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sexta-feira, 10 de julho de 2015

Geronimo – Uma Lenda Americana

A conquista do oeste americano também foi um grande choque de civilizações. De um lado o branco, muito mais avançado do ponto de vista tecnológico, procurando expandir suas conquistas territoriais e do outro o nativo americano, ainda em um estágio mais primitivo, porém não menos forte e bravo. Por anos o conflito entre o colonizador e os grupos indígenas se prolongou dentro dos territórios mais distantes da jovem nação americana mas aos poucos as grandes tribos entraram em acordo com o governo americano. Eles desistiam das guerras em troca de lugares pacíficos para viver. Assim grandes nações de sioux, apaches, comanches e demais etnias foram enviadas para reservas determinadas por Washington. Nem todos porém resolveram abaixar suas armas. Pequenos grupos seguiram em frente contra o invasor branco, causando prejuízos e baixas entre a cavalaria americana. Muitas vezes adotando táticas de guerrilhas eles mantiveram a chama acesso dos antigos guerreiros.

Um dos mais famosos combatentes nesse período foi o líder Apache Geronimo. Ele liderou um grupo de bravos guerreiros que se recusavam a abaixar a cabeça para o exército branco. Por anos lutaram nas regiões mais hostis do velho oeste contra o usurpador de terras vindo do leste. A história desse apache rebelde é justamente o tema desse western “Geronimo – Uma Lenda Americana”. Contando com um excelente elenco, incluindo os consagrados Gene Hackman e Robert Duvall, o roteiro mostrava os fatos históricos que cercaram Geronimo sob o olhar e a visão de um jovem tenente da cavalaria americana, Charles Gatewood (Jason Patric) que é enviada para a região mais conflituosa do oeste americano, justamente o local onde Geronimo e seu grupo de guerreiros se tornavam mais presentes e ativos. O filme tem uma bela reconstituição histórica, com um roteiro que procura ser fiel aos fatos reais sem que com isso se torne chato ou enfadonho. Para quem gosta de conhecer um pouco mais da verdadeira história da conquista do oeste americano esse filme é mais do que recomendado.

Geronimo – Uma Lenda Americana (Geronimo: An American Legend, Estados Unidos, 1993) Direção: Walter Hill / Roteiro: John Milius / Elenco: Jason Patric, Gene Hackman, Robert Duvall, Wes Studi / Sinopse: Jovem tenente da cavalaria americana é enviado para um forte distante do oeste americano onde terá que enfrentar o lendário guerreiro apache conhecido como Geronimo. Filme baseado em fatos reais.

Pablo Aluísi.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Cavalos Selvagens

Título Original: Wild Horses
Título no Brasil: Cavalos Selvagens
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Patriot Pictures
Direção: Robert Duvall
Roteiro: Robert Duvall, Michael Shell
Elenco: Robert Duvall, James Franco, Josh Hartnett
  
Sinopse:
Scott Briggs (Robert Duvall) é um velho rancheiro texano que se considera um bom homem, honesto, cristão e honrado. Um sujeito da velha escola com seus valores tradicionais e conservadores. Ele tem três filhos e sonha que sua extensa propriedade seja levado adiante por eles, como manda a tradição no Texas. Agora, no final de sua vida, precisa lidar com uma investigação policial de um caso de desaparecimento de um de seus ex-empregados. O jovem sumiu após Briggs descobrir que ele estava tendo um caso com seu próprio filho, Ben (James Franco), que sempre teve uma relação conturbada com seu pai pelo fato de ser homossexual. Teria o velho Briggs alguma ligação com o sumiço desse jovem no passado?

Comentários:
"Wild Horses" é um projeto bem pessoal do ator Robert Duvall. Ele dirigiu, produziu, atuou e escreveu o roteiro do filme. Para completar ainda escalou sua própria esposa, Luciana Pedraza (aqui surgindo nos créditos como Luciana Duvall), para interpretar a Texas Ranger que resolve reabrir um velho caso de desaparecimento envolvendo o ex-empregado de um rancheiro rico e próspero da região. Por falar nisso o personagem de Duvall é um presente e tanto para qualquer grande intérprete. O ator dá vida a um homem com valores firmes e sólidos, tipicamente texanos, que precisa lidar com um filho homossexual. Em um ambiente rural, conservador e rústico como aquele isso seria a última coisa que ele poderia esperar. O conflito se instala rapidamente e o choque de gerações e valores se torna cada vez mais forte. Em pouco tempo a situação vai ficando insuportável para ambas as partes e Ben Briggs (Franco) resolve ir embora. Anos depois retorna ao rancho pois seu velho pai deseja fazer algumas modificações em seu próprio testamento, o que faz ressurgir velhos fantasmas do passado. Para piorar ainda mais a tensa relação entre eles, Ben desconfia que seu pai teve algo a ver com o desaparecimento de Jimmy Davis, um antigo capataz da fazenda que teve um caso amoroso com ele no passado. 

Com uma nova policial na cidade, disposta a reabrir velhos casos arquivados, o cerco vai cada vez mais se fechando sobre o velho Briggs. Robert Duvall assim encarna esse veterano que precisa viver em um mundo que se parece cada vez menos com o que ele aprendeu a viver. Os valores se modificaram e de repente tudo o que ele acreditava ser o certo vai sendo colocado de lado. É um bom homem que pensa estar fazendo o certo, mas que se vê enganado por seus próprios instintos e atos impensados. O argumento obviamente procura explorar algo que é mais comum do que se pensa, as tensões familiares que surgem quando uma pessoa resolve se assumir gay. O melhor desse roteiro é que ele não levanta bandeiras e nem sai defendendo a causa gay de forma ostensiva e panfletária, o que tornaria tudo muito chato e maçante. Ao contrário disso se contenta em apenas explorar e mostrar uma situação de conflitos que surge dentro dessa família para tirar o melhor proveito disso. A mensagem assim fica nas entrelinhas, nunca ofendendo a inteligência do espectador. Será esse, em última análise, que irá entender e tirar suas próprias conclusões do que está assistindo. Assim o próprio público poderá criar uma certa identificação tanto com o personagem de Duvall, o velho rancheiro conservador, como com seu filho Ben, representando essa nova mentalidade de ser da sociedade. O resultado final é muito bom, um belo filme que toca em assuntos importantes. Assista e escolha seu lado.

Pablo Aluísio, 

segunda-feira, 13 de abril de 2015

O Jornal

Ficou encantado com o show de interpretação de Michael Keaton em "Birdman"? Que tal conhecer um filme bem mais obscuro de sua carreira? Esse "The Paper" caiu no esquecimento, mas é um bom filme, procurando retratar uma caótica redação de um jornal americano. Claro que o tom é bem áspero, mostrando personagens muitas vezes movidos por interesses mesquinhos e nada éticos. Cada um na verdade tenta passar a perna no outro, puxando seu tapete. O roteiro é ágil, com os diálogos sendo despejados em velocidade, quase como uma metralhadora giratória. Na verdade o tom é quase teatral pois a maior parte do filme se passa mesmo entre quatro paredes.

O roteirista David Koepp começou a escrever o texto pensando em uma peça de teatro, mas depois quando foi convidado pelo diretor Ron Howard para trabalhar ao seu lado, descobriu que sua estória poderia também render um bom filme - e rendeu de fato! A bilheteria foi modesta (o filme nem chegou a ser lançado nos cinemas brasileiros), mas para surpresa de muita gente a produção conseguiu arrancar uma indicação ao Oscar na categoria de Melhor Canção Original com a simpática "Make Up Your Mind" de Randy Newman. Assim deixo a dica para os cinéfilos em geral. "O Jornal", uma prova que Keaton sempre foi um ator talentoso, com muitos recursos dramáticos.

O Jornal (The Paper, Estados Unidos, 1994) Direção: Ron Howard / Roteiro: David Koepp, Stephen Koepp / Elenco: Michael Keaton, Glenn Close, Robert Duvall, Marisa Tomei, Randy Quaid / Sinopse: A vida e o cotidiano de um jornal norte-americano, com os mais excêntricos jornalistas.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

O Juiz

Título no Brasil: O Juiz
Título Original: The Judge
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: David Dobkin
Roteiro: Nick Schenk, Bill Dubuque 
Elenco: Robert Downey Jr., Robert Duvall, Vera Farmiga, Billy Bob Thornton, Vincent D'Onofrio, Leighton Meester, Dax Shepard
 
Sinopse:
Hank Palmer (Robert Downey Jr) é um advogado rico e bem sucedido de Nova Iorque. Defendendo todos os tipos de criminosos poderosos, como fraudadores de seguros e executivos do colarinho branco, ele acaba conseguindo formar uma pequena fortuna. Quando sua mãe falece no interior de Indiana ele precisa retornar para sua cidadezinha natal para prestar suas últimas homenagens. A volta porém logo se mostrará bem complicada pois além de rever antigos amigos e amores do passado, Hank precisará também lidar com seu pai, o juiz Joseph Palmer (Robert Duvall), um homem duro e austero, da velha escola, que tem problemas de relacionamento com ele. Quando Joseph é acusado de atropelar uma pessoa, Hank se oferece para lhe defender no tribunal, o que se provará ser a grande chance para que finalmente ambos se reconciliem definitivamente. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Robert Duvall).

Comentários:
Em um primeiro momento você vai pensar que irá assistir a um filme de tribunal, bem de acordo com aqueles antigos clássicos americanos que todos os cinéfilos já conhecem tão bem. Essa porém é uma visão um pouco equivocada. Explico. Apesar da trama girar superficialmente sobre o caso de um juiz acusado de matar um homem deliberadamente, o que temos aqui não é um filme estritamente de tribunal, mas sim um autêntico e muito bem escrito drama familiar. Olhando-se atentamente logo perceberemos que o importante não é o julgamento em si, e nem o escândalo de acompanhar um veterano juiz (interpretado maravilhosamente bem por Robert Duvall) no banco dos réus, mas sim seu conturbado relacionamento com o próprio filho que não vê há anos. Por ter causado um acidente de carro no passado e por ter sido o mais rebelde de seus três filhos, criou-se um abismo entre eles, onde ambos não conseguem mais expressar sinceramente seus sentimentos um para o outro. A morte da mãe poderia ser um momento de redenção, mas para o velho durão há pouco espaço para diálogo e perdão. Esse roteiro é brilhante porque o velho juiz, que se considerava acima do bem e do mal, começa a entender toda a sua fragilidade como um ser humano comum. Ele está seriamente doente, embora tente esconder isso. 

Algumas cenas  que exploram isso são muito tocantes, em especial àquelas em que ele finalmente se revela vulnerável na presença de seu próprio filho. Esse por sua vez passou a vida inteira tentando provar algo ao pai, lutando para deixar seu velho orgulhoso, embora nunca tenha recebido nenhum elogio em troca, sendo sempre ignorado. São duas pessoas que se amam no fundo, mas que por um motivo ou outro resistem a dar o braço a torcer. São muito orgulhosos para isso. A vida, como sempre, lhes ensinará uma importante lição. O elenco é magistral e conta com um grupo de atores coadjuvantes de muitas séries americanas atuais (quem gosta de seriados terá uma surpresa em praticamente cada nova cena). Assim recomendo o filme sem receios. Adorei praticamente tudo e digo isso não apenas por ser do meio jurídico, do direito que também amo, mas por trazer um retrato sincero do relacionamento (quase) sempre problemático que pode surgir entre pai e filho. Um grande filme que merece ser assistido com atenção. Certamente vai deixar muitos filhos (e pais) reflexivos sobre seu próprio modo de agir e se relacionar.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Os Donos da Noite

Título no Brasil: Os Donos da Noite
Título Original: We Own the Night
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: James Gray
Roteiro: James Gray
Elenco: Joaquin Phoenix, Mark Wahlberg, Eva Mendes, Robert Duvall 

Sinopse:
Bobby Green (Joaquin Phoenix) é um gerente de uma boate em Nova Iorque que pertence a um rico e influente chefão da máfia russa instalada nos Estados Unidos. O problema básico de Green é que ele é de uma família de tiras que está inclusive de olho em seu patrão. E agora, como conciliar esses dois lados completamente opostos de sua vida? Filme indicado à Palma de Ouro em Cannes e ao César Awards na categoria Melhor Filme Estrangeiro.

Comentários:
Um belo filme que foi consagrado pela crítica francesa, a tal ponto que conseguiu uma honrosa indicação ao prêmio máximo do cinema europeu, a Palma de Ouro em Cannes. Com roteiro muito bem trabalhado e excelentes atuações (em especial Joaquin Phoenix, sempre muito talentoso e intenso), o filme resgata parte do clima nostálgico dos anos 1980, onde o enredo se passa. Para surpresa de muitos até mesmo o mediano (para não dizer sofrível) Mark Wahlberg consegue convencer. Assim a película logo se torna a mais significativa da carreira do cineasta James Gray, que havia se destacado bastante com seus dois filmes anteriores, "Fuga para Odessa" (com Tim Roth e Edward Furlong, onde também retratava uma família vivendo no submundo de Nova Iorque) e "Caminho Sem Volta" (curiosamente o primeiro que realizou em parceria com os atores Mark Wahlberg e Joaquin Phoenix). Esse "We Own the Night" inclusive pode ser considerado o desfecho de sua trilogia sobre as famílias criminosas de sua cidade do coração, a grande maçã, Nova Iorque. Um drama policial envolvente e acima da média que vale a pena conferir.

Pablo Aluísio.

domingo, 25 de maio de 2014

O Poderoso Chefão II

Título no Brasil: O Poderoso Chefão II
Título Original: The Godfather Part II
Ano de Produção: 1974
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Francis Ford Coppola
Roteiro: Francis Ford Coppola, Mario Puzo
Elenco: Al Pacino, Robert De Niro, Robert Duvall, Diane Keaton, John Cazale, Lee Strasberg 

Sinopse:
Nova Iorque. Década de 1920. Vito Corleone (Robert De Niro) é um imigrante italiano que tenta subir na vida na grande metrópole americana. Vindo de baixo, acaba sendo alvo de criminosos que querem extorquir e se aproveitar de seu pequeno negócio. Sem outra alternativa resolve reagir contra as injustiças, nascendo daí uma das mais poderosas famílias mafiosas dos Estados Unidos. 

Na outra linha narrativa, Michael Corleone (Al Pacino) começa a se envolver cada vez mais nas atividades ilícitas de seu clã, ao tentar ampliar os negócios dos Corleones através de Nevada e de Cuba, prestes a passar por uma grande revolução comunista. Filme indicado a onze prêmios da academia, sendo vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção (Francis Ford Coppola), Melhor Roteiro (Francis Ford Coppola, Mario Puzo), Melhor Ator Coadjuvante (Robert De Niro), Melhor Direção de Arte e Melhor Música. Filme vencedor do BAFTA Awards na categoria Melhor Ator (Al Pacino).

Comentários:
Considerado por grande parte da crítica americana como o melhor filme da saga "The Godfather", o que não deixa de ser curioso pois quando o projeto da produção foi anunciado nos anos 70 muitos criticaram a proposta, afinal de contas o primeiro filme foi considerado um clássico absoluto, uma obra de arte completa. Fazer uma continuação era visto como algo indigno. Para surpresa de toda essa gente o fato é que "The Godfather Part II" se mostrou um filme não apenas à altura do primeiro, mas também em certos aspectos bem superior. O roteiro, brilhantemente escrito por Francis Ford Coppola e Mario Puzo, não apenas se limitou a levar em frente o enredo do filme original, mas também desenvolveu de forma genial o passado de Vito Corleone, aqui interpretado de forma irrepreensível por Robert De Niro. 

Assim não são poucos os que acham que na realidade se trata de dois (grandes) filmes em apenas um só! O espectador acaba conhecendo as origens da família Corleone, mostrando que na realidade Don Vito era apenas um imigrante italiano tentando vencer na América honestamente e que precisou trilhar o caminho da violência para proteger seus entes queridos. Na outra linha narrativa o espectador também começa a ver a transformação de Michael Corleone (Pacino). Criado para se tornar o orgulho da família, afastado do lado criminoso de suas atividades, ele acaba ficando no meio do fogo cruzado por diversas circunstâncias que lhe fogem das mãos. Seu destino então se torna traçado a partir desses acontecimentos. Não restam dúvidas, o filme é de fato uma obra prima da sétima arte, um dos melhores da história do cinema americano. Simplesmente maravilhoso.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Assassinos de Elite

Título no Brasil: Assassinos de Elite 
Título Original: The Killer Elite
Ano de Produção: 1975
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Sam Peckinpah
Roteiro: Marc Norman e Stirling Silliphant, baseados no livro "Monkey in the Middle" de Robert Rostand
Elenco: James Caan, Robert Duvall, Arthur Hill

Sinopse: 
Mike Locken (James Caan) e George Hansen (Robert Duvall) são assassinos profissionais. Eles prestam "serviços" para uma organização clandestina que faz o trabalho sujo para a CIA quando essa não pode agir dentro da legalidade. Obviamente que são profissionais frios e calculistas, que eliminam seus alvos sem qualquer tipo de remorso ou envolvimento. Nada pessoal. As coisas porém fogem do controle quando Mike descobre que ele próprio virou o alvo de seu colega Hansen! Agora ele terá que se manter vivo de todas as formas enquanto começa a também caçar seu algoz! Dois assassinos de elite que estão prontos para se enfrentarem nesse verdadeiro jogo de vida ou morte!

Comentários:
Um filme de Sam Peckinpah bem controverso. Assim podemos definir essa fita de ação dos anos 70, "Assassinos de Elite". Na época o prestígio do diretor conseguiu trazer para o filme dois atores que estavam na crista da onda, James Caan e Robert Duvall. Peckinpah queria fazer uma película que se tornasse a definitiva sobre assassinos profissionais mas com problemas pessoais (ele estava lutando contra um pesado vício em drogas) as coisas não saíram tão bem. Na verdade notamos uma clara hesitação na direção, resultando em um filme confuso, longo demais e que nunca se decide em ser uma produção de pura ação ou algo a mais. Para muitos críticos há excessos de diálogos, alguns que nada acrescentam em uma obra que tinha a proposta de ser rápida e eficaz. Também tive a nítida sensação de que Sam Peckinpah perdeu o controle sobre o corte final da edição definitiva. A edição não é bem realizada e a trama apresenta furos de lógica. Mesmo com esses problemas pontuais o filme consegue superar tudo, apostando num ótimo entrosamento do elenco e em sequências bem realizadas de violência estilizada - a marca registrada do diretor. Definitivamente não é dos melhores trabalhos de Peckinpah mas vale como registro de um dos momentos mais complicados de sua vida, mostrando que mesmo quando estava no fundo do poço ainda conseguia realizar bom cinema.

Pablo Aluísio.

sábado, 17 de agosto de 2013

A Letra Escarlate

Um bom drama histórico que marcou bastante a carreira da atriz Demi Moore mas que hoje em dia anda bem esquecido. O enredo se passa no distante ano de 1666 em Massachusetts, na época uma pequena e isolada colônia inglesa no novo mundo. É lá que vive Hester Prynne (Demi Moore), uma mulher respeitável, casada com um médico da localidade, o Dr. Roger Chillingworth (Robert Duvall). Após esse desaparecer no meio da floresta, supostamente morto por índios, Hester resolve consumar sua paixão pelo reverendo Arthur Dimmesdale (Gary Oldman). Ambos há muito nutriam uma paixão mútua que não conseguia se tornar realidade pelo fato dela ser casada. Agora, com o marido desaparecido, ela resolve seguir em frente, indo de acordo com seus sentimentos. Desse tórrido romance acaba surgindo uma gravidez inesperada que choca a sociedade local, levando Hester a ser marginalizada por seus pares. Ela se recusa a revelar o nome do pai o que a estigmatiza como adúltera. Condenada pelas absurdas leis e costumes locais ela agora terá que usar em suas roupas uma chamativa letra "A" bordada, a indicando como adúltera perante toda a sociedade.

Um dos méritos de "A Letra Escarlate" é que ele desmistifica uma série de bobagens históricas que foram repetidas durante séculos, se tornando quase verdades absolutas. Sempre se disse, por exemplo, que as primeiras colônias inglesas no novo mundo eram símbolos de harmonia e liberdade. Afinal esses colonos tinham ido ao novo mundo para fugir do absolutismo de seu país, além da sempre severa perseguição religiosa. A verdade porém é que mesmo nesses novos povoados não havia de fato tanta liberdade como se suponha. Pelo contrário. A rigidez moral dos puritanos muitas vezes desembocava em repressão e violência, física ou moral, para quem ousasse ultrapassar certas fronteiras ou limites. Olhando sob um ponto de vista atual existia de fato muito preconceito e discriminação nessa suposta moral puritana que imperava entre os membros mais proeminentes das elites locais. O filme resgata isso de forma muito elucidativa. O diretor foi o talentoso Roland Joffé (de "A Missão" e "Os Gritos do Silêncio"). A produção também é acima da média com uma ótima reconstituição histórica aliada a uma história que diz muito sobre a posição da mulher naqueles anos.

A Letra Escarlate (The Scarlet Letter, Estados Unidos, 1995) Direção: Roland Joffé / Roteiro: Douglas Day Stewart, baseado na novela de Nathaniel Hawthorne / Elenco: Demi Moore, Gary Oldman, Robert Duvall / Sinopse; Jovem mulher fica estigmatizada durante o período colonial americano ao engravidar de um pastor puritano numa colônia isolada no novo mundo.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Jack Reacher – O Último Tiro

Um atirador de elite se posiciona em cima de um prédio de uma grande cidade americana. Seu alvo são pessoas comuns, que estão apenas andando despreocupadamente. Em pouco tempo começa a matança. Essa é a cena inicial de “Jack Reacher – O Último Tiro” o novo filme de ação estrelado por Tom Cruise. Ele interpreta um veterano do exército que após deixar o serviço militar decide sair pelo mundo, sem deixar grandes rastros atrás de si. Ele não é um procurado ou um criminoso mas apenas um ex-soldado que entende já ter feito muito nas campanhas de que participou. Seu nome surge quando o departamento de polícia finalmente encontra o franco atirador. Sem dizer uma única palavra ele apenas rabisca em um papel: “Encontrem Jack Reacher!”. Mas afinal qual seria a ligação do ex-militar condecorado com o terrível atentado? Revelar mais seria temerário. O que posso adiantar é que esse filme, apesar de ser tecnicamente uma fita de ação, tem muito mais a revelar ao espectador do que inicialmente se espera.

De fato a complexa trama vai se revelando aos poucos, com as peças se encaixando gradualmente. O filme alia um roteiro inteligente, bem estruturado, com algumas seqüências de ação muito bem realizadas, o que não causa tanta surpresa uma vez que Cruise já tem muita experiência nesse tipo de produção (basta lembrar de seus sucessos na franquia “Missão Impossível”). Existem algumas reviravoltas na estória mas nada inverossímil demais ou que force a barra. No geral o filme agrada, embora os fãs de filmes de ação possam achar certas partes meio cansativas ou paradas. Isso acontece porque realmente há toda uma situação a ser desvendada e isso exige tempo. O filme é longo – mais do que o habitual – mas se o espectador tiver interesse no que ocorre na tela não se sentirá entediado. Em termos de ação destaco a boa cena de perseguição pelas ruas da cidade, com Cruise pilotando um carro envenenado e o confronto final, na pedreira, que conta com Robert Duvall, ator veterano que não participa muito do filme mas que ajuda a compor o quadro final do clímax. Em suma é isso. “Jack Reacher” pode até virar uma nova franquia na carreira de Cruise – isso se fizer sucesso e ele ainda tiver idade para encarar esse tipo de fita, é claro. No geral está recomendado.
   
Jack Reacher – O Último Tiro (Jack Reacher, Estados Unidos, 2012) Direção: Christopher McQuarrie / Elenco:  Tom Cruise, Rosamund Pike, Robert Duvall, Jai Courtney, Richard Jenkins, Werner Herzog / Sinopse: Após um terrível atentado onde pessoas inocentes são mortas por um atirador de elite o nome de Jack Reacher, um veterano condecorado surge nas investigações. Teria ele algo a ver com a matança?

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

As Cores da Violência

Os brasileiros reclamam com muita razão da violência extrema que impera em suas grandes cidades mas a verdade é que isso se tornou um problema mundial há muitos anos. As chamadas metrópoles não conseguem suprir as necessidades de uma coletividade enorme, com mais de um milhão de habitantes. Entre os problemas mais complicados está justamente a violência urbana. Para o jovem que mora em subúrbios, sem educação adequada e sem meios de sobrevivência, muitas vezes a única saída acaba sendo o mundo do crime, principalmente quando ele encontra um meio social que o aceita, geralmente grandes gangues formadas por outros jovens sem perspectivas como ele. Essa realidade foi muito bem captada por esse “Colors – As Cores da Violência” que mostra, sem amenizações, a criminalidade latente de uma grande cidade americana infestada de gangues de delinqüentes, geralmente identificadas por cores, formadas principalmente por jovens pobres e excluídos que se unem para dominar uma determinada região, impondo seus próprios códigos de condutas, baseados em violência e intimidação.

Sean Penn brilha ao lado do veterano (e excelente ator) Robert Duvall. É curioso ver o jovem Penn já muito preocupado em desenvolver um personagem socialmente consciente, que também parece caminhar numa fina linha que separa o crime da lei. Em um mundo tão selvagem não é de se admirar que os próprios policiais, forjados na guerra das ruas, incorporem muitos dos comportamentos dos próprios criminosos que perseguem. O filme na época de seu lançamento chocou o público por causa de sua crueza. A equipe de filmagem filmou toda a produção nas periferias mais violentas. Ao melhor estilo “câmera na mão” o elenco e o diretor Dennis Hopper saíram percorrendo becos, ruas sujas e locais perigosos para dar todo um realismo ao filme em si. O resultado é certamente dos melhores e mostra sem paleativos o problema do jovem pobre das grandes cidades. Não importa se é Rio ou Los Angeles, São Paulo ou Nova Iorque, o desafio segue anos após ano mostrando que Colors certamente está mais atual do que nunca!

As Cores da Violência (Colors, Estados Unidos, 1988) Direção: Dennis Hopper / Roteiro: Michael Schiffer / Elenco: Sean Penn, Robert Duvall, Maria Conchita Alonso / Sinopse: Dois policiais, um veterano e um novato, combatem gangues pelas ruas mais pobres de Los Angeles. Há uma guerra em curso entre os Crips e os Bloods, e os policiais tentarão evitar que tudo não acabe em uma grande explosão de violência e ódio racial.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Um Homem Fora de Série

Um tratado sobre redenção e recomeço. Assim de maneira simples podemos definir mais esse ótimo momento na filmografia do ator Robert Redford. No enredo ele interpreta Roy Hobbs, um jogador de beisebol que sonha um dia alcançar o topo em sua carreira. Nascido no campo ele logo descobre muito cedo um grande talento para o esporte. Usando um taco especial ao qual manda gravar a palavra “Wonderboy” (garoto maravilha) o jogador começa a escalar o caminho do sucesso no famoso time Chicago Cubs. Tudo corre às mil maravilhas até que ele sofre um atentado que praticamente encerra seus sonhos de um dia ser considerado o melhor jogador dos Estados Unidos. Lutando para sobreviver e dar a volta por cima ele consegue, 16 anos depois, retornar para a liga principal, dessa vez jogando no desacreditado New York Knights. Bem mais velho e dado como acabado para o esporte Roy (Redford) tenta superar seus próprios limites para mostrar a todos e principalmente para ele mesmo que um sonho jamais acaba para quem tem garra e perserverança.

“Um Homem Fora de Série” logo foi aclamado em seu lançamento por causa da mensagem otimista e positiva de seu argumento. Robert Redford interpreta um obstinado esportista que simplesmente não aceita desistir de tudo. Ele luta a cada dia por uma nova chance, por um recomeço. O filme une dois símbolos tipicamente americanos. O primeiro, bem óbvio, é o próprio beisebol, cujo campo se torna uma metáfora para a vida. O segundo é o ator Robert Redford, considerado na época uma representação do que de melhor podia a América construir. Carismático, politicamente correto e bom profissional, Redford era só elogios em sua atuação. De fato ele representava o próprio Wonderboy do roteiro. “Um Homem Fora de Série” é também um típico filme de Barry Levinson. Esse cineasta adora encher seus trabalhos com uma alta carga de nostalgia, geralmente relembrando fatos marcantes do passado, tudo feito em uma linguagem saudosista e reverencial. Isso já havia se tornado óbvio em “Quando os Jovens se Tornam Adultos” e se repete aqui. Levinson tem carinho por seus personagens e por isso sempre os trata com elegância e doce suavidade. Certamente esse trabalho ao lado de Robert Redford é um dos mais expressivos de sua carreira. Assista, mesmo que você não goste muito de beisebol pois o que vale aqui é o lado humano da estória, essa sim fora de série.

Um Homem Fora de Série (The Natural, Estados Unidos, 1984) Direção: Barry Levinson / Roteiro: Roger Towne, baseado na novela de Bernard Malamud / Elenco: Robert Redford, Robert Duvall, Glenn Close, Kim Basinger / Sinopse: Jogador de beisebol (Robert Redford) busca por redenção e um novo recomeço na carreira após sofrer um atentado. Indicado aos Oscars de Melhor Atriz Coadjuvante (Glenn Close), fotografia, direção de arte e música. Indicado ao Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante (Kim Basinger).

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Impacto Profundo

No mesmo ano em que Armageddon chegava nas telas os estúdios Dreamworks se apressaram para lançar esse “Impacto Profundo” que tinha o mesmo argumento do filme de Michael Bay. A idéia era realizar um filme mais pé no chão, menos fantasioso e bobo. O enredo mostrava um jovem chamado Leo (interpretado por Elijah Wood, antes de seu grande sucesso “O Senhor dos Anéis”) que descobre meio por acaso a chegada de um grande meteoro vindo em direção ao planeta Terra. Ao lado de sua namorada Sarah (feita pela sumida Leelee Sobieski) ele tenta convencer o mundo acadêmico da astronomia da destruição que está por chegar. Há algumas curiosidades sobre “Impacto Profundo” que merecem ser relembradas. A primeira é trazer o ator Morgan Freeman como o presidente dos Estados Unidos. Eu me lembro que só pelo fato dele ser negro já despertou bastante controvérsia na época de lançamento do filme. Houve crítico americano dizendo que a maior ficção do filme era justamente essa, a de um negro na Casa Branca. Mal sabia ele que em poucos anos isso se tornaria uma realidade com a chegada de Obama no poder. Outra coisa que chama a atenção é que o filme, que usa poucos efeitos especiais se comparado com “Armaggedon”, se concentra muito mais nos efeitos aqui na Terra que isso causará do que propriamente na tragédia em si. É um ponto positivo.

De negativo podemos perceber que “Impacto Profundo” foi prejudicado por seu estúdio, a Dreamworks de Spielberg. Isso aconteceu porque a produção foi acelerada ao máximo para chegar nas telas antes de “Armaggedon”. A pressa nas filmagens e no processo de edição e pós produção prejudicou muito o resultado final que acabou ficando truncado, sem fluência. A diretora Leder não tinha cacife suficiente para impor sua opinião e assim o filme foi literalmente editado pelos executivos da Dreamworks que estavam mais preocupados com a bilheteria do que propriamente por méritos artísticos. Para o cinéfilo o filme vale muito a pena por caso de seu elenco, que conseguiu reunir um belo time de veteranos das telas. Um exemplo é Robert Duvall, sempre digno, interpretando um astronauta veterano que participa da missão de salvamento do nosso planeta. Outras presenças importantes são as de Maximilian Schell e Vanessa Redgrave, em papéis pequenos, é verdade, mas que ao menos servem para matar a saudade desses ícones. Some-se a isso a boa interpretação de Morgan Freeman e você terá um filme no mínimo interessante sobre o tema – o que já é uma grande coisa se compararmos com o fraco “Armaggedon”. Enfim fica a dica: “Impacto Profundo”, para entendermos bem como é frágil nossa posição dentro do universo.

Impacto Profundo (Deep Impact, Estados Unidos, 1998) Direção: Mimi Leder / Roteiro: Bruce Joel Rubin, Michael Tolkin / Elenco: Elijah Wood, Robert Duvall, Téa Leoni, Vanessa Redgrave, Morgan Freeman, Leelee Sobieski, Maximilian Schell, James Cromwell / Sinopse: A Terra se prepara da melhor forma possível para um impacto de proporções cósmicas.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Apocalypse Now

Um dos maiores clássicos da história do cinema. A idéia não era nova, longe disso. Na verdade se trata de uma adaptação do famoso livro Heart of Darkness de Joseph Conrad. Um dos primeiros cineastas a se interessar em levar para as telas esse texto foi o mitológico Orson Welles. Infelizmente foi mais um dos inúmeros projetos dele que nunca chegaram a virar filme. Coube então ao mestre Francis Ford Coppola encarar o desafio. Logo de cara resolveu que iria modificar completamente o contexto histórico da estória. O diretor em parceria com o roteirista (e também diretor) John Milius decidiu que seria melhor trazer o enredo para algo mais próximo da realidade contemporânea. Assim eles levaram todos os anseios, todas as divagações filosóficas e toda a sordidez da trama para o meio da Guerra do Vietnã. O personagem mais enigmático agora seria um Coronel americano completamente enlouquecido que desaparecia no meio das entranhas da selva asiática. Assim que escreveu as últimas linhas de seu novo texto Coppola sabia que apenas um grande ator daria conta da complexidade e das nuances psicológicas desse profundo personagem. Marlon Brando, que havia brilhado em “O Poderoso Chefão”, era obviamente um nome ideal para viver o Coronel Kurtz. Após negociações complicadas finalmente Brando resolveu entrar no projeto. Para o papel do Capitão Willard, que sairia em missão pela selva, com o objetivo de encontrar Kurtz, Coppola escolheu Martin Sheen. Ambas as escolhas foram acertadas e tudo parecia correr muito bem. Mal sabia Coppola no pesadelo em que estava prestes a entrar.

As filmagens foram completamente caóticas. Logo no começo dos trabalhos o ator Martin Sheen teve uma parada cardíaca. O clima hostil das Filipinas não ajudava em nada, arrasando cenários e atrasando as filmagens, que logo estouraram o orçamento, levando o estúdio a pressionar cada vez mais o diretor. Brando relembrou em seu livro de memórias o caos reinante. Ele havia surgido no set bem acima do peso, logo entendendo os problemas que assolavam os trabalhos. Muitos membros da equipe estavam doentes com doenças tropicais e Coppola tentava de forma desesperada colocar alguma ordem naquela confusão. Brando então resolveu colaborar, participando de forma muito mais ativa do que costumava fazer. Começou a mexer no roteiro, trazendo novas idéias para o diretor. Também resolveu, por conta própria, cortar todo o cabelo, ficando completamente careca (uma decisão que se mostraria muito acertada como se pode ver depois que o filme ficou pronto). Sua intenção era criar uma imagem mítica para seu personagem, que surgiria como um Buda insano no meio da selva. Como não era um ator comum, que aceitasse scripts e roteiros sem discutir, resolveu mexer em seu personagem cada vez mais. Aconselhou Coppola a deixar Kurtz dentro de uma penumbra de mistério e sombras durante todo o filme, só surgindo de forma triunfante na cena final. Essa foi outra ótima sugestão de Brando para Apocalypse Now. De fato ele praticamente roubou o filme em seus minutos finais em um longo e conturbado monólogo – em que o ator misturou diálogos previamente escritos com pura improvisação, colocando inclusive pensamentos e devaneios de sua própria vida pessoal. Usando desse recurso Brando conseguiu produzir um de seus maiores momentos no cinema. Ele próprio reconheceria depois que Coppola era realmente um gênio pois lhe abriu espaço dentro do filme para atuar e colocar suas aptidões cênicas com total liberdade. O resultado final foi simplesmente uma das maiores obras primas da história do cinema. Um filme sensorial, sombrio e muito complexo sob qualquer ângulo que se analise.

E como toda grande obra prima o filme causou reações diversas em seu lançamento. Não era o corte ideal para Coppola, ele fez várias concessões comerciais ao estúdio que queria um filme menos profundo e complexo porém mais acessível. Mesmo assim Coppola conseguiu chegar a uma versão intermediária que agradou tanto a ele como ao estúdio (só depois de muitos anos o diretor conseguiria lançar o filme do jeito que inicialmente planejou). “Apocalypse Now” é uma notável crônica sobre a América e seu envolvimento na guerra do Vietnã, um conflito sem sentido, moldado por interesses obscuros e contraditórios. O Coronel Kurtz, brilhantemente interpretado por Marlon Brando, era um retrato do enlouquecimento não apenas de um homem perdido no meio da selva mas também um retrato da própria insanidade do envolvimento americano no Vietnã. Era a América perdendo sua própria razão e racionalidade. O resultado final de tantos talentos trabalhando juntos não poderia resultar em outra coisa. “Apocalypse Now” é uma obra de arte simplesmente magnífica.

Apocalypse Now (Apocalypse Now, Estados Unidos, 1979) Direção: Francis Ford Coppola / Roteiro: Francis Ford Coppola, John Milius, Michael Herr baseados no livro Heart of Darkness de Joseph Conrad / Elenco: Marlon Brando, Robert Duvall, Martin Sheen, Frederic Forrest, Albert Hall, Sam Bottoms, Laurence Fishburne, Dennis Hopper / Sinopse: O capitão Willard (Martin Sheen) parte em busca do paradeiro do Coronel Kurtz (Marlon Brando) que desapareceu nas entranhas da selva do Vietnã. A busca irá se transformar em um pesadelo de delírio e insanidade. Vencedor da Palma de Ouro em Cannes. Premiado com os Oscars nas categorias Melhor Fotografia e Melhor Som. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias Melhor Direção, Melhor Ator Coadjuvante (Robert Duvall) e Melhor Trilha Sonora Original.

