Steve Carell, Channing Tatum, Mark Ruffalo, Vanessa Redgrave / Sinopse: Milionário resolve montar sua própria equipe de luta olímpica. Seu estranho modo de ser e sua personalidade excêntrica porém poderá colocar tudo a perder. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Ator - Drama (Steve Carell) e Melhor Ator Coadjuvante (Mark Ruffalo).

Pablo Aluísio.

Um comentário: