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domingo, 23 de abril de 2023

Momentos Decisivos

Título no Brasil: Momentos Decisivos
Título Original: Hoosiers
Ano de Lançamento: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: Orion Pictures
Direção: David Anspaugh
Roteiro: Angelo Pizzo
Elenco: Gene Hackman, Barbara Hershey, Dennis Hopper, Sheb Wooley, Robert Swan, Chelcie Ross

Sinopse:
O treinador de basquete Norman Dale (Gene Hackman) precisa superar um passado conturbado, cheio de problemas com alcoolismo e fracasso profissional. E ele sente que está vivendo um momento de superação quando passa a treinar uma jovem equipe, com jogadores realmente empenhados em vencer. Vencer na quadra e vencer na vida! Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor ator coadjuvante (Dennis Hopper) e melhor trilha sonora original (Jerry Goldsmith).

Comentários:
Eu costumo dizer que o ator Gene Hackman faz uma grande falta ao cinema americano atual. Claro, o ser humano tem seus limites. Hackman está aposentado, idoso e enfrentando problemas de saúde. Só que isso não diminui sua falta que sempre será sentida, ainda mais nesses tempos medíocres pelos quais passa a sétima arte. Esse filme aqui trouxe uma de suas melhores atuações. Nem é um filme muito conhecido no Brasil, mas Hackman merecia ter tido pelo menos uma indicação ao Oscar por sua atuação. Existe um certo preconceito contra dramas esportivos e penso que esse foi o caso. O roteiro, extremamente bem escrito, trata de superação pessoal, tanto na vida profissional como também na íntima. O personagem interpretado por Hackman quer dar a volta por cima, deixar o passado para trás, sendo o esporte sua grande saída dessa situação. Com elenco jovem aplicado e um Hackman em seus melhores dias, atuando com vigor, o filme se mostra excelente. Pena que foi tão subestimado nos anos 80.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 9 de junho de 2020

A Última Tentação de Cristo

Título no Brasil: A Última Tentação de Cristo
Título Original: The Last Temptation of Christ
Ano de Produção: 1988
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Paul Schrader
Elenco: Willem Dafoe, Harvey Keitel, Barbara Hershey, Roberts Blossom, Gary Basaraba, Verna Bloom

Sinopse:
Com roteiro escrito baseado no livro de Nikos Kazantzakis, esse filme conta a história de um jovem judeu que viveu no século I chamado Jesus (Dafoe). Ele tem uma missão divina a cumprir, mas ao mesmo tempo sente que talvez não esteja à altura disso, por causa de suas falhas humanas, em relação principalmente às tentações do mundo. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor direção (Martin Scorsese).

Comentários:

Não, esse não é um filme recomendado para pessoas religiosas. Pelo menos para pessoas tradicionalmente religiosas. O filme causou muita polêmica em seu lançamento justamente por causa do roteiro que para alguns era extremamente inteligente e instigante, enquanto que para outros seria apenas ofensivo para com a fé alheia. E de fato essa obra de Martin Scorsese passa longe do convencional. Ele passeia por temas espinhosos e ousa tentar entender a mente de Jesus Cristo em seus momentos mais decisivos. Além disso há sim pequenas provocações ao longo do filme. Por exemplo, imagine um Jesus carpinteiro que fazia cruzes sob encomenda para os romanos. E que tal um Jesus que de certa maneira ansiava pelos prazeres da carne, inclusive do ponto de vista puramente sexual? Pois é, um filme controverso acima de tudo. O interessante é que esse Jesus, muito humano, se curvando com as tentações ao seu redor, pode em certos aspectos históricos ter sido muito mais próximo da realidade do que muitos poderiam imaginar. O Jesus desse filme não é o Deus reencarnado no homem, mas sim um homem que não consegue lidar direito com a missão divina que precisa cumprir. Certa vez Scorsese disse que no bairro de Nova Iorque em que ele viveu só havia dois caminhos a seguir: se tornar um padre ou um gângster. Bom, nesse filme o diretor conseguiu ir pelos dois caminhos ao mesmo tempo.

Pablo Aluísio.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Um Dia de Fúria

Hoje em dia Michael Douglas está com um pé na aposentadoria definitiva mas nas décadas de 80 e 90 ele saboreou uma excelente fase na carreira com muitos sucessos e êxitos de bilheteria. Um dos mais bem sucedidos foi esse “Um Dia de Fúria” que está completando agora exatos 20 anos de seu lançamento. O filme explora muito bem os limites de tolerância que cada um possui dentro da sociedade altamente estressante em que vivemos. No caso acompanhamos a rotina de William Foster (Michael Douglas) que durante um congestionamento infernal simplesmente chega ao seu limite. Irritado, não suportando mais uma rotina tão cheia de pressões e desapontamentos ele simplesmente se arma de um bastão de beisebol e uma arma de fogo e sai para a desforra completa, apelando para uma violência irracional e sem freios contra tudo e contra todos que ousam cruzar seu caminho. O curioso em “Dia de Fúria” é que apesar de ser um drama por definição algumas de suas cenas acabam deflagrando um humor involuntário quando o engomadinho Foster perde a compostura e parte para a porrada desenfreada, não poupando ninguém pela frente. Há cenas bem significativas nesse ponto como a da lanchonete quando ele novamente tem um acesso de fúria descontrolada.

“Um Dia de Fúria” é seguramente um dos melhores trabalhos do irregular Joel Schumacher que conseguiu ao longo da carreira mesclar grandes bombas com filmes acima de média. Não há outra definição melhor para Schumacher, ele é realmente um cineasta complicado, onde não sabemos de antemão se vamos assistir alguma pequena obra prima ou um grande abacaxi. Aqui felizmente temos um de seus melhores trabalhos na carreira. Michael Douglas está perfeito no papel e conta com um outro grande ator para contracenar com ele, o veterano Robert Duvall. Ele interpreta o detetive Prendergast que sai em perseguição ao descontrolado personagem de Michael Douglas. O curioso é que ele parece entender bem lá no fundo os motivos que desencadearam a violência sem fim em William Foster. Prendergast se mostra inclusive solidário com o insano Foster na cena final, embora ciente da situação extrema em que se encontra. Assim se você ainda não assistiu procure ver, é um interessante filme de ação com subtexto sobre os limites de tolerância de cada um.

Um Dia de Fúria (Falling Down, Estados Unidos, 1993) Direção: Joel Schumacher / Roteiro: Ebbe Roe Smith / Elenco: Michael Douglas, Robert Duvall, Barbara Hershey, Frederic Forrest / Sinopse: Durante um engarrafamento infernal um homem comum alcança seu limite de tolerância e literalmente sai na porrada com quem lhe cruza o caminho. Descontrolado ele passa a ser perseguido por um veterano policial que sai em seu encalço.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Hannah e Suas Irmãs

O mais interessante em "Hannah e Suas Irmãs" é que temos aqui um roteiro que discute sobre assuntos que geralmente são pesados (traições, a existência de Deus, o fracasso pessoal) mas de uma forma tão leve e divertida que nem percebemos isso. O elenco é todo bom, a começar pelo Michael Caine, um ator que só vim a apreciar bem mais tarde pois antigamente o achava muito "pau para toda obra" (pois ele fazia qualquer coisa que lhe ofereciam). Felizmente aqui ele tem um papel muito bom, o de um sujeito que se aventura com a própria irmã da esposa Hannah (interpretada com muita delicadeza por Mia Farrow). Embora esse triângulo amoroso proporcione bons momentos no filme certamente não é a melhor parte do roteiro. O melhor do filme realmente é o papel de Woody Allen (na pele do hipocondríaco e hilário Mickey). O Allen me passa a impressão de que se cerca de ótimos atores para "segurar" as partes mais tensas do filme enquanto ele aproveita para literalmente "passear" em cena em alguns momentos realmente muito divertidos.

O humor do Woody Allen como todos sabem é um humor mais intelectualizado mas isso não vem ao caso já que ele obviamente rouba todas as cenas. A sua tentativa de conversão ao catolicismo rende boas risadas e seus momentos no médico também são pequenas pérolas de humor refinado, muito embora sejam bem pontuais e cirurgicamente colocadas no decorrer de todo o filme. Parece até um jogo: quando o filme vai ficando melodramático demais, Allen entra em cena para aliviar tudo. Achei ótima essa idéia porque afinal o filme fica leve sem perder sua carga dramática. A Academia também parece ter gostado bastante do resultado final e o filme foi vencedor de 3 Oscars: Melhor Ator Coadjuvante (Michael Caine), Melhor Atriz Coadjuvante (Dianne Wiest) e Melhor Roteiro Original (Woody Allen). Ele obviamente não apareceu na premiação para receber seu prêmio. Preferiu passar a noite tocando jazz em um clube de Nova Iorque. Mais Woody Allen do que isso impossível. Enfim, "Hannah e Suas Irmãs" é divertido e inteligente na medida certa. Não deixe de assistir.

Hannah e Suas Irmãs (Hannah and her Sisters, Estados Unidos, 1986) Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco: Woody Allen, Barbara Hershey, Carrie Fisher, Michael Caine, Mia Farrow, Dianne Wiest, Maureen O'Sullivan, Lloyd Nolan, Max von Sydow, Lewis Black / Sinopse: A estória gira em torno da vida, dos romances e dos problemas cotidianos de Hannah (Mia Farrow) e suas duas irmãs, Holly (Dianne Wiest) e Lee (Barbara Hershey). Na Nova Iorque da década de 1980 elas tentam encontrar o equilíbrio e a felicidade em suas vidas.

Pablo Aluísio.