domingo, 15 de julho de 2018

O Pistoleiro e os Bárbaros

Título no Brasil: O Pistoleiro e os Bárbaros
Título Original: Get Mean
Ano de Produção: 1975
País: Itália
Estúdio: Stranger Productions Inc
Direção: Ferdinando Baldi
Roteiro: Ferdinando Baldi, Lloyd Battista
Elenco: Tony Anthony, Lloyd Battista, Raf Baldassarre
  
Sinopse:
Arrastado por um cavalo, um estranho pistoleiro (Tony Anthony) chega em uma cidade fantasma bem no meio do deserto, no velho oeste americano. Recuperado, é contratado por uma estranha mulher que se parece com uma feiticeira. Ela o paga para levar uma jovem até uma distante localidade, onde terá que se entregue em mãos a um homem rico e poderoso. O que inicialmente parece ser uma missão simples acaba se tornando uma verdadeira guerra, pois bandoleiros que mais se parecem com bárbaros tencionam raptar a jovem.

Comentários:
Era para ser o primeiro filme com esse personagem conhecido apenas como The Stranger (o Estranho). A ideia era misturar elementos do faroeste italiano com outros gêneros, tais como filmes de capa e espada e fantasia, com princesas, bruxas, etc. O que inicialmente parecia promissor acabou não dando certo. Os fãs de Spaghetti certamente estranharam o clima dessa fita, pois embora os personagens vivam no velho oeste há o uso excessivo de fantasia e contos de fadas. De fato não há como fugir dessa conclusão pois tudo acabou ficando realmente estranho (fazendo jus ao nome do protagonista, um pistoleiro sem nome, tal como acontecia nos filmes de Clint Eastwood como o tão cultuado e conhecido "O Estranho Sem Nome"). A fita é estrelada pelo americano Tony Anthony, nascido Roger Pettito em Clarksburg, West Virginia. Filho de italianos acabou retornando para a Itália na década de 1960 onde iniciou sua carreira. Embora fosse esforçado a verdade é que nunca decolou como astro de sucesso, por isso esse acabou sendo seu último faroeste italiano. Então é isso, temos aqui um western à italiana um pouco diferenciado do que era feito na época, o que definitivamente não quer dizer que seja necessariamente bom. De qualquer maneira vale pela curiosidade.

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de julho de 2018

Sangue nas Montanhas

Título no Brasil: Sangue nas Montanhas
Título Original: Un Fiume Di Dollari
Ano de Produção: 1966
País: Itália
Estúdio: Dino de Laurentiis Cinematografica
Direção: Carlo Lizzani
Roteiro: Piero Regnoli
Elenco: Thomas Hunter, Henry Silva, Dan Duryea
  
Sinopse:
Após o fim da guerra civil americana dois soldados confederados retornam para casa com parte de um dinheiro que foi roubado durante o conflito. Perseguidos pelo exército da União caem em uma emboscada. Um deles porém consegue fugir, já o outro é preso e condenado a cinco anos de prisão. Quando finalmente cumpre sua pena descobre que sua esposa morreu e decide ir atrás de seu comparsa para pegar sua parte do dinheiro roubado. O confronto entre os antigos comparsas se torna assim inevitável.

Comentários:
Muita gente boa pensa tratar-se de um filme americano. O diretor Carlo Lizzani usou o nome americanizado de Lee W. Beaver e como a fita tem boa produção (digna do produtor Dino De Laurentiis) muitos cinéfilos acabaram pensando se tratar mesmo de um faroeste Made in USA. Ledo engano. O filme é bom, credito isso aos atores americanos e ao bom roteiro, que tenta a duras penas fugir do lugar comum desse tipo de filme. Henry Silva como Garcia Mendez é um achado. Ele conseguiu perfeitamente captar a alma desse tipo de produção  Spaghetti. A estrela do elenco porém é o ator Thomas Hunter, também americano, que iria se destacar ainda em vários filmes bons, como por exemplo, "A Batalha de Anzio", "A Travessia de Cassandra" e "Nimitz - De Volta ao Inferno". Curiosamente trabalhou em poucos filmes no cinema e na TV acabou também se destacando na famosa série de western "Gunsmoke" onde interpretou o pistoleiro e rancheiro Frank Corey. Então é isso, "Sangue de Montanhas", o Spaghetti que mais parece filme americano de verdade! 

Pablo Aluísio.

O Último Grande Duelo

Título no Brasil: O Último Grande Duelo
Título Original: Il Grande Duello
Ano de Produção: 1972
País: Alemanha, Itália, França
Estúdio: Mount Street Film, Corona Filmproduktion
Direção: Giancarlo Santi 
Roteiro: Ernesto Gastaldi
Elenco: Lee Van Cleef, Alberto Dentice, Jess Hahn
  
Sinopse:
Em uma terra distante e selvagem impera a lei do mais forte. Bandidos, pistoleiros e facínoras de todos os tipos infestam os campos e a cidade. Caçadores de recompensas também estão atrás de seu quinhão de riqueza naquela região deserta e esquecida por Deus. Depois de muito anarquia e desordem chega para assumir o posto de xerife o terrível John Clayton (Lee Van Cleef). Com extrema habilidade no gatilho ele está disposto a impor lei e ordem com a fúria de sua arma fumegante.

Comentários:
Esse filme foi lançado recentemente no box The Spaghetti Western Collection. Se trata de uma coleção com seis filmes italianos de faroeste - gênero que passou para a história com o nome de Western Spaghetti. São três DVDs, com dois filmes em cada. Uma boa seleção para nenhum colecionador colocar defeito. A produção que abre a coleção é justamente essa "O Último Grande Duelo". Lee Van Cleef foi certamente um dos grandes astros da época e aqui surge em um papel levemente diferente dos pistoleiros que estava acostumado a interpretar. Ele dá vida a um xerife que age não apenas como homem da lei, mas também como juiz, júri e carrasco. Sua determinação é colocar lei e ordem em uma terra conhecida por ser selvagem e hostil. Para isso ele precisa enfrentar os mais indigestos inimigos, inclusive um grupo de irmãos bandoleiros que querem tocar o terror na pequena cidadezinha da região. Para piorar o lugar também é assolado por caçadores de recompensas, o que faz aumentar ainda mais a violência. Nos Estados Unidos o filme foi lançado com o título de "Rider Storm" e logo depois teve seu nome mudado para "The Grand Duel" (título que foi aproveitado no Brasil). É um bom momento da filmografia de Cleef, embora não seja considerado entre os seus filmes mais famosos ou mais bem sucedidos na bilheteria.

Pablo Aluísio.

Filmes no Cinema - Edição XX

O grande filme a chegar nos cinemas nessa semana é o drama "Meu Pai", maravilhoso trabalho de atuação do ator Anthony Hopkins. Ele interpreta esse senhor, já na terceira idade, que começa a sofrer problemas relacionados à perda da memória, não reconhecimento de pessoas próximas e outros problemas relacionados ao Mal de Alzheimer. Com esse grande trabalho de interpretação o veterano Hopkins é um dos principais favoritos a vencer o Oscar de melhor ator nesse ano. Assim esperamos que aconteça.

Para quem aprecia o gênero dos filmes de ação há a opção de assistir ao filme "Na Mira do Perigo". Na história o ator Liam Neeson interpreta um fazendeiro durão do Arizona que decide proteger um imigrante ilegal que está sendo perseguido não apenas pelas autoridades, mas também pelos assassinos profissionais de um cartel de tráfico de drogas do México. Liam Neeson é atualmente o ator que mais trabalha em Hollywood. Mal um filme seu sai de cartaz e outro já entra na programação dos cinemas. Impressionante!

Para quem aprecia cinema europeu duas opções interessantes. A primeira é o filme "Os Melhores Anos de uma Vida", produção francesa dirigida pelo prestigiado cineasta Claude Lelouch. Com um bom elenco que conta entre outros com  Anouk Aimée e Jean-Louis Trintignan, o filme mostra a história de um casal apaixonado que fica 50 anos sem se encontrar. Depois de tantas décadas separado eles se reencontram, para viver uma nova história de amor. Já "O Charlatão" mostra a história de um sujeito bem estranho, que vende a esperança para pessoas que estão sofrendo de doenças terminais. A direção é de Agnieszka Holland e o elenco tem a presença dos atores Ivan Trojan, Jaroslava Pokorná e Miroslav Hanus.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Filmes no Cinema - Edição XIX

Em tempos de pandemia os lançamentos semanais são limitados. Ficaram para trás aqueles fins de semana quando até dez filmes novos chegavam nos cinemas. E para piorar os Estados Unidos enfrentam nessa semana uma nevasca de grandes proporções que fecharam as salas de cinema que ainda estavam abertas na costa leste e sul do país. Complicado. Ter um cinema nos dias de hoje virou quase um ato de heroísmo, tanto nos Estados Unidos como no Brasil. E o mesmo vale para quem compra um ingresso.

Pois bem, o principal lançamento desse fim de semana é um filme de fantasia chamado "Monster Hunter". Uma prévia do filme do King Kong vs Godzilla? Pode ser... Esse tipo de produção é mais voltado para um público juvenil, com muitos dragões voando pelos céus noturnos, bravos cavaleiros, enfim, aquele estilo conhecido como aventura e espadas. Eu até que fiquei curioso em conferir esse filme. Esse clima de RPG até que me atrai um pouco. A direção dessa produção é do cineasta Paul W.S. Andersone o elenco conta com Milla Jovovich e Tony Jaa. Os fãs de "Resident Evil" podem até mesmo se interessar também, quem sabe...

Fora esse lançamento, temos apenas dois outros filmes novos sendo lançados, mas em um circuito mais reduzido, mais voltado para cineclubes, salas especializadas em filmes cult, europeus, etc. Entre esses lançamentos mais, digamos, culturais, vale a citação de "Amarração do Amor" sobre um casal que quer se casar, mas que não conta com a aprovação de seus familiares. É de se perguntar se no mundo de hoje este tipo de questão ainda existe. De qualquer forma a direção é de Caroline Fioratti, O elenco conta com Samya Pascotto, Bruno Suzano e Ary França. Um filme indicado para românticos incuráveis que queiram rir um pouco também, por que não?

Outro lançamento digno de nota nessa semana se chama "Judas e o Messias Negro". Com direção de Shaka King e elenco trazendo Daniel Kaluuya, Lakeith Stanfield, e Martin Sheen, o filme conta a história de Fred Hampton (Daniel Kaluuya), um dos líderes dos Panteras Negras, grupo ativista que lutou em prol dos direitos civis nos Estados Unidos. Esse grupo foi bastante atuante durante as décadas de 1960 e 1970. No filme o FBI resolve infiltrar alguns agentes no movimento para investigar acusações de crimes e assassinatos cometidos pelos Panteras Negras. Esse filme parece ser dos mais interessantes. Provavelmente seja o melhor filme a chegar nas telas de cinema nesse fim de semana. A conferir.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Missão: Impossível - Efeito Fallout

As críticas que havia lido sobre esse filme me deixaram com uma expectativa alta em relação ao que veria no cinema. Alguns críticos chegaram a dizer que era não apenas o melhor filme da franquia "Missão: Impossível" como também o melhor filme da carreira de Tom Cruise... Depois de assistir ao filme pude perceber como era um enorme exagero esse tipo de opinião. OK, o filme é muito bem produzido, algo a se esperar de uma produção que custou 180 milhões de dólares... há três excelentes cenas de ação, mas afirmar que o filme é uma obra prima ou qualquer coisa parecida sequer a isso soa desproporcional demais.

O que mais me desagradou nesse novo filme é que o roteiro é muito fraco, derivativo e básico. Cheio de clichês, não consegue fugir daquela velha fórmula dos mocinhos salvando o mundo da destruição. A falta de imaginação dos roteiristas chega a um nível absurdo, a ponto de repetirem pela milésima vez aquela cena em que as bombas estão prestes a explodir e é preciso cortar um dos fios, antes que a contagem regressiva chegue ao final. Quantas vezes você já viu isso em outros filmes e séries? Milhares de vezes! Ver tudo isso de novo me soou tão cansativo... É muito batido e sem graça. Chegou a me dar sono.

Então já que o roteiro é bobo e ruim, o que vale mesmo é tentar curtir as cenas de ação, todas obviamente bem absurdas e inverossímeis. Esqueça James Bond ou Superman, o verdadeiro herói indestrutível dos filmes de ação é mesmo o agente Ethan Hunt do Tom Cruise. Ele consegue sair de um enorme desastre envolvendo dois helicópteros em uma montanha nevada sem sequer sofrer um arranhão ou despentear seus cabelos. Por falar em Bond, o roteiro claramente se "inspira" (para não dizer plagia mesmo) a antiga fórmula de levar o protagonista para diversas partes do mundo. Pena que aqui não fugiram do óbvio, filmando novamente em Londres e Paris, cidades que já estamos cansados de ver em filmes. Então é isso. Pela falta de novidades achei esse filme apenas meramente razoável.

Missão: Impossível - Efeito Fallout (Mission: Impossible - Fallout, Estados Unidos, 2018) Direção: Christopher McQuarrie / Roteiro: Christopher McQuarrie, Bruce Geller / Elenco: Tom Cruise, Henry Cavill, Ving Rhames, Rebecca Ferguson / Sinopse: O agente Ethan Hunt (Tom Cruise) precisa recuperar três ogivas nucleares antes que elas caíam nas mãos de terroristas que querem destruir grandes cidades em nome de sua causa insana.

Pablo Aluísio.

Em Pedaços

Esse filme trata da questão dos imigrantes na Europa, mesmo que de maneira indireta. Na história temos uma alemã que se apaixona por um imigrante curdo. O sujeito está terminando de cumprir uma pena por tráfico de drogas e após isso o casal decide se casar. O tempo passa, um filho nasce e a vida parece seguir seu rumo. Tudo vai indo bem até o dia em que uma bomba é deixada do lado de fora do escritório onde o marido trabalha. Na explosão ele e o filho morrem. A viúva fica em pedaços e obviamente pede por justiça. As investigações acabam direcionando para um casal de jovens neonazistas. Para eles é um absurdo e uma afronta que uma alemã de olhos azuis, ariana (na definição dos nazistas) venha a se envolver com um imigrante moreno e barbudo, vindo de um país muçulmano.

A atriz alemã Diane Kruger interpreta a esposa e mãe que perde sua família. Esse aliás é apenas o segundo filme dela feito em seu país, onde ela fala sua língua original. Um papel difícil porque ela precisa interpretar uma personagem bastante dramática, traumatizada pela morte do marido e do filho, precisando superar tudo, nem que seja a base de muita cocaína para segurar o tranco. Até pensamentos suicidas recorrentes começam a nublar sua perspectiva de vida. O roteiro divide o filme em três atos básicos. Cada um foi nomeado no filme. No primeiro ato chamado "The Family" vemos o casamento, a felicidade da família e o atentado, quando a realidade mostra sua crueldade. Em "Justice" acompanhamos o julgamento do casal neonazista responsável pelo atentado. Também é o momento da desilusão quando a viúva descobre que o sistema judiciário também pode ser muito falho e fraco contra esse tipo de criminoso movido por motivos raciais. O terceiro ato fecha tudo em "The Sea". Não vou estragar as surpresas, mas adianto que o final não me agradou. Sua mensagem pode até mesmo soar um pouco perigosa, extrema e fora do bom senso. Mesmo assim ainda é válido diante de tudo o que acontece com a protagonista.  Enfim, é um filme pesado que mostra os desafios da sociedade alemã nos dias atuais. Velhos fantasmas do passado parecem ainda assombrar aquele povo europeu.

Em Pedaços (Aus dem Nichts, Alemanha, França, 2017) Direção: Fatih Akin / Roteiro: Fatih Akin, Hark Bohm/ Elenco: Diane Kruger, Numan Acar, Rafael Santana, Samia Muriel Chancrin / Sinopse: A alemã Katja Sekerci (Diane Kruger) acaba se apaixonando por um imigrante curdo, vindo de um país muçulmano. Com ele é feliz e forma uma família. Tudo chega ao fim porém quando eles são vítimas de um atentado a bomba, um crime de ódio praticado por um casal de jovens neonazistas. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme Drama - Em Língua estrangeira.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Escobar - A Traição

Não estava esperando por muita coisa, mas acabei sendo surpreendido. Apesar do tema envolvendo o traficante Pablo Escobar já estar bem saturado ainda conseguiram fazer um filme interessante. O roteiro foi escrito a partir do livro escrito pela amante de Escobar, a jornalista Virginia Vallejo. Ela é interpretada pela atriz Penélope Cruz. Através de sua própria narrativa voltamos ao passado para mostrar seu relacionamento conturbado com Escobar. Inicialmente ela é atraída por esse homem vindo de baixo, das classes mais pobres, que acabou se tornando um dos homens mais ricos da Colômbia. Ela tenta passar para o espectador que não sabia quem ele era e de onde vinha sua fortuna, mas sinceramente falando não consegue convencer ninguém. Era óbvio que ela sabia que Pablo era um traficante e que seu dinheiro era proveniente da exportação de cocaína para os Estados Unidos. Todo o resto é apenas uma tentativa de suavizar sua culpa pelo que aconteceu.

Um dos grandes pontos positivos dessa produção é a caracterização do próprio Pablo Escobar. Javier Bardem nem precisou de muita maquiagem, perucas e figurinos para ficar parecidíssimo com Escobar. Gordo, nada glamoroso (como alguns filmes tentam fazer parecer), o bandido é retratado como ele era na vida real. Também não poupa em mostrar os inúmeros crimes e assassinatos mandados por ele ao seu grupo, o famigerado Cartel de Medellín. Como o filme é muito centrado em sua vida pessoal e de crimes, pouco espaço sobra para os policiais, os agentes que se esforçaram tanto para sua prisão e punição. Todos esses agentes assim são unificados no agente americano Shepard (Peter Sarsgaard). No final temos aqui um filme bem realista, honesto, mostrando os fatos como aconteceram. Sem essa coisa toda de romancear a vida de pessoas que no fundo eram apenas criminosos perigosos. 

Escobar - A Traição (Loving Pablo, Espanha, Bulgária, 2017) Direção: Fernando León de Aranoa / Roteiro: Fernando León de Aranoa, baseado no livro autobiográfico da jornalista Virginia Vallejo / Elenco: Javier Bardem, Penélope Cruz, Peter Sarsgaard / Sinopse: O filme mostra o romance entre o traficante internacional Pablo Escobar e sua amante, a jornalista Virginia Vallejo. Ela fica atraída por sua riqueza e poder, sem saber (segundo ela) que ele era um dos maiores traficantes do mundo. Depois que o cerco se fecha, com a perseguição das autoridades, sua vida se transforma em um verdadeiro inferno.
 

Pablo Aluísio.

Agnes de Deus

Título no Brasil: Agnes de Deus
Título Original: Agnes of God
Ano de Produção: 1985
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Norman Jewison
Roteiro: John Pielmeier
Elenco: Jane Fonda, Anne Bancroft, Meg Tilly, Anne Pitoniak, Winston Rekert, Guy Hoffmann

Sinopse:
Quando um recém-nascido é encontrado morto, envolto em lençóis ensangüentados, no quarto de uma jovem noviça, a psiquiatra Martha Livingston (Jane Fonda) é chamada para determinar o que teria acontecido dentro do convento. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Anne Bancroft), Atriz Coadjuvante (Meg Tilly) e Melhor Música incidental (Georges Delerue).

