segunda-feira, 19 de agosto de 2024
Uma Mulher Original
Título Original: Susan and God
Ano de Produção: 1940
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: George Cukor
Roteiro: Anita Loos, Rachel Crothers
Elenco: Joan Crawford, Fredric March, Rita Hayworth, Ruth Hussey, John Carroll, Nigel Bruce
Sinopse:
Susan Trexel (Joan Crawford) é uma socialite rica, que enquanto passa férias na Europa acaba experimentando uma transformação religiosa em sua vida. Em seu retorno aos Estados Unidos, Susan assume a tarefa de espalhar sua nova experiência religiosa para seus amigos mais próximos, mas acaba enlouquecendo todos eles com suas manias. Enquanto isso, seu marido Barrie e a filha Blossom anseiam por uma vida familiar mais estável e normal, o que daqui para frente não será tão fácil.
Comentários:
Uma produção de complicada definição. Embora seja classificado como um drama também tem vários toques de comédia de costumes em toda a estória. O elenco de apoio é muito bom, com destaque para uma jovenzinha atriz chamada Rita Hayworth! Ela está muito charmosa e bonita, com um longo vestido preto, dançando e cantando durante uma festa grã-fina. Por falar em ricos, o enredo se passa no meio deles, com figurinos elegantes, passeios a cavalo e muito glamour. O roteiro também explora os problemas do alcoolismo. Com tantos ingredientes em um só filme, não é de se admirar que tenha sido tão elogiado em seu lançamento. A diva absoluta Joan Crawford tinha esperanças de ser indicada ao Oscar por esse trabalho, principalmente por estar ao lado em cena, pela primeira vez, com o ator Fredric March. Fato amplamente divulgado e explorado pelo próprio estúdio na promoção do filme, mas não conseguiu a indicação, fato que a deixou furiosa! Em suma, belo trabalho do genial George Cukor, um dos mais elegantes cineastas que já passaram por Hollywood.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 13 de março de 2023
A Dama de Shanghai
segunda-feira, 25 de abril de 2022
Gilda
Título Original: Gilda
Ano de Produção: 1946
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Charles Vidor
Roteiro: E.A. Ellington, Jo Eisinger
Elenco: Rita Hayworth, Glenn Ford, George Macready, Joseph Calleia, Steven Geray, Joe Sawyer
Sinopse:
Gilda (Rita Hayworth) é uma dançarina de clubes noturnos que acaba se envolvendo com um influente dono de cassinos. Só que seu coração não pertence apenas a ele, pois ela também tem interesses em outro homem, dando origem a um perigoso triângulo amoroso.
Comentários:
O que torna um filme um clássico do cinema ou um cult movie? Veja o caso desse "Gilda". Lançado no período do pós-guerra era para ser apenas um filme B da Columbia, uma produção sem maiores pretensões a não ser faturar bem com a beleza e o sex appeal da atriz Rita Hayworth. A crítica da época achou o filme apenas mediano, mas com o passar dos anos "Gilda" foi se tornando cada vez mais cultuado, até chegar no patamar que temos hoje. É um dos filmes mais cultuados da história do cinema americano. Entendo que seu estilo que flerta com o cinema noit e a presença exuberante de Rita tenha contribuído para isso tudo, mas ao meu ver o filme não é tão grandioso como se pode pensar. É um bom filme, não me entenda mal, mas não fica entre as grandes Obras-Primas. Ao que me parece o filme deve muito à figura de Rita Hayworth, linda e sensual cantando "Put Blame on Me", insinuando um striptease, em erotismo suave inédito na época. Fora isso é apenas um filme normal, nada de muito memorável.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 19 de dezembro de 2019
Os Gays de Hollywood
Em suas estórias poucos astros se salvam. A lista é longa: Rock Hudson, Errol Flynn, Cary Grant, Marlon Brando, Charles Laughton, Montgomery Clift, Katharine Hepburn, Spencer Tracy, Tyrone Power, Rita Hayworth, Mae West, Laurence Olivier, Vincent Price, Randolph Scott, Sal Mineo, Judy Garland e muitos outros. Bowers que está com 88 anos, diz que não queria levar todas essas picantes estórias que viveu para o túmulo e por isso agora. no final da vida, resolveu contar tudo, afinal a grande maioria dos astros já estão mortos. Alguns relatos são de primeira pessoa onde o autor afirma que vivenciou tudo, outros porém ele deixa claro que conhece apenas por “ouvir dizer”, até porque seria simplesmente impossível alguém ser próximo de tantos atores e atrizes ao mesmo tempo. Para gozar da intimidade da vida privada de tanta gente, Bowers teria que ser simplesmente o mais bem relacionado membro da comunidade em Hollywood naqueles anos e até mesmo ele sabe que ninguém acreditaria em tal coisa.
Do que afirma ter vivenciado realmente, um dos casos mais interessantes e chamativos é o que envolve a atriz Katharine Hepburn. Uma das profissionais mais premiadas da história, ela chamava a atenção por nunca ter se casado. Na boca miúda se dizia que tinha um caso escondido com Spencer Tracy, que era casado. Para Bowers tudo não passava de uma farsa. Ele afirma que Hepburn era lésbica e... voraz. Em seu texto o autor diz ter enviado a ela ao longo de vários anos mais de cem mulheres. O suposto romance proibido com Spencer Tracy era assim apenas uma desculpa para encobrir também a homossexualidade do veterano ator. Hepburn se vestia como homem, com ternos de longas ombreiras e não gostava da companhia de outras mulheres como amigas. Bowers vai mais longe e diz que ela tinha uma pele ruim e péssimos hábitos de higiene. Outro que não escapa das revelações de Bowers é o galã Tyrone Power. Embora gostasse também de mulheres (teve vários relacionamentos ao longo da vida com elas) Bowers diz que ele tinha mesmo era uma uma queda especial por jovens latinos, bem apessoados. Chegou a flertar com Rock Hudson, outro galã muito famoso da era de ouro do cinema americano, mas nunca tiveram um caso amoroso.
Por falar em Rock Hudson ele ocupa várias páginas do livro de Bowers. Esse era outro astro com grande apetite sexual. Geralmente dava festas só para rapazes em sua grande mansão nas colinas de Hollywood. Enchia a piscina de jovens aspirantes dispostos a tudo para ganhar um papel em algum de seus filmes. Seu fraco era por jovens loiros e altos, de preferência bronzeados de praia. Se tivessem bigode então cairiam no tipo perfeito na preferência de Hudson. Gostava de brincar dizendo que nem sabia o nome dos amantes, geralmente chamando os loiros de “Bruce” e os morenos de “Carl”. No fim da tarde todos iam para sua sauna particular onde aconteciam grandes orgias gays. Assim que se tornou o astro número 1 em popularidade em Hollywood o estúdio apressou-se em lhe casar com uma secretária de seu agente para encobrir sua homossexualidade, uma vez que sua fama de o “homem preferido da América” valia milhões de dólares. A coisa não deu certo e Rock se separou em pouco tempo voltando para sua rotina de devassidão sexual. Só assumiu publicamente que era gay em seus últimos dias. O ator estava morrendo de AIDS e a imprensa não o deixava em paz. Para dar um bom exemplo e chamar a atenção de todos para o perigo da nova doença, ele finalmente saiu do armário, após ter ficado quase cinquenta anos dentro dele.
Os grandes atores também não escapam. Montgomery Clift seria um gay enrustido e esnobe. James Dean um bissexual porcalhão que tinha problemas com doenças venéreas. Brando um sujeito confuso que gostava de tratar as mulheres como objeto enquanto se apaixonava por homens mais velhos. Nem o mito dos filmes de terror Vincent Price escapa. Para Bowers ele era um gay metido a grã fino que colecionava obras de artes e encontros homossexuais furtivos. Já Randolph Scott e Cary Grant formariam um dos casais gays mais famosos de Hollywood segundo Bowers. Morando juntos e promovendo grandes festas em sua mansão discreta e luxuosa nos arredores de Beverly Hills. No tocante a esse suposto romance encontramos vários problemas. Grant sabia que era alvo de fofocas há muito tempo e no final da vida processou um humorista que fez uma piada na TV sobre sua suposta sexualidade. Ele teve inúmeros casos amorosos com atrizes famosas e se casou várias vezes. Recentemente sua filha lançou um livro negando que seu pai era gay. Outro que saiu em defesa do pai foi o filho de Randolph Scott, Christopher, que também negou veemente em suas memórias que o eterno cowboy do cinema fosse gay. Scott foi casado muitos anos com a mesma mulher e tudo leva a crer que nada de fato aconteceu, apenas amizade no começo de carreira de ambos. As fofocas porém até hoje são conhecidas.
Hollywood se orgulhava de ser livre de preconceitos, cosmopolita e avançada. Mesmo quando alguma história de homossexualidade se tornava notória dentro da comunidade muito raramente chegava na imprensa sensacionalista. Não havia dentro dos estúdios uma penalização ou punição apenas pelo fato do ator ou atriz serem gays, apenas tinha-se um certo cuidado para que sua vida privada não chegasse ao público, prejudicando sua popularidade. Por isso arranjou-se um casamento para Rock Hudson. Dentro da Universal todos sabiam que ele era gay, mas nada era dito sobre isso fora dos portões do grande estúdio. O grande cineasta George Cukor também é alvo nas páginas de Bowers, mas parece ser um caso isolado de diretor gay. O fato porém é que nem todo mundo era gay em Hollywood, nem mesmo na mente de Bowers. Escapam de sua escrita atores que eram obviamente heterossexuais naqueles dias como Paul Newman, Tony Curtis, Charlton Heston, Elvis Presley, Steve McQueen, John Wayne (imaginem esse símbolo do machão do velho oeste como gay!), entre outros.
Os galãs sempre foram muito visados. Nos anos seguintes surgiram boatos de que Richard Gere, John Travolta e até mesmo Tom Cruise eram gays. Richard Gere ficava extremamente aborrecido com essas fofocas. Ele teve romances com modelos internacionais, mas nem isso apagou essa fama de homossexual. Irritado, mandou publicar uma nota em um grande jornal americano negando tudo. Seu ato pegou muito mal entre a comunidade LGBT americana. Parecia que ele se defendia de um crime que havia cometido. Foi um erro lamentável de sua parte. Já John Travolta foi apontado como um gay no armário logo que começou a fazer sucesso. Boatos circulavam no começo de sua carreira. Depois ele entrou para uma religião chamada Cientologia e se casou com a atriz Kelly Preston. Com isso as fofocas foram aos poucos desaparecendo.
Do lado das mulheres houve casos famosos também. Jodie Foster conviveu por anos e anos com fofocas de que seria lésbica. Ela nunca era vista com namorados em eventos sociais de Hollywood e sua vida privada era fechada a sete chaves. Atriz e diretora de talento, parecia obcecada em esconder suas preferências sexuais. Conforme a carreira foi ficando mais bem sucedida, mais a imprensa marrom corria atrás de algum escândalo, até que anos depois, cansada da perseguição da imprensa, decidiu assumir que era lésbica e que vivia há anos com uma mulher. Foi um alívio sair do armário. Já a apresentadora de TV Ellen DeGeneres não apenas assumiu seu caso com a atriz Anne Heche, como se tornou ativista da causa. Pena que no caso dela seu relacionamento não tenha durado muito. Anne Heche se separou dela e depois se apaixonou por um homem, casando com ele e tendo filhos. Mesmo assim DeGeneres continuou seu ativismo em prol dos direitos dos homossexuais.
A melhor atitude em relação a esse tema parece ter sido mesmo a do ator George Clooney. Solteirão convicto, ele não escapou das venenosa línguas de fofoqueiras de Hollywood. A imprensa marrom sempre insinuava que ele seria um gay enrustido dentro do armário. Por que não se casa? Por que não tem filhos? O que o impede de se casar? Cansado desse tipo de boato, o ator foi direto ao ponto. Perguntado por uma jornalista no tapete vermelho do Oscar o ator abriu o sorriso e disse: "Eu sou gay mesmo! Pode publicar aí no seu jornal". Claro, não era verdade, mas sim um ato de solidariedade com a comunidade gay, sempre perseguida por publicações escandalosas. No final vale a resposta de Mae West ao ser informada de que Rock Hudson era gay. Ela sorriu e disse: "Ele era gay? Sorte dos gays. Deixem essas pessoas ser felizes!".
Pablo Aluísio.
sábado, 18 de maio de 2019
O Paraíso Infernal
Como basicamente se trata de um enredo aventuresco o diretor precisou utilizar de duas técnicas básicas para contar sua estória. Na primeira ele se utilizou de maquetes de aviões (bem charmosas aliás) para reproduzir os momentos de maior perigo, principalmente em acidentes aéreos e pousos perigosos. Na segunda conseguiu ótimas sequências reais, usando aviões de verdade. Existe uma cena onde temos dois aviões - um de filmagem e outro em ação - que impressiona até hoje. As aeronaves sobrevoam montanhas íngremes e realizam verdadeiras manobras em sua encosta. Tudo realizado com extrema perícia e competência. Em termos de elenco o galã Grant interpreta um piloto durão que após uma decepção amorosa no passado (a sua ex-mulher não suportou sua vida de desafios e perigos no ar) decide que não mais irá se apaixonar. Isso se torna um problema para a personagem de Jean Arthur que fica caidinha por seus encantos. Para completar o triângulo amoroso surge uma jovem Rita Hayworth, esposa de um dos pilotos que trabalham para Grant, embora ela esteja interessada mesmo é nele! Enfim, como eu já frisei, Hawks conseguia mesclar vários gêneros em um só filme. Aqui ele conseguiu novamente, realizando assim um de seus melhores trabalhos na década de 1930. Diversão garantida, como bem queria o grande mestre.
O Paraíso Infernal (Only Angels Have Wings, Estados Unidos, 1939) Estúdio: Columbia Pictures / Direção: Howard Hawks / Roteiro: Jules Furthman / Elenco: Cary Grant, Jean Arthur, Rita Hayworth / Sinopse: Geoff Carter (Cary Grant) é um piloto de aviões comerciais que voam em regiões distantes e perigosas da América do Sul. Enquanto tenta sobreviver a cada voo vai se apaixonando por mulheres interessantes que vão cruzando seu caminho.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 22 de janeiro de 2019
Lábios de Fogo
O roteiro não traz maiores surpresas. Dois marinheiros aceitam realizar um serviço bem fora do comum. Como o negócio não anda muito bem, eles topam levar uma enigmática passageira vindo do leste europeu, a bela Irena (Rita Hayworth), até uma pequena ilha na costa chamada Santa Nada. Inicialmente eles resolvem não pedir muitas explicações, mas o fato é que o passado dela logo começa a chamar atenção. Durante a viagem que dura vários dias logo começa um clima de flerte amoroso entre Felix (Robert Mitchum) e sua nova "carga", embora quem esteja realmente apaixonado por ela seja o simpático Tony (Jack Lemmon). Enquanto Felix é cinicamente cortante em seus comentários, Tony é aquele típico sujeito de bom coração, cheio de boas intenções. "Fire Down Below" é um bom filme que se propõe a trazer pitadas de vários gêneros diferentes. Um pouquinho de romance, principalmente envolvendo os personagens interpretados por Rita Hayworth e Robert Mitchum, mesclado com uma boa pitada de aventura (afinal o filme foi produzido por Irving Allen e Albert R. Broccoli, o produtor que trouxe James Bond para o cinema, dando origem à conhecida franquia oficial).
Por fim o filme ainda presenteia o espectador com lindas tomadas da costa sul dos Estados Unidos, com belas praias e paisagens de cartão postal. O clima, apesar de ter um certo mistério no ar envolvendo o passado nebuloso de Irena (Hayworth), é leve, descontraído e ameno (pelo menos na primeira parte, depois nos 50 minutos finais há uma situação chave que não revelaremos aqui por motivos óbvios). No roteiro existe também uma longa sequência de dança nativa com Rita bem no meio de um Mardi Gras, o carnaval latino de New Orleans. A trilha sonora também chama a atenção por causa da boa sonoridade, aliás uma das canções temas foi composta pelo próprio ator Jack Lemmon, que para quem não sabe era um pianista de mão cheia. Em relação a Rita Hayworth temos que reconhecer que ela já não estava mais no auge de sua beleza, pois estava entrando em uma idade mais madura. Mesmo assim ainda mantinha seu charme intacto. Na maioria das cenas ela declama quase em sussurros seu texto, o que traz um belo contraste com a atuação mais física de Jack Lemmon, sempre interpretando personagens de bom coração, embora meio atrapalhados. Enfim o que temos aqui é um romance com amantes improváveis, tudo embalado por uma bela fotografia e romance de folhetim. As mais românticas certamente gostarão do resultado final.
Lábios de Fogo (Fire Down Below, Estados Unidos, 1957) Direção: Robert Parrish / Roteiro: Irwin Shaw / Elenco: Rita Hayworth, Robert Mitchum, Jack Lemmon, Herbert Lom / Sinopse: Dois contrabandistas são contratados para transporar e levar até ao seu destino uma misteriosa mulher, cujo paradeiro é de interesse de pessoas perigosas.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 15 de dezembro de 2017
O Mundo do Circo
Título no Brasil: O Mundo do Circo
Título Original: Circus World
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos, Espanha
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Ben Hecht, Julian Zimet
Elenco: John Wayne, Rita Hayworth, Claudia Cardinale, Richard Conte
Sinopse:
Depois de viver anos como cowboy de rodeios o veterano Matt Masters (John Wayne) decide abrir sua própria companhia circense. Por um bom tempo o empreendimento vai muito bem até o dia em que Masters decide realizar uma turnê na Europa. Circos americanos quase sempre fracassaram no velho continente, onde aliás nasceu a cultura desse tipo de diversão, mas Masters decide arriscar. Logo na chegada em um porto da Espanha as coisas começam a dar errado, um acidente faz com que a lona de seu circo desapareça sob as águas. Agora ao lado de seus artistas, Masters terá que levantar o dinheiro necessário para reerguer seu tão amado espetáculo, até porque o show definitivamente não pode parar! Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Canção Original ("Circus World" de Dimitri Tiomkin e Ned Washington). Também indicado ao Laurel Awards na categoria de Melhor Ator (John Wayne).
Comentários:
Tecnicamente ficaria até complicado catalogar "Circus World" apenas na categoria Western. O filme é muito mais, pois explora também um drama sobre relações familiares e traumas do passado. Isso porém é um mero detalhe. Lá está o maior ídolo do gênero, John Wayne, interpretando um velho cowboy que agora ganha a vida em apresentações em circo no estilo Velho Oeste Selvagem. Isso significa tentar recriar sob o picadeiro as perseguições de bandidos em diligências, as guerras entre a cavalaria e guerreiros apaches e tudo o mais que ficou imortalizado na mitologia do oeste americano. Se o filme é muito bom em recriar na tela as performances daqueles artistas circenses também se revela muito bom ao retratar os dramas de todas aquelas pessoas. Masters (Wayne) é um empresário movido por sonhos. Seu problema é que quase sempre seu desejo de levar em frente seu circo esbarra em calamidades, como naufrágios e incêndios (há inclusive uma ótima sequência quando parte da grande lona de seu circo pega fogo em um incêndio).
