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segunda-feira, 28 de março de 2022

Oscar 2022

Esse Oscar de 2022 vai ser lembrado pelos motivos errados. Em um futuro próximo as pessoas só vão lembrar da absurda agressão do Will Smith em Chris Rock. Foi algo completamente inesperado, tanto que quando assisti o momento ao vivo pensei tratar-se de uma piada do roteiro da festa. Não era, era uma agressão verdadeira. E tudo por causa de uma piada, um tanto complicada, temos de admitir, mas que jamais justificaria o que houve. O Will Smith acabou vencendo o Oscar de melhor ator, mas o clima de constrangimento foi total! Ninguém conseguia acreditar que algo como aquilo havia acontecido. Eu jamais presenciei nada parecido no Oscar. Em minha opinião o Will Smith deveria ser punido de forma severa pela Academia.

Pois bem, deixando as baixarias de lado, vamos comentar o que interessa, os vencedores. O favorito para vencer o Oscar de melhor filme era "Ataque dos Cães" e isso parecia se confirmar quando Jane Campion foi anunciada como vencedora. Geralmente filmes que vencem na categoria de melhor direção levam também o Oscar de melhor filme. Esse ano essa regra não escrita foi quebrada. Quem acabou vencendo o cobiçado prêmio de melhor filme do ano foi "No Ritmo do Coração". Foi uma surpresa, mas não foi uma injustiça. Esse drama adolescente é um filme maravilhoso em todos os aspectos. De uma leveza tocante. Trata de assuntos bem sérios e dramáticos, mas sem exagerar nas doses de pieguice. Eu adorei o prêmio. Um belo filme foi premiado, não tenha dúvidas sobre isso.

Entre os demais atores tivemos a premiação de Troy Kotsur por "No Ritmo do Coração". Ele interpreta o pai barbudo e surdo da protagonista do filme. Ele próprio é surdo e sua premiação foi a primeira da história. Quem assistiu ao filme sabe que foi uma premiação justíssima. Ele não se expressa com palavras no filme, mas seu talento é tanto que isso se torna um mero detalhe. Na categoria de atriz coadjuvante levou Ariana DeBose por "Amor, Sublime Amor" o filme de Spielberg que merecia mais estatuetas. E o prêmio de melhor atriz foi para Jessica Chastain por "Os Olhos de Tammy Faye". Ainda não assisti a esse filme, mas os críticos de um modo em geral adoraram.

Outra categoria que considero muito importante no Oscar é a de melhor roteiro, aqui dividida em roteiro original e roteiro adaptado. Em roteiro original um veterano foi premiado, Kenneth Branagh por "Belfast". Ele foi muito conhecido por suas adaptações de Shakespeare no passado, por isso entendo até como um Oscar pelo conjunto da obra. Em roteiro Adaptado foi premiado "No Ritmo do Coração". Ótimo! Eu não me cansarei de elogiar esse filme, um dos melhores que já assisti esse ano (em breve vou publicar meu texto sobre o filme). E para finalizar a ficção "Duna" também levou sua cota de prêmios, com destaque para o de melhores efeitos especiais. Outro prêmio que não se pode contestar.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Oscar 2022 - Lista de Indicados

Oscar 2022 - Lista de Indicados
Nessa manhã foi divulgada a lista dos indicados ao Oscar de 2022. A cerimônia será realizada no dia 27 de março de 2022. O campeão de indicações foi o drama "Ataque dos Cães", filme considerado também o favorito da noite. Vamos aguardar. Segue abaixo a lista com todos os indicados ao Oscar 2022.  

Melhor filme:
Ataque dos Cães
Belfast
No Ritmo do Coração
Não Olhe Para Cima
Drive My Car
Duna
King Richard: Criando Campeãs
Licorice Pizza
O Beco do Pesadelo
Amor, Sublime Amor

Melhor direção:
Kenneth Branagh - Belfast
Ryûsuke Hamaguchi - Drive My Car
Paul Thomas Anderson - Licorice Pizza
Jane Campion - Ataque dos Cães
Steven Spielberg - Amor, Sublime Amor

Melhor ator:
Javier Bardem - Apresentando os Ricardos
Benedict Cumberbatch - Ataque dos Cães
Andrew Garfield - Tick, Tick... Boom!
Will Smith - King Richard: Criando Campeãs
Denzel Washington - A Tragédia de Macbeth

Melhor atriz:
Jessica Chastain - The Eyes of Tammy Faye
Olivia Colman - A Filha Perdida
Penélope Cruz - Mães Paralelas
Nicole Kidman - Apresentando os Ricardos
Kristen Stewart - Spencer

Melhor ator coadjuvante:
Ciarán Hinds - Belfast
Troy Kotsur - No Ritmo do Coração
Jesse Plemons - Ataque dos Cães
J.K. Simmons - Apresentando os Ricardos
Kodi Smit-McPhee - Ataque dos Cães

Melhor atriz coadjuvante:
Jessie Buckley - A Filha Perdida
Ariana DeBose - Amor, Sublime Amor
Judi Dench - Belfast
Kirsten Dunst - Ataque dos Cães
Aunjanue Ellis - King Richard: Criando Campeãs

Melhor roteiro original:
Kenneth Branagh - Belfast
Adam McKay - Não Olhe Para Cima
Zach Baylin - King Richard: Criando Campeãs
Paul Thomas Anderson - Licorice Pizza
Eskil Vogt & Joachim Trier - The Worst Person in the World

Melhor roteiro adaptado:
Siân Heder - No Ritmo do Coração
Ryûsuke Hamaguchi & Takamasa Oe - Drive My Car
Jon Spaiths, Denis Villeneuve & Eric Roth - Duna
Maggie Gyllenhaall - A Filha Perdida
Jane Campion - Ataque dos Cães

Melhor fotografia:
Greig Fraser - Duna
Dan Lautsen - O Beco do Pesadelo
Ari Wegner - Ataque dos Cães
Bruno Delbonnel - A Tragédia de Macbeth
Janusz Kominski - Amor, Sublime Amor

Melhor trilha sonora:
Nicholas Britell - Não Olhe Para Cima
Hans Zimmer - Duna
Germaine Franco - Encanto
Alberto Iglesias - Mães Paralelas
Jonny Greenwood - Ataque dos Cães

Melhor canção original:
Be Alive - King Richard: Criando Campeãs
Dos Oruguitas - Encanto
Down to Joy - Belfast
No Time to Die - 007 - Sem Tempo Para Morrer
Somehow You Do - Four Good Days

Melhor edição:
Hank Corwin - Não Olhe Para Cima
Joe Walker - Duna
Pamela Martin - King Richard: Criando Campeãs
Peter Sciberras - Ataque dos Cães
Myron Kerstein & Andrew Weisblum -  Tick, Tick... Boom!

Melhor figurino:
Jenny Beavan - Cruella
Massimo Cantini Parrini & Jacqueline Durran - Cyrano
Jacqueline West & Robert Morgan - Duna
Luis Sequeira - O Beco do Pesadelo
Paul Tazewell - Amor, Sublime Amor

Melhor cabelo & maquiagem:
Um Príncipe em Nova York 2
Cruella
Duna
The Eyes of Tammy Faye
Casa Gucci

Melhor design de produção:
Patrick Vermette - Duna
Tamara Deverell - O Beco do Pesadelo
Grant Major - Ataque dos Cães
Stefan Decbant - A Tragédia de Macbeth
Adam Stockhausen - Amor, Sublime Amor

Melhor filme internacional:
Drive My Car (Japão)
Flee (Dinamarca)
A Mão de Deus (Itália)
Lunana: A Yak in the Classroom (Butão)
The Worst Person in the World (Noruega)

Melhor documentário em longa-metragem:
Ascension
Attica
Flee
Summer of Soul
Writing with Fire

Melhor documentário em curta metragem:
Audible
Lead Me Home
The Queen of Basketball
Three Songs for Ben Azir
When We Were Bullies

Melhor animação em longa metragem:
Encanto
Flee
Luca
A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas
Raya e o Último Dragão

Melhor animação em curta metragem:
Affairs of the Art
Bestia
Boxballet
Robin Robin
The Windshield Wiper

Melhor curta metragem live-action:
Ala Kachuu - Take and Run
The Dress
The Long Goodbye
On My Mind
Please Hold

Melhor som:
Belfast
Duna
007 - Sem Tempo Para Morrer
Ataque dos Cães
Amor, Sublime Amor

Melhores efeitos visuais:
Duna
Free Guy: Assumindo o Controle
007 - Sem Tempo Para Morrer
Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis
Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Oscar 2021

Particularmente gostei bastante dessa cerimônia do Oscar. A pandemia mudou várias coisas e devo dizer que para melhor. Ao invés de todo aquele exagero (e breguice) dos anos anteriores, ontem tudo transcorreu de maneira bem mais simples, elegante, com sobriedade. O cineasta Steven Soderbergh dirigiu o show e acertou muito. Ao invés um palco imenso, optou-se por um palco pequeno, quase um tablado. Apenas os profissionais que concorriam ao Oscar (com no máximo dois acompanhantes) ocuparam as mesas. O interessante de tudo é que esse estilo, com mesas separadas, abajures elegantes e tudo mais, foi claramente inspirado na primeira noite do Oscar, em 1929 Na ocasião a entrega dos prêmios foi anunciada como um "jantar dançante".

Igualmente gostei da lista dos premiados. Não houve injustiças históricas e nem bobagens. Só ganhou quem realmente merecia ganhar. "Nomadland" foi o grande vencedor da noite. Foi premiado como melhor filme, melhor atriz (Frances McDormand, em excelente atuação) e melhor direção (para a mais do que talentosa Chloé Zhao). Todos os prêmios mais do que merecidos, em todos os aspectos. O filme é realmente muito bom, mostrando o lado mais sofrido dos Estados Unidos, com a pobreza, a falta de esperança e a adoção de uma vida nômade como meio de sobrevivência.

Anthony Hopkins venceu o Oscar de melhor ator pelo filme "Meu Pai". Eu torcia por ele, não vou negar. Quando escrevi sobre o filme disse que ele merecia o prêmio, era a melhor atuação do ano e uma das mais primorosas de toda a sua carreira. Também se tornou o ator mais velho a ser premiado, com 83 anos de idade. Não chegou a assistir à cerimônia, segundo seu agente. Quando seu nome foi anunciado, o bom e velho Hopkins estava dormindo em sua casa. Só veio a saber de seu prêmio hoje pela manhã. Ele já conquistou tudo na carreira, não precisa mais fazer média com ninguém (aliás nunca precisou!).

Youn Yuh-jung, também na terceira idade, venceu o Oscar de melhor atriz coadjuvante pelo seu papel de vovó fora dos padrões no drama coreano "Minari". De fato ela é alma desse filme sobre uma família de imigrantes coreanos tentando vencer na vida nos Estados Unidos. Daniel Kaluuya venceu o Oscar de melhor ator coadjuvante por sua atuação visceral no filme sobre os panteras negras, "Judas e o messias negro". Filmão politicamente consciente. "Druk - Mais uma rodada" o filme da Dinamarca que resenhei há poucos dias aqui no blog venceu na categoria de Melhor filme internacional. Quem diria... o diretor fez um longo discurso, logo no começa da cerimônia, o que assustou os produtores da festa pois se todo mundo seguisse seu exemplo o Oscar iria estourar seu tempo determinado pelo roteiro.

"Bela vingança", filme que anda muito elogiado, não saiu de mãos vazias. Levou o prestigiado Oscar de melhor roteiro original. O Oscar de melhor roteiro adaptado foi para "Meu pai". Ambas as premiações foram certeiras. Nada a criticar. A animação "Soul" levou dois prêmios, a de melhor trilha sonora e a de melhor animação. Justo demais. O estranho "Tenet" levou o Oscar de melhores efeitos especiais. De roteiro é que ele não iria levar de jeito nenhum pois foi um dos roteiros mais confusos dos últimos tempos. Por fim o tão badalado "Mank" que liderava em número de indicações ficou apenas no meio do caminho. Foi premiado em melhor direção de fotografia e melhor design de produção (direção de arte). A Netflix esperava por muito mais. Então é isso, um Oscar diferente, sóbrio, justo e bem realizado. Gostei de maneira em geral. 

 

Oscar 2021 - Lista de Indicados - Em negrito os VENCEDORES:

Melhor filme

    "Meu pai"
    '"Judas e o messias negro"
    "Mank"
    "Minari"
    "Nomadland"
    "Bela vingança"
    "O som do silêncio"
    "Os 7 de Chicago"

Melhor atriz

    Viola Davis - "A voz suprema do blues"
    Andra Day - "Estados Unidos Vs Billie Holiday"
    Vanessa Kirby - "Pieces of a woman"
    Frances McDormand - "Nomadland"
    Carey Mulligan - "Bela vingança"

Melhor ator

    Riz Ahmed - "O som do silêncio"
    Chadwick Boseman - "A voz suprema do blues"
    Anthony Hopkins - "Meu pai"
    Gary Oldman - "Mank"
    Steve Yeun - "Minari"

Melhor direção

    Thomas Vinterberg - "Druk - Mais uma rodada"
    David Fincher - "Mank"
    Lee Isaac Chung - "Minari"
    Chloé Zhao - "Nomadland"
    Emerald Fennell - "Bela vingança"

Melhor atriz coadjuvante

    Maria Bakalova - "Borat: fita de cinema seguinte"
    Glenn Close - "Era uma vez um sonho"
    Olivia Colman - "Meu pai"
    Amanda Seyfried - "Mank"
    Youn Yuh-jung - "Minari"

Melhor ator coadjuvante

    Sacha Baron Cohen - "Os 7 de Chicago"
    Daniel Kaluuya - "Judas e o messias negro"
    Leslie Odom Jr. - "Uma noite em Miami"
    Paul Raci - "O som do silêncio"
    Lakeith Stanfield - "Judas e o messias negro"

Melhor filme internacional

    "Druk - Mais uma rodada" (Dinamarca)
    "Shaonian de ni" (Hong Kong)
    "Collective" (Romênia)
    "O homem que vendeu sua pele" (Tunísia)
    "Quo vadis, Aida?" (Bósnia e Herzegovina)

Melhor roteiro adaptado

    "Borat: fita de cinema seguinte"
    "Meu pai"
    "Nomadland"
    "Uma noite em Miami"
    "O tigre branco"

Melhor roteiro original

    "Judas e o Messias negro"
    "Minari"
    "Bela vingança"
    "O som do silêncio"
    "Os 7 de Chicago"

Melhor figurino

    "Emma"
    "A voz suprema do blues"
    "Mank"
    "Mulan"
    "Pinóquio"

Melhor trilha sonora

    "Destacamento blood"
    "Mank"
    "Minari"
    "Relatos do mundo"
    "Soul"

Melhor animação

    "Dois irmãos: Uma jornada fantástica"
    "A caminho da lua"
    "Shaun, o Carneiro: O Filme - A fazenda contra-ataca"
    "Soul"
    "Wolfwalkers"

Melhor curta de animação

    "Burrow"
    "Genius Loci"
    "If anything happens I love you"
    "Opera"
    "Yes people"

Melhor curta-metragem em live action

    "Feeling through"
    "The letter room'"
    "The present"
    '"wo distant strangers"
    "White Eye"

Melhor documentário

    "Collective"
    "Crip camp"
    "The mole agent"
    "My octopus teacher"
    "Time"

Melhor documentário de curta-metragem

    "Collete"
    "A concerto is a conversation"
    "Do not split"
    "Hunger ward"
    "A love song for Natasha"

Melhor som

    "Greyhound: Na mira do inimigo"
    "Mank"
    "Relatos do mundo"
    "Soul"
    "O som do silêncio"

Canção original

    "Fight for you" - "Judas e o messias negro"
    "Hear my voice" - "Os 7 de Chicago"
    "Husa'vik" - "Festival Eurovision da Canção: A saga de Sigrit e Lars"
    "Io sì" - "Rosa e Momo"
    "Speak now" - "Uma noite em Miami"

Maquiagem e cabelo

    "Emma"
    "Era uma vez um sonho"
    "A voz suprema do blues"
    "Mank"
    "Pinóquio"

Efeitos visuais

    "Problemas monstruosos"
    "O céu da meia-noite"
    "Mulan"
    "O grande Ivan"
    "Tenet"

Melhor fotografia

    "Judas e o messias negro"
    "Mank"
    "Relatos do mundo"
    "Nomadland"
    "Os 7 de Chicago"

Melhor edição

    "Meu pai"
    "Nomadland"
    "Bela vingança"
    "O som do silêncio"
    "Os 7 de Chicago"

Melhor design de produção

    "Meu pai"
    "A voz suprema do blues"
    "Mank"
    "Relatos do mundo"
    "Tenet"

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Oscar 2014

Oscar 2014
Foi uma festa muito agradável, com uma apresentadora com um tipo de humor bem mais leve e inofensivo (você nunca verá Ellen DeGeneres fazendo algum tipo de piada ofensiva) e que transcorreu com rara normalidade, sem sobressaltos. Em termos de números de Oscars "Gravidade" levou a melhor com sete estatuetas. Era de se esperar que como venceu na categoria Melhor Direção levasse também o prêmio de Melhor Filme mas a velha tradição da Academia em premiar dramas históricos prevaleceu. Não é de hoje que filmes de ficção possuem poucas chances nas principais categorias e se for sucesso comercial as possibilidades de vencer se tornam ainda mais raras.

Além disso como bem brincou Ellen DeGeneres era a noite de "12 anos de escravidão" pois só havia duas possibilidades para os membros da Academia, ou votavam nesse filme ou seriam considerados racistas! Piadas à parte foi um prêmio justo, assim como também foram muito justas as premiações de elenco. Na ala masculina reinou "Clube de Compras Dallas" que levou os Oscars de Ator e Ator Coadjuvante (todos incontroversos). Cate Blanchett, que poderia ser prejudicada de alguma forma por causa dos problemas pessoais de Woody Allen, também venceu de forma incontestável. O único prêmio que pode ser considerado meio inesperado foi para a jovem atriz negra Lupita Nyong'o por "12 anos de escravidão" pois nem ela parecia acreditar que havia vencido. Em suma, uma noite bonita (gostei do cenário montado no palco, com várias referências aos equipamentos usados em cinema como holofotes e máquinas de escrever dos roteiristas), gente bonita e elegante e, é claro, muito glamour que a velha Hollywood nunca perdeu.

Lista dos vencedores do Oscar 2014:

12 anos de escravidão
Melhor Filme
Melhor Atriz Coadjuvante - Lupita Nyong'o
Melhor Roteiro Adaptado - John Ridley

Gravidade
Melhor Direção - Alfonso Cuarón
Melhores Efeitos Visuais
Melhor Edição de Som
Melhor Mixagem de Som
Melhor Fotografia
Melhor Edição
Melhor Trilha Sonora Original

Clube de Compras Dallas
Melhor Ator - Matthew McConaughey
Melhor Ator Coadjuvante - Jared Leto
Melhor Maquiagem e Cabelo

O Grande Gatsby
Melhor Figurino
Melhor Design de Produção

Frozen: Uma Aventura Congelante
Melhor Animação
Melhor Canção Original - "Let it Go"

Blue Jasmine
Melhor Atriz - Cate Blanchett

Ela
Melhor Roteiro Original - Spike Jonze

Helium
Melhor Curta-metragem

The Lady in Number 6: Music Saved My Life
Melhor Documentário em curta-metragem

A Um Passo do Estrelato
Melhor Documentário em longa-metragem

Mr. Hublot
Melhor Curta-metragem de Animação

A Grande Beleza (Itália)
Melhor Filme Estrangeiro

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Oscar 1987

Oscar 1987
Eu acompanho o Oscar com regularidade desde 1987. Por essa razão vou começar hoje uma pequena retrospectiva sobre o prêmio justamente por esse ano. Todas as sextas estarei falando sobre uma premiação do Oscar aqui no blog. É claro que entendo que o Oscar é antes de mais nada um espetáculo para as massas, mais um show dentro do muito apropriadamente chamado show business. Dito isso não significa que o filme que vence o Oscar de Melhor Filme em seu ano é de fato o mais perfeito lançado naquele período. Nada disso. Oscar além de um grande negócio para a Academia é também política! Como a votação é feita pelos próprios membros da Academia o indicado deve saber manejar bem seu jogo de relações públicas entre seus colegas, caso contrário nada feito. Pode ser o ator mais talentoso, o mais criativo diretor de todos os tempos ou o roteirista mais maravilhoso que nada levará. Oscar é isso, acima de tudo. Mesmo assim é impossível negar seu glamour e seu charme mesmo após tantas décadas. Pessoas que não ligam para o cinema acabam se interessando um pouco todos os anos, justamente por causa do Oscar. Negar isso é simplesmente negar a realidade dos fatos. O Oscar é justo? Quase nunca não! É importante para o cinema? Tenha plena certeza disso.

Pois bem, em 1987 o grande vencedor da noite foi "Platoon" de Oliver Stone. Era um filme escrito e dirigido por alguém que esteve na Guerra do Vietnã e viu de perto o absurdo daquele conflito. Na época Stone explicou que havia escrito o roteiro de "Platoon" (que significa em português, "Pelotão") pela simples razão de tentar entender por tudo o que passou. Era um tipo de auto análise, exorcismo pessoal, para finalmente superar tudo aquilo. O enredo era metade ficção e metade baseado em fatos reais. De fato é um ótimo texto, um excelente roteiro, que mostrava o outro lado do soldado americano. Não mais o herói dos antigos filmes de guerra mas sim um sujeito meio perdido, vivenciando uma guerra que mal compreendia e presenciando atos horrendos de violência gratuita - inclusive contra civis. "Platoon" daria mais força ainda ao chamado ciclo do Vietnã, uma série de filmes dos anos 80 sobre o conflito que até aquela década os americanos queriam mais era esquecer.

Concorreram ao Oscar de Melhor filme com "Platoon" naquele ano os filmes "Filhos do Silêncio", "Hannah e Suas Irmãs", "A Missão" e "Uma Janela para o Amor". Todos bons filmes, acima da média. Eu sou um defensor do número de apenas cinco concorrentes ao Oscar de melhor filme do ano. Hoje em dia como sabemos temos 10 indicados - um exagero completo! Cinco está de bom tamanho. Quando se indicam 10 filmes a tendência é que entrem bobagens entre os concorrentes (como inclusive já entrou nas últimas premiações). Desses quatro indicados eu destaco "Uma Janela para o Amor" do excelente diretor James Ivory (que também foi indicado ao Oscar de Melhor Direção). Ivory, gosto de repetir, é sinônimo de elegância, classe e sofisticação. Woody Allen e David Lynch (por "Veludo Azul") também concorreram naquele ano mas o vencedor foi mesmo Oliver Stone por "Platoon". Aliás é tradição o melhor filme levar o prêmio também de melhor direção. Poucos foram os anos em que isso não ocorreu. Acho essa mentalidade plenamente justa já que é lógico supor que o melhor filme do ano também seja o mais bem dirigido.

Na categoria Melhor ator do ano houve um fato marcante. Após uma das carreiras mais brilhantes da história de Hollywood finalmente o grande Paul Newman foi premiado por "A Cor do Dinheiro". Ele corria o risco de seguir os passos de outros monstros da história do cinema como Charles Chaplin e Alfred Hitchcock que nunca venceram o Oscar por seus trabalhos maravilhosos. Tentando corrigir esse erro que seria histórico então resolveram premiar o velho Newman numa justa (mas tardia) premiação em sua carreira. O filme aliás era realmente muito bom. Ao seu lado o maior galã da época, Tom Cruise, que iria perseguir o Oscar por longos anos, sempre se frustrando a cada premiação. Para melhor ator coadjuvante o vencedor do ano foi outro veterano muito querido, Michael Caine, por seu trabalho em "Hannah e Suas Irmãs". Durante anos Caine foi satirizado por topar fazer qualquer filme, inclusive algumas horrendas continuações de "Tubarão" mas aqui teve seu reconhecimento, também tardio, mas também justo.

