segunda-feira, 23 de julho de 2018

A Primavera de uma Solteirona

Título no Brasil: A Primavera de uma Solteirona
Título Original: The Prime of Miss Jean Brodie
Ano de Produção: 1969
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Twentieth Century-Fox
Direção: Ronald Neame
Roteiro: Muriel Spark, Jay Presson Allen
Elenco: Maggie Smith, Gordon Jackson, Robert Stephens

Sinopse:
Em Edimburgo, na fria e distante Escócia, em plenos anos 1930, uma nova professora, a senhorita Jean Brodie (Maggie Smith), escandaliza a tradicional sociedade local ao adotar métodos de ensino fora dos padrões da conservadora escola para moças na qual leciona. Filme vencedor do Oscar de Melhor Atriz para Maggie Smith. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria Melhor Canção Original ("Jean" de Rod McKuen).

Comentários:
Esse filme é simplesmente obrigatório para quem acompanha atualmente a grande atriz Maggie Smith como a condessa Violet Crawley na série de enorme sucesso "Downton Abbey". Foi com esse papel, a de uma professora apaixonada por seu trabalho que começa a trazer inovações para o sistema educacional de seu tempo, que ela venceu o tão cobiçado prêmio da Academia. Não foi por acaso, pois Maggie de certa maneira é muito maior do que o próprio filme em si. O tema obviamente daria margens a muitas discussões e nuances interessantes, mas o diretor Ronald Neame não ousou ir muito além. Dessa forma "The Prime of Miss Jean Brodie" apesar de ser um excelente filme sobre educação não conseguiu se tornar uma obra prima da sétima arte. Mesmo assim o talento maravilhoso de Maggie Smith compensa qualquer eventual problema que o filme venha a apresentar. Curioso salientar ainda que a produção foi muito lembrada na ocasião de lançamento de outro filme famoso sobre um mestre que também inovava em sua forma de ensinar, "Sociedade dos Poetas Mortos". Muitos críticos ingleses inclusive chamaram a atenção para a semelhança entre as duas obras. Assim se você for fã do famoso filme com Robin Williams, não deixe de conferir também essa pequena jóia do cinema clássico dos anos 1960.

Pablo Aluísio.

Prisioneiro do Passado

Título no Brasil: Prisioneiro do Passado
Título Original: Dark Passage
Ano de Produção: 1947
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Delmer Daves
Roteiro: Delmer Daves, David Goodis
Elenco: Humphrey Bogart, Lauren Bacall, Bruce Bennett, Agnes Moorehead, Douglas Kennedy, Houseley Stevenson

Sinopse:
Vincent Parry (Humphrey Bogart) é um prisioneiro que consegue fugir da prisão. Depois de despistar os policiais ele chega em San Francisco, onde passa a contar com a ajuda de Irene Jansen (Lauren Bacall) que acredita em sua inocência. Só que para nunca mais voltar para a cadeia ele vai precisar mudar seu rosto, para que não seja mais reconhecido pelos policiais que o estão procurando.

Comentários:
Muito bom esse clássico dos anos 40. A primeira coisa que você vai perceber de inovador é que o diretor Delmer Daves resolveu levar até as últimas consequências a chamada visão subjetiva. Durante os 60 minutos iniciais do filme o espectador passa a ter o ponto de vista do personagem de Bogart, como se a câmera fosse seus olhos. Um efeito extremamente revolucionário para a época. Depois que Vincent, o fugitivo, resolve mudar de rosto com um cirurgião plástico clandestino, finalmente vemos a face de Humphrey Bogart na tela. Até então ele era apenas uma voz, ora falando em off, em seus pensamentos, ora interagindo com os demais personagens da trama, mas sempre numa visão subjetiva. O roteiro tem três atos bem nítidos: a fuga, a mudança de identidade e finalmente a busca pela redenção, quando Bogart tenta descobrir quem teria assassinado sua esposa, no crime que o levou injustamente para a prisão. Apesar de haver alguns elementos de cinema noir, o diretor Delmer Daves não optou pelas sombras, pela escuridão, para contar sua história. Ao contrário disso, grande parte do enredo se passa em uma San Francisco ensolarada, com várias reviravoltas que servem ainda mais para manter o interesse. Enfim, um filme realmente marcante da carreira do casal Humphrey Bogart e Lauren Bacall, que foram bem ousados em abraçar um projeto como esse, com uma narrativa tão fora dos padrões do cinema americano.

Pablo Aluísio.

domingo, 22 de julho de 2018

Jane Eyre

Título no Brasil: Jane Eyre
Título Original: Jane Eyre
Ano de Produção: 1943
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Robert Stevenson
Roteiro: Aldous Huxley
Elenco: Orson Welles, Joan Fontaine, Margaret O'Brien, Elizabeth Taylor

Sinopse:
Depois de uma infância dura, a órfã Jane Eyre é contratada por Edward Rochester, o dono e senhor de uma mansão misteriosa, para cuidar de sua filha. Não demora muito e ela logo se sente atraída pelo inteligente, vibrante e energético Mr. Rochester, um homem com o dobro de sua idade.

Comentários:
Mais uma bela versão para o clássico livro "Jane Eyre" de autoria da escritora inglesa Charlotte Brontë (1816 - 1855) que publicou seu romance pela primeira vez em 1847. Nesse filme temos algumas coisas relevantes para os amantes da sétima arte. A primeira delas é o fato de termos um elenco realmente excepcional, em especial o grande diretor Orson Welles no papel de Edward Rochester. Sua voz de trovão e maravilhosa presença cênica já vale o filme inteiro. Some-se a isso a bela atuação de Joan Fontaine como Jane Eyre e você terá seguramente um dos melhores elencos já reunidos para essa adaptação. Como brinde o cinéfilo ainda será presenteado pela atuação da pequena Elizabeth Taylor como Helen Burns. A atriz tinha apenas 11 anos quando realizou o filme, mas já mostrava todo seu talento em cena, não se intimidando com os monstros da sétima arte que contracenavam com ela. Algumas pessoas realmente já nascem como estrelas, independente da idade, que o diga a pequena Liz nesse "Jane Eyre".

Pablo Aluísio.

Onze Homens e um Segredo

Título no Brasil: Onze Homens e um Segredo
Título Original: Ocean's Eleven
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Lewis Milestone
Roteiro: Harry Brown, Charles Lederer
Elenco: Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr, Peter Lawford, Angie Dickinson, Joey Bishop, Henry Silva, Cesar Romero

Sinopse:
Danny Ocean (Frank Sinatra) resolve reunir seus antigos companheiros da Segunda Guerra Mundial para executar um plano mais do que ousado: roubar os quatro maiores cassinos de Las Vegas durante o ano novo! A missão contará com vários especialistas, onde cada um terá um objetivo específico a realizar. Assim que as luzes da cidade forem cortadas, os membros do grupo de Danny Ocean começarão a roubar as fortunas que os estarão esperando em seus cofres milionários na assim chamada "cidade do pecado". Indicado ao prêmio da Writers Guild of America na categoria Melhor Roteiro Original.

Comentários:
"Ocean's Eleven" é considerada a obra prima do Rat Pack, o grupo de amigos que rodeavam Frank Sinatra em seus anos de auge em Las Vegas. O cantor há muito vinha em busca de um roteiro em que pudesse encaixar todos os membros do Rat Pack e acabou encontrando o espaço que tanto queria justamente aqui. O curioso é que Sinatra filmou sua participação enquanto se apresentava em Vegas - de tarde filmava suas cenas e de noite se apresentava nos cassinos ao lado de seus companheiros. Por essa razão praticamente todas as tomadas foram realizadas de primeira, já que Sinatra não queria perder tempo. Isso em nada desqualifica o filme que é muito bem realizado, com ótima trama e elenco muito à vontade. Também pudera, no fundo era tudo uma desculpa para que todos os amigos trabalhassem juntos. Dean Martin, por exemplo, está mais cool do que nunca. Fumando um cigarro atrás do outro, vai de vez em quando ao piano para soltar seu vozeirão. O roteiro é muito bem escrito e tem um cuidado todo especial na apresentação das características de cada personagem. Só para se ter uma ideia, pelo menos metade da duração do filme é usada com esse objetivo. A direção musical foi entregue ao genial maestro Nelson Riddle, que tantos álbuns maravilhosos gravou ao lado de Sinatra. Além do bom gosto o clima de diversão traz um sabor especial para a produção. Tudo muito divertido e bem conduzido, "Ocean's Eleven" é de fato o grande clássico de Sinatra nas telas, talvez só sendo superado mesmo em sua carreira pelo genial "A Um Passo da Eternidade" de 1953.

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de julho de 2018

El Dorado

Um grande clássico do western. Há uma informação muito difundida afirmando que na realidade "El Dorado" seria apenas o remake de "Onde Começa o Inferno". Realmente ambos os filmes são muito parecidos, com premissas praticamente iguais, mas chamar um de simples refilmagem do outro é um erro. O diretor é o mesmo, o grande Howard Hawks, mas há mudanças nele - também não tantas a ponto de torná-los totalmente diversos. De certa forma "El Dorado" é uma releitura do filme anterior. O cineasta Howard Hawks tinha uma verdadeira fascinação pelo enredo e por isso estava sempre em busca de uma forma melhor de contar a mesma estória. Assim sete anos depois do filme original lá estava ele de novo ao set de filmagens, porem não para realizar uma mera refilmagem mas sim para produzir uma nova versão, com mudanças pontuais. Talvez por ter sido um "prato requentado" muitos puristas tenham torcido o nariz para "El Dorado". Eu discordo e considero o filme muito bom, acima da média do gênero western. Além disso, como ignorar o fato de que somos presenteados com dois excelentes atores em cena, John Wayne e Robert Mitchum?

Devo inclusive dizer que pessoalmente prefiro o elenco de "El Dorado" ao de "Onde Começa o Inferno". Se lá tínhamos o trio John Wayne, Dean Martin e Ricky Nelson, aqui temos um elenco muito mais eficiente formado por Wayne, Robert Mitchum (sempre ótimo, principalmente interpretando anti-heróis no limite) e James Caan (bem jovem prestes a despontar como grande ator). Todos estão entrosados e bem à vontade em seus papéis. John Wayne, já sessentão, começa a incorporar o papel que iria repetir nos anos que viriam: a do velho pistoleiro, já com idade avançada, meio cansado de tudo e todos tendo que lidar na velhice com sua fama de rápido no gatilho, o que invariavelmente lhe trazia vários transtornos com aspirantes à fama que ousassem lhe desafiar. John Wayne inclusive não perdeu a chance de até mesmo zombar de sua idade, andando de muletas, cansado e disposto a levar à frente seu código de ética do velho oeste. Robert Mitchum por sua vez não precisava de muita coisa para interpretar um velho xerife bêbado, pois em sua carreira fez muitos personagens semelhantes a esse. Era um mestre nesse tipo de papel. "El Dorado" merece seu lugar no panteão dos grandes filmes de faroeste pois desde a direção, interpretações, até o roteiro muito bem escrito, a produção é certamente um excelente representante do gênero em sua época de ouro. Talvez por ser tão bom, sempre é lembrado em listas dos melhores faroestes de todos os tempos, posição aliás que sempre cosniderei mais do que merecida.

El Dorado (El Dorado, EUA, 1966) / Direção: Howard Hawks / Roteiro: Harry Brown e Leigh Brackett / Elenco: John Wayne, Robert Mitchum, James Caan / Sinopse: Um implacável pistoleiro se une a um antigo amigo, um beberrão que atualmente trabalha como xerife em El Dorado para ajudar um rancheiro e sua família a se defenderem de violentos membros de um rancho vizinho.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Homem Até o Fim

Muito curioso esse western da década de 1950 com Burt Lancaster. O primeiro detalhe que chama a atenção é o fato de ter sido dirigido pelo próprio ator. De fato ele em toda sua longa carreira só dirigiu dois filmes, esse e "The Midnight Man", duas décadas depois. Lancaster não se sentia à vontade com as pressões inerentes a função de direção. Na realidade só aceitou dirigir "The Kentuckian" porque acreditava muito no projeto e pelo fato da United Artists ter encontrado na época grande dificuldade em escalar um diretor adequado ao filme. Antes que o projeto fosse arquivado Lancaster em um ato de coragem assumiu sua direção. O interessante é que não se saiu mal. O filme tem um clima muito agradável, uma estória cativante e uma produção bonita. Não se trata de um faroeste típico pois o bucolismo está em todas as partes do filme, nos cenários, na simplicidade cativante do personagem de Lancaster e na sua relação com o seu filho, o pequeno Elias.

Vestido com um figurino que lembra o lendário Daniel Boone, Lancaster parece ter dirigido o filme para um público bem mais jovem. Também não esqueceu do público feminino, sempre reticente com westerns, ao colocar um triângulo amoroso para ser vivido por seu personagem. A produção é leve e divertida e conta com um excelente elenco de apoio liderado por Walter Matthau em sua estreia no cinema. Ele faz um dono de mercearia bonachão e apreciador de uma boa prosa que também tem grande habilidade em usar chicotes. Sua cena usando dessa habilidade é muito boa. O filme foi baseado no livro de Felix Holt chamado "The Gabriel Horn". Para quem não se recorda Holt foi o roteirista da série de TV "Lone Ranger" que no Brasil ficou conhecido como Zorro "americano" (não o espanhol vestido de negro, mas o azul do cavalo Silver e do índio Tonto). Sua habilidade para escrever estórias infantojuvenis cativantes se sobressai aqui também. Enfim, "Homem Até o Fim" é muito agradável de se assistir. Um raro momento de Lancaster como diretor que merece ser redescoberto. Recomendo.

Homem Até o Fim (The Kentuckian, EUA, 1955) Direção: Burt Lancaster / Roteiro: A,B. Ghthrie Jr baseado na novela de Felix Holt / Elenco: Burt Lancaster, Diana Lynn, Dianne Foster, Walter Matthau / Sinopse: Elias Wakefield (Burt Lancaster) é um humilde morador das montanhas do Kentucky que tem um sonho ao lado de seu pequeno filho: ir para o Texas para começar vida nova! O problema é que ele não tem os meios para tal. Se envolvendo em aventuras pretende levantar o dinheiro para finalmente ir embora em busca de um novo recomeço.

Pablo Aluísio.

Jake Grandão

Jake McCandles (John Wayne) é um xerife da velha guarda que após vários anos reencontra sua esposa Martha (Maureen O'Hara). Ao mesmo tempo em que tenta uma reconciliação tem que enfrentar o terrível sequestro de seu neto por um sórdido bando de facínoras foras-da-lei. Devo confessar que quando li sobre o filme pela primeira vez pensei que seria bem fraco. Isso porque "Jake Grandão" é um projeto muito familiar por parte de John Wayne. Dois filhos estão em cena, o próprio Wayne dirigiu parte do filme e para terminar encaixou o filho de seu amigo, Robert Mitchum, no elenco. Assim pensei que seria um western feito a toque de caixa, sem grandes pretensões ou qualidade, feito única e exclusivamente para a filharada ganhar uma grana extra. Também por ser um filme da fase final de sua carreira achei que seria menos produzido, sem grandes pretensões cinematográficas. Realmente me enganei. Claro que por essa época Wayne não fazia mais grandes clássicos da história do cinema. As produções eram bem mais modestas e os roteiros eram simples e derivativos de seus antigos filmes, mas mesmo assim ele conseguia manter um bom padrão de qualidade, coisa que se repete aqui.

"Jake Grandão" nem de longe pode ser comparado com filmes como "Rastros de Ódio". É uma fita simples, de rotina, tipicamente um trabalho na média do que ele produziu nos anos 70. Embora não seja um grande filme é sem dúvidas bem digno. Tem boas sequências de bang-bang, um suspense muito bem feito na cena final, uma boa fotografia, com belas paisagens do oeste e para finalizar aquele pequeno toque de humor que Wayne costumava colocar em seus filmes. Assim "Jake Grandão" traz o pacote inteiro do que se espera de um filme do ator. Diverte e entretém e por isso recomendo aos fãs do estilo.

Jake Grandão (Big Jake, EUA, 1971) Direção de George Sherman, John Wayne / Roteiro: Harry Julian Fink, Rita M. Fink / Elenco: John Wayne, Maureen O'Hara, Richard Boone, Patrick Wayne, Christopher Mitchum / Sinopse: Jake McCandles (John Wayne) é um xerife da velha guarda que após vários anos reencontra sua esposa (Maureen O'Hara). Ao mesmo tempo em que tenta uma reconciliação tem que enfrentar o terrível sequestro de seu neto por um sórdido bando de facínoras foras-da-lei.

 Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Sete Homens Sem Destino

Ben Strike (Randolph Scott) é um ex xerife que parte em busca da captura de sete ladrões de bancos que durante um assalto acabaram matando sua esposa. Durante sua jornada pelo deserto do Alabama acaba encontrando um jovem casal que tenta chegar ao oeste selvagem. O que Strike não sabe é que de uma forma ou outra todos os acontecimentos estão interligados entre si. "Sete Homens Sem Destino" tem um dos melhores roteiros que já vi em westerns dos anos 50. Uma produção ágil, rápida, muito bem escrita e extremamente eficiente. Randolph Scott repete seu papel de homem íntegro, de moral induvidosa e firmeza de caráter. Aqui ele conta com um elenco de apoio muito bom a começar pela presença de um jovem Lee Marvin, fazendo o papel de um cowboy oportunista que está no encalço do dinheiro roubado. Não era a primeira vez que Scott e Marvin dividiam a cena juntos (e nem seria a última) mas aqui Lee Marvin teve muito mais oportunidades de atuar, com mais diálogos e cenas que não se resumiam apenas a tiroteios no meio do deserto. Sua cena de assédio com a personagem da atriz Gail Russell é uma das melhores e mais tensas partes da produção.

O filme foi dirigido novamente pelo diretor e parceiro de Randolph Scott, Budd Boetticher. Já tive oportunidade de exaltar as qualidades desse cineasta que na minha opinião foi totalmente subestimado na época. Boetticher tinha um feeling incrível para contar as histórias em uma edição enxuta, onde não havia espaço para desperdício. Todas as cenas possuem um propósito bem definido, sem perda de tempo ou enrolação. O que resulta daí são faroestes onde o espectador não tira os olhos da tela, sempre interessado no que vai acontecer. O mais interessante é que seus filmes não são longos (70 minutos em média) e em nenhum momento ficamos com a impressão de que algo faltou em cena. Enfim, "Sete Homens Sem Destino" é uma boa pedida para os fãs de Randolph Scott e os admiradores dos filmes "rápidos no gatilho" de Budd Boetticher. Vale a sessão certamente.

Sete Homens Sem Destino (Seven Men from Now, EUA, 1956) / Direção de Budd Boetticher / Roteiro de Burt Kennedy / Elenco: Randolph Scott, Lee Marvin, Gail Russell, Walter Reed e John Larch / Sinopse: Ben Strike (Randolph Scott) é um ex xerife que parte em busca da captura de sete ladrões de bancos que durante um assalto acabaram matando sua esposa. Durante sua jornada pelo deserto do Alabama acaba encontrando um jovem casal que tenta chegar ao oeste selvagem. O que Strike não sabe é que de uma forma ou outra todos os acontecimentos estão interligados entre si.

Pablo Aluísio.

Onde Imperam as Balas!

Após escapar da morte, um pistoleiro resolve desistir de seu passado. Ele foge para uma pequena cidade do velho oeste e se torna assistente do xerife local. A cidade é dividida entre pequenos fazendeiros e um poderoso dono de terras. Em pouco tempo estará envolvido na disputa. Nas décadas de 40 e 50 a Universal era um verdadeiro celeiro de jovens estrelas. O estúdio fornecia treinamento, publicidade e acompanhamento para futuros astros. Em troca esses atores assinavam contratos leoninos onde quem realmente lucrava após seu sucesso era a própria Universal. Rock Hudson, Tony Curtis e Robert Wagner foram alguns que foram descobertos dessa forma. Rory Calhoun foi outro desses astros fabricados pelo estúdio americano. Geralmente estrelando faroestes B, Calhoun foi aos poucos subindo na carreira, mas não conseguiu virar o astro de primeira grandeza que tantos esperavam.

Isso porque bem no auge de sua ascensão uma revista escandalosa revelou ao público que Rory era um ex presidiário que havia cumprido pena antes de se tornar o famoso cowboy das matinês. Abalado, jamais conseguiu virar um ator de primeira linha. Esse "Onde Imperam as Balas" é justamente isso, mais um western da Universal feito para promover mais uma de suas grandes descobertas. Se não é genial, passa longe de ser um produto medíocre. O filme é simples, mas tem todos os ingredientes que fazem a festa dos fãs desse gênero - inclusive com o esperado duelo final entre dois grandes pistoleiros. Vale a pena assistir, ainda mais para conhecer Calhoun, um dos mais conhecidos "ex futuros grandes astros" da Universal.

Onde Imperam as Balas! (Red Sundown, EUA, 1956) Direção: Jack Arnold / Roteiro: Martin Berkeley baseado na obra de Lewis B. Patten / Elenco: Com Rory Calhoun, Martha Hyer, Dean Jagger / Sinopse: Após escapar da morte um pistoleiro resolve desistir de seu passado. Ele foge para uma pequena cidade do velho oeste e se torna assistente do xerife local. A cidade é dividida entre fazendeiros e um poderoso dono de terras. Em pouco tempo estará envolvido na disputa.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Tombstone

A história do OK Curral segue dando manga para muitos filmes, desde "Sem Lei e Sem Alma" com Kirk Douglas (como Doc) e Burt Lancaster (como Earp) até o mais recente "Wyatt Earp" dirigido pelo Kevin Costner. Essa versão "Tombstone" sempre foi considerada a mais "pop" de todas pois o roteiro é agil, movimentado e não perde tempo com tantos detalhes como outros filmes. Aqui também existem algumas diferenças que achei significativas. Por exemplo, nessa versão Wyatt Earp é mais contido e precavido. Ele procura acima de tudo não se meter em confusão. Está sempre receoso de entrar em algum conflito com os bandidos locais. Só quando a coisa fica insuportável é que ele parte para o tudo ou nada ao lado de seus irmãos e Doc Holliday. Achei Val Kilmer muito bem como Doc, muito embora a melhor interpretação do pistoleiro seja mesmo a de Dennis Quaid no filme de Costner. Kurt Russell está apenas ok para falar a verdade. Seu bigode postiço não convence mas como o filme em si é bom e movimentado não paramos muito para pensar sobre isso.

Para falar a verdade o que sempre me chamou atenção nos filmes dos Earps é a figura de Doc Holiday mesmo. Doutor, beberrão, pistoleiro e vivendo eternamente no fio da navalha. Esse sujeito se não tivesse existido de verdade teria que ser inventado por algum roteirista talentoso, porque ele sempre rouba os filmes de seu amigo Earp. É um personagem com muita carga dramática, quase Shakesperiano. Ele sabe que não tem muitos anos de vida pela frente por ser tuberculoso e por isso vive como se não houvesse amanhã. E pensar que ainda hoje o acusam de ser apenas um ladrão beberrão e assaltante barato... Depois de ver tantos filmes cheguei na conclusão que ele era realmente um ladrão... um ladrão do filme alheio.

Tombstone - A Justiça Está Chegando (Tombstone, EUA, 1993) Direção: George P. Cosmatos / Roteiro: Kevin Jarre / Elenco: Kurt Russell, Val Kilmer, Sam Elliott, Bill Paxton, Jason Priestley / Sinopse: Wyatt Earp (Kurt Russell) , seus irmãos e Doc Holliday (Val Kilmer) enfrentam um grupo de bandidos em Tombstone Arizona no O.K. Curral. O duelo entrou para a mitologia do velho oeste.

Pablo Aluísio.

Duelo de Bravos

Esse recente western foi lançado há pouco no mercado de DVD e Blu-Ray. A trama é simples: após um assalto mal sucedido dois ladrões conseguem fugir da pequena cidade aonde o crime foi realizado. Caçados pelo grupo do xerife se enfiam no meio da mata para não irem para a forca. Depois de muita perseguição chegam em uma outra cidadezinha próxima e lá realizam novo roubo, só que dessa vez de uma fazenda local. Novamente fugindo, só que agora do fazendeiro, sua família e de um caçador de peles eles acabam se defrontando com um grupo de Comanches selvagens. "The Legend Os Hell´s Gate" é um faroeste curioso. Seu roteiro não é tão simplista quanto parece ao se ler a sinopse acima. De fato há muitos personagens dispersos. Para se ter uma ideia surgem no decorrer do filme em pequenas aparições o famoso Doc Holliday (não muito bem caracterizado) e até o assassino do presidente Lincoln.

A narrativa central gira em torno dos ladrões em fuga mas muitas situações ocorrem ao redor disso. Talvez por isso o filme perca em intensidade e foco. Não é uma produção ruim, longe disso, mas não tem muita concentração em seu desenvolvimento. Em determinado momento do filme tudo é dirigido para os ladrões em fuga, para logo a seguir o roteiro desviar as atenções para os últimos momentos de vida do assassino de Lincoln. O pior é que não há uma ligação entre os dois eventos mostrados no filme. As estórias seguem independentes até o final. Para quem não gosta de argumentos dispersos realmente o filme não é recomendável. Eu pessoalmente gostei, achei bom entretenimento. Há boas cenas de tiroteio, ação e fugas e o clímax é bem interessante - um selvagem conflito no meio de uma região hostil, em uma encosta rochosa. Para uma produção atual está de bom tamanho. Espero que outras sejam lançadas seguindo esse caminho e que o gênero continue vivo, com novos filmes chegando ao mercado. Isso é o mais importante.

Duelo de Bravos (The Legend of Hell's Gate: An American Conspiracy, EUA, 2011) Direção: Tanner Beard / Roteiro: Tanner Beard / Elenco: Eric Balfour, Lou Taylor Pucci, Henry Thomas / Sinopse: Ladrões em fuga acabam se deparando com Comanches no meio do deserto. Ao mesmo tempo um barman em seu leito de morte confidencia a um rico comerciante local que na verdade é o real assassino do presidente Lincoln.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de julho de 2018

Arizona Violenta

Título no Brasil: Arizona Violenta
Título Original: Ten Wanted Men
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Scott-Brown Productions
Direção: H. Bruce Humberstone
Roteiro: Kenneth Gamet, Irving Ravetch
Elenco: Randolph Scott, Jocelyn Brando, Richard Boone, Alfonso Bedoya, Donna Martell, Skip Homeier

Sinopse:
No velho oeste o rancheiro John Stewart (Randolph Scott) vive bem e feliz, tocando sua propriedade rural no Arizona. Sua vida segue bem até que um ganancioso fazendeiro surge para destruir seus planos. Ele quer as terras que pertencem a Stewart de todo o jeito. E isso vai criar um conflito entre os dois homens.

Comentários:
O filme "Arizona Violenta" é mais um bom momento da carreira do ator Randolph Scott no cinema. Durante os anos 50 ele estrelou uma série incrível de bons filmes, todos do gênero western. Scott costumava dizer que nunca havia perdido dinheiro com filmes de faroeste (ele era produtor de seus próprios filmes nessa época). É uma fita de matinê, rápida e eficaz, que conta com uma curiosidade em seu elenco, a presença da atriz Jocelyn Brando, irmã do grande ator Marlon Brando, naquela época já considerado um dos grandes ídolos de Hollywood em sua fase dourada. Jocelyn não decepciona, embora em algumas cenas soe um pouco exagerada. Era uma tentativa de mostrar seu talento como atriz. Ja Randolph Scott era aquela coisa. Calmo e tranquilo, muitas vezes se saia melhor do que ela em cena.

Pablo Aluísio.

Na Encruzilhada dos Facínoras

Cam Bleeker (Fess Parker) é enviado pelo governador do Kansas para se infiltrar em uma quadrilha liderada por Luke Darcy (Jeff Chandler), um carismático líder rebelde que às vésperas da guerra civil americana prega a independência do Kansas da União Federal. Esse Western da Paramount estrelado por Jeff Chandler, o galã de cabelos grisalhos, é muito bem escrito principalmente na parte que toca ao personagem Luke Darcy, com vários diálogos inteligentes e bem construídos. Acontece que ele não é apenas mais um vilão unidimensional que vemos em tantos filmes de bang-bang mas sim um homem de ideias que prega a separação de seu Estado de forma definitiva dos EUA, se tornando assim um país com sua própria soberania, a República independente do Kansas. Utopia? Certamente, mas não podemos nos esquecer que era justamente isso que os confederados queriam na guerra civil norte-americana. Curiosamente, e isso é mostrado no filme, o Kansas ficou em cima do muro no conflito, nem aderindo aos exércitos da União e nem se unindo ao Sul confederado. Irritados por essa neutralidade muitos grupos resolveram pegar por conta própria em armas para incendiar as populações de pequenas cidades - e é justamente isso que vemos o personagem de Jeff Chandler fazer durante todo o filme.

Por falar em Jeff Chandler ele está muito bem no filme. Ator competente, tinha ótima dicção e era ideal para interpretar tipos mais eruditos como o que vemos aqui. Revelado pela Universal ao lado de outros famosos atores da época como Rock Hudson e Tony Curtis, Chandler conseguiu se estabilizar em Hollywood com uma série de boas atuações em bons filmes, mesmo quando se tornou livre do contrato da Universal. Esse "Na Encruzilhada dos Facínoras" foi realizado justamente quando Chandler se tornou ator freelancer. Já seu parceiro em cena, Fess Parker, é apenas correto. Fisicamente parecido com Gregory Peck, Fess se torna ofuscado por Chandler não conseguindo se impor como "mocinho" da estória. Por fim não poderia deixar de falar da atriz francesa Nicole Maurey. Muito bonita, sofisticada e elegante, ela logo se torna um verdadeiro colírio para a plateia mascuilna, o que não é nada mal. Em suma, "The Jayhawkers!" é um bom retrato dos bastidores do maior conflito armado que já ocorreu em solo americano. Vale a pena conferir.

Na Encruzilhada dos Facínoras (The Jayhawkers!, EUA, 1959) Direção: Melvin Frank / Roteiro: A.I. Bezzerides, Frank Fenton / Elenco: Jeff Chandler, Fess Parker, Nicole Maurey / Sinopse: Cam Bleeker (Fess Parker) é enviado pelo governador do Kansas para se infiltrar em uma quadrilha liderada por Luke Darcy (Jeff Chandler), um carismático líder rebelde que às vésperas da guerra civil americana prega a independência do território do Kansas da União Federal.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

O Último dos Moicanos

Título no Brasil: O Último dos Moicanos
Título Original: The Last of the Mohicans
Ano de Produção: 1936
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: George B. Seitz
Roteiro: James Fenimore Cooper, Philip Dunne
Elenco: Randolph Scott, Binnie Barnes, Henry Wilcoxon
  
Sinopse:
O enredo se passa no ano de 1756. A coroa britânica resolve enviar reforços para sua problemática colônia na América do Norte (que nas décadas que viriam daria origem aos Estados Unidos da América). O Major Heyward (Henry Wilcoxon) recebe ordens diretas de levar todos os colonos para o forte William Henry. O problema é que essa guarnição militar fica a dois dias de distância do litoral, uma viagem extremamente perigosa por causa da presença de nativos selvagens e tribos conhecidas por sua violência contra o homem branco. Para ajudar na travessia o colono Hawkeye (Randolph Scott), que conhece cada palmo da região, se propõe a ajudar na viagem. 

Comentários:
Um bom filme histórico que retrata precisamente bem o nascimento do sentimento de nacionalismo dos primeiros americanos. É justamente por essa época que os nativos americanos começaram a criar um sentimento de que não deveriam mais acatar ou receber ordens dos ingleses, nascendo em pouco tempo a ideia de liberdade e independência em relação à Metrópole britânica. O destaque do filme, além de seu bom roteiro, vem da presença de um ainda bem jovem Randolph Scott. Na época em que o filme foi realizado ele era ainda apenas um jovem ator promissor que atuava nos mais diversos gêneros cinematográficos. Filmes como esse porém iriam deixar claro que sua carreira seria muito promissora mesmo no gênero western. Vestido da cabeça aos pés com um figurino que nos lembra imediatamente de outro personagem famoso, Daniel Boone, Scott está ali para representar o modo de vida e a mentalidade dos colonos nascidos na América, que já não tinham mais tantos lanços culturais ou afetivos com o império inglês. Como se trata de uma produção feita em 1936 temos que infelizmente constatar também que o tempo causou estragos na película. Esse é o típico caso de um longa-metragem que precisa passar por uma restauração urgente e bem feita, antes que desapareça. Recentemente o presidente da Academia afirmou que cem filmes realizados na década de 1930 entrariam em processo de restauração digital. Esperamos sinceramente que "The Last of the Mohicans" esteja entre eles.

Pablo Aluísio.

7 Dólares Ensanguentados

Título no Brasil: 7 Dólares Ensanguentados
Título Original: 7 Dollari Sul Rosso
Ano de Produção: 1966
País: Itália, Espanha
Estúdio: Albatros C.P.C., Matheus S.r.l
Direção: Alberto Cardone
Roteiro: Juan Cobos
Elenco: Anthony Steffen, Elisa Montés, Fernando Sancho, Loredana Nusciak, Bruno Carotenuto, José Manuel Martín

Sinopse:
O bandoleiro conhecido como El Cachal (Fernando Sancho) chega com seu bando em um vilarejo no meio do deserto e começa a promover uma série de mortes dos pacatos moradores. Entre as pessoas covardemente assassinadas está a jovem mãe de um garotinho. Após o crime El Cachal decide levar o menino com ele, para que ele cresça como um fora-da-lei, para se tornar um futuro membro de sua quadrilha. Johnny Ashley (Anthony Steffen), o pai do garoto raptado, decide que irá trazer de volta seu filho, custe o que custar, nem que isso dure anos e anos de sua vida em uma busca desesperada pelo velho oeste.

Comentários:
De maneira bem ampla o fã de western verá certas semelhanças na trama desse western spaghetti com o clássico americano "Rastros de Ódio". Obviamente que devemos ter em mente que há uma enorme diferença de qualidade entre os dois filmes. No caso me refiro especificadamente apenas ao enredo e nada mais. Como o filme também foi lançado no mercado americano o diretor italiano Alberto Cardone resolveu adotar nos créditos o nome gringo de Albert Cardiff. Curiosamente ele dirigiu poucos filmes na carreira, se destacando muito mais como diretor de segunda unidade em filmes americanos da época, principalmente em épicos da época imperial romana rodados com cenas de externa em Roma, nos estúdios da Cinecittà. Poucos sabem, mas ele trabalhou inclusive no grande clássico "Ben-Hur" de 1959, participando da famosa cena das corridas de bigas, uma vez que o diretor americano William Wyler não conseguiu chegar a tempo na Europa para o começo das filmagens. Dito isso nos concentremos nesse faroeste. É um bom exemplar do Western Spaghetti, muito embora o roteiro não fuja da velha fórmula "vingança pessoal". O mais digno de nota nesse roteiro vem do fato de que após longos anos procurando pelo filho sequestrado, seu pai chega depois de enfrentar muitos obstáculos até ele, mas o que encontra pela frente é apenas mais um bandido violento, bruto e cruel, fruto do fato dele ter convivido por longos anos no bando de El Cachal, ao qual agora considera quase como um pai! Como contornar uma barreira desse tamanho? Assista e descubra!

Pablo Aluísio.

domingo, 15 de julho de 2018

Império de Balas

Título no Brasil: Império de Balas
Título Original: Last of the Badmen
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Allied Artists Pictures
Direção: Paul Landres
Roteiro: Daniel B. Ullman, David T. Chantler
Elenco: George Montgomery, Keith Larsen, James Best
  
Sinopse:
Uma perigosa gangue de criminosos no velho oeste se utiliza de um plano ardiloso: eles resgatam bandidos capturados que estão com a cabeça à prêmio e depois de os utilizarem em novos crimes (com o objetivo de aumentar ainda mais suas recompensas), os eliminam, indo até o xerife para embolsar o dinheiro dos cartazes de "Procura-se Vivo ou Morto". Uma agência de detetives é então contratada para descobrir a identidade do homem por trás desses golpes.

Comentários:
Um faroeste bem seco, duro, com uma constante narração em off (que ajuda a deixar o enredo mais claro, mas que também pode enervar o espectador menos paciente por seu uso excessivo). Estrelado pelo grandalhão George Montgomery o filme não tem qualquer intenção de ser um clássico do western e ao invés disso se apoia mesmo na mais pura diversão, explorando a figura dos detetives particulares que atuavam no oeste americano durante o século XVIII. O roteiro tem alguns furos de lógica (basta parar para pensar um pouco sobre eles), mas o enredo se mostra criativo o bastante para manter o interesse até o fim. A fita foi produzida pela Allied Artists Pictures, um pequeno estúdio de filmes B de Hollywood que não durou muitos anos por causa da agressiva competição com as chamadas grandes majors da indústria cinematográfica americana. A falta de recursos e a produção modesta se torna bem clara no decorrer do enredo, mas relevando-se isso um pouco dá para se divertir sem maiores constrangimentos. Além disso o mistério sobre quem seria o chefe da quadrilha ajuda a manter o foco no que se passa. O final é meio apressado - temos que reconhecer - mas com um pouco de boa vontade tudo se torna ao menos satisfatório quando finalmente sobe o famoso "The End" na tela.

Pablo Aluísio.

O Pistoleiro e os Bárbaros

Título no Brasil: O Pistoleiro e os Bárbaros
Título Original: Get Mean
Ano de Produção: 1975
País: Itália
Estúdio: Stranger Productions Inc
Direção: Ferdinando Baldi
Roteiro: Ferdinando Baldi, Lloyd Battista
Elenco: Tony Anthony, Lloyd Battista, Raf Baldassarre
  
Sinopse:
Arrastado por um cavalo, um estranho pistoleiro (Tony Anthony) chega em uma cidade fantasma bem no meio do deserto, no velho oeste americano. Recuperado, é contratado por uma estranha mulher que se parece com uma feiticeira. Ela o paga para levar uma jovem até uma distante localidade, onde terá que se entregue em mãos a um homem rico e poderoso. O que inicialmente parece ser uma missão simples acaba se tornando uma verdadeira guerra, pois bandoleiros que mais se parecem com bárbaros tencionam raptar a jovem.

Comentários:
Era para ser o primeiro filme com esse personagem conhecido apenas como The Stranger (o Estranho). A ideia era misturar elementos do faroeste italiano com outros gêneros, tais como filmes de capa e espada e fantasia, com princesas, bruxas, etc. O que inicialmente parecia promissor acabou não dando certo. Os fãs de Spaghetti certamente estranharam o clima dessa fita, pois embora os personagens vivam no velho oeste há o uso excessivo de fantasia e contos de fadas. De fato não há como fugir dessa conclusão pois tudo acabou ficando realmente estranho (fazendo jus ao nome do protagonista, um pistoleiro sem nome, tal como acontecia nos filmes de Clint Eastwood como o tão cultuado e conhecido "O Estranho Sem Nome"). A fita é estrelada pelo americano Tony Anthony, nascido Roger Pettito em Clarksburg, West Virginia. Filho de italianos acabou retornando para a Itália na década de 1960 onde iniciou sua carreira. Embora fosse esforçado a verdade é que nunca decolou como astro de sucesso, por isso esse acabou sendo seu último faroeste italiano. Então é isso, temos aqui um western à italiana um pouco diferenciado do que era feito na época, o que definitivamente não quer dizer que seja necessariamente bom. De qualquer maneira vale pela curiosidade.

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de julho de 2018

Sangue nas Montanhas

Título no Brasil: Sangue nas Montanhas
Título Original: Un Fiume Di Dollari
Ano de Produção: 1966
País: Itália
Estúdio: Dino de Laurentiis Cinematografica
Direção: Carlo Lizzani
Roteiro: Piero Regnoli
Elenco: Thomas Hunter, Henry Silva, Dan Duryea
  
Sinopse:
Após o fim da guerra civil americana dois soldados confederados retornam para casa com parte de um dinheiro que foi roubado durante o conflito. Perseguidos pelo exército da União caem em uma emboscada. Um deles porém consegue fugir, já o outro é preso e condenado a cinco anos de prisão. Quando finalmente cumpre sua pena descobre que sua esposa morreu e decide ir atrás de seu comparsa para pegar sua parte do dinheiro roubado. O confronto entre os antigos comparsas se torna assim inevitável.

Comentários:
Muita gente boa pensa tratar-se de um filme americano. O diretor Carlo Lizzani usou o nome americanizado de Lee W. Beaver e como a fita tem boa produção (digna do produtor Dino De Laurentiis) muitos cinéfilos acabaram pensando se tratar mesmo de um faroeste Made in USA. Ledo engano. O filme é bom, credito isso aos atores americanos e ao bom roteiro, que tenta a duras penas fugir do lugar comum desse tipo de filme. Henry Silva como Garcia Mendez é um achado. Ele conseguiu perfeitamente captar a alma desse tipo de produção  Spaghetti. A estrela do elenco porém é o ator Thomas Hunter, também americano, que iria se destacar ainda em vários filmes bons, como por exemplo, "A Batalha de Anzio", "A Travessia de Cassandra" e "Nimitz - De Volta ao Inferno". Curiosamente trabalhou em poucos filmes no cinema e na TV acabou também se destacando na famosa série de western "Gunsmoke" onde interpretou o pistoleiro e rancheiro Frank Corey. Então é isso, "Sangue de Montanhas", o Spaghetti que mais parece filme americano de verdade! 

Pablo Aluísio.

O Último Grande Duelo

Título no Brasil: O Último Grande Duelo
Título Original: Il Grande Duello
Ano de Produção: 1972
País: Alemanha, Itália, França
Estúdio: Mount Street Film, Corona Filmproduktion
Direção: Giancarlo Santi 
Roteiro: Ernesto Gastaldi
Elenco: Lee Van Cleef, Alberto Dentice, Jess Hahn
  
Sinopse:
Em uma terra distante e selvagem impera a lei do mais forte. Bandidos, pistoleiros e facínoras de todos os tipos infestam os campos e a cidade. Caçadores de recompensas também estão atrás de seu quinhão de riqueza naquela região deserta e esquecida por Deus. Depois de muito anarquia e desordem chega para assumir o posto de xerife o terrível John Clayton (Lee Van Cleef). Com extrema habilidade no gatilho ele está disposto a impor lei e ordem com a fúria de sua arma fumegante.

Comentários:
Esse filme foi lançado recentemente no box The Spaghetti Western Collection. Se trata de uma coleção com seis filmes italianos de faroeste - gênero que passou para a história com o nome de Western Spaghetti. São três DVDs, com dois filmes em cada. Uma boa seleção para nenhum colecionador colocar defeito. A produção que abre a coleção é justamente essa "O Último Grande Duelo". Lee Van Cleef foi certamente um dos grandes astros da época e aqui surge em um papel levemente diferente dos pistoleiros que estava acostumado a interpretar. Ele dá vida a um xerife que age não apenas como homem da lei, mas também como juiz, júri e carrasco. Sua determinação é colocar lei e ordem em uma terra conhecida por ser selvagem e hostil. Para isso ele precisa enfrentar os mais indigestos inimigos, inclusive um grupo de irmãos bandoleiros que querem tocar o terror na pequena cidadezinha da região. Para piorar o lugar também é assolado por caçadores de recompensas, o que faz aumentar ainda mais a violência. Nos Estados Unidos o filme foi lançado com o título de "Rider Storm" e logo depois teve seu nome mudado para "The Grand Duel" (título que foi aproveitado no Brasil). É um bom momento da filmografia de Cleef, embora não seja considerado entre os seus filmes mais famosos ou mais bem sucedidos na bilheteria.

Pablo Aluísio.

Filmes no Cinema - Edição XX

O grande filme a chegar nos cinemas nessa semana é o drama "Meu Pai", maravilhoso trabalho de atuação do ator Anthony Hopkins. Ele interpreta esse senhor, já na terceira idade, que começa a sofrer problemas relacionados à perda da memória, não reconhecimento de pessoas próximas e outros problemas relacionados ao Mal de Alzheimer. Com esse grande trabalho de interpretação o veterano Hopkins é um dos principais favoritos a vencer o Oscar de melhor ator nesse ano. Assim esperamos que aconteça.

Para quem aprecia o gênero dos filmes de ação há a opção de assistir ao filme "Na Mira do Perigo". Na história o ator Liam Neeson interpreta um fazendeiro durão do Arizona que decide proteger um imigrante ilegal que está sendo perseguido não apenas pelas autoridades, mas também pelos assassinos profissionais de um cartel de tráfico de drogas do México. Liam Neeson é atualmente o ator que mais trabalha em Hollywood. Mal um filme seu sai de cartaz e outro já entra na programação dos cinemas. Impressionante!

Para quem aprecia cinema europeu duas opções interessantes. A primeira é o filme "Os Melhores Anos de uma Vida", produção francesa dirigida pelo prestigiado cineasta Claude Lelouch. Com um bom elenco que conta entre outros com  Anouk Aimée e Jean-Louis Trintignan, o filme mostra a história de um casal apaixonado que fica 50 anos sem se encontrar. Depois de tantas décadas separado eles se reencontram, para viver uma nova história de amor. Já "O Charlatão" mostra a história de um sujeito bem estranho, que vende a esperança para pessoas que estão sofrendo de doenças terminais. A direção é de Agnieszka Holland e o elenco tem a presença dos atores Ivan Trojan, Jaroslava Pokorná e Miroslav Hanus.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Filmes no Cinema - Edição XIX

Em tempos de pandemia os lançamentos semanais são limitados. Ficaram para trás aqueles fins de semana quando até dez filmes novos chegavam nos cinemas. E para piorar os Estados Unidos enfrentam nessa semana uma nevasca de grandes proporções que fecharam as salas de cinema que ainda estavam abertas na costa leste e sul do país. Complicado. Ter um cinema nos dias de hoje virou quase um ato de heroísmo, tanto nos Estados Unidos como no Brasil. E o mesmo vale para quem compra um ingresso.

Pois bem, o principal lançamento desse fim de semana é um filme de fantasia chamado "Monster Hunter". Uma prévia do filme do King Kong vs Godzilla? Pode ser... Esse tipo de produção é mais voltado para um público juvenil, com muitos dragões voando pelos céus noturnos, bravos cavaleiros, enfim, aquele estilo conhecido como aventura e espadas. Eu até que fiquei curioso em conferir esse filme. Esse clima de RPG até que me atrai um pouco. A direção dessa produção é do cineasta Paul W.S. Andersone o elenco conta com Milla Jovovich e Tony Jaa. Os fãs de "Resident Evil" podem até mesmo se interessar também, quem sabe...

Fora esse lançamento, temos apenas dois outros filmes novos sendo lançados, mas em um circuito mais reduzido, mais voltado para cineclubes, salas especializadas em filmes cult, europeus, etc. Entre esses lançamentos mais, digamos, culturais, vale a citação de "Amarração do Amor" sobre um casal que quer se casar, mas que não conta com a aprovação de seus familiares. É de se perguntar se no mundo de hoje este tipo de questão ainda existe. De qualquer forma a direção é de Caroline Fioratti, O elenco conta com Samya Pascotto, Bruno Suzano e Ary França. Um filme indicado para românticos incuráveis que queiram rir um pouco também, por que não?

Outro lançamento digno de nota nessa semana se chama "Judas e o Messias Negro". Com direção de Shaka King e elenco trazendo Daniel Kaluuya, Lakeith Stanfield, e Martin Sheen, o filme conta a história de Fred Hampton (Daniel Kaluuya), um dos líderes dos Panteras Negras, grupo ativista que lutou em prol dos direitos civis nos Estados Unidos. Esse grupo foi bastante atuante durante as décadas de 1960 e 1970. No filme o FBI resolve infiltrar alguns agentes no movimento para investigar acusações de crimes e assassinatos cometidos pelos Panteras Negras. Esse filme parece ser dos mais interessantes. Provavelmente seja o melhor filme a chegar nas telas de cinema nesse fim de semana. A conferir.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Missão: Impossível - Efeito Fallout

As críticas que havia lido sobre esse filme me deixaram com uma expectativa alta em relação ao que veria no cinema. Alguns críticos chegaram a dizer que era não apenas o melhor filme da franquia "Missão: Impossível" como também o melhor filme da carreira de Tom Cruise... Depois de assistir ao filme pude perceber como era um enorme exagero esse tipo de opinião. OK, o filme é muito bem produzido, algo a se esperar de uma produção que custou 180 milhões de dólares... há três excelentes cenas de ação, mas afirmar que o filme é uma obra prima ou qualquer coisa parecida sequer a isso soa desproporcional demais.

O que mais me desagradou nesse novo filme é que o roteiro é muito fraco, derivativo e básico. Cheio de clichês, não consegue fugir daquela velha fórmula dos mocinhos salvando o mundo da destruição. A falta de imaginação dos roteiristas chega a um nível absurdo, a ponto de repetirem pela milésima vez aquela cena em que as bombas estão prestes a explodir e é preciso cortar um dos fios, antes que a contagem regressiva chegue ao final. Quantas vezes você já viu isso em outros filmes e séries? Milhares de vezes! Ver tudo isso de novo me soou tão cansativo... É muito batido e sem graça. Chegou a me dar sono.

Então já que o roteiro é bobo e ruim, o que vale mesmo é tentar curtir as cenas de ação, todas obviamente bem absurdas e inverossímeis. Esqueça James Bond ou Superman, o verdadeiro herói indestrutível dos filmes de ação é mesmo o agente Ethan Hunt do Tom Cruise. Ele consegue sair de um enorme desastre envolvendo dois helicópteros em uma montanha nevada sem sequer sofrer um arranhão ou despentear seus cabelos. Por falar em Bond, o roteiro claramente se "inspira" (para não dizer plagia mesmo) a antiga fórmula de levar o protagonista para diversas partes do mundo. Pena que aqui não fugiram do óbvio, filmando novamente em Londres e Paris, cidades que já estamos cansados de ver em filmes. Então é isso. Pela falta de novidades achei esse filme apenas meramente razoável.

Missão: Impossível - Efeito Fallout (Mission: Impossible - Fallout, Estados Unidos, 2018) Direção: Christopher McQuarrie / Roteiro: Christopher McQuarrie, Bruce Geller / Elenco: Tom Cruise, Henry Cavill, Ving Rhames, Rebecca Ferguson / Sinopse: O agente Ethan Hunt (Tom Cruise) precisa recuperar três ogivas nucleares antes que elas caíam nas mãos de terroristas que querem destruir grandes cidades em nome de sua causa insana.

Pablo Aluísio.

Em Pedaços

Esse filme trata da questão dos imigrantes na Europa, mesmo que de maneira indireta. Na história temos uma alemã que se apaixona por um imigrante curdo. O sujeito está terminando de cumprir uma pena por tráfico de drogas e após isso o casal decide se casar. O tempo passa, um filho nasce e a vida parece seguir seu rumo. Tudo vai indo bem até o dia em que uma bomba é deixada do lado de fora do escritório onde o marido trabalha. Na explosão ele e o filho morrem. A viúva fica em pedaços e obviamente pede por justiça. As investigações acabam direcionando para um casal de jovens neonazistas. Para eles é um absurdo e uma afronta que uma alemã de olhos azuis, ariana (na definição dos nazistas) venha a se envolver com um imigrante moreno e barbudo, vindo de um país muçulmano.

A atriz alemã Diane Kruger interpreta a esposa e mãe que perde sua família. Esse aliás é apenas o segundo filme dela feito em seu país, onde ela fala sua língua original. Um papel difícil porque ela precisa interpretar uma personagem bastante dramática, traumatizada pela morte do marido e do filho, precisando superar tudo, nem que seja a base de muita cocaína para segurar o tranco. Até pensamentos suicidas recorrentes começam a nublar sua perspectiva de vida. O roteiro divide o filme em três atos básicos. Cada um foi nomeado no filme. No primeiro ato chamado "The Family" vemos o casamento, a felicidade da família e o atentado, quando a realidade mostra sua crueldade. Em "Justice" acompanhamos o julgamento do casal neonazista responsável pelo atentado. Também é o momento da desilusão quando a viúva descobre que o sistema judiciário também pode ser muito falho e fraco contra esse tipo de criminoso movido por motivos raciais. O terceiro ato fecha tudo em "The Sea". Não vou estragar as surpresas, mas adianto que o final não me agradou. Sua mensagem pode até mesmo soar um pouco perigosa, extrema e fora do bom senso. Mesmo assim ainda é válido diante de tudo o que acontece com a protagonista.  Enfim, é um filme pesado que mostra os desafios da sociedade alemã nos dias atuais. Velhos fantasmas do passado parecem ainda assombrar aquele povo europeu.

Em Pedaços (Aus dem Nichts, Alemanha, França, 2017) Direção: Fatih Akin / Roteiro: Fatih Akin, Hark Bohm/ Elenco: Diane Kruger, Numan Acar, Rafael Santana, Samia Muriel Chancrin / Sinopse: A alemã Katja Sekerci (Diane Kruger) acaba se apaixonando por um imigrante curdo, vindo de um país muçulmano. Com ele é feliz e forma uma família. Tudo chega ao fim porém quando eles são vítimas de um atentado a bomba, um crime de ódio praticado por um casal de jovens neonazistas. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme Drama - Em Língua estrangeira.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Escobar - A Traição

Não estava esperando por muita coisa, mas acabei sendo surpreendido. Apesar do tema envolvendo o traficante Pablo Escobar já estar bem saturado ainda conseguiram fazer um filme interessante. O roteiro foi escrito a partir do livro escrito pela amante de Escobar, a jornalista Virginia Vallejo. Ela é interpretada pela atriz Penélope Cruz. Através de sua própria narrativa voltamos ao passado para mostrar seu relacionamento conturbado com Escobar. Inicialmente ela é atraída por esse homem vindo de baixo, das classes mais pobres, que acabou se tornando um dos homens mais ricos da Colômbia. Ela tenta passar para o espectador que não sabia quem ele era e de onde vinha sua fortuna, mas sinceramente falando não consegue convencer ninguém. Era óbvio que ela sabia que Pablo era um traficante e que seu dinheiro era proveniente da exportação de cocaína para os Estados Unidos. Todo o resto é apenas uma tentativa de suavizar sua culpa pelo que aconteceu.

Um dos grandes pontos positivos dessa produção é a caracterização do próprio Pablo Escobar. Javier Bardem nem precisou de muita maquiagem, perucas e figurinos para ficar parecidíssimo com Escobar. Gordo, nada glamoroso (como alguns filmes tentam fazer parecer), o bandido é retratado como ele era na vida real. Também não poupa em mostrar os inúmeros crimes e assassinatos mandados por ele ao seu grupo, o famigerado Cartel de Medellín. Como o filme é muito centrado em sua vida pessoal e de crimes, pouco espaço sobra para os policiais, os agentes que se esforçaram tanto para sua prisão e punição. Todos esses agentes assim são unificados no agente americano Shepard (Peter Sarsgaard). No final temos aqui um filme bem realista, honesto, mostrando os fatos como aconteceram. Sem essa coisa toda de romancear a vida de pessoas que no fundo eram apenas criminosos perigosos. 

Escobar - A Traição (Loving Pablo, Espanha, Bulgária, 2017) Direção: Fernando León de Aranoa / Roteiro: Fernando León de Aranoa, baseado no livro autobiográfico da jornalista Virginia Vallejo / Elenco: Javier Bardem, Penélope Cruz, Peter Sarsgaard / Sinopse: O filme mostra o romance entre o traficante internacional Pablo Escobar e sua amante, a jornalista Virginia Vallejo. Ela fica atraída por sua riqueza e poder, sem saber (segundo ela) que ele era um dos maiores traficantes do mundo. Depois que o cerco se fecha, com a perseguição das autoridades, sua vida se transforma em um verdadeiro inferno.
 

Pablo Aluísio.

Agnes de Deus

Título no Brasil: Agnes de Deus
Título Original: Agnes of God
Ano de Produção: 1985
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Norman Jewison
Roteiro: John Pielmeier
Elenco: Jane Fonda, Anne Bancroft, Meg Tilly, Anne Pitoniak, Winston Rekert, Guy Hoffmann

Sinopse:
Quando um recém-nascido é encontrado morto, envolto em lençóis ensangüentados, no quarto de uma jovem noviça, a psiquiatra Martha Livingston (Jane Fonda) é chamada para determinar o que teria acontecido dentro do convento. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Anne Bancroft), Atriz Coadjuvante (Meg Tilly) e Melhor Música incidental (Georges Delerue).

Comentários:
Um excelente filme que apesar de ter sido indicado ao Oscar e ter colecionado indicações em outros prêmios importantes na época, pouco chamou atenção do público em geral. Realmente a produção foi considerada um dos fracassos comerciais de 1985. Não importa. O que é relevante chamar a atenção é que o diretor Norman Jewison conseguiu realizar um filme muito bom, com ótimo desenvolvimento do enredo, tudo embalado em um clima de suspense que chega a causar mal estar no espectador. O roteiro também discute, mesmo que de forma sutil, sobre certos dogmas que imperam entre o clero católico e a forma que isso influencia na mente das pessoas envolvidas. Jane Fonda, como sempre, se destaca. Ela sempre teve um ativismo político bem forte em sua vida pessoal e quando isso possível também levava temas interessantes para serem discutidos nos filmes em que atuou. Esse "Agnes de Deus" é bem representativo nesse aspecto. Um filme que discute temas importantes, mesmo que de forma apenas subliminar.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 10 de julho de 2018

Truque de Mestre: O 2º Ato

Esse é o segundo filme dessa franquia. O primeiro deu muito certo nas bilheterias, então o estúdio resolveu repetir a dose. Pena que também repetiu todos os problemas do filme original. É a tal coisa, esse tipo de filme é bem o exemplo daquele caso de produção que poderia ser muito boa, mas que acaba abrindo concessões demais ao lado mais comercial, criando assim um produto muito juvenil, complicado de se levar à sério. Tecnicamente tudo é bem produzido, afinal o estúdio investiu bastante dinheiro, porém o roteiro derrapa várias vezes. Em termos de enredo tudo segue as pontas soltas deixadas no primeiro filme. Os tais cavaleiros se reúnem novamente e todos agora correm atrás de um chip que supostamente teria a capacidade de entrar em qualquer sistema de computação do mundo. Um poder cobiçado por todos.

A novidade vem no vilão, com a entrada em cena do eterno Harry Potter, o ator Daniel Radcliffe. Chamado de "nanico" durante uma das cenas, realmente não consegue desempenhar muito bem seu papel. É um tipo muito associado a personagens heroicos como o próprio Harry Potter. Tentar apertar um botão para virar um vilão malvado simplesmente não funciona muito. Nem o fato de usar uma barbicha o torna mais ameaçador. Está marcado mesmo por Potter e vai ser complicado superar isso. Do resto do elenco não se vê muitas novidades. Como quase sempre acontece com grandes astros, aqui os roteiristas decidiram também dar um jeito de amenizar o personagem de Morgan Freeman. Agora ele está ao lado dos mocinhos. Meio chato isso. No final das contas a sensação que tive ao terminar de assistir foi a mesma do filme de 2013. Poderia ser muito bom, mas não foi. O tema envolvendo mágicos sempre é legal, cativante, porém não numa pegada tão bobinha como a que vemos aqui.

Truque de Mestre: O 2º Ato (Now You See Me 2, Estados Unidos, França, 2016) Direção: Jon M. Chu / Roteiro: Ed Solomon / Elenco: Jesse Eisenberg, Mark Ruffalo, Woody Harrelson, Daniel Radcliffe, Morgan Freeman, Michael Caine, Dave Franco, Lizzy Caplan / Sinopse: Os cavaleiros mágicos se reúnem mais uma vez, agora para desmascarar um magnata do mundo da informática. Também precisam lidar com um novo vilão que surge para destrui-los de uma vez por todas. No centro da disputa um chip que dará acesso a todos os computadores ao redor do mundo. 

Pablo Aluísio.

Próxima Parada Apocalipse

Mais uma produção Netflix. Mais um filme que deixa a desejar. No enredo encontramos dois homens - pai e genro - atravessando uma região inóspita para tentar salvar a filha que ficou numa cidade atingida por uma grande catástrofe. Que catástrofe foi essa? Natural? Uma explosão atômica? Não espere respostas a essa pergunta. O roteiro simplesmente não explica, o que é bem frustrante, principalmente no final que fica em aberto, sem concluir o que estava contando. Assim o filme se sustenta mesmo no clima de suspense que tenta criar. No começo temos uma história banal, quase um enredo de drama romântico. Um jovem advogado está para se casar com sua namorada. Mais do que isso. Ela está grávida. O problema é o pai dela, um militar aposentado, aqui na interpretação do ator Forest Whitaker.

Ele não gosta do futuro genro. Ele também não quer que ele se case com sua filha. Há um clima de tensão entre eles. Um jantar é marcado para acertar as diferenças, mas no meio disso aconteceu algo inexplicável. O norte dos Estados Unidos é atingido por um grande cataclisma. A filha está lá, em Seattle, cidade que foi atingida em cheio. Sem pensar muito nas opções pai e genro entram em um carro e pegam estrada rumo ao desconhecido. O filme é isso, um road movie passado em um mundo em caos. É como se estivéssemos em um cenário de "Mad Max", porém com toques mais realistas. Sim, há a luta pelo combustível, a brutalidade e a violência, coisas típicas de um filme pós-apocalipse, mas tudo em doses homeopáticas, sem tirar o pé do chão da realidade. O problema maior é, como já escrevi, a falta de explicações. O roteiro não explica o que está acontecendo e o pior de tudo, deixa um final insatisfatório, naquela situação em que o filme acaba de repente, causando uma certa perplexidade em quem acompanhou aquela história por tanto tempo (o filme tem uma duração considerável para esse tipo de produção). Assim temos aqui outra produção Netflix que ficou pelo meio do caminho, literalmente.

Próxima Parada Apocalipse (How It Ends, Estados Unidos, 2018) Direção: David M. Rosenthal / Roteiro: Brooks McLaren / Elenco: Theo James, Forest Whitaker, Grace Dove, Kat Graham / Sinopse:  Um pai desesperado e o namorado de sua filha partem rumo norte em direção a Seattle, onde a filha está. A cidade e toda aquela região foi atingida por um cataclisma inexplicável, onde não existe mais lei, ordem e nem civilização.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Onde Está Kyra?

Esse é um filme sobre a velhice e as dificuldades que a pessoa enfrenta quando vai avançando na idade. Michelle Pfeiffer interpreta Kyra, a filha única de uma senhora idosa. Elas moram juntas em um pequeno apartamento e vivem da aposentadoria dela. Kyra até luta para arranjar um emprego, mas o mercado de trabalho fecha as portas para uma pessoa como ela, uma mulher que já passou dos 50 anos. Desempregada, ela tenta levar em frente a vida, mas tudo desaba quando sua mãe falece. Sem emprego e sem o dinheiro da aposentadoria ela fica sem ter meios como viver. Até que no desespero resolve cometer uma fraude, se vestindo como sua mãe, tudo para continuar recebendo os cheques da previdência social.

Ela também se envolve com um motorista de passageiros, um homem igualmente com muitos problemas financeiros, pois não consegue se firmar na vida. Esse papel é interpretado por Kiefer Sutherland, em boa atuação. É interessante ver esses dois famosos dos anos 80 interpretando pessoas mais velhas, com complicações na vida. No passado eles eram astros glamorosos de Hollywood, mas nesse filme se despem dessa imagem, interpretando pessoas comuns, com problemas bem ordinários.

Pode-se dizer que o diretor Andrew Dosunmu imprimiu uma forte carga dramática em seu filme. Toda a fotografia é bem opaca, escura, dando ao filme um clima bem soturno e pessimista. Não há espaço para o humor, que poderia até surgir nas cenas em que Kyra se faz passar por sua velha mãe. As tintas imprimidas nesse filme porém são puramente dramáticas, sem espaço para alívios cômicos. Apesar disso gostei da proposta do roteiro. Ele mostra que mesmo nas economias mais desenvolvidas do mundo ainda há muitas pessoas pobres, desempregadas, passando por várias necessidades. Um bom exemplo para quem pensa que o primeiro mundo é isento desse tipo de drama social.

Onde Está Kyra? (Where Is Kyra?, Estados Unidos, 2017) Direção: Andrew Dosunmu / Roteiro: Andrew Dosunmu, Darci Picoult / Elenco: Michelle Pfeiffer, Kiefer Sutherland, Suzanne Shepherd, Sam Robards / Sinopse: Pobre e desempregada, Kyra (Pfeiffer) decide fazer uma fraude para continuar a receber a aposentadoria da mãe, recentemente falecida. Para isso se veste como ela, tentando enganar os funcionários da previdência social. Ao mesmo tempo conhece um homem em situação parecida, em papel interpretado por Kiefer Sutherland.

Pablo Aluísio.

The Catcher Was a Spy

É um drama de espionagem e suspense ambientado na II Guerra Mundial. Algo que não esperaria ser estrelado por um ator como Paul Rudd. Logo ele, o Homem-Formiga, sempre com uma piadinha na ponta de língua. Pois é, aqui não existe espaço para o humor. No filme, que é baseado numa história real, somos apresentados ao jogador de beisebol Moe Berg. Já veterano, quase aposentado do esporte, ele começa a procurar por outros caminhos na vida. Acaba sendo recrutado pela OSS, a agência de espionagem dos Estados Unidos antes da criação da CIA. Embora fosse conhecido mais como desportista, Berg também era um intelectual, com várias formações acadêmicas. Também falava vários idiomas, ou seja, era o tipo ideal para se tornar um agente de espionagem do governo americano.

Sua primeira missão acaba sendo uma das mais complicadas. Ele é enviado para a Suíça. Seu objetivo é encontrar e matar um importante cientista alemão que estaria comandando a criação da tão temida bomba atômica nazista. Não espere por nada parecido como James Bond, com muitas cenas de ação e aventura. Como tudo é baseado em fatos reais, a história se desenvolve de forma mais calma e verossímil. Outro aspecto melhor trabalhado pelo roteiro é a própria personalidade do protagonista. Solteirão e culto, havia uma suspeita que ele também fosse gay, algo sutilmente sugerido pelo roteiro quando ele viaja até o Japão e lá encontra um homem em um bar. Como resultado de tudo considerei o filme bom, bem produzido e com boas atuações. Nunca havia visto Paul Rudd em um filme sério, com ares mais dramáticos como esse. Não deixou de ser uma grande surpresa.

The Catcher Was a Spy (Estados Unidos, 2018) Direção: Ben Lewin / Roteiro: Robert Rodat, Nicholas Dawidoff / Elenco: Paul Rudd, Paul Giamatti, Jeff Daniels, Connie Nielsen, Guy Pearce, Tom Wilkinson / Sinopse: O filme conta a história real de um jogador de beixebol e acadêmico que durante os anos 1940 se tornou agente de espionagem do governo americano, tendo como missão executar um importante cientista alemão envolvido no desenvolvimento da primeira bomba atômica do III Reich.

Pablo Aluísio.

domingo, 8 de julho de 2018

A Maldição da Freira

O cinema inglês tem muita tradição em filmes de terror. Isso vem desde os tempos dos estúdios Hammer. Pelo visto a tradição de bons filmes segue em frente. Aqui temos mais um exemplo. Tudo começa quando dois padres chegam em um convento para investigar a existência de um suposto milagre. Estátuas de Nossa Senhora estariam chorando lágrimas de sangue. Um dos padres, o mais velho e experiente, não acredita em nada disso. No passado ele desvendou inúmeras fraudes e por isso criou uma postura de realmente nunca acreditar nesse tipo de coisa, só que dessa vez acontecimentos inexplicáveis começam a ocorrer e ele começa a realmente ficar em dúvida sobre o que realmente estaria acontecendo naquele lugar.

O estilo do filme imita uma gravação ao estilo footage, como se estivéssemos vendo o resultado das filmagens feitas por um dos padres em sua antiga câmera super 8. Isso porque a história do filme se passa toda nos anos 60. O resultado ficou bem interessante em termos narrativos. Não espere encontrar um terror ao estilo slasher ou algo parecido. Muitas vezes o suspense é construído todo em um nível mais intelectual, o que no meu caso soou como algo muito positivo. Claro, há uma certa dose de sustos feitos para fazer o espectador pular da cadeira, mas esses momentos são mais pontuais. O surgimento de crianças (as almas daqueles que sofreram um grande mal no passado) completam o quadro de suspense. Com uma curta duração o filme no final se mostra muito eficiente. Há um subtexto explorando algumas situações nunca explicadas pela Igreja na Irlanda que vai enriquecer ainda mais o roteiro. Assim se você estiver em busca de um terror mais visceral e cerebral indico esse ainda pouco conhecido "The Devil's Doorway".

A Maldição da Freira (The Devil's Doorway, Inglaterra, 2018) Direção: Aislinn Clarke / Roteiro: Martin Brennan, Aislinn Clarke / Elenco: Lalor Roddy, Ciaran Flynn, Helena Bereen / Sinopse: Dois padres são enviados para investigar estranhos acontecimentos em um antigo convento que agora funciona como lar para órfãos, mães solteiras e pessoas abandonadas por suas famílias. O lugar apresenta estranhos fenômenos como estátuas sangrando pelos olhos e aparições de crianças pelos corredores escuros durante as madrugadas. Haveria algo de verdadeiro nesses acontecimentos ou tudo seria fruto de uma fraude inventada por alguém?

Pablo Aluísio.

Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes

Bom, se você gosta dos filmes estrelados por Jason Statham então não pode deixar de assistir a essa fita de ação. Não, o Jason ainda não era o principal nome do elenco, mas já tinha destaque entre os colegas de profissão. Antes desse filme o Jason só havia atuado em dois outros filmes, nenhum deles chegou a ter algum destaque no Brasil. "The Shamen: Comin' On" e "Erasure: Run to the Sun" só foram lançados no mercado inglês e eram curtas, por isso podemos dizer que "Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes" é de fato o primeiro filme da carreira de Jason Statham. E foi um ótimo começo, uma vez que a fita foi dirigida por ninguém menos do que Guy Ritchie, cineasta sempre queridinho da crítica. Ao longo dos anos seus exageros foram estragando algumas produções, principalmente aquelas que contavam com orçamentos milionários. Isso porém não acontece aqui pois o filme tem a medida certa de ação e esquisitice.

A história se passa numa Londres feia e cinzenta. Tudo se desenvolve no submundo do crime londrino, onde um sujeito decide dar um golpe em uma chefe de quadrilha da região onde mora. O palco seria um jogo de pôquer, mas como sempre acontece nesse tipo de situação as coisas não dão muito certo e ele fica com uma dívida de 500 mil libras! Dever para um criminoso acostumado a quebrar as pernas de quem não gosta não parece ser uma boa ideia. Assim o grupo decide que é hora de levantar dinheiro o mais rapidamente possível. Como? Ora fazendo assaltos e crimes por toda a cidade. O filme tem uma estrutura narrativa insana, como é bem característico do cinema de Guy Ritchie e talvez por isso tenha sido indicado ao BAFTA Awards, premiação bem prestigiada que não costuma indicar filmes de ação.

Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (Lock, Stock and Two Smoking Barrels, Inglaterra, 1998) Direção: Guy Ritchie / Roteiro: Guy Ritchie / Elenco: Jason Flemyng, Dexter Fletcher, Nick Moran, Jason Statham / Sinopse: Ao dever para um chefão da máfia local, um grupo de criminosos pé de chinelo não vê outra alternativa do que promover uma série de crimes para levantar o dinheiro o mais rapidamente possível. Uma péssima ideia...

Pablo Aluísio.

sábado, 7 de julho de 2018

Madame

Esse é um filme francês que a despeito de trazer um enredo simples, procura mostrar todo o preconceito social que existe dentro da sociedade francesa. O casal de protagonista é formado por ricaços americanos que vivem em Paris. A madame Anne Fredericks (Toni Collette) decide dar um belo jantar em seu apartamento. Entre os convidados estão figurões da política inglesa e membros da classe alta parisiense. Seu marido Bob (Harvey Keitel) procura esconder que sua empresa financeira de Nova Iorque está indo a falência, tudo para manter a pose. Falsidade completa. Pois bem, durante os preparativos do jantar, Madame descobre que a mesa foi montada para 13 pessoas, só que apenas 12 convidados estarão presentes. Para compensar ela resolve dar um de seus melhores vestidos para a empregada doméstica Maria (Rossy de Palma) fingir que é uma das convidadas ao elegante jantar.

Ela não deve interagir com ninguém, nem falar com os demais convidados. Deve apenas ser uma figurante, como um abajur da sala, nada mais. Só que Maria após alguns drinks começa a falar e conversar com os demais convidados, encantando particularmente David Morgan (Michael Smiley) que fica pensando que ela é uma milionária, prima do Rei da Espanha. Apaixonados, criam um problema e tanto para madame, que precisa acabar com esse romance, para contar toda a verdade. O roteiro, tipicamente uma comédia de costumes, procura mostrar que nem as maiores paixões resiste quando há um abismo social, sendo Maria uma empregada doméstica e seu namorado, David Morgan, um milionário. O filme apesar disso se desenvolve de forma leve, com duração adequada aos seus propósitos. Gostei do resultado. Livre daquelas amarras dramáticas que muitas vezes estragam os filmes franceses, esse aqui tem uma leveza muito bem-vinda.  Mostra um lado condenável da sociedade francesa, mas com um sorriso no rosto. Um ponto inegavelmente positivo para esse "Madame".

Madame (França, 2017) Direção: Amanda Sthers / Roteiro: Amanda Sthers / Elenco: Toni Collette, Harvey Keitel, Rossy de Palma, Michael Smiley, Tom Hughes / Sinopse: Durante um jantar a empregada doméstica de madame acaba encantando um rico político inglês. Eles começam a namorar, mas ele pensa que ela na verdade é uma nobre da casa real da Espanha. Apenas madame poderá desfazer todos esses enganos, contando toda a verdade sem magoar ninguém.

Pablo Aluísio.

Beirute

Quando o filme começa encontramos o agente diplomático Mason Skiles (Jon Hamm) dando uma animada recepção em sua casa em Beirute. O clima é muito animado. Era o ano de 1972 e a cidade do Oriente Médio era considerada um jardim de tranquilidade naquela região do mundo. Cristãos e muçulmanos viviam bem juntos, havia turismo e muitos hotéis de luxo. Economicamente era uma cidade próspera e bem organizada, mas eis que o fundamentalismo islâmico começou a se espalhar causando terror e mortes por todos os lugares. O próprio Mason acaba vendo a esposa morrer nessa guerra insana. Ele então retorna aos Estados Unidos. Desiludido, com problemas de alcoolismo, ele tenta encontrar um novo sentido na vida.

Até que um dia recebe um estranho convite para dar uma palestra em Beirute. Ele não vai lá desde a morte da esposa, há dez anos. Mesmo assim, por causa da bela oferta em dinheiro, resolve retornar. A velha Beirute que ele conheceu já não existe mais. Tudo o que sobrou foram escombros e destruição. Pior do que isso. Ele descobre que o tal convite da universidade foi apenas uma fachada criada pela CIA que queria seu retorno para participar das negociações de resgate de um agente da embaixada americana que foi sequestrado por terroristas. E assim segue o enredo. No geral gostei dessa nova produção do Netflix. O roteiro poderia ter entrado mais fundo na questão libanesa, mas do jeito que está, valorizando mais as negociações do sequestro, até que prende a atenção. O ator Jon Hamm de "Mad Men" encara um de seus primeiros filmes como protagonista e não se sai mal. Ele tem o jeito certo para esse tipo de produção. Só falta encontrar o roteiro certo para virar, quem sabe, um novo astro de cinema.

Beirute (Beirut, Estados Unidos, 2018) Direção: Brad Anderson / Roteiro: Tony Gilroy / Elenco: Jon Hamm, Jay Potter, Khalid Benchagra / Sinopse: Mason Skiles (Jon Hamm) é um ex-agente diplomático americano que acaba caindo numa armadilha criada pela CIA. Ele retorna para Beirute, onde trabalhou dez anos antes, para se envolver nas negociações de sequestro de um membro da embaixada dos Estados Unidos. O líder dos terroristas é um velho conhecido seu, tendo trabalhado ao seu lado quando era apenas um jovem rapaz.

Pablo Aluísio.