quarta-feira, 27 de junho de 2018

Sansão e Dalila

Sansão e Dalila é certamente uma das histórias mais conhecidas do velho testamento. Em sua trama desfilam bravos guerreiros, mulheres fatais e a rejeição à idolatria do povo conhecido como Filisteu. Embora citado na Bíblia a história de Sansão é muito lacunosa pois o texto original não entra em maiores detalhes sobre sua vida pessoal. Sansão de certa forma parece ser uma adaptação do semi Deus Hércules da mitologia clássica. Aqui todos os elementos estão presentes: a força sobre-humana, a luta contra o opressor estrangeiro e a fé que move montanhas, ou no caso de Sansão, derruba colunas de um templo pagão dedicado a um falso Deus. Mesmo com tantos pontos omissos do texto sagrado os roteiristas fizeram um bom trabalho pois o filme é sem dúvida uma boa aventura com cenas marcantes - como a luta de Sansão contra um leão e o clímax final onde ele derruba todo um templo apenas com a força de sua fé inabalável. Uma bela matinê no final das contas.

Em termos de elenco temos Victor Mature como Sansão. Ele era um ator de poucos recursos dramáticos. Forte e adequado fisicamente ao papel tenta contornar sua falta de talento com carisma e eloquência ao declamar o texto de seu personagem. Seus melhores momentos são justamente àqueles em que a força física se torna mais importante, como a que ele surge cego e aprisionado em um grande moinho de grãos. Já a Dalila é interpretada pela bela Hedy Lamarr, considerada uma das mais bonitas atrizes da história de Hollywood. Sua interpretação é apenas correta. Dalila é em essência uma personagem complexa que ama e odeia Sansão na mesma intensidade. Curiosamente Lamarr se sai bem em cena, embora em nenhum momento sua atuação salte aos olhos. Se não é brilhante pelo menos não compromete o que é um ponto positivo.

A produção foi assinada por Cecil B. DeMIlle, um produtor completamente megalomaníaco. Se havia uma produção épica milionária em projeto ele era a pessoa certa para tornar realidade esse filme.Aqui ele até está de certa forma mais controlado. O filme não tem grandes cenas de multidão e nem batalhas épicas. Na realidade a trama, mais centrada no relacionamento de Sansão e Dalila, não dá margens a cenas grandiosas demais como em outros filmes dele. A única sequência mais exigente nesse aspecto é a cena final no templo filisteu mas mesmo essa, se comparada com outras momentos de DeMille no cinema, soa modesta. Os figurinos porém são realmente excessivos com muito uso de brilho e dourado. A figurinista Edith Head parece querer compensar a falta de exuberância do resto do filme com suas roupas chamativas e coloridas.

O filme também foi dirigido também por DeMille que não se contentou apenas em produzi-lo. Aqui talvez esteja a maior falha de "Sansão e Dalila". A direção de atores deixa realmente a desejar. DeMille parecia ser um grande diretor de multidões, do coletivo, já no nível individual ele se sai pior. Nada nesse aspecto se sobressai, nem nas várias sequências de Sansão e Dalila juntos. Pelo menos ele não errou no corte da duração e fez um filme mais enxuto evitando produções longas demais. Nesse aspecto acertou.

Sansão e Dalila (Samson and Delilah, EUA, 1949) Direção e Produção: Cecil B. DeMille / Roteiro: Jesse Lasky Jr, Fredric M. Frank baseado em história do Velho Testamento / Elenco: Hedy Lamarr, Victor Mature, George Sanders / Sinopse: Sansão (Victor Mature) é um judeu que se apaixona pela filesteia Semadar (Angela Lansbury). Essa é a irmã mais velha de Dalila (Hedy Lamarr) que também sente atração pelo forte Sansão. O destino porém os unirá em uma história de paixão, poder, traição e fé. Baseado no livro dos juízes do velho testamento da Bíblia.

Pablo Aluísio.

Um comentário: