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domingo, 2 de agosto de 2020

Bombshell: A História de Hedy Lamarr

Título no Brasil: Bombshell - A História de Hedy Lamarr
Título Original: Bombshell - The Hedy Lamarr Story
Ano de Produção: 2017
País: Estados Unidos
Estúdio: Reframed Pictures
Direção: Alexandra Dean
Roteiro: Alexandra Dean
Elenco: Hedy Lamarr, Mel Brooks, Jennifer Hom, Peter Bogdanovich, Diane Kruger, Robert Osborne 

Sinopse:
Documentário que resgata a história da atriz Hedy Lamarr. Durante a década de 1940 ela se tornou uma das estrelas mais populares do cinema americano. Além de seu sucesso ela se destacou também ao criar um sistema de transmissão de rádio de ondas alternadas durante a II Guerra Mundial. Esse documentário recupera imagens raras de filmes e aparições públicas da atriz, além de trazer entrevistas inéditas de pessoas que conviveram com ela, inclusive de seus familiares. 

Comentários:
Uma atriz de cinema que também era inventora? Que criou um sistema que até hoje é usado em celulares, GPS e até satélites? Pois é, parece roteiro de filme B, altamente improvável de ter acontecido na vida real, mas de fato é uma história mais do que realista. A Hedy Lamarr era uma bombshell da Metro, uma mulher muito bonita que virou estrela de cinema. Só que ela também era uma mulher muito inteligente que a despeito de não ter uma educação formal adequada, conseguiu feitos incríveis. Sua patente de invenção vale hoje algo em torno de 30 bilhões de dólares, segundo o documentário, porém ela nunca desfrutou disso. Ao contrário, morreu pobre, esquecida e reclusa em Nova Iorque, depois de uma série de casamentos fracassados. Algo muito comum de acontecer com esse tipo de diva. Quando a juventude se vai, a beleza deixa de existir e elas geralmente eram descartadas pela indústria do cinema. Um fato que chama muito atenção é que sua invenção estava tão à frente de seu tempo que passou anos sem ser utilizada. Só recentemente é que se tornou um item indispensável para produtos que exigem alta tecnologia. Quem diria que a bela Hedy Lamarr era também uma genial inventora e cientista?  É aquele tipo de enredo que nem os mais criativos roteiristas de Hollywood poderiam imaginar.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 16 de abril de 2019

Sol de Outono

Título no Brasil: Sol de Outono
Título Original: H.M. Pulham, Esq
Ano de Produção: 1941
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer
Direção: King Vidor
Roteiro: Elizabeth Hill
Elenco: Hedy Lamarr, Robert Young, Ruth Hussey

Sinopse:
Baseado na novela de John P. Marquand (o mesmo autor de "Tenho Direito ao Amor" e "Lábios Selados") o filme narra a estória de Harry Moulton Pulham (Robert Young), um senhor já entrando na meia idade, sério e muito disciplinado, que acaba se encantando com a jovem Marvin Myles Ransome (Hedy Lamarr), que é seu extremo oposto, impulsiva, jovial, brincalhona e com muita sede de viver intensamente.

Comentários:
Filme da Metro que aposta no carisma e na beleza da atriz Hedy Lamarr. Na época ela foi considerada uma das atrizes mais bonitas e charmosas de Hollywood e para surpresa de muita gente suas qualidades não se resumiam apenas em seus dotes estéticos, pois além de bela era  inteligentíssima, muito interessada em ciência e pesquisas - a ponto de hoje ser creditada a ela parte dos avanços tecnológicos que deram origem ao moderno celular que está em seu dia a dia! Deixando isso um pouco de lado temos que nos concentrar aqui em seu trabalho como atriz. Gostei de sua atuação, até porque seu personagem exige uma certa dose de ousadia que lhe caiu muito bem. Para ser bem sincero Hedy Lamarr, mesmo sendo considerada apenas uma starlet e beldade, surpreende, colocando em segundo plano até mesmo seu parceiro Robert Young. E como mera curiosidade, no elenco, fazendo figuração, ainda podemos ver a futura diva Ava Gardner, ainda bem jovem, em sua segunda aparição no cinema. No final das contas é mais um belo trabalho do cineasta King Vidor, que entre tantos filmes marcantes chegou até mesmo a dirigir parte do clássico "O Mágico de Oz" embora não tenha sido creditado. Em conclusão eis aqui um belo romance do cinema clássico para casais apaixonados de todas as idades.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Sansão e Dalila

Sansão e Dalila é certamente uma das histórias mais conhecidas do velho testamento. Em sua trama desfilam bravos guerreiros, mulheres fatais e a rejeição à idolatria do povo conhecido como Filisteu. Embora citado na Bíblia a história de Sansão é muito lacunosa pois o texto original não entra em maiores detalhes sobre sua vida pessoal. Sansão de certa forma parece ser uma adaptação do semi Deus Hércules da mitologia clássica. Aqui todos os elementos estão presentes: a força sobre-humana, a luta contra o opressor estrangeiro e a fé que move montanhas, ou no caso de Sansão, derruba colunas de um templo pagão dedicado a um falso Deus. Mesmo com tantos pontos omissos do texto sagrado os roteiristas fizeram um bom trabalho pois o filme é sem dúvida uma boa aventura com cenas marcantes - como a luta de Sansão contra um leão e o clímax final onde ele derruba todo um templo apenas com a força de sua fé inabalável. Uma bela matinê no final das contas.

Em termos de elenco temos Victor Mature como Sansão. Ele era um ator de poucos recursos dramáticos. Forte e adequado fisicamente ao papel tenta contornar sua falta de talento com carisma e eloquência ao declamar o texto de seu personagem. Seus melhores momentos são justamente àqueles em que a força física se torna mais importante, como a que ele surge cego e aprisionado em um grande moinho de grãos. Já a Dalila é interpretada pela bela Hedy Lamarr, considerada uma das mais bonitas atrizes da história de Hollywood. Sua interpretação é apenas correta. Dalila é em essência uma personagem complexa que ama e odeia Sansão na mesma intensidade. Curiosamente Lamarr se sai bem em cena, embora em nenhum momento sua atuação salte aos olhos. Se não é brilhante pelo menos não compromete o que é um ponto positivo.

A produção foi assinada por Cecil B. DeMIlle, um produtor completamente megalomaníaco. Se havia uma produção épica milionária em projeto ele era a pessoa certa para tornar realidade esse filme.Aqui ele até está de certa forma mais controlado. O filme não tem grandes cenas de multidão e nem batalhas épicas. Na realidade a trama, mais centrada no relacionamento de Sansão e Dalila, não dá margens a cenas grandiosas demais como em outros filmes dele. A única sequência mais exigente nesse aspecto é a cena final no templo filisteu mas mesmo essa, se comparada com outras momentos de DeMille no cinema, soa modesta. Os figurinos porém são realmente excessivos com muito uso de brilho e dourado. A figurinista Edith Head parece querer compensar a falta de exuberância do resto do filme com suas roupas chamativas e coloridas.

O filme também foi dirigido também por DeMille que não se contentou apenas em produzi-lo. Aqui talvez esteja a maior falha de "Sansão e Dalila". A direção de atores deixa realmente a desejar. DeMille parecia ser um grande diretor de multidões, do coletivo, já no nível individual ele se sai pior. Nada nesse aspecto se sobressai, nem nas várias sequências de Sansão e Dalila juntos. Pelo menos ele não errou no corte da duração e fez um filme mais enxuto evitando produções longas demais. Nesse aspecto acertou.

Sansão e Dalila (Samson and Delilah, EUA, 1949) Direção e Produção: Cecil B. DeMille / Roteiro: Jesse Lasky Jr, Fredric M. Frank baseado em história do Velho Testamento / Elenco: Hedy Lamarr, Victor Mature, George Sanders / Sinopse: Sansão (Victor Mature) é um judeu que se apaixona pela filesteia Semadar (Angela Lansbury). Essa é a irmã mais velha de Dalila (Hedy Lamarr) que também sente atração pelo forte Sansão. O destino porém os unirá em uma história de paixão, poder, traição e fé. Baseado no livro dos juízes do velho testamento da Bíblia.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Hedy Lamarr

Quem disse que uma linda atriz de cinema também não poderia ser extremamente inteligente? A história de Hedy Lamarr provou justamente que beleza e inteligência podem sim conviver perfeitamente. A vida da atriz não foi fácil e tampouco pode ser considerada banal. Ela nasceu na maravilhosa e sofisticada Viena, na Áustria, em 9 de novembro de 1914. Se estivesse viva estaria completando 101 anos de idade, algo que o Google fez questão de recordar a colocando como destaque de seu mecanismo de buscas (assista abaixo). Hedy era de um tempo em que as mulheres só poderiam almejar um bom casamento, filhos e nada muito além disso. Sua personalidade porém rejeitava modelos de comportamento. Desde cedo sua veia artística despontou e ela começou a atuar em pequenas peças amadoras de teatro. Também amava música e tocava piano desde os 10 anos de idade.

