quarta-feira, 1 de janeiro de 2020
Olhos de Serpente
Título Original: Snake Eyes
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Brian De Palma
Roteiro: Brian De Palma, David Koepp
Elenco: Nicolas Cage, Gary Sinise, John Heard, Kevin Dunn, Carla Gugino, Stan Shaw
Sinopse:
Rick Santoro (Nicolas Cage) é um tira de Atlantic City que precisa descobrir quem teria matado o Secretário de Defesa do Estado durante uma luta de boxe em sua cidade. Com ares de grandeza e egocentrismo, onde cabem até delírios de se ver como futuro prefeito da cidade, ele começa as investigações ao lado do comandante Kevin Dunne (Gary Sinise), um escroque sem alma.
Comentários:
Elenco bacana, uma boa produção com a marca Paramount, roteirista conhecido e um grande diretor no comando de tudo. Com esses ingredientes era de se esperar um ótimo filme, mas... Ainda me recordo de quando aluguei esse filme para assistir em casa (estou me lembrando da era VHS) e tive uma pequena decepção. Principalmente em relação ao final do filme. Até aquele momento nunca havia assistido nada que pudesse ser qualificado como "Ruim" com a assinatura do grande Brian De Palma! Essa pequena bomba foi o primeira experiência nesse sentido. De fato pouca coisa resiste. Além do óbvio figurino brega do ator Nicolas Cage com aqueles horríveis ternos de pele de crocodilo, o filme desfila pela tela um enredo sem graça, um desenvolvimento tedioso e uma direção preguiçosa e sem vontade por parte do cineasta De Palma. Na época eu já lia resenhas de revistas de cinema alertando para o fato dele estar entrando em um espiral de decadência, porém nada me prepararia para um filme tão abaixo do esperado como esse. É aquele tipo de produção que você assiste apenas uma vez para nunca mais rever! Melhor esquecer sua existência. E o curioso de tudo é que de uma maneira em geral os críticos ate elogiaram, mesmo que com certas reservas. O Nicolas Cage ainda tinha bastante prestígio entre eles e isso ajudou a melhorar sua repercussão de uma forma em geral, porém não há como negar que esse "Olhos de Serpente" é bem abaixo das expectativas. Foi acima de tudo um claro sinal de que o bom e velho Brian De Palma estava perdendo seu toque de mestre no cinema.
Pablo Aluísio.
Bat 21 - Missão no Inferno
Título Original: Bat*21
Ano de Produção: 1988
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures
Direção: Peter Markle
Roteiro: William C. Anderson
Elenco: Gene Hackman, Danny Glover, Jerry Reed, David Marshall Grant, Clayton Rohner, Erich Anderson
Sinopse:
O avião de combate do tenente-coronel Iceal Hambleton (Gene Hackman) é abatido no campo inimigo durante a Guerra do Vietnã. Após sobreviver a uma queda violenta, ele fica à mercê do exército vietcongue atrás das linhas inimigas. Oficial da burocracia, ele não tem muita experiência de guerra, o que faz com que seja orientado por um piloto no ar, o capitão Bartholomew Clark (Danny Glover), que através do rádio ajuda o oficial em terreno hostil.
Comentários:
Assistir a esse filme me fez lamentar que o bom e velho Gene Hackman esteja aposentado nos dias de hoje. Ele foi um ator muito regular em sua carreira, atuando em mais de cem filmes (sim, ele sempre foi um workaholic da sétima arte!). Esse "Bat*21" cujo título original se utiliza do codinome do protagonista interpretado por Hackman, foi lançado em pleno auge dos filmes de guerra sobre o Vietnã. Na verdade foi um ciclo que se iniciou com o sucesso de público e crítica de "Platoon" de Oliver Stone (que havia vencido o Oscar no ano anterior). Essa nova safra de filmes, dessa absurda guerra sem sentido no sudeste asiático, tinha como característica uma certa dose de crítica contra o que havia acontecido. Basta lembrar de filmes como "Nascido Para Matar" de Kubrick para entender bem isso. Diante de tantos filmes socialmente críticos, havia também aqueles que apenas queriam contar uma boa estória, embalada por cenas de ação. É nesse segundo grupo que podemos colocar essa produção. Não tem discurso político, nem nada parecido. Está mais para "Rambo" (sem os exageros, é claro) do que para "Platoon". De qualquer forma é uma ótima opção para quem estiver em busca acima de tudo de uma boa diversão. Bem realizado, com elenco acima da média, é até hoje uma boa pedida no menu para quem gosta desse tipo de filme.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 30 de dezembro de 2019
Marilyn Monroe - Verdades e Mentiras
Marilyn Monroe usava drogas? Sim e em grande quantidade. Marilyn começou a usar drogas prescritas por médicos para amenizar sua terrível insônia. Ela tinha enorme dificuldade em dormir, causada principalmente por sua ansiedade e ataques de pânico. A atriz também tinha uma baixa auto estima, que piorava ainda mais seu quadro. Para combater um quadro psicológico tão complicado ela começou a tomar remédios receitados por seus médicos e analistas. Em pouco tempo perdeu o controle sobre seu uso, abusando muito das medicações e as misturando perigosamente com bebidas alcoólicas, o que acabou prejudicando demais sua vida pessoal e profissional. Ao que tudo indica a causa mais provável de sua morte tenha sido justamente uma overdose acidental desses mesmos remédios, embora seu falecimento esteja até hoje encoberto por muitos mistérios não resolvidos.Em relação a drogas não prescritas há suspeitas que tenha fumado maconha ao lado do ator Robert Mitchum. Isso porém foi apenas uma experiência porque ela odiava fumo e cigarros em geral.
A atriz foi realmente espancada por Joe Di Maggio? A maioria das biografias afirma que sim. O triste acontecimento ocorreu após as filmagens de Marilyn com calcinhas à mostra no filme “O Pecado Mora ao Lado” (a famosa cena da saia levantada). No meio da multidão lá estava o marido Di Maggio, que ficou simplesmente escandalizado com o que viu. Depois ao encontrá-la em casa começou uma violenta discussão com ela. Descendente de italianos, machista, não admitia aquele tipo de situação. Segundo algumas fontes Di Maggio teria mesmo agredido Marilyn a ponto da atriz surgir no dia seguinte com uma grande faixa em seu braço. Os acontecimentos posteriores também parecem comprovar esse fato, pois não demorou muito para Marilyn pedir o divórcio do marido.
Marilyn Monroe se suicidou ou foi um acidente? Ao que tudo indica foi um terrível acidente. Deixando de lado todas as teorias alternativas sobre sua morte (que afirmam que ela na verdade foi assassinada), o que parece ter acontecido foi que Marilyn, por estar abusando de bebidas (ela adorava champagne) e drogas, perdeu o senso, misturando muitas pílulas para dormir prescritas por seu analista, com altas doses de bebida alcoólica. Quando ela morreu estava segurando o telefone que ficava ao lado de sua cama. Há duas hipóteses: Ou ela teria simplesmente apagado tentando pedir por socorro ou então perdeu a consciência enquanto tentava ligar para alguém. Em nenhum dos casos a situação parece com a de um suicídio. Além do mais ela não deixou qualquer tipo de bilhete em seu leito de morte. A verdade porém nunca saberemos ao certo.
Marilyn Monroe era religiosa? A única vez que se aproximou mais da religião foi durante seu casamento com Arhur Miller. Ele era judeu e Marilyn ficou particularmente interessada na doutrina e nos dogmas judeus, tanto que se converteu à religião. Depois desse interesse inicial porém a aproximação dela com assuntos religiosos decaiu bastante. Sua mãe lhe havia dado um pequeno livro com frases religiosas retiradas da Bíblia quando ela era apenas uma criança e de vez em quando Marilyn o consultava. Mesmo assim nunca se considerou uma praticante de qualquer tipo de religião.
Como era Marilyn Monroe fisicamente? Marilyn Monroe tinha 1.67 de altura, 94 centímetros de busto, 61 cm de cintura e 89 cm de quadril. Quando estava em boa forma pesava 64 Kgs e calçava sapatos número 36. Infelizmente os inúmeros abortos e problemas de saúde, além dos abusos envolvendo álcool e drogas, também cobraram seu preço o que fazia Marilyn perder a linha de vez em quando na forma física. Em casa não usava maquiagem e nem se importava em se vestir bem – geralmente ficava desleixada e desarrumada. Adorava andar nua pela casa e chegou até mesmo a receber visitas assim. Sua higiene era problemática, pois havia sido criada de forma negligenciada em diversos lares onde não foi ensinada adequadamente sobre esse tipo de questão. Para se transformar no mito sexual que o público conhecia sempre tinha a mão uma equipe de maquiadores e cabeleireiros que eram não apenas muito próximos dela do ponto de vista profissional, mas pessoal também.
Marilyn Monroe foi realmente garota de programa? Muitas biografias afirmam que assim que chegou em Hollywood atrás de um emprego na indústria, Marilyn começou a sair com homens bem mais velhos, mas bem situados no meio. O objetivo dela era claro pois esses figurões poderiam lhe arranjar papéis em filmes dos estúdios. Ela tecnicamente não era uma profissional do sexo, tudo era feito de forma muito mais sutil, na realidade uma troca de favores de conteúdo sexual. Marilyn se submetia a esses homens e em troca ganhava pequenos papéis em filmes menores. Sobre essa época em sua vida ela declarou: “Quando se é uma jovem em busca de um papel importante no cinema nada mais tem valor e ficamos dispostas a praticamente tudo, deixamos até mesmo de comer para conseguir entrar em um filme”. Marilyn Monroe certamente fez várias concessões ao longo da vida para subir na carreira. Porém a prostituição propriamente dita nunca foi praticada por Marilyn.
Qual era o maior medo de Marilyn Monroe? A atriz tinha muito medo de terminar como sua mãe, internada em um sanatório para pessoas com doenças mentais. A loucura vinha de longe dentro da genealogia de Marilyn com vários tios avôs que também tiveram diagnóstico de doença mental, por isso Marilyn tinha grande medo de um dia terminar do mesmo jeito. Outro medo recorrente em suas conversas com amigas próximas era o receio de terminar seus dias sozinha. Ela havia se casado várias vezes, mas nunca havia conseguido encontrar a verdadeira felicidade. A uma amiga atriz desabafou: “Parece que nasci para ser infeliz no amor!”.
Marilyn Monroe sofria de alguma doença mental? Ela esteve um período internada em um hospício e quem a tirou de lá foi seu ex-marido Joe Di Maggio. Seu diagnóstico médico sempre foi escondido do público. Oficialmente Marilyn dizia que foi internada por engano, mas existem fontes que afirmam que nesse período ela realmente perdeu a razão e o bom senso em sua vida mental. Era o velho fantasma da loucura de sua mãe que voltava a rondar a vida da atriz. Ela tinha consciência desse problema, tanto que ao longo da vida consultou inúmeros psiquiatras.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 27 de dezembro de 2019
Taxi Driver
Esse filme que mudou para sempre a carreira do ator Robert De Niro. Filho de um pintor do Greenwich Village em New York, o jovem De Niro só esperava por um grande papel para se destacar definitivamente no cinema. Formado no Actors Studio, a mesma escola de arte dramática onde estudaram Marlon Brando e James Dean, ele foi o grande representante da última e fenomenal geração de atores de Nova Iorque proveniente daquela instituição de ensino. Aqui um ainda jovem De Niro conseguiu desenvolver finalmente todo o seu talento nessa obra prima psicológica e insana do diretor Martin Scorsese, com quem ele faria uma longa e bem produtiva parceria nas telas de cinema. O interessante é que tanto Scorsese como De Niro sempre afirmaram amar a cidade de Nova Iorque, porém fizeram a ela uma estranha "homenagem". Um dos símbolos de NYC, os seus táxis amarelos, se tornam o cenário e o palco para um estranho personagem, o motorista vivido por De Niro. Um sujeito que foi a Vietnã e voltou de lá com sérios problemas psicológicos e traumas que aos poucos vão dominando sua mente, culminando para um clímax insano, violento e explosivo.
O "gatilho" para seu enlouquecimento acaba sendo uma estranha relação que desenvolve com uma adolescente prostituta, interpretada com brilhantismo por Jodie Foster (que consegue inclusive ofuscar em determinados momentos o próprio De Niro, algo impensável). Em determinado momento do filme ela o provoca dizendo que ele deveria provar seu amor matando o presidente dos Estados Unidos. Um louco da vida real acabou levando muito à sério o diálogo e realmente fez um atentado ao presidente Ronald Reagan, um fato amplamente explorado pela imprensa na época e que acabou marcando de forma definitiva o filme "Taxi Driver". Esse aspecto macabro e bizarro da história porém deve ser descartado, pois é um fato externo à obra de Scorsese. O que se deve mesmo levar em conta é que essa é uma verdadeira obra prima da sétima arte, um dos melhores filmes da década de 1970 e um marco do estilo realista que estava predominando naqueles agitados e produtivos anos para a indústria de cinema americana. Imperdível para todo cinéfilo que se preze. Merecia inclusive ter vencido em todas as categorias importantes do Oscar naquele ano. Só que a Academia, como sempre, estava mais disposta a fazer mais uma de suas injustiças históricas. Melhor assim, "Taxi Driver" realmente nunca foi um filme convencional, aliás sua estética era direcionada para o extremo oposto disso. Assim acabou sendo coerente em tudo, até no Oscar.
Taxi Driver (Estados Unidos, 1976) Estúdio: Columbia Pictures / Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Paul Schrader / Elenco: Robert De Niro, Jodie Foster, Cybill Shepherd, Albert Brooks / Sinopse: Motorista de táxi de Nova Iorque, um veterano da guerra do Vietnã, começa a trilhar o caminho da loucura insana e violenta, após se relacionar com uma jovem garota, menor de idade, que trabalha como prostituta nas ruas escuras da cidade. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Robert De Niro), Melhor Atriz coadjuvante (Jodie Foster) e Melhor Música Original (Bernard Herrmann). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator (Robert De Niro) e Melhor Roteiro Original (Paul Schrader). Vencedor do BAFTA Awards nas categorias de Melhor Atriz (Jodie Foster) e Melhor Música (Bernard Herrmann).
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 26 de dezembro de 2019
Um De Nós Morrerá
O Billy The Kid da história real ficava bem longe disso. Era realmente um assassino profissional ao qual são creditadas inúmeras mortes (algumas estimativas afirmam que matou mais de 20 pessoas). O que criou sua notoriedade foi a participação que teve na chamada guerra do Condado de Lincoln. Após ver seu patrão inglês ser morto por motivos comerciais, Billy e outros capangas formaram um bando chamado "Os Justiceiros", cujo principal objetivo era matar os assassinos de seu chefe. Nesse conflito, no qual morreram várias pessoas, Billy foi responsabilizado pela morte do Xerife de Lincoln. Condenado à forca conseguiu escapar, matando mais dois homens da lei na prisão onde se encontrava. Perseguido pelo Xerife Pat Garrett finalmente foi encontrado numa cidadezinha do Novo México, onde foi finalmente morto por Pat, que diziam ter laços de amizade com Billy.
O filme "Um De Nós Morrerá" conta essa história. Na época de seu lançamento os produtores anunciaram que seria o mais fiel retrato dos acontecimentos. A intenção era deixar o Billy The Kid da fantasia de lado para mostrar o verdadeiro homem por trás do mito. Em pouco mais de 90 minutos o roteiro se propõe a justamente isso. O problema é que o roteiro (baseado na obra do grande Gore Vidal) cortou passagens vitais para se entender Billy e a Guerra do Condado de Lincoln (que inclusive não é citada no filme). Assim em termos histórico o filme surge extremamente resumido, simplificado. A produção também contou com um orçamento muito restrito, que tirou da obra aquela grandiosidade que estamos acostumados a ver nos grandes filmes de western da década de 50.
O grande mérito de "Um de Nós Morrerá" surge porém na muito inspirada atuação do ator Paul Newman. Ele realmente surpreende ao mostrar um Billy The Kid nada glamouroso. Pelo contrário, o que vemos é um cowboy rústico, meio abobalhado e sem muita noção das coisas que faz (algo que bate certamente com o Billy real). Esse aliás deveria ter sido o primeiro faroeste de James Dean, que obviamente se encaixaria muito bem no papel do conturbado Billy. Quando morreu o estúdio pensou em arquivar o projeto mas com o surgimento de Paul Newman o filme renasceu das cinzas. "Um De Nós Morrerá" não é definitivo, nem muito menos completo, apresenta lacunas enormes da história do famoso criminoso, mas pelo menos adotou uma postura realista - algo que seria seguido em filmes posteriores. Não chega a ser um grande filme mas é um marco nesse sentido, certamente.
Um De Nós Morrerá (The Left Handed Gun, Estados Unidos, 1958) Direção: Arthur Penn / Roteiro: Leslie Stevens baseado na obra de Gore Vidal / Elenco: Paul Newman, Lita Milan, Hurd Hatfield, John Dehner, James Best, James Congdon, Denver Pyle. / Sinopse: Cinebiografia do famoso pistoleiro do velho oeste, Billy The Kid (Paul Newman). Após ver seu patrão morto por um grupo de assassinos contratados por um comerciante rival, Billy e seus colegas resolvem fazer justiça pelas próprias mãos.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 25 de dezembro de 2019
Os Implacáveis
Juntos atravessando as pradarias mais hostis Butch e Eduardo tentam sobreviver aos seus algozes, ao mesmo tempo que tentam recuperar o dinheiro perdido. Obviamente que mesmo partindo de um suposto fato real (a fuga de Butch e sua sobrevivência até a velhice na Bolívia) tudo o que vemos na tela é mera ficção. A produção tem excelente fotografia, fruto da linda região onde o filme foi realizado. Além das montanhas ainda acompanhamos a dupla tentando sobreviver em extensas salinas bolivianas. O elenco é liderado pelo veterano Sam Shepard vivendo o personagem Butch Cassidy. Ele está muito bem por sinal. Tendo sobrevivido a tudo e a todos ele encara a velhice com melancolia e tristeza.
O ritmo é lento, contemplativo e cadenciado, por isso não recomendo para fãs de filmes dewestern mais viris, cheios de ação, tiroteios e mortes. Certamente há conflitos em Blackthorn mas eles são eventuais e pontuais, fazendo parte da trama em si. Curiosamente o filme foi dirigido por um cineasta espanhol, Mateo Gil, que mesmo não sendo americano demonstra boa desenvoltura no desenrolar dos acontecimentos. Em suma recomendamos o filme para os que gostaram do famoso “Butch Cassidy e Sundance Kid” com Paul Newman e Robert Redford. Esse aqui certamente passa longe do brilhantismo do clássico mas serve como curioso epílogo para o que vemos no original. Vale o preço da locação ou do ingresso.
Os Implacáveis (Blackthorn, Estados Unidos, 2011) Direção: Mateo Gil / Roteiro: Miguel Barros / Elenco: Sam Shepard, Eduardo Noriega, Stephen Rea / Sinopse: Envelhecido e escondido na Bolívia por muitos anos o famoso criminoso Butch Cassidy (Sam Shepard) resolve voltar para os Estados Unidos após trocar cartas com um sobrinho que mora lá. Na viagem de volta porém se vê envolvido em uma perseguição envolvendo um engenheiro espanhol que afirma estar sendo caçado por ter sido acusado injustamente de roubo na mina em que trabalhava.
Pablo Aluísio.
Texas Rangers
Porém o elenco de Texas Rangers não se resume apenas a ele. Tem vários atores muito bons trabalhando no filme, como por exemplo, Robert Patrick (de filmes como "Exterminador 2", "Arquivo X'", etc). Outro destaque é Tom Skerritt, veterano ator que poderia render muito mais, se tivesse tido a oportunidade de desenvolver melhor seu personagem. Outras presenças que chamam a atenção são as de Alfred Molina como o vilão, anos antes de se destacar mais em "Homem Aranha 2" e finalmente Ashton Kutcher fazendo mais uma caracterização com um pouco de humor, numa espécie de alívio cômico sutil para o filme. Enfim, "Texas Rangers" pode ser uma boa opção para os que gostam de filmes western. Não é um filme brilhante, mas diverte acima de tudo.
Texas Rangers - Acima da Lei (Texas Rangers, Estados Unidos, 2001) Direção: Steve Miner / Roteiro: Scott Busby baseado no livro de George Durham / Elenco: James Van Der Beek, Robert Patrick, Tom Skerritt, Alfred Molina, Ashton Kutcher, Usher Raymond, Dylan Mcdermott / Sinopse: O filme narra a formação de um novo grupo de homens para combater o crime no velho oeste. Denominados de Texas Rangers, eles formam um grupo de justiceiros a serviço da lei.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 24 de dezembro de 2019
No Tempo das Diligências
O filme também tem todas as características que criaram a fama do cinema de John Ford. A produção foi rodada no cenário mais famoso de sua filmografia, o Monument Valley. Foi a primeira vez que Ford filmou no local e ficou tão fascinado pelo resultado na tela que resolveu voltar lá inúmeras vezes nos anos seguintes, como por exemplo, em "Paixão dos Fortes", "Sangue de Heróis", "Legião Invencível", "Caravana de Bravos", "Rio Bravo", "Rastros de Ódio", "Audazes e Malditos" a até mesmo em seu último faroeste, "Crepúsculo de Uma Raça". O personagem Ringo Kid foi escrito para ser estrelado inicialmente pelo ator Gary Cooper. Já a prostituta Dallas foi criada para ser interpretada pela famosa atriz Marlene Dietrich.
Curiosamente ambos foram descartados do projeto por não terem acertado um cachê adequado ao orçamento do filme. Ford assim escalou John Wayne e Claire Trevor para os personagens, algo que consideraria anos depois um grande acerto pois os dois estão muito bem em cena. Também visando economizar o diretor acabou contratando índios Navajos para a formação do bando Apache de Gerônimo. Tantas economias e cortes de custo acabou virando uma marca registrada da produção que apesar de ser bem simples e direta também é muito eficiente e marcante. Hoje "No Tempo das Diligências" é considerado um dos grandes clássicos do gênero western, de forma muito merecida aliás.
No Tempo das Diligências (Stagecoach, Estados Unidos, 1939) Direção: John Ford / Roteiro: Ernest Haycox, Dudley Nichols / Elenco: John Wayne, Claire Trevor, Andy Devine, John Carradine, George Bancroft / Sinopse: Diligência com sete passageiros tenta atravessar uma região dominada pelo violento e hostil bando do famoso chefe Gerônimo. Vencedor do Oscar nas categorias de melhor ator coadjuvante (Thomas Mitchell) e melhor canção. Indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, diretor, direção de arte (Alexander Toluboff), fotografia em preto e branco (Bert Glennon) e Edição (Otho Lovering e Dorothy Spencer). Vencedor do prêmio de melhor direção (John Ford) pela associação dos críticos de cinema de Nova Iorque.
Pablo Aluísio.
Pequeno Grande Homem
E o que é real e o que é ficção nesse filme? O personagem principal chamado pelos nativos de "Little Big Man" (O pequeno grande homem do título original) foi um personagem real. Ele foi um dos chefes Lakotas que participaram da batalha em que foram massacrados o General Custer e a sétima cavalaria. A questão é que as semelhanças entre a realidade e a ficção param por aí. Embora "Little Big Man" realmente tenha existido ele não era um branco criado por Cheyennes como mostrado no filme. Era um guerreiro do bando de "Cavalo Louco" e dizem ter sido o chefe que tirou o escalpo do famoso general americano após ele ter sido morto. Assim temos uma adaptação importante no enredo histórico. Sai o guerreiro índio e entra um branco, que acabou caindo no meio das guerras indígenas.
Já a visão de Custer no filme é, apesar da sátira, bem mais fiel do que o mostrado em filmes como "O Intrépido General Custer" com Errol Flynn, por exemplo. Se nos antigos filmes Custer era mostrado como um oficial valente e honrado, aqui ele é retratado como um assassino e genocida de crianças e velhos (algo que realmente ocorreu de fato na história). O filme também mostra Buffalo Bill e Wild Bill Hancock, grandes ícones do velho oeste, mas esses personagens, no final das contas, não possuem maior importância dentro desse roteiro de uma forma em geral. Muitas vezes eles acabam servindo apenas como alívios cômicos, o que destoa um pouco do que seria esperado.
O grande destaque do filme em si é a atuação de Dustin Hoffman. Ator extremamente talentoso, ele literalmente segura a produção nas costas, sendo sua atuação muito adequada ao feeling de humor do roteiro. Curiosamente ele não recebeu nenhuma indicação ao Oscar, sendo o ator nativo Chief Dan George lembrado em seu lugar. Uma forma da Academia se redimir um pouco com os índios dos Estados Unidos, que por anos foram retratados pelo cinema apenas como vilões sanguinários. Enfim, não é um filme historicamente correto. Passa longe disso, até porque essa aliás nunca foi a intenção nem do autor do livro original e nem dos produtores do filme. Porém esse faroeste pode certamente ser encarado como um divertido jogo onde realidade e ficção se misturam. O resultado disso não deixou de ser muito bom.
Pequeno Grande Homem (Little Big Man, Estados Unidos, 1970) Direção: Arthur Penn / Roteiro: Calder Willingham baseado no livro de Thomas Berger / Elenco: Dustin Hoffman, Faye Dunaway, Chief Dan George, Martin Balsam, Richard Mulligan, Jeff Corey / Sinopse: "Pequeno Grande Homem" (Dustin Hoffman) é um branco criado por tribos indígenas que ao longo de sua vida acaba presenciando vários eventos importantes na história do velho oeste americano. Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Chief Dan George).
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 23 de dezembro de 2019
Por Um Punhado de Dólares
Esse é um dos grandes clássicos do chamado western spaghetti. O termo que pode até soar engraçado hoje em dia se refere aos faroestes produzidos e rodados na Itália com atores e equipe técnica daquele país, muitas vezes usando pseudônimos americanizados. Como se sabe o Western é um gênero tipicamente norte-americano pois o tema central é justamente a conquista do oeste daquela nação. Os italianos porém não se importaram muito com esse detalhe e a partir da década de 60 intensificaram a produção desse tipo de filme. Além da nacionalidade outras características distinguem bem os filmes italianos dos americanos. A ação é bem mais incessante, não há muita preocupação com roteiros bem elaborados e as interpretações tendem ao exagero, com vilões cartunescos e muita violência. Esse "Por Um Punhado de Dólares" tem tudo isso mas também é uma fita diferenciada. Essa singularidade tem nome: Sergio Leone. Cineasta talentoso, hábil, ele mostra nesse filme porque ainda hoje é um considerado um dos grandes mestres do cinema.
O uso de tomadas ousadas, cenas com muito clima e detalhes, além da combinação muito bem realizada entre trilha sonora e ação fizeram toda a diferença do mundo. As cenas de violência não são ainda tão bem elaboradas como às que veríamos em futuros trabalhos assinados pelo diretor mas aqui já há nitidamente um esboço de seu estilo e forma de trabalhar. O roteiro simplório não impede que Leone consiga mostrar grandes feitos em sua direção. O próprio duelo final é um exemplo, com ótima edição e enquadramento. Para coroar ainda mais esse faroeste temos a presença de um dos grandes atores desse gênero: Clint Eastwood. Aqui ele interpreta o pistoleiro sem nome que chega numa cidadezinha empoeirada no meio do deserto. O local é disputado por dois grupos rivais, ambos violentos e extremamente armados. O personagem de Eastwood então resolve tirar proveito dessa rivalidade. O que se sucede são muitos tiroteios, duelos e cenas de ação bem ao estilo do western spaghetti. A trilha sonora de Ennio Morricone pontua cada cena, cada tensão, cada troca de tiros. Parece ser onipresente. A conclusão que se chega ao final de sua exibição é que embora muitos aspectos do filme estejam datados e ultrapassados ele ainda resiste como um excelente exemplo do tipo de cinema que se realizava na Itália durante a década de 60. Além disso é um ótimo testemunho do talento de Sergio Leone, um diretor de muito tato e inspiração.
Por Um Punhado De Dólares (Per un pugno di dollari, Itália, 1964) Direção: Sergio Leone / Roteiro: A. Bonzzoni, Víctor Andrés / Elenco: Clint Eastwood, Gian Maria Volonté, Marianne Koch / Sinopse: Clnt Eastwood interpreta o pistoleiro sem nome que chega numa cidadezinha empoeirada no meio do deserto. O local é disputado por dois grupos rivais, ambos violentos e extremamente armados. O personagem de Eastwood então resolve tirar proveito dessa rivalidade.
Pablo Aluísio.
Joe Kidd
Esse "Joe Kidd" é mais um filme da fase americana da carreira de Clint Eastwood. Como se sabe ele ficou muitos anos trabalhando na Itália ao lado do diretor Sergio Leone. Com o sucesso de produções como "Por um Punhado de Dólares", "Por uns Dólares a Mais" e "Três Homens em Conflito", Clint virou um astro dos filmes de faroeste. De volta aos Estados Unidos ele começou uma nova safra de filmes do gênero. Esse aqui foi rodado logo após Clint estrelar um de seus grandes sucessos, "Perseguidor Implacável", o primeiro com o personagem do policial durão Dirty Harry.Apesar do êxito comercial desse filme de ação, Clint não queria abandonar o gênero western. "Joe Kidd" é certamente um bom filme, mas ainda fica bem abaixo de outras obras primas que Clint ainda iria participar como "Um Estranho Sem Nome" e "O Cavaleiro Solitário". Esses dois são certamente os melhores que ele fez nos anos seguintes. Mesmo assim não deixa de ser muito bom ver Clint Eastwood dirigido pelo mestre John Sturges, um veterano dos filmes de faroeste, que havia dirigido um dos grandes clássicos do estilo, o aclamado "Sete Homens e um Destino". Com tantos nomes importantes envolvidos em sua realização esse "Joe Kidd" é certamente um item obrigatório na coleção de todo fã de western que se preze.
Joe Kidd (Joe Kidd, Estados Unidos, 1972) Direção: John Sturges / Roteiro: Elmore Leonard / Elenco: Clint Eastwood, Robert Duvall, John Saxon, Don Stroud, Stella Garcia, James Wainwright / Sinopse: Joe Kidd (Clint Eastwood), um ex-caçador de recompensas e pistoleiro, se une ao bando de Frank Harlan (Robert Duvall), para caçar um agitador e bandoleiro mexicano Luis Chama (John Saxon), que almeja vingança contra fazendeiros e colonos americanos que ocuparam terras que tradicionalmente eram pertencentes aos povos do México.
Pablo Aluísio.
domingo, 22 de dezembro de 2019
Shalako
Um grupo de nobres europeus resolve fazer uma viagem pelo velho oeste, uma espécie de safári na América. A intenção é conhecer aquela região selvagem para caçar animais exóticos como leões da montanha e carneiros de chifres. Durante a jornada acabam entrando inadvertidamente em uma reserva Apache. Os brancos não são bem-vindos naquele lugar desde que os nativos firmaram um tratado com o exército americano e por essa razão começam a ser caçados pelos guerreiros da tribo. Apenas o ex-coronel do exército Carlin "Shalako" (Sean Connery) poderá salva a vida daqueles viajantes. Com vasta experiência de sobrevivência no deserto adquirida por anos de serviço militar, ele tentará salvar todas aquelas pessoas da morte certa. Embora Sean Connery tenha atuado em mais de 90 filmes ao longo de sua carreira, ele praticamente não trabalhou em faroestes. Uma exceção foi esse "Shalako", uma produção europeia com jeitão de filme americano que tentou lançar a atriz Brigite Bardot dentro daquele mercado cinematográfico.
A atriz que era um ícone de beleza e fama na época não levava jeito com a língua inglesa e por essa razão estava confinada e interpretar estrangeiras de passagem pela América. É o caso dessa sua personagem nesse filme. Ela é uma condessa em busca de um bom casamento. Para isso acaba participando da expedição patrocinada por um rico barão inglês. Todos vão para o oeste americano em busca de aventuras e diversão, mas tudo o que encontram pela frente são nativos selvagens e hostis. No meio do deserto começam a ser literalmente caçados por Apaches. Apenas a ajuda de um ex-militar veterano que vive de caçar búfalos chamado Shalako poderá garantir que não sejam mortos.
Sean Connery dá vida ao protagonista, um sujeito que se veste como Daniel Boone que tenta sobreviver naquelas terras áridas. Embora se chame Moses Carlin ele acaba adotando o nome que os Índios lhe deram: Shalako! Como todo nome índigena esse também tinha um significado, "Aquele que traz chuvas", já que sempre que entrava nas reservas apaches havia sinais de chuva por vir. Como era de esperar com Connery e Bardot em um mesmo filme os roteiristas logo trataram de criar um improvável romance entre eles. O curioso é que Connery já estava passando da idade de posar de galã romântico e mesmo não estando muito à vontade nessa função até que acabou não se saindo muito mal. Bardot continuava linda, porém já com os primeiros sinais da idade chegando (embora estivesse apenas com 35 anos na época!).
O roteiro do filme é até bem tradicional, sem maiores novidades. Basicamente é um jogo de vida ou morte no meio do deserto entre Apaches e os turistas europeus. Há também um bando de bandidos que roubam esses estrangeiros e entram no meio desse jogo de gato e rato. Em praticamente três atos o filme tem uma conclusão muito boa, nas montanhas, quando Connery resolve levar os viajantes para o topo de platô no meio do deserto em busca de água. Além da escalada (o que já garante ótimas cenas de ação) há ainda um duelo de lanças entre Connery e um Apache no alto da colina (sem dúvida uma boa cena de luta, bem coreografada e executada). Tudo garantindo aquele clima de diversão e aventura bem típico dos filmes da época. A lamentar apenas o fato de que esse seria o último faroeste de Sean Connery que ao que tudo indica não gostou muito da experiência de filmar em um deserto como aquele (que apesar de parecer ser o deserto da Califórnia era na verdade a região de Andalucía, na Espanha, onde vários filmes de western spaghetti foram filmados).
Shalako (Shalako, Inglaterra, Alemanha, 1968) Estúdio: Palomar Pictures International / Direção: Edward Dmytryk / Roteiro: James Griffith, baseado no livro de Louis L'Amour / Elenco: Sean Connery, Brigitte Bardot, Stephen Boyd / Sinopse: Grupo de europeus da nobreza decide ir até o oeste dos Estados Unidos para caçar naquela região considerada selvagem por todos eles. Só que uma vez nesse deserto hostil eles passam a ser caçados por nativos e guerreiros locais.
Pablo Aluísio.
sábado, 21 de dezembro de 2019
Sem Lei e Sem Alma
Burt Lancaster e Kirk Douglas estão perfeitos em seus papéis. Kirk Douglas em especial encontrou grande afinidade entre sua própria personalidade expansiva e extrovertida e a figura do lendário Doc Holliday. Esse como já tive a oportunidade de escrever é realmente um personagem à prova de falhas. Um dentista corroído pela tuberculose que ocupava todo seu tempo jogando cartas e se envolvendo em confusões pelas cidadezinhas por onde passava. O que fazia de Doc um ótimo pistoleiro é que seu instinto de preservação já não era tão acentuado pois sempre se via no limite, à beira da morte, por isso para ele tanto fazia morrer em um tiroteio ou escapar vivo para mais um duelo à frente. Sua frieza e pontaria certeira o transformaram em uma lenda do velho oeste. Já Wyatt Earp também encontrou um ator ideal em Burt Lancaster. Íntegro, honesto e temido, procurava manter a lei em uma região infestada de facínoras e bandoleiros. O duelo no O.K. Curral foi apenas uma das inúmeras histórias envolvendo esse famoso homem da lei.
Para finalizar é bom salientar que a despeito de sua imensa qualidade cinematográfica, "Sem Lei e Sem Alma" não é completamente fiel aos fatos históricos. O próprio duelo final, razão de existência do filme, não ocorreu da forma mostrada no filme. De fato os eventos reais foram bem mais simples, pois os dois grupos rivais estavam frente a frente, a poucos metros uns dos outros. No filme há toda uma sequência de cenas que não existiram, como a queima da carroça, por exemplo. Johnny Ringo, o famoso pistoleiro, também não estava no confronto do O.K. Ele foi morto tempos depois no meio do deserto. Suspeita-se que foi morto por Doc Holliday pois ambos tinham uma rivalidade antiga que só seria resolvida com armas em punho. De qualquer forma esses detalhes em nada diminuem a extrema qualidade de "Sem Lei e Sem Alma", que hoje é considerado merecidamente um dos melhores filmes clássicos de western já realizados. Uma obra-prima certamente.
Pablo Aluísio.
De Arma em Punho
O filme foi rodado praticamente todo dentro do estúdio. Existem cenas em locações reais mas essas são geralmente pontuais, feitas com uma segunda unidade. As principais seqüências que contam com Scott e o elenco principal são praticamente todas recriadas em cenários dentro dos estúdios da Warner. Hoje em dia esse tipo de técnica é facilmente perceptível. Alguns não gostam pois soa artificial mas pessoalmente acho tudo muito charmoso e elegante. O horizonte ao longe é pintado, por exemplo, mas tudo com tão bom gosto que não há como se aborrecer com detalhes assim.
Além dos costumeiros tiroteios e perseguições “De Arma em Punho” ainda tem uma dupla de atores mais cômicos (um se veste de mulher para enganar os rebeldes) e duas sequências musicais com canções cantadas em espanhol pela atriz e intérprete Lina Romay. Para os fãs de Randolph Scott é bom salientar que "Stardust", seu lindo cavalo Palomino branco e marrom, está em cena, mostrando todo seu porte imponente e beleza. Em conclusão é isso, mais um bom filme com Scott que ainda conta com o diferencial de mostrar pequenos toques de mistério e tramas políticas. "De Arma em Punho" é um eficiente western da década de 50 que deve ser assistido pelos fãs do gênero.
De Arma em Punho (The Man Behind the Gun, Estados Unidos, 1953) Direção: Felix E. Feist / Roteiro: John Twist, Robert Buckner / Elenco: Randolph Scott, Patrice Wymore, Dick Wesson / Sinopse: Um forasteiro recém chegado a Los Angeles pode ser tanto um simples professor como um perigoso pistoleiro e desertor do exército norte-americano. A região está instável pois um grupo rebelde luta pela secessão do sul da Califórnia do resto do país.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 20 de dezembro de 2019
O Matador
O personagem Jimmy Ringo interpretado por Gregory Peck é inspirado no famoso pistoleiro Johnny Ringo. Esse foi um dos mais famosos foras-da-lei do velho oeste. Sua história é bem conhecida por historiadores e especialistas no assunto. Ele era inimigo declarado do famoso xerife Wyatt Earp e seus irmãos, além de possuir uma grande rixa pessoal com o famoso Doc Holliday. De fato ambos se odiavam. Quase sempre se encontrando em esfumaçados saloons a dupla entrou em confronto várias vezes. Infelizmente o roteiro de “O Matador” esqueceu de citar Doc na história de Ringo, embora não tenha esquecido de colocar Wyatt Earp no enredo. Aliás é bom frisar que muita coisa ficou fora da produção, o que é compreensível, pois o filme não se propõe a ser uma biografia de Ringo, mas apenas ser um bom western psicológico – o que faz muito bem.
Na história real Ringo foi o principal suspeito da morte de Virgil Earp, irmão do famoso xerife. Algum tempo depois foi encontrado morto no deserto e sua morte até hoje é motivo de controvérsias. Algumas teorias afirmam que ele encontrou-se finalmente com Doc Holliday em uma última e decisiva vez e que teria sido morto em um duelo mortal contra o famoso pistoleiro, mas nada disso é mostrado no filme. Seu destino aliás toma outros rumos no roteiro dessa produção, de forma totalmente ficcional. O resultado final, apesar das omissões históricas propositais, é de alto nível. Até hoje “O Matador” é citado em livros e revistas especializadas sobre cinema e western, sendo considerado um dos grandes faroestes do cinema americano. Johnny Ringo apareceria em muitas outras ocasiões no cinema, geralmente retratado como vilão sanguinário. O que importa aqui é a forma como parte de sua história é contada. Impossível não recomendar “O Matador”, um filme obrigatório para quem gosta da história do oeste selvagem.
O Matador (The Gunfighter, Estados Unidos, 1950) Direção: Henry King / Roteiro: William Bowers, William Sellers / Elenco: Gregory Peck, Helen Westcott, Millard Mitchell, Karl Malden, Jean Parker, Skip Homeier / Sinopse: Jimmy Ringo (Gregory Peck) é um famoso pistoleiro no velho oeste que vai até uma pequena cidade para conhecer seu filho, um garoto de 8 anos que há muito tempo não vê. No caminho começa a ser perseguido por três irmãos de um dos cowboys que matou durante um duelo em um saloon. O confronto se mostra inevitável e tudo se torna apenas uma questão de tempo.
Pablo Aluísio.
Raça Brava
O elenco é liderado por James Stewart. Aqui ele prefere uma caracterização bem mais caricata pois seu personagem, um cowboy caipira, fala com forte sotaque. Stewart parece seguir o tom mais cômico do roteiro. A grande surpresa no elenco feminino vem com a dama Maureen O´Hara de tantos filmes clássicos. Preferida de grandes diretores como John Ford, Henry King e Alfred Hitchcock aqui ela tenta se adaptar a um tipo de produção diferente. A elegante atriz empresta muito glamour à sua personagem, uma britânica viúva que tenta a sorte no velho oeste. Na direção temos o também britânico Andrew V. McLaglen que iria nos anos seguintes iniciar uma produtiva parceria ao lado de um de seus atores preferidos, John Wayne. Em suma, “The Rare Breed” é um faroeste bucólico, levemente bem humorado, com muitas paisagens de cartão postal e um elenco carismático. Uma produção bonita e bem fotografada que vai interessar em especial os criadores de gado da raça Hereford.
Raça Brava (The Rare Breed, Estados Unidos, 1966) Direção: Andrew V Mclaglen / Roteiro. Ric Hardman / Elenco: James Stewart, Maureen O'Hara, Brian Keith, Juliet Mills, Don Galloway, Jack Elam, Ben Johnson / Sinopse: Martha Price (Maureen O'Hara) é uma viúva que ao lado de sua filha, Hilary (Juliet Mills), e do cowboy Sam Burnett (James Stewart) resolve partir para o distante Texas com o objetivo de implantar a criação de gado da raça Hereford na região. A iniciativa dela esbarra na mentalidade dos fazendeiros texanos que acham o animal inapropriado para criação por causa do clima hostil e inóspito.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 19 de dezembro de 2019
Os Gays de Hollywood
Em suas estórias poucos astros se salvam. A lista é longa: Rock Hudson, Errol Flynn, Cary Grant, Marlon Brando, Charles Laughton, Montgomery Clift, Katharine Hepburn, Spencer Tracy, Tyrone Power, Rita Hayworth, Mae West, Laurence Olivier, Vincent Price, Randolph Scott, Sal Mineo, Judy Garland e muitos outros. Bowers que está com 88 anos, diz que não queria levar todas essas picantes estórias que viveu para o túmulo e por isso agora. no final da vida, resolveu contar tudo, afinal a grande maioria dos astros já estão mortos. Alguns relatos são de primeira pessoa onde o autor afirma que vivenciou tudo, outros porém ele deixa claro que conhece apenas por “ouvir dizer”, até porque seria simplesmente impossível alguém ser próximo de tantos atores e atrizes ao mesmo tempo. Para gozar da intimidade da vida privada de tanta gente, Bowers teria que ser simplesmente o mais bem relacionado membro da comunidade em Hollywood naqueles anos e até mesmo ele sabe que ninguém acreditaria em tal coisa.
Do que afirma ter vivenciado realmente, um dos casos mais interessantes e chamativos é o que envolve a atriz Katharine Hepburn. Uma das profissionais mais premiadas da história, ela chamava a atenção por nunca ter se casado. Na boca miúda se dizia que tinha um caso escondido com Spencer Tracy, que era casado. Para Bowers tudo não passava de uma farsa. Ele afirma que Hepburn era lésbica e... voraz. Em seu texto o autor diz ter enviado a ela ao longo de vários anos mais de cem mulheres. O suposto romance proibido com Spencer Tracy era assim apenas uma desculpa para encobrir também a homossexualidade do veterano ator. Hepburn se vestia como homem, com ternos de longas ombreiras e não gostava da companhia de outras mulheres como amigas. Bowers vai mais longe e diz que ela tinha uma pele ruim e péssimos hábitos de higiene. Outro que não escapa das revelações de Bowers é o galã Tyrone Power. Embora gostasse também de mulheres (teve vários relacionamentos ao longo da vida com elas) Bowers diz que ele tinha mesmo era uma uma queda especial por jovens latinos, bem apessoados. Chegou a flertar com Rock Hudson, outro galã muito famoso da era de ouro do cinema americano, mas nunca tiveram um caso amoroso.
Por falar em Rock Hudson ele ocupa várias páginas do livro de Bowers. Esse era outro astro com grande apetite sexual. Geralmente dava festas só para rapazes em sua grande mansão nas colinas de Hollywood. Enchia a piscina de jovens aspirantes dispostos a tudo para ganhar um papel em algum de seus filmes. Seu fraco era por jovens loiros e altos, de preferência bronzeados de praia. Se tivessem bigode então cairiam no tipo perfeito na preferência de Hudson. Gostava de brincar dizendo que nem sabia o nome dos amantes, geralmente chamando os loiros de “Bruce” e os morenos de “Carl”. No fim da tarde todos iam para sua sauna particular onde aconteciam grandes orgias gays. Assim que se tornou o astro número 1 em popularidade em Hollywood o estúdio apressou-se em lhe casar com uma secretária de seu agente para encobrir sua homossexualidade, uma vez que sua fama de o “homem preferido da América” valia milhões de dólares. A coisa não deu certo e Rock se separou em pouco tempo voltando para sua rotina de devassidão sexual. Só assumiu publicamente que era gay em seus últimos dias. O ator estava morrendo de AIDS e a imprensa não o deixava em paz. Para dar um bom exemplo e chamar a atenção de todos para o perigo da nova doença, ele finalmente saiu do armário, após ter ficado quase cinquenta anos dentro dele.
Os grandes atores também não escapam. Montgomery Clift seria um gay enrustido e esnobe. James Dean um bissexual porcalhão que tinha problemas com doenças venéreas. Brando um sujeito confuso que gostava de tratar as mulheres como objeto enquanto se apaixonava por homens mais velhos. Nem o mito dos filmes de terror Vincent Price escapa. Para Bowers ele era um gay metido a grã fino que colecionava obras de artes e encontros homossexuais furtivos. Já Randolph Scott e Cary Grant formariam um dos casais gays mais famosos de Hollywood segundo Bowers. Morando juntos e promovendo grandes festas em sua mansão discreta e luxuosa nos arredores de Beverly Hills. No tocante a esse suposto romance encontramos vários problemas. Grant sabia que era alvo de fofocas há muito tempo e no final da vida processou um humorista que fez uma piada na TV sobre sua suposta sexualidade. Ele teve inúmeros casos amorosos com atrizes famosas e se casou várias vezes. Recentemente sua filha lançou um livro negando que seu pai era gay. Outro que saiu em defesa do pai foi o filho de Randolph Scott, Christopher, que também negou veemente em suas memórias que o eterno cowboy do cinema fosse gay. Scott foi casado muitos anos com a mesma mulher e tudo leva a crer que nada de fato aconteceu, apenas amizade no começo de carreira de ambos. As fofocas porém até hoje são conhecidas.
Hollywood se orgulhava de ser livre de preconceitos, cosmopolita e avançada. Mesmo quando alguma história de homossexualidade se tornava notória dentro da comunidade muito raramente chegava na imprensa sensacionalista. Não havia dentro dos estúdios uma penalização ou punição apenas pelo fato do ator ou atriz serem gays, apenas tinha-se um certo cuidado para que sua vida privada não chegasse ao público, prejudicando sua popularidade. Por isso arranjou-se um casamento para Rock Hudson. Dentro da Universal todos sabiam que ele era gay, mas nada era dito sobre isso fora dos portões do grande estúdio. O grande cineasta George Cukor também é alvo nas páginas de Bowers, mas parece ser um caso isolado de diretor gay. O fato porém é que nem todo mundo era gay em Hollywood, nem mesmo na mente de Bowers. Escapam de sua escrita atores que eram obviamente heterossexuais naqueles dias como Paul Newman, Tony Curtis, Charlton Heston, Elvis Presley, Steve McQueen, John Wayne (imaginem esse símbolo do machão do velho oeste como gay!), entre outros.
Os galãs sempre foram muito visados. Nos anos seguintes surgiram boatos de que Richard Gere, John Travolta e até mesmo Tom Cruise eram gays. Richard Gere ficava extremamente aborrecido com essas fofocas. Ele teve romances com modelos internacionais, mas nem isso apagou essa fama de homossexual. Irritado, mandou publicar uma nota em um grande jornal americano negando tudo. Seu ato pegou muito mal entre a comunidade LGBT americana. Parecia que ele se defendia de um crime que havia cometido. Foi um erro lamentável de sua parte. Já John Travolta foi apontado como um gay no armário logo que começou a fazer sucesso. Boatos circulavam no começo de sua carreira. Depois ele entrou para uma religião chamada Cientologia e se casou com a atriz Kelly Preston. Com isso as fofocas foram aos poucos desaparecendo.
Do lado das mulheres houve casos famosos também. Jodie Foster conviveu por anos e anos com fofocas de que seria lésbica. Ela nunca era vista com namorados em eventos sociais de Hollywood e sua vida privada era fechada a sete chaves. Atriz e diretora de talento, parecia obcecada em esconder suas preferências sexuais. Conforme a carreira foi ficando mais bem sucedida, mais a imprensa marrom corria atrás de algum escândalo, até que anos depois, cansada da perseguição da imprensa, decidiu assumir que era lésbica e que vivia há anos com uma mulher. Foi um alívio sair do armário. Já a apresentadora de TV Ellen DeGeneres não apenas assumiu seu caso com a atriz Anne Heche, como se tornou ativista da causa. Pena que no caso dela seu relacionamento não tenha durado muito. Anne Heche se separou dela e depois se apaixonou por um homem, casando com ele e tendo filhos. Mesmo assim DeGeneres continuou seu ativismo em prol dos direitos dos homossexuais.
A melhor atitude em relação a esse tema parece ter sido mesmo a do ator George Clooney. Solteirão convicto, ele não escapou das venenosa línguas de fofoqueiras de Hollywood. A imprensa marrom sempre insinuava que ele seria um gay enrustido dentro do armário. Por que não se casa? Por que não tem filhos? O que o impede de se casar? Cansado desse tipo de boato, o ator foi direto ao ponto. Perguntado por uma jornalista no tapete vermelho do Oscar o ator abriu o sorriso e disse: "Eu sou gay mesmo! Pode publicar aí no seu jornal". Claro, não era verdade, mas sim um ato de solidariedade com a comunidade gay, sempre perseguida por publicações escandalosas. No final vale a resposta de Mae West ao ser informada de que Rock Hudson era gay. Ela sorriu e disse: "Ele era gay? Sorte dos gays. Deixem essas pessoas ser felizes!".
Pablo Aluísio.
Hollywood vai à guerra!
Um dos maiores exemplos de patriotismo veio de James Stewart. Criado no interior, com fortes valores cívicos, Stewart resolveu se apresentar nas forças armadas como um cidadão comum, desprovido de qualquer privilégio. Para tanto acabou entrando nas fileiras de sua tropa como um simples militar da força aérea. Depois, aos poucos, foi subindo dentro da hierarquia militar. Sua boa postura acabou elevando o ator a uma posição de destaque. James Stewart participou de muitas operações e viu de perto algumas das principais batalhas da guerra. Quando deu baixa recebeu a honrosa patente de Coronel, pois havia se tornado piloto de bombardeiros americanos na Europa ocupada pelos nazistas. O curioso é que ele voltaria a interpretar esse mesmo papel em um conhecido filme de guerra chamado "Comando do Ar" que era praticamente uma versão para o cinema do que ele teria vivido durante seu serviço militar na Segunda Guerra Mundial.
Os diretores também entraram no esforço de guerra. Um dos mais famosos, John Ford, logo entrou no campo de documentação e filmagem do exército americano, participando dos registros de várias operações famosas, inclusive do Dia D, quando os países aliados finalmente invadiram a França ocupada por tropas nazistas. Enquanto as tropas aliadas desembarcavam nas praias da Normandia sob fogo pesado dos alemães, a equipe de Ford corajosamente filmava tudo, deixando importantes registros históricos reais do maior conflito da humanidade.
John Wayne já tinha passado da idade certa para prestar o serviço militar, mas participou da guerra vendendo bônus e fazendo publicidade das tropas americanas, em um vasto trabalho para levantar o moral dos soldados americanos no campo de batalha. Ele também decidiu deixar os filmes de western de lado para se engajar numa série de filmes de teor nacionalista a patriótico como os famosos "Tigres Voadores" e "Fomos os Sacrificados". E depois que a guerra acabou, John Wayne continuou a estrelar filmes que reverenciavam a bravura dos militares americanos, como um de seus maiores sucessos, "Iwo Jima - O Portal da Glória" que recriava uma das mais sangrentas lutas da guerra no Pacífico. Ainda hoje esse é considerado um dos maiores e melhores filmes de guerra já feitos por Hollywood.
