terça-feira, 20 de março de 2018

Rápidos, Brutos e Mortais

Título no Brasil: Rápidos, Brutos e Mortais
Título Original: Los Amigos
Ano de Produção: 1973
País: Itália
Estúdio: Compagnia Cinematografica, Idea Film
Direção: Paolo Cavara
Roteiro: Lucia Brudi, Paolo Cavara
Elenco: Franco Nero, Anthony Quinn, Pamela Tiffin
  
Sinopse:
Texas, 1830. A região agora é uma República independente do México. O presidente Sam Houston precisa manter a estabilidade política da região e para isso precisa combater os rebeldes que desejam uma nova guerra dentro das fronteiras texanas. Assim ele determina que um de seus agentes, Erastus 'Deaf' Smith (Anthony Quinn) se infiltre sorrateiramente no meio das facções rebeldes. Johnny Ears (Franco Nero), um ex-pistoleiro temido também é enviado para a mesma missão. Curiosamente Smith tem problemas de audição e usa Johnny literalmente como seus próprios ouvidos.

Comentários:
Depois do sucesso de "Django" o ator Franco Nero foi soterrado por convites para realizar filmes de faroeste italianos, os chamados Westerns Spaghettis. Ele porém tinha outras ambições em sua carreira e assim andou por um tempo transitando em outros gêneros cinematográficos, atuando sob a direção de grandes mestres, como por exemplo, Luis Buñuel em "Tristana, Uma Paixão Mórbida". Seu retorno aos filmes de faroeste porém era inevitável e mais cedo ou mais tarde todos sabiam que ele voltaria a montar seu cavalo para empunhar seu colt, cravejando de balas seus inimigos nas telas. Em 1973 o eterno Django finalmente voltou ao estilo nesse "Rápidos, Brutos e Mortais". Na mira nada de muito pretensioso do ponto de vista artístico. A intenção era realmente satisfazer seus antigos fãs, levando o ator novamente para a caracterização de um pistoleiro rápido no gatilho. Ao seu lado os produtores resolveram trazer um nome de peso, o astro Anthony Quinn que foi literalmente importado do cinema americano. O resultado é um faroeste à prova de críticas, muito divertido e movimentado, trazendo de volta às telas aquela estética de violência estilizada que fez a alegria de muitos frequentadores de cinemas populares nos anos 1960 e 1970. Apesar do filme ser italiano ele foi praticamente todo rodado na Espanha, com equipe basicamente formada naquele país. Nero acabou ficando doente no meio das filmagens o que fez seu cronograma de conclusão ficar atrasado. Isso porém fica imperceptível na tela. Um filme que vai acertar em cheio no gosto dos fãs desse tipo de faroeste italiano. Está mais do que recomendado.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 19 de março de 2018

O Homem Que Luta Só

Um dos últimos filmes de Randolph Scott também é um dos melhores. Aqui ele interpreta o ex xerife e atual caçador de recompensas Ben Brigade. Ele caça o criminoso Billy John no deserto e acaba o capturando. Sua missão passa então a ser levar o bandoleiro para a cidade de Santa Cruz para que ele seja julgado e enforcado pelo homicídio que lá praticou. O problema é que no caminho ele terá que enfrentar índios hostis, outros caçadores de recompensas e o bando de Billy John, liderado agora por Jack, seu irmão (interpretado pelo famoso ator de vilões de western Lee Van Cleef). O roteiro de "O Homem Que Luta Só" pode até parecer simplista mas é um engano pois é primoroso. O personagem de Scott, um sujeito durão e de poucas palavras, não é exatamente o que parece ser. Na verdade ele nem tem tanta pressa assim em levar Billy John ao seu cadafalso. Suas reais intenções só são reveladas no clímax do filme e aí o espectador já está totalmente fisgado. Aliás vamos admitir que a cena final de "Ride Lonesome" é uma das mais belas que já vi em faroestes - Randolph Scott parado em frente a uma árvore de enforcamentos em chamas! Maravilhosa tomada!

O diretor de "O Homem Que Luta Só" é o cineasta Budd Boetticher que fez vários westerns ao lado de Randolph Scott. Hoje em dia a obra desse diretor tem despertado muito interesse nos EUA pois todos reconhecem que ele nunca foi reconhecido em vida. Era um diretor inteligente, que fazia maravilhas em cena, mesmo com roteiros aparentemente simples. Esse aqui seria o penúltimo filme que rodaria ao lado de Scott (a última produção que reuniria a parceria seria "Cavalgada Trágica" no ano seguinte). Em conclusão digo que "Ride Lonesome" é sem dúvida um dos melhores momentos de Randolph Scott - extremamente bem escrito e dirigido prende a atenção da primeira à última cena.

O Homem Que Luta Só (Ride Lonesome, Estados Unidos, 1959) / Diretor: Budd Boetticher / Roteiro: Burt Kennedy / Com Randolph Scott, Lee Van Cleef, James Coburn, Karen Steele e Pernell Roberts / Sinopse: Randolph Scott interpreta o ex xerife e atual caçador de recompensas Ben Brigade. Ele caça o criminoso Billy John no deserto e acaba o capturando. Sua missão passa então a ser levar o bandoleiro para a cidade de Santa Cruz para que ele seja julgado e enforcado pelo homicídio que lá praticou. O problema é que no caminho ele terá que enfrentar índios hostis, outros caçadores de recompensas e o bando de Billy John, liderado agora por Jack, seu irmão (interpretado pelo famoso ator de vilões de western Lee Van Cleef)

Pablo Aluísio. 

A Lei é Implacável

Título no Brasil: A Lei é Implacável
Título Original: The Doolins of Oklahoma
Ano de Produção: 1949
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Gordon Douglas
Roteiro: Kenneth Gamet
Elenco: Randolph Scott, George Macready, Louise Allbritton
  
Sinopse:
Bill Doolin (Randolph Scott) é um bandoleiro no velho oeste americano. Membro da quadrilha dos Daltons ele escapa da morte após chegar atrasado em um encontro com os demais membros de seu bando. Na fuga, para sobreviver, acaba matando um homem. Depois desse crime se torna um homem procurado vivo ou morto pela lei. Eventualmente forma um novo grupo, mas os anos de violência e crimes o esgotam completamente. Assim tenta assumir uma nova vida, com uma nova identidade. O passado porém está prestes a voltar para assombrar novamente sua vida.

Comentários:
O eterno cowboy do cinema Randolph Scott se consagrou como o eterno homem do oeste, bom e íntegro. Em raras ocasiões interpretou vilões ou bandoleiros. Aqui temos um exemplo. Ele interpreta um fora-da-lei, um criminoso conhecido e perseguido que em determinado momento  de sua vida fica farto de tudo. Cansado de fugir e arriscar sua vida ele assim conhece uma boa mulher, Elaine Burton (Virginia Huston), que também sonha em formar uma família para viver feliz no resto de sua vida. Era justamente o que Bill deseja. usando um nome falso, Bill Daley, ele começa a reconstruir sua vida numa pequena e pacata cidade do oeste. Pretende se casar com Elaine e esquecer seu passado de crimes. A lei porém se mostra implacável pois seguindo seus rastros o xerife Sam Hughes (George Macready) descobre seu paradeiro. Para piorar os antigos membros de seu bando também descobrem onde Bill está vivendo. Aos poucos ele acaba percebendo que seus sonhos de felicidade estão prestes a virar poeira. "The Doolins of Oklahoma" é um western da década de 1940 que já traz por antecipação o visual, timing e o roteiro típicos da década que nascia, os anos 1950, um dos períodos mais produtivos do faroeste americano em toda a sua história.

Pablo Aluísio.

domingo, 18 de março de 2018

O Irresistível Forasteiro

Jason Sweet (Glenn Ford) é um criador de ovelhas que chega em um vale de terras públicas com seu rebanho mas é hostilizado pelos criadores de gado da região. Esses são liderados pelo chamado "Coronel" (Leslie Nielsen), um antigo pistoleiro que inventou uma nova identidade e se instalou no local. "O Irresistível Forasteiro" é um bom veículo para Glenn Ford, na época se tornando cada mais popular justamente pelos faroestes que vinha estrelando como "Galante e Sanguinário" e "Cowboy". Suas produções no velho oeste davam ótimas bilheterias e dois anos depois desse "Sheepman" ele iria realizar a obra prima de sua filmografia, o inesquecível "Cimarron". Aqui Glenn interpreta um sujeito levemente espertalhão que entra em conflito contra toda uma cidade com sua idéia inconveniente de criar milhares de ovelhas em pastos de gado (como se sabe as ovelhas acabam destruindo os pastos os tornando imprestáveis para a criação bovina).

O tom do filme não é tão pesado quanto supõe a leitura da sinopse, de fato o clima é bem ameno, leve. A presença da simpática e jovem Shirley MacLaine acentua ainda mais esse aspecto. É divertido ver a atriz nesse que foi um de seus primeiros filmes. Ela está encantadoramente jovial, chegando a entoar uma canção numa cena de festa. Já no lado dos vilões uma curiosidade muito interessante, a presença de Leslie Nielsen na pele do "Coronel". Antes de se consagrar como o comediante de muitos filmes que todos acompanharam anos depois, Nielsen participava de produções como essa, westerns com muitos duelos, tiros e ação. "O irresistível Forasteiro" foi dirigido pelo veterano George Marshall, um dos cineastas mais produtivos que já passaram por Hollywood, tendo dirigido quase 200 filmes! - um número impensável nos dias atuais. Em mais de 60 anos de carreira dirigiu todos os tipos de filmes. Um verdadeiro recordista do Guinness Book!

O Irresistível Forasteiro (The Sheepman, Estados Unidos, 1958) Direção: George Marshall / Roteiro: William Bowers, James Edward Grant / Elenco: Glenn Ford, Leslie Nielsen, Shirley MacLaine, Mickey Shaughnessy / Sinopse: Jason Sweet (Glenn Ford) é um criador de ovelhas que chega em um vale de terras públicas com seu rebanho mas é hostilizado pelos criadores de gado da região. Esses são liderados pelo chamado "Coronel" (Leslie Nielsen), um antigo pistoleiro que inventou uma nova identidade e se instalou no local.

Pablo Aluísio.

Os Turbulentos

Título no Brasil: Os Turbulentos
Título Original: The Last Posse
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Alfred L. Werker
Roteiro: Seymour Bennett, Connie Lee Bennett
Elenco: Broderick Crawford, John Derek, Charles Bickford
  
Sinopse:
Após uma excursão em busca de bandoleiros e ladrões de banco, um grupo retorna de sua caça sem o dinheiro roubado e sem os principais líderes criminosos da quadrilha. Através de flashbacks o espectador é então levado de volta ao passado, para tentar entender o que de fato teria ocorrido, as traições, subornos e vilanias envolvendo os homens da lei e os bandidos procurados. Afinal o que estaria por trás daquela busca mal sucedida pelas areias do deserto escaldante do velho oeste?

Comentários:
A melhor coisa em "The Last Posse" é o seu roteiro. Nele somos levados várias vezes ao passado da tentativa de captura de um grupo de criminosos no oeste do Alabama. Para muitos o fato dos homens da lei voltarem de mãos vazias de volta à cidade teria sido fruto de pura corrupção: eles na verdade teriam sido comprados pelos bandoleiros com o ouro e o dinheiro roubado que possuíam. Para outros a incompetência do grupo da lei justificaria a não captura dos bandoleiros. Assim o espectador é levado a crer numa ou na outra versão, mostrando a fragilidade da chamada prova testemunhal (muitas vezes conhecida como a "prostituta das provas"). No centro de tudo se destaca a figura do xerife John Frazier (Broderick Crawford), um homem aparentemente honesto, mas com sérios problemas relacionados à bebida. Todos transitam entre o que teria acontecido com o dinheiro roubado, com o destino dos criminosos e a suposta falta de integridade e honestidade dos homens que deveriam zelar pela lei e ordem naquela cidadezinha perdida, esquecida pelos homens e por Deus. No geral "Os Turbulentos" é isso, um bom faroeste B de uma boa safra de filmes da Columbia Pictures que aposta essencialmente em sua bonita fotografia (em preto e branco) e no roteiro esperto e bem escrito.

Pablo Aluísio.

sábado, 17 de março de 2018

Longmire

Longmire 1.01 - Pilot
Fazia tempo que tinha "Longmire" na minha coleção, mas só comecei a assistir a série agora. Esse é o primeiro episódio, o piloto. Na verdade o que me atraiu para "Longmire" foi a oportunidade de acompanhar outra série ao estilo velho oeste. Os episódios giram em torno do cotidiano do xerife Walt Longmire (Robert Taylor), que trabalha em uma pequena cidade perdida do Wyoming. No geral ele atende casos policiais sem maior importância pois os índices de criminalidade são bem pequenos. As coisas porém mudam quando um corpo de um homem é achado nas montanhas geladas. Ele está armado com um rifle, mas foi alvejado a longa distância antes de conseguir atingir seu assassino. As investigações logo começam e o xerife Longmire descobre haver uma ligação entre a morte e um esquema de prostituição na região, envolvendo nativos da reserva indígena local, e mulheres brancas e pobres, que acabam entrando no esquema em troca de dinheiro. Além desse crime, Longmire ainda tem que se preocupar com sua vida pessoal que anda em frangalhos e a próxima eleição para xerife (lá nos Estados Unidos os xerifes são eleitos pela própria população e se não mostrarem serviço são trocados por outros candidatos). Gostei da proposta da série e recomendo para quem gosta de um bom faroeste, embora tudo se passe no moderno (mas nem tanto) oeste americano. De quebra uma curiosidade, a série conta em seu elenco com a presença de Lou Diamond Phillips (de "La Bamba") interpretando um mestiço chamado Henry Standing Bear. Vale a pena conhecer e acompanhar / Longmire - Pilot (EUA, 2012) Direção: Christopher Chulack / Roteiro: Hunt Baldwin, John Coveny / Elenco: Robert Taylor, Katee Sackhoff, Lou Diamond Phillips.

Longmire 1.04 - The Cancer
Nem o pacato estado do Wyoming está livre do pesadelo das drogas. É justamente isso que o xerife Walt Longmire (Robert Taylor) descobre da pior maneira possível. Após dois corpos serem achados no rio de uma reserva, ele começa uma série de investigações que lhe provam que há uma enorme plantação de maconha na região, comandada possivelmente por um elo do cartel de drogas mexicano. Ele pensava até aquele momento que não se produzia e nem se plantava drogas em sua cidade, mas os acontecimentos o fazem mudar de ideia. Pior do que isso, parece haver uma guerra do tráfico nas redondezas, haja visto os dois mortos, frutos diretos dessa disputa. Outro fato que lhe deixa desnorteado é descobrir que não se trata de uma maconha comum, mas especial, cultivada nas montanhas do Afeganistão! Estaria havendo algum tipo de contrabando envolvendo veteranos do exército americano nesse tráfico internacional? São questões que serão respondidas ao longo de todo o episódio. Grande parte da trama se passa na reserva indígena Cheyenne perto das montanhas da região, onde vários filmes de faroeste foram filmados no passado. Um bonito lugar que vai causar muita nostalgia nos fãs de westerns. / Longmire 1.04 - The Cancer (EUA, 2012) Direção: Gwyneth Horder-Payton / Roteiro: Craig Johnson, Hunt Baldwin  / Elenco: Robert Taylor, Katee Sackhoff, Lou Diamond Phillips.

Pablo Aluísio.

Os Madrugadores

Título no Brasil: Os Madrugadores
Título Original: The Sundowners
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Le May-Templeton Pictures
Direção: George Templeton
Roteiro: Alan Le May
Elenco: Robert Preston, Robert Sterling, Chill Wills
  
Sinopse:
O enredo gira em torno de três irmãos, Tom (Robert Sterling), James (Robert Preston) e Jeff (John Barrymore, Jr.). Eles lutam para vencer no concorrido mercado de gado no Texas. Compram, transportam e depois vendem grandes rebanhos que são enviados ao leste. Além das dificuldades naturais do negócio precisam lutar contra bando de criminosos, ladrões de gado, que estão sempre à espera de uma maneira de se apoderar dos animais. Sem apoio das autoridades eles então resolvem fazer justiça com as próprias mãos, eliminando os bandoleiros que ousam roubar seus rebanhos durante as longas viagens pelo oeste adentro.

Comentários:
Um interessante western que se concentra na figura mitológica do cowboy americano. No século XIX essa figura histórica entrou definitivamente no imaginário popular ao se empenhar em longas cavalgadas pelo oeste bravio, levando grandes carregamentos de rebanho bovino para serem vendidos em pontos de distribuição por todo o Texas e estados vizinhos. De fato era uma travessia de pura bravura, pois além dos problemas inerentes ao vencer essas grandes distâncias ainda havia o perigo sempre presente dos criminosos e tribos hostis que invariavelmente atacava essas caravanas. Era não apenas uma empreitada comercial, mas também de valentia, honra e coragem, acima de tudo. Curiosamente se trata de um western independente produzido pela pequena produtora Le May-Templeton Pictures, assinado pelo diretor George Templeton. Para conseguir realizar o filme os produtores alugaram as locações da Universal nos arredores de Amarillo, Texas, uma bonita região, perfeita para a realização desse tipo de faroeste. Até aí tudo bem, o problema é que sem a força das grandes distribuidoras americanas o filme acabou sendo mal distribuído pela América, gerando prejuízos financeiros para seus realizadores. Isso demonstrou para todos que não havia muita saída para pequenas produções independentes naquela época. Para se fazer sucesso era realmente necessário ter o apoio das chamadas grandes majors do mercado americano como Warner, Universal, MGM e Columbia. Fora do Mainstream era muito complicado obter êxito comercial para fitas de faroeste naquele período. Por fim é importante realçar que não se deve confundir esse filme com "Peregrino da Esperança" de Fred Zinnemann, estrelado por Deborah Kerr, Robert Mitchum e Peter Ustinov. Esse é um outro western, realizado dez anos depois, que apresentou o mesmo título "The Sundowners". 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 16 de março de 2018

A Bela do Yukon

Poucos conhecem esse filme de Randolph Scott. É interessante relembrar que Scott não atuou apenas em faroestes ao longo da carreira. Ele também se saiu muito bem nos chamados "filmes de champagne" (como os críticos da época costumavam dizer). Essas eram produções mais refinadas, geralmente passadas na alta classe, com roteiros românticos, mas ao mesmo tempo leves. Uma espécie de novela do antigo cinema americano. Pois bem, aqui há a fusão desses dois estilos: o western e a trama mais sofisticada. O personagem central nem é o interpretado por Randolph Scott. Ele é o dono da casa de shows de variedades de uma cidadezinha do velho oeste. Ele chegou nesse lugar depois de ter problemas legais em Seattle. Com fama de trambiqueiro acabou precisando ir embora. Na nova cidade acabou se dando bem, montando seu saloon que também funcionava como cassino e casa de shows com muitas garotas dançando ao estilo francês.

Uma delas é Belle De Valle (Gypsy Rose Lee); No começo ela finge não conhecer Honest John Calhoun (Randolph Scott), mas na verdade são velhos conhecidos, mais do que isso, amantes de outros tempos. O roteiro assim vai se desenvolvendo, mostrando vários números musicais e um ou outro momento de ação. Não há tiroteios ou duelos. Logo no começo do filme vem um aviso muito bem humorado informando aos espectadores que aquele não seria um faroeste de tiros e perseguições a cavalo. É na verdade até mesmo uma comédia de costumes, mostrando a vida nessa cidadezinha. O mais divertido é que em determinado ponto o personagem de Randolph Scott resolve abrir um banco na cidade! Logo ele que sempre foi acusado de enganar os outros em seu passado! O absurdo vem depois quando sua agência é assaltada por ninguém menos do que o próprio xerife da cidade! Tudo bem divertido. No geral é um filme de que gostei bastante. A produção não é classe A porque o filme foi rodado durante a II Guerra e os estúdios já não tinham os mesmos recursos de antes, mas nada consegue atrapalhar esse filme champagne saboroso passado no velho oeste americano.

A Bela do Yukon (Belle of the Yukon, Estados Unidos, 1944) Direção: William A. Seiter / Roteiro: Houston Branch, James Edward Grant / Elenco: Randolph Scott, Gypsy Rose Lee, Dinah Shore / Sinopse: Randolph Scott interpreta um cowboy que resolve dar no pé de sua cidade Seattle após alguns problemas com a lei. Ele é considerado um sujeito pouco honesto, dado a pequenos tranbiques. Na nova cidade ele resolve montar uma casa de shows e variedades, assumindo uma nova identidade, Honest John Calhoun. Tudo caminha bem até a chegada da bailarina Belle De Valle (Gypsy Rose Lee) que conhece muito bem o passado nada lisonjeiro e honesto de Calhoun. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Música original ("Sleighride in July" de Jimmy Van Heusen e Johnny Burke) e Melhor Trilha Incidental (Arthur Lange).

Pablo Aluísio.

Quando Explode a Vingança

Título no Brasil: Quando Explode a Vingança
Título Original: Giù la testa
Ano de Produção: 1971
País: Estados Unidos
Estúdio: Euro International Film (EIA)
Direção: Sergio Leone
Roteiro: Sergio Leone, Sergio Donati
Elenco: Rod Steiger, James Coburn, Romolo Valli, Maria Monti, Franco Graziosi, Antoine Saint-John

Sinopse:
No México, na época da Revolução, Juan Miranda (Rod Steiger), o líder de uma família de bandidos, conhece John Mallory (James Coburn), um especialista em explosivos do IRA que fugiu dos britânicos. Vendo a habilidade de John com explosivos, Juan decide convencê-lo a se juntar aos bandidos em um plano ousado. John, entretanto, faz contato com outros interessados em seus "serviços", pretendendo usar sua dinamite apenas a quem pagar mais.

Comentários:
Rod Steiger fazendo western spaghetti? Pois é, nos anos 60 e 70 isso não foi incomum. Muitos atores americanos foram para a Europa para aproveitar o momento do cinema italiano que estava no auge do sucesso comercial. Nada mal faturar um dinheiro fácil. No caso desse filme havia ainda um outro atrativo de peso, a presença do grande diretor Sergio Leone. Esse cineasta tinha muito prestígio, inclusive nos Estados Unidos, graças a grande qualidade de seus faroestes italianos. O resultado aqui não é tão bom como de seus clássicos, suas obras primas ao lado de Clint Eastwood, mas não pense que se trata de um filme fraco, nada disso. Há ótimos momentos, todos seguindo na linha do estilo do spaghetti, com toda aquela violência estilizada e trilha sonora forte marcando cada cena, cada momento de tensão. Há também uma boa dose de humor que contribuiu ainda mais para seu sucesso de bilheteria nos cinemas da época.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 15 de março de 2018

Seven - Os Sete Crimes Capitais

Assisti "Seven" apenas uma vez, há mais de vinte anos, quando o filme chegou nas telas de cinema do Brasil. Claro que gostei bastante. O roteiro era muito bem escrito, uma bem bolada fita policial sobre um assassino em série que matava suas vítimas de acordo com os Sete Pecados Capitais. Os tiras que vão tentar resolver o caso formam uma dupla improvável. O mais velho deles, interpretado por Morgan Freeman, está às portas da aposentadoria. Ele tem apenas mais uma semana de trabalho. Seu novo parceiro é um jovem detetive, na pele de Brad Pitt, que chega para trabalhar ao lado do veterano. O primeiro crime é revelado quando eles encontram um homem absurdamente obeso, com o rosto afundando em um prato de macarrão. Ele teria sido morto por praticar o pecado da gula. A segunda vítima é um advogado, um sujeito que ganha a vida defendendo criminosos, estupradores e assassinos. Ganha a vida mentindo, para deixar nas ruas esses psicopatas, tudo por causa de dinheiro. Seria o pecado da ganância. Depois surge uma modelo, uma mulher extremamente bonita, mas vaidosa ao extremo, apaixonada por si mesma. Ela morre em uma cena de crime muito parecida com a morte de Marilyn Monroe, numa cama de lençóis brancos, segurando um telefone. O cerco vai se fechando e sobram apenas dois pecados: ira e inveja. Esses dois pecados capitais vão ser decisivos na cena final, quando os detetives entram em um jogo armado pelo serial killer. Um final realmente arrebatador - dependendo, é claro, do seu ponto de vista.

O diretor David Fincher criou uma espécie de filme noir moderno. As ruas são sujas, está sempre chovendo (com ecos de "Blade Runner") e tanto o assassino como suas vítimas vivem em ambientes decadentes, imundos. O personagem de Pitt é impulsivo, algumas vezes violento, e não pensa muito antes de agir. O extremo oposto de Freeman, sempre racional, tentando descobrir os próximos passos do assassino. É curioso essa diferença entre eles pois apesar de ser um clichê dos filmes de duplas policiais, até que funciona muito bem. Gwyneth Paltrow, que interpreta a esposa do tira de Brad Pitt, está no filme por motivos óbvios. Ela era namorada do astro galã na época, causando sensação nas revistas de fofocas. O estúdio então pensou que seria uma boa promoção colocá-la no elenco.

Por fim cabe ressaltar o papel de Kevin Spacey no filme. Ele é o vilão, o serial killer dos sete pecados capitais. Hoje em dia Spacey caiu em desgraça por causa das várias acusações de assédio sexual (inclusive contra menores de idade). Algo que provavelmente vai destruir sua carreira. Não deixa de ser uma grande pena porque ele sempre foi um grande ator, como bem demonstrado aqui nesse Se7en. Ele demora praticamente dois terços do filme para aparecer, mas quando finalmente surge na tela acaba roubando as atenções. A cena final, com eles no deserto, no meio daquelas grandes estações de energia, é um primor de ironia e humor negro (sem tentar ser engraçado, é bom frisar). No fim de tudo Morgan Freeman fala uma frase de Ernest Hemingway, que apesar dele próprio não acreditar muito nela, fecha com chave de ouro esse roteiro acima da média. Um grand finale, sem dúvida.

Seven: Os Sete Crimes Capitais (Se7en, Estados Unidos, 1995) Direção: David Fincher / Roteiro: Andrew Kevin Walker / Elenco: Morgan Freeman, Brad Pitt, Kevin Spacey, Gwyneth Paltrow / Sinopse: Dois policias tentam descobrir a identidade de um assassino em série que mata suas vítimas de acordo com os sete pecados capitais (gula, luxúria, avareza, ira, soberba, preguiça e inveja). Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Edição (Richard Francis-Bruce). Também indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Roteiro Original (Andrew Kevin Walker).

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 14 de março de 2018

Assassinato em Gosford Park

Robert Altaman encontra Agatha Christie? Quase isso. Na verdade o roteiro desse filme foi baseado numa estória criada pelo próprio Altman e não pela famosa escritora inglesa. Isso não quer dizer que seja totalmente original. Na verdade Altman aqui praticamente cometeu um plágio mesmo, criando um enredo que copiava em praticamente tudo as tramas de mistério de Christie. E como se deu isso? Copiando a "fórmula" da escritura. A coisa é simples, coloque um grupo de personagens em um ambiente restrito (pode ser um trem, um barco de cruzeiro ou como no caso aqui uma velha mansão) e depois revele um crime, um assassinato. A partir desse ponto basta apenas jogar com a real identidade do assassino, que no fim das contas pode ser qualquer um dos personagens. Joguinho de mistério. A grande original nesse tipo de enredo, obviamente, sempre foi a Agatha Christie. Altman aqui apenas a copiou sutilmente (ou nem tanto).

No filme temos um jantar de ricaços sendo organizado.Tudo se passa na década de 1930. Sir William McCordle e sua família recebem um grupo de milionários. A fina flor da sociedade da costa leste dos Estados Unidos. Apenas barões. Tudo vai correndo bem naquele estilo de falsidade grã fina até que um corpo é encontrado. Um homem está morto! Pronto, quem poderia ser o assassino? Não disse que seguia basicamente a fórmula dos livros de Agatha Christie? Pois então... O curioso é que esse filme apesar de ser bom e interessante, acabou seguindo a sina de muitos filmes de Robert Altman, ou seja, ser muito elogiado pela crítica, mas ignorado pelo público. O filme custou 20 milhões de dólares, mas só faturou 1,4 milhão em bilheteria. Tremendo fracasso comercial. Mesmo assim acabou levando um Oscar importante para casa, o de melhor roteiro. Pois é, algumas vezes ser levemente desonesto, copiando a ideia original dos outros, pode também dar bons frutos, inclusive sendo premiado pela Academia.

Assassinato em Gosford Park (Gosford Park, Estados Unidos, Inglaterra, 2001) Direção: Robert Altman / Roteiro: Julian Fellowes, Robert Altman / Elenco: Clive Owen, Helen Mirren, Maggie Smith, Ryan Phillippe, Michael Gambon, Kristin Scott Thomas, Charles Dance, Stephen Fry, Emily Watson / Sinopse: Grupo de milionários se reúnem numa sofisticada e bonita mansão localizada no campo. Todos estão lá para um jantar fino e refinado, mas a sofisticação acaba quando um corpo é encontrado. Houve um assassinato e o assassino se encontra entre eles. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Direção. Indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante (Emily Watson), Melhor Atriz Coadjuvante (Maggie Smith), Melhor Direção (Robert Altman), Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino. Vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original.

Pablo Aluísio.

American Pie

Esse filme é um lixo comercial que fez muito sucesso em seu lançamento, ao ponto inclusive de gerar sete continuações igualmente ruins. Esse estilo de comédia vulgar já não era novidade nenhuma quando o primeiro filme chegou nos cinemas. Desde "Porky´s" Hollywood vinha se especializando nesse tipo de humor mais picante que fazia graça com piadas sexuais e situações constrangedoras, algumas bem ruinzinhas. A verdade pura e simples é que você precisa estar na idade certa para gostar desse tipo de filme. 

Provavelmente com mais de 16 anos você conseguirá enxergar o que esse filme é na realidade: uma tremenda porcaria! No meio das situações nada engraçadas surge um ou outro momento que vá lhe fazer dar um pequeno sorriso amarelo que logo vai passar quando você se lembrar que pagou para assistir a esse produto descartável. No elenco nada de relevante a não ser um bando de atores jovens, nenhum particularmente famoso ou talentoso. No saldo geral tudo se resumirá em você perder seu tempo e dinheiro, o que convenhamos não é nada interessante.

American Pie: A Primeira Vez é Inesquecível (Estados Unidos, 1999) Direção: Paul Weitz, Chris Weitz / Roteiro: Adam Herz / Elenco: Jason Biggs, Tara Reid, Chris Klein, Thomas Ian Nicholas / Sinopse: Pornochanchada norte-americana cujo humor nasce de situações envolvendo sexo e picardias com jovens. Primeiro filme de uma longa franquia.

Pablo Aluísio

terça-feira, 13 de março de 2018

Irmãos de Guerra

Assisti na HBO quando foi exibida pela primeira vez no Brasil. O que dizer dessa minissérie? É excelente, com ótima reconstituição histórica, procurando ser o mais fiel possível aos acontecimentos reais. Também pudera, tudo foi produzido por Steven Spielberg (dispensa maiores comentários) e Tom Hanks (pupilo do mestre, seguindo seus passos como produtor executivo de sucesso). No enredo acompanhamos a companhia Easy, grupo de paraquedistas das forças aliadas que eram geralmente deslocados para além das linhas inimigas. Em jogo a invasão da Alemanha, já carcomida e praticamente derrotada, nos últimos dias da guerra.

Obviamente o roteiro explora a figura dos soldados, mas curiosamente não elege nenhum deles para ser uma espécie de protagonista. Assim as histórias são contadas sem um foco permanente, sempre sob uma visão mais coletiva da situação. A minissérie teve 10 episódios, exibidos entre setembro e novembro de 2001. Não houve uma segunda temporada porque isso não estava mesmo nos planos de Spielberg. Foi mais um caso de se contar uma boa história sem se preocupar em transformar tudo em franquia comercial. O mais importante foi mesmo o resgate histórico. Quem acabou ganhando foi o público que foi presentado com uma das melhores séries sobre a II Guerra Mundial. Se ainda não assistiu não deixe de conferir.

Irmãos de Guerra (Band of Brothers, Estados Unidos, 2001) Direção: David Frankel, Mikael Salomon, Tom Hanks / Roteiro: Stephen Ambrose, E. Max Frye / Elenco: Scott Grimes, Damian Lewis, Ron Livingston / Sinopse: O filme conta a história real da companhia Easy. Grupo de paraquedistas americanos que cumpriram diversas missões especiais durante a II Guerra Mundial, com destaque para sua atuação na batalha das Ardenas. Premiado com o Globo de Ouro na categoria de Melhor Minissérie.

Pablo Aluísio.

Códigos de Guerra

Poderia ter sido um bom filme de guerra. A premissa é das mais interessantes. Durante a II Guerra Mundial os americanos usaram a língua Navajo como código para a transmissão de planos e ordens para o front. Ora, isso soava para os alemães como um código indecifrável mesmo, até porque as línguas nativas das tribos indígenas do velho oeste eram faladas por poucas pessoas, até mesmo entre os descendentes Navajos. Assim o filme se desenvolve em torno dessa curiosidade histórica que teve sua importância para a vitória dos aliados na guerra. O roteiro foca bem em dois personagens, dois combatentes do exército, um branco interpretado por Nicolas Cage e um índio interpretado por Adam Beach.

O problema básico dessa fita é que a direção foi entregue ao mestre dos filmes de ação John Woo, o que criou a expectativa de que haveria excelentes cenas de combate no filme. Tudo em vão. Woo entregou um filme muito morno nesse aspecto. Mais do que isso, acabou perdendo o fio da meada, deixando o filme cair em um marasmo e em um tédio que acabaram com as expectativas do público. No final o que restou foi um filme de guerra com pouco teor de ação (o que é um absurdo por si mesmo). Cage também não convence como um soldado americano na II Guerra Mundial. Com muitos maneirismos irritantes ele jogou por terra qualquer verossimilhança que se poderia esperar. É um filme bem chato, arrastado, que apesar da premissa interessante nunca cumpre o que promete, sobrando apenas aborrecimento e sensação de perda de tempo.

Códigos de Guerra (Windtalkers, Estados Unidos, 2002) Direção: John Woo / Roteiro: John Rice, Joe Batteer / Elenco: Nicolas Cage, Adam Beach, Peter Stormare / Sinopse: Nicolas Cage interpreta um G.I. Joe (um soldado americano) que durante a II Guerra Mundial participa do uso da língua nativa dos Navajos para comunicação. Um verdadeiro código longe do alcance dos alemães. Roteiro baseado em fatos históricos reais.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 12 de março de 2018

Projeto Flórida

O diretor Sean Baker juntou um grupo de crianças (nenhuma delas profissional) e ligou a sua câmera para contar uma estória bem cativante. Tudo se passa em Orlando, na vizinhança pobre de um grande parque de diversões da Disney. E lá que vive a garotinha Moonee. Ao lado de seu grupinho de amiguinhos ela passa o dia perambulando pelas ruas onde mora, fazendo todo tipo de traquinagens. Sua mãe tenta ganhar a vida de todas as formas possíveis. Mãe solteira, vivendo de aluguel em um daqueles motéis de beira de estrada, ela vai vivendo um dia de cada vez. O roteiro explora assim o cotidiano dessas famílias pobres dentro desse motel de quartos baratos. O gerente do lugar é um sujeito bacana chamado Bobby (Willem Dafoe) que entende as dificuldades daquelas famílias, mas que precisa também defender os interesses do lugar, cobrando os aluguéis atrasados, etc.

A mãe que foi presa no passado ganha alguns trocados vendendo perfumes falsificados na frente dos resorts. Afinal turistas sempre são patos mais fáceis de pegar. Quando a grana se torna ineficiente até mesmo para pagar o aluguel, ela decide ir por outro caminho, se prostituindo no próprio quarto onde mora. Enquanto atende os seus clientes a filha pequena fica escondida dentro do banheiro. Uma situação horrível para uma criança. Apesar desse drama todo o filme tem uma pegada até leve. Sean Baker parece mais interessado em mostrar a breguice artificial da Flórida, com todos aqueles prédios pintados em cores berrantes e a cafonice das lojas da região. A própria Disney World é retratada como algo kitsch, brega, que só interessa aos turistas estrangeiros (os brasileiros em especial são citados no roteiro com ironia, imagine!). Então é isso. Um bom filme, bem humano, que arrancou uma indicação ao Oscar para Willem Dafoe no seu papel de Bobby, o gerente boa praça. Um dos atores mais talentosos de sua geração, a indicação foi bem merecida, pois ele é inegavelmente uma das almas desse filme.

Projeto Flórida (The Florida Project, Estados Unidos, 2017) Direção: Sean Baker / Roteiro: Sean Baker, Chris Bergoch / Elenco: Willem Dafoe, Brooklynn Prince, Bria Vinaite / Sinopse: O filme mostra o dia a dia e o cotidiano de um grupo de famílias pobres da Flórida. Vivendo ao lado do "mundo dos sonhos" da Disney World, elas vão vivendo um dia de cada vez, mesmo com os inúmeros poblemas de falta de dinheiro e perspectivas para o futuro. Filme indicado ao Oscar, ao BAFTa e ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Dafoe).

Pablo Aluísio.

Doce Novembro

Não sei exatamente qual é o problema do Keanu Reeves, mas percebo que ele quase sempre soa apático nesse tipo de filme romântico. Já deu para perceber depois de todos esses anos que ele sempre funcionou melhor em filmes de ação ou ficção. Quando o roteiro exige demonstrar calor humano ou paixão, em filmes de amor, sua atuação deixa muito a desejar. É foi justamente isso o que aconteceu nesse "Doce Novembro". O filme conta a história de um protagonista desiludido com a vida amorosa. Faz tanto tempo que ele se apaixonou pela última vez que já entrou na fase de não ligar mais para relacionamentos.

As coisas mudam quando conhece Sara (Charlize Theron). Ela propõe que eles fiquem juntos durante um mês, para ver se darão certo como casal. Bom, se um homem continua apático com um mulherão como Charlize Theron de lado, realmente a coisa anda bem complicada. O roteiro assim vai mostrando o casal se curtindo até que acontece algo inesperado (e que obviamente não irei revelar por aqui para não dar spoiler). Só digo que o filme tenta uma meia volta para o drama, porém sem muito êxito. De qualquer forma, mesmo sem uma química adequada para a dupla central de atores, ainda há boas coisas a conferir nesse romance cinematográfico sem muita paixão. Uma delas é a bonita fotografia providenciada por Edward Lachman. Pelo menos nisso se acertou pois o filme ficou com um visual realmente bem bonito.

Doce Novembro (Sweet November, Estados Unidos, 2001) Direção: Pat O'Connor / Roteiro: Herman Raucher, baseado no romance escrito por Paul Yurick / Elenco: Keanu Reeves, Charlize Theron, Jason Isaacs / Sinopse: Nelson Moss (Keanu Reeves) é um homem frustrado na vida amorosa. Quando ele conhece Sara Deever (Charlize Theron) resolve tentar novamente. Dar uma nova chance ao amor. Eles decidem namorar por um mês para ver se darão certo como casal. Tudo corre bem até um acontecimento inesperado muda os rumos do relacionamento. 