Mais além de tudo ela se encantava com o cinema, não apenas com os filmes em si, mas o próprio invento a fascinava. Ela tinha uma curiosidade natural que a tornaria uma pessoa estudiosa e dedicada a inventar coisas - algo que lhe tornaria célebre no futuro. Pois bem, no começo da carreira, embora fosse uma linda mulher, os convites eram raros. Além disso na região da Europa onde vivia não havia uma indústria de cinema. Assim ela acabou aceitando participar de uma produção chamada "Êxtase", toda filmada em Praga. O mais notório desse filme é que havia cenas de nudez. Lamarr era uma mulher bem à frente dos padrões da época e aceitou realizar a tão polêmica cena onde ela caminhava nua no meio de uma floresta. Claro que para a década de 1930 aquilo era um escândalo completo. O que hoje seria visto como algo até bucólico, naqueles tempos foi encarado como uma afronta à moralidade.

Como a carreira de atriz não decolava ela acabou arranjando um bom partido, um industrial fabricante de armas chamado Friedrich Mandl. Ele era bem mais velho do que ela, tinha uma personalidade controladora e moralista e queria que a esposa se tornasse uma dona de casa padrão. Algo que Lamarr definitivamente não desejava para si. Dessa maneira o casamento logo chegou ao fim. Sempre seguindo o sonho de ser uma atriz de sucesso ela entendeu que só realizaria esse desejo se fosse para os Estados Unidos. E assim no verão de 1937 ela pegou um navio rumo à América. Seu primeiro filme americano foi "Argélia" de 1938. Era um romance à moda antiga onde contracenava com o galã francês Charles Boyer. A química deu tão certo que a produção logo se tornou um grande sucesso de bilheteria.

Com longos cabelos negros e uma beleza natural ela logo começou a ser considerada uma das mais promissoras atrizes jovens de Hollywood. Os estúdios queriam lucrar com ela e em pouco tempo Lamarr estava colecionando sucessos. Em "Flor dos Trópicos" fez outra parceria de grande êxito comercial ao lado do galã Robert Taylor. Atuou ao lado de Spencer Tracy em "A Mulher Que eu Quero" e Clark Gable em "Fruto Proibido". Em menos de um ano ela já era a estrela preferida dos principais galãs de Hollywood.

Curiosamente ao lado do mundo glamoroso da capital do cinema ela também desenvolveu um incrível talento como cientista. Durante a II Guerra Mundial ela criou um sistema pioneiro que tinha como objetivo atrapalhar as comunicações das forças nazistas. Era algo tão inovador e raro que mal foi compreendido na época. Esse sistema seria a base do telefone celular que só viraria realidade muitos anos após sua invenção. De fato ela foi a criadora de um dos mais revolucionários aparelhos da modernidade, embora nem mesmo ela soubesse a real extensão de sua criação naqueles distantes anos da década de 1940.

Nessa década aliás a atriz colecionou uma série de sucessos de bilheteria. Filmes românticos que exploravam basicamente sua beleza fascinante. Mesmo sendo muito talentosa jamais conseguiu ser reconhecida como uma grande atriz. Havia um certo preconceito contra mulheres bonitas demais pela crítica, agravado ainda mais pelo fato dela ser estrangeira. Assim jamais chegou a ser indicada a um Oscar, apesar dos inúmeros filmes que fez. Sua fase de maior sucesso encontrou seu auge com a super produção "Sansão e Dalila" de 1949, onde ela interpretou a famosa personagem bíblica. Victor Mature interpretou Sansão e ela a linda e perigosa Dalila, que iria conquistar o coração do forte, mas frágil emocionalmente, guerreiro.

Como nunca foi reconhecida além de sua beleza nas telas a carreira de Lamarr começou a entrar em declínio na década seguinte. Novas beldades chegaram em Hollywood, bem mais jovens e assim os convites para novos filmes foram ficando mais raros. A vida pessoal e romântica também foi turbulenta. Hedy Lamarr se casou sete vezes e em todos os enlaces matrimoniais teve que enfrentar problemas e mais problemas conjugais. Seu último casamento foi com o advogado Lewis Boles, já nos anos 60. Infelizmente foi outra união infeliz que durou muito pouco, menos de três anos. Seu último filme foi "Naufrágio de uma Ilusão" de 1958 onde interpretava uma personagem chamada Vanessa Windsor, ironicamente uma estrela decadente de cinema que disputava o amor de um homem mais jovem com sua própria filha (Jane Powell). Com problemas de saúde ela aos poucos foi se afastando da carreira. Embora muitos pensassem que ela não viveria muito por causa disso a atriz conseguiu se superar tendo uma vida longa, só vindo a falecer em 2000 com 85 anos de idade. Seu último desejo foi que suas cinzas fossem espalhadas na bela floresta de Wienerwald, na sua Áustria natal, um lugar que ela adorava e que gostava de passear em sua infância. Foi justamente lá que seu filho realizou esse último pedido de sua querida mãe.

Pablo Aluísio.