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segunda-feira, 24 de abril de 2023

Demétrio e os Gladiadores

Título no Brasil: Demétrio e os Gladiadores
Título Original: Demetrius and the Gladiators
Ano de Lançamento: 1954
País: Estados Unidos
Estúdio: Twetieth Century Fox
Direção: Delmer Daves
Roteiro: Philip Dunne, Lloyd C. Douglas
Elenco: Victor Mature, Susan Hayward, Debra Paget, Anne Bancroft, Richard Egan, Michael Rennie

Sinopse:
A história começa no ponto em que "O Manto Sagrado (1953)" termina, após o martírio de Diana e Marcellus. O manto de Cristo é entregue a Pedro para ser guardado, mas o imperador Calígula o quer de volta para se beneficiar de seus poderes. O ex-escravo de Marcellus, Demétrio (Demetrius), procura impedir isso e chama a atenção de Messalina, esposa do tio de Calígula, o futuro imperador Cláudio. Messalina pretende seduzir Demétrio, que vê sua vida em perigo, lutando como gladiador nas arenas romanas.

Comentários:
Na década de 1950 Hollywood produziu uma série de filmes baseados na história de Roma ou em textos do velho e novo testamento. A história contada nesse filme é puramente de ficção, mas usando personagens históricos reais em sua narrativa. Funciona muito bem. O ator Victor Mature havia encontrado seu caminho n cinema desde "Sansão e Dalila", assim o papel do escravo e gladiador Demetrius lhe caiu muito bem. A figura do gladiador romano inclusive sempre foi muito bem aproveitada pelo cinema. Impossível ficar imune a esses lutadores da Roma antiga. Também destacaria o belo elenco feminino do filme formado principalmente pelo trio de boas atrizes Susan Hayward, Debra Paget e Anne Bancroft. Debra Paget inclusive voltaria a atuar ao lado do ator Richard Egan dois anos depois no primeiro filme de Elvis no cinema. Então é isso, temos aqui um belo exemplar do cinema épico religioso da era de ouro do cinema clássico de Hollywood. Se você aprecia esse tipo de filme não deixe de assistir, esse é certamente um dos melhores já feitos. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Paixão dos Fortes

Reza a lenda que no ano de 1927 o mítico Wyatt Berry Stapp Earp, ou simplesmente Wyatt Earp (1848 -1929) numa entrevista concedida ao mestre John Ford, contou-lhe em detalhes como fora o famoso duelo de Ok.Corral que ocorrera na cidade de Tombstone no ano de 1881, entre os irmãos Earp e os Clanton. Anos depois, transformado numa obra de arte e batizado de "Paixão dos Fortes" (My Darling Clementine - 1946) o clássico - erguido na exuberância de Monument Valley, palco principal do legendário diretor John Ford - conta a história (verídica) dos irmãos Earp (Wyatt, James, Virgil e Morgan Earp) que depois de abandonarem a cidade de Dodge City - onde Wyatt Earp (Henry Fonda) era xerife - partem para a região do Arizona dedicando-se a criação de gado.

Certa noite, Wyatt, Virgil e Morgan Earp vão até à cidade de Tombstone para conhecê-la um pouco mais e deixam o irmão mais novo, James Earp, sozinho, tomando conta do gado e do acampamento. Ao retornarem, o cenário é desolador: todo o gado havia sido roubado e James Earp, assassinado. Depois de enterrar o irmão, Wyatt torna-se xerife de Tombstone com o objetivo de vingar os assassinos do jovem irmão, e manter a cidade em paz. Ele ainda não sabe quem são os assassinos de seu irmão, no entanto, uma certa turma não sai de sua cabeça: os Clanton (Clanton pai, Billy Clanton, Ike Clanton) e seus comparsas: Billy Claiborne, Tom e Frank McLaury. Wyatt conhece Chihuahua (Linda Darnel) uma espevitada dançarina do saloon local, que alimenta apenas um sonho: a volta de sua paixão, John Henry "Doc" Holliday, ou apenas Doc Holliday: pistoleiro, jogador e dentista (daí o apelido Doc).

A fervura aumenta com a chegada à cidade do irascível Doc Holliday (Victor Mature). Depois de rever a bela Chihuahua o dentista conhece de perto o lendário Wyatt Earp. Wyatt aproxima-se de Doc, mas o encontro dos dois que a princípio poderia se tranformar numa grande amizade vira uma conturbada relação de amizade e ódio que se arrasta até o fim do clássico. Certo dia chega à cidade a bela Clementine Carter (Cathy Downs). Antiga paixão do Doc, Clementine (que inspira a trilha sonora) chega para reencontrar seu antigo e intratável amor. Doc odeia sua presença e diz que se ela não for embora, ele irá. Wyatt apaixona-se por Clementine que resolve ficar. Revoltada com a presença de Clementine em Tombstone, Chihuahua vai até seu quarto para expulsá-la do hotel e da cidade no exato momento em que  é surpreendida pela chegada de Wyatt Earp que acalma a situação. Enquanto conversa com Chihuahua, Earp nota que ela está usando um colar que pertenceu ao seu irmão assassinado. O famoso xerife fica então a poucos instantes de descobrir quem realmente matou seu irmão.

Paixão dos Fortes é um diamante da sétima arte e foi reconhecido pelo próprio John Ford como o seu filme mais precioso. Durante quarenta e cinco dias de filmagens, Ford construiu um verdadeiro monumento, não só ao cinema mas às artes em geral. Ele não era apenas um diretor de cinema, mas também um poeta, um pintor e um visionário de cenas antológicas que marcaram para sempre a história do cinema americano. No clássico, sua chancela está em cada cena e em cada fala. A esplêndida direção de fotografia de Joseph Mac Donald equilibra as imagens em preto e branco com brilhos e sombreamentos excepcionais. O elenco, recheado de lendas do cinema como Henry Fonda, Linda Darnell, Victor Mature e Walter Brennan são a cereja do bolo deste clássico inesquecível que entrou para a história do cinema.

Paixão dos Fortes (My Darling Clementine, EUA, 1946) Direção: John Ford / Roteiro: Samuel G. Engel, Winston Miller / Elenco:  Henry Fonda, Linda Darnell, Victor Mature / Sinopse: Um dos grandes clássicos de John Ford "Paixão dos Fortes" conta parte da história do lendário xerife Wyatt Earp e o famoso conflito armado ocorrido no OK Corral.

Telmo Vilela Jr.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Sansão e Dalila

Sansão e Dalila é certamente uma das histórias mais conhecidas do velho testamento. Em sua trama desfilam bravos guerreiros, mulheres fatais e a rejeição à idolatria do povo conhecido como Filisteu. Embora citado na Bíblia a história de Sansão é muito lacunosa pois o texto original não entra em maiores detalhes sobre sua vida pessoal. Sansão de certa forma parece ser uma adaptação do semi Deus Hércules da mitologia clássica. Aqui todos os elementos estão presentes: a força sobre-humana, a luta contra o opressor estrangeiro e a fé que move montanhas, ou no caso de Sansão, derruba colunas de um templo pagão dedicado a um falso Deus. Mesmo com tantos pontos omissos do texto sagrado os roteiristas fizeram um bom trabalho pois o filme é sem dúvida uma boa aventura com cenas marcantes - como a luta de Sansão contra um leão e o clímax final onde ele derruba todo um templo apenas com a força de sua fé inabalável. Uma bela matinê no final das contas.

Em termos de elenco temos Victor Mature como Sansão. Ele era um ator de poucos recursos dramáticos. Forte e adequado fisicamente ao papel tenta contornar sua falta de talento com carisma e eloquência ao declamar o texto de seu personagem. Seus melhores momentos são justamente àqueles em que a força física se torna mais importante, como a que ele surge cego e aprisionado em um grande moinho de grãos. Já a Dalila é interpretada pela bela Hedy Lamarr, considerada uma das mais bonitas atrizes da história de Hollywood. Sua interpretação é apenas correta. Dalila é em essência uma personagem complexa que ama e odeia Sansão na mesma intensidade. Curiosamente Lamarr se sai bem em cena, embora em nenhum momento sua atuação salte aos olhos. Se não é brilhante pelo menos não compromete o que é um ponto positivo.

A produção foi assinada por Cecil B. DeMIlle, um produtor completamente megalomaníaco. Se havia uma produção épica milionária em projeto ele era a pessoa certa para tornar realidade esse filme.Aqui ele até está de certa forma mais controlado. O filme não tem grandes cenas de multidão e nem batalhas épicas. Na realidade a trama, mais centrada no relacionamento de Sansão e Dalila, não dá margens a cenas grandiosas demais como em outros filmes dele. A única sequência mais exigente nesse aspecto é a cena final no templo filisteu mas mesmo essa, se comparada com outras momentos de DeMille no cinema, soa modesta. Os figurinos porém são realmente excessivos com muito uso de brilho e dourado. A figurinista Edith Head parece querer compensar a falta de exuberância do resto do filme com suas roupas chamativas e coloridas.

O filme também foi dirigido também por DeMille que não se contentou apenas em produzi-lo. Aqui talvez esteja a maior falha de "Sansão e Dalila". A direção de atores deixa realmente a desejar. DeMille parecia ser um grande diretor de multidões, do coletivo, já no nível individual ele se sai pior. Nada nesse aspecto se sobressai, nem nas várias sequências de Sansão e Dalila juntos. Pelo menos ele não errou no corte da duração e fez um filme mais enxuto evitando produções longas demais. Nesse aspecto acertou.

Sansão e Dalila (Samson and Delilah, EUA, 1949) Direção e Produção: Cecil B. DeMille / Roteiro: Jesse Lasky Jr, Fredric M. Frank baseado em história do Velho Testamento / Elenco: Hedy Lamarr, Victor Mature, George Sanders / Sinopse: Sansão (Victor Mature) é um judeu que se apaixona pela filesteia Semadar (Angela Lansbury). Essa é a irmã mais velha de Dalila (Hedy Lamarr) que também sente atração pelo forte Sansão. O destino porém os unirá em uma história de paixão, poder, traição e fé. Baseado no livro dos juízes do velho testamento da Bíblia.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Victor Mature

Victor Mature nunca foi considerado um bom ator. Mesmo assim conseguiu se firmar em Hollywood em uma longa e produtiva carreira, participando de mais de 50 produções, algumas delas grandes clássicos do cinema de todos os tempos! Como conseguiu tal façanha? Simples, Mature além de carismático era o que se pode chamar de um sujeito boa praça. Amigo de todos, não se envolvia em confusões e nem em mexericos. Nunca criou problemas no set e não tinha inimigos no meio cinematográfico.

Era educado, humilde e se dava bem com todo mundo no set, do diretor ao mais simples membro de equipe de filmagem. Tratava a todos de forma igual. Nada mal para um caipira do Kentucky que foi a Hollywood tentar a sorte. De porte físico privilegiado, alto (quase 1.90m de altura) ombros largos e musculosos, Mature foi aos poucos subindo os degraus da fama. Participou de pequenos filmes de faroeste e aos poucos foi se destacando. Sabia que não era um grande ator mas com sua simpatia pessoal foi fazendo amigos e sendo escalado em diversos filmes.

Após ser dirigido por John Ford conseguiu o grande papel de sua vida, o de Sansão no clássico dirigido por Cecil B. DeMille, "Sansão e Dalila". Prestativo caiu nas graças do famoso produtor / diretor que lhe deu o maior papel de sua vida. No set colecionou histórias engraçadas principalmente na cena da luta do leão com Sansão. Apesar de ter sido tranquilizado por DeMille que o leão era manso e domesticado resolveu não fazer a cena, deixando tudo nas mãos de seu dublê! Depois do sucesso desse filme Mature foi escalado sistematicamente para vários épicos do mesmo estilo tais como "O Manto Sagrado", "Demetrius, o Gladiador" e "O Egípcio". De fato se tornou o ator padrão dos chamados épicos bíblicos. Depois de alguns anos realizando produções desse tipo a fórmula se desgastou e Mature se dedicou a produções menores, filmes de orçamentos modestos que serviram para ele continuar trabalhando.

Além de ter feito muitos filmes Mature também teve vários casos amorosos em Hollywood. Só de casamentos foram cinco, fora suas conquistas que incluíram várias atrizes famosas como Lana Turner, Susan Hayward, Rita Hayworth e Esther Williams. No final de sua vida Mature assim como outros astros envelhecidos, como Randolph Scott, por exemplo, se dedicou ao Golf como hobby e passatempo. Seus últimos dias foram passados em seu rancho localizado em Santa Fé. Lá faleceu aos 86 anos cercado de amigos e familiares. Nada mal para um sujeito que nem se considerava um ator de verdade.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

O Manto Sagrado

Clássico filme épico, passado nos tempos da Roma Antiga. Na história, o tribuno romano Marcellus Gallio (Richard Burton) acaba tendo um um atrito, em um leilão de escravos, com o futuro imperador Calígula (Jay Robinson). Como punição, ele é então enviado para a distante Judéia, onde começa a prestar serviço militar na cidade de Jerusalém, durante a Páscoa. Lá acaba tomando contato com o turbulento quadro político local, onde o povo judeu espera por um Messias que o libertará do poder do Império Romano. Ao lado de seu escravo Demetrius (Victor Mature), acaba participando da crucificação de um homem chamado Jesus que se diz filho de Deus. Após sua morte na cruz, ele ganha seu manto em um jogo de dados. O contato com a relíquia e a mensagem do Nazareno porém mudará completamente sua vida.

"O Manto Sagrado" pode ser analisado sobre três pontos de vista diferentes. Você pode assistir sob um aspecto religioso, histórico ou cinematográfico. Sob o ponto de vista religioso é uma obra bem intencionada, que procura mostrar o surgimento do cristianismo logo nos primeiros meses após a morte de Jesus Cristo. A mensagem em si, de não violência, de renúncia, inclusive da vida, como vemos nos casos dos mártires que se recusam a negar Cristo em troca de não serem condenados à morte, são relevantes e pertinentes. A figura de Pedro surge também bem fiel aos escritos e tradições dos primeiros anos da nova fé. Assim olhando puramente a mensagem que o filme tenta passar ao seu público, não há o que criticar.

O fato porém é que nem só de boas intenções pode viver o cinema. Assim temos que analisar a produção também sob o ponto de vista da história e nesse aspecto não há como negar que o roteiro apresenta várias falhas. Só para citar um exemplo, temos uma cena em que o próprio Imperador Tibério recebe a notícia da morte de um suposto Messias em Jerusalém e fica bastante abalado com o fato. Chega ao ponto de fazer um pequeno discurso sobre o perigo da nova fé que poderia destruir os alicerces da sociedade romana como um todo! Ora, historiadores concordam que Tibério sequer tomou conhecimento da existência de Jesus, já que até sua morte o cristianismo ainda não tinha tomado as proporções que iriam atingir em épocas posteriores, como a de Nero. Na verdade, como se trata de um romance apenas inspirado em fatos históricos, temos que esperar por esse tipo de licença poética, onde personagens que realmente existiram surgem em cenas de pura ficção.

Finalmente, sob o ponto de vista puramente cinematográfico, não há do que reclamar. "O Manto Sagrado" é um típico épico feito em Hollywood dos anos 1950, com cenas grandiosas, impactantes, muito luxo no figurino e um texto sentimental, que não tem vergonha de ser piegas em certos momentos. Há uma clara tentativa do roteiro em agradar diversos públicos, pois ao lado do sentimento religioso temos também um pouco de romance e aventura. A ação surge principalmente na cena em que os homens de Marcellus Gallio tentam libertar Demetrius das masmorras do Império e na perseguição de cavalos logo após. Além disso temos também nuances do debate político que imperava naqueles tempos antigos. O mais importante porém é que essa produção é uma ótima forma de conhecer o tipo de entretenimento, com verniz religioso, que fazia sucesso nos cinemas dos anos 1950. O público adorava esse tipo de filme. O lançamento de cada produção desse estilo rendia ótimas bilheterias em todo o mundo.

O Manto Sagrado (The Robe, Estados Unidos, 1953) Estúdio: 20th Century-Fox / Direção: Henry Koster / Roteiro: Albert Maltz, Philip Dunne, baseados na obra de Lloyd C. Douglas / Elenco: Richard Burton, Jean Simmons, Victor Mature, Jay Robinson / Sinopse: Romano, enviado para uma distante província do império como punição, acaba vivenciando a crucificação, morte e ressurreição de um judeu conhecido como Jesus de Nazaré. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor ator (Richard Burton) e melhor direção de fotografia (Leon Shamroy). Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor figurino (Charles Le Maire, Emile Santiago) e melhor direção de arte (Lyle R. Wheeler, George W. Davis). Filme premiado pelo Globo de Ouro na categoria de melhor filme - drama.

Pablo Aluísio.