Pablo Aluísio.

domingo, 11 de março de 2018

Evolução

Tinha tudo para dar certo. Dirigido por  Ivan Reitman, um diretor talentoso, especialista nesse tipo de filme (basta lembrar de "Os Caça-Fantasmas"), contando ainda com um elenco bom (com direito a ter Julianne Moore como coadjuvante) e efeitos especiais de primeira. Então o que deu errado? O mesmo culpado de sempre: o roteiro é muito ruim. O enredo (se é que podemos chamar isso de enredo) não decola, não funciona. Nem a presença do ator de Arquivo X David Duchovny ajuda. Aliás atrapalha. Ele se considerava um sujeito engraçado que daria certo em enredos de comédia. Bom, alguém precisava avisar a ele que definitivamente ele não tinha a menor graça.

David Duchovny queria largar a série "Arquivo X" para ir para o cinema, se transformar em um astro de filmes de grande bilheteria. No final ele largou a série e... deu errado no cinema. Esse "Evolução" fracassou nas bilheterias e foi impiedosamente massacrado pela crítica especializada. Tudo justo. O filme é muito ruim mesmo, daquele tipo que faz você ficar constrangido de estar assistindo. Era para ser o primeiro de uma franquia, mas deu tão errado que a Columbia Pictures cancelou todo o projeto, varrendo as continuações para debaixo do tapete. Puro lixo cinematográfico. Nem para virar histórias em quadrinhos prestou. Enfim, um desastre absoluto. Melhor esquecer para sempre.

Evolução (Evolution, Estados Unidos, 2001) Direção: Ivan Reitman / Roteiro: Don Jakoby, David Diamond / Elenco: David Duchovny, Orlando Jones, Julianne Moore / Sinopse: Um meteoro cai no Planeta Terra, trazendo para nosso mundo uma nova forma de vida que evolui com extrema rapidez, dando razão ao bom e velho Darwin que dizia que a espécie mais apta a sobreviver seria aquela que se adaptasse melhor ao meio em que vivia. Para azar da humanidade essa nova forma de vida supostamente seria então mais evoluída e bem mais adaptada do que o próprio homem.

Pablo Aluísio.

Censura Máxima

Título no Brasil: Censura Máxima
Título Original: Rated X
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Showtime Networks
Direção: Emilio Estevez
Roteiro: Norman Snider
Elenco: Charlie Sheen, Emilio Estevez, Rafer Weigel, Tracy Hutson, Megan Ward, Terry O'Quinn

Sinopse:
Baseado no livro biográfico escrito por David McCumber, o filme conta a história de dois irmãos que decidem abrir uma produtora de filmes adultos em San Francisco, isso em uma época em que esse tipo de atividade ainda era tipificado como crime pelo código penal americano.

Comentários:
Os irmãos Charlie Sheen e Emilio Estevez resolveram se unir para contar em filme a história de dois outros irmãos, Artie e Jim Mitchell, que no final da década de 1960 resolveram abrir uma produtora clandestina de filmes pornográficos. A história é real e bem barra pesada. O ator Charile Sheen vinha sendo criticado justamente na época por estar se envolvendo com pornstars, como Ginger Lynn, e por isso topou na hora a ideia do irmão Estevez para fazer esse filme sobre exploração sexual, decadência moral e tragédia. Não se trata de spoiler, uma vez que foi justamente o fim trágico dos irmãos Mitchell que acabou fazendo diferença nesse projeto. O filme acabou sendo exibido na TV americana na época - bem no comecinho do canal a cabo Showtime - e no Brasil foi lançado no mercado de vídeo VHS. Bem produzido, com roteiro e enredo interessante, esse "Rated X" traz uma boa amostra de como eram as coisas na fase jurássica da pornográfica americana. Aula de história que certamente você não aprenderá na escola. Um filme violento com final trágico, mas que mesmo assim merece ser conhecido.

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de março de 2018

Eu, Tonya

Muito bom esse filme. Eu estava com uma certa má vontade em assisti-lo porque me recordava do fato que lhe deu origem. Eu me lembro que a imprensa explorou o caso por meses e meses, enchendo a paciência de todo mundo. Quando a mídia cai como urubu em cima da carne fica-se com aquela sensação de que saturou geral. Não há mais como sequer ouvir falar daquilo de novo. Pois bem, aqui o diretor Craig Gillespie fez um belo trabalho. Ele pegou esse incidente (que ninguém mais aguentava ouvir falar de novo) e criou um filme com ótimo ritmo, bem bolada narrativa e o melhor de tudo, excelentes interpretações. Quando estava comentando as indicadas ao Oscar de Melhor Atriz escrevi que Margot Robbie só tinha a agradecer o "presente" de sua indicação pela Academia. Errei feio. Não foi presente nenhum, ela está mesmo ótima na pele da patinadora Tonya Harding! Incrível seu trabalho de atuação. Esqueça a Arlequina, nada se compara com o que ela fez aqui nesse filme.

O mesmo vale para a atriz Allison Janney que interpretou sua mãe. Ela inclusive foi premiada com o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Merecidíssimo. Com óculos enormes e bregas, cigarro sempre na mão, mau humor ácido e frases péssimas sempre na ponta da língua, ela é uma perfeita "bitch" como os americanos gostam de chamar. Uma mulher completamente insuportável que fez de tudo - inclusive terrorismo psicológico - para transformar a filha numa campeã dos patins. Outro aspecto digno de nota é que o roteiro conseguiu contar a história com dignidade, sem apelar para as toneladas de lixo que foram publicados pela mídia podre na época. Assim descobrimos que se Tonya não era a heroína que poderia ser retratada, tampouco foi a monstruosidade que foi pintada por certos jornais na época. No fundo era um garota pobre, sem educação formal, que tentou vencer naquilo que mais dedicou sua vida. Ela era boa, excepcionalmente boa, mas foi prejudicada por se envolver com as pessoas erradas, entre elas alguns dos idiotas mais estúpidos que já se viu na face da Terra. Então é isso, um filmão que merecia mesmo até uma indicação ao Oscar de Melhor Filme do ano. Muito, muito bom.

Eu, Tonya (I, Tonya, Estados Unidos, 2017) Direção: Craig Gillespie / Roteiro: Steven Rogers / Elenco: Margot Robbie, Sebastian Stan, Allison Janney / Sinopse: O filme conta a história real da patinadora Tonya (Margot Robbie) que durante os anos 80 se envolveu em um incidente vergonhoso, quando sua principal concorrente a uma vagas nas Olimpíadas sofreu um ataque onde ela quebrou seu joelho. Depois com as investigações descobriu-se que pessoas próximas a Tonya estariam envolvidas no crime, causando uma grande comoção por parte da imprensa americana. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Allison Janney). Indicado ainda ao Oscar nas categorias de Melhor Edição (Tatiana S. Riegel) e Melhor Atriz (Margot Robbie). Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Allison Janney). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme e Melhor Atriz (Margot Robbie).

Pablo Aluísio.

Heroína(s)

Esse filme concorreu ao Oscar na categoria de Melhor Documentário em curta-metragem. A diretora Elaine McMillion Sheldon apenas focou no cotidiano de três mulheres que dedicam suas vidas a salvar a vida de viciados em heroína. Assim aparecem na tela o trabalho de uma juíza da corte especializada em drogas, uma assistente social e uma médica do setor de salvamento do corpo de bombeiros. Como se sabe os Estados Unidos passa atualmente por uma verdadeira epidemia do uso de heroína e isso não se dá apenas em grandes centros urbanos, mas em pequenas e médias cidades também. O documentário foi realizado em Huntington, West Virginia.

Os números chocam. Em determinado momento do filme a médica afirma que a cidade, mesmo sendo pequena e isolada no interior, tem algo em torno de 90 mil usuários de heroína. Todos os dias, sem trégua, ela é chamada para atender pessoas com overdose da droga. São jovens mulheres, homens na faixa de 30, 40 anos, colegiais, enfim, todo tipo de gente. A heroína parece não escolher faixa etária, sexo e nem classe social. Alguns atendimentos são mostrados em cena. Em um deles uma jovem cai no meio de um estabelecimento comercial e fica lá, no chão, completamente prostrada. Em outro momento um homem tem uma overdose no banheiro de seu apartamento. Ele imediatamente tem uma parada cardíaca e todos os esforços são feitos para salvar sua vida. Pois é, a sociedade norte-americana está afundada no abuso de drogas. Recentemente o Presidente Trump tratou do problema em um discurso. Não parece haver solução a curto e médio prazo.

Heroína(s) (Heroin(e), Estados Unidos, 2017) Direção: Elaine McMillion Sheldon / Roteiro: Elaine McMillion Sheldon / Elenco: Jan Rader, Patricia Keller, Necia Freeman / Sinopse: Documentário rodado na cidade de Huntington, West Virginia, nos Estados Unidos, que mostra o trabalho de uma médica, uma assistente social e a juíza do condado, todas empenhadas no trabalho de salvar vidas de viciados em drogas.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de março de 2018

O Senhor dos Anéis: As Duas Torres

Eu considero esse o melhor filme da trilogia "O Senhor dos Anéis". Os motivos para isso são muitos. Primeiro de tudo é que aqui já não houve mais a necessidade de se apresentar os diversos personagens da obra de J.R.R. Tolkien, algo que tornou o primeiro filme meio burocrático. Também não se tem a sensação de lenga-lenga, de encheção de linguiça, que vimos no primeiro filme. Se me lembro bem o filme anterior perdia muito tempo para não contar estória nenhuma, fazendo com que tudo se arrastasse em demasia, principalmente nos 45 minutos finais que se tornaram um exercício de paciência digno de um monge tibetano. Aqui não, nada disso acontece. Há um melhor desenvolvimento dos hobbits, ao mesmo tempo em que se mostram as cartas dos vilões, os antagonistas, que acabaram (quase) roubando o filme dos protagonistas, que com seu excesso de bondadismo poderiam colocar tudo a perder.

Outro aspecto digno de nota vem das inúmeras e excelentes cenas de batalha campal. O diretor  Peter Jackson teve receios do filme ficar com cara de videogame, algo que aconteceu bastante em outras produções que exageram na computação gráfica. Em momentos pontuais isso realmente aconteceu, temos que admitir, mas não foi a regra geral. Considero todas as cenas muito bem feitas, o que foi fruto do uso do que havia de melhor no mercado em termos de efeitos digitais de última geração. Grande parte do orçamento de 94 milhões de dólares aliás foi usado justamente para pagar por esses efeitos especiais. Para os padrões atuais o orçamento desse segundo filme nem foi algo fabuloso, de impressionar. Poderíamos dizer que foi apenas mediano, o que não atrapalhou em nada o resultado final. Sucesso de público e crítica, o filme conseguiu até mesmo arrancar uma indicação ao Oscar de Melhor Filme do ano, o que achei um certo exagero na época. Até porque todas as demais indicações eram apenas técnicas. Não venceu, mas acabou trazendo pela primeira vez um grande prestígio por parte da Academia para esse tipo de produção de fantasia.

O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (The Lord of the Rings: The Two Towers, Estados Unidos, 2002) Direção: Peter Jackson / Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens, Stephen Sinclair e Peter Jackson. baseados na obra imortal de J.R.R. Tolkien  / Elenco: Elijah Wood, Ian McKellen, Viggo Mortensen, Cate Blanchett, Orlando Bloom, Billy Boyd, Christopher Lee, Sean Bean, Andy Serkis / Sinopse: Frodo e seus companheiros continuam na sua jornada para destruir o anel. Durante a viagem descobrem que estão sendo perseguidos por uma estranha criatura obcecada pelo objeto. Ele se apresenta como Gollum, antigo possuidor da joia, alguém corroído pela ganância e pela sede do poder do anel. Enquanto isso Aragorn,  Legolas e Gimli chegam no Reino do Rohan, onde o Rei está amaldiçoado pelo maléfico Saruman. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Edição de Som e Melhores Efeitos Especiais.

Pablo Aluísio.

Harry Potter e a Câmara Secreta

Eu nunca li um livro de Harry Potter. Quando eles chegaram no mercado eu já tinha passado da idade certa para curti-los. São livros escritos especialmente para os públicos infantil e pré-adolescente. Mesmo assim quando a coleção escrita por J.K. Rowling começou a ser adaptada pelo cinema fiz questão de conferir todos os filmes. Queria ao menos conhecer esse universo de fantasia que havia feito tanto sucesso nas livrarias. De maneira em geral gostei de todos os filmes. Tenho certas críticas a fazer aos dois últimos, que foram produzidos em dobro apenas para faturar mais em cima das bilheterias. O enredo caberia perfeitamente em apenas um filme, mas a ganância do estúdio falou mais alto. Esse aqui intitulado "Harry Potter e a Câmara Secreta" é o segundo filme da série cinematográfica, novamente dirigido por Chris Columbus, que uma vez tendo dirigido esse filme largou a franquia.

Esses primeiros filmes de Harry Potter para o cinema são os melhores. Os atores ainda eram quase crianças (entrando na prè adolescência) e por isso uma certa magia é preservada nas produções. Claro que em termos de produção não há nada a reclamar. Como uma franquia milionária, Harry Potter teve tudo do melhor em termos de efeitos especiais, figurinos, cenários, direção de arte, etc. É um universo com muitas possibilidades (tanto que já deu origem a uma nova franquia inaugurada recentemente com o sucesso de "Animais Fantásticos e onde Habitam"). Confesso que hoje em dia, passado tanto tempo (lá se vão quinze anos de sua estreia no cinema!), já não me recordo exatamente de cada filme com exatidão detalhista, afinal os assisti apenas uma vez no cinema, na época de seus lançamentos originais. Mesmo assim não seria nada penoso rever essas produções. São filmes que funcionam bem, para todas as idades.

Harry Potter e a Câmara Secreta (Harry Potter and the Chamber of Secrets, Estados Unidos, 2002) Direção: Chris Columbus / Roteiro: Steve Kloves, baseado na obra de J.K. Rowling / Elenco: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Kenneth Branagh, Alan Rickman, Richard Harris, Maggie Smith, John Cleese / Sinopse: Após péssimas férias na casa de seus tios, o jovem Harry Potter se prepara para o segundo ano em Hogwarts, a famosa escola de magia. Tudo vai indo bem até que ele recebe a visita de uma estranha criatura, que lhe avisa para não voltar pois coisas sinistras estão prestes a acontecer.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 8 de março de 2018

Scooby-Doo

Como toda criança da minha geração eu também passei a infância assistindo aos desenhos do Scooby-Doo. Essa foi uma das inúmeras criações da dupla Hanna-Barbera que sem favor algum foi a produtora mais importante da história da TV americana em termos de desenhos animados. Assim em 2002 quando a Warner Bros anunciou que faria uma versão Live Action da animação fiquei no mínimo curioso em ver o resultado. Como era de se esperar o Scooby-Doo acabou sendo feito por computação gráfica, com resultado muito bom. O filme não é grande coisa, mas também passa longe de ser ruim ou embaraçoso. De forma acertada os roteiristas se inspiraram nos primeiros desenhos de Scooby-Doo, aqueles dos anos 60, que eram realmente muitos bons, com estorinhas envolvendo a trupe desmascarando falsos fantasmas.

O elenco contou com algumas figurinhas fáceis e populares do mundo teen como Freddie Prinze Jr e Sarah Michelle Gellar (a caçadora de vampira "Buffy" da série de grande sucesso na época). Eles encaixaram bem em seus personagens, porém nada supera Matthew Lillard como o Salsicha, o amigão de Scooby. Na verdade esse personagem era um tipo de hippie noiado, maconheiro, com gestos estridentes e sotaque de cearense (sabe-se lá o que se passou no processo de dublagem no Brasil!). A caracterização de Lillard ficou perfeita. E para quem ainda pedia por um plus, o estúdio escalou o próprio Mr Bean, o comediante inglês  Rowan Atkinson, como um vilão engraçado. Assim esse filme (que também servia como homenagem nostálgica) acabou cumprindo seus objetivos, sendo bem divertido. Ignore todos os que vieram depois que são bem fracos, alguns feitos exclusivamente para canais a cabo. Procure ver apenas esse, que já estará de bom tamanho.

Scooby-Doo (Scooby-Doo, Estados Unidos, 2002) Direção: Raja Gosnell / Roteiro: James Gunn, Craig Titley, baseados nos personagens criados por Hanna-Barbera / Elenco: Matthew Lillard, Freddie Prinze Jr., Sarah Michelle Gellar, Rowan Atkinson / Sinopse: O cachorão Scooby-Doo e seus amigos Salsicha, Daphne, Fred e Velma precisam descobrir um estranho mistério envolvendo a aparição de fantasmas em uma estação de turismo.

Pablo Aluísio.

Monstros S.A.

Imagine que o Bicho Papão é um operário comum que todo dia bate ponto na fábrica. Nada mais do que isso. Partindo dessa ideia simples (e original) a Pixar produziu essa simpática animação chamada apropriadamente de "Monstros S.A.", Dois aspectos interessantes aqui. O primeiro é que a Pixar foi realmente uma produtora diferenciada no mercado das animações milionárias da indústria cinematográfica americana. Longe das amarras e tabus, seus criadores deram asas à imaginação, criando universos novos que foram grandes sucessos de bilheteria - isso claro até a toda poderosa Disney comprar todo o estúdio, transformando tudo em apenas mais um de seus departamentos criativos.

O outro ponto digno de nota é que os personagens eram criados à imagem e semelhança dos atores que os dublavam. Uma ideia muito interessante que deu mais do que certo. Assim o tampinha em forma de ervilha Mike tinha todas as características de Billy Crystal, chatinho e falando pelos cotovelos. Seu colega de "fábrica" o felpudo Sullivan lembrava muito o próprio corpanzil de  John Goodman. A dupla se entrosou perfeitamente o que contribuiu ainda mais para o êxito dessa animação. Por isso procure pelas versões legendadas, até porque a Pixar não fazia exatamente suas animações apenas para a criançada. O roteiro, cheio de tiradas criativas que só os adultos entenderiam completamente, era feito também para os pais que iam ao cinema. Agradando a todos os públicos a Pixar só poderia mesmo encher seus cofres com as gordas bilheterias. Tacada de mestre.

Monstros S.A. (Monsters, Inc, Estados Unidos, 2001) Direção: Pete Docter, David Silverman / Roteiro: ete Docter, Jill Culton / Elenco:  Billy Crystal, John Goodman, Mary Gibbs / Sinopse: Dos mesmos autores de "Toy Story" e "Wall-E" essa animação conta a estorinha de dois amigos, operários, que trabalham numa "fábrica" de sustos na função de "bicho-papão". Tudo muda quando eles encontram uma garotinha que não fica assustada com a presença deles. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Música Original ("If I Didn't Have You" de Randy Newman). Também indicado nas categorias de Melhor Trilha Sonora, Melhor Edição de Som e Melhor Animação do Ano.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de março de 2018

Jumanji: Bem-Vindo à Selva

Mais um filme que está em cartaz nos cinemas brasileiros. Bom, na falta de novas ideias nada mais fácil do que ir ao passado para reciclar filmes que fizeram sucesso. Dessa vez os produtores resolveram fazer uma nova adaptação de "Jumanji", isso mesmo, aquele filme de 1995 que tinha Robin Williams como protagonista (há inclusive uma breve referência e homenagem a ele no roteiro desse novo filme). O enredo segue basicamente o mesmo. Um velho jogo de tabuleiro é encontrado. Agora adaptado para um velho game dos anos 90. Não faz muita diferença. Acontece que os que começam a jogá-lo acabam sendo transportados para o universo do jogo, bem no meio da floresta com rinocerontes brancos, hipopótamos e felinos selvagens. É uma aventura escapista, pura diversão, pipoca plena. Nada mais do que isso.

As poucas novidades se referem aos jogadores. Agora é um grupo de estudantes de um colégio. Eles são levados para o castigo e descobrem o Jumanji pegando poeira no porão da escola. Uma vez aberta a caixa de Pandora já viu... Outra novidade é que os adolescentes agora jogam com seus avatares. Assim um nerd vira o The Rock, puro músculos e coragem. O mais estranho dessas imersão no universo do jogo é que há uma jovem loira que vira o... Jack Black!!! Estranho pouco é bobagem. Pelo menos o talento cômico do Jack se sobressai pois ele tem que interpretar um personagem com cara de cartógrafo da selva com a mente de uma loirinha de high school. Não faz muito sentido. Ficou estranho, mas também levemente divertido. No mais é aquela coisa toda que já se espera de um filme como esse, com muitas cenas de ação, comédia suave e efeitos especiais de última geração. Não tem o mesmo carisma e charme do filme original, mas se você tiver uns 13, 14 anos, vai se divertir. Então se esse é o seu tipo de filme vá ao cinema sem receios de se decepcionar.

Jumanji: Bem-Vindo à Selva (Estados Unidos, Jumanji: Welcome to the Jungle, 2018) Direção: Jake Kasdan / Roteiro: Chris McKenna, Erik Sommers / Elenco: Dwayne Johnson, Jack Black, Karen Gillan, Kevin Hart / Sinopse: Depois de encontrarem um velho game dos anos 90 no porão da escola, um grupo de estudantes adolescentes são enviados para o universo de Jumanji, onde terão que sobreviver, ao mesmo tempo em que procuram uma saída de volta para casa. Pura fantasia em ritmo de diversão e aventura ao som de um velho sucesso do grupo de rock Guns N' Roses.

Pablo Aluísio.

A Vingança do Mosqueteiro

É uma espécie de sequência para o clássico "Os Três Mosqueteiros", mas sem nunca se assumir completamente como tal. O curioso é que acabou virando uma aventura de capa e espada onde os destaques não foram para D'Artagnan (interpretado por um fraco Justin Chambers), mas sim para os coadjuvantes, os vilões, que roubam a cena desde o começo do filme. E o que dizer da presença da grande Catherine Deneuve? Ela interpreta a Rainha da França, jogando ainda mais o personagem principal nas sombras. Incrível como os produtores escolheram um elenco coadjuvante excepcional e ao mesmo tempo escalaram um ator tão fraco como o D'Artagnan. Provavelmente não levaram muita fé no roteiro, preferindo se concentrar mesmo na produção, que é inegavelmente muito boa.

Na trama temos realmente uma estorinha meio fraca. D'Artagnan (Justin Chambers) vê seus pais sendo mortos pelo cruel nobre Febre (Tim Roth). Em busca de vingança e um novo recomeço ele se muda de sua cidade natal. Quer entrar para a guarda real, mas chegando em Paris descobre que os mosqueteiros estão quase destruídos por causa de intrigas políticas do Cardeal Richelieu (Stephen Rea). O mundo porém ainda não acabou, há esperanças, e ele se une aos amigos Athos (Jan Gregor Kremp), Porthos (Steven Spiers) e Aramis (Nick Moran), todos mosqueteiros, para tentar reviver a glória da antiga ordem. Basicamente é isso. Não se trata de uma adaptação literal do livro de Alexandre Dumas. Houve modificações importantes, por isso escrevi que seria um tipo de continuação não respeitosa ao livro original. De qualquer maneira como diversão funciona. Além disso há toda essa constelação de grandes astros e estrelas em papéis secundários. Eles garantem o interesse nas duas horas de duração do filme.

A Vingança do Mosqueteiro (The Musketeer, Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos, 2001) Direção: Peter Hyams / Roteiro:  Gene Quintano, baseado na obra de Alexandre Dumas / Elenco: Justin Chambers, Catherine Deneuve, Tim Roth, Stephen Rea, Mena Suvari, Jan Gregor Kremp / Sinopse: D'Artagnan (Justin Chambers) parte para a vingança após a morte de seus pais. Ele se muda para Paris com o sonho de entrar para a guarda do rei, os mosqueteiros, mas descobre que eles estão sendo perseguidos impiedosamente pelo Cardeal Richelieu.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 6 de março de 2018

Jason Bourne

Depois de ficar anos fora da franquia o ator Matt Damon resolveu retomar um dos seus personagens mais famosos. Esse então é o quarto filme Bourne com Damon no papel. Antes dele (só para situar o leitor) tivemos "A Identidade Bourne" (2002), seguida das sequências "A Supremacia Bourne" (2004) e "O Ultimato Bourne" (2007). Está quase virando uma franquia do tipo James Bond 007. O diretor Paul Greengrass deu um ritmo muito acelerado a esse quarto filme. Uma das coisas que mais me incomodaram foi justamente a edição, que parece cada vez mais frenética e ansiosa do que nunca, causando até mesmo mal estar para quem viu o filme no cinema - onde o impacto visual é maior. Por isso também afirmo sem receios que esse é o filme com o roteiro mais fraco, quase vazio de conteúdo. As cenas são tão alucinantes que sequer tiveram o cuidado de contarem uma boa história.

Por isso não espere muita coisa da trama. Após roubar dados sigilosos da CIA (a agência de inteligência dos Estados Unidos) Nicky Parsons (Julia Stiles) decide se encontrar com Jason Bourne (Damon) na Grécia, em meio aos protestos violentos que acontecem no país. Ao mesmo tempo o diretor da CIA, Robert Dewey (Tommy Lee Jones) decide colocar dois de seus melhores agentes para localizar e destruir Bourne e sua amiga. Basicamente é isso. Uma perseguição em diversas cidades, com Jones tentando pegar Damon, enquanto ele vai escapando, obviamente em cenas de ação para deixar qualquer um tonto ao assistir. Por fim um aspecto que também me chamou a atenção. O filme traz uma sequência de perseguições de motos que dura mais de 30 minutos! Nem Steve McQueen em seus anos mais apaixonados nesse tipo de sequência iria gostar. Ficou muito excessivo e exagerado.Espero que se fizerem um quinto filme que pelo menos trabalhem melhor o roteiro, porque cena de ação atrás de cena de ação acaba entediando o espectador.

Jason Bourne (Jason Bourne, Estados Unidos, 2016) Direção: Paul Greengrass / Roteiro: Paul Greengrass, Christopher Rouse  / Elenco: Matt Damon, Tommy Lee Jones, Julia Stiles, Vincent Cassel, Alicia Vikander / Sinopse: Quarto filme da franquia "Bourne" com o ator Matt Damon. Aqui ele tenta escapar da CIA que está atrás dele para elimina-lo o mais rapidamente possível. Sua atuação se torna uma questão de segurança nacional.

Pablo Aluísio. 

Dia de Treinamento

Denzel Washington ten uma filmografia maravilhosa. Mesmos seus filmes considerados "menores" ainda assim são grandes filmes se formos comparar com as demais produções de Hollywood. Esse "Dia de Treinamento" nunca foi dos meus filmes preferidos com o ator. Sempre considerei um filme bem cru, seco, algumas vezes até cruel. O personagem de Denzel Washington também tem características repugnantes, o que para ele como ator deve ter sido um presente. Ele interpreta um policial chamado Alonzo. Não é um tira comum. Forjado nas ruas, vivendo numa tênue linha entre o mundo do crime e o mundo da lei, ele faz suas próprias regras. Agora imagine um cara como esse tendo um novato como parceiro. O sujeito que deseja ser todo certinho, seguindo o livro de regrinhas da Academia de polícia. Claro que o choque se torna inevitável.

Embora a estrutura do roteiro possa ser considerado clichê em termos de filmes policiais, com aquela velha coisa de dupla de tiras com personalidades diferentes, o diretor Antoine Fuqua pegou essa situação banal e transformou em um filme muito bom, que deixa o espectador sempre no interesse do que vai acontecer a seguir. O filme foi bem nas bilheterias, mas não tanto quanto se esperava. Conseguiu faturar praticamente o dobro de seu custo, chegando aos 100 milhões de dólares arrecadados. O curioso é que Denzel deixou um pouco os dramas mais artísticos para se arriscar em um filme para ser comercialmente bem sucedido. Ficou no meio do caminho. O filme porém lhe valeu o Oscar de Melhor Ator naquele ano, algo que como ele mesmo explicou algum tempo depois jamais esperaria acontecer. Afinal ele queria mesmo era fazer sucesso em um filme policial feito para as massas. Nem sempre se acerta no alvo, mas com Denzel uma coisa é certa, sempre vem algo bom pela frente.

Dia de Treinamento (Training Day, Estados Unidos, 2001) Direção: Antoine Fuqua / Roteiro: David Ayer / Elenco: Denzel Washington, Ethan Hawke, Scott Glenn / Sinopse: Alonzo (Denzel Washington) é um policial veterano que joga com suas próprias regras. Após trabalhar anos nas ruas, enfrentando a criminalidade na divisão de narcóticos, ele já não está muito certo sobre o que seria legal ou não. Quando um novo parceiro é designado para trabalhar ao seu lado, o novato Jake (Ethan Hawke), as coisas ficam ainda mais complicadas. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Ator (Denzel Washington). Também indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Ethan Hawke). Igualmente indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator (Denzel Washington).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 5 de março de 2018

Aniquilação

Não é um filme muito fácil de digerir, apesar do roteiro ser até bem simples se formos analisar bem. Tudo começa quando uma professora de biologia descobre que seu marido não morreu como ela havia pensado por um longo período de tempo. Ele tinha desaparecido durante uma missão secreta do governo americano e por isso ela presumia que ele havia sido morto, talvez no Afeganistão ou Iraque. Seu retorno inesperado porém logo é descoberto e o serviço de inteligência o traz de volta para as instalações secretas do exército. Só ai é que a professora interpretada por Natalie Portman descobre toda a verdade. Há uma enorme bolha dimensional, crescendo a cada dia, engolindo tudo ao redor. Os cientistas ainda não conseguiram explicar esse estranho fenômeno na natureza. Todas as expedições militares que foram enviadas para dentro dessa bolha jamais voltaram.