Comentários:
Um excelente filme que apesar de ter sido indicado ao Oscar e ter colecionado indicações em outros prêmios importantes na época, pouco chamou atenção do público em geral. Realmente a produção foi considerada um dos fracassos comerciais de 1985. Não importa. O que é relevante chamar a atenção é que o diretor Norman Jewison conseguiu realizar um filme muito bom, com ótimo desenvolvimento do enredo, tudo embalado em um clima de suspense que chega a causar mal estar no espectador. O roteiro também discute, mesmo que de forma sutil, sobre certos dogmas que imperam entre o clero católico e a forma que isso influencia na mente das pessoas envolvidas. Jane Fonda, como sempre, se destaca. Ela sempre teve um ativismo político bem forte em sua vida pessoal e quando isso possível também levava temas interessantes para serem discutidos nos filmes em que atuou. Esse "Agnes de Deus" é bem representativo nesse aspecto. Um filme que discute temas importantes, mesmo que de forma apenas subliminar.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 10 de julho de 2018

Truque de Mestre: O 2º Ato

Esse é o segundo filme dessa franquia. O primeiro deu muito certo nas bilheterias, então o estúdio resolveu repetir a dose. Pena que também repetiu todos os problemas do filme original. É a tal coisa, esse tipo de filme é bem o exemplo daquele caso de produção que poderia ser muito boa, mas que acaba abrindo concessões demais ao lado mais comercial, criando assim um produto muito juvenil, complicado de se levar à sério. Tecnicamente tudo é bem produzido, afinal o estúdio investiu bastante dinheiro, porém o roteiro derrapa várias vezes. Em termos de enredo tudo segue as pontas soltas deixadas no primeiro filme. Os tais cavaleiros se reúnem novamente e todos agora correm atrás de um chip que supostamente teria a capacidade de entrar em qualquer sistema de computação do mundo. Um poder cobiçado por todos.

A novidade vem no vilão, com a entrada em cena do eterno Harry Potter, o ator Daniel Radcliffe. Chamado de "nanico" durante uma das cenas, realmente não consegue desempenhar muito bem seu papel. É um tipo muito associado a personagens heroicos como o próprio Harry Potter. Tentar apertar um botão para virar um vilão malvado simplesmente não funciona muito. Nem o fato de usar uma barbicha o torna mais ameaçador. Está marcado mesmo por Potter e vai ser complicado superar isso. Do resto do elenco não se vê muitas novidades. Como quase sempre acontece com grandes astros, aqui os roteiristas decidiram também dar um jeito de amenizar o personagem de Morgan Freeman. Agora ele está ao lado dos mocinhos. Meio chato isso. No final das contas a sensação que tive ao terminar de assistir foi a mesma do filme de 2013. Poderia ser muito bom, mas não foi. O tema envolvendo mágicos sempre é legal, cativante, porém não numa pegada tão bobinha como a que vemos aqui.

Truque de Mestre: O 2º Ato (Now You See Me 2, Estados Unidos, França, 2016) Direção: Jon M. Chu / Roteiro: Ed Solomon / Elenco: Jesse Eisenberg, Mark Ruffalo, Woody Harrelson, Daniel Radcliffe, Morgan Freeman, Michael Caine, Dave Franco, Lizzy Caplan / Sinopse: Os cavaleiros mágicos se reúnem mais uma vez, agora para desmascarar um magnata do mundo da informática. Também precisam lidar com um novo vilão que surge para destrui-los de uma vez por todas. No centro da disputa um chip que dará acesso a todos os computadores ao redor do mundo. 

Pablo Aluísio.

Próxima Parada Apocalipse

Mais uma produção Netflix. Mais um filme que deixa a desejar. No enredo encontramos dois homens - pai e genro - atravessando uma região inóspita para tentar salvar a filha que ficou numa cidade atingida por uma grande catástrofe. Que catástrofe foi essa? Natural? Uma explosão atômica? Não espere respostas a essa pergunta. O roteiro simplesmente não explica, o que é bem frustrante, principalmente no final que fica em aberto, sem concluir o que estava contando. Assim o filme se sustenta mesmo no clima de suspense que tenta criar. No começo temos uma história banal, quase um enredo de drama romântico. Um jovem advogado está para se casar com sua namorada. Mais do que isso. Ela está grávida. O problema é o pai dela, um militar aposentado, aqui na interpretação do ator Forest Whitaker.

Ele não gosta do futuro genro. Ele também não quer que ele se case com sua filha. Há um clima de tensão entre eles. Um jantar é marcado para acertar as diferenças, mas no meio disso aconteceu algo inexplicável. O norte dos Estados Unidos é atingido por um grande cataclisma. A filha está lá, em Seattle, cidade que foi atingida em cheio. Sem pensar muito nas opções pai e genro entram em um carro e pegam estrada rumo ao desconhecido. O filme é isso, um road movie passado em um mundo em caos. É como se estivéssemos em um cenário de "Mad Max", porém com toques mais realistas. Sim, há a luta pelo combustível, a brutalidade e a violência, coisas típicas de um filme pós-apocalipse, mas tudo em doses homeopáticas, sem tirar o pé do chão da realidade. O problema maior é, como já escrevi, a falta de explicações. O roteiro não explica o que está acontecendo e o pior de tudo, deixa um final insatisfatório, naquela situação em que o filme acaba de repente, causando uma certa perplexidade em quem acompanhou aquela história por tanto tempo (o filme tem uma duração considerável para esse tipo de produção). Assim temos aqui outra produção Netflix que ficou pelo meio do caminho, literalmente.

Próxima Parada Apocalipse (How It Ends, Estados Unidos, 2018) Direção: David M. Rosenthal / Roteiro: Brooks McLaren / Elenco: Theo James, Forest Whitaker, Grace Dove, Kat Graham / Sinopse:  Um pai desesperado e o namorado de sua filha partem rumo norte em direção a Seattle, onde a filha está. A cidade e toda aquela região foi atingida por um cataclisma inexplicável, onde não existe mais lei, ordem e nem civilização.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Onde Está Kyra?

Esse é um filme sobre a velhice e as dificuldades que a pessoa enfrenta quando vai avançando na idade. Michelle Pfeiffer interpreta Kyra, a filha única de uma senhora idosa. Elas moram juntas em um pequeno apartamento e vivem da aposentadoria dela. Kyra até luta para arranjar um emprego, mas o mercado de trabalho fecha as portas para uma pessoa como ela, uma mulher que já passou dos 50 anos. Desempregada, ela tenta levar em frente a vida, mas tudo desaba quando sua mãe falece. Sem emprego e sem o dinheiro da aposentadoria ela fica sem ter meios como viver. Até que no desespero resolve cometer uma fraude, se vestindo como sua mãe, tudo para continuar recebendo os cheques da previdência social.

Ela também se envolve com um motorista de passageiros, um homem igualmente com muitos problemas financeiros, pois não consegue se firmar na vida. Esse papel é interpretado por Kiefer Sutherland, em boa atuação. É interessante ver esses dois famosos dos anos 80 interpretando pessoas mais velhas, com complicações na vida. No passado eles eram astros glamorosos de Hollywood, mas nesse filme se despem dessa imagem, interpretando pessoas comuns, com problemas bem ordinários.

Pode-se dizer que o diretor Andrew Dosunmu imprimiu uma forte carga dramática em seu filme. Toda a fotografia é bem opaca, escura, dando ao filme um clima bem soturno e pessimista. Não há espaço para o humor, que poderia até surgir nas cenas em que Kyra se faz passar por sua velha mãe. As tintas imprimidas nesse filme porém são puramente dramáticas, sem espaço para alívios cômicos. Apesar disso gostei da proposta do roteiro. Ele mostra que mesmo nas economias mais desenvolvidas do mundo ainda há muitas pessoas pobres, desempregadas, passando por várias necessidades. Um bom exemplo para quem pensa que o primeiro mundo é isento desse tipo de drama social.

Onde Está Kyra? (Where Is Kyra?, Estados Unidos, 2017) Direção: Andrew Dosunmu / Roteiro: Andrew Dosunmu, Darci Picoult / Elenco: Michelle Pfeiffer, Kiefer Sutherland, Suzanne Shepherd, Sam Robards / Sinopse: Pobre e desempregada, Kyra (Pfeiffer) decide fazer uma fraude para continuar a receber a aposentadoria da mãe, recentemente falecida. Para isso se veste como ela, tentando enganar os funcionários da previdência social. Ao mesmo tempo conhece um homem em situação parecida, em papel interpretado por Kiefer Sutherland.

Pablo Aluísio.

The Catcher Was a Spy

É um drama de espionagem e suspense ambientado na II Guerra Mundial. Algo que não esperaria ser estrelado por um ator como Paul Rudd. Logo ele, o Homem-Formiga, sempre com uma piadinha na ponta de língua. Pois é, aqui não existe espaço para o humor. No filme, que é baseado numa história real, somos apresentados ao jogador de beisebol Moe Berg. Já veterano, quase aposentado do esporte, ele começa a procurar por outros caminhos na vida. Acaba sendo recrutado pela OSS, a agência de espionagem dos Estados Unidos antes da criação da CIA. Embora fosse conhecido mais como desportista, Berg também era um intelectual, com várias formações acadêmicas. Também falava vários idiomas, ou seja, era o tipo ideal para se tornar um agente de espionagem do governo americano.

Sua primeira missão acaba sendo uma das mais complicadas. Ele é enviado para a Suíça. Seu objetivo é encontrar e matar um importante cientista alemão que estaria comandando a criação da tão temida bomba atômica nazista. Não espere por nada parecido como James Bond, com muitas cenas de ação e aventura. Como tudo é baseado em fatos reais, a história se desenvolve de forma mais calma e verossímil. Outro aspecto melhor trabalhado pelo roteiro é a própria personalidade do protagonista. Solteirão e culto, havia uma suspeita que ele também fosse gay, algo sutilmente sugerido pelo roteiro quando ele viaja até o Japão e lá encontra um homem em um bar. Como resultado de tudo considerei o filme bom, bem produzido e com boas atuações. Nunca havia visto Paul Rudd em um filme sério, com ares mais dramáticos como esse. Não deixou de ser uma grande surpresa.

The Catcher Was a Spy (Estados Unidos, 2018) Direção: Ben Lewin / Roteiro: Robert Rodat, Nicholas Dawidoff / Elenco: Paul Rudd, Paul Giamatti, Jeff Daniels, Connie Nielsen, Guy Pearce, Tom Wilkinson / Sinopse: O filme conta a história real de um jogador de beixebol e acadêmico que durante os anos 1940 se tornou agente de espionagem do governo americano, tendo como missão executar um importante cientista alemão envolvido no desenvolvimento da primeira bomba atômica do III Reich.

Pablo Aluísio.

domingo, 8 de julho de 2018

A Maldição da Freira

O cinema inglês tem muita tradição em filmes de terror. Isso vem desde os tempos dos estúdios Hammer. Pelo visto a tradição de bons filmes segue em frente. Aqui temos mais um exemplo. Tudo começa quando dois padres chegam em um convento para investigar a existência de um suposto milagre. Estátuas de Nossa Senhora estariam chorando lágrimas de sangue. Um dos padres, o mais velho e experiente, não acredita em nada disso. No passado ele desvendou inúmeras fraudes e por isso criou uma postura de realmente nunca acreditar nesse tipo de coisa, só que dessa vez acontecimentos inexplicáveis começam a ocorrer e ele começa a realmente ficar em dúvida sobre o que realmente estaria acontecendo naquele lugar.

O estilo do filme imita uma gravação ao estilo footage, como se estivéssemos vendo o resultado das filmagens feitas por um dos padres em sua antiga câmera super 8. Isso porque a história do filme se passa toda nos anos 60. O resultado ficou bem interessante em termos narrativos. Não espere encontrar um terror ao estilo slasher ou algo parecido. Muitas vezes o suspense é construído todo em um nível mais intelectual, o que no meu caso soou como algo muito positivo. Claro, há uma certa dose de sustos feitos para fazer o espectador pular da cadeira, mas esses momentos são mais pontuais. O surgimento de crianças (as almas daqueles que sofreram um grande mal no passado) completam o quadro de suspense. Com uma curta duração o filme no final se mostra muito eficiente. Há um subtexto explorando algumas situações nunca explicadas pela Igreja na Irlanda que vai enriquecer ainda mais o roteiro. Assim se você estiver em busca de um terror mais visceral e cerebral indico esse ainda pouco conhecido "The Devil's Doorway".

A Maldição da Freira (The Devil's Doorway, Inglaterra, 2018) Direção: Aislinn Clarke / Roteiro: Martin Brennan, Aislinn Clarke / Elenco: Lalor Roddy, Ciaran Flynn, Helena Bereen / Sinopse: Dois padres são enviados para investigar estranhos acontecimentos em um antigo convento que agora funciona como lar para órfãos, mães solteiras e pessoas abandonadas por suas famílias. O lugar apresenta estranhos fenômenos como estátuas sangrando pelos olhos e aparições de crianças pelos corredores escuros durante as madrugadas. Haveria algo de verdadeiro nesses acontecimentos ou tudo seria fruto de uma fraude inventada por alguém?

Pablo Aluísio.

Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes

Bom, se você gosta dos filmes estrelados por Jason Statham então não pode deixar de assistir a essa fita de ação. Não, o Jason ainda não era o principal nome do elenco, mas já tinha destaque entre os colegas de profissão. Antes desse filme o Jason só havia atuado em dois outros filmes, nenhum deles chegou a ter algum destaque no Brasil. "The Shamen: Comin' On" e "Erasure: Run to the Sun" só foram lançados no mercado inglês e eram curtas, por isso podemos dizer que "Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes" é de fato o primeiro filme da carreira de Jason Statham. E foi um ótimo começo, uma vez que a fita foi dirigida por ninguém menos do que Guy Ritchie, cineasta sempre queridinho da crítica. Ao longo dos anos seus exageros foram estragando algumas produções, principalmente aquelas que contavam com orçamentos milionários. Isso porém não acontece aqui pois o filme tem a medida certa de ação e esquisitice.

A história se passa numa Londres feia e cinzenta. Tudo se desenvolve no submundo do crime londrino, onde um sujeito decide dar um golpe em uma chefe de quadrilha da região onde mora. O palco seria um jogo de pôquer, mas como sempre acontece nesse tipo de situação as coisas não dão muito certo e ele fica com uma dívida de 500 mil libras! Dever para um criminoso acostumado a quebrar as pernas de quem não gosta não parece ser uma boa ideia. Assim o grupo decide que é hora de levantar dinheiro o mais rapidamente possível. Como? Ora fazendo assaltos e crimes por toda a cidade. O filme tem uma estrutura narrativa insana, como é bem característico do cinema de Guy Ritchie e talvez por isso tenha sido indicado ao BAFTA Awards, premiação bem prestigiada que não costuma indicar filmes de ação.

Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (Lock, Stock and Two Smoking Barrels, Inglaterra, 1998) Direção: Guy Ritchie / Roteiro: Guy Ritchie / Elenco: Jason Flemyng, Dexter Fletcher, Nick Moran, Jason Statham / Sinopse: Ao dever para um chefão da máfia local, um grupo de criminosos pé de chinelo não vê outra alternativa do que promover uma série de crimes para levantar o dinheiro o mais rapidamente possível. Uma péssima ideia...

Pablo Aluísio.

sábado, 7 de julho de 2018

Madame

Esse é um filme francês que a despeito de trazer um enredo simples, procura mostrar todo o preconceito social que existe dentro da sociedade francesa. O casal de protagonista é formado por ricaços americanos que vivem em Paris. A madame Anne Fredericks (Toni Collette) decide dar um belo jantar em seu apartamento. Entre os convidados estão figurões da política inglesa e membros da classe alta parisiense. Seu marido Bob (Harvey Keitel) procura esconder que sua empresa financeira de Nova Iorque está indo a falência, tudo para manter a pose. Falsidade completa. Pois bem, durante os preparativos do jantar, Madame descobre que a mesa foi montada para 13 pessoas, só que apenas 12 convidados estarão presentes. Para compensar ela resolve dar um de seus melhores vestidos para a empregada doméstica Maria (Rossy de Palma) fingir que é uma das convidadas ao elegante jantar.

Ela não deve interagir com ninguém, nem falar com os demais convidados. Deve apenas ser uma figurante, como um abajur da sala, nada mais. Só que Maria após alguns drinks começa a falar e conversar com os demais convidados, encantando particularmente David Morgan (Michael Smiley) que fica pensando que ela é uma milionária, prima do Rei da Espanha. Apaixonados, criam um problema e tanto para madame, que precisa acabar com esse romance, para contar toda a verdade. O roteiro, tipicamente uma comédia de costumes, procura mostrar que nem as maiores paixões resiste quando há um abismo social, sendo Maria uma empregada doméstica e seu namorado, David Morgan, um milionário. O filme apesar disso se desenvolve de forma leve, com duração adequada aos seus propósitos. Gostei do resultado. Livre daquelas amarras dramáticas que muitas vezes estragam os filmes franceses, esse aqui tem uma leveza muito bem-vinda.  Mostra um lado condenável da sociedade francesa, mas com um sorriso no rosto. Um ponto inegavelmente positivo para esse "Madame".

Madame (França, 2017) Direção: Amanda Sthers / Roteiro: Amanda Sthers / Elenco: Toni Collette, Harvey Keitel, Rossy de Palma, Michael Smiley, Tom Hughes / Sinopse: Durante um jantar a empregada doméstica de madame acaba encantando um rico político inglês. Eles começam a namorar, mas ele pensa que ela na verdade é uma nobre da casa real da Espanha. Apenas madame poderá desfazer todos esses enganos, contando toda a verdade sem magoar ninguém.

Pablo Aluísio.

Beirute

Quando o filme começa encontramos o agente diplomático Mason Skiles (Jon Hamm) dando uma animada recepção em sua casa em Beirute. O clima é muito animado. Era o ano de 1972 e a cidade do Oriente Médio era considerada um jardim de tranquilidade naquela região do mundo. Cristãos e muçulmanos viviam bem juntos, havia turismo e muitos hotéis de luxo. Economicamente era uma cidade próspera e bem organizada, mas eis que o fundamentalismo islâmico começou a se espalhar causando terror e mortes por todos os lugares. O próprio Mason acaba vendo a esposa morrer nessa guerra insana. Ele então retorna aos Estados Unidos. Desiludido, com problemas de alcoolismo, ele tenta encontrar um novo sentido na vida.

Até que um dia recebe um estranho convite para dar uma palestra em Beirute. Ele não vai lá desde a morte da esposa, há dez anos. Mesmo assim, por causa da bela oferta em dinheiro, resolve retornar. A velha Beirute que ele conheceu já não existe mais. Tudo o que sobrou foram escombros e destruição. Pior do que isso. Ele descobre que o tal convite da universidade foi apenas uma fachada criada pela CIA que queria seu retorno para participar das negociações de resgate de um agente da embaixada americana que foi sequestrado por terroristas. E assim segue o enredo. No geral gostei dessa nova produção do Netflix. O roteiro poderia ter entrado mais fundo na questão libanesa, mas do jeito que está, valorizando mais as negociações do sequestro, até que prende a atenção. O ator Jon Hamm de "Mad Men" encara um de seus primeiros filmes como protagonista e não se sai mal. Ele tem o jeito certo para esse tipo de produção. Só falta encontrar o roteiro certo para virar, quem sabe, um novo astro de cinema.

Beirute (Beirut, Estados Unidos, 2018) Direção: Brad Anderson / Roteiro: Tony Gilroy / Elenco: Jon Hamm, Jay Potter, Khalid Benchagra / Sinopse: Mason Skiles (Jon Hamm) é um ex-agente diplomático americano que acaba caindo numa armadilha criada pela CIA. Ele retorna para Beirute, onde trabalhou dez anos antes, para se envolver nas negociações de sequestro de um membro da embaixada dos Estados Unidos. O líder dos terroristas é um velho conhecido seu, tendo trabalhado ao seu lado quando era apenas um jovem rapaz.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Ghostland

Bom, se tem um filme que me impressionou nesses últimos dias foi esse "Ghostland" que nem tem sido muito comentado entre os fãs de terror. A história começa com uma mãe e suas duas filhas indo visitar a casa de uma tia falecida. A senhora morava numa velha casa de campo e tinha o hábito de colecionar muitas bonecas de porcelana. Ora, se você tem assistido filmes de terror ultimamente bem sabe que bonecas e brinquedos antigos se tornaram uma peça fundamental na criação de suspense e terror de muitos filmes. O problema porém não se resume a esses objetos. A coisa fica realmente tensa quando a casa é invadida por dois psicopatas. Um deles se veste como um travesti e se comporta como a mãe do outro, que é um sujeito grandalhão e doente mental. Seus problemas de retardamento o tornam ainda mais violento e brutal.

A partir daí o filme sobe na violência e na insanidade, inclusive com uma linha narrativa paralela que vai enganar muita gente. Não caia na armadilha, muitas das coisas que você verá na tela não são acontecimentos reais e sim delírios de uma das filhas que está aprisionada, feita refém em um porão imundo da casa. Quer mais bizarrice? O gigante insano tem fixação com bonecas, por isso as meninas são maquiadas como se fossem bonecas reais (veja o poster do filme para entender). E na presença do psicótico tudo pode acontecer, até as mais bizarras violências. O filme é de um modo em geral bem perturbador (ora, ideal para fãs do gênero) e conta com muitas surpresas em sua narrativa. Acredito inclusive que para o público feminino tudo será ainda mais assustador pois elas certamente vão se identificar com as garotas na tela e quem sabe sentir o que elas sentem. Pois é, "Ghostland" é desde já uma das melhores coisas de 2018. Um terrorzão indispensável para quem gosta de filmes nesse estilo.

Ghostland (Estados Unidos, 2018) Direção: Pascal Laugier / Roteiro: Pascal Laugier / Elenco: Crystal Reed, Mylène Farmer, Anastasia Phillips / Sinopse: Dois psicopatas que dirigem um carrinho de sorvetes fazem de reféns duas jovens garotas e começam a tratar delas como se fossem duas bonecas humanas. Um dos insanos se veste como uma mulher e outro se comporta como um bebezão violento e brutal. Para as meninas tudo o que importa é fugir daquele inferno na Terra.

Pablo Aluísio. 

O Vingador da Iugoslávia

Pois é, o Jean-Claude Van Damme recusa a se aposentar. Ele continua a fazer filmes todos os anos. Essas produções vão ficando cada vez mais baratas e sem divulgação. Acredito até que sejam deficitárias, uma vez que muitas delas nem são mais rodadas nos Estados Unidos, mas sim no leste europeu onde os custos são bem menores. Nesse novo "O Vingador da Iugoslávia" o roteiro se aproveita das rivalidades que nasceram quando a antiga Iugoslávia se dividiu em diversas nações independentes, entre elas a Croácia, a Sérvia e a Bósnia. No meio desse caos de nacionalidades o pai de Van Damme é assassinado. Os anos passam, ele cresce e se torna obcecado em vingar a morte do pai. Mais do que isso, ele se infiltra na quadrilha do assassino, se fazendo passar por um bom empregado, ou melhor dizendo, um bom capanga.

Quando o filme começa tudo o que sabemos é que vários homens baleados estão dando entrada em um hospital. Entre eles está Van Damme e outros que ele atingiu. Uma enfermeira tenta reconstituir esse dia para um agente do FBI, para ele entender o que de fato ocorreu, até porque as lutas não terminaram quando eles entraram pela porta principal do hospital. Tudo recomeça, com Van Damme tentando sobreviver, já que seus rivais não parecem contentes. Ele deve ser colocado no chão e morto o mais imediatamente possível. Assim o roteiro tem até uma estrutura narrativa interessante, com praticamente tudo se passando em flashback. A enfermeira vai narrando os acontecimentos (que podem ser verdadeiros ou não) e os agentes do FBI tentam organizar e entender o que se passou. Van Damme está obviamente envelhecido, afinal os anos se passaram, mas não faz feio nas cenas de lutas, que afinal de contas sempre foi o grande atrativo de sua carreira. Ele tem dois ou três bons momentos, com boas coreografias de artes marciais. Para um filme dele nessa fase de sua filmografia já está bom demais.

O Vingador da Iugoslávia (Kill'em All, Estados Unidos, 2017) Direção: Peter Malota / Roteiro: Jesse Cilio, Brian Smolensky / Elenco: Jean-Claude Van Damme, Autumn Reeser, Peter Stormare / Sinopse: Croatas e sérvios resolvem acertar suas diferenças dentro de um hospital nos Estados Unidos. Depois do banho de sangue dois agentes do FBI passam a interrogar uma enfermeira que vai lhes contanto tudo o que presenciou. Sua versão porém apresenta algumas falhas e contradições. Estaria ela realmente contando a verdade ou teria algo mais a esconder?

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Homem-Formiga e a Vespa

E a Marvel segue lançando seus filmes nos cinemas. Uma das coisas que me surpreendem é o ritmo dos lançamentos. Mal um filme Marvel sai de cartaz e outro já entra no mercado. Com isso o estúdio vai faturando milhões, mas também vai criando uma certa saturação para filmes de super-heróis. Pois bem, esse aqui é o segundo da linha Homem-Formiga. O primeiro até que me agradou, principalmente pelo tom leve e descontraído do personagem. O Homem-Formiga no mundo dos quadrinhos é bem secundário. Ele foi criado há muitos anos, não fez muito sucesso e passou anos sem ser publicado. Agora com a força do cinema tem recebido mais atenção dos leitores de quadrinhos. De minha parte o considero um herdeiro do Sci-fi dos anos 1950, com todos aqueles filmes B com insetos gigantes destruindo as cidades.

Por falar nisso uma das melhores cenas desse novo filme acontece justamente quando o Homem-Formiga se torna um gigante (por causa de uma falha em seu uniforme). Ele andando na baía de San Francisco, com 25 metros de altura, tentando pegar um objeto que está nas mãos do vilão em um barco, é puro cinema de ficção B dos anos 50. Outro ponto que me chamou a atenção foi que o roteiro deu mais espaço para o ator Michael Douglas. Veteranos das telas, um nome importante dentro da indústria, ele merecia mesmo aparecer mais. Paul Rudd por sua vez continua o mesmo. Ele que sempre fez filmes de comédia romântica mantém o mesmo tom, bem ameno. O roteiro desse novo filme porém me soou sem inspiração, sem novidades. Seguindo uma velha fórmula o enredo criado pelos roteiristas não tem criatividade. Sempre que o filme vai caindo no lugar comum eles usam a bengala dos efeitos especiais para que o público não fique entediado. Em suma, um filme mais fraquinho do que o primeiro. Só não se torna ruim por causa de seu estilo vintage.

Homem-Formiga e a Vespa (Ant-Man and the Wasp, Estados Unidos, 2018) Direção: Peyton Reed / Roteiro: Chris McKenna, Erik Sommers / Elenco: Paul Rudd, Michael Douglas, Laurence Fishburne, Michelle Pfeiffer, Evangeline Lilly, Michael Peña  / Sinopse: O cientista Dr. Hank Pym (Michael Douglas) quer trazer sua esposa de volta. Ao se tornar minúscula ela acabou se perdendo no mundo quântico. Para isso Hank precisará da ajuda de Scott Lang (Paul Rudd) que desde o filme anterior se tornou o novo Homem-Formiga.

Pablo Aluísio.

Verdade ou Desafio

Mais um filme de terror lançado recentemente nos cinemas brasileiros. Sempre quando uma fita de terror consegue entrar no mercado, no circuito comercial aqui no Brasil, fico de olho. Afinal nem sempre isso acontece. Pode até ser o caso de ser um filme excepcional, acima da média, que acaba despertando o interesse dos distribuidores. Bem, não é infelizmente o caso aqui. Embora tenha algumas coisas bem interessantes e até diria originais em seu roteiro, essa fita não passa muito longe do lugar comum. O grande atrativo em termos de bilheteria é a presença da atriz Lucy Hale. Não sabe de quem se trata? Ora, se tiver uma filha adolescente ou uma irmã nessa fase da vida, ela certamente saberá quem é. A garota virou uma estrela teen por causa da série 'Pretty Little Liars", grande sucesso entre os jovens.

Pois bem. E que enredo temos aqui nesse filme? Um grupo de jovens americanos (sempre eles!) vão passar um fim de semana no México. A intenção é curtir, fazer farra além da fronteira. Na última noite no país eles decidem aceitar o convite de um desconhecido em um bar para ir tomar umas cervejas numa velha igreja abandonada nos arredores da cidade. Claro, péssima ideia. Mas não para a turma que aceita o convite. Chegando lá eles caem numa maldição envolvendo um demônio, o jogo da verdade ou desafio e muitas mortes inexplicáveis. A fita tem até um suspiro de suspense (não espere por muito, por favor) que vai levando o espectador em frente, esperando ver quem será o próximo jovem a morrer. Pena que os roteiristas se perdem no final, não conseguindo trazer um desfecho para tudo o que aconteceu. Pior do que isso, eles caem na armadilha de deixar tudo em aberto, obviamente deixando a porta aberta para futuras continuações. Mais uma franquia de terror vem aí pela frente? Vamos torcer para que não!

Verdade ou Desafio (Truth or Dare, Estados Unidos, 2018) Direção: Jeff Wadlow / Roteiro: Michael Reisz / Elenco: Lucy Hale, Tyler Posey, Violett Beane / Sinopse: Grupo de jovens americanos decide ir até o México para curtir um fim de semana com muita bebida, garotas e diversão. Chegando lá acabam se envolvendo com uma antiga maldição que envolve um demônio que no passado foi despertado por uma freira amaldiçoada. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Gotti

O filme foi massacrado pela crítica nos Estados Unidos e Europa. Alguns críticos chegaram a dizer que se tratava do pior filme sobre máfia já feito! Um exagero. Tudo bem que "Gotti" passa longe de ser uma obra prima, mas até que tem seus momentos. O interessante de tudo - pelo menos no meu caso pessoal - é que eu me lembro bastante da figura desse chefão mafioso John Gotti. Ele era figurinha fácil nos telejornais da época. Durante os anos 80 ele se tornou praticamente uma celebridade, o que em se tratando de um líder do crime organizado não era bem uma boa ideia a se seguir.

John Gotti adorava a mídia, sempre debochando das autoridades. Chegou a ser chamado de "Don Teflon" porque nenhuma acusação conseguia grudar nele, o levando a ser absolvido inúmeras vezes. Processado por anos e anos, só caiu na malha do FBI porque cometeu o erro de ficar deslumbrado com seu próprio poder dentro da máfia. Vindo de baixo, subiu ao topo do comando da família Gambino de Nova Iorque ao executar o chefão anterior, Paul "Big Paul" Castellano. Quebrando o código de honra que deveria ser seguido pelos membros da cosa nostra acabou virando alvo não apenas dos federais, mas também dos demais membros de famílias rivais.

John Travolta faz o possível para encarnar John Gotti. Em minha opinião a maquiagem ficou um pouco esquisita. Ele também exagera em certos momentos, adotando uma postura quase de caricatura. Mesmo assim ainda consegue sobreviver ao vexame. O roteiro também falha por ser mal estruturado. Com idas e vindas no tempo, acaba se tornando um pouco cansativo para o público em geral. De qualquer forma há bons momentos, como a recriação do assassinato do chefão Castellano em frente a um restaurante de Nova Iorque. Enquanto o rival é executado, Gotti vai assistindo a cena, curtindo todos os detalhes sangrentos. Em suma, apesar de não ser um grande filme até que "Gotti" se torna interessante, justamente por causa de seu protagonista, talvez o último grande chefão mafioso da história. 

Gotti (Estados Unidos, 2018) Direção: Kevin Connolly / Roteiro: Lem Dobbs, Leo Rossi / Elenco: John Travolta, Spencer Rocco Lofranco, Kelly Preston / Sinopse: Durante a década de 1980 um mafioso de escalão menor, John Gotti (Travolta), decide executar o chefão de seu bando, o líder da infame família Gambino de Nova Iorque. Com sua morte ele assume o controle da quadrilha, mas ao mesmo tempo passa a ser alvo do FBI e das famílias rivais, dando começo a uma sangrenta luta pelo poder dentro da cosa nostra.

Pablo Aluísio.

Passageiros

Até que gostei desse filme "Passageiros". Se fosse resumir de uma forma bem concisa diria que é um Sci-fi romântico, uma definição esquisita, mas que tem sua razão de ser. A história do filme se passa toda numa nave espacial. Em viagens de grandes distância - estou aqui me referindo a distâncias cósmicas! - a única forma de manter a vida seria colocar todos os tripulantes e passageiros numa espécie de hibernação. Por um erro do sistema porém um dos membros da tripulação é retirado desse estado. Isso também significaria que ele estaria só pelo resto da viagem que duraria um tempo maior do que a expectativa de vida de um ser humano normal.

Aí entra a grande inventividade do roteiro. Para não ficar solitário até o fim de seus dias esse mesmo tripulante decide tirar uma jovem garota de sua hibernação - para viver ao seu lado. Falta de ética? Absurdo moral? Tudo isso, mas o roteiro tenta contornar essas questões para contar uma história de amor. Com praticamente apenas dois atores em cena (Jennifer Lawrence e Chris Pratt) o filme funciona, o que não deixa de ser uma surpresa. Os dois vão se conhecendo e como estão sozinhos no meio do universo acabam se apaixonando. O filme não fez o sucesso esperado, talvez por não ter sido muito bem entendido e recebido pela crítica, mas vale a pena ser conhecido. É um daqueles roteiros que ficam em nossa mente por bastante tempo, justamente por causa de sua originalidade. Algo, convenhamos, bem complicado de encontrar hoje em dia dentro do cinemão comercial americano.

Passageiros (Passengers, Estados Unidos, 2016) Direção: Morten Tyldum / Roteiro: Jon Spaihts / Elenco: Jennifer Lawrence, Chris Pratt, Michael Sheen, Andy Garcia / Sinopse: Trpulante de uma viagem espacial acaba sendo despertado antes da hora de sua câmara de hibernação. Para não ficar sozinho até o fim de seus dias ele resolve retirar desse estado uma jovem passageira, bem bonita e atraente. Isso acaba selando seus destinos para sempre.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de julho de 2018

Até o Último Homem

Um filme interessante por ser diferente. É a história de um soldado americano chamado Desmond Doss (Andrew Garfield) que é levado para lutar nos campos de batalha da II Guerra Mundial. Até aí, nada demais, seria uma história convencional sobre esse conflito. A diferença vem do fato do jovem soldado ser um adventista do sétimo dia, o que teoricamente o impediria de lutar no front, matando os inimigos. Alegando exceção de consciência (algo que também existe no direito brasileiro) ele então é designado para o corpo médico da corporação. Assim ele vai para a guerra não para tirar vidas, mas sim para salvar as vidas do maior número possível de soldados americanos atingidos pelo fogo inimigo.

A direção é de Mel Gibson. Após alguns anos em que ficou brigado com os principais nomes da indústria cinematográfica americana, ele retornou para dirigir essa produção. Gibson dividiu seu filme em dois atos bem distintos, na primeira parte mostrando aspectos da vida pessoal de seu protagonista e a segunda, já no campo de guerra na Europa, quando seu personagem principal acaba se tornando um herói no front. O segundo ato do filme é bem mais interessante. Gibson mostra muita habilidade em explorar as cenas de batalha. Por fim uma curiosidade histórica. Esse roteiro foi escrito originalmente para ser estrelado por Audie Murphy, um herói de verdade da guerra que havia virado astro de filmes de cowboy nos anos 50.

Até o Último Homem (Hacksaw Ridge, Estados Unidos, Austrália, 2016) Direção: Mel Gibson / Roteiro: Robert Schenkkan, Andrew Knight / Elenco: Andrew Garfield, Hugo Weaving, Vince Vaughn, Sam Worthington / Sinopse: O filme conta a história real do soldado Desmond Doss (Andrew Garfield). Ele é um jovem adventista do sétimo dia que se alista no exército americano durante a Segunda Grande Guerra Mundial. Alegando objeção de consciência (de natureza religiosa), ele acaba se dispondo a ajudar os companheiros no campo de batalha, trabalhando como assistente médico. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Andrew Garfield), Melhor Direção (Mel Gibson), Melhor Edição (John Gilbert), Melhor Mixagem de Som (Kevin O'Connell e Andy Wright) e Melhor Edição de Som (Robert Mackenzie e Andy Wright).

Pablo Aluísio. 

Um Limite Entre Nós

Uma das melhores atuações da carreira do ator Denzel Washington que inclusive deveria ter sido premiado com o Oscar por esse seu trabalho. Em ritmo teatral ele interpreta um lixeiro chamado Troy. No passado ele foi considerado um promissor jogador de beisebol, mas a promessa não se cumpriu. O tempo passou, ele envelheceu e diante de uma família para criar acabou arranjando um trabalho comum. Isso porém não tornou Troy uma pessoa amargurada ou depressiva. Ele tem seus valores e não deixa de ser um homem muito rico em experiências de vida. Sua visão de mundo pode até ser considerada dura demais pela esposa, filhos e amigos, mas é assim que ele pensa.

O roteiro traz ótimos diálogos para o elenco. Nesse altura de sua carreira é realmente um presente para Denzel Washington encontrar um texto tão bom para declamar em cena. Entre risos e lágrimas, ele demonstra que é um dos grandes atores de sua geração. Palmas merecidas também para Viola Davis. Premiada como melhor atriz no Oscar e no Globo de Ouro, ela é sem dúvida a alma de um filme muito humano, muito caloroso e também verdadeiro. Provavelmente Denzel Washington tenha criado um carinho tão grande pelo filme que resolveu ele mesmo dirigir. Acabou fazendo também uma excelente direção de atores. Enfim, se você é fã e admirador de Washington não pode deixar passar em branco esse fenomenal momento de sua filmografia. Filme realmente grandioso.

Um Limite Entre Nós (Fences, Estados Unidos, 2016) Direção: Denzel Washington / Roteiro: August Wilson / Elenco: Denzel Washington, Viola Davis, Stephen Henderson, Jovan Adepo, Russell Hornsby, Mykelti Williamson / Sinopse: Troy (Denzel Washington) é um pai de família que trabalha como lixeiro na cidade onde vive. Além das dificuldades do trabalho duro, ele ainda precisa lidar com todos os problemas familiares que vão surgindo em sua vida, sempre com uma visão peculiar, própria, do mundo. Filme premiado no Oscar e no Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Viola Davis). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator (Denzel Washington), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Filme.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Somente o Mar Sabe

Desconhecia totalmente a história que é baseada em fatos reais. Nos anos 60 um prêmio foi prometido ao primeiro navegador que conseguisse dar a volta ao mundo em um veleiro. Detalhe importante: o navegador teria que viajar completamente sozinho, sem o apoio de ninguém. Isso chama imediatamente a atenção de Donald Crowhurst (Colin Firth). Ele é inventor nas horas vagas e apesar de ter um pequeno barco sua experiência em alto-mar é zero. Mesmo assim ele resolve ir atrás de investidores para a aventura. Representando a Inglaterra, logo começa a colocar em prática seus planos. Ele mesmo desenha o projeto do veleiro e após alguns atrasos finalmente consegue colocar o barco no mar. Não há tempo a perder e no mesmo dia em que a embarcação fica pronta ele entra na competição.

O que mais me deixou surpreso nesse filme é que ele conta na verdade uma história que de certa maneira envergonha os ingleses em geral. Não vou soltar spoiler, mas o fato é que o personagem de Colin Firth passa longe de ser um herói da história britânica. No começo do filme você é levado a pensar que se trata de mais um daqueles heróis improváveis que vencendo todas as adversidades acaba fazendo um grande feito pessoal, mas não é nada disso. Embora retratado como bom pai de família, logo que se vê no meio do oceano começa a surgir nele uma personalidade mesquinha, trapaceira, que parece disposto a tudo para alcançar a fama. Conforme o tempo passa, ele também começa a demonstrar sinais de desequilíbrio mental, talvez e muito provavelmente, por ter ficado meses isolado no meio do oceano. Enfim, não é um filme para todos os públicos. Não há heroísmo e nem orgulho, mas apenas muita vergonha em cima de tudo o que aconteceu.

Somente o Mar Sabe (The Mercy, Inglaterra, 2018) Direção: James Marsh / Roteiro: Scott Z. Burns / Elenco: Rachel Weisz, Colin Firth, David Thewlis / Sinopse: Um homem comum, bom pai de família, decide participar de uma competição de volta ao mundo em um veleiro. O navegador precisa viajar completamente sozinho pelo oceano, dar a volta ao mundo e voltar para a Inglaterra no menor tempo possível. O primeiro lugar receberá uma bela bolada em dinheiro. O problema é que a viagem acaba se tornando um desafio acima das possibilidades, levando o navegador solitário a tomar atitudes completamente desprezíveis sob o ponto de vista ético e moral.

Pablo Aluísio.

A Melhor Escolha

Esse filme vai falar mais fundo ao povo dos Estados Unidos, em especial aos familiares que perderam entes queridos nas diversas guerras que o país se envolveu nesses últimos anos. É a história de três veteranos da guerra do Vietnã que se reencontram muitos anos depois. Claro que o tempo colocou cada um deles em caminhos diferentes na vida, mas eles voltam a se reunir justamente para o enterro do filho de um deles, um rapaz morto na ocupação do Iraque. Larry 'Doc' Shepherd (Steve Carell) é o pai do jovem soldado morto. Ele resolveu procurar por Sal Nealon (Bryan Cranston), velho amigo dos fuzileiros, para que ele ajude no enterro de seu filho. Ao contrário de Doc que é um sujeito introvertido, Sal é pura extroversão. Dono de um pequeno bar, ele fala pelos cotovelos. Mulherengo e expansivo, é um bom contraponto ao antigo colega de farda.

O último a se juntar ao trio é Richard Mueller (Laurence Fishburne). Na época da guerra do Vietnã ele era um soldado que gostava de jogar cartas e mulheres de bordel. Agora, passados tantos anos, virou pastor de uma pequena igreja de sua cidade. O passado ele quer deixar para trás, mas os antigos companheiros do serviço militar surgem para trazer tudo de volta. O roteiro se desenvolve assim, com os três amigos indo para o funeral do jovem fuzileiro. O choque de personalidades entre eles é o grande fator dramático explorado pelo roteiro. No geral achei um filme com narrativa bem convencional. A única coisa fora do comum é a atuação do ator Steve Carell que deixou a comédia de seus filmes anteriores para abraçar um papel bem de acordo com a proposta do enredo. Então é isso, basicamente um filme sobre o funeral de um soldado, filho de outro soldado, que tenta superar os traumas de um passado no campo de combate.

A Melhor Escolha (Last Flag Flying, Estados Unidos, 2017) Direção: Richard Linklater / Roteiro: Richard Linklater, Darryl Ponicsan/ Elenco: Bryan Cranston, Laurence Fishburne, Steve Carell, J. Quinton Johnson / Sinopse: O filme conta a história de três veteranos de guerra que voltam a se reunir após muitos anos. Eles seguem juntos para o enterro de um jovem fuzileiro naval, filho de Doc, um dos veteranos do Vietnã.

Pablo Aluísio.

domingo, 1 de julho de 2018

Os Estranhos: Caçada Noturna

O primeiro filme não havia me agradado muito. Embora bem feito, achei extremamente violento e brutal, além de trazer um final em aberto que parecia premiar os psicopatas do enredo. Esse segundo filme segue basicamente as mesmas linhas do anterior, mas com mudanças que me deixaram mais satisfeito como espectador. A premissa básica segue muito parecida. Uma família decide passar alguns dias de férias em um hotel isolado, pertencente a um parente. Ao chegarem lá descobrem que o lugar está meio abandonado, sem ninguém por perto. Uma estranha garota bate a porta da família perguntando por uma pessoa que não existe. Depois ela retorna para fazer a mesma pergunta. Bizarro, algo não está certo.

E realmente não está, em pouco tempo a família de mascarados psicopatas surge, com a finalidade de matar a todos. Não existe - como também não existia no primeiro filme - qualquer motivação para a matança. O roteiro também não se preocupa em mostrar a história ou o passado da família de mascarados, apenas em mostrar o sangue jorrando. Claro, não é um filme indicado para pessoas mais sensíveis ou que estejam procurando por diversão sadia. Isso porém não desqualifica "Os Estranhos" como franquia de sucesso, já que no subgênero gore ele está muito bem representado. Obviamente o roteiro se rende a alguns clichês do estilo, como a extrema ingenuidade (diria até burrice) das vítimas, mas cenas mais bem idealizadas garantem o interesse, entre elas citaria o assassinato a facadas na piscina, com toda aquela iluminação ultra brega desse tipo de hotelzinho que existe nos Estados Unidos. Fora isso também destaco a trilha sonora, cheia de hits radiofônicos dos anos 80, algo sutil que acaba tornando tudo ainda mais sinistro e macabro.

Os Estranhos: Caçada Noturna (The Strangers: Prey at Night, Estados Unidos, 2018) Direção: Johannes Roberts / Roteiro: Bryan Bertino, Ben Ketai / Elenco: Christina Hendricks, Martin Henderson, Bailee Madison / Sinopse: Duas famílias. A primeira resolve se hospedar em um pequeno hotel isolado. A segunda é formada por psicopatas que usam máscaras sinistras. O encontro entre as duas famílias vai gerar um banho de sangue no meio da madrugada. E não haverá a quem pedir socorro.

Pablo Aluísio.

Rota de Fuga 2

Muito ruim esse novo filme de Stallone! Aliás usar essa expressão nem é tão certa porque apesar de Stallone estar no elenco ele na verdade apenas vendeu a franquia "Escape Plan" para produtores chineses. Assim vários personagens orientais foram adicionados no roteiro e o que era para ser a continuação do primeiro filme de 2013 virou apenas uma venda comercial para o promissor mercado de filmes da China. E o que restou dessa transação comercial? Muito pouco. Em termos cinematográficos o filme é, como já escrevi, muito ruim. Parece que os produtores chineses fizeram de propósito para que o filme acabasse se parecendo com aquelas fitas B de Hong Kong. O roteiro é do tipo trash, mero pretexto para uma série de lutas de kung fu. Nada mais do que isso.

E qual é o enredo que ele conta? O personagem de Stallone, que era um prisioneiro no primeiro filme, agora é dono de uma empresa de seguros, mera fachada para uma equipe de resgate de presos em prisões de segurança máxima, do tipo alta tecnologia. Quando dois membros de seu grupo são aprisionados em uma prisão oriental chamada Hades, Stallone tenta tirá-los de lá. O problema é que a prisão não é a mesma, ou seja, ela muda de layout todos os dias. Uma prisão cujas paredes é móvel, tornado quase impossível uma fuga. Lendo assim a sinopse pode até parecer algo interessante, mas não se engane, o filme é realmente péssimo, mal produzido, mal roteirizado, com jeito de cinema oriental de qualidade ruim. Não adiante encarar. E o pior é que não vai parar por aí. Um terceiro filme já intitulado "Escape Plan 3: Devil's Station" já está em pós-produção. Haja ruindade!

Rota de Fuga 2 (Escape Plan 2: Hades, China, Estados Unidos, 2018) Direção: Steven C. Miller / Roteiro: Miles Chapman / Elenco: Sylvester Stallone, Dave Bautista, Xiaoming Huang, Jesse Metcalfe, 50 Cent / Sinopse: Sob a fachada de uma seguradora, o empresário Ray Breslin (Sylvester Stallone) monta uma equipe especializada em fugas de prisões de segurança máxima, de alta tecnologia. Quando dois membros de sua equipe são presos na Hades, uma prisão no Oriente, ele forma um grupo especial com o objetivo de resgatá-los de lá o mais rapidamente possível.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Sansão e Dalila

Sansão e Dalila é certamente uma das histórias mais conhecidas do velho testamento. Em sua trama desfilam bravos guerreiros, mulheres fatais e a rejeição à idolatria do povo conhecido como Filisteu. Embora citado na Bíblia a história de Sansão é muito lacunosa pois o texto original não entra em maiores detalhes sobre sua vida pessoal. Sansão de certa forma parece ser uma adaptação do semi Deus Hércules da mitologia clássica. Aqui todos os elementos estão presentes: a força sobre-humana, a luta contra o opressor estrangeiro e a fé que move montanhas, ou no caso de Sansão, derruba colunas de um templo pagão dedicado a um falso Deus. Mesmo com tantos pontos omissos do texto sagrado os roteiristas fizeram um bom trabalho pois o filme é sem dúvida uma boa aventura com cenas marcantes - como a luta de Sansão contra um leão e o clímax final onde ele derruba todo um templo apenas com a força de sua fé inabalável. Uma bela matinê no final das contas.

Em termos de elenco temos Victor Mature como Sansão. Ele era um ator de poucos recursos dramáticos. Forte e adequado fisicamente ao papel tenta contornar sua falta de talento com carisma e eloquência ao declamar o texto de seu personagem. Seus melhores momentos são justamente àqueles em que a força física se torna mais importante, como a que ele surge cego e aprisionado em um grande moinho de grãos. Já a Dalila é interpretada pela bela Hedy Lamarr, considerada uma das mais bonitas atrizes da história de Hollywood. Sua interpretação é apenas correta. Dalila é em essência uma personagem complexa que ama e odeia Sansão na mesma intensidade. Curiosamente Lamarr se sai bem em cena, embora em nenhum momento sua atuação salte aos olhos. Se não é brilhante pelo menos não compromete o que é um ponto positivo.

A produção foi assinada por Cecil B. DeMIlle, um produtor completamente megalomaníaco. Se havia uma produção épica milionária em projeto ele era a pessoa certa para tornar realidade esse filme.Aqui ele até está de certa forma mais controlado. O filme não tem grandes cenas de multidão e nem batalhas épicas. Na realidade a trama, mais centrada no relacionamento de Sansão e Dalila, não dá margens a cenas grandiosas demais como em outros filmes dele. A única sequência mais exigente nesse aspecto é a cena final no templo filisteu mas mesmo essa, se comparada com outras momentos de DeMille no cinema, soa modesta. Os figurinos porém são realmente excessivos com muito uso de brilho e dourado. A figurinista Edith Head parece querer compensar a falta de exuberância do resto do filme com suas roupas chamativas e coloridas.

O filme também foi dirigido também por DeMille que não se contentou apenas em produzi-lo. Aqui talvez esteja a maior falha de "Sansão e Dalila". A direção de atores deixa realmente a desejar. DeMille parecia ser um grande diretor de multidões, do coletivo, já no nível individual ele se sai pior. Nada nesse aspecto se sobressai, nem nas várias sequências de Sansão e Dalila juntos. Pelo menos ele não errou no corte da duração e fez um filme mais enxuto evitando produções longas demais. Nesse aspecto acertou.

Sansão e Dalila (Samson and Delilah, EUA, 1949) Direção e Produção: Cecil B. DeMille / Roteiro: Jesse Lasky Jr, Fredric M. Frank baseado em história do Velho Testamento / Elenco: Hedy Lamarr, Victor Mature, George Sanders / Sinopse: Sansão (Victor Mature) é um judeu que se apaixona pela filesteia Semadar (Angela Lansbury). Essa é a irmã mais velha de Dalila (Hedy Lamarr) que também sente atração pelo forte Sansão. O destino porém os unirá em uma história de paixão, poder, traição e fé. Baseado no livro dos juízes do velho testamento da Bíblia.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 26 de junho de 2018

O Mar é Nosso Túmulo

Título no Brasil: O Mar é Nosso Túmulo
Título Original: Run Silent Run Deep
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Robert Wise
Roteiro: John Gay, Edward L. Beach
Elenco: Clark Gable, Burt Lancaster, Jack Warden, Brad Dexter

Sinopse:
Após ver seu submarino ser destruído em combate o capitão 'Rich' Richardson (Clark Gable) usa de sua influência política para receber o comando de uma nova embarcação. Assim ele é nomeado comandante novamente para retornar as costas do Japão. Seu primeiro oficial, o tenente Jim Bledsoe (Burt Lancaster), logo percebe que Richardson está obcecado em retornar ao mesmo lugar onde seu antigo submarino foi destruído. Mesmo contrariando ordens superiores, ele avança rumo em direção ao mesmo ponto onde se travou a batalha anterior, colocando em risco a vida de todos os tripulantes. Filme premiado pelo Laurel Awards na categoria de Melhor Fotografia em Preto e Branco (Russell Harlan). 

Comentários:
O cenário onde se trava todo o enredo de "Run Silent Run Deep" é o mar da costa do Japão durante a Segunda Guerra Mundial. É justamente lá que o obcecado capitão 'Rich' Richardson (Clark Gable) deseja se vingar de seus algozes, que colocaram a pique seu submarino anterior, matando muitos de seus homens. Obviamente que em um conflito tão complexo como aquele não haveria espaço para vinganças pessoais e é justamente isso que o coloca em rota de colisão com o tenente Jim Bledsoe (Burt Lancaster). Esse filme tem ótimo elenco e melhora bastante pelo fato de haver uma constante tensão entre os personagens de Gable e Lancaster. Esse último foi destituído de última hora do comando para dar lugar ao capitão interpretado por Gable, algo lamentado por toda a tripulação. Para piorar a vida daqueles militares seu novo comandante parece carregar traumas de guerra, querendo o tempo todo partir para uma briga de fundo pessoal contra um navio de guerra japonês em particular, justamente o mesmo que afundou seu submarino alguns meses antes. 

O filme é curto, mas muito eficiente. Uma obra cinematográfica enxuta que se propõe a contar uma estória de vingança e redenção em plena guerra e o faz muito bem. Tecnicamente o filme envelheceu, como era de se esperar, pois as miniaturas dos navios e submarinos se tornam bem óbvias em determinadas cenas, mas o espectador deve encarar tal situação como fruto das próprias limitações em termos de efeitos especiais da época. Aliás haverá até mesmo o afloramento de um sentimento de nostalgia ao ver essas sequências. De forma em geral é um bom filme de guerra, encarando o cotidiano de militares servindo em um submarino americano da época, durante a segunda grande guerra. Em relação a isso o filme também merece elogios pois os cenários do interior da embarcação são extremamente realistas, mostrando ambientes pequenos e claustrofóbicos, tal como na vida real. Dizem que Clark Gable e Burt Lancaster não se deram muito bem nas filmagens, mas isso não passa para a tela, prejudicando o resultado final, que repito é muito bom e especialmente indicado para fãs de filmes clássicos de guerra.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Irma la Douce

Título no Brasil: Irma la Douce
Título Original: Irma la Douce
Ano de Produção: 1963
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Billy Wilder
Roteiro: Billy Wilder,  Alexandre Breffort
Elenco: Jack Lemmon, Shirley MacLaine, Lou Jacobi, Bruce Yarnell 

Sinopse:
Irma La Douce (Shirley MacLaine) é uma prostituta das ruas de Paris que acaba tendo sua vida mudada com a chegada de um novo policial no local onde "trabalha". Nestor Patou (Jack Lemmon) é um novato na corporação que segue a lei ao pé da letra. Quando percebe que há um batalhão de mulheres nas ruas esperando seus clientes, decide prender todas elas, causando um verdadeiro rebuliço em seu departamento de polícia. A partir daí, contra todas as previsões, acaba se apaixonando justamente por Irma, que não está disposta a mudar a forma como leva sua "profissão". Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Shirley MacLaine) e Melhor Fotografia (Joseph LaShelle) e vencedor na categoria de Melhor Canção Original (André Previn). Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Comédia ou Musical (Shirley MacLaine).

Comentários:
O diretor Billy Wilder conseguiu aqui nesse filme algo bem raro de se alcançar no mundo do cinema. Baseado na peça escrita originalmente por Alexandre Breffort, Wilder conseguiu realizar um filme leve, divertido, em cima de um tema que a priori deveria ser tratado como algo realmente barra pesada. Imagine contar a estória de uma prostituta de rua em Paris, explorada por cafetões violentos, que acaba se apaixonando por um policial e mesmo assim transformar tudo em uma obra com muito bom humor e leveza. Certamente não é algo fácil de se realizar. Há estereótipos nesse roteiro que deixariam as feministas de hoje em dia com os cabelos em pé. A personagem Irma La Douce interpretada por Shirley MacLaine é um exemplo. Assim que se liberta das garras de um cafetão que lhe agride sempre que possível, resolve, com muito orgulho, sustentar um novo namorado (justamente o ex-policial vivido por Jack Lemmon). Ela tem grande prazer em lhe comprar coisas caras, mesmo que seja desesperadamente pobre e more em um cortiço. 

Nos tempos politicamente corretos em que vivemos, haveria muita má vontade se "Irma la Douce" chegasse hoje em dia aos cinemas. Deixando isso um pouco de lado temos que tecer vários elogios para o elenco. Shirley MacLaine ainda estava em seu auge, tanto em termos de simpatia como de beleza. Ela imprime um certo exagero em sua caracterização (que acaba sendo bem-vindo) pois sua personagem prostituta está sempre fumando e agindo com uma certa vulgaridade, embora seja no fundo apenas uma mulher que tente levar a vida adiante naquela situação. Ela engana propositalmente seus clientes contando estórias inventadas de um passado de dramas, apenas para ganhar mais alguns trocados no final de seus programas. Vestindo um figurino quase sempre verde, acaba trazendo para sua personagem uma imagem que depois será complicada de esquecer, de tão marcante. Já Jack Lemmon dá vida ao policial Nestor Patou, um sujeito simplório e até ingênuo, que acredita que deve aplicar a lei, mesmo que ela esteja em desuso e seja considerada inconveniente, como no caso das prisões de prostitutas de rua. Aliando o talento da dupla central com a fina ironia de Billy Wilder temos de fato uma obra bem divertida, com ótimos momentos, apesar de seu tema complicado.

Pablo Aluísio.