Pablo Aluísio.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Um Dia de Fúria

Hoje em dia Michael Douglas está com um pé na aposentadoria definitiva mas nas décadas de 80 e 90 ele saboreou uma excelente fase na carreira com muitos sucessos e êxitos de bilheteria. Um dos mais bem sucedidos foi esse “Um Dia de Fúria” que está completando agora exatos 20 anos de seu lançamento. O filme explora muito bem os limites de tolerância que cada um possui dentro da sociedade altamente estressante em que vivemos. No caso acompanhamos a rotina de William Foster (Michael Douglas) que durante um congestionamento infernal simplesmente chega ao seu limite. Irritado, não suportando mais uma rotina tão cheia de pressões e desapontamentos ele simplesmente se arma de um bastão de beisebol e uma arma de fogo e sai para a desforra completa, apelando para uma violência irracional e sem freios contra tudo e contra todos que ousam cruzar seu caminho. O curioso em “Dia de Fúria” é que apesar de ser um drama por definição algumas de suas cenas acabam deflagrando um humor involuntário quando o engomadinho Foster perde a compostura e parte para a porrada desenfreada, não poupando ninguém pela frente. Há cenas bem significativas nesse ponto como a da lanchonete quando ele novamente tem um acesso de fúria descontrolada.

“Um Dia de Fúria” é seguramente um dos melhores trabalhos do irregular Joel Schumacher que conseguiu ao longo da carreira mesclar grandes bombas com filmes acima de média. Não há outra definição melhor para Schumacher, ele é realmente um cineasta complicado, onde não sabemos de antemão se vamos assistir alguma pequena obra prima ou um grande abacaxi. Aqui felizmente temos um de seus melhores trabalhos na carreira. Michael Douglas está perfeito no papel e conta com um outro grande ator para contracenar com ele, o veterano Robert Duvall. Ele interpreta o detetive Prendergast que sai em perseguição ao descontrolado personagem de Michael Douglas. O curioso é que ele parece entender bem lá no fundo os motivos que desencadearam a violência sem fim em William Foster. Prendergast se mostra inclusive solidário com o insano Foster na cena final, embora ciente da situação extrema em que se encontra. Assim se você ainda não assistiu procure ver, é um interessante filme de ação com subtexto sobre os limites de tolerância de cada um.

Um Dia de Fúria (Falling Down, Estados Unidos, 1993) Direção: Joel Schumacher / Roteiro: Ebbe Roe Smith / Elenco: Michael Douglas, Robert Duvall, Barbara Hershey, Frederic Forrest / Sinopse: Durante um engarrafamento infernal um homem comum alcança seu limite de tolerância e literalmente sai na porrada com quem lhe cruza o caminho. Descontrolado ele passa a ser perseguido por um veterano policial que sai em seu encalço.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 15 de março de 2012

O Poderoso Chefão

Nesse ano "O Poderoso Chefão" completa 40 anos. Um dos grandes clássicos da história do cinema americano o filme segue inspirando cineastas e conquistando novas gerações. Baseado na obra imortal do escritor Mario Puzo o filme resistiu muito bem ao tempo mesmo revendo nos dias atuais sob uma ótica mais contemporânea. E pensar que o projeto quase foi arquivado pela Paramount por achá-lo fora de moda e sem chances de trazer grande retorno de bilheteria. Apenas a persistência pessoal do produtor Robert Evans salvou o filme, pois insistiu muito na idéia de trazer do papel para a tela a saga da família Corleone. Até a escalação do elenco gerou brigas internas dentro do estúdio. A simples menção do nome de Marlon Brando já causava arrepios na direção da Paramount. O ator era considerado naquele momento um astro decadente que havia arruinado sua carreira com brigas e confusões nos sets de filmagens pelos quais passou. Além de seu temperamento imprevisível Brando já não era mais visto como sinônimo de bilheteria há muito tempo pois suas últimas produções tinham se tornado grandes fracassos de público e crítica. 

A Paramount definitivamente não queria nem ouvir falar no nome do ator. Foi Evans que comprou a briga e apostou em Brando novamente. Ele inclusive teve que se passar por uma verdadeira humilhação para um nome de seu porte: fazer um teste de câmera para o papel, algo só destinado para novatos e inexperientes atores em começo de carreira. Como estava desesperado para voltar ao primeiro time Brando topou a situação, encheu as bochechas de algodão e mostrou sua visão pessoal de Vito Corleone para os chefões do estúdio. O resultado veio logo após quando todos ficaram maravilhados com o resultado. Certamente não havia mais dúvida e Brando foi contratado. Visto hoje em dia o filme se mostra muito atual e resistente ao tempo. Um de seus trunfos vem justamente da brilhante interpretação de Brando. Como conta em seu livro o ator não interpretou Corleone como um facínora e criminoso mas apenas como um pai de família que fez o que tinha que ser feito para proteger seus filhos. Brando inclusive chega a afirmar que Corleone seria mais ético e honesto do que muito executivo de multinacional que coloca os interesses de sua empresa acima do bem comum de todos. Sua postura de respeito com o personagem se mostrou muito acertada. No final todos ficaram gratificados. 

"O Poderoso Chefão" que foi realizado ao custo de meros seis milhões de dólares rendeu mais de trezentos milhões em bilheteria. Além disso foi premiado com os Oscars de Melhor Ator (Marlon Brando), Melhor Filme e Roteiro Adaptado e foi indicado aos de Ator Coadjuvante (James Caan, Robert Duvall e Al Pacino), Figurino, Direção, Edição, Trilha Sonora e Som. Um êxito sem precedentes. O Oscar de melhor ator para Marlon Brando aliás foi recusado por ele por causa do tratamento indigno que o cinema americano dava aos povos indígenas. O ator mandou uma atriz interpretar uma jovem índia na noite de entrega do prêmio, fato que causou muitas reações, inclusive de membros da Academia como John Wayne que quis entrar no palco para acabar com aquilo que em sua visão era uma "verdadeira palhaçada"! Quem pode entender os gênios como Brando afinal? Enfim escrever sobre "The Godfather" é secundário. O mais importante mesmo é assistir a essa grande obra prima de nosso tempo.  

O Poderoso Chefão (The Godfather, Estados Unidos, 1972) Direção: Francis Ford Coppola / Roteiro: Francis Ford Coppola, Mario Puzo / Elenco: Marlon Brando, Al Pacino, James Caan, John Cazale, Richard Conte, Robert Duvall, Diane Keaton. / Sinopse: "O Poderoso Chefão" conta a saga de uma família de imigrantes italianos liderados pelo grande patriarca Dom Vito Corleone (Marlon Brando).  

Pablo Aluísio.

domingo, 8 de janeiro de 2012

A Águia Pousou

O filme narra o planejamento e execução de um plano no mínimo ousado. Um grupo de paraquedismo alemão liderado pelo Coronel Kurt (Michael Caine) vai até a Inglaterra com o objetivo de sequestrar, ou caso isso seja impossível, matar o primeiro ministro Winston Churchill. O roteiro é detalhista, mostrando desde os bastidores do plano (onde até Himmler, o braço direito de Hitler, dá as caras) até a execução propriamente dita, onde os paraquedistas disfarçados de tropas polonesas tentam dar cabo à missão. A fita é bem produzida e mantém o interesse. Hoje em dia os mais jovens vão achar um pouco arrastado, isso porque estão acostumados a filmes de ação sem freios, onde tudo acontece em ritmo alucinante. "A Águia Pousou" foi produzido nos anos 70 e naquele tempo havia sempre um capricho nos roteiros, onde davam bastante prioridade em desenvolver melhor todos os personagens. Há um lado bom e um ruim nesse aspecto. Sub tramas desnecessárias poderiam ser removidas sem prejuízo ao filme, como por exemplo o romance entre Liam Devlin (Donald Sutherland) e uma moradora local. Já pelo lado positivo com personagens bem mais desenvolvidos o espectador acaba criando vínculo maior com eles.

O elenco está todo bem. Entre as boas interpretações duas se destacam, a de Robert Duvall no papel do Coronel Max Radl e de Donald Pleasence no papel de Heinrich Himmler. Pleasence tem poucas cenas mas todas elas são um primor, nos fazendo lembrar bem do braço direito de Hitler. Outro destaque é a presença do ator Treat Williams, novinho, interpretando um capitão aliado. Williams infelizmente não faria muito sucesso no cinema mas anos depois encontraria finalmente seu nicho na TV, participando de boas séries, como por exemplo, "Everwood". Em suma, bom filme de guerra da década de 70 que se não é tão bom quanto os grandes clássicos pelo menos em momento algum decepciona.

A Águia Pousou (The Eagle Has Landed, Estados Unidos, 1976) Direção: John Sturges / Roteiro: Tom Mankiewicz baseado no livro de Jack Higgins / Elenco: Michael Caine, Donald Sutherland, Robert Duvall / Sinopse: O filme narra o planejamento e execução de um plano no mínimo ousado. Um grupo de paraquedismo alemão liderado pelo Coronel Kurt (Michael Caine) vai até a Inglaterra com o objetivo de sequestrar, ou caso isso seja impossível, matar o primeiro ministro Winston Churchill.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de maio de 2006

Mato em Nome da Lei

Neste excelente faroeste, com um elenco de primeira grandeza, que conta com nomes como: Robert Ryan e também com um (quase) desconhecido Robert Duvall - Burton Stephen Lancaster, ou simplesmente, Burt Lancaster, vive na pele de Jered Maddox, um agente da lei na pequena cidade de Bannock. Certa noite, com Maddox ausente, um bando de arruaceiros e assassinos entram na pequena Bannock e promovem um tremendo quebra-quebra, culminando com a morte de um senhor inocente. Passado alguns mêses, Maddox chega à pequena cidade de Sabbath e imediatamente vai ao encontro do xerife Cotton Ryan (Robert Ryan). Maddox mostra uma lista de nomes a Cotton onde estão relacionados todos os baderneiros que estiveram em Bannock, e diz que ele tem até o meio-dia do dia seguinte para prender os vaqueiros e entregá-los a ele (Maddox) para que sejam julgados pelo assassinato em Bannock.

Cotton abre o jogo com Maddox e diz a ele que os vaqueiros da lista, trabalham para o rico fazendeiro Vincente Bronson (Lee J. Cobb). Cotton explica que foi Bronson quem o nomeou xerife, e além disso grande parte das pessoas que vivem ali, também trabalham para o fazendeiro, mesmo que indiretamente. Ou seja: os habitantes daquele povoado, ou gostam realmente de Bronson, ou têm medo dele. Uma coisa é certa: ele é o dono da cidade. Sendo assim Ryan deixa claro à Maddox que não vai ajudá-lo em nada. Furioso, Maddox diz à Ryan que todos os vaqueiros serão presos. Por bem ou por mal. No dia seguinte, Ryan parte em direção à fazenda de Bronson para dar-lhe o recado de Maddox. Para surpresa, Bronson não age como um cafajeste desumano; pelo contrário: o fazendeiro mostra-se um homem equilibrado e arrependido pelo que seus homens fizeram na pequena cidade. Na verdade, Bronson não quer entregar seus homens e nem a si mesmo a Maddox, e faz uma proposta: indenizar à família do senhor que morreu na baderna, além de indenizar também o xerife Maddox para que ele esqueça as ordens de prisão. Mas Ryan adverte que Maddox não aceitará a proposta.

À noite, descansando no hotel, Maddox recebe a visita da bela Laura Shelby (Sheree North) uma linda mulher que no passado foi sua amante. Ela pede ao implacável agente que poupe a vida de seu atual marido que também está na lista: Hurd Price (J.D. Cannon). Maddox não dá ouvidos à ex-amante e diz que vai prender seu marido também. Na fazenda, Vincent Bronson reúne seus vaqueiros e diz o que está acontecendo. Os homens se revoltam e pensam num meio de contornar o problema e tirar Maddox da jogada. A reunião esquenta e o braço direito e capataz de Bronson, Harvey Stenbaugh (Albert Salmi), revolta-se com a situação, diz que não vai negociar, e vai até a cidade para matar Maddox. Os dois vão para a rua e ficam frente a frente. Maddox, numa frieza impressionante, saca sua arma e, rápido como um raio, mata Stenbaugh.

Depois de saber da morte de seu amigo e braço direito, Bronson se desespera, reúne seus homens e juntos seguem para a pequena Sabbath para o enfrentamento final contra o implacável agente da lei. Apesar do título infeliz recebido no Brasil, "Mato em Nome da Lei" (Lawman - 1971) é um excelente faroeste, dirigido pelo inglês Michael Winner, que três anos depois dirigiria o explosivo "Desejo de Matar" com Charles Bronson. "Mato em Nome da Lei", destaca-se não só pelo excelente roteiro mas também pela excelente jogada de utilizar elementos de outros clássicos do western como "Matar ou Morrer". Outra qualidade do filme é a construção da história em torno da enorme categoria e carisma do grande Burt Lancaster, encarnado no papel de um impagável, obsessivo e incorruptível xerife Maddox.

Mato em Nome da Lei (Lawman, Estados Unidos,1971) Direção: Michael Winner / Roteiro: Gerald Wilson / Elenco: Burt Lancaster, Robert Ryan, Lee J. Cobb, Robert Duvall / Sinopse: Jered Maddox (Burt Lancaster) é um xerife que vai até outra cidade para prender um grupo de criminosos, algo que não será nada fácil para ele.

Telmo Vilela Jr.