Assim uma nova expedição é formada, dessa vez apenas por mulheres, pesquisadoras. Portman acaba entrando na missão. Assim que ultrapassam a fronteira descobrem que há coisas bem estranhas acontecendo com a fauna e a flora da região. As plantas passam por estranhas mutações e os animais, como crocodilos e ursos, parecem mais monstros e feras disformes do que animais normais. O filme vai criando um certo suspense, enquanto as jovens pesquisadoras tentam chegar em um velho farol, onde tudo pode ter começado. O roteiro, bem escrito em minha opinião, tenta esconder a verdade do espectador até o último momento (a cena final inclusive é bem reveladora do que realmente estaria acontecendo). É um quebra-cabeças para quem for assistir. Como uma das mulheres dizem, não se sabe se a tal bolha é um evento de causa religiosa, alienígena ou apocalíptica. O título "Aniquilação" já deixa entre linhas o que está prestes a acontecer (inclusive aposto que esse filme vai acabar virando uma franquia ou uma nova série). Esse enredo aliás poderia ter sido usado em qualquer filme de ficção dos anos 50, já que seu espírito é bem esse. No mais é outra produção Netflix, que ultimamente tem contratado grandes atores para atuarem em seus filmes. A Natalie Portman é a estrela da vez nesse Sci-fi que se não chega a ser brilhante pelo menos tenta ser o mais fiel possível aos antigos filmes do gênero.

Aniquilação (Annihilation, Estados Unidos, 2018) Direção: Alex Garland / Roteiro: Alex Garland / Elenco: Natalie Portman, Jennifer Jason Leigh, Tessa Thompson / Sinopse: Baseado no livro de ficção escrito por Jeff VanderMeer o filme conta a estória de um estranho evento, quando surge uma bolha dimensional que vai aumentando de tamanho a cada dia. Conhecida como "O Brilho" esse fenômeno começa a mudar o DNA de plantas e animais. Uma expedição é então enviada para dentro do estranho evento, causando mortes e destruição jamais vistos.

Pablo Aluísio. 

Um Grande Garoto

Assisti a esse filme no cinema, em agosto de 2002. Onde estava com a cabeça?! Não é um filme para tanto, para ver no cinema. Assistindo em vídeo (na época era ainda o VHS, já chegando o Blu ray no mercado) já estava bom demais. Bem, sempre gostei do Hugh Grant. Ele é o que se pode chamar de "refinado canastrão" (usando uma expressão do meu amigo Telmo). Filme após filme ele geralmente interpreta o mesmo tipo: o do inglês meio atrapalhado, mas com um charme especial que sempre atraiu a atenção do público feminino. Foi assim que ele construiu toda a sua carreira. Nesse "Um Grande Garoto" ele interpreta um sujeito trintão (quase quarentão) que se recusa a entrar na vida adulta. Ele é bem o tipo do tio solteirão que não está nem aí para as pressões da sociedade em se casar, se tornar pai de família e todo aquele script que já conhecemos bem.

Levando a vida na brisa ele acaba conhecendo um garoto que acaba se afeiçoando a ele, criando assim uma amizade bacana entre eles. O roteiro é basicamente isso. Não acontece nada de muito dramático e nada de muito especial surge na tela. Fica uma sensação de zero a zero no espectador, como se ele tivesse assistido um pedaço da vida de uma pessoa comum e nada mais. E quando o filme termina a pergunta "Ok, mas e daí?" vem direto na mente. A crítica porém gostou mais do que o normal, fazendo com que esse filme levemente banal ganhasse uma incrível indicação ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Adaptado. Também foi lembrado pelo Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical (um exagero!) e Melhor Ator (para Hugh Grant, mostrando que até os refinados canastrões merecem reconhecimento!). Enfim, mais um filme meramente assistível de Hugh Grant.

Um Grande Garoto (About a Boy, Estados Unidos, 2002) Direção: Chris Weitz, Paul Weitz / Roteiro: Peter Hedges / Elenco: Hugh Grant, Nicholas Hoult, Toni Collette / Sinopse: Will Freeman (Grant) é um cara comum, relax, que não quer saber das responsabilidades da vida adulta. Ele leva sua vida numa boa. Tudo caminha bem até ele conhecer um garoto que acaba criando uma amizade com ele. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Adaptado. Baseado no livro escrito por Nick Hornby.

Pablo Aluísio.

domingo, 4 de março de 2018

Star Wars: Os Últimos Jedi

O segredo para se fazer um bom filme com a marca "Star Wars" é relativamente simples de descobrir. Basta colocar um enredo sem muitas complicações pela frente, muitas naves espaciais bacanas, efeitos especiais de última geração e o mais importante de tudo: revisitar sempre que possível a primeira trilogia da franquia, seja trazendo de volta personagens veteranos, seja copiando a direção de arte e o espírito daqueles primeiros filmes. Uma vez feito isso tudo caminha naturalmente bem. A segunda trilogia só deve servir como elemento a se distanciar, um exemplo negativo que não deve ser seguido e nada mais. Assim os produtores acertaram mais uma vez nesse oitavo episódio. Seguindo a fórmula tudo saiu muito bem, como era esperado. O enredo é dos mais simples com duas linhas narrativas. Na primeira acompanhamos os últimos rebeldes tentando fugir da armada imperial. É algo complicado, ainda mais agora que as naves do império conseguem perseguir as naves rebeldes até mesmo dentro da velocidade da luz.

Na outra linha narrativa temos a aproximação entre a jovem que tem pretensões de um dia se tornar uma Jedi e o mestre Luke Skywalker (Mark Hamill). Tudo se passando em uma pequena ilha de um planeta distante. Essa parte do filme remete o espectador imediatamente ao filme "O Império Contra-ataca" quando o próprio Luke tem seu treinamento inicial com o mestre Yoda. É uma parte referencial do roteiro que funcionou muito bem. Esse novo "Star Wars" aliás deu certo porque não quiseram enrolar ou complicar uma fórmula que nasceu nos anos 70 e que continua dando muito certo. Houve algumas críticas pontuais principalmente em relação ao comportamento de Luke, que aqui surge sem esperanças, melancólico e para alguns até mesmo tendo atitudes covardes. Até o ator Mark Hamill reclamou publicamente disso, mas penso que tudo cai por terra quando Luke resolve enfrentar as tropas do império na frente do grande portão do esconderijo dos rebeldes naquele planeta minerador. No mais o filme se saiu muito bem em termos de público e crítica. O filme já rompeu a barreira do bilhão de dólares em termos de faturamento e a crítica em geral elogiou muito. Sem maiores máculas ou defeitos, é um filme realmente muito bom, que não desmerece em nada a marca bilionária "Star Wars". Parabéns para a Disney pelo resultado final.

Star Wars: Os Últimos Jedi (Star Wars: Episode VIII - The Last Jedi, Estados Unidos, 2017) Direção: Rian Johnson / Roteiro: Rian Johnson / Elenco: Mark Hamill, Carrie Fisher, Daisy Ridley, Benicio Del Toro, Laura Dern, John Boyega, Adam Driver, Andy Serkis, Anthony Daniels, Frank Oz, / Sinopse: Oitavo episódio de "Star Wars". Enquanto a princesa Leia (Fisher) tenta comandar uma fuga com os últimos rebeldes pelo espaço, a jovem Rey ( Ridley) se encontra com o mestre Jedi Luke (Hamill) em um distante e isolado planeta da galáxia. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhores Efeitos Especiais, Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem de Som e Melhor Trilha Sonora Original (John Williams).

Pablo Aluísio.

Código de Conduta

O filme começa bem, mas é aquela coisa, logo desanda para consequências absurdas. Recapitulando a estória: Gerard Butler interpreta um pai de família feliz com a vida. É um jovem casal com uma filhinha adorável. O sonho se torna pesadelo quando assaltantes invadem sua casa. São dois psicóticos violentos. A esposa e a filha são brutalmente assassinadas. Butler fica inconsolável. Há um pulo no tempo. Quando reencontramos o pai desolado ele está sendo informado pelo promotor do caso, interpretado por Jamie Foxx, que vai ser feito um acordo entre a promotoria e os assassinos. Eles vão confessar o crime e em troca ficarão menos tempo na prisão. Clyde Shelton (Gerard Butler)  fica indignado com isso. Afinal ele queria punição exemplar para os criminosos. Acontece que o promotor Nick Rice (Jamie Foxx) quer manter alto seu índice de condenações, mesmo que elas sejam obtidas através de acordos e artimanhas jurídicas. Para ele a justiça é o que menos importa.

Imediatamente Clyde resolve ele mesmo fazer justiça pelas próprias mãos. Dono de recursos impensáveis (nunca bem explicados pelo roteiro) ele começa a tocar o terror por toda a cidade, fazendo atos terroristas, matando juízes, advogados e promotores. O seu alvo passa obviamente a ser família de Rice (Jamie Foxx). Já que o promotor não parece disposto a fazer justiça, caberá a Clyde colocar em frente seu plano de vingança. Ok, temos aqui a velha fórmula da justiça pessoal, da vingança privada. Se o sistema não funciona, chega a hora de sujar as mãos. É uma velha premissa de muitos e muitos filmes de ação. O problema é que de repente o personagem Clyde de Gerard Butler se torna um sujeito com poderes dignos de um super-herói dos quadrinhos. Ele explode o que quer e quando quer. Mesmo quando está atrás das grades é capaz de colocar a cidade aos seus pés. O roteiro nunca dá, como eu escrevi, uma explicação convincente de como ele consegue fazer tudo isso. Com isso a trama acaba se tornando completamente inverossímil, o roteiro acaba estragando esse filme. Se o roteirista Kurt Wimmer tivesse sido mais convincente, penso que até que seria um filme interessante. Do jeito que ficou não dá mesmo para comprar a ideia absurda do que acontece na tela.

Código de Conduta (Law Abiding Citizen, Estados Unidos, 2009) Direção: F. Gary Gray / Roteiro: Kurt Wimmer / Elenco: Gerard Butler, Jamie Foxx, Leslie Bibb / Sinopse: Gerard Butler interpreta um pai de família que decide fazer justiça com as próprias mãos após perceber que os assassinos de sua esposa e sua filha ficarão impunes por causa do sistema judicial americano. Seu alvo passa a ser não apenas os criminosos, mas também o promotor do caso, em atuação de Jamie Foxx, que acabou escolhendo o caminho mais fácil, a do acordo judicial, do que a do julgamento dos assassinos.

Pablo Aluísio.