Já o chamado trio rebelde de Hollywood conseguiu escapar da guerra. Marlon Brando não conseguiu ser habilitado para o serviço militar por ter o joelho destroçado em seus anos como jogador de futebol americano no colégio militar onde estudou. Jovem e na idade certa para servir à guerra, Brando foi dispensado e ficou em Nova Iorque para dar inicio a uma das carreiras mais marcantes da história do cinema. Outro que escapou do front foi o rebelde James Dean. Até hoje pairam dúvidas sobre a razão da dispensa de Dean das forças armadas, mas em biografias recentes o mistério foi desvendado. James Dean abriu o jogo para o agente de convocação e disse que era gay e que morava com um homem em um apartamento de Nova Iorque. A guerra já havia acabado e ele se viu livre do serviço militar. Diante de sua opção declarada logo foi descartado pelo exército americano.
Outro que escapou foi Montgomery Clift. Ele odiava guerras, era um pacifista de coração, mas isso por si não seria motivo para ser dispensado do serviço militar. Ele se apresentou nas fileiras e seguiu todos os procedimentos de alistamento. O que afinal salvou Clift da guerra foi seu corpo franzino e frágil, que foi considerado inadequado para o corpo de fuzileiros navais. Isso aliás não deixou de ser uma grande ironia pois anos mais tarde Clift faria dois grandes clássicos dos filmes de guerra, "A Um Passo da Eternidade" e "Os Deuses Vencidos" mostrando que nem sempre a vida realmente imitava a arte. Afinal se não foi um militar na vida real se tornou um excelente soldado das telas.
Frank Sinatra também enfrentou problemas semelhantes, mas no caso dele parece que sua fuga do exército foi proposital. O ator alegou que tinha problemas de saúde e usando de influência entre militares de alta patente conseguiu ser dispensado. A imprensa porém pegou no seu pé imediatamente. Com pavor de ser chamado de covarde ele começou a trabalhar em prol da venda de bônus de guerra. Já atrizes como Shirley Temple e Judy Garland se dedicaram a fazer shows para os soldados. Elas foram para a Europa e se apresentavam em campos para soldados que estavam na linha de frente do campo de batalha. Já Marilyn Monroe era apenas uma mocinha na época. Mesmo assim conseguiu colher frutos positivos em sua vida. Trabalhando como operária numa fábrica de aviões militares em Los Angeles sua beleza chamou a atenção de um fotógrafo que tirou algumas fotos dela em seu macacão de fábrica. As fotografias foram publicadas em grandes revistas de circulação nacional e isso deu o pontapé inicial em sua carreira de modelo. Em suma, a guerra mudou a vida de muitos astros e estrelas de Hollywood. Foi um acontecimento histórico que marcou toda uma geração.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 18 de dezembro de 2019
Lord Jim
Título Original: Lord Jim
Ano de Produção: 1965
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Columbia British Productions
Direção: Richard Brooks
Roteiro: Richard Brooks
Elenco: Peter O'Toole, James Mason, Curd Jürgens, Eli Wallach, Jack Hawkins. Paul Lukas
Sinopse:
Com roteiro baseado no romance escrito por Joseph Conrad, o filme narra as aventuras de um marinheiro britânico que após um ato de covardia decide se redimir, se tornando o líder amado de um grupo de nativos em uma região distante da civilização.
Comentários:
Não tão ousado como o livro que lhe deu origem, mas igualmente bom em termos de resultado artístico, essa adaptação para o cinema de "Lord Jim" segue sendo reconhecida pela crítica. O filme tem alguns trunfos, algumas cartas na manga que o redime de alguns erros de adaptação. Uma delas é o excelente elenco que contava com ninguém menos do que o grande ator Peter O'Toole, aqui em interpretação que me lembrou em alguns momentos de seu grande momento no cinema, "Lawrence da Arábia". Temos também um excelente grupo de atores coadjuvantes como o próprio Eli Wallach, ator muito bom que sempre foi subestimado em Hollywood. Ele interpreta um sujeito violento e sádico chamado simplesmente de "O General". Outro aspecto positivo são as locações em que a produção foi filmada, nos mares da China, Camboja e Malásia. Isso rendeu excelente fotografia a um filme marcado pelo sabor da aventura e do exotismo dos lugares onde foi realizado. Filme indicado ao BAFTA Awards nas categorias de Melhor Direção e Melhor Direção de Fotografia (Freddie Young).
Pablo Aluísio.
A Paixão de uma Vida
Tudo o que se vê na tela foi baseado em fatos reais, na vida do próprio Marty. É um filme bem carinhoso com seu protagonista, o retratando como um homem duro, porém de bom coração. Afetuoso com os alunos acabou se tornando um símbolo de West Point pois gerações de futuros militares o conheceram bem quando estudaram lá. O filme foi dirigido pelo mestre John Ford e pode ser considerado uma de suas obras cinematográficas mais leves e despretensiosas. O diretor criou um carinho especial por seu personagem principal, levando o galã Tyrone Power para interpretá-lo tanto na juventude como na velhice onde o ator surge com maquiagem pesada, o retratando como um velho. Nas duas situações ele está muito bem, mostrando que Power tinha sim talento dramático e não era apenas um rostinho bonito em Hollywood como muitos o trataram por anos a fio, durante sua carreira.
A Paixão de uma Vida (The Long Gray Line, Estados Unidos, 1955) Direção: John Ford / Roteiro: Edward Hope, baseado no livro "Bringing Up the Brass" de Marty Maher / Elenco: Tyrone Power, Maureen O'Hara, Robert Francis / Sinopse: O filme conta a história real de Martin 'Marty' Maher (Power), imigrante irlândes que durante décadas trabalhou na famosa academia militar de West Point onde se tornou querido por gerações de alunos que por lá passaram.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 17 de dezembro de 2019
007 Contra o Satânico Dr. No
Curiosamente esse primeiro James Bond não está entre os meus preferidos. Considero que as coisas ainda não estavam encaixadas definitivamente. O estúdio ainda procurava por uma adaptação perfeita, algo que só iria acontecer alguns anos depois. A produção assim tem alguns problemas relacionados mesmo com a falta de experiência em adaptar James Bond para o cinema. O roteiro surge por isso bem formulaico, simplificado, para que as pessoas viessem a conhecer bem o personagem principal. Sean Connery se saiu bem, mesmo sendo "marinheiro de primeira viagem". Ele teve sorte também porque a atriz Ursula Andress foi contratada para ser a primeira "Bond-Girl". Sua cena saindo do mar, de biquini provocante branco, com uma faca de caça na cintura ainda hoje é lembrada. Em suma, eis aqui o surgimento de Bond nos cinemas tal como conhecemos. Entre erros e acertos uma coisa ficou clara: havia muito potencial para esse agente inglês na sétima arte.
007 Contra o Satânico Dr. No (Dr. No, Inglaterra, 1962) Direção: Terence Young / Roteiro: Richard Maibaum, Johanna Harwood, baseados na obra de Ian Fleming / Elenco: Sean Connery, Ursula Andress, Bernard Lee, Jack Lord / Sinopse: O agente James Bond (Connery) é designado para uma nova missão. Ele terá que descobrir o paradeiro e os planos de destruição de um estranho vilão, conhecido apenas como Dr. No. Filme premiado pelo Globo de Ouro na categoria de Melhor revelação feminina (Ursula Andress).
Pablo Aluísio.