Rita Hayworth, sempre uma presença forte em cena, interpreta uma trapezista marcada por um grande tragédia em seu passado, quando seu marido, também um artista do trapézio, caiu para a morte em um de seus mais ousados números. Após muitos anos perdida, vagando pela Europa, ela resolve voltar ao circo onde agora vive sua filha Toni (Claudia Cardinale), que ela abandonou quando ainda era uma criança. A jovem acabou sendo criada por Masters, que também precisa esconder uma delicada questão pessoal em seu passado. A atriz Claudia Cardinale, ainda bastante jovem, se revela muito talentosa, não apenas quando atua nas apresentações do Oeste Selvagem ou em cima do trapézio, mas também quando participa de quadros com palhaços do circo - ali ela realmente demonstra todo o seu talento, principalmente teatral, com ótimo timing para comédia. Não é de se admirar que tenha se tornado tão popular na década de 1960. Bonita e talentosa. Ela era realmente uma graça. No final de tudo ficamos com a impressão que a produção é na realidade uma grande e sincera homenagem à cultura do circo. O diretor Henry Hathaway deixa claro em cada sequência seu amor por aquela arte. O resultado é dos melhores, um excelente momento da filmografia do mito John Wayne em um dos seus filmes mais simpáticos e carismáticos.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 24 de agosto de 2017
Filhos do Desprezo
Título Original: Juvenile Court
Ano de Produção: 1938
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: D. Ross Lederman
Roteiro: Michael L. Simmons
Elenco: Paul Kelly, Rita Hayworth, Frankie Darro, Hal E. Chester, Don Latorre, Richard Selzer
Sinopse:
Após a condenação de um jovem delinquente à pena de morte, o defensor público Gary Franklin (Paul Kelly) promete a si mesmo não mais falhar no tribunal. Ele fica frustrado até o surgimento de um novo caso, envolvendo um jovem acusado de um crime que não cometeu.
Comentários:
Bom filme de tribunal. Hoje em dia a grande atração para os cinéfilos que gostam de filmes clássicos é a presença de uma ainda bastante jovem Rita Hayworth no elenco. Ela interpretava a irmã de um jovem acusado de um crime do qual seria inocente. Quando o filme foi rodado um dos produtores sugeriu que Rita pintasse seu cabelo de loiro porque sua personagem fazia parte de uma família de imigrantes holandeses em Nova Iorque. O teste de câmera não ficou bom, por essa razão ela acabou aparecendo com seus longos cabelos negros que iriam virar sua marca registrada em Hollywood. Esse filme foi recentemente relançado nos Estados Unidos em um box com várias outras produções envolvendo o tema da delinquência juvenil. Por lá os jovens eram julgados como criminosos comuns, adultos, não havendo espaço para a proteção da lei contra menores de idade. O roteiro até que abre margem para um debate maior sobre esse tema, mas se concentra mesmo nos aspectos jurídicos do crime cometido pelo jovem acusado. Um bom filme, curtinho, mas bem eficiente. Além disso trouxe um dos primeiros trabalhos de Rita Hayworth que muito em breve iria se tornar uma das grandes estrelas de Hollywood.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
terça-feira, 18 de setembro de 2007
Orson Welles e Rita Hayworth
Um casamento improvável que uniu a bela morena e o gênio do cinema. Até hoje não se sabe ao certo o que os uniu, mas de qualquer forma Welles se apaixonou por Rita após, segundo ele, tê-la visto em uma revista enquanto estava filmando um dos seus inúmeros filmes inacabados no México.
Rita havia sido moldada pelos produtores para ser a nova diva exótica do cinema americano, com longos cabelos negros e muita sensualidade. Pois foi justamente essa imagem que Welles quis destruir. Assim que se casou com Rita ele a ordenou que pintasse os cabelos de loiros, o que ficou péssimo, segundo as colunistas da época. A opinião delas porém pouco importava para Orson, para ele não havia limites. No fundo ele queria mesmo destruir esse símbolo sexual fabricado por Hollywood.
E como era de se esperar o casamento não foi feliz. Apesar dos poucos filmes que fizeram juntos a cumplicidade do casal logo se acabou. A carreira do diretor entrou em declínio rapidamente porque ele não conseguia ter a disciplina necessária para terminar os filmes. Embora tenha dirigido aquele que foi para muitos o "melhor filme de todos os tempos", o clássico "Cidadão Kane", ele era considerado um profissional ruim de se trabalhar. Seus filmes custavam muito caro, ele nunca respeitava o prazo certo para terminar as filmagens e quase sempre decepcionava nas bilheterias. Também costumava brigar muito com os produtores. Uma combinação mortal para qualquer diretor de cinema. Em pouco tempo seu nome estava fora da lista de todos os grandes estúdios de cinema.
Assim o casamento acabou afundando, junto com os fracassos cinematográficos de Orson Welles. A diva do passado Rita Hayworth também viu sua carreira afundar após ficar mais velha e menos sensual para as lentes das câmeras. Como ela era vista como uma modelo travestida de atriz, quando a beleza se foi por causa da idade os convites para novos filmes também se acabaram. No fim o matrimônio só durou quatro anos. Acabou sendo uma experiência ruim tanto para a bela, como para o gênio. "Ninguém ganhou nada com isso!" - resumiria anos depois o diretor.
Pablo Aluísio.
domingo, 3 de junho de 2007
sexta-feira, 13 de abril de 2007
Anjos da Broadway
Título Original: Angels Over Broadway
Ano de Produção: 1940
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Ben Hecht, Lee Garmes
Roteiro: Ben Hecht
Elenco: Douglas Fairbanks Jr, Rita Hayworth, John Qualen
Sinopse:
Bill O'Brien (Douglas Fairbanks Jr) é um vigarista de Nova York que sempre está atento em busca de alguma pessoa ingênua para ele aplicar novos golpes. Por um mero acaso acaba esbarrando em Charles Engle (John Qualen), um homem desesperado, à beira do suícidio, desde que perdeu todo seu dinheiro com uma esposa perdulária! Usando Nina Barona (Rita Hayworth) como isca, uma dançarina bonita e sensual, Bill acaba atraindo Charles para sua nova trapaça! Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original (Ben Hecht).
Comentários:
Bom filme valorizado pela presença de Rita Hayworth, então no auge de sua beleza. Olhando para a história do cinema podemos perceber que Rita já está com o visual arrebatador que iria conquistar corações e mentes em seu futuro sucesso, "Gilda". Os personagens até mesmo apresentam certas semelhanças, muito embora a dançarina Nina Barona seja menos fatal do que a mitológica Gilda Farrell. Outra presença ilustre do elenco é Douglas Fairbanks Jr (1909 - 2000), ídolo do cinema mudo que fez mais de cem filmes ao longo de sua carreira. Nesse filme ele já surge com um papel mais complexo, o do pilantra Bill O'Brien. Embora nunca tenha sido um ator dramático acaba se saindo muito bem em cena. O roteiro escrito por Ben Hecht acabou sendo indicado merecidamente ao Oscar. Curiosamente ele também dirigiu o filme, mas o copião original não agradou aos executivos da Columbia. Para salvar a película a diretoria do estúdio convocou o diretor de fotografia, Lee Garmes, para filmar algumas cenas adicionais e inserir pequenas mudanças no enredo. O resultado é muito bom, embora não possa ser considerado um clássico inesquecível por apresentar alguns problemas no ritmo e desenvolvimento da trama.
Pablo Aluísio.