Na categoria atriz Marlee Matlin foi premiada por "Filhos do Silêncio". O prêmio teve um significado profundo pois foi o primeiro dado a uma deficiente. O mais importante porém é reconhecer que ela de fato mereceu a premiação. Seu trabalho no filme é realmente emocionante. Na categoria atriz coadjuvante Dianne Wiest levou o prêmio por "Hannah e Suas Irmãs", outra premiação também merecida, muito embora eu pessoalmente preferisse a querida Maggie Smith por "Uma Janela para o Amor", Já o prêmio de roteiro foi para Woody Allen por "Hannah e Suas Irmãs" mas ele não apareceu na festa para receber seu Oscar, preferindo ficar tocando clarinete em um clube de jazz de Nova Iorque - seu hobbie de longos anos. Já nos chamados Oscars técnicos o grande vencedor da noite foi a excelente ficção "Aliens, o Resgate". Levando os prêmios de Efeitos Especiais, Efeitos Sonoros (Som). "A Mosca", como era de se esperar levou o Oscar de Melhor Maquiagem em uma das maiores barbadas da história da Academia. Ninguém pensaria que seria diferente. A melhor música original do ano foi a do grande sucesso "Top Gun: Ases Indomáveis" que superou inclusive outros "clássicos" dos anos 80 como por exemplo "Karate Kid II - A Hora da Verdade Continua" e "A Pequena Loja dos Horrores" (na minha opinião a mais bem escrita).

Finalizando essa pequena retrospectiva do Oscar de 1987 não poderia deixar de citar o prêmio Irving G. Thalberg dado a Steven Spielberg. Como se sabe Spielberg nos anos 80 foi o monarca absoluto de Hollywood mas nunca conseguia levar o prêmio máximo da sétima arte para casa. Oscar para ele era uma miragem. A indústria então resolveu reconhecer sua importância para a indústria o premiado com esse honroso troféu. Spielberg sabia que sua fama de "Peter Pan" o estava atrapalhando em busca de seu Oscar e por isso ainda nos anos 80 providenciou uma série de projetos mais sérios para um dia, quem sabe, chegar lá! E isso como todos sabemos realmente aconteceria. O eterno Peter Pan cresceria e seria finalmente reconhecido pela Academia alguns anos mais tarde.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Oscar 2013

Foi uma cerimônia bem realizada mas também sem maiores surpresas. De fato todas as previsões que rondaram na semana anterior do prêmio se confirmaram. Não precisava ser vidente para acertar a maioria dos prêmios pois tudo já estava previamente esperado.  Inicialmente “Lincoln” era o mais cotado para vencer o Oscar de Melhor filme mas depois do Globo de Ouro a situação se inverteu e Argo virou o queridinho dos membros da Academia. Muitas pessoas ficaram indignadas pelo fato de Ben Affleck não ter sido indicado ao Oscar de Direção e essa situação acabou se revertendo a favor de “Argo”, um filme que já comentei aqui no blog, bem feito, bem roteirizado mas que ainda não considero melhor do que “Lincoln”. Aliás atribuo a derrota do filme de Spielberg ao seu resultado considerado pesado e enfadonho para quem não gosta particularmente nem de história e nem de política. Assim venceu o filme mais acessível aos membros da Academia. Some-se a isso também a campanha nos bastidores promovida por George Clooney, produtor do filme e muito bem relacionado no meio. Assim a vitória de “Argo” pode ser atribuída aos votos de protesto por causa de Affleck e aos votos de amizade captados por Clooney.

Nas demais categorias também não houve muitas surpresas. Os prêmios foram até que muito bem distribuídos entre todos os filmes principais, sendo que nenhum deles saiu de mãos vazias da noite. Jennifer Lawrence confirmou seu favoritismo e ganhou o Oscar de Melhor atriz por “O Lado Bom da Vida”. Ela levou uma tremenda queda quando subia para receber o prêmio mas isso até que era previsível já que é apenas uma jovem. Nervosa e com aquele vestido absurdo não era de se esperar outra coisa. Seu discurso de agradecimento foi atropelado e ansioso. O filme infelizmente não conseguiu levar mais nenhum prêmio mas diante da vitória da categoria atriz isso até que passou despercebido. Outro favorito absoluto que confirmou o que já se falava há tempos foi Daniel Day-Lewis. Em um discurso bem humorado (coisa que não é típico dele) o ator agradeceu a todos e dedicou o prêmio especialmente para a mãe. Infelizmente nas demais categorias “Lincoln” ficou a ver navios, só conseguindo mesmo apenas mais um Oscar por Direção de Arte (mais do que merecido).

Tarantino por outro lado ficou bastante satisfeito com o resultado de seu “Django Livre”. Além de faturar o Oscar por Roteiro Original (o que já era esperado) ainda abocanhou mais um prêmio de melhor ator coadjuvante para Christoph Waltz que assim repete o feito que havia conseguido no filme anterior de Tarantino, “Bastardos Inglórios”. Só não concordo com sua categoria coadjuvante pois em minha opinião o personagem interpretado por Waltz é um dos protagonistas do filme. Melhor para ele pois se tivesse sido indicado a ator não teria mesmo vencido Daniel Day-Lewis. No mais é sempre bom ver um western ganhando prêmios desse porte pois quem sabe assim a indústria se anime a realizar mais filmes do gênero. Os fãs do bom e velho faroeste agradecem. Como Ben Affleck não foi indicado ao Oscar de Melhor direção (uma aberração pois o filme levou o principal prêmio da noite) sobrou a Ang Lee levar o Oscar para casa por seu bonito “As Aventuras de Pi”. Nada mal para um sujeito que outro dia estava sendo considerado “carta fora do baralho” dentro da indústria americana. A produtora de Pi inclusive fechou as portas, falindo justamente no momento em que o filme recebia tantos reconhecimentos (também foi premiado por trilha sonora e efeitos visuais).

Na categoria animação talvez a maior surpresa de toda a noite pois “Valente” não era considerado um favorito. Animação caretinha conseguiu vencer o principal prêmio para espanto de todos. “Os Miseráveis” apesar do tema difícil venceu três estatuetas (atriz coadjuvante, maquiagem e mixagem de som). Um bom resultado sem dúvida. Anne Hathaway está muito bem no filme, embora não a considere uma boa cantora. De qualquer forma é sempre um prazer ver um musical sendo reconhecido pelo Oscar nos dias atuais. Por fim, nos 50 anos da franquia James Bond a Academia resolveu dar uma colher de chá ao agente premiando Skyfall nas categorias canção original e Edição de Som (onde ocorreu um raro empate entre os vencedores). Atribuo esses prêmios mais a uma homenagem e a um pedido de desculpas tardio do que qualquer outra coisa uma vez que Bond sempre foi desprezado pelo Oscar.

Agora bem decepcionante mesmo foi a fraca performance de Seth MacFarlane como apresentador. Esperava-se que fosse bem mais ácido e picante nas piadas mas nada disso aconteceu, soltou algumas farpinhas inocentes e tentou agradar mas sem ousar. Qualquer episódio de “Family Guy” é bem mais engraçado e irônico do que aquilo. No fundo ele quer mesmo é ser escalado novamente no ano que vem (o que acho complicado acontecer). Enfim, esse foi o Oscar 2013. Não houve nada de muito marcante ou surpreendente. O show como não poderia deixar de ser foi muito bem realizado mas também não conseguiu encher os olhos de ninguém. No fundo foi apenas uma premiação de rotina e nada mais. Parabéns aos vencedores e até ano que vem!

Oscar 2013 – Os vencedores da noite:
Filme: "Argo"
Direção: Ang Lee, por "As Aventuras de Pi"
Ator: Daniel Day-Lewis, "Lincoln"
Atriz: Jennifer Lawrence, "O Lado Bom da Vida"
Ator coadjuvante: Christoph Waltz, "Django Livre"
Atriz coadjuvante: Anne Hathaway, "Os Miseráveis"
Roteiro original:  "Django Livre"
Roteiro adaptado: "Argo"
Animação: "Valente"
Filme estrangeiro: "Amor" (Áustria)
Trilha sonora: "As Aventuras de Pi"
Canção original: "Skyfall", de Adele, "007 - Operação Skyfall"
Fotografia: "As Aventuras de Pi"
Figurino: "Anna Karenina"
Documentário:  "Searching for Sugar Man"
Curta de documentário: "Inocente"
Edição: "Argo"
Maquiagem: "Os Miseráveis"
Direção de arte: "Lincoln"
Curta de animação: "Paperman"
Curta-metragem: "Curfew"
Edição de som: empate entre "A Hora Mais Escura" e "007 - Operação Skyfall"
Mixagem de som: "Os Miseráveis"
Efeitos visuais: "As Aventuras de Pi"

Pablo Aluísio.