segunda-feira, 4 de junho de 2018

Os Curados

Cada vez mais complicado achar um filme de terror dessa nova safra que seja realmente bom. A maioria dos novos filmes são decepcionantes. Esse "Os Curados" é outra bobagem. Com um roteiro sobre zumbis (o tipo de monstro mais chato que existe), ele tenta inovar um pouco, sem grandes resultados. Bom, o ponto de partido é o de praxe. Um vírus desconhecido se espalha na humanidade. Os infectados viram zumbis, com todo aquele background que já conhecemos bem, aqueles maltrapilhos correndo atrás de cérebros para devorar. Pura rotina. Pois bem, uma cura é encontrada e consegue trazer de volta 75% dos doentes com o vírus. Essas pessoas que ficam boas são chamadas de "os curados". Poderia ser algo bom, mas não, pois eles começam a sofrer preconceito dentro da sociedade. Ninguém consegue confiar neles plenamente. Seria uma metáfora sobre a situação dos imigrantes na Europa atualmente? Penso que sim...

A Ellen Page é uma jovem viúva cujo marido morreu na grande contaminação. Ela recebe seu cunhado, um dos curados. O problema é que ele tem algo a esconder, pois quando infectado participou da morte do próprio irmão, justamente o marido da Page. E assim segue o filme, nesse draminha que pouco convence. A produção é fraca, pobre e sem efeitos visuais. Aliás fazer filme nesse estilo sem os recursos adequados é uma verdadeira cilada, um apocalipse zumbi, porque vai mesmo resultar em um filme ruim. Eu particularmente odeio filmes de zumbis, perdi a paciência sobre esse tipo de produção. A única coisa que me fez assistir a esse filme foi mesmo a presença da atriz Ellen Page cujo trabalho aprecio desde os tempos de "Juno". Bom, se for o seu caso também desista. A Page está apática, sem graça, sem vida. Achei inclusive que ela está envelhecida precocemente. Em um filme fraco como esse, em que nada ajuda, sua presença no elenco se torna apenas um detalhe constrangedor.

Os Curados (The Cured, Irlanda, 2017) Direção: David Freyne / Roteiro: David Freyne / Elenco: Ellen Page, Sam Keeley, Tom Vaughan-Lawlor / Sinopse: Após a proliferação de um vírus que transforma as pessoas infectadas em zumbis, um dos curados pelas novas drogas, volta para casa, para morar com a cunhada e a sobrinha. O problema é que dentro da sociedade surge um preconceito contra esses curados, pois para muitos eles não são de confiança. Haveria uma base de verdade nesse tipo de pensamento?

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de junho de 2018

Mary Shelley

Gostei bastante desse filme. O nome da escritora Mary Shelley está ligado para sempre ao seu livro mais famoso, aquele que a tornou imortal. Ela tinha apenas 18 anos de idade quando escreveu "Frankenstein". Como isso aconteceu? É justamente essa história que o roteiro desse filme conta. Quando o filme começa Mary é apenas uma garota de 16 anos de idade que mora com o pai e os irmãos em Londres. Sua mãe faleceu no parto e seu pai viúvo ganha a vida com dificuldades, vendendo livros em um pequeno negócio. E foi justamente nesse mundo de apertos financeiros e muitos livros ao redor que Mary foi criada.

Ele gostava de livros com histórias de fantasmas. Para desgosto do pai ela ia até um cemitério próximo de sua casa, onde sua mãe estava enterrada, para ler livros de literatura gótica, muito populares na Inglaterra naquela época. Depois de alguns anos seu pai decidiu que ela deveria ir até a Escócia, passar uma temporada por lá. Foi justamente nessa região que ela iria conhecer o amor de sua vida, o poeta Percy Shelley. O filme assim vai mostrando o namoro do casal, a explosão da paixão ao som dos versos do jovem poeta e depois a decepção completa por parte dela ao saber que Percy já era casado, com esposa e filha pequena para criar. Imagine o escândalo que isso provocou.

O filme é focado mesmo na vida pessoal de Mary. Seu conturbado romance com Percy, as dificuldades dos primeiros anos, quando o casal ficou praticamente na miséria, a amizade com o infame e libertino Lord Byron e finalmente a criação da maior obra prima literária da jovem autora, o livro "Frankenstein ou o Moderno Prometeu", publicado pela primeira vez em 1823. Em apenas pouco mais de 200 páginas ela conseguira mudar a literatura de terror para sempre, criando um dos personagens mais famosos da história. O mais importante do filme porém é realmente o resgate da vida sofrida da autora. Uma jovem vitoriana que fez suas escolhas e pagou caro por elas. Conseguiu superar preconceitos, tragédias pessoais e se firmou no mundo da literatura, que na época era bem machista e conservador. Um filme essencial para quem quiser conhecer melhor a trajetória de vida de Mary Shelley e como isso influenciou na criação de sua maior obra prima.

Mary Shelley (Inglaterra, Estados Unidos, 2017) Direção: Haifaa Al-Mansour / Roteiro: Emma Jensen, Haifaa Al-Mansour / Elenco: Elle Fanning, Maisie Williams, Ben Hardy / Sinopse: Aos 16 anos de idade a jovem Mary (Elle Fanning) conhece o poeta Percy Shelley em uma fazenda na Escócia. A aproximação muda a vida dela para sempre. Completamente apaixonada, se entrega de corpo e alma ao poeta, ao mesmo tempo em que enfrenta escândalos, traições e privações pessoais de todas as formas. Filme baseado na história pessoal da escritora Mary Shelley, autora do livro "Frankenstein".

Pablo Aluísio. 

Fahrenheit 451

Não consegui apreciar muito essa nova versão para o clássico livro "Fahrenheit 451". Já havia achado a versão dos anos 60 muito hermética, nada digerível para acompanhar. Essa nova versão ameniza em certo aspectos as premissas do livro, mas mesmo assim não consegue funcionar bem. Se você não se lembra ou não conhece, a trama se passa no futuro, em um Estado autoritário que controla tudo e a todos. Os livros são vistos como produtos perigosos e subversivos. O mesmo vale para filmes, discos e qualquer manifestação cultural. Para eliminar tudo dentro do seio da comunidade existe um grupo de bombeiros que ao invés de apagar incêndios tocam fogo em pilhas e pilhas de livros descobertos nas casas dos elementos rebeldes.

O protagonista é um jovem bombeiro negro que um dia decide levar um livro desses para casa, por mera curiosidade. Assim que começa a ler percebe que em suas páginas são feitas perguntas pertinentes sobre a vida e a sociedade. Isso desperta nele um senso crítico que ele jamais poderia pensar existir em sua mente. Não demora muito e ele entra em crise existencial, ficando abalado na sua rotina de perseguir rebeldes e queimar livros. A produção do canal HBO é um pouco decepcionante. Diria até que a direção de arte do filme original é muito mais interessante que esse remake. Nada há de muito incrível de se ver em termos de efeitos especiais. A profundidade da mensagem do roteiro também é fraca, nunca indo fundo demais nas questões importantes. Assim temos um filme que deixa a desejar. Não empolga e a única coisa boa vem do elenco, pois os atores Michael B. Jordan e principalmente Michael Shannon parecem empenhados em atuar bem. Fora isso nada muito digno de nota.

Fahrenheit 451 (Estados Unidos, 2018) Direção: Ramin Bahrani / Roteiro: Ramin Bahrani / Elenco: Michael B. Jordan, Michael Shannon, Aaron Davis, Cindy Katz / Sinopse: Adaptação para as telas do livro escrito por Ray Bradbury. Em um mundo futurista e autoritário, os livros são considerados nocivos para a sociedade. Para que todos vivam em felicidade eles devem ser queimados. Um membro do pelotão de bombeiros, especializado nessa função, começa a se questionar após levar um exemplar de um livro para casa. Ele passa a se questionar sobre o que faz e sobre as obras de literatura que queima todos os dias.

Pablo Aluísio.

sábado, 2 de junho de 2018

Crimes Obscuros

Provavelmente você cresceu assistindo aos filmes do Jim Carrey. As comédias malucas, onde o ator comediante sempre exagerava nas caretas a cada nova cena. Ele fez muito sucesso nessa linha. Agora, aos 56 anos de idade, ele tem procurado por novos caminhos. Nada de comédias, nada de personagens como o Máscara. Aqui ele interpreta um policial polonês. Após cair em desgraça dentro da corporação ao plantar provas falsas e ser descoberto por isso, ele vê uma chance de recomeçar ao se deparar com um velho caso sem solução. Uma investigação de um rapaz que foi brutalmente assassinado. Envolvido em uma rede de prostituição e masoquismo, acabou sendo morto por um cliente que foi longe demais. O mais intrigante é que mesmo após anos de investigação a polícia nunca conseguira chegar na identidade do assassino. Seria algum figurão intocável?

O tira envelhecido interpretado por Carrey vai juntando as pistas e acaba chegando na figura de um escritor de livros sobre perversão sexual. Nem preciso dizer que as coisas vão se complicando cada vez mais, até chegar em pessoas que estavam acima de qualquer suspeita. Achei o filme bem pesado. Não há lugar para ironias ou tiradas cômicas. Aquele lado da Europa que penou com o comunismo surge cinza, escura, fria e triste. O lugar ideal para degenerados sexuais surgirem para explorar jovens e inocentes garotas. Fica claro desde a primeira cena que Jim Carrey quer provar que pode topar qualquer personagem, qualquer desafio. Sem um pingo de humor o seu investigador policial é um homem sem esperanças. Ficando careca, barrigudo e com um grande barba branca messiânica que em nada lembra seu passado como Clown. Nunca deixa de ser interessante ver Carrey interpretando alguém tão sinistro, mas também fica o gostinho de decepção no ar ao perceber que o filme nunca chega a funcionar muito bem. É um potencial que não se cumpre em seus noventa minutos de duração.

Crimes Obscuros (Dark Crimes, Inglaterra, Estados Unidos, Polônia, 2016) Direção: Alexandros Avranas / Roteiro: Jeremy Brock, baseado em artigo escrito por David Grann / Elenco: Jim Carrey, Charlotte Gainsbourg, Marton Csokas / Sinopse: Veterano investigador, em crise na carreira após ter plantado provas em um caso explorado pela imprensa, vê a grande chance de recuperar seu prestígio como policial ao reabrir um velho caso arquivado de homicídio. As novas pistas o levam até um escritor de romances pornográficos e pervertidos, mas isso parece ser apenas a ponta do iceberg, envolvendo uma extensa rede de prostituição e masoquismo nos porões da cidade.

Pablo Aluísio.

Na Escuridão

Tipicamente aquele caso de filme que começa bem, mas que depois vai decaindo, decaindo... até chegar em um final decepcionante. Quando o filme começa conhecemos a protagonista, uma jovem cega chamada Sofia (Natalie Dormer). Apesar de seu problema ela tenta ter uma vida normal. Todos os dias vai para o trabalho de metrô. Ela é uma pianista talentosa, que atua numa orquestra de sua cidade. A vida vai seguindo em frente até que sua vizinha cai (ou é jogada) de seu apartamento. A polícia logo a interroga, atrás de informações, já que Sofia mora no apartamento de baixo, então se ela tivesse ouvido alguma coisa seria de grande ajuda. Sofia nega, diz que não ouviu nada no dia da morte, mas está mentindo. Pessoas com problemas em alguns dos sentidos acaba desenvolvendo muito bem todos os outros. Ela não vê nada, mas ouviu tudo o que aconteceu. Vira logo uma peça chave na solução do crime.

Assim o que poderia ser um thriller de suspense dos mais interessantes acaba se perdendo bastante quando o roteiro vai se desenvolvendo e percebemos que Sofia nem é a pessoa indefesa e vulnerável que pensamos. Por falar em roteiro ele foi escrito pela própria atriz Natalie Dormer. Assim de nome você provavelmente não vai se lembrar dela, mas se gosta de séries a reconhecerá imediatamente. Ela foi a trágica rainha Ana Bolena em "The Tudors". Mais recentemente esteve em "Game of Thrones" no papel de Margaery Tyrell. Em eventos de cultura nerd ela é sempre muito bem recebida, causando sensação nos fãs da série. Pois bem, nesse filme aqui a fantasia é deixada de lado. No background de tudo está a guerra dos Balcãs, mas revelar mais seria estragar algumas surpresas do roteiro. No geral não achei um grande filme. Ele, como já escrevi, começa bem, apostando numa trama simples, mas se perde ao querer trazer complexidade demais nos eventos que se sucedem. Muitas vezes a simplicidade é o melhor caminho a seguir.

Na Escuridão (In Darkness, Inglaterra, Estados Unidos, 2018) Direção: Anthony Byrne / Roteiro: Anthony Byrne, Natalie Dormer / Elenco: Natalie Dormer, Emily Ratajkowski, Ed Skrein / Sinopse: Sofia (Natalie Dormer) é uma jovem pianista que tenta levar uma vida normal apesar de ser cega. Uma noite sua vizinha do andar de cima cai (ou e é jogada) de seu apartamento e morre. Depois disso Sofia vira alvo da polícia e dos supostos criminosos, todos tentando descobrir o que ela ouviu naquela noite em que tudo aconteceu.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Alien - O Oitavo Passageiro

Esse é o primeiro filme de uma longa franquia de filmes que continua até os dias de hoje. Revendo o filme pude constatar que todos os elementos já estão presentes nesse roteiro que é muito bem feito. Ridley Scott não baixa a guarda, não traz momentos desnecessários, tudo se encaixa perfeitamente bem. O enredo é clássico. Uma nave mineradora chamada Nostromo está retornando para a Terra com toneladas de minério de ferro. É uma espaçonave imensa, mas que para funcionar só precisa de sete tripulantes. Pois bem, durante o retorno o computador de bordo, conhecido como "mãe", resolve acordar antes da hora todos os membros da tripulação que estavam hibernando.

O que estaria acontecendo? Uma mensagem de socorro foi captada, vindo de um planeta desconhecido. Dentro do protocolo espacial é sempre necessário responder a chamadas como essa! Erro fatal. Um parte dos astronautas pousam no planeta e encontram uma estranha nave alienígena. Dentro dela um ser desconhecido, com o peito aberto, como se algo tivesse saído violentamente de lá! Ao sondar o lugar encontram mais coisas estranhas. Ovos, com carapaça de couro, trazendo um estranha forma de vida dentro. Uma sucessão de erros só poderia acabar em uma matança sem igual.

John Hurt é o primeiro a se dar mal. Direto dos ovos uma criatura gruda em seu capacete. Ele fica em coma, mas depois de algum tempo volta ao normal. Nem adianta celebrar, porque justamente na hora da refeição da tripulação o pior acontece. A cena é clássica, com Hurt em agonia, enquanto um alien sai de sua barriga. Apesar dos efeitos analógicos da época estarem envelhecidos, o impacto ainda se mantém presente. Depois disso o monstro está livre. A parte que grudou em seu capacete era apenas uma forma parasitária, que usa o corpo do organismo parasitado, para reproduzir. O verdadeiro predador só surge depois, de dentro do corpo humano. Como eu disse, tudo já está no filme, o design da criatura (que nunca foi mudado), sua fases de reprodução e, é claro, o banho de sangue. Sim, Alien é um filme de ficção, mas também de terror, terror sangrento.

Sigourney Weaver interpreta Ripley. Logo no comecinho do filme ela é apenas uma coadjuvante dentro da tripulação. O verdadeiro comandante é o capitão Dallas. Só que ela logo mostra sua força quando bate de frente com o chefe de ciências, que na verdade é um dos maiores vilões do filme. Afinal nem um ser humano ele é, mas sim um parente próximo dos replicantes de "Blade Runner". Conforme o filme avança, a Ripley vai se tornando mais forte, mais resistente e mais importante dentro dos acontecimentos. O filme é dela, mas o diretor a deixou numa certa sombra até o momento certo. Toque de mestre. Assim Alien não perdeu seu charme inicial, mesmo sabendo que ele foi lançado há muito tempo, em 1978. O suspense e a forma como Ridley Scott conta sua história é o grande diferencial. Não é à toa que esse é considerado por muitos o melhor filme da série. Eu não ousaria discordar dessa opinião.

Pablo Aluísio.

Caçadores de Emoção: Além do Limite

Não se trata de um remake e nem tampouco de uma continuação do primeiro filme. Na realidade isso tudo se resume na tentativa do estúdio em transformar esse novo filme no pontapé inicial de uma nova franquia de filmes de ação. Bom, se você tem mais de 40 anos de idade vai lembrar do primeiro filme, lá de 1991. Keanu Reeves era um jovem agente do FBI que se infiltrava numa galera amante de esportes radicais. O líder deles era um saudável surfista interpretado por Patrick Swayze. Embora com roteiro básico o filme pode ser considerado facilmente como um dos melhores de ação daquela década. Tudo bem contrabalanceado em termos de cenas envolvendo esportes radicais. As cenas de roubo a bancos também não deixavam a desejar. Tudo muito bom para falar a verdade. Bons tempos.

O tempo passou e os produtores viram que a ideia daquele filme de 91 poderia servir como arco para uma nova série ou um novo filme. Escolheram pelo segundo. Essa segunda produção tem ótimas cenas de ação, envolvendo novamente esportes radicais, inclusive algumas modalidades que nem existiam nos anos 90, entre elas aquele estranho (e suicida) esporte onde os praticantes pulam de alturas absurdas usando apenas uma roupa especial para literalmente voar por aí. Não é uma boa ideia, recentemente vários praticantes morreram praticando esse tal de Wingsuit; A não ser que você queira brincar com sua vida não faça o que se vê na tela. Aliás se tem alguém que merece todos os elogios são os dublês desse novo filme. Sem astros conhecidos, sem ter um roteiro que difere do primeiro filme e com uma direção apenas OK, o que se destaca mesmo nesse novo filme são os dublês. Claro que nem tudo foi feito por eles - nas cenas mais perigosas o uso da computação gráfica se torna óbvia - mas o trabalho da equipe de dublês dessa produção merece todo o destaque. O filme só existe por causa deles e se mantém algum interesse é justamente pelo trabalho que desenvolveram, arriscando suas vidas em praticamente todas as tomadas. 

Caçadores de Emoção: Além do Limite (Point Break, Estados Unidos, 2015) Direção: Ericson Core / Roteiro: Kurt Wimmer, Rick King / Elenco: Edgar Ramírez, Luke Bracey, Ray Winstone / Sinopse: Após um roubo milionário e uma fuga espetacular.onde os criminosos pulam de um prédio de 100 andares, o FBI chega na conclusão que esse tipo de assaltante só poderia ser um expert em esportes radicais. Por isso infiltra um de seus mais jovens agentes, para descobrir a identidade de cada um dos membros da quadrilha. Filme indicado ao prêmio World Stunt Awards, o Oscar dos dublês.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

O Príncipe Encantado

Título no Brasil: O Príncipe Encantado
Título Original: The Prince and The Showgirl
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Warner Bros
Direção: Laurence Olivier
Roteiro: Terence Rattigan
Elenco: Laurence Olivier, Marilyn Monroe, Sybil Thorndike, Jeremy Spenser, Gladys Henson, Charles Victor
  
Sinopse:
O Grã-duque Charles (Laurence Olivier), nobre regente da elegante, rica e fina Capadócia, acaba conhecendo casualmente a jovem corista Elsie (Marilyn Monroe). Inicialmente ele se percebe intrigado com o jeito despojado, mas bem autêntico, da bela americana. Intrigado por ela e sua personalidade singular ele a convida para um jantar, algo que acabará trazendo inúmeras consequências inesperadas para ambos durante os dias seguintes. Filme indicado ao BAFTA Awards nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Laurence Olivier), Melhor Atriz (Marilyn Monroe) e Melhor Roteiro. 

Comentários:
Essa sinopse não esconde a verdadeira vocação de "O Príncipe Encantado". É um texto teatral e o filme não nega sua origem. Grande parte das cenas se passa em ambiente fechado e em cena duelam (no bom sentindo) o formalismo profissional de Laurence Olivier e o adorável amadorismo de Marilyn Monroe. Os acontecimentos de bastidores, das filmagens, há anos povoam o imaginário dos cinéfilos. Marilyn, como era de se esperar, causou todo tipo de problemas para Olivier, tantos que essa conturbada filmagem acabou virando um filme próprio que recebeu várias indicações ao Oscar chamado "My Week With Marilyn". As histórias do set são saborosas, mas e o filme? Sim, é uma boa comédia, muito bem produzida com lindos figurinos, cenários, muita pompa e luxo. Marilyn Monroe está encantadora. Apesar dos problemas de saúde ela surge em cena linda e aparentando muita saúde (o que me deixou surpreso).

No saldo final considerei a atuação de Marilyn Monroe muito superior à de Laurence Olivier, esse está particularmente travado na interpretação do nobre regente dos balcãs. Já Monroe não, está natural, espontânea, divertida e até sensual. Não causa admiração a declaração que Laurence Olivier fez muitos anos depois da realização do filme reconhecendo que Marilyn estava ótima em "O Príncipe Encantado". Ele disse: "Durante as filmagens fiquei com a impressão que Marilyn estava péssima. Quando assisti as cenas fiquei admirado com o resultado. Marilyn estava maravilhosa. Ela tinha um caso de amor com a câmera!". Concordo plenamente com sua opinião. Aliás se tem algo que prejudica o filme é justamente a mão pesada do diretor Olivier. Ele demonstra claramente não ter o timing perfeito para Marilyn. O filme se alonga além do que seria razoável e tem barrigas (quebras de ritmo que o levam a certos momentos de monotonia). Pra falar a verdade quem salvou a produção foi realmente Marilyn que em muitos momentos simplesmente carrega o filme nas costas. Quem diria que a amadora Monroe daria uma rasteira no grande Laurence Olivier? Pois deu, e foi em "O Príncipe Encantado". O filme é dela no final das contas. Assista e confira!

Pablo Aluísio.

Eu Vi Que Foi Você

Título no Brasil: Eu Vi Que Foi Você
Título Original: I Saw What You Did
Ano de Produção: 1965
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: William Castle
Roteiro: William P. McGivern, Ursula Curtiss
Elenco: Joan Crawford, John Ireland, Leif Erickson
  
Sinopse:
Duas adolescentes ficam em casa cuidando da irmã mais jovem de uma delas enquanto seus pais vão jantar fora. Para passar o tempo elas decidem dar trotes usando os números de telefone que encontram a esmo numa lista telefônica. A brincadeira consiste em ligar aleatoriamente para as pessoas dizendo a frase: "Eu sei o que você fez e eu sei quem você é!". Numa das ligações elas acabam ligando para um sujeito que acabou de matar sua esposa a facadas. A partir daí o assassino decide ir atrás delas pensando que as jovens sabem mesmo sobre seu crime.

Comentários:
Suspense produzido e dirigido por William Castle, um realizador que ficou bem famoso em Hollywood por causa das inúmeras fitas de terror que produziu. Aqui ele brinca com essa boa ideia envolvendo duas adolescentes bem bobinhas que acabam pagando caro por uma brincadeira que fazem após seus pais saírem para um jantar de negócios. O roteiro é bem simples, mas bem bolado. Uma ideia que seria reciclada muitos anos depois numa série de filmes ao estilo "Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado". Em termos de elenco o destaque vai para a presença da veterana atriz Joan Crawford aqui em seu último filme americano. Com a idade os convites foram ficando cada vez mais raros até que chegou ao ponto em que ela teve que ir para a Europa para continuar trabalhando pois já não recebia mais propostas de Hollywood. Nesse personagem de despedida ela interpreta uma mulher mais velha, solitária e desesperada para conquistar seu vizinho que por acaso é o sujeito que acabou de esfaquear a esposa e que sem querer acaba virando alvo dos trotes das garotas.  William Castle, que não era bobo nem nada, até tentou repetir a famosa cena do chuveiro de "Psicose", sem porém o mesmo impacto. De qualquer maneira é um suspense eficiente que mantém o interesse do espectador até o fim.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Gata em Teto de Zinco Quente

Título no Brasil: Gata em Teto de Zinco Quente
Título Original: Cat on a Hot Tin Roof
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Richard Brooks
Roteiro: James Poe, Richard Brooks
Elenco: Elizabeth Taylor, Paul Newman, Burl Ives, Jack Carson, Judith Anderson, Madeleine Sherwood
  
Sinopse:
Com roteiro baseado na peça "Cat on a Hot Tin Roof" de Tennessee Williams, o filme narra o complicado relacionamento entre a jovem Maggie (Elizabeth Taylor) e seu marido Brick Pollitt (Paul Newman). O casamento de ambos está em frangalhos, principalmente por causa do distanciamento que cresce a cada dia entre eles. Para piorar Brick se sente oprimido por viver em uma velha e tradicional casa do sul dos Estados Unidos dominada por um rico proprietário à moda antiga. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Paul Newman), Melhor Atriz (Elizabeth Taylor), Melhor Direção (Richard Brooks), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Fotografia (William H. Daniels). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Direção.

Comentários:
O filme foi roteirizado pelo diretor Richard Brooks. Se formos analisar bem sua carreira veremos que ele sempre foi mais um roteirista do que propriamente um diretor. Pois bem, embora Tennessee Williams tenha reclamado de algumas mudanças em seu texto original, temos que convir que o roteiro em si é muito bem escrito e trabalhado, deixando o filme com ótimo ritmo, fugindo da armadilha de o deixar teatral demais.. Penso que os textos de autoria do grande Tennessee Williams eram perigosos ao serem adaptados ao cinema, pois poderiam deixar qualquer filme pesado ou com aspecto de teatro filmado, o que não seria adequado pois artes diferenciadas exigem também adaptações diferentes. Nem sempre o que é adequado ao teatro consegue ser satisfatório na tela. Em "Gata em Teto de Zinco Quente" isso definitivamente não acontece e o espectador ao final da exibição terá a certeza de que assistiu a um grande filme, cinema puro. A produção é elegante, acima de tudo. O enredo se passa todo dentro de um grande casarão que é sede de uma fazendo de algodão no sul dos EUA. Embora isso possa parecer tedioso, não é. Hoje a MGM está à beira da falência, mas naquela época não economizava no bom gosto, como bem podemos comprovar aqui. A fazenda tipicamente sulista, o bonito figurino (especialmente de Liz Taylor) e a fotografia inspirada confirmam a elegância da película.
 
A grande força do filme porém vem de seu elenco maravilhoso. Elizabeth Taylor está linda e talentosa, dominando a cena. Ela  esbanja naturalidade e carisma em cada momento que surge na tela. Paul Newman, que passa o tempo todo de muletas e engessado, também demonstra muito talento no papel de Brick Pollitt, talvez o único personagem com algum valor moral dentro daquela casa. O curioso é que mesmo atores com escolas diferentes (com Newman vindo do teatro e Liz sendo basicamente uma atriz de cinema) conseguem se entender extremamente bem em cena. Sua química salta aos olhos, mesmo Paul Newman interpretando um marido que diante de tantos problemas negligencia sua bela e jovem esposa. Do elenco de apoio tenho que destacar primeiramente Burl Ives (Big Daddy, ótimo em sua caracterização de um homem que não conseguiu passar afeto aos seus familiares durante toda a sua vida) e Madeleine Sherwood (que faz a insuportável Mae Pollitt). Dentre as várias excelentes cenas destacaria aquela que se passa entre Newman e Ives no porão quando em tom de nostalgia Big Daddy se recorda de seu falecido pai, um mero vagabundo. Ali ele se mostra totalmente, sem máscaras, o que de certa maneira também serve para revelar a verdadeira face de sua família. Ótimo momento no quesito atuação. Enfim temos aqui um dos maiores clássicos da era de ouro de Hollywood, com dois de seus grandes astros em plena forma pessoal e dramática. Um filme mais do que clássico, absoluto.

Pablo Aluísio.

Disque Butterfield 8

Título no Brasil: Disque Butterfield 8
Título Original: Butterfield 8
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Daniel Mann
Roteiro: John O'Hara, Charles Schnee
Elenco: Elizabeth Taylor, Laurence Harvey, Eddie Fisher
  
Sinopse:
Gloria Wandrous (Elizabeth Taylor) é uma bonita e sensual mulher que esconde um aspecto de sua vida pois trabalha como call girl (garota de programa de luxo) para completar sua renda. Praticamente ninguém de seu círculo social sabe disso. Sua vida muda completamente quando resolve se envolver com um homem casado, o que lhe trará inúmeros problemas pessoais. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Atriz (Elizabeth Taylor). Também indicado na categoria de Melhor Fotografia (Joseph Ruttenberg e Charles Harten). Indicado ainda ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Drama (Elizabeth Taylor).

Comentários:
Esse filme é uma grata surpresa por vários motivos. Primeiro por seu tema. O roteiro enfoca a vida de uma call girl (expressão antiga para designar aquilo que você está pensando mesmo, uma espécie de prostituta de luxo) interpretada com muita sensualidade, luxúria e decadência por Liz Taylor. Pensar que um filme assim foi realizado no começo dos anos 60 já é um feito e tanto. É preciso entender que a primeira metade daquela década foi a época em que comédias românticas bobinhas com Doris Day estavam na moda e nada é mais longe daquela ingenuidade do que esse Butterfield com Elizabeth Taylor. Seu personagem mora com a mãe, que finge não saber o que ela faz. Ao se envolver com um homem casado, Gloria (Liz Taylor) tenta reabilitar sua vida que está fora dos eixos desde a morte precoce do pai. O filme não tem a profundidade daqueles que foram baseados em peças escritas por Tennessee Williams e nem é tão bem desenvolvido como "Gata em Teto de Zinco Quente", por exemplo, mas compensa isso com diálogos inteligentes recheados de duplo sentido. Aliás o cinismo do filme é um dos atrativos do roteiro.

A prostituta Gloria sabe o que é e brinca com o fato. A cena inicial do filme, um longo plano sequência com ela se levantando após uma noite de aventuras com um homem casado é um primor de naturalismo no cinema. Eu acredito que Liz realizou esse filme em resposta ao escândalo de seu envolvimento com o marido de Debbie Reynolds, o cantor Eddie Fisher (que inclusive está no filme). Como ela foi xingada bastante de vagabunda pela imprensa e pelo público em geral, então resolveu interpretar uma personagem assim no cinema! O resultado é ótimo e ela levou seu primeiro Oscar (que dizem ter sido de consolação pois ela enfrentava sérios problemas de saúde na época, a ponto de muitos dizerem que não iria longe!). Mas isso é o de menos. Assista "Butterfield 8" e entenda porque ela foi uma das grandes divas da história do cinema americano.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Morte Sobre o Nilo

Título no Brasil: Morte Sobre o Nilo
Título Original: Death on the Nile
Ano de Produção: 1978
País: Inglaterra
Estúdio: EMI Films
Direção: John Guillermin
Roteiro: Anthony Shaffer
Elenco: Peter Ustinov, Bette Davis, David Niven, Mia Farrow, George Kennedy, Angela Lansbury, Maggie Smith, Jack Warden
  
Sinopse:
Baseado no famoso livro "Death on the Nile" da escritora Agatha Christie, publicado em 1937. No enredo um grupo de turistas em uma exótica viagem pelo Rio Nilo, no Egito, descobre que há um assassino entre eles, após a morte misteriosa de um dos viajantes. O inspetor Hercule Poirot (Peter Ustinov) decide então desvendar o caso e acaba descobrindo, para sua surpresa, que todos os que fazem parte daquele cruzeiro parecem ter algum motivo para o crime. Mas afinal de contas quem seria o verdadeiro assassino? Filme vencedor do Oscar e do BAFTA Awards na categoria de Melhor Figurino (Anthony Powell). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.

Comentários:
Assim como os livros de James Bond os livros escritos por Agatha Christie seguiam uma fórmula básica. No caso dessa autora ela geralmente reunia várias pessoas suspeitas em um ambiente fechado (como um barco ou trem) e colocava o leitor na situação de tentar descobrir quem seria o assassino de um crime misteriosamente cometido. É exatamente isso que temos aqui nesse "Morte sobre o Nilo". Vários personagens se tornam suspeitos da morte de uma rica herdeira que misteriosamente é morta durante um cruzeiro turístico pelo Egito. O filme em si é muito interessante, tem ótimas cenas externas (filmadas no templo de Karnak e nas pirâmides de Gizé) e um elenco de encher os olhos de qualquer cinéfilo. Na tela desfilam veteranos da era de ouro do cinema americano, muitos deles em suas últimas aparições, o que não deixa de ser duplamente interessante para quem ama a sétima arte. O destaque obviamente vai para o grande ator Peter Ustinov que aqui interpreta um dos personagens mais famosos da escritora, o inspetor excêntrico Hercule Poirot (que todos pensam ser francês, mas que que seria belga na verdade). Ustinov domina a cena, tentando descobrir quem teria cometido o crime. Nunca assisti uma atuação fraca de Ustinov em toda a sua carreira e aqui não seria exceção. Ao lado dele, o auxiliando, temos outro grande ator, David Niven. Já envelhecido, prestes a se aposentar, o ator ainda tinha uma bela presença de cena. Classe, elegância e uma fina ironia se tornaram suas marcas registradas. Entre as atrizes o filme traz uma coleção estelar, com Mia Farrow fazendo mais uma personagem perturbada e a grande diva Bette Davis, discreta, elegante e atuando ao lado da também excelente Maggie Smith, brilhando como nunca. Enfim, só pela oportunidade de ver tanta gente talentosa junta já vale a existência do filme. Assista, se divirta e tente descobrir o quebra cabeça da trama.

Pablo Aluísio.

Sob o Céu da China

Título no Brasil: Sob o Céu da China
Título Original: China Sky
Ano de Produção: 1945
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: Ray Enright
Roteiro: Brenda Weisberg, Joseph Hoffman, baseados na obra de Pearl S. Buck
Elenco: Randolph Scott, Ruth Warrick, Ellen Drew, Anthony Quinn, Carol Thurston, Benson Fong

Sinopse: 
Dr. Gray Thompson (Randolph Scott) e a Dra. Sara Durand (Ruth Warrick) são médicos missionários em um hospital na China. Seu trabalho consiste em ajudar a população carente da região. Os tempos porém são conturbados e eles precisam retornar para os Estados Unidos após a invasão japonesa na China. Gray e Sara acabam se apaixonando na cidade chinesa mas o romance não se concretiza. De volta ao seu país o Dr Gray resolve se casar com a bela Louise mas seu coração continua dividido pois ele ainda ama secretamente a doce Sarah.

Comentários:
Mais um interessante filme de Randolph Scott fora do gênero western. Aqui ele interpreta um médico missionário que vai até uma cidade muito pobre e miserável da China para ajudar a população local. Seu trabalho de caridade e ajuda ao próximo é interrompido com a chegada das brutais tropas japonesas. Randolph Scott está perfeito na pele do Dr. Gray Thompson, um homem cheio de boas intenções que é traído por seus sentimentos pois não consegue se decidir completamente com quem ficar, pois parece amar duas mulheres maravilhosas na mesma proporção. O roteiro consegue mesclar muito bem aventura, romance e guerra. As tropas japonesas que tentam invadir a China são retratadas da pior forma possível, o que chegou a chocar o público americano na época. Não se pode esquecer que apesar dos americanos estarem em guerra com o Japão na ocasião, as atrocidades japonesas contra a população civil chinesa ainda eram pouco conhecidas do grande público na América. Como era impossível filmar algo na China naqueles tempos conturbados a RKO usou bastante da técnica conhecida como back projection nessa película. O resultado não deixa de ser muito bom, considerando as limitações técnicas daqueles tempos. Enfim, mais um bom exemplar da série "Randolph Scott deixa o velho oeste e vai à guerra"

Pablo Aluísio.

terça-feira, 22 de maio de 2018

Sublime Obsessão

Título no Brasil: Sublime Obsessão
Título Original: Magnificent Obsession
Ano de Produção: 1954
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Douglas Sirk
Roteiro: Lloyd C. Douglas, Robert Blees
Elenco: Jane Wyman, Rock Hudson, Agnes Moorehead, Otto Kruger, Barbara Rush, Gregg Palmer
  
Sinopse:
Bob Merrick (Rock Hudson) é um playboy milionário despreocupado com a vida que só pensa em se divertir ao lado de seus amigos e mulheres deslumbrantes. A vida mais parece uma festa para ele. Durante uma de suas extravagantes diversões ele acaba causando um sério acidente que faz uma vítima inesperada. A vida da pobre mulher praticamente acaba por causa das sequelas do ocorrido. Para compensar sua culpa e tentar restaurar a saúde dela, Bob decide estudar, entrando numa faculdade de medicina. Uma vez formado se torna um especialista que tentará de tudo para curá-la. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Atriz (Jane Wyman).

Comentários:
O filme é um drama tipicamente dos anos 1950. Sob um ponto de vista atual o espectador provavelmente achará tudo muito melodramático e pesado, sem nenhum traço de qualquer tipo de fina ironia ou suavidade. O argumento assim não relativiza para o espectador, mantendo tudo em um nível bem dramático. Essa característica porém não pode ser vista como algo negativo. Na verdade o cineasta Douglas Sirk era um mestre nesse tipo de enredo (cujo roteiro foi baseado em um livro muito popular na época, escrito pelo romancista Lloyd C. Douglas). Ele foi subestimado em vida, porém ultimamente sua obra tem sido objeto de intensa revisão nos Estados Unidos, onde seu prestígio só cresceu com o passar dos anos. Além de talentoso diretor também era muito eficiente para revelar grandes estrelas. Foi o que aconteceu com o ainda pouco conhecido Rock Hudson. Esse foi o filme que o transformou definitivamente em um astro. Fez grande sucesso de bilheteria e mostrou para a Universal que ele tinha capacidade de atrair o público aos cinemas. O mais curioso é que ele só foi escalado porque a Universal estava com problemas financeiros e não tinha dinheiro para contratar um ator do primeiro time de Hollywood, assim teve que se contentar com a chamada "prata da casa" (Hudson era ator contratado da Universal, foi treinado e feito dentro do próprio estúdio, tudo ao estilo do antigo "Star System").

Devo dizer que a atuação de Rock no filme é apenas mediana. Ele, nessa época, ainda não era um grande ator, mas simplesmente um galã, que se saía muito melhor em filmes mais leves como as comédias românticas que rodou ao lado de Doris Day. Aqui, principalmente nas cenas mais tensas, faltou um pouco mais de talento e experiência. Já a atriz Jane Wyman (primeira esposa do presidente Ronald Reagan) também não surpreende muito, embora grande parte da carga dramática possa lhe ser creditada (ela literalmente segura o filme nas costas em vários momentos). Confesso que esperava mais de sua interpretação pelo fato dela ter sido indicada ao Oscar. Na maioria das cenas ela se limita a fazer o papel de uma personagem muito piedosa e também sofrida. Apesar da dupla central não estar à altura do que o roteiro exige, o filme não deixa de ser interessante. Para falar a verdade é bem didático assistir filmes antigos assim pois nos anos 1950 ainda era possível realizar produções como essa, sem nenhum traço do cinismo que hoje impera na sociedade. Se você gosta da cultura vintage fique à vontade para curtir "Sublime Obsessão" em toda a sua plenitude.

Pablo Aluísio.

A Queda do Império Romano

Título no Brasil: A Queda do Império Romano
Título Original: The Fall of the Roman Empire
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos, Itália
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Anthony Mann
Roteiro: Ben Barzman, Basilio Franchina
Elenco: Alec Guiness, Sophia Loren, Christopher Plummer, Omar Sharif, James Mason, Stephen Boyd

Sinopse:
Maior império que o mundo já conheceu, o Império Romano começa a entrar em colapso por causa de problemas internos ao qual o filme explora muito bem: invasões de povos bárbaros, corrupção, brigas internas, politicagem e um Imperador frívolo que negligencia a administração do Império em razão de sua obsessão por lutas de gladiadores. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Trilha Sonora (Dimitri Tiomkin). Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor trilha sonora original incidental (Dimitri Tiomkin).

Comentários:
Belo filme épico! Esse "A Queda do Império Romano" tem uma das mais ricas produções que já vi. Na época não existia possibilidade de fazer nada virtual, tudo tinha que realmente existir. Assim tudo o que se vê na tela é real e impressiona o espectador!. São multidões de figurantes em cena. Acredito que seja o filme com o maior número de figurantes da história, cenários maravilhosos, figurinos deslumbrantes e tudo o que não poderia faltar em um filme épico como esse. Como produção o filme é realmente nota dez. Bonito de se ver, traz alguns problemas pontuais. Acredito que o diretor Anthony Mann se perdeu com o tamanho da produção. O filme tem três horas de duração, mas o enredo fica disperso, sem foco. Mesmo com todo esse tempo ele não conseguiu contar direito a sua história. Em muitos momentos se percebe que a direção está mais preocupada em explorar os cenários luxuosos do que investir nos personagens do filme. Na minha opinião esse é o típico caso em que a direção foi engolida pela produção do filme. Muito luxo e beleza, porém pouco trabalho de direção para os personagens que desfilam pela tela. Nenhum deles chega a ser bem desenvolvido, infelizmente.

O contraste é que não faltaram bons atores para os papéis principais. O elenco apresenta por isso altos e baixos. Entre as interpretações de grande categoria o filme traz Alec Guiness, perfeito na pele do Imperador Marco Aurélio. Suas cenas são excelentes, inclusive um inspirado monólogo de grande impacto. Christopher Plummer como o Imperador Comodus também está acima da média. Já do lado ruim no quesito de elenco temos uma Sophia Loren muito bonita, mas canastrona até o último fio de cabelo encaracolado e um Livius (o mocinho do filme) muito inexpressivo, interpretado por um apagado Stephen Boyd. Ele é tão sem graça que quase coloca todo o filme a perder. E pensar que esse papel seria do grande Charlton Heston. Por fim temos um roteiro que não consegue dar conta de um período histórico tão complexo e cheio de detalhes importantes. O texto toma grandes liberdades com a história real dos imperadores retratados no filme. Certamente não é historicamente correto e acredito inclusive que essa nunca foi a intenção dos roteiristas. Muita coisa se perdeu em nome de uma dramaticidade maior nos momentos mais importantes do filme. De qualquer forma consegue, aos trancos e barrancos, prender a atenção do espectador.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Mares da China

Título no Brasil: Mares da China
Título Original: China Seas
Ano de Produção: 1935
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Tay Garnett
Roteiro: Jules Furthman, James Kevin McGuinness
Elenco: Clark Gable, Jean Harlow, Wallace Beery, Lewis Stone
  
Sinopse:
Alan Gaskell (Clark Gable) é um capitão da marinha mercante que tem que lidar com vários problemas entre sua tripulação. Além das adversidades naturais de uma jornada pelos revoltos mares do oriente ele ainda precisa lidar com os caprichos e ataques de imaturidade de uma jovem americana a bordo, a elétrica e espevitada China Doll (Jean Harlow), uma mulher de gênio forte que insiste a todo custo em ter um caso amoroso com ele. Filme indicado ao Venice Film Festival na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.

Comentários:
De certa maneira "Mares da China" se propõe a ser uma diversão leve e bem humorada, mostrando as idas e vindas de um improvável casal durante uma jornada pelos mares do sul da Ásia. Assim o filme procura misturar vários gêneros em um só! Tem romance, aventura, comédia e drama, tudo em doses certas. O roteiro explora o lado galã de Clark Gable. Ele interpreta um capitão boa pinta que é disputado por duas beldades durante uma viagem de Hong Kong a Cingapura. Embora isso possa parecer meloso não é o que ocorre. O filme tem um timing de humor, principalmente nos diálogos entre Gable e Jean Harlow. Essa última é um caso à parte. Considerada a musa inspiradora de Marilyn Monroe, Harlow (que faleceu bastante jovem) tinha um visual exagerado que para os padrões atuais pode ser considerado um pouco esquisito. Com cabelos platinados e forte maquiagem ao redor dos olhos, ela tinha um talento cômico bem acentuado, que transparece bem nas cenas desse filme (algo que também seria seguido por sua mais devotada seguidora, a própria Marilyn Monroe, que confessaria anos mais tarde que tinha assistido a todos os seus filmes na adolescência).

Outro destaque do elenco é a presença da atriz Hattie McDaniel, que quatro anos depois faria "E O Vento Levou" e venceria o Oscar na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante. Ela seria a primeira atriz negra na história a vencer o mais importante prêmio do cinema americano. Foi justamente nas filmagens desse filme que ela se tornaria grande amiga de Clark Gable que a indicaria depois para participar do grande épico que marcou toda uma geração. Tecnicamente o filme é bem realizado, principalmente para a época em que foi feito. Há uma boa cena envolvendo um grande tufão que se transformou em um verdadeiro desafio para os especialistas em efeitos especiais do estúdio. O curioso é que mesmo passado tanto tempo essa sequência em nada fica a dever com o que vemos nas telas hoje em dia. Isso demonstra acima de tudo o grande nível técnico que o cinema americano já possuía naqueles tempos. No mais é uma película muito recomendada para quem gosta também  da história do cinema pois não é sempre que temos a oportunidade de vermos dois monstros consagrados da sétima arte (como Gable e Harlow) atuando juntos. Em suma, "Mares da China" é divertido e procura ser bom entretenimento, além de seu inegável valor histórico nos dias de hoje. Vale a pena conhecer e assistir nem que seja por mera curiosidade.

Pablo Aluísio.

A Mulher Parisiense dos Cabelos de Fogo

Título no Brasil: A Mulher Parisiense dos Cabelos de Fogo
Título Original: Red-Headed Woman
Ano de Produção: 1932
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Jack Conway
Roteiro: Anita Loos
Elenco: Jean Harlow, Chester Morris, Lewis Stone, Leila Hyams, Una Merkel, Henry Stephenson

Sinopse:
Roteiro baseado no romance escrito por Katharine Brush. Lil Andrews (Jean Harlow) é uma francesa morando em Nova Iorque. Ela é aparentemente uma mulher irresistível. Faz um homem casado largar o casamento para ficar com ela - sem muito sucesso! Seduz um empresário para ter acesso a rodas exclusivas da sociedade e por fim se apaixona por um simples motorista.

Comentários:
Um filme com uma personagem principal forte, cheia de atitude, algo até bem raro nos anos 30, esse filme chama a atenção não apenas pelo estranho título nacional "A Mulher Parisiense dos Cabelos de Fogo" (teria sido mais fácil apenas chamar de "A Mulher Ruiva"), mas também pela presença sempre interessante da atriz Jean Harlow. Ela foi uma das estrelas mais populares do cinema americano em sua época e morreu muito jovem, cinco anos depois da realização dessa produção. Loira platinada, precisou se virar para fazer jus ao título e à cor de cabelos de sua personagem. No geral é um bom filme, embora bem envelhecido pelos anos passados (lá se vão mais de 80 anos de seu lançamento original!). De qualquer forma é uma boa indicação para quem estiver curioso em conhecer os filmes dos anos 30, em especial os que foram dirigidos pelo cineasta Jack Conway.

Pablo Aluísio.

domingo, 20 de maio de 2018

O Pistoleiro

Título no Brasil: O Pistoleiro
Título Original: The Stranger Wore a Gun
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: André De Toth
Roteiro: Kenneth Gamet, John W. Cunningham
Elenco: Randolph Scott, Lee Marvin, Ernst Borgnine, Claire Trevor
  
Sinopse:
"O Pistoleiro" conta a história de Jeff Travis (Randolph Scott), um renegado da Guerra Civil que para escapar da forca do exército ianque foge para uma pequena cidade do oeste com um nome falso. Lá se envolve com um grupo de assaltantes de diligências. Ao mesmo tempo em que planeja o roubo de cargas de ouro se enamora pela filha do dono da empresa de transportes, a bela Josie (Claire Trevor). Seu maior segredo porém está prestes a ser revelado por um passado que não lhe deixa em paz.

Comentários:
Mais uma produção bancada pelo próprio Randolph Scott. Curioso é que em pleno auge do chamado Star System (onde os atores eram quase escravos dos estúdios) Scott tenha trilhado um caminho próprio, produzindo seus próprios filmes e depois os negociando com os estúdios para distribuição (o que também aconteceu aqui com "O Pistoleiro" que acabou sendo lançado pela Columbia Pictures). E como empresário do ramo cinematográfico o ator também teve um visão e tanto. Muitos anos antes da popularização da técnica 3D ele viu potencial nessa nova tecnologia e resolveu investir nela. De fato "The Stranger Wore a Gun" foi um dos primeiros filmes em terceira dimensão lançados no grande circuito comercial. Claro que na época tudo ainda era muito rudimentar, porém Scott foi um verdadeiro visionário sobre essa questão. Assistindo ao faroeste hoje em dia você perceberá que há várias cenas feitas justamente para realçar a nova técnica nas salas de cinema. Numa delas Scott lança sua arma em direção à câmera - tudo para impressionar o público. No trailer o ator aparecia sério e complementado tentando explicar o que era o 3D para a plateia.

Além dessa inovação o roteiro também trazia novidades. O personagem de Scott é curioso. Nem é um mocinho de filmes típico de westerns e nem é um vilão assumido, pois tem consciência e sente quando injustiças são cometidas. O interessante é que o ponto de partida dessa produção é a mesma de um filme de Audie Murphy chamado "Kansas Raiders" que assisti recentemente. Tanto o personagem de Scott como o de Murphy fazem parte do bando de Quintrail, um personagem histórico real que assaltava bancos e cidades inteiras durante a Guerra Civil Americana. E assim como o filme de Audie Murphy esse aqui também tem um bom elenco de apoio de respeito com os veteranos atores Ernest Borgnine e Lee Marvin. Em suma, outro bom faroeste de Scott que diverte acima de tudo, além de ter tido sua importância histórica por trazer o 3D para as salas de cinema pela primeira vez na história.

Pablo Aluísio.

Duelo na Cidade Fantasma

Jake Wade (Robert Taylor) tem uma vida feliz. É xerife de uma pequena cidade no velho oeste e está para se casar com a bela Peggy (Patrícia Owens). Seu presente é realmente muito promissor e estável, o único problema realmente é seu passado. Embora esteja como homem da lei, Jake foi um bandoleiro, assaltante de bancos e trens quando era bem mais jovem e agora seu antigo bando está de volta. Liderados pelo insano Clint Hollister (Richard Widmark) ele querem um acerto de contas com Jake pois esse enterrou há muitos anos 20 mil dólares, fruto de um assalto que realizaram juntos. Após o sequestrarem ao lado de sua noiva vão para uma cidade fantasma no meio do deserto onde Jake afirma estar enterrado o dinheiro. Mas será mesmo? “Duelo na Cidade Fantasma” é um bom  western da Metro. Com excelente produção e dirigido pelo mestre  John Sturges, esse é aquele tipo de faroeste que o espectador não consegue desgrudar os olhos da tela. Isso porque a tensão crescente permeia toda a trama. Estando ambos sequestrados e com mãos amarradas o xerife Jake (Taylor) tenta de todas as formas encontrar uma saída pois todos sabem que a intenção de Clint (Widmark) é realmente colocar as mãos no dinheiro para depois liquidar o xerife e sua noiva.

O elenco é liderado pelo galã Robert Taylor. Aqui ele aproveita para usar um figurino todo negro, com um lenço vermelho no pescoço. Boa pinta e com ótima dicção, Taylor não diz muito a que veio. Obviamente como passa praticamente todo o filme amarrado realmente não haveria como disponibilizar uma atuação melhor. Em vista disso quem realmente domina a cena é Richard Widmark que tem as melhores cenas e os mais bem escritos diálogos. Ele está excelente na pele do facínora Clint, um sujeito sem valores morais que só deseja uma coisa: se apoderar do dinheiro do assalto há muito tempo enterrado. Pessoalmente não gosto de muitos títulos nacionais que foram dados a faroestes americanos no Brasil mas esse aqui até que se revela adequado. A tal cidade fantasma, um lugarejo perdido em Alabama Hills realmente acaba se tornando um dos personagens do filme. Cercados por comanches por todos os lados o desolado lugar traz forte impacto para a situação em que vivem Clint e Jake. O diretor John Sturges constrói nesse lugar um excelente conflito psicológico entre os dois elos de conflito, resultando tudo em um ótimo faroeste de tensão. Para finalizar um adendo aos fãs de Jornada nas Estrelas: O carismático ator DeForest Kelley faz parte do elenco como um dos bandidos do bando de Clint. Em conclusão fica a dica para os fãs de western: “Duelo na Cidade Fantasma”, um filme acima da média, com muito conflito psicológico e tensão. Não deixe de assistir.

Duelo na Cidade Fantasma (The Law and Jake Wade, Estados Unidos, 1958) Direção: John Sturges / Roteiro: William Bowers baseado no romance de Marvin H. Albert / Elenco: Robert Taylor, Richard Widmark, Patricia Owens, DeForest Kelley, Robert Middleton, Henry Silva / Sinopse: Jake Wade (Robert Taylor) é um xerife com passado nebuloso que se vê de repente na frente de seu antigo bando. Eles querem o dinheiro de um assalto realizado no passado. Clint (Richard Widmark) resolve seqüestrar o xerife e sua noiva para que eles o levem ao local onde os 20 mil dólares estariam enterrados. O clima de tensão está armado.

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de maio de 2018

O Pistoleiro das Balas de Ouro

Título no Brasil: O Pistoleiro das Balas de Ouro
Título Original: Se sei vivo spara
Ano de Produção: 1967
País: Estados Unidos
Estúdio: GIA Società Cinematografica
Direção: Giulio Questi
Roteiro: Franco Arcalli, Giulio Questi
Elenco: Tomas Milian, Marilù Tolo, Piero Lulli, Milo Quesada, Francisco Sanz, Miguel Serrano

Sinopse:
Conhecido apenas como "O Estranho", um bandido mestiço faz parte de um bando de ladrões que roubam uma carga de ouro de uma diligência. No entanto, os americanos da quadrilha o traem e atiram em todos os mexicanos. O Estranho porém não está completamente morto, e rasteja para fora de sua cova rasa, continuando sua busca pelo ouro e exigindo uma vingança sangrenta.

Comentários:
Mais um western spaghetti. No Brasil recebeu ainda outro título quando foi exibido na TV, se chamando "Matar para Viver e Viver para Matar". Para alguns é um filme bem diferente mesmo, chegando a ser estranha e bizarro. Existe o protagonista, que é um ladrão de ouro, que é traído por seus comparsas. Abandonado para morrer no deserto acaba sobrevivendo, com a ajuda de nativos. Isso porém é apenas o começo de uma trama cheia de ramificações. Há personagens bem trabahados, contextualizados, porém outros não. Isso demonstra que o roteiro não foi tão caprichado. No final ficou esquisito porque tem doses de ação, terror, comédia e drama!!! Como misturar tantos gêneros de uma só vez e dar certo? Não dá. Mesmo assim (ou talvez por isso) acabou virando uma espécie de cult movie dos fãs de western spaghetti. Vai entender...

Pablo Aluísio.

Duelo de Ambições / Nas Garras da Ambição

A trama do filme é simples: dois cowboys são contratados para levar um grande rebanho de gado do Texas até o território selvagem de Montana. Essa era uma travessia que até aquele momento não havia sido feita, uma vez que o caminho era infestado por tribos hostis como os Sioux e ladrões de gado (até o exército americano evitava circular por aquela região). O filme foi dirigido pelo grande Raoul Walsh e prometia, pela sinopse, ser realmente grandioso, como os grandes clássicos do western dos anos 50. Infelizmente a estrutura do roteiro não me agradou muito e posso inclusive apontar o erro dele: a presença de Jane Russell no elenco. Nada contra ela, gosto de suas atuações, além do que sua parceria com Marilyn Monroe em "Os Homens Preferem as Loiras" entrou para história do cinema. O problema é que com Jane em cena o diretor acabou se perdendo. O filme ficou meloso, fora de foco. O que era para ser um exemplo de "filme de macho" com todos aqueles atos de bravura e luta para atravessar o velho oeste acabou virando com Jane um romance banal, sem muitos atrativos.

Analisando bem o problema não se resume a ela. O fato é que com Clark Gable em cena os roteiristas não resistiram e investiram mais uma vez na sua velha imagem de galã (que já estava com prazo de validade vencido na época pois ele inegavelmente surge em cena envelhecido, pouco viril e com claros sinais que a idade finalmente havia chegado). As intensas provocações de Jane para com Gable fazem com que o filme caia no lugar comum, com direito inclusive a músicas cantadas por Russell (algo que na minha opinião não caiu muito bem). Fica naquele joguinho de tensão sexual entre eles sem nunca chegarem aos "finalmente" Além disso tem o inevitável triângulo amoroso envolvendo ainda o personagem do ator Robert Ryan. Pena que Raoul Walsh não preferiu filmar uma produção mais focada na travessia do gado e menos no romance açucarado. De qualquer forma, mesmo com essas restrições, ainda indico esse "Os Homens Altos" (tradução literal do título original) para os fãs de faroeste. No mínimo será curioso assistir. Obs: No Brasil o filme também recebeu o título de "Nas Garras da Ambição". Era comum nos anos 50 os filmes receberem mais de um título (geralmente quando passava na TV depois as emissoras mudavam os títulos ao seu bel prazer).

Duelo de Ambições (The Tall Men, EUA, 1955) Direção de Raoul Walsh / Roteiro: Sidney Boehm, Frank S Nugent / Elenco: Clark Gable, Jane Russel e Robert Ryan / Sinopse: Dois cowboys são contratados para levar um enorme rebanho de gado do Texas até o território de Montana; No caminho enfrentarão vários desafios como bandidos e tribos selvagens hostis, os Sioux.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Onde Começa o Inferno

Título no Brasil: Onde Começa o Inferno
Título Original: Rio Bravo
Ano de Produção: 1959
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Howard Hawks
Roteiro: Jules Furthman, Leigh Brackett
Elenco: John Wayne, Dean Martin, Ricky Nelson, Angie Dickinson, Walter Brennan, Ward Bond
  
Sinopse:
Baseado na curta estória de B.H. McCampbell, o filme "Rio Bravo" conta a história do xerife John T. Chance (John Wayne), que trabalha numa pequena cidade do velho oeste. Ele tem como auxiliares Dude (Dean Martin), um sujeito com sérios problemas de alcoolismo e Stumpy (Walter Brennan) um velho manco que já não mete medo em ninguém. Juntos passarão por um teste de fogo ao prenderem Joe Burdette (Claude Akins), irmão de um perigoso fora da lei da região. Sitiados em sua própria delegacia eles tentam manter o bandido preso até a chegada do delegado federal que irá levar o facínora à julgamento por assassinato. Filme indicado pela Directors Guild of America na categoria de Melhor Direção (Howard Hawks). Também indicado pelo Laurel Awards nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Dean Martin) e Melhor Drama.

Comentários:
"Rio Bravo" foi um dos maiores filmes de western da carreira de John Wayne e isso definitivamente não é pouca coisa. O filme tem um roteiro excelente que desenvolve de forma excepcional a crescente ansiedade dos três homens da lei que tentam manter atrás das grades um perigoso assassino que conta com a ajuda de uma grande quadrilha para tirá-lo de lá. A história fascinou tanto o diretor Howard Hawks que ele voltaria a realizar outro western famoso, "El Dorado", com praticamente o mesmo argumento, embora sejam filmes diferentes. Hawks realmente tinha especial paixão pelo conto que deu origem ao filme (escrito por BH McCampbel) por trazer vários temas caros à mitologia do faroeste, como por exemplo, a redenção, a dignidade dos homens da lei e a crescente tensão psicológica que antecede o confronto final. O filme já começa inovando com uma longa sequência de mais de 4 minutos sem qualquer diálogo (algo que anos depois seria copiado por Sergio Leone em "Era Uma Vez no Oeste").

Quando Dude (Dean Martin) finalmente surge em cena logo ficamos chocados com sua aparência de alcoólatra, sujo, esfarrapado, lutando para manter o pouco de dignidade que ainda lhe resta. Aliás é bom frisar que a interpretação de Dean Martin para seu personagem é muito boa, excepcional até, passando mesmo uma sensação de dependência completa da bebida. Há inclusive uma ótima cena em que ele tenta, sem sucesso, enrolar um cigarro de fumo e não consegue por causa dos tremores em sua mão (curiosamente o único close de todo o filme). John Wayne mantém sua postura irretocável em um personagem tópico de seu filmes de western. Já o velhinho Stumpy (Walter Brennan) é um grande destaque. Servindo como alívio cômico ele acaba roubando várias cenas com sua simpatia e bom humor. Em suma, "Rio Bravo" merece todo o status que possui. É envolvente, tenso, bem escrito, com excelente desenvolvimento psicológico de seus personagens e acima de tudo diverte com inteligência. Um programa obrigatório para cinéfilos e fãs de western em geral.

Pablo Aluísio.

Reze a Deus... e Cave Sua Sepultura

Título no Brasil: Reze a Deus... e Cave Sua Sepultura
Título Original: Prega Dio... e scavati la fossa!
Ano de Produção: 1968
País: Itália
Estúdio: Mila Cinematografica
Direção: Edoardo Mulargia
Roteiro: Edoardo Mulargia, Fabio Piccioni
Elenco: Robert Woods, Jeff Cameron, Cristina Penz, Calisto Calisti, Paco Hermandariz, Léa Nanni
  
Sinopse:
Um jovem casal de camponeses resolve fugir da fazenda onde trabalha após o senhor das terras exigir a primeira noite de núpcias da noiva, uma velha tradição feudal. Perseguidos, o jovem rapaz é morto de forma covarde. Anos depois alguém retorna para acertar contas com o rico dono das terras que desgraçou a vida daquele jovem e apaixonado casal. A ordem é exterminar todos aqueles que tiveram alguma coisa a ver com a morte do jovem esposo, um ato bárbaro que merece uma vingança à altura.

Comentários:
Ah os títulos dos filmes de western spaghetti!... Muito provavelmente eram a melhor coisa desse tipo de produção. Esse "Reze a Deus... e Cave Sua Sepultura" foi lançado nos cinemas brasileiros no começo da década de 1970 e depois foi relançado no mercado de vídeo com o título de "Sua Arma era o Colt" (um título muito mais americanizado, vamos dizer assim). O roteiro, como se pode perceber pela sinopse, apostou novamente no velho tema da vingança. Praticamente de cada dez filmes italianos de faroeste, oito ou nove apostavam nesse tipo de enredo. Sempre era alguém que havia sofrido uma grande injustiça em seu passado que retornava depois de anos para acertar as contas com seus algozes. Diz um velho ditado de que "Quem bate logo esquece, mas quem apanha jamais!". É bem por aí. O filme foi dirigido pelo diretor italiano nascido na ilha de Sardenha Edoardo Mulargia. Como era comum na época ele assinou o filme como Edward G. Muller, um nome também "americanizado". Já o astro do filme, Robert Woods, era realmente americano, nascido no Colorado. Com o cinema italiano funcionando em ritmo industrial ele foi para a Europa onde estrelou inúmeros filmes de faroeste como esse, com destaque para os sucessos "Minha Pistola Nunca Falha" e "7 Pistolas para os MacGregor". Chegou até a estrelar uma série de sucesso com o pistoleiro Pecos em filmes como "Pecos Acerta as Contas!" e "Pecos em Hong Kong", em suma o suprassumo dos filmes spaghetti daqueles tempos bem mais divertidos. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Quando os Bravos se Encontram

Título no Brasil: Quando os Bravos se Encontram
Título Original: Valdez is Coming
Ano de Produção:1971
País: Estados Unidos, Espanha
Estúdio: United Artists
Direção: Edwin Sherin
Roteiro: Roland Kibbee, David Rayfiel
Elenco: Burt Lancaster, Susan Clark, Frank Silvera, Jon Cypher
  
Sinopse:
Bob Valdez (Burt Lancaster) é um envelhecido xerife que é humilhado por um bando de malfeitores liderados por Frank Tanner (Jon Cypher). Após ser rendido pelos facínoras ele é crucificado e enviado ao deserto para morrer em agonia. Sua vingança não tardará a acontecer. Roteiro baseado no romance escrito por Elmore Leonard.

Comentários:
"Quando os Bravos se Encontram" é um exemplo perfeito da influência do Western Spaguetti dentro do cinema americano. Não deixa de ser muito curioso assistir a um filme Made in USA (feito nos Estados Unidos) tentando ser no fundo um filme de bang-bang italiano! É algo como se o produto imitado começasse a querer imitar justamente os imitadores! Confuso não? Pois é justamente o que acontece aqui. Burt Lancaster faz o Valdez do título, mas ele bem poderia se chamar Django. Um sujeito que a despeito de ter uma boa alma é forçado a partir para a brutalidade sem limites com suas armas em punho. O título original do filme ("Valdez está chegando!") é outro sinal claro de sua intenção de parecer um western spaguetti já que esses sempre tiveram títulos evocativos e exagerados do típo "Django não perdoa, Mata!" ou "Deus os cria e eu os Mato!".

E tal como Django o Valdez mata bandidos em escala industrial, um atrás do outro, sem falhas e sem balas desperdiçadas! Um primor de pontaria e sagacidade! Burt Lancaster, o velho ídolo de Hollywood, procura dar dignidade ao seu papel. É verdade que não há muito o que fazer diante de um personagem como Valdez que passa quase todo o filme apenas dizimando os inimigos no deserto. E por falar no deserto uma das melhores coisas de se ver aqui é a cena em que Lancaster vagueia pelas areias carregando uma cruz de madeira, agonizando. Essa cena pelo menos é bem marcante. Pena que o vilão Frank Tanner seja tão inexpressivo. Também pudera ele está sendo interpretado pelo canastrão Jon Cypher que não convence em momento algum. Barton Heyman se sai bem melhor como o bandoleiro El Segundo. Feio como o diabo o sujeito tem os colhões que faltam a Cypher. Em suma é isso, "Valdez is Coming" é uma cópia da cópia. Um western americano com cheiro de macarronada. O produto é esquizofrênico, mas pode divertir se você não for um fã de faroeste mais radical e purista.

Pablo Aluísio.

O Resgate de um Bandoleiro

Título no Brasil: O Resgate de um Bandoleiro
Título Original: The Tall T
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Budd Boetticher
Roteiro: Elmore Leonard, Burt Kennedy
Elenco: Randolph Scott, Richard Boone, Maureen O'Sullivan, Arthur Hunnicutt, Skip Homeier, Henry Silva
  
Sinopse:
Pat Brennan (Randolph Scott) é um pequeno fazendeiro que vai até uma cidade para comprar um touro reprodutor para seu rebanho. Na viagem de volta a diligência em que se encontra é sequestrada pelo bando de Frank Usher (Richard Boone) que exige um resgate de 50 mil dólares pela vida da jovem filha de um rico dono de minas da região, que também estava na mesma carruagem. Filme integrante da lista de obras da National Film Preservation Board.

Comentários:
Esse é mais um faroeste produzido pelo próprio ator Randolph Scott através de sua companhia Scott-Brown Productions. Além de ator popular de fitas de western, Randolph Scott também era um empresário inteligente que faturava muito bem com seus próprios filmes. Além disso, pelo fato de ser também o produtor, ele poderia opinar em todo o filme, desde a direção, cenários, figurinos, passando até mesmo pelo roteiro. Fora isso a produção também lhe colocava nas mãos o poder de escolher os demais membros do elenco, algo que Scott aproveitava para escalar amigos atores e atrizes de seu círculo pessoal. A fita é ágil, curtinha (para passar nas matinês), mas mesmo assim consegue manter bem o interesse. Enquanto estão sequestrados começa um jogo psicológico entre o mocinho Pat (Scott) e o vilão (Boone). Esse aliás é um dos pontos altos do roteiro que consegue criar bastante tensão e suspense em um filme que basicamente só seria um faroeste convencional. Grande parte do filme se passa num casebre no alto de uma colina em pleno deserto. O clima árido e hostil combina bem com o clima tenso. Curiosamente no comecinho do filme o personagem de Scott é amenizado, inclusive participando de uma pequena aposta ao montar um touro feroz. Além disso ele faz amizade com um garotinho, numa sacada do roteiro que achei ser inspirado em "Os Brutos Também Amam". Por fim, é sempre bom lembrar que "The Tall T" foi dirigido pelo mestre Budd Boetticher, um dos grandes cineastas da história do western americano. Ele e Randolph Scott trabalharam juntos em vários filmes ao longo dos anos 50, sendo alguns deles grandes clássicos do faroeste americano da época. Enfim, fica assim a recomendação para conhecer mais esse trabalho de Randolph Scott, em uma das melhores fases de sua longa filmografia.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Audazes e Malditos

Título no Brasil: Audazes e Malditos
Título Original: Sergeant Rutledge
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: John Ford
Roteiro: Willis Goldbeck baseado no romance de John Hawkins
Elenco: Jeffrey Hunter, Woody Strode, Constance Towers, Carleton Young
  
Sinopse:
Baxton Rutledge (Woody Strode) é um sargento negro do exército americano que é acusado de matar um oficial superior. Como se isso não bastasse ainda é apontado também como o assassino e estuprador de uma jovem garota. Para defendê-lo é indicado como advogado de defesa o tenente Tom Cantrell (Jeffrey Hunter). Instaurada a corte marcial todos tentarão desvendar o que realmente teria acontecido

Comentários:
"Audazes e Malditos" é mais um belo western do consagrado diretor John Ford. Geralmente filmes de cavalaria americana sempre dão bons filmes e com Ford na direção não poderia sair outro resultado. Porém o filme se diferencia dos demais que John Ford fez sobre o exército americano. Muita coisa que vemos em sua famosa trilogia da cavalaria não se repete aqui. Em "Audazes e Malditos" temos um autêntico filme de tribunal, só que obviamente passado no velho oeste. Embora haja conflitos entre soldados e Apaches (mostrados em flashbacks) a ação propriamente dita não se desenrola no meio do deserto, mas sim em depoimentos, testemunhos e evidências que são apresentadas durante a corte marcial do sargento. Para um filme assim Ford teve que convocar um bom elenco de atores. Jeffrey Hunter está muito bem no papel do tenente que tenta de todas as formas inocentar o acusado. Para falar a verdade não me recordo de nenhuma outra atuação dele tão boa quanto essa. Era sem dúvida um bom ator que ficou imortalizado não apenas no papel de Jesus Cristo em "Rei dos Reis" como também por ter sido o primeiro piloto da nave Enterprise no episódio de estreia da série "Jornada nas Estrelas" que na época foi considerada "cerebral" demais para os padrões da TV americana. Uma pena que tenha morrido tão jovem. Outro destaque é a presença de Woody Strode como o sargento negro acusado de assassinato e estupro. Sua postura é das melhores e ele mostra que era excelente ator em pequenos detalhes, no olhar, na convicção e na dignidade. Por todas essas razões recomendo "Audazes e Malditos" não apenas aos fãs de John Ford, esse genial cineasta, mas também a todos que gostam de edificantes tramas jurídicos. Um roteiro socialmente consciente que tem muito a dizer e passar com sua mensagem. Certamente não irão se arrepender.

Pablo Aluísio.

Armado Até os Dentes

Título no Brasil: Armado Até os Dentes
Título Original: Man with the Gun
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Richard Wilson
Roteiro: N.B. Stone Jr, Richard Wilson
Elenco: Robert Mitchum, Jan Sterling, Karen Sharpe, Saul Atkins, Emile Meyer, John Lupton.

Sinopse:
No filme Robert Mitchum interpreta um pistoleiro de aluguel chamado Clint Tollinge. Se auto denominando um "pacificador de cidades" ele chega na pequena Sheridan atrás da mãe de sua pequena filha. Ao chegar no local acaba descobrindo que a cidade está sendo ameaçada e extorquida pelo bando de um rancheiro que quase nunca vai lá, mas que barbariza com quem se atreve a cruzar seu caminho. Colocando seus serviços à disposição do povo local, Clint logo é escolhido como auxiliar do xerife para colocar ordem no caos reinante.

Comentários:
Eficiente Western B que tem um roteiro tão redondinho que me deixou surpreso. A United Artists era controlada por artistas, atores e profissionais do cinema. Fundada ainda na época do cinema mudo, a companhia procurava inovar em suas produções. Infelizmente depois de vários anos em crise o estúdio precisou procurar por filmes mais comerciais, que trouxessem bilheteria sem muitos custos. O gênero faroeste assim se mostrou adequado pois era relativamente barato rodar um western e sua popularidade sempre garantia o retorno de um bom lucro para a empresa. Além disso sempre era um bom negócio rodar uma fita com o popular Robert Mitchum. Embora filmes noir fossem sua especialidade ele também se saia muito bem em filmes de bangue-bangue. Além dele o elenco de apoio também é muito bom.  O interessante aqui é que o vilão (e obeso mórbido) Dade Hollman só aparece nos cinco minutos finais, o que demonstra que o roteiro joga bastante com sua onipresença na região, embora praticamente não apareça em cena. O elenco é muito bom. Robert Mitchum compõe um tipo que curiosamente seria repetido por outro Clint, o Eastwood, em seus filmes. Caladão, durão, cara de poucos amigos, ele logo impõe respeito por sua perícia e velocidade no gatilho. O elenco feminino é todo formado por beldades e starlets da época. Como o enredo mostra um grupo de dançarinas de cabaret a fartura de mulheres bonitas é alta no filme, com destaque para Karen Sharpe, jovem e estreante no cinema. Esse foi o primeiro filme do diretor Richard Wilson. Embora estreante nas telas se saiu muito bem pois consegue imprimir ação e tensão nas medidas certas. Curiosamente ele iria dirigir poucos filmes em sua carreira, preferindo exercer a função de produtor anos depois. Enfim, recomendo "Armado Até os Dentes" para os fãs de western. É um filme rápido, bem atuado e com roteiro bem construído.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de maio de 2018

Drácula (1979)

A primeira vez que assisti a esse Drácula foi nos anos 80, no Supercine da Globo. Já naquela ocasião percebi que se tratava de um grande filme. Recentemente porém o filme foi relançado em DVD nos Estados Unidos e decidi rever novamente. O tempo só lhe fez justiça. Digo, sem medo de errar, que esse é certamente um dos melhores filmes sobre o lendário Conde criado por Bram Stoker. Claro que o filme de Francis Ford Coppola segue sendo até hoje a melhor adaptação do romance vampiresco para o cinema. Isso porem não tira os méritos dessa outra excelente produção que foi assinada pelo ótimo John Badham. De fato foi um dos primeiros filmes a seguirem de perto o livro original. Embora a trama tenha sido enxugada um pouco, o enredo segue praticamente o mesmo criado por Stoker.

Quando o filme começa já vemos Drácula desembargando numa Londres escura, cheia de nevoeiros e clima sombrio. O ideal para esse tipo de história. Aliás tiro o chapéu para a equipe que foi responsável pela direção de arte, figurinos, maquiagem e reconstituição histórica da produção, porque está simplesmente perfeita. Some a isso o excelente elenco e você terá uma pequena obra prima em mãos. Frank Langella como Drácula é uma combinação perfeita. Penso até que o ator teria ter voltado ao personagem em novos filmes. Seu estilo pessoal, dicção e modo de comportamento em tudo combina com o Conde da Transilvânia. Em pleno anos 70 ele conseguiu dar uma certa modernizada no personagem, com trejeitos e figurinos mais de acordo com a época, como também conseguiu respeitar a tradição do Conde da literatura. Não foi algo fácil de fazer. O mesmo vale para o veterano Laurence Olivier como seu opositor, o Dr. Van Helsing. Em suma, é um filmão de terror que deixaria orgulhoso o próprio Bram Stoker em pessoa! Nunca assistiu?! Não vá perder mais tempo e corra para conferir.

Drácula (Drácula, EUA, 1979) Direção de John Badham / Roteiro: Hamilton Deane baseado na obra de Bram Stoker / Com Frank Langella, Laurence Olivier, Donald Pleasence / Sinopse: Conde romeno de nome Drácula (Frank Langella) chega na vitoriana Londres para adquirir uma nova propriedade na cidade. Nesse momento conhece a linda Mina, filha do renomado Dr Van Helsing e sua amiga Lucy, jovem namorada de seu procurador. A aproximação se tornará irresistível para o vampiro da noite. .

Pablo Aluísio.

Drácula (1979) - Curiosidades

Drácula (1979) - Curiosidades
1. Frank Langella decidiu que não iria usar presas para o personagem. Dessa forma seguiu a tradição de Bela Lugosi que também nunca chegou a usar esse tipo de artifício para interpretar o papel. Para Frank Langella essa decisão foi uma espécie de homenagem para o legado de Lugosi.

2. O personagem do Professor Abraham Van Helsing foi oferecido primeiramente a Donald Pleasence. mas depois a escolha do elenco foi mudada pelo estúdio, com o caçador de vampiros sendo oferecido a Laurence Olivier. Donald acabou interpretando o Dr. Jack Seward.

3. Frank Langella exigiu duas condições em seu contrato para interpretar Drácula. A primeira é que ele não daria entrevistas e nem faria aparições públicas para promover o filme, pois sempre odiara a parte publicitária do lançamento de filmes em Hollywood. A segunda é que Drácula jamais apareceria com sangue escorrendo ou pingando de sua boca. Esse tipo de cena foi considerada apelativa demais pelo ator e deveria ser retirada do roteiro. O estúdio acabou aceitando suas condições.

4. O diretor John Badham queria rodar o filme em preto e branco, mas sua proposta foi rejeitada pelo estúdio por ser pouco comercial. Ele então decidiu que o filme teria uma paleta de cores básica, com tons escuros em cinza e preto. Também procurou estudar antigas fotografias de encenações de Drácula em teatros de Londres. Ele quis recriar aquela cenografia e presença de palco dos atores no filme.

5. Frank Langella voltaria a interpretar Drácula, mas não no cinema e sim no teatro. A peça na Broadway foi um grande sucesso de público e crítica. Sobre o personagem o ator explicou: "Eu sempre o interpretei não como um monstro sedento de sangue, mas como um nobre, um homem elegante com um problema pessoal muito único e distinto. Ele é um imortal, mas precisa pagar um enorme preço por isso, com sangue das pessoas inocentes. Ele precisa do sangue humano para viver. Fora isso é uma criatura muito fina e sofisticada".

Pablo